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A Chama Violeta (The Violet Flame)

Sítio dedicado à filosofia humana, ao estudo e conhecimento da verdade, assim como à investigação. ~A Luz está a revelar a Verdade, e a verdade libertar-nos-á! ~A Chama Violeta da Transmutação

20.07.15

 A Revelação Templária

Capítulo VI 

 A HERANÇA DOS TEMPLÁRIOS

Posted by Thoth3126 on 17/02/2015



Certamente que Leonardo viveu numa época em que os grandes movimentos intelectuais e místicos representavam um ímã para os que estavam ávidos de conhecimento e de poder.

Devido às hostilidades e perseguição da Igreja romana, estes movimentos tiveram de se manter secretos, mas os três principais ramos, que floresceram secretamente, foram a alquimia, o hermetismo e o gnosticismo. O hermetismo, que foi um impulso tão importante para o iluminismo renascentista/rosacruz, e o gnosticismo, que deu origem aos cátaros, são dois desenvolvimentos das mesmas idéias cosmológicas.

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 06B – A HERANÇA DOS TEMPLÁRIOS – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO VI – A HERANÇA DOS TEMPLÁRIOS

O mundo da matéria é o mais inferior de uma hierarquia de «mundos» – «esferas», em termos cosmológicos, «planetas» ou «dimensões», na terminologia atual – na qual o grau mais elevado e final é Deus.

O homem é um ser, outrora divino, que está «prisioneiro» do seu corpo material mas ainda retém uma centelha divina. (Uma frase hermética muito citada era: «Não sabeis que sois deuses?») É possível – na verdade é o dever do Homem – tentar a reunião com o divino. Os gnósticos expressavam esta ideia em termos religiosos (considerando a reunião com o divino como a salvação), ao passo que os herméticos a consideravam em termos mágicos, mas a idéia básica é a mesma.


A Rosacruz Hermética

É impossível traçar uma linha entre o gnosticismo e o hermetismo, tal como é impossível traçar uma linha divisória entre religião e magia. Além disso, tanto o gnosticismo como o hermetismo remontam à mesma época e lugar – o fermento de ideias que se verificou no antigo Egito, e mais próxima e particularmente em Alexandria, no primeiro e segundo séculos antes de Cristo.

Este enorme cadinho de ideias religiosas e filosóficas valeu-se de crenças de muitas culturas – grega, persa, hebraica, do antigo Egito, e mesmo de religiões do Extremo Oriente – para criar ideias que sustentam toda a nossa cultura. (A estreita relação entre gnosticismo e hermetismo é ilustrada pelo fato de os «Evangelhos gnósticos», encontrados em Nag Hammadi, incluírem tratados que contêm diálogos de Hermes Trismegisto – Thoth).

A cosmologia de Pistis Sophia – o Evangelho gnóstico, em que Maria Madalena tem um papel tão importante – não difere, no essencial, da cosmologia dos magos renascentistas, como Marsílio Ficino, Cornélio Agripa ou Robert Fludd. As mesmas ideias, a mesma cultura, época e lugar deram origem à alquimia. Embora também se valesse de conceitos muito mais antigos, a alquimia era – no sentido em que é, atualmente, entendida – um produto do Egito dos primeiros séculos da era cristã. As raízes da alquimia e os seus paralelos com o hermetismo e o gnosticismo são explorados em The Origins of Alchemy in Graeco-Roman Egypt (1970) de Jack Lindsay.

Não é difícil compreender o fascínio do gnosticismo, embora ele não fosse uma opção fácil – dada a ênfase na responsabilidade pessoal das ações individuais -, mas a ameaça para a Igreja de Roma é óbvia. Como supostamente Hermes Trismegisto escreveu: «Oh! Que milagre é o Homem!», uma exclamação que encerra a ideia de que a Humanidade contém a centelha divina. Nem os gnósticos nem os herméticos se humilhavam ante o seu deus. Ao contrário dos católicos, eles não se consideravam criaturas inferiores e perversas destinadas ao Purgatório, se não mesmo ao Inferno.

O reconhecimento da sua centelha divina conferia-lhes, automaticamente, o que hoje chamaríamos «auto-estima» ou confiança – o ingrediente mágico do processo de realização do potencial individual. Esta foi a chave no período do Renascimento no seu todo, e a coragem, que ela motivou, pode ser constatada na súbita abertura ao mundo através das explorações marítimas e da exploração de novas terras.

Pior ainda, no que diz respeito à Igreja, esta ideia de potencial individual de divindade implicava que as mulheres estavam em pé de igualdade com os homens, em todos os sentidos. As mulheres gnósticas sempre tiveram voz e celebravam mesmo cerimônias religiosas: esta foi uma das maiores ameaças que o gnosticismo colocou à ortodoxia patriarcal da Igreja Católica. Além disso, a ideia do status essencialmente divino da Humanidade (homem e mulher) não estava de acordo com a ideia católica de «pecado original» – a ideia de que todos os homens e mulheres nascem pecadores, devido à queda de Adão e Eva (especialmente da última).


O homem e a mulher são iguais, mas partes distintas (positivo – Negativo) de um ser divino sem polarização …

Porque todas as crianças são resultado do ato sexual «indigno», esta ideia associava as mulheres e as crianças, de forma inextricável, a uma espécie de conspiração perpétua contra os homens puros e um deus vingativo. Os gnósticos e os herméticos, de modo geral, não tinham nada a ver com «pecado original».

Cada indivíduo era encorajado a explorar os seus mundos interior e exterior por si próprio – experimentando a gnosis, conhecimento do divino. Esta insistência na salvação individual era totalmente contrária à insistência da Igreja de que apenas os sacerdotes eram os canais através dos quais Deus podia se comunicar com a Humanidade. A ideia gnóstica de uma ligação direta com Deus, por assim dizer, ameaçava a própria existência da Igreja romana.

Sem o domínio sacerdotal sobre o rebanho, que possibilidade tinha a Igreja de manter o seu controle sobre tudo e todos? Como no caso da alquimia, foi prudente manter o gnosticismo e o hermetismo ocultos dos olhos da Igreja romana. A combinação de ciência proibida e de filosofia (conhecimento verdadeiro) excomungada significava que os praticantes destas crenças estavam para além dos limites aceitáveis, e foi inevitável a sua associação em sociedades e redes secretas.

Muitas destas pessoas (e os alquimistas renascentistas incluíam mulheres) tinham crenças invulgares relativamente a questões como a arquitetura e a matemática, além de alimentarem idéias teológicas, excepcionalmente heterodoxas. Estas pessoas eram perigosas e tornadas duplamente perigosas pelo poder do segredo que é hábito das heterodoxias. Uma manifestação importante desta heresia foi o movimento da Ordem Rosacruz.

O termo «rosacruz» data apenas do início do século XVII, mas foi certamente criado para descrever um movimento que, nessa altura, já estava bem implantado. O seu primeiro florescimento importante, como o de tantos outros movimentos relevantes, verificou-se durante a Renascença – de fato, não é exagero dizer que a Ordem Rosacruz era a própria Renascença. A segunda metade do século XV conheceu uma explosão de interesse no hermetismo e nas ciências ocultas em toda a Europa.

Muito pouco da verdadeira informação envolvida era, de fato, nova, embora existissem muitas influências e personalidades contemporâneas, e esta época conheceu um desejo sem precedentes de explorar as implicações mais vastas do hermetismo. Subitamente, este foi considerado como tema de debate intelectual, para além dos enclaves secretos que, até então, tinham sido os seus guardiães. Se dependesse dos entusiastas renascentistas, o hermetismo deixaria de ser secreto.


Templo da AMORC, Antiga e Mística Ordem Rosa Cruz, sede nacional, em Curitiba, cidade com cerca de mil metros de altitude. Antigamente a sede da AMORC se situava no RIO DE JANEIRO, cidade ao nível do mar …

O aumento súbito do fascínio por tudo o que era hermético centrava-se, nesta época, na corte dos Médici, em Florença (onde teve uma poderosa influência sobre Leonardo da Vinci, entre muitos outros grandes pensadores). Sob o patrocínio dos Medici – especialmente, Cosimo, o Velho (1389-1460) e seu neto Lourenço, o Magnífico (1449-1492) – empreendeu-se a primeira grande síntese de muitas e diversas ideias ocultistas.

Não só Cosimo enviou emissários em busca de pergaminhos, escritos e tomos lendários, como o Corpus Hermeticum, alegadamente escrito pelo próprio Hermes (Thoth) Trismegisto, como também patrocinou a sua tradução. A corte dos Medici era um salão para famosos – e talvez com má reputação – pensadores ocultistas, como Marsilio Ficino (1433-1499), tradutor de Corpus Hermeticum, e Pico della Mirandola (1463-1494). A maior contribuição deste último foi a introdução da teoria e da prática cabalística neste cadinho de ideias ousadas.

Mirandola, talvez devido a um falso sentido de segurança que lhe oferecia o seu aristocrático patrono, foi demasiado explícito nas suas ideias ocultistas e, em breve, viu os seus livros incluídos no Index papal, e a si próprio sob a ameaça do papa Inocêncio VIII. Durante algum tempo, pareceu que Mirandola seguiria o caminho dos que se opunham ao Vaticano, mas aconteceu uma coisa estranha.

O novo papa, Alexandre VI – membro da família Bórgia -, misteriosamente, deixou cair todas as acusações e ameaças contra ele, dirigindo-lhe uma carta pessoal de apoio – mas por quê? Talvez uma pista resida no fato de este papa ter decorado o seu apartamento privado do Vaticano com murais representando antigos temas egípcios, incluindo a deusa ÍSIS.

Os “historiadores (eruditos) modernos” tendem a menosprezar o poder e a influência do oculto. Se chegam a discuti-lo, é apenas para sublinhar, por comparação, o triunfo da Idade das Luzes, quando estes «absurdos supersticiosos» foram rejeitados por todos os que tinham o sentido da razão. Mas o ocultismo sobreviveu e, de fato, tomou-se a força que maior influência exerceu sobre a Renascença. O fascínio com o ocultismo não foi apenas um sintoma da nova abertura às ideias, mas foi, de fato, a causa.

D. Frances A. Yates, numa série de livros, fez o levantamento da história do verdadeiro papel do ocultismo no surgimento da Renascença. Como ela demonstra, a nova filosofia ocultista expandiu-se do norte da Itália para o resto da Europa, culminando na campanha européia do grande pregador hermético Giordano Bruno (1548-1600), queimado pela igreja romana por heresia. Fazendo largas viagens por países como a Alemanha e a Inglaterra, ele pregava um retorno ao que era essencialmente a antiga religião egípcia e foi caracteristicamente explícito em relação ao que ele considerava o mal da corrente dominante do catolicismo romano.


Como vimos, pensava-se que o hermetismo tinha sido fundado pelo próprio «Hermes três-vezes-grande», via fragmento da Tábua da Esmeralda, na qual estavam inscritos vários e profundos segredos. Embora poucos herméticos acreditassem, de fato, neste mito, eles acreditavam no continuado significado do panteão egípcio. Mas, apesar de a maioria dos herméticos acreditar que os seus segredos provinham do Egito faraônico anterior à época de Moisés, eles provinham de uma época mais próxima da era de Jesus.

As raízes das suas idéias podem ser reconstituídas até ao Egito dos séculos I-III: para além dessa época, temos de admitir a influência de muitas culturas. Contudo, estudos recentes reconheceram que, enquanto gerações anteriores tinham tendência para acentuar a influência da filosofia grega, as ideias, que acabaram por fazer remontar essa influência aos antigos egípcios, tiveram mais influência no desenvolvimento das ideias herméticas do que se pensava até então.

Os herméticos reconheceram que, embora a antiga Grécia tivesse muito a oferecer aos pensadores, era sobretudo o Egito que (sempre) detinha as chaves do conhecimento que eles procuravam. Também perceberam que esse conhecimento não estava lá pronto a ser apreendido: o sistema egípcio fora codificado numa escola de mistério, e os segredos exigiam que o estudante dedicado os adquirisse pelo esforço e dedicação nos estudos, através de fases árduas de iniciação progressiva.

Giordano Bruno chegou a Inglaterra em 1583 e, rapidamente, travou conhecimento com pessoas ilustres como Sir Philip Sidney, autor – entre várias obras – de Arcadia. Sidney, que fora aluno do grande ocultista inglês Dr. John Dee (1527-1606), que era uma figura importante deste mundo misterioso porque Bruno dedicou-lhe duas das suas obras, enquanto esteve na Inglaterra.

Também é possível que uma outra figura destes círculos entrecruzados da sociedade isabelina e do ocultismo estivesse presente, quando Bruno e Sidney se encontraram – um certo William (n.t. Francis Bacon-Saint Germain) Skakespeare. (É significativo que o original Globe Theatre de Londres fosse construído segundo os princípios da geometria sagrada e também que o último drama de Shakespeare, The Tempest, seja considerado relativo ao Dr. Dee, encarnando muitos conceitos rosacruzes.)

Em Bruno, temos uma figura de estatura semelhante a Lutero ou a Calvino, mas o seu nome raramente é mencionado na história que é ensinada nas escolas. Como eles – e, na verdade, como os grandes nomes da Contra-Reforma -, ele foi intransigente e implacável, à maneira da sua época. Mas, ao contrário deles, Bruno não pregava qualquer versão de um cristianismo oficial, e, apenas por essa razão, os seus dias estavam contados.

Acrescentemos a isto a sua natureza bombástica, e é demasiado fácil prever o seu destino. Bruno foi condenado à fogueira em 1600, em Roma, depois de ter sido traído e denunciado à Inquisição por um discípulo desencantado. Bruno fundou a sua sociedade secreta, a Giordanisti, na Alemanha. Pouco se sabe sobre ela, mas ela tornou-se uma das principais influências no desenvolvimento da Ordem Rosacruz na Europa.

Mas igual crédito deve ser concedido ao já citado Dr. John Dee, um verdadeiro mago galês. Homem de muitos talentos, não foi apenas astrólogo e conselheiro de Isabel I (n.t. mãe de Francis Bacon) mas também chefe de espionagem – além de alquimista e necromante. (É um fato que não é muito conhecido: o número de código do Dr. Dee, como espião, era 007 !). Destas raízes ocultistas nasceu a Ordem Rosacruz, um dos movimentos mais misteriosos da história.


A sua existência tornou-se conhecida quando dois panfletos anônimos, Fama et Fraternitatis, ou Uma Descoberta da Fraternidade da Muito Nobre Ordem da Rosacruz e Confessio Fraternitatis, ou A Confissão da Louvável Fraternidade da Honorável Ordem da Rosacruz, circularam na Alemanha, em 1614 e 1615. Estas publicações anunciavam a existência de uma irmandade secreta de conhecedores de magia – os rosacruzes, que tomaram o nome do seu mítico fundador, Christian Rosenkreutz (Cristão Rosa Cruz).

Supostamente, este herói viajou pelo Egito e pela Terra Santa, coligindo conhecimento secreto e ocultista, que transmitiu a uma nova geração de adeptos na Europa. Mas se a sua vida foi invulgar, a sua morte e enterro ainda foram mais bizarros. Diz-se que Rosen Kreutz morreu aos 106 anos, em 1484, e foi enterrado num lugar secreto que se mantinha iluminado por um «sol interior». Também se dizia que o corpo se manteve incorrupto – permaneceu com o aspecto de vivo e não se decompôs (um fenômeno que parece acompanhar os estados pós- morte de um número surpreendente de pessoas, principalmente de santos católicos).

Estes manifestos rosacruzes, como as publicações se tornaram conhecidas, não revelavam qualquer segredo novo, mas, ao anunciar a existência da irmandade, eles também sugeriam que qualquer pessoa que desejasse obter mais informações entrasse em contato com eles. Provavelmente, este era um tipo de teste de iniciativa, porque não se indicava qualquer endereço para a correspondência. Este processo foi suficiente para que os manifestos merecessem o desprezo de todos os “historiadores (os “eruditos”) importantes”, que os consideraram um gênero de mistificação incompreensível.

Mas, como demonstrou Frances Yates, os autores dos manifestos revelaram um profundo e genuíno conhecimento da sabedoria hermética, ocultista e alquímica. Curiosamente, os manifestos consideravam a alquimia como uma disciplina espiritual, de modo algum relacionada com a criação de ouro, que eles designaram de «ímpio e maldito». 



Francis Bacon, (Londres, 22 de janeiro de 1561 — Londres, 9 de abril de 1626) foi um político, filósofo e ensaísta inglês, barão de Verulam (ou Verulamo ou ainda Verulâmio), visconde de Saint Alban. É considerado como o fundador da ciência moderna. Desde cedo, sua educação orientou-o para a vida política, na qual exerceu posições elevadas. Em 1584 foi eleito para a câmara dos comuns. Foi um dos mais conhecidos e influentes rosacruzes e também um alquimista, tendo ocupado o posto mais elevado da Ordem Rosacruz, o de Imperator. Estudiosos o apontam como sendo o real autor dos famosos manifestos rosacruzes, Fama Fraternitatis (1614), Confessio Fraternitatis (1615) e Núpcias Alquímicas de Christian Rozenkreuz (1616).

Seja qual for a verdade relativamente às origens dos rosacruzes, eles influenciaram muitos pensadores famosos, como Robert Fludd (1574-1637) e Sir Isaac Newton. Mesmo, surpreendentemente, o famoso racionalista Francis (Saint Germain) Bacon foi, essencialmente, um rosacruz. No entanto, isto faz sentido porque o movimento Rosacruz era uma síntese de todos os conceitos herméticos e ocultistas: a única coisa verdadeiramente nova era o fato de agora terem um nome.

E Francis Yates não tem escrúpulos em descrever Leonardo – precisamente ele – como «um rosacruz precoce». Como vimos, o nome de Leonardo figura na lista dos grão-mestres do Priorado de Sião, mas ele não se teria intitulado um rosacruz porque, na sua época, o termo ainda não fora criado. Contudo, outros nomes daquela lista não têm esse problema – como Johann Valentin Andraea (1586-1645), o dramaturgo e poeta alemão que fora também pastor luterano. Os Arquivos Secretos afirmam que ele esteve ao leme do Priorado de Sião entre 1637 e 1654, mas é muito mais largamente aceito que foi ele o autor dos manifestos rosacruzes ou, pelo menos, o seu inspirador.

Em definitivo, Andrea escreveu o que, essencialmente, foi o terceiro manifesto, O Casamento Químico de Christian Rosenkreutz, em 1616, muitos anos antes de, alegadamente, se ter tornado mestre do Priorado. Talvez fosse o seu papel de líder da Ordem Rosacruz que lhe assegurou o cargo. Parece que o tema da Rosacruz era o fio comum que uniu os quatro alegados grão-mestres, cujo exercício do cargo abrangeu todo o século XVII. Em certo sentido, este fato aumenta a credibilidade da lista porque foi apenas a partir de 1970 que Frances Yates provou a existência e a influência do legado rosacruz.

A sucessão rosacruz entre os grão-mestres do Priorado começou, no mínimo, com Robert Fludd, o alquimista inglês que exerceu o cargo entre 1595 e 1637. Fludd afirmou que tentara encontrar os rosacruzes depois de ler os manifestos, mas não conseguira. No entanto, ele escreveu muito sobre o tema e incorporou ideias dos manifestos nas suas obras extremamente influentes, como Utriusque Cosmi Historia (História de Dois Mundos) (1617) . (Curiosamente, o comentador ocultista Lewis Spencer observou que Robert Fludd, escrevendo por volta de 1630, usa «linguagem que sugere fortemente a Maçonaria» e que organizou a «sua sociedade» em graus.) A Fludd sucedeu o próprio Andraea, que foi grão-mestre até à morte, em 1654, a quem, por sua vez, sucedeu Robert Boyle, o químico de Oxford. 



Existe uma centelha e um potencial divinos em cada ser humano, homem e mulher …

Tanto quanto se pode averiguar, Boyle nunca mencionou a palavra «rosacruz» nos seus escritos, mas eles revelam mais do que uma familiaridade passageira com o conteúdo dos manifestos. E quando Boyle fundou o que se tornaria a Royal Society, sob o nome de «O Colégio Invisível», este foi uma referência irônica à descrição comum que os rosacruzes faziam de si próprios: uma sociedade «invisível».

Depois surgiu Isaac Newton, alegado grão-mestre do Priorado entre 1691 e 1727. Há muito conhecido como praticante de alquimia, também possuía um exemplar da tradução inglesa dos manifestos, embora haja provas de que reconhecia a história de Rosenkreutz como o mito que se destinava a ser. (Os comentadores esotéricos, pelo menos, sempre compreenderam que ele não se destinava a ser considerado como verdade literal.) Só recentemente foi reconhecido o grau de envolvimento de Newton com o ocultismo: mais de 10% dos seus livros eram tratados alquímicos. E o mais significativo, talvez, é que ele também desenhou uma planta reconstruída do Templo de Salomão.

A Ordem Rosacruz também teve uma forte ligação com o florescimento da Maçonaria. Os primeiros dois maçônicos ingleses conhecidos – Elias Ashmole e o alquimista Sir Robert Moray – estavam ligados ao movimento Rosacruz. Ashmole, em particular, era um conhecido rosacruciano, enquanto Moray, segundo Frances Yates, «fez mais, provavelmente, do que qualquer outro indivíduo para encorajar a fundação da Royal Society».

Também existem várias referências na primitiva literatura maçônica que, explicitamente, associam «os Irmãos da Ordem Rosacruz» aos maçônicos, embora elas pareçam indicar que as duas irmandades se mantinham sociedades relacionadas – mas distintas. A interligação entre Rosacruz, Maçonaria, hermetismo e alquimia – prévia e cuidadosamente reconstruída por historiadores como Frances Yates – foi dramaticamente confirmada, em anos recentes, pela descoberta de uma colecção de documentos que ilustram o grau de interligação destes movimentos e temas.

Em 1984, Joy Hancox, uma professora de Música de Manchester, em consequência da investigação da história da casa em que vivia, deparou com uma coleção de papéis, sobretudo diagramas e desenhos geométricos, que tinham sido reunidos por John Byrom (1691-1763) e conservados pelos seus descendentes, que desconheciam a sua importância. Estes documentos, que são mais de 500, estão relacionados, principalmente, com geometria sagrada, arquitetura e símbolos cabalísticos, maçônicos e alquímicos.

A importância da «Coleção Byrom» reside na luz que lança sobre a relação entre estes temas e sobre os indivíduos – a nata da comunidade intelectual e científica da época – que se preocupavam com eles. Byrom, uma figura importante do movimento jacobita, que pretendia repor os Stuarts no trono de Inglaterra, era membro da Royal Society e um maçônico. Fazia parte do «Cabala Club», também conhecido por «Sun Club», que se reunia num edifício de St. Paul’s Churchyard e que também albergava uma das quatro primeiras lojas maçônicas da Grande Loja da Maçonaria Inglesa. O seu diário revela que ele estava em contato com os mais importantes intelectuais da sua época.


O trabalho, incorporado na sua coleção, foi deduzido a partir de todas as sociedades e indivíduos que já discutimos, incluindo os rosacruzes John Dee (com quem Byron estava relacionado pelo casamento), Robert Fludd, Robert Boyle – e mesmo os Cavaleiros Templários.

A coleção inclui diagramas que especificam a geometria sagrada de numerosos edifícios de muitas épocas e, por conseguinte, revela a continuidade do conhecimento dos princípios subjacentes a estes edifícios. Por exemplo, um diagrama mostra que o desenho da capela de King’s College, em Cambridge, de meados do século XV – «uma das últimas grandes estruturas góticas deste país» – era baseado na Árvore da Vida cabalística (uma conclusão a que Nigel Pennick, uma autoridade em simbolismo esotérico, já chegara).

Aparentemente, o desenho da capela foi inspirado na catedral de Albi, do século XIV, no Languedoc, um antigo centro cátaro. A coleção também inclui um diagrama da Temple Church de Londres, assim como de outros edifícios dos Cavaleiros Templários, demonstrando que todos estes edifícios faziam parte de uma tradição contínua e que os membros das irmandades rosacruz/maçônica do século XVIII tinham consciência dela. A coleção Byrom inclui também elementos relativos ao Templo de Salomão e à Arca da Aliança.

Se, como parece ser o caso, os maçônicos são descendentes dos Templários, seria possível que os rosacruzes também pertencessem à mesma linhagem? O próprio nome «rosacruz» transmite uma forte sugestão daqueles cavaleiros, com o seu emblema de uma cruz vermelha ou rosa. Em Chemical Wedding de Andraea, a cruz vermelha sobre fundo branco é um tema recorrente e a sua obra, de modo geral, transmite fortes conotações com as histórias do Graal – e, por conseguinte, com os Templários. E a presença de elementos templários nos documentos de Byrom, predominantemente rosacruz, sugere que esta fraternidade e os maçônicos partilhavam uma origem comum, a Ordem dos Cavaleiros Templários.


Contudo, enquanto os maçônicos eram, e são, uma organização definida, com membros e lugares de reunião conhecidos, a Ordem Rosacruz tem sido considerada bastante mais elusiva, a ponto de a palavra «rosacruz» ser tomada mais como referência a um ideal do que à descrição da qualidade de membro daquela associação – na verdade, os próprios manifestos referem a Ordem Rosacruz como uma «sociedade invisível».

Mas a primeira sociedade rosacruz «concreta e visível» foi a Ordem da Cruz Ouro e Rosa, fundada na Alemanha, em 1710, por Sigmund Richter, cujo principal objetivo era a investigação alquímica. Contudo, sessenta anos mais tarde, esta ordem transformou-se numa loja maçônica da Estrita Observância Templária, embora conservasse a sua natureza alquímica. Sob esta forma, teve membros muito influentes, incluindo Franz Anton Mesmer (1734-1815), que descobriu o «magnetismo animal» (embora não fosse, como é frequentemente afirmado, o pioneiro do hipnotismo). O próprio fato de uma sociedade rosacruz se poder transformar, tão facilmente, numa loja da Estrita Observância Templária revela a sua herança comum.

Depois de 1750, a história torna-se irremediavelmente confusa. Onde outrora existiam claras distinções entre maçônicos, rosacruzes e outras organizações que reclamavam ser de origem templária, subitamente, todos estes grupos se tornam tão intimamente entrelaçados que parecem virtualmente idênticos. Por exemplo, nalgumas formas de maçonaria, os iniciados tomam o título de «Cavaleiro Templário» e de «rosacruz», e é impossível concluir se isto acontece porque existia uma genuína linha de descendência ou, simplesmente, porque estes títulos tinham para eles uma ressonância grandiosa. Calcula-se que mais de 800 graus e rituais foram acrescentados à Maçonaria entre 1700 e 1800.

As tentativas para encontrar uma linha direta de sucessão templária na Maçonaria e na Ordem Rosacruz, depressa se malograram devido à enorme proliferação de ritos e sistemas maçônicos. Esta situação é particularmente confusa porque, em muitos casos, é impossível determinar quais os sistemas que são inovações do século XVIII e quais são os genuinamente mais antigos.

Contudo, é possível encontrar um fio comum entre certos sistemas maçônicos, que foram renegados ou rejeitados pela Maçonaria oficial. Existem variações da Maçonaria «ocultista», e todas remontam à Estrita Observância Templária do barão Von Hund, cujo desenvolvimento ocorreu principalmente na França. A chave desta situação é um sistema maçônico, conhecido por Rito Escocês Retificado, que se dedica especificamente a estudos ocultistas e que atribui maior importância às suas origens templárias. É também esta a forma de Maçonaria que tem ligações mais próximas com as sociedades dos rosacruzes.


O uso da palavra «Templário» tornou-se um problema para esta escola de Maçonaria. Existe um atrito entre os seus membros e a corrente dominante dos maçônicos, que, oficialmente, rejeitam a sugestão de origens templárias – ficando especialmente irritados com a seguinte declaração de Von Hund: «Todo maçônico é um Templário.» Mais preocupante era a suspeita que eles despertavam às autoridades, porque corriam numerosos rumores sobre o plano secreto dos Templários para se vingarem da monarquia francesa e do papado pela extinção da sua ordem e pela excomunhão e queima na fogueira de seu último Grão Mestre conhecido, Jacques de Molay.

Por isso, realizou-se em Lyons, em 1778, uma convenção de «maçónicos templaristas» na qual foi criado o Rito Escocês Retificado, com uma ordem interior chamada o Chevalier Bienfaisant et la Cité Sainte. Esta ordem, no entanto, era apenas outra designação de «Templários».

Continua …

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15.07.15

A Revelação Templária – 6A

Capítulo VI  

 A HERANÇA DOS TEMPLÁRIOS

Posted by Thoth3126 on 08/02/2015

templarios-divisa-nonnobisdomine



Muitos historiadores consideram os violentos acontecimentos do princípio do século XIV como o derradeiro cair do pano para a Ordem dos Cavaleiros Templários – e, portanto, não procuram quaisquer sinais de continuação da sua existência. Mas a tradição ocultista sempre falou de descendentes espirituais desses Cavaleiros Templários, que continuam a viver entre nós, atualmente, e existem sociedades modernas que reclamam serem esses descendentes. Além disso, uma mudança em nossa recente investigação provou, de forma convincente, que a ordem sobreviveu e exerceu (e ainda exerce) uma enorme influência na cultura ocidental…

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 06A – A HERANÇA DOS TEMPLÁRIOS – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

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CAPÍTULO VI – A HERANÇA DOS TEMPLÁRIOS

… As implicações disso são profundas e de longo alcance. Porque se eles eram, como nós e outros investigadores acreditam, colecionadores de conhecimento esotérico, ocultista e alquímico, então qualquer sobrevivência templária aponta para algum tipo de continuação dos grandes segredos, através de uma tradição ocultista que pode ainda hoje existir.

Esses segredos – que talvez incluam conhecimento científico de velhos alquimistas e práticas mágicas das tradições esotéricas orientais – podem continuar vivos, mesmo na nossa comunidade atual. Se for assim, então, como exemplos primordiais de um antigo sistema herético de crença e de prática, os Templários atuais podiam lançar alguma luz sobre a nossa investigação. Mas primeiro temos de nos convencer de que os Templários, de fato, não se extinguiram.

O bom-senso dita que a ideia de que a Ordem dos Cavaleiros Templários, tão altamente organizados, não resistirem e morrerem submissamente no século XIV é inverosímil. Para começar, nem todos os Cavaleiros Templários da Europa foram presos em simultâneo naquela sexta-feira, dia 13 de outubro. Esse tipo de cataclismo para a ordem só aconteceu na França – e, mesmo lá, alguns Cavaleiros saíram de cena discretamente.



Noutros países houve, se foi o caso, uma escala variável de perseguição e supressão. Na Inglaterra, por exemplo, Eduardo II recusou-se a acreditar que os Templários fossem culpados das acusações que lhes foram feitas e travou um acalorado debate com o papa sobre a questão. Recusou terminantemente aplicar tortura aos Cavaleiros Templários ingleses.

Na Alemanha, registrou-se uma cena verdadeiramente hilariante. Hugo de Gumbach, mestre Templário da Alemanha, fez uma entrada dramática no concilio convocado pelo arcebispo de Metz. Vestido com grande uniforme e acompanhado por vinte cavaleiros, cuidadosamente selecionados e experientes no combate, proclamou que o papa era perverso e devia ser deposto, que a ordem estava inocente – e, a propósito, que os seus homens estavam desejosos de serem submetidos a julgamento por combate contra a assembléia ali reunida… Após um silêncio estupefato, o caso foi rapidamente abandonado e os cavaleiros viveram para provar a sua inocência noutra ocasião.

Em Aragão e Castela (Espanha), os bispos presidiram a julgamentos dos Templários – mas declararam-nos inocentes. Contudo, por mais clementes e liberais que os juízes desejassem ser em relação aos cavaleiros, nenhum deles se podia permitir ignorar as ordens do papa para dissolver a ordem em 1312. Mas, mesmo em França, relativamente poucos Cavaleiros foram executados – muitos foram libertados após se terem retratado – e, noutros países, reagruparam-se simplesmente sob outro nome ou ingressaram noutras ordens existentes, como a Ordem dos Cavaleiros Teutônicos.

Assim, historicamente, há poucas provas de que os Cavaleiros Templários fossem efetivamente exterminados. É evidente que eles se teriam ocultado para se reagruparem em uma nova ordem ou sociedade secreta. De fato, o processo da sua dissolução virtualmente o garantia.

Recordemos que os soldados de categoria inferior eram muito diferentes do círculo interno, os cavaleiros guerreiros de elite que não só geriam a organização mas eram também um repositório de conhecimento secreto. E muito provável que os cavaleiros de ambos os níveis partissem e fundassem os seus próprios movimentos secretos, dando início efetivo a duas organizações distintas, cada uma delas reivindicando possuir a verdadeira ascendência templária.

Após o desmantelamento dos Templários, a maior parte das suas terras foi entregue aos seus rivais, os Cavaleiros Hospitalários. Na Escócia, Portugal e na Inglaterra, no entanto, grande parte desta transferência de propriedade não se verificou, e há provas de que os antigos bens dos Templários, em Londres, ainda eram propriedade de famílias descendentes dos Templários numa data tão tardia como 1650. Mas não é na continuidade da propriedade da terra e dos edifícios que estamos interessados, mas na perpetuação do conhecimento esotérico, alquímico e ocultista dos Templários.


Interior da Temple Church, a Igreja dos Templários em Londres, Inglaterra, é um belíssimo exemplar medieval de arquitetura gótica. Foi construído no século XII pela Ordem dos Cavaleiros Templários, e consagrada à Virgem Maria, em 10 de fevereiro de 1185, por Heraclius, patriarca de Jerusalém. A igreja é unida por duas seções. A nave original e mais antiga, circular, é a Igreja Redonda. A outra seção, retangular, construída meio século mais tarde, hoje é chamada de Presbitério.

Embora não existam provas conclusivas de que os Templários eram os cérebros que inspiraram a rede secreta alquímica, sabemos que o «círculo interno» estava interessado na alquimia – como vimos na proximidade entre centros alquímicos, como Alet-les-Bains, e postos avançados templários. E, como vimos, os alquimistas – como os Templários – prestavam uma veneração especial a João Batista.

Recentemente, vários comentadores apresentaram provas convincentes de que a maçonaria teve a sua origem na Ordem dos Cavaleiros Templários: tanto que em The Temple and the Lodge, de Michael Baigent e de Richard Leigh, bem como Bom in Blood do historiador-investigador americano John J. Robinson, chegaram a essa conclusão, apesar de abordarem o tema sob perspectivas completamente distintas.

O primeiro investiga a continuidade Templária na Escócia, enquanto o último incide mais no estudo retrospectivo, partindo do moderno ritual maçônico para as suas origens – e, mais uma vez, chega aos Templários. Assim, estes dois importantes livros complementam-se, oferecendo um quadro mais ou menos completo da ligação entre as duas grandes organizações secretas.

O único ponto importante de desacordo entre Baigent/Leigh e Robinson é o fato de os primeiros considerarem que a maçonaria se formou a partir de Templários isolados na Escócia que, em 1603, partiram para Inglaterra, com a ascensão do rei escocês, Jaime VI, ao trono inglês e subsequente influxo de aristocracia escocesa.

Robinson, por outro lado, pensa que os Templários, na Inglaterra, se transformaram em maçônicos. Ele está convencido de que os Templários estiveram por detrás da Revolta dos Camponeses de 1381, que atacou especificamente os bens da Igreja e os dos Cavaleiros Hospitalários – os dois grandes inimigos dos Templários – e fez tudo para evitar danificar antigos edifícios templários.

Para muitos leigos, a Maçonaria é apenas um bizarro clube de velhos amigos, uma rede de associados que proporciona lucrativos contatos de negócios e influências aos seus membros. O seu lado ritual é considerado ridículo – com os irmãos a arregaçar uma perna das calças e a prestar juramentos arcaicos e sem sentido. As coisas podem ter mudado, mas a Maçonaria dos primeiros tempos era uma escola de mistério, era diferente, com iniciações solenes que se inspiravam nas antigas tradições secretas e que eram especificamente destinadas a conferir iluminação transcendental, além de ligar mais intimamente os iniciados aos seus irmãos.



Na sua origem, era uma organização secreta, explicitamente interessada na transmissão do conhecimento sagrado. Muita coisa, a que chamaríamos ciência, proveio, de fato, daquela irmandade – como podemos verificar pela formação da Royal Society de Inglaterra (The Royal Society of London for the Improvement of Natural Knowledge), em 1662, que estava, e está, relacionada com a recolha e promulgação de conhecimento científico. Foi a instituição oficial do primeiro «Colégio Invisível» dos maçônicos que fora formado em 1645. (E, tal como na época de Leonardo DaVinci, o conhecimento científico e ocultista – longe de serem antagônicos – eram considerados idênticos).

Embora, sem dúvida, muitos maçônicos modernos aceitem a sua iniciação solenemente e com um sentido de espiritualidade, o quadro global é o de uma organização que esqueceu completamente o seu significado original. De fato, a corrente dominante da Maçonaria atual é a da Grande Loja, cuja formação é relativamente recente – no dia de João Baptista (24 de Junho), em 1717.

Antes desta data, a Maçonaria fora uma verdadeira sociedade secreta, mas o aparecimento da “Grande Loja” marcou uma era em que ela já se transformara num famoso clube de jantares e que se tornara semi-pública porque já não havia segredos a guardar, pois eles foram completamente esquecidos. Então, de quando data a Maçonaria real?

A mais antiga referência conhecida é de 1641, mas, se existe uma ligação aos Templários, é óbvio que ela é muito mais antiga. John J. Robinson cita exemplos de lojas maçônicas existentes nos anos 80 do século XIV e um tratado de alquimia datando dos meados do século XV, que, explicitamente, usa o termo «maçônico».

Os próprios maçônicos afirmam ter emergido das corporações de pedreiros da Inglaterra medieval – que tinham criado gestos e códigos secretos de reconhecimento por possuírem o conhecimento, potencialmente perigoso, da geometria sagrada, descoberto pelos Templários no Oriente. Mas, como a extensa e meticulosa investigação de John J. Robinson demonstrou contra todas as expectativas, estas corporações tornaram-se conspícuas pela sua ausência na Inglaterra medieval.

Outro mito maçônico é a sua pretensão de que os pedreiros (maçons) herdaram o seu conhecimento secreto diretamente dos construtores do fabuloso Templo de Salomão. Nesse caso, por que ignoraram outro grupo com ligações mais óbvias ao templo? Parecem estar a evitar a ligação mais óbvia de todas: o grupo cujo nome completo era Ordem dos Cavaleiros Mendicantes de Cristo e do Templo de Salomão – por outras palavras, os Cavaleiros Templários.


A estrutura da maçonaria atual, mais um mero sistema de controle, mesmo nos graus mais elevados …

Contudo, antes da formação da Grande Loja, os maçônicos, de fato, promulgaram algum tipo de informação sobre a geometria sagrada, alquimia e hermetismo que os Templários tinham discutido em seu círculo mais fechado.

Por exemplo, os primeiros maçônicos estavam muito interessados na alquimia: um tratado alquímico de meados do século XV alude aos maçônicos como «trabalhadores da alquimia» e um dos primeiros iniciados maçônicos foi registado como sendo Elias Ashmole (iniciado em 1646), fundador do Ashmolean Museum de Oxford, que era alquimista, hermético e rosacruz. (Ashmole foi a primeira pessoa a escrever em defesa dos Templários, desde a sua aparente extinção no século XIV.)

Uma jóia-da-coroa da geometria sagrada é o curioso e fascinante edifício chamado «Rosslyn Chapel», situado a algumas milhas de Edimburgo, na Escócia. Vista do exterior, parece muito delapidada, quase em risco de ruína completa, mas o interior é espantosamente sólido – como, na verdade, teria de ser, porque a Capela Rosslyn é a sede oficial dos atuais maçônicos e de várias organizações Templárias.

Construída entre 1450 e 1480 (n.T. portanto muito antes de qualquer ideia de maçonaria existir como algum tipo de sociedade) por Sir William St. Clair, senhor de Rosslyn, destinava-se a ser apenas a capela das senhoras, fazendo parte de um edifício muito mais amplo que se supunha ser baseado no desenho do Templo de Salomão, mas acabou por se erguer isolada ao longo dos séculos.

Os Saint Clair (mais tarde, o seu nome transformou-se em Sinclair) viriam a ser os patronos hereditários dos maçônicos da Escócia, a partir do século XV certamente, não é coincidência que, antes dessa data, eles exercessem as mesmas funções em relação aos Cavaleiros Templários.

Desde o início de sua construção que a Ordem dos Templários estava relacionada com Rosslyn Chapel e com os Sinclairs: o grão-mestre fundador, Hugues de Payens, era casado com Catherine Saint Clair. Descendentes de vikings, os St. Clairs/Sinclairs são uma das mais intrigantes e notáveis famílias da história e foram importantes na Escócia e em França desde o século XI. (Curiosamente, o seu nome de família derivou do mártir escocês Saint-Clair, que foi decapitado.) Hugues e Catherine visitaram as terras dos St. Clair, próximas de Rosslyn, e fundaram ali o primeiro posto avançado da Ordem dos Cavaleiros Templário da Escócia, o qual se tomou o seu quartel-general.


Vista aérea de Rosslyn Chapel, um livro escrito em pedra, para quem “tiver olhos para ver” …

Como vimos, Pierre Plantard adotou o nome «de Saint-Clair», ligando-se, deste modo deliberado, ao ramo francês desta antiga família. Vários comentadores têm-se interrogado se ele está habilitado a usar esta designação, mas há, pelo menos, uma boa razão para ele o fazer.

Certamente que os cavaleiros Templários fizeram da Escócia o seu principal refúgio, após a sua extinção oficial na França – talvez porque era a pátria de Robert Bruce, que fora excomungado, de modo que o papa, nesse momento, não tinha autoridade na Escócia. E Baigent e Leigh estão convencidos de que a Armada templária desaparecida (ou parte dela) de fato se dirigiu e aportou junto à costa escocesa.

Um dos acontecimentos históricos e dos mais críticos das ilhas Britânicas foi, sem dúvida, a batalha de Bannockburn, travada a 24 de Junho (dia de João Batista) de 1314, quando as forças de Robert Bruce venceram decisivamente os ingleses. Contudo, a evidência sugere que eles tiveram um formidável auxílio – sob a forma de um contigente de Cavaleiros Templários que conseguiram a vitória na última hora.

Certamente, é nisso que acreditam os atuais Cavaleiros Templários escoceses (que se reclamam descendentes dos Cavaleiros fugitivos), quando comemoram o aniversário da Batalha de Bannockburn, em Rosslyn, como sendo a ocasião em que «foi levantado o Véu dos Cavaleiros Templários». Um dos cavaleiros que lutou ao lado de Robert Bruce, em Bannockburn, foi (um outro) Sir William St. Clair, que morreu em 1330 e foi sepultado em Rosslyn – num túmulo tipicamente templário.

A Capela Rosslyn contém aparentes anomalias na sua decoração. Cada centímetro quadrado do interior da capela está coberto de símbolos gravados em pedra e o edifício, no seu todo, é desenhado em harmonia com os altos ideais da geometria sagrada. Grande parte dele é inegavelmente Templário e muito posteriormente, maçônico.

Ostenta o «Pilar do Aprendiz», um paralelo explícito com o mito de Hiram Abiff, e o aprendiz, nele representado, é conhecido como «o Filho da Viúva», um termo maçônico de grande significado (que também é importante nesta investigação). O lintel, imediato a este pilar, ostenta a inscrição:


“O vinho é forte, o rei é mais forte, as mulheres são as mais fortes, mas a VERDADE vence tudo”.

Mas, enquanto muito do simbolismo de Rosslyn é claramente maçônico, pelo menos outro tanto é definitivamente templário: a planta da capela baseia-se na cruz templária, e há gravuras que incluem a famosa imagem do selo dos Templários: dois homens montando um só cavalo. Um antigo bosque vizinho foi plantado em forma de cruz templária.


O selo Templário, dois cavaleiros montados no mesmo cavalo …

Tudo isto é muito curioso porque, de acordo com os textos históricos, a Maçonaria data apenas do final do século XVI, e os Templários já não eram uma força a considerar após 1312. Assim, as imagens da capela, que são posteriores a 1460, seriam demasiado antecipadas para a Maçonaria e demasiado tardias para os Templários.

Há, no entanto, muito simbolismo na Capela Rosslyn que, classicamente, não é maçônico nem templário. Há uma super abundância de imagens pagãs – e mesmo algumas islâmicas. E, no exterior da capela, há uma representação gravada de Hermes – uma clara alusão ao hermetismo – enquanto o interior está ornado com mais de uma centena de representações do Homem Verde, o deus da Vegetação dos celtas pagãos.

Tim Wallace Murphy, na sua história oficial da Rosslyn Chapel, associa o Homem Verde a Tamuz, o deus babilônico que morre e ressuscita. Todos estes deuses têm atributos similares e, muitas vezes, são representados com o rosto verde – embora o deus que com maior frequência era assim representado seja Osíris, o consorte de ÍSIS.

Quando visitamos Niven Sinclair, membro desta ilustre e milenar família, fomos virtualmente bombardeados com provas de que os Sinclairs tinham sido não apenas Templários mas também pagãos. Niven, um apaixonado investigador da história de Rosslyn e dos Sinclairs deu-nos algumas informações muito reveladoras do que acontecera ao conhecimento templário perdido. Segundo Niven, ele foi codificado na estrutura da Capela de Rosslyn, para ser transmitido às futuras gerações. Segundo as suas palavras, «o conde William St. Clair construiu a capela numa época em que os livros podiam ser queimados ou proibidos. Ele queria deixar uma mensagem para a posteridade gravada em pedra».

Como Niven se entusiasmou com este tema, convenceu-nos do autêntico engenho do seu antepassado Sir William, ao criar este livro de pedra. Como ele disse: «Se forem a Catedral de S. Paulo, podem compreendê-la numa só visita. Se foram à Capela Rosslyn, não podem. Já lá estive centenas de vezes, e cada vez que lá entro encontro alguma coisa nova. É esta a beleza do lugar.”

Rosslyn está longe de ser uma típica capela cristã. De fato, Niven foi a ponto de afirmar:

«Dizia-se que o conde William construiu a Capela Rosslyn para “a maior glória de Deus”. Se é assim, é extraordinário que se encontrem nela tão poucos símbolos cristãos.»


O layout de Rosslyn Chapel, que foi iniciado em 1440, é uma réplica exata do plano térreo do Terceiro Templo, em Jerusalém, construído em Jerusalém por Herodes e destruído no século I pelos romanos. O layout do Templo de Herodes não era conhecida por arqueólogos até meados do século XIX, quase 400 anos após a construção de Rosslyn; A família Sinclair, através dos Cavaleiros Templários, foram detentores do segredo.

Na Idade Média, os Sinclairs promoveram ativamente celebrações pagãs e ofereceram refúgio a ciganos (os quais eram considerados incluídos «entre os últimos defensores ativos do culto da deusa – o feminino divino – na Europa»). E é significativo que muitas autoridades acreditem que havia uma Madona Negra na cripta da Capela Rosslyn.

Já tínhamos percebido, com alguma surpresa, que os Templários não eram, de modo algum, os devotados cavaleiros católicos da imaginação popular. A imagem que tinham criado de si mesmos, como cobertura, fora extremamente bem sucedida, mas era óbvio que eles tinham pretendido deixar indicações das suas verdadeiras preocupações ( e de seu conhecimento) para «aqueles que tinham olhos para ver». A decoração da Capela Rosslyn era um exemplo desta mensagem críptica mas reveladora.

O amor e a preservação do conhecimento professados pelos Templários foram decisivos para que, em Rosslyn, também encontrássemos o «Manuscrito Rosslyn-Hay», o mais antigo exemplar conhecido de prosa escocesa. E uma tradução dos escritos de Renê d’Anjou sobre cavalaria e governo, e na sua encadernação lê-se esta inscrição: «JHESUS [sic] – MARIA – JOHANNES» (JESUS, Maria, João). Como afirma Andrew Sinclair em The Sword and the Grail (1992):

A associação do nome de S. João ao de Jesus e de Maria é invulgar, mas ele era venerado pelos gnósticos e pelos Templários. Outra característica notável desta encadernação é o uso do Agnus Dei, o Cordeiro de Deus… Na Capela Rosslyn também está gravado o selo templário do Cordeiro de Deus.

O conde William e René d’Anjou eram amigos, sendo ambos membros da Ordem do Tosão de Ouro, um grupo cujo objetivo declarado era restaurar os velhos ideais de cavalaria e de fraternidade dos Cavaleiros Templários.

É claro que os Templários sobreviveram na Escócia e continuaram a agir publicamente, não apenas em Rosslyn mas também em vários outros lugares. Contudo, em 1319, a sua vida tranquila foi mais uma vez ameaçada quando a excomunhão de Robert Bruce foi levantada e a sombra da autoridade do papa voltou a persegui-los.



Em dado momento, houve mesmo uma clara possibilidade de uma cruzada ser lançada contra a Escócia, e, embora ela não se concretizasse, os Templários escoceses consideraram prudente ocultarem-se, como tantos dos seus irmãos europeus; e foi isto, dizem, que deu origem ao início da Maçonaria.

Curiosamente, certos ramos da Maçonaria sempre reivindicaram serem descendentes dos Templários e terem a sua origem na Escócia, mas poucos historiadores – mesmo no seio da própria maçonaria – os levaram a sério. Este maçônicos «templaristas» podem ter herdado, pelo menos parcialmente, os genuínos segredos templários (n.T. Isto, nenhuma ordem maçônica conseguiu…). O seu conhecimento, que incluía a sabedoria hermética e alquímica, além da ciência da geometria sagrada, ainda é considerado valioso – talvez mais valioso porque visa questões muito diferentes das do mundo moderno em geral.

Foi um escocês, Andrew Michael Ramsey, que proferiu o que se tornou conhecido por «Oração de Ramsey», em 1737, perante os maçônicos de Paris. Cavaleiro da Ordem de S. Lázaro – e tutor do Bonnie Príncipe Charlie – o «Cavaleiro» Ramsey fez questão de recordar à irmandade que eram descendentes dos cavaleiros cruzados, o que era uma referência mal disfarçada aos Templários. Foi do seu interesse usar esta terminologia enviesada porque os Templários ainda eram considerados malditos na sociedade francesa. A oração também afirmava, polemicamente, que os maçônicos tinham origem nas escolas de mistério das deusas Diana, Minerva e ÍSIS.

A oração tem sido muito escarnecida, ao longo dos anos, não só devido à última afirmação quanto às origens no culto da deusa mas também porque o cavaleiro Ramsey afirmou que a ordem não descendia dos pedreiros (maçons) medievais. As autoridades neste assunto atacaram esta afirmação, alegando que, como ela era obviamente falsa, punha em questão toda a oração. Mas, como vimos, investigações recentes provaram que não existiram corporações de pedreiros na Inglaterra medieval, portanto, talvez devêssemos dar ao bom cavaleiro o benefício da dúvida relativamente a esta – e às suas restantes afirmações.

A oração de 1737 foi a primeira indicação pública de que a Maçonaria descendia dos Templários – poderá haver qualquer ligação com o fato de, um ano mais tarde, o papa condenar toda a irmandade de maçônicos? Espantosamente, mesmo nesta data tardia, a Inquisição prendeu e torturou maçônicos, em consequência direta desta bula papal.

Depois das fortes insinuações de Ramsey acerca da ligação templária, surgiu uma declaração mais explícita e mais autorizada. Num dos episódios mais polêmicos da história da maçonaria, Karl Gotthelf, barão de Von Hund und Alten-Grotkau, declarou que fora iniciado na ordem maçônica do Templo, em Paris, em 1743, e que lhe fora revelada a «verdadeira» história da maçonaria e fora autorizado a fundar lojas maçônicas, segundo aquela linha de autoridade, a qual ele denominou «Estrita Observância» – embora, curiosamente, ela fosse conhecida na Alemanha por Irmandade de João Batista.


O layout de Rosslyn Chapel, cuja construção foi iniciada em 1440, é uma réplica exata do plano térreo do Terceiro Templo, em Jerusalém, construído em Jerusalém por Herodes e destruído no século I pelos romanos. O layout do Templo de Herodes não era conhecido por arqueólogos até meados do século XIX, quase 400 anos após a construção de Rosslyn; A família Sinclair, através dos Cavaleiros Templários, foram detentores do segredo.

A verdadeira história, que lhe fora revelada, incluía a seguinte informação: quando os Templários foram extintos, alguns Cavaleiros tinham fugido para a Escócia e ali se tinham estabelecido. Von Hund possuía uma lista dos supostos nomes dos grão-mestres que sucederam a Jacques de Molay no movimento templário secreto, após a extinção.

As lojas de Von Hund tiveram um sucesso imprevisto e quase imediato, mas, infelizmente, ele não tinha amigos entre os historiadores, os quais o declararam um completo charlatão e rejeitaram a sua versão da «verdadeira história» como sendo «um completo absurdo». Menosprezaram igualmente a sua lista de alegados grão-mestres. A principal razão desta total rejeição foi o fato de as suas afirmações serem baseadas nas palavras de contatos anônimos – que Von Hund denominava «superiores desconhecidos (ocultos)» -, e, parecia, portanto, que ele tinha inventado tudo.

De fato, informações confidenciais anônimas são ocorrências frequentes no interior dos grupos ocultistas, como podemos confirmar, e, recentemente, alguns nomes muito credíveis foram imputados aos superiores desconhecidos; por isso, parece que, afinal, ele poderia estar dizendo a verdade sobre os seus contatos ocultos.

Curiosamente, os historiadores nunca conseguiram apresentar uma lista definitiva dos grão-mestres dos Templários históricos – devido à natureza incompleta dos arquivos disponíveis. No entanto, a lista de Von Hund é idêntica à que surge nos Arquivos Secretos do Priorado de Sião. As investigações de Baigent, Leigh e Lincoln convenceram-nos de que a lista do Priorado é a mais exata que se conhece; embora, devido à escassez de registros, nunca se possa ter a certeza, ela resiste ao escrutínio acadêmico e pode ser considerada correta.

Mas, apesar de a lista do Priorado poder – para ser cínico – ter sido inventada nos anos 50, é improvável que a de Von Hund tivesse sido igualmente inventada, em 1750, quando não existiam registros disponíveis nem investigações históricas sobre os Templários. No mínimo, o elo de ligação revela uma tradição conjugada entre a Estrita Observância Templária e o Priorado de Sião.

Apesar de muito se ter escrito sobre as afirmações e a organização de Von Hund, há uma curiosa falta de especulação sobre o que podia ter sido a sua motivação oculta. De fato, a sua estrita observância era basicamente uma rede alquímica, e ele próprio era, antes de mais nada, um alquimista. Estava Von Hund a continuar a tradição templária?

Seja qual for a verdade que inspirou a organização e as preocupações de Von Hund, a Maçonaria Templarista em breve estava bem implantada e ia tornar-se uma importante forma de Maçonaria em ambas as margens do Atlântico. (Fora avançada a idéia de que os Templários efetivamente se «ocultaram» nos mais altos graus da Maçonaria.) A Maçonaria Templarista também influenciou novos acontecimentos que iriam tornar-se importantes para a nossa linha de investigação – a Maçonaria de Rito Escocês, especialmente a forma conhecida por Rito Escocês Rectificado, que é particularmente poderosa em França.

Os maçônicos franceses têm uma lenda curiosa acerca de «mestre Jacques», uma figura mítica que era patrono das corporações medievais de pedreiros franceses. De acordo com a história, ele foi um dos mestres pedreiros que trabalhou no Templo de Salomão. Depois da morte de Hiram Abiff, deixou a Palestina e, com treze companheiros, embarcou para Marselha.



Os partidários do seu grande inimigo, o mestre pedreiro padre Soubise, decidiram matá-lo, por isso ele escondeu-se numa caverna em Sainte-Baume – a mesma que viria a ser ocupada por Maria Madalena. De nada lhe valeu: foi traído e morto. Os maçônicos ainda continuam a fazer uma peregrinação ao local, todos os anos, a 22 de Julho.

Outro forte candidato ao papel de herdeiro do conhecimento esotérico dos Templários é o movimento conhecido por Rosacruz. Outrora muito ridicularizado pelos historiadores do princípio do século XVII, está a ganhar terreno o reconhecimento de que ele tem verdadeiras raízes nas tradições da Renascença. O movimento Rosacruz, como um ideal, ou atitude – embora não nominalmente – é reconhecido como a força inspiradora da Renascença, um ideal simbolizado em Leonardo.

Como escreve Dame Frances Yates:

Talvez não estivesse na visão de um mago que uma personalidade como Leonardo fosse capaz de coordenar os seus estudos matemáticos e mecânicos com o seu trabalho artístico.

Continua …

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03.07.15

Capítulo 05 B 

 OS GUARDIÕES DO GRAAL

Posted by Thoth3126 on 20/01/2015

Santo-graal



Filho do lendário herói judaico rei David, o também rei Salomão construiu um templo de inigualável beleza em Jerusalém, usando os mais belos e os mais dispendiosos materiais. Mármore e pedras preciosas, madeiras aromáticas e os mais finos panos foram empregados para criar um lugar que fizesse os sentidos dos crentes transbordar de deleite e também onde o próprio deus se sentisse na sua própria casa. Na parte mais central do templo, encontrava-se o santo dos santos, onde o sumo-sacerdote podia receber o “todo-poderoso” através do mais misterioso dos instrumentos, a Arca da Aliança.



Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 05 B – OS GUARDIÕES DO GRAAL – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ” de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO 5-B – OS GUARDIÕES DO GRAAL

Este instrumento, muito temperamental, letal e perigosíssimo, era conhecido, por um lado, por conferir grandes bênçãos aos «justos» e, por outro, por destruir os malfeitores ou aqueles que não sabiam combater ou se proteger contra os efeitos da sua presença sinistra. Para os Templários, talvez ela parecesse a arma fundamental, e partiram, portanto, para a encontrar, como tem sido sugerido.

Existem, talvez, indicações, na decoração das catedrais, do que os Templários acreditavam ser o significado da «Arca». Por exemplo, a catedral de Chartres, produto do gênio da sua eminencia (dos Cavaleiros Templários) parda, Bernardo de Clairvaux, contém uma escultura em pedra que parece representar a Virgem Maria, com o «rótulo» gravado: arcis foederis – Arca da Aliança. Em si mesmo, isto não é importante, porque era um símbolo clássico cristão da era medieval. Mas, como Chartres era um centro de culto da Madona Negra, estaria a Arca sendo comparada àquela outra Maria, Madalena, ou mesmo a uma deusa pagã, muito mais antiga?



Talvez seja o próprio princípio feminino que está sendo mais uma vez evocado, sob a «cobertura» do símbolo católico mariano. Não pode ser uma referência à própria Virgem, porque os arquitetos das catedrais medievais tinham uma razão especial para evocar o arquétipo de uma mulher sexualmente ativa. (Também é significativo que as primeiras representações da lenda de Maria Madalena em França se encontrem nos vitrais da Catedral de Chartres.)

E, de fato, a muito difamada e mal interpretada disciplina da alquimia a inspiradora das decorações, aparentemente bizarras, dos edifícios góticos (porque, na verdade, era a simbologia da alquimia que parecia ser o denominador comum da maioria dos grão-mestres do Priorado de Sião).

Pensa-se que a alquimia veio dos egípcios, via árabes (a própria palavra deriva do árabe). Era mais do que ciência: a prática abrangia uma delicada teia de atividades interligadas e modos de pensamento, desde a magia à química, desde a filosofia e o hermetismo até à geometria sagrada e à cosmologia. Também se interessava pelo que, atualmente, se chama engenharia genética e por métodos de retardar o envelhecimento e por tentar alcançar a imortalidade física.

Os alquimistas eram ávidos de conhecimento e não tinham tempo para o antagonismo da Igreja em relação à experimentação; por isso, ocultaram-se e continuaram as suas investigações em segredo. Para os alquimistas, não existia heresia – ao passo que para a Igreja não existia um alquimista não herético; por isso, toda a prática alquímica se tornou conhecida por Arte Negra.

A alquimia tinha muitos níveis: o exterior, ou exotérico, estava relacionado com o trabalho e as experiências com metais, mas havia outros níveis, sucessivamente mais secretos, que incluíam a realização da misteriosa «Grande Obra». Esta era interpretada como o momento culminante da vida de um alquimista, quando ele transforma, finalmente, o “vil metal em ouro”.

Contudo, nos círculos esotéricos, ele também é considerado o momento em que o alquimista se torna espiritualmente iluminado e fisicamente revitalizado – através de um «trabalho» mágico que gira em volta da sexualidade (n.t. ativação e elevação da Kundalini, através dos sete chakras…). (Esta questão será discutida pormenorizadamente, mais tarde). Parece que o Grande Trabalho, a Grande Obra alquímica, como uma metáfora, representava um ato de suprema iniciação.



Talvez se pensasse que este rito conferia longevidade. Dizia-se que Nicolas Flamel, alegadamente grão-mestre do Priorado de Sião, realizara a Grande Obra acompanhado por sua mulher, Perenelle, a 17 de Janeiro de 1382, e depois vivera durante um tempo excepcionalmente longo.

Na alquimia, o símbolo da Grande Obra completada é o hermafrodita – literalmente, o deus Hermes (Thoth) e a deusa Afrodite fundidos numa só pessoa. Leonardo ficou fascinado com os hermafroditas, a ponto de encher folha após folha do seu bloco de papel de esboços com desenhos deles – alguns pornográficos. E o estudo recente do mais famoso retrato do mundo – a Mona Lisa do sorriso enigmático – mostrou, de forma convincente, que a imagem «dela» não era outra senão a do próprio Leonardo.

Os investigadores Dr. Digby Quested do Maudsley Hospital de Londres e Liliam Schwartz dos Bell Laboratories dos EUA. usaram as mais sofisticadas técnicas de computador, independentemente um do outro, para ajustar o rosto do retrato com o rosto do artista, e o resultado foi um ajustamento perfeito. Talvez fosse apenas uma das suas inteligentes “brincadeiras” feitas à posteridade, mas também existe a possibilidade de que Leonardo, sendo um alquimista, estivesse a encerrar numa cápsula a sua ideia de ter realizado a “Grande Obra” alquímica. (n.t. fato que ficou registrado no sudário de Turim, com a impressão da imagem de Leonardo no tecido).

Algumas pessoas pensam que esta realização podia provocar uma transformação física tão profunda que o alquimista de sucesso podia mesmo mudar de sexo – talvez fosse este o conceito que inspirou a Mona Lisa. Mas o símbolo do hermafrodita também representa o momento do orgasmo, quando os participantes masculino e feminino do rito experimentam a sensação de se fundirem um no outro, ultrapassando os seus próprios limites e atingindo um conhecimento místico de si mesmos e do Universo.

As catedrais góticas ostentam muitas figuras curiosas, desde demônios até ao Homem-Verde. Mas algumas são extraordinariamente estranhas: uma gravura da Catedral de Nantes representa um homem a olhar para um espelho, mas a parte posterior da cabeça é, de fato, a de um homem velho. E, em Chartres, a chamada gravura da «rainha de Sabá» exibe, efetivamente, uma barba. Os símbolos alquímicos encontram-se em muitas catedrais que estão associadas aos Cavaleiros Templários.



Estes elos de ligação são implícitos, mas Charles Bywaters e Nicole Dawe descobriram lugares templários do Languedoc-Roussillon com símbolos alquímicos explícitos: A nossa investigação mostrou, entre outras coisas, que eles estavam muito familiarizados com as propriedades do solo. Numa determinada área, criaram um hospital para os Templários que regressavam da Terra Santa, porque o solo tinha propriedades terapêuticas. Existem sinais alquímicos nesse lugar…

É muito claro que eles estavam familiarizados com a alquimia. É significativo quando encontramos uma localização especialmente escolhida devido à natureza do solo, onde existem claros sinais alquímicos na estrutura e onde existem ligações com os cátaros e os muçulmanos. É uma evidência sólida e documentada; é muito fácil de provar.

Durante as nossas viagens em França, verificamos repetidamente que cidades que foram antigamente propriedade templária – como Utelle na Provença e Alet-les-Bains, no Languedoc – se tornaram, subsequentemente, centros de estudos da alquimia. Também é importante que os alquimistas, como os Templários, tivessem uma veneração especial por João Batista.

Como vimos, as grandes catedrais e muitas igrejas famosas foram construídas em lugares conhecidos por terem sido consagrados a antigas deusas. Por exemplo, Notre Dame de Paris ergueu-se dos alicerces de um templo de Diana, e St. Sulpice, em Paris, foi construída sobre as ruínas de um templo de ÍSIS. Em si, isto não é invulgar porque, em toda a Europa católica, as igrejas foram construídas em antigos lugares de cultos pagãos, como uma atitude deliberada por parte da Igreja para mostrar que triunfara sobre os pagãos.

Mas, muitas vezes, o que realmente aconteceu foi que os habitantes locais apenas adaptaram a sua forma de paganismo para incluir o catolicismo e consideraram o lugar da nova igreja como complementar da Antiga Religião, mais do que antagônico.



No entanto, dada a prova dos interesses mais profundos dos Templários, não poderia ser, no caso das catedrais, que elas se destinassem a continuar o culto do feminino no divino, mais do que a suprimi-lo? Talvez as catedrais fossem hinos à deusa, esculpidos em pedra, e a «Notre Dame», a quem tantos deles eram devotados, fosse realmente o próprio princípio feminino da divindade – a Sophia, a deusa…

Atualmente, a maioria das pessoas considera a arquitetura (exterior) gótica como sendo muito «masculina», com as suas elevadas espirais e as naves em forma de cruz, mas a maior parte da decoração interior é sutilmente feminina, especialmente as esplêndidas rosáceas. Barbara G. Walker mostra a importância de:

[…] a Rosa, que os antigos romanos conheciam pela Flor de Vênus, essa flor era o distintivo das prostitutas sagradas. Palavras proferidas «ao abrigo da rosa» (sub rosa) faziam parte dos mistérios sexuais de Vênus, não podiam ser reveladas aos não-iniciados […] Na grandiosa era da construção das catedrais, quando Maria era venerada como deusa, nos seus «Palácios de rainha do Céu», ou Notre Dame, ela era evocada como a Rosa, a Roseira, a Grinalda de Rosas… a Rosa Mística. Como um templo pagão, a catedral gótica representava o corpo da deusa, a qual era também o seu Universo, contendo no seu interior a essência do masculino […]

A rosa, como veremos, foi também o símbolo adotado pelos trovadores, os cantores das canções de amor do Sul da França, que estavam intimamente ligados aos mistérios eróticos, outros símbolos, encontrados nas catedrais góticas, transmitem fortes mensagens subliminares relativas ao poder do Feminino.

Teias de aranha esculpidas na pedra – uma imagem repetida na cúpula da clarabóia da igreja de Notre-Dame de França, em Londres – representam Aracne, a deusa-aranha que rege o destino do homem, ou ÍSIS, no seu papel de fiandeira do destino. Igualmente o grande dédalo ou labirinto, desenhado no pavimento da Catedral de Chartres, remete para os mistérios femininos através dos quais o iniciado pode encontrar o seu caminho, seguindo o fio que a deusa fiou para ele.

Este lugar (a Catedral de Chartres) não se destina ao louvor da Virgem Maria, particularmente porque ela também contém uma Madona Negra – Notre Dame de Souterrain (Nossa Senhora do Mundo Inferior). Também em Chartres existe um vitral que representa Maria Madalena chegando no sul da França, de barco, combinando, assim, uma referência desta lenda com a de ÍSIS, para quem este era também um meio de transporte favorito. [Talvez o título de Nautonnier (timoneiro) dos grão-mestres do Priorado remeta para o seu suposto papel no Barco de ÍSIS.] Esta janela é a mais antiga representação da lenda de Madalena NA França, e, numa catedral, a tantas milhas de distância da Provença, certamente os arquitetos a consideraram de grande importância.

Ao mesmo tempo que se construíam as catedrais, a heresia encontrou uma outra expressão, assegurando, deste modo, que a sua mensagem ficaria na história – embora, como A Última Ceia de Leonardo, os códigos através dos quais ela encontrou expressão sejam, por vezes, mal interpretados. Esta outra tradição herética era a lenda do Graal.



Atualmente, o termo Santo Graal é usado para designar um alvo elusivo, o galardão brilhante que coroará o trabalho de toda uma vida. A maioria das pessoas compreende que ele se refere a uma coisa mais antiga, de natureza religiosa – geralmente, a taça por onde Jesus bebeu na Última Ceia. Segundo uma lenda, José de Arimateia, o amigo rico de Jesus, recolheu nele o sangue derramado na Crucificação, que se verificou, nessa altura, ter propriedades curativas.

A demanda do Santo Graal é interpretada como uma expedição cheia de perigos físicos e espirituais, porque aquele que o procura luta com toda a espécie de inimigos, incluindo os do domínio sobrenatural. Em todas as versões da história, a taça é um objecto literal e um símbolo da perfeição. Considera-se que ele representa algo que, ao mesmo tempo, pertence a duas dimensões – a real e a mítica – e, como tal, nunca nada prendeu tanto a imaginação.

O Graal pode ser considerado um objeto misterioso, um verdadeiro tesouro que existe algures, em alguma caverna, mas contém sempre a ideia implícita de que simboliza algo de inefável, transcendente que ultrapassa a vida de todos os dias. Esta aura de demanda espiritual surgiu não só das lendas originais do Graal mas também da cultura em que elas floresceram.

Dos milhões de palavras que têm sido escritas sobre este tema, ao longo dos séculos, na nossa opinião, algumas das mais judiciosas encontram-se em The Holy Grail de Malcolm Godwin, publicado em 1994. É uma síntese notável de todas as lendas e interpretações díspares e que, através da verbosidade, têm a percepção exata do âmago da questão. Além dos habituais elementos cristãos e célticos dos romances do Graal do fim do século XII – princípio do século XIII, Godwin também identifica um terceiro elemento, igualmente importante – o alquímico.

Este autor revela que as primeiras versões da história do Graal se inspiraram em mitos célticos que envolviam os feitos do grande herói rei Arthur e da sua corte, e muitos elementos destes contos centravam-se em conceitos de culto de deusas célticas (do feminino divino). As histórias do Graal redefiniram as velhas lendas célticas e ampliaram-nas para incluir ideias heréticas, que eram correntes no século XIII.

O primeiro dos romances do Santo Graal foi O Romance do Graal (c. 1190), a obra incompleta de Chrétien de Troyes. É significativo que a cidade de Troyes, cujo nome Chrétien adotou como apelido, fosse um centro cabalístico e o lugar do primeiro preceptorado templário – e era ali que o notável cavaleiro templário conde de Champagne reunia a sua corte. (Na verdade, a maioria dos nove Templários originais eram seus vassalos.) E a mais famosa igreja de Troyes é dedicada a … Maria Madalena. Na versão de Chrétien, não há qualquer referência ao Graal como sendo uma taça nem qualquer ligação com a última Ceia ou com Jesus, explicitamente descrita.


A ruiva Madalena e o Graal em suas mãos.

De fato, não existe nenhuma conotação religiosa óbvia, e tem-se afirmado que, se alguma existe, é distintamente pagã. Aqui, o objeto, denominado Graal, era uma escudela ou um prato – o que, como veremos, é muito significativo. De fato, Chrétien inspirara-se num conto celta muito mais antigo que tem como herói Peredur, cuja aventura envolveu o encontro com uma macabra procissão, aparentemente muito ritualista, num castelo remoto. Transportadas nesta procissão, entre outras coisas, contavam-se uma lança que gotejava sangue e uma cabeça decepada colocada numa escudela.

Um traço comum às histórias do Graal é o momento crítico, em que o herói se esquece de fazer uma pergunta importante, e é esse o pecado de omissão que o arrasta para um perigo grave. Como escreve Malcolm Goddwin:

«Aqui a pergunta, que não foi feita dizia respeito à natureza da cabeça. Se Peredur tivesse perguntado de quem era a cabeça, teria sabido como levantar o encantamento da Terra Árida» (A terra fora amaldiçoada e tornada árida.)

Mesmo incompleta, a história de Chrétien foi um enorme sucesso e deu origem a um grande número de histórias do mesmo gênero – a maioria das quais era explicitamente católica. Mas, como afirma Malcolm Godwin, referindo-se aos trovadores que as escreveram:

Eles conseguiram envolver uma obra da mais profunda heresia num mistério tão piedoso que tanto a lenda como os autores sobreviveram ao ardente fanatismo dos padres da Igreja.

As mentes ortodoxas da Roma papal, apesar de nunca reconhecerem, de fato, a existência do Graal, foram também surpreendentemente tímidas para o condenar… E o mais estranho é que a lenda não foi corrompida pela queda dos cátaros heréticos… nem mesmo dos Cavaleiros Templários, que, implicitamente, figuram em vários textos.

Uma dessas versões cristianizadas foi Perlesvaus, que foi escrita, dizem, por um monge da abadia de Glastonbury, c. 1205, enquanto outros acreditam que foi obra de um Templário anônimo. Esta história é relativa a duas demandas, que estão interligadas. O Cavaleiro Gawain procura a espada que decapitou João Baptista e que, magicamente, sangra todos os dias ao meio-dia. Num dos episódios, o herói encontra uma carroça com 150 cabeças de cavaleiros decapitados: algumas estão seladas em ouro, algumas em prata e outras em chumbo. Há também uma estranha donzela que leva numa mão a cabeça de um rei selada em prata e, na outra, a de uma rainha selada em chumbo.



Em Perlesvaus, os servidores de elite do Graal usam vestes brancas, adornadas com uma cruz vermelha – exatamente como os Templários. Há também uma cruz vermelha que se ergue numa floresta e que é vítima de um sacerdote que lhe bate «em toda a parte» com uma vara, um episódio que tem uma clara conotação com a acusação de que os Templários cuspiam e pisavam a cruz. De novo, há uma curiosa cena que envolve cabeças decepadas. Um dos guardiões do Graal diz ao herói Perceval:

«Há cabeças seladas em Prata e cabeças seladas em chumbo, e os corpos a que essas cabeças pertencem: digo-te que tens de separar dentre elas a cabeça do rei (o princípio masculino) e a da rainha (o princípio feminino).»

O simbolismo alquímico é abundante: metais vis e preciosos, reis e rainhas. Estas imagens também se encontram em profusão noutras adaptações importantes da lenda do Graal, como veremos. Apesar da tácita antipatia da Igreja pelo Graal, a versão mais cristianizada foi, de fato, escrita por um grupo de monges de Cister. Chamada Queste del San Graal, ele é mais notável pelo fato de o Cântico dos Cânticos ser a fonte do seu poderoso simbolismo místico.

De todas as histórias do Graal francamente bizarras, a mais misteriosa – e a mais provocadora – é Parcifal (c.1230) do poeta bávaro Wolfran von Eschenbach. Nela, o autor afirma que está deliberadamente a corrigir a versão de Chrétien de Troyes, que não continha toda a informação disponível. Alega que a sua versão é mais exata porque obtivera a verdadeira história através de um certo Kyot de Provença – que tinha sido identificado como Guiot de Provins, um monge que era uma expressão da Ordem dos Templários e um trovador.

Como Wolfran diz em Parcifal: «A verdadeira história, com a conclusão do romance, fora enviado da Provença para terras alemãs.» Mas o que era esta importante conclusão? Em Parcifal, o Castelo do Graal era um lugar misterioso, guardado pelos Templários (que, de modo significativo, Wolfran chama «homens batizados»), que são enviados para espalharem a sua fé em segredo. Segredo e a aversão do Grupo do Graal a ser interrogado são realçados.

No fim da história, Repanse de Schoye (a portadora do Graal) e o meio-irmão de Parcifal, Fierefiz, partem para a Índia e têm um filho chamado João – o famoso Prestes João -, que é o primeiro de uma linhagem que toma sempre o nome João… Poderia isto ser uma referência codificada ao Priorado de Sião, cujos grão-mestres, supostamente, adotam sempre este nome?



E o conceito de linhagem que é central para as teorias de Baigent, Leigh e Lincoln relativamente ao Graal. Como indica o título do seu primeiro livro, para eles, o «Santo Graal» era, de fato, o «Sangue Real Divino», baseado na ideia que o original francês sangraal. geralmente entendido como san graal (Santo Graal), devia ser corretamente interpretado como sang real – o sangue real, que eles interpretaram como uma descendência sanguínea, uma linhagem sagrada.

Baigent, Leigh e Lincoln relacionaram a importância que as lendas do Graal dão à linhagem com o que eles acreditam ser o grande segredo sobre Jesus e Madalena terem sido marido e mulher e surgiram com a sua própria teoria: o Graal das lendas era uma referência simbólica aos descendentes de Jesus e de Maria Madalena. Segundo esta teoria, os guardiães do Graal eram aqueles que conheciam esta linhagem sagrada e secreta – como os Templários e o Priorado de Sião.

Mas esta idéia apresenta uma dificuldade: nas histórias do Graal, a ênfase é na linhagem dos guardiães do Graal ou dos que encontram o Graal: o Graal, em si mesmo, é distinto deles. Apesar de ser possível que as lendas se refiram a um segredo guardado por certas famílias e passado de geração em geração, parece improvável que elas aludam realmente a uma descendência sanguínea. Afinal, a idéia surge da fixação numa simples palavra francesa – sangraal – e já vimos as dificuldades que surgem de uma hipótese que assenta na ideia da manutenção de uma descendência «pura» ao longo dos tempos.

A ligação entre as histórias do Graal e a herança dos Templários parece bastante real. Wolfran von Eschenback. segundo se pensa, viajou muito e não desconhecia os centros Templários do Médio Oriente, e o seu conto é, de longe, o mais explicitamente templário dos romances do Graal. Como escreve Malcolm Godwin: «Ao longo de Parcifal, Wolfran intercala o relato com alusões a astrologia, alquimia, à cabala e às novas ideias espirituais do Oriente.» Também inclui simbolismo óbvio, colhido no Tarot.

É na sua versão que os guardiões do Graal, no castelo de Montsalvach, são explicitamente chamados Templários. O castelo original fora identificado com Montségur, a última fortaleza importante dos cátaros – e, notavelmente, noutro dos seus poemas, Wolfran chama Perilla ao senhor do castelo do Graal. O verdadeiro senhor de Montségur, na época do poeta, era Ramon de Perella. Mais uma vez, vemos os Templários e os cátaros associados uns aos outros e a um tesouro mal definido mas muito valioso.

Na versão de Wolfran não há nenhuma taça dotada de poderes sobrenaturais; aqui, o Graal é uma pedra – lapsi exillis – que talvez signifique a Pedra da Morte, embora isto seja mera especulação. Ninguém, de fato, sabe. Segundo outras explicações, a pedra é uma jóia que caiu da coroa de Lúcifer quando ele desceu do céu à Terra, e a famosa Pedra Filosofal (lapis elixir) dos alquimistas. Neste contexto, a última interpretação é a mais verosímil: o texto, no seu todo, é rico em símbolos alquímicos.

Alguns escritores consideraram que a figura de Cundrie, a «mensageira do Graal» no Parsifal, representava Maria Madalena. (Certamente que Wagner a considerou como tal – na sua ópera Parsifal (1882), a sua Kundry traz um frasco de bálsamo e lava os pés do herói, os quais ela, como Madalena, enxuga com o seu cabelo.) Talvez haja alguma ressonância da taça do Graal no jarro de alabastro de Madalena na iconografia cristã tradicional.


Fortaleza dos Cátaros de Montségur

Em todas as histórias, no entanto, a demanda do Graal é uma alegoria da jornada espiritual do herói em direção – e para além – da transformação (evolução espiritual) pessoal. E, como vimos, uma das motivações principais de todos os verdadeiros alquimistas era precisamente essa.

Mas foi apenas o seu subtexto alquímico que tornou «heréticas» todas as lendas do Graal?

Sem dúvida que a Igreja ficou mortalmente ofendida pela maneira como as histórias do Graal ignoraram ou renegaram a sua autoridade e a da sucessão apostólica. O herói agia sozinho – embora, ocasionalmente, com auxiliares – na busca da iluminação e da transformação espirituais. Assim, na essência, as lendas do Graal são textos gnósticos acentuando a responsabilidade do indivíduo pelo estado EVOLUTIVO da sua alma.

Há, no entanto, muito mais para ofender as sensibilidades da Igreja romana e que está implícito em todas as histórias do Graal. Porque a experiência do Graal é inevitavelmente apresentada como estando reservada apenas aos grandes iniciados – a nata da elite -, algo que ultrapassa mesmo a transcendência da missa. Além disso, em todas as histórias do Graal, o próprio objeto – seja ele qual for – é guardado por mulheres.

Mesmo na história céltica de Peredur, os jovens podem empunhar a lança mas são as donzelas que transportam o que se pode chamar o protótipo do Graal – a escudela com a cabeça. Mas que faziam as mulheres ao assumirem um papel de tanta autoridade numa coisa que era, efetivamente, uma forma superior de missa? (Lembremos que os cátaros, cuja cidadela e fortaleza de Montségur foi, quase certamente, o modelo do Castelo do Graal de Wolfran, promoviam um sistema de igualdade entre os sexos, de modo que tanto homens como mulheres podiam ser chamados «sacerdotes».)

Mas é a ligação com os Templários que mais impregna as história do Graal. Como observaram diversos comentadores, a acusação de que os cavaleiros veneravam uma cabeça decepada – que se julgava chamar Baphomet – tem ressonâncias com os romances do Graal, nos quais, como vimos, figuram largamente cabeças decepadas. Os Templários foram acusados de atribuir poderes semelhantes aos do Graal a este Baphomet: fazia florescer as árvores e tomava a terra fértil. De fato, os Templários não só foram acusados de reverenciar esta cabeça-ídolo como também possuíam um relicário em prata, com a forma de uma caveira feminina, que era designada apenas por caput (cabeça).


A “santa” igreja romana tem verdadeiro horror do poder feminino, do poder da deusa…

Hugh Schonfield, ao considerar as implicações desta cabeça feminina, juntamente com a sua «descodificação» de Baphomet como Sophia, escreve:

Pareceria haver poucas dúvidas de que a cabeça da bela mulher, pertencente aos Templários, representava a SOFIA (Sabedoria), no seu aspecto feminino e de ÍSIS, e estava associada a Maria Madalena na interpretação cristã.

As relíquias dos Templários têm a fama de terem incluído o (suposto) indicador direito de João Baptista, o que pode ser mais importante do que parece. Como vimos no Capítulo I, Leonardo representava figuras de cenas religiosas apontando para cima, deliberada e ritualisticamente com o indicador direito, e este gesto parece ter estado relacionado com João Batista. Por exemplo, vimos que um indivíduo que parecia estar a venerar a alfarrobeira na Adoração dos Magos estava a fazer este gesto: tanto a árvore como o gesto estão associados a João.

A relíquia, considerada ter sido propriedade dos Templários, pode ter sido a razão material de Leonardo ter aderido a estas imagens.(Jacobus de Voragine, em Golden Legend, relata uma tradição segundo a qual o dedo de João Batista – a única parte do corpo decapitado que escapou à destruição ordenada pelo imperador Juliano – foi trazido para França por Sta. Tecla, portanto, talvez haja razão para acreditar que a relíquia dos Templários e a da lenda fossem uma e a mesma relíquia. E De Voragine também registra que, segundo a lenda, a cabeça de Batista foi enterrada debaixo do Templo de Herodes, em Jerusalém, onde os Templários fizeram escavações).

Os Templários são continuamente associados ao Graal. A escritora de viagens britânica Nina Epton, em The Valley of Pyrene (1955), descreve a sua subida às ruínas do castelo dos Templários de Montréal-de-Sos, no Ariège, para observar os murais que representam uma lança com três gotas de sangue e um cálice – uma imagem claramente inspirada nas lendas do Graal.

Outros graffiti bizarros foram encontrados no castelo de Domme, onde muitos Templários estiveram prisioneiros. Ean e Deike Begg descrevem uma estranha cena da Crucificação, a qual representa José de Arimateia (tendo na mão uma cruz de Lorena), à direita, recolhendo gotas do sangue de Jesus. À esquerda, vê-se uma mulher nua, grávida, tendo na mão uma vara ou um bastão.

Há outros elos de ligação mais curiosos. Em St. Martin-du-Vésubie, na Provença, que, como vimos, é um lugar famoso de culto a Madona Negra e dos Templários, existe uma lenda que reúne interessantes elementos das histórias do Graal. Diz-se que os Templários daquele local foram todos decapitados durante a repressão – o que, dada a completa falta de verificação oficial, parece altamente improvável – e que eles amaldiçoaram a terra. Os homens tornaram-se impotentes ou estéreis e a terra árida. Qualquer que seja a verdade da questão, é um fato histórico que, em 1560, o duque Emmanuel Filibert de Sabóia mandou exorcizar a terra, porque ela se encontrava num estado lastimável.



De fato, um dos montes vizinhos ainda é conhecido por Maledia (de modo geral, traduzido por «doença»). Mas a parte mais significativa desta triste história é a que associa a decapitação dos Templários com uma maldição sobre a terra – dois elementos essenciais do cânone do Graal. Para os autores das histórias do Graal, havia alguma coisa relacionada com cabeças decapitadas, ou, talvez, com uma cabeça decapitada, que lançou a maldição sobre a terra mas que também podia oferecer abundância àqueles que ela favorecia.

As diferentes histórias do Graal e os vários elementos que elas contêm podem parecer confusos, mas no seu estudo monumental das lendas do Santo Graal, The Hidden Church of the Holy Grail (1902), o grande erudito ocultista A. E. Waite discerniu a presença de uma tradição secreta no seio do cristianismo, que inspirou todo o conceito das lendas. Waite foi um dos primeiros a reconhecer os elementos alquímicos, herméticos e gnósticos das histórias. Embora estivesse certo de que há fortes sugestões da existência dessa «igreja oculta» nas lendas do Graal, ele não chega a qualquer conclusão definitiva relativa à sua natureza, mas dá um lugar importante ao que ele designou por «Tradição Joanina».

Ele refere-se a uma antiga ideia dos círculos esotéricos, relativa a uma escola mística do cristianismo, que foi fundada por João (o discípulo amado) Evangelista baseada nos ensinamentos secretos que ele recebera de Cristo, através de Jesus. Este conhecimento arcano não surgia no cristianismo externo ou exotérico que proveio dos “ensinamentos” de Pedro e Paulo. Notavelmente, Waite considera que esta tradição chegou à Europa, via sul da Gália – o Sul da França – antes de se infiltrar na primitiva Igreja Céltica da Bretanha.

Apesar dos elementos célticos das histórias do Graal, Waite considera a sua influência joanina como oriunda do Médio Oriente, via Templários. Habilmente, ele não a declara a única ligação possível, porque não há provas conclusivas dela, mas admite que seja a mais plausível. No entanto, ele está certo de que os romances do Graal se basearam em qualquer gênero de «igreja (conhecimento-Sofia) oculta» que estava relacionado com os Templários.

A insistência de Waite numa tradição «joanina» foi um tanto desesperante – ele não a desenvolveu e a sua fonte permanece envolta em mistério. Mas, claramente, ela pareceu oferecer um elo de ligação potencialmente excitante entre as histórias do Graal e um S. João – aquele que, como veremos no próximo capítulo, viria dar sentido a muita da aparente confusão que rodeia esta questão.

As histórias do Graal são ainda outra manifestação das idéias secretas que circulavam na França medieval sob os auspícios dos Templários, como o culto da Madona Negra. A ligação entre os dois é notável. Ambos são baseados nos primitivos temas pagãos: as histórias do Graal baseadas em mitos célticos e o culto da Madona Negra baseado nos santuários de deusas pagãs. Contudo, ambos floresceram nos séculos XII e XIII, devido ao contato – via Templários – com a “Terra Santa”.

Os Templários eram um repositório de conhecimento colhido em muitas fontes esotéricas, incluindo as da alquimia e da sexualidade sagrada. [A ligação entre as Madonas Negras, os Templários e a alquimia é o tema de um estudo do historiador francês Jacques Huynen, em L’énigme des Vierges Noires (O Enigma das Virgens Negras) (1972).] E a «ponte» entre as idéias exóticas e esotéricas dos Templários e o mundo católico da sua época estava personificada na imagem de uma mulher: Maria Madalena.



Tudo isto aconteceu há muito tempo. Há muito que os cátaros desapareceram. e a Ordem do Templo foi extinta não muito tempo depois. Mas este conhecimento secreto, esta consciência mística e alquímica do Feminino, também está enterrado sob a poeira dos séculos?


Talvez não. Talvez se tenha tornado o mais excitante e mais perigoso segredo mantido vivo no mundo secreto da Europa atual.

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30.06.15

OS GUARDIÕES DO GRAAL

Capítulo 05 A 

 

Posted by Thoth3126 on 11/01/2015

Santo-graal



Segundo a “linha acadêmica clássica e erudita”, idéias ocultistas acerca dos Templários são um absurdo; muitos historiadores afirmam que eles eram simplesmente os monges-guerreiros que afirmavam ser, e qualquer sugestão de que estivessem envolvidos em qualquer coisa remotamente mística, esotérica e ocultista é resultado de uma imaginação excessiva ou de investigação pouco cuidadosa.

Porque este é o “consenso erudito”, historiadores que se interessam por esta faceta da ordem não ousam revelá-lo abertamente por receio de perderem a sua reputação (e fundos acadêmicos). Assim, esta investigação ou é evitada ou, se é feita, nunca é publicada. (Há vários historiadores respeitados que, em privado, reconhecem que o lado esotérico, místico e ocultista dos Templários é importante, mas nunca o reconhecerão publicamente.)

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 05 A – OS GUARDIÃES DO GRAAL – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ” de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO 5-A – OS GUARDIÃES DO GRAAL

Esta atitude conduziu a um abandono do estudo de certos lugares importantes dos Templários. E verificamos que a região que é a maior vítima deste fenômeno – a um ponto mistificador – é a região do nosso particular interesse, o Languedoc-Roussillon. Fora da Terra “Santa”, em Jerusalém, esta era a pátria da Ordem dos Cavaleiros Templários – mais de 30% de todas as fortalezas e postos de comando templários, em toda a Europa, encontravam-se nesta pequena área. Contudo, uma quantidade insignificante de trabalho arqueológico tem sido realizado ali, e há alguns lugares importantes que nunca foram investigados.

Felizmente, o abandono oficial é contrabalançado por muitos investigadores particulares com um interesse apaixonado por estes cavaleiros misteriosos de mantos brancos com cruzes vermelhas, e muitos habitantes locais consideram seu dever preservar e proteger os velhos lugares templários. Também existem várias organizações de investigação «amadoras» (no sentido de que não são subsidiadas, mas, de modo algum, no que respeita à qualidade dos seus conhecimentos), como o Centro de Estudos e Investigação Templários, dirigido por George Kiess, em Espéraza (Aude), na França, que envergonharam os “acadêmicos e eruditos”.



As descobertas feitas por estes entusiastas a partir de um estudo dos lugares e de muitos documentos templários esquecidos nos arquivos locais são impressionantes – especialmente, dada a falta de fundos e a pura frustração de lidar com arquivistas apáticos e historiadores profissionais.

Um destes grupos de investigação é o Abraxas, dirigido pela expatriada britânica Nicole Dawe e pelo texano Charles Bywaters a partir de estância termal de Rennes-les-Bains, em Aude. As suas investigações, em conjunto com as da rede de grupos similares, produziram sólidas e documentadas descobertas que, literalmente, reescreveram os estudos sobre os Cavaleiros Templários.

Lutando contra a maré da apatia oficial, por um lado, e contra o entusiasmo excessivo dos caçadores de tesouros locais – que representam uma verdadeira ameaça à estrutura dos lugares – por outro, Nicole e Charles descobriram lugares-chave dos Templários que nunca tinham sido tocados pelas pás dos arqueólogos “oficiais”. Grande parte do seu trabalho ainda é inédito, embora eles planejam a publicação em futuro próximo.

Assim, para descobrir mais coisas sobre os Templários nesta terra herética do Languedoc-Roussillon, não foi aos “acadêmicos e eruditos” que nos dirigimos, mas a Charles e a Nicole.

Sentados no apartamento de Charles, situado na rua principal (e, na verdade, quase a única rua) de Rennes-les-Bains, começamos por o interrogar, e a Nicole, sobre as possíveis ligações entre os Templários e os Cátaros. Eles responderam que existiam claros elos de ligação entre os dois grupos, que ultrapassam os simples laços familiares e que foram geralmente ignorados pelos historiadores – por exemplo, no auge da Cruzada dos Albigenses, os Templários albergavam fugitivos cátaros, e existem exemplos documentados de que eles também socorriam cavaleiros que lutavam ativamente a favor dos cátaros contra os cruzados da igreja de Roma.



Como disse Nicole:

Só temos de examinar os nomes de família dos cátaros nos documentos da Inquisição, e os nomes dos Templários do mesmo período, para verificar que são os mesmos. Mas, mais particularmente, é inegável que certos lugares templários alojaram, protegeram e enterram cátaros em chão sagrado.

Têm surgido sugestões cínicas de que isto se deve ao fato de estas pessoas, para se tornarem membros leigos do Templo, lhes doarem todos os seus bens. De fato, temos provas de cátaros que recorreram aos Templários depois de terem sido completamente desapossados e foram não só recebidos e protegidos como morreram e foram lá enterrados. Mais tarde, os Templários, por vezes, fizeram o que puderam para assegurar que as famílias cátaras, ou seus descendentes, recuperassem as suas terras.

Charles acrescentou:

Numa área em particular, os Templários permitiram claramente atividade hostil contra os interesses de Roma a partir dos seus domínios. Os cavaleiros cátaros continuavam a participar na luta contra a igreja romana, depois retiravam-se para propriedade templária.

Esse fato é muito facilmente documentado.

Pareceu-nos muito significativo que, dado que muitas acusações levantadas contra os Templários foram definitivamente forjadas, a única coisa que não foi usada como prova contra eles foi a sua estreita ligação com proscritos como os cátaros. Que a Inquisição tinha inteiro conhecimento dessa ligação é revelado pela exumação, levada a cabo pela Inquisição, de corpos de cátaros enterrados em terra templária, para serem queimados como meio de intimidação dos supostos heréticos, mais de trinta anos depois do fim da cruzada. (E foi a Inquisição que torturou os Templários, portanto, se alguém conhecia a ligação com os cátaros, eram os inquisidores da igreja romana.)

Era evidente que mais alguma coisa se passava, talvez alguma coisa do conhecimento da Coroa francesa, mas que era considerado tão perigoso tornar público que nunca uma palavra acerca dela se tornou conhecida. Em toda a nossa investigação sobre os Templários, de fato, tivemos um sentimento inquietante – mas crescente – de que havia algum segredo monumental escondido sob a superfície da história “oficial“. Seria possível que os Templários e os cátaros partilhassem de algum conhecimento potencialmente explosivo? (n.t. especialmente contra o circo romano) E poderia ter sido este segredo o verdadeiro motivo de Filipe, o Belo, para montar uma campanha tão bem planejada de extermínio contra os Templários?


A Inquisição da igreja romana: O réu era amarrado com as mãos para atrás e içado a uns 4 metros do chão e violentamente solto lá de cima, segurando-o antes de atingir o chão. Em alguns casos, colocavam-se pesos nos tornozelos para aumentar a dor.

Nem todos os Templários foram aniquilados naquela sexta-feira, dia 13 de outubro. Muitos escaparam e se esconderam nos países vizinhos da França, onde foi-lhes permitido viver e voltar a reagrupar-se sob um nome diferente, e dois países, em particular, ofereceram refúgio seguro aos cavaleiros Templários fugitivos – a Escócia e Portugal. (Neste último, os cavaleiros tornaram-se conhecidos pela Ordem dos Cavaleiros de Cristo.) A área em redor do Languedoc, segundo Charles e Nicole nos informaram, constituiu uma curiosa exceção ao padrão global da perseguição aos Templários.

O Roussillon, a leste desta área, estava sob os auspícios do reino espanhol de Aragão, embora a parte norte, que incluía Carcassonne, fizesse parte da França. Os Templários do Roussillon foram presos e julgados – mas declarados inocentes – e, quando o papa dissolveu oficialmente a ordem, os cavaleiros ingressaram noutras irmandades semelhantes ou viveram o resto das suas vidas da renda das suas terras.

Como vários comentadores têm sugerido, os Templários sobreviveram à tentativa de os exterminarem totalmente e continuaram a existir até mesmo nos dias de hoje, embora as provas sugiram que sofreram vários cismas e atuaram como organizações diferentes, todas proclamando-se descendentes diretas da ordem original, mas nenhuma sendo realmente a continuação da ordem original.

Se os Templários estavam escondendo (n.t. conhecimento considerado herético pelo circo de Roma) alguma coisa – que era considerada tão perigosa pelo rei francês, que o levou a tomar medidas tão drásticas contra eles -, que podia ser? Quem estava a usar quem – o papa ou Filipe? De qualquer ângulo que a história seja encarada, parece faltar um elo de ligação crucial.

Suponhamos que este componente elusivo estava relacionado com o Priorado de Sião. Como já vimos, existem indicações de uma presença misteriosa que inspirou a própria criação dos Templários, e este grande grupo-fantoche (quem quer que fossem) parecia dirigir as cenas subsequentes. Charles e Nicole não duvidam da existência de um «círculo (de Iniciados) secreto» no seio da liderança dos Cavaleiros Templários, que antecedeu até mesmo o seu começo oficial; e vão ao ponto de argumentar que todo o movimento Templário foi criado para dar um rosto público a este círculo secreto, no momento em que a Terra Santa se abriu aos viajantes europeus e às pesquisas “arqueológicas” nas escavações realizadas durante os dez primeiros anos em que a ordem foi composta somente pelos nove cavaleiros iniciais.



Outros investigadores também chegaram à mesma conclusão. Como escreve o autor francês Jean Robin (baseando-se na investigação de George Cagger):

A Ordem do Templo era, na verdade, constituída por sete círculos «exteriores», dedicados aos mistérios menores, e por três círculos «interiores», correspondentes aos iniciados nos grandes mistérios. E o «núcleo» era composto pelos setenta Templários «interrogados» por Clemente V (depois das prisões de 1307).

Igualmente, no livro The Sign and The Seal, o autor britânico Graham Hancock escreve:

[…] a investigação que conduzi, sobre as crenças e o comportamento deste estranho grupo de monges-guerreiros, convenceram-me de que eles penetraram numa tradição de sabedoria extremamente antiga […].

Era possível manter um grupo interno secreto porque os Templários eram essencialmente uma Escola (Secreta) de Mistério – isto é, eles operavam como uma hierarquia, que se baseava na iniciação e no sigilo. Por conseguinte, é provável não só que um soldado raso Templário soubesse bastante menos que os seus superiores mas também que as suas reais crenças fossem diferentes. É provável que a maioria dos Cavaleiros Templários não fossem mais do que os simples soldados cristãos que pareciam ser, mas o círculo interno e de comando era muito diferente.

O círculo interno dos Templários parece ter existido para promover a pesquisa ativa das matérias esotéricas, ocultistas, alquímicas, gnósticas e religiosas. Talvez uma das razões do seu sigilo fosse o fato de estarem lidando com os aspectos arcanos dos mundos judaico e islâmico. Eles procuravam, literalmente, os segredos do Universo, onde quer que suspeitassem que eles se podiam encontrar, e, no decurso das suas deambulações geográficas e intelectuais, vieram a tolerar – talvez mesmo a adotar – algumas crenças muito heterodoxas para o ortodoxo e dogmático catolicismo romano.

Nessa época, tinha de haver uma força impulsionadora muito forte para andar em busca de conhecimento contra todas as desvantagens, e os Templários não estavam interessados nas complexidades da pesquisa pela pesquisa – eles não eram mais do que pessoas extremamente práticas. Quando seguiam uma determinada linha de investigação, era por uma boa razão, e, por isso, deixaram certas pistas relativas ao que era particularmente importante para eles.

Uma dessas indicações reside nas obsessões de Bernardo de Clairvaux, a primitiva eminencia parda dos Templários. Este monge intelectual, mas impetuoso, aparentava ser extremamente devotado à Virgem (n.t. Devotado à parte feminina da divindade) Maria, como provam os seus múltiplos sermões. No entanto, parece que a Virgem Maria não era o verdadeiro objeto do amor espiritual de Bernardo.

Era uma outra Maria, uma cuja verdadeira identidade é sugerida pelo fato de ele ter muita simpatia pelas Madonas Negras. Bernardo também escreveu cerca de noventa sermões sobre o tema do Cântico dos Cânticos e pregou muitos mais, ligando explicitamente a «Noiva» Maria de Betânia que, nessa época, era inquestionavelmente assumida como sendo a própria Maria Madalena.

«Sou negra, mas graciosa», diz a mulher apaixonada, uma frase que também associa o Cântico dos Cânticos ao culto da Madona Negra – ao qual Bernardo (que nasceu em Fontaines, próximo de Dijon, um centro de culto e adoração da Madona Negra) era excepcionalmente dedicado. Afirmou ter recebido a sua inspiração na infância, tendo recebido três gotas de leite milagroso do peito da Madona Negra de Châtillon. Tem-se especulado que esta afirmação era uma referência codificada à sua iniciação no culto da Madona Negra. E, quando Bernardo pregou a Segunda Cruzada, decidiu fazê-lo em Vézelay, um centro de veneração à Maria Madalena.


A ÍSIS negra, simboliza a Mãe Cósmica, a parte FEMININA da Divindade Criadora, representado geometricamente pelo TRIÂNGULO com o vértice para baixo, formado pelas Mãos de ÍSIS.

É provável, assim, que a aparente devoção de Bernardo à Virgem fosse apenas uma cortina de fumaça para a sua indubitável paixão por Madalena, embora as duas não se excluam mutuamente. Contudo, ao criar a regra templária, Bernardo chamou os Cavaleiros à «obediência de Betânia, o castelo de Maria e Marta», e é conhecido por ter transmitido à ordem esta particular devoção (conhecimento).

Mesmo quando confrontados com a extinção total, os cavaleiros aprisionados com último grão-mestre Jacques de Molay, nas masmorras da fortaleza de Chinon, compuseram uma oração dedicada a Notre Dame (Nossa Senhora) em que recordam S. Bernardo como o fundador da religião da Santa Virgem Maria. Mas, dadas todas as outras provas, isto podia ter sido outra referência codificada ao culto de Madalena (da Deusa).

É significativo que o juramento templário fosse prestado a «Deus e a Nossa (Deusa) Senhora» – ou, muitas vezes, a «Deus e a Santa Maria». Há uma indicação de que a «Nossa Senhora» referida no juramento não é a “Virgem” Maria, o que também é reforçado pelas palavras da absolvição templária: «Peço a Deus que te perdoe os teus pecados como perdoou a Santa Maria Madalena e ao ladrão, que foi crucificado.» – No mínimo, isto revela a importância de Madalena para os Templários. (É digno de nota que, no caso dos Templários do Roussillon, as condições em que estavam acorrentados eram deliberadamente agravadas – por ordem do papa -, especificamente, no dia da festa de Santa Maria Madalena. Não esquecer que o massacre de Béziers ocorreu no dia desta festa, para evidenciar a natureza da «heresia».)

De fato, os Templários estavam interessados em todo o conceito do Feminino Divino – um conceito que pode parecer estar em séria contradição com a sua imagem de guerreiros. Mas, como Charles e Nicole descobriram, a Ordem do Templo incluía as mulheres em seu seio. Nos primeiros anos da sua existência, muitas mulheres prestaram o juramento da ordem, embora permanecessem membros leigos do Templo. No entanto, não há nenhuma indicação de que existisse um enclave secreto de rainhas-guerreiras no seio da Ordem do Templo, como escrevem Michael Baigent e Richard Leigh em «The Temple and The Lodge» (1980):

[…] em Inglaterra, um relato do fim do século XII fala de uma mulher ter ingressado no templo como irmã, e parece implicar claramente uma espécie de ala feminina ou complementar da ordem. Mas nunca se encontrou nenhuma elaboração ou clarificação do fato. Mesmo esta informação, como devia ter estado contida nos registos oficiais da Inquisição, há muito que desapareceu ou foi suprimida.

Nicole e Charles, baseados no seu estudo minucioso de documentos templários, são mais categóricos:

Se consultarmos documentos do século XII, encontramos numerosos exemplos de mulheres terem ingressado na ordem, certamente no primeiro século da sua existência. Qualquer novo membro tinha de fazer o juramento de dar «a minha casa, as minhas terras, o meu corpo e a minha alma à Ordem do Templo». Estes documentos encontram-se principalmente nesta área [o Languedoc] e são exemplos bastantes para mostrar que deve ter havido um grande número de mulheres envolvidas, ao mesmo tempo que os homens.

Charles e Nicole também referem que houve uma alteração posterior nas regras, em que os Templários ficavam especificamente proibidos de aceitar mulheres – com a implicação de que, até aquele momento, eles as tinham aceitado.



Quando manifestamos alguma surpresa por este fato não ser mais conhecido, e, além de algumas vagas indicações, o envolvimento das mulheres não ser realçado nas obras clássicas sobre os Templários, Charles nos explicou:

Por vezes, parece que grande parte desta informação foi intencionalmente ignorada. O que temos nos livros é muita informação redundante, a mesma coisa, repetidamente relembrada. Só pode ser uma de duas coisas: ou estas pessoas são cegas ou, por qualquer razão específica não realçam esta informação. No caso de um investigador, o que se supõe que estas pessoas sejam, isso é bem visível. Mas é ignorada.

É notável que a rusga de 13 de Outubro de 1307 fosse tão surpreendentemente isenta de derramamento de sangue. Em toda a França, os senescais do rei abriram as suas ordens seladas, as quais lhes ordenavam que organizassem tropas suficientes para prender os guerreiros mais bem preparados da Cristandade – qualquer coisa como a típica esquadra de Polícia suburbana do Reino Unido receber ordens para reunir forças para prender membros do SAS estacionados na sua área. E a maioria dos Templários de França parece ter ido como cordeiros para o matadouro. E estranho que os Cavaleiros não tivessem pedido reforços doutros países.

É significativo que alguns Cavaleiros, incluindo o tesoureiro da ordem, conseguissem escapar-se, de um modo que sugeria que tinham morrido. Além disso, a famosa armada naval dos Templários, que estivera fundeada junto à costa francesa, simplesmente desaparecera nessa altura. Em todos os registos da espoliação templária, ordenada pelo rei de França, não figura um único navio templário e nem mesmo uma única moeda. Para onde foi a armada? Era impossível ter desaparecido sem deixar vestígios.

Mas o círculo interno dos Templários pareceu recorrer a todos os meios para preservar o seu conhecimento secreto. Como demonstrou Hugh Schonfield, o respeitado estudioso do Novo Testamento, os Templários usavam um código em suas comunicações conhecido por «Cifra Atbash». Isto é verdadeiramente notável, porque ele fora usado pelos autores de alguns dos Manuscritos de Mar Morto, pelo menos mil anos antes da fundação da Ordem do Templo. Além de qualquer outro significado que possa ter, isto revela, por si só, que os Templários eram peritos em manter os seus segredos pelos mais engenhosos processos – e também que o seu vasto conhecimento proveio de variadas fontes esotéricas e orientais.

Schonfield revela que, quando o código se aplica ao nome do ídolo da misteriosa cabeça decepada, alegadamente venerada pelos Templários – o Baphomet -, o nome transforma-se na palavra grega Sophia (SABEDORIA). Graham Hancock escreve em The Sign and The Seal que Sophia significa nada menos nada mais que «Sabedoria». Mas, de fato, ela significa bastante mais do que isso, e o seu significado completo acrescenta uma interpretação diferente a toda a raison d’être dos Templários.

Simplesmente referida como «Sabedoria», em hebraico Chokmah – uma figura feminina, que surge no Antigo Testamento, especificamente no Livro dos Provérbios -, Sofia provocou muitos embaraços a comentadores judaicos e católicos, porque ela é apresentada como a companheira de Deus. É ela quem tem influência sobre ele e, de fato, o aconselha.



Sofia (sabedoria do Feminino Sagrado) também era central para a cosmologia gnóstica (n.t. adotada pelos Cátaros e por este motivo massacrados pela igreja romana)- na verdade, no texto de Nag Hannmadi chamado Pistis Sophia, ela era intimamente associada a Maria Madalena. E, como Chokmah, ela é chave para a compreensão gnóstica da cabala (o importante e muito influente sistema ocultista que constituiu a base da magia medieval e renascentista). Para os gnósticos, ela era a deusa grega Athena e a deusa egípcia ÍSIS – que, por vezes, era chamada Sofia.

Só por si, evidentemente, o uso da palavra Sofia, por parte dos Templários – como estando codificada em «Baphomet» – não prova qualquer veneração especial dos Cavaleiros pelo principio divino feminino. Podem ter admirado apenas a busca da sabedoria. Contudo, há muitas outras indicações de que isso fazia parte de uma profunda obsessão com o princípio feminino divino, a qual ultrapassava muito a mera semântica – no que diz respeito aos Templários e também a outros grupos esotéricos. Como afirmou Niven Sinclair, um investigador escocês cujo conhecimento dos Templários é particularmente vasto:


«Os Cavaleiros Templários eram firmes crentes do aspecto feminino da divindade.»

Para Sinclair, não há dúvida disso, nem há nada de estranho nisso. Os Templários, por norma, construíam as suas igrejas redondas porque acreditavam que era a forma que melhor representava o DIVINO. Por sua vez, isso pode ter simbolizado a ideia de um universo redondo, mas é mais provável que tivesse representado o Feminino. Círculos e ciclos foram sempre associados a deusas pagãs de todas as culturas e a todas as coisas femininas. tanto esotéricas como biológicas. É um símbolo arquetípico, recorrente em toda a civilização: as elevações tumulares pré-históricas eram redondas porque representavam o ventre da Terra, que acolhia os mortos para renascerem como espíritos. E toda a gente está familiarizada com a rotundidade da gravidez e com o símbolo da fase-«mãe» da deusa, a Lua cheia.



Fosse qual fosse o significado da rotundidade para os Templários, é indubitável que ela nunca foi masculina. E, após a época dos Templários, a construção de igrejas redondas foi oficialmente declarada herética pela Igreja (o circo romano). Contudo, como já observamos, a Igreja francesa de Londres é redonda, uma característica que é repetida e reforçada pelos outros motivos decorativos, exteriores e interiores.

Os Templários, segundo parece, tinham adquirido um conhecimento exótico e herético, mas fora casual ou intencional? As provas apontam para o último: eles foram procurar certos segredos que, uma vez seus, os colocavam em situação de os divulgar ou de reter. Enquanto muitos dos seus segredos continuam sob a sua custódia, eles deixaram indicações de alguns deles sob a forma de código – mesmo esculpidos em pedra.

Os Cavaleiros Templários foram os grandes inspiradores da construção das grandes catedrais góticas, especialmente a de Chartres. Como preponderantes – muitas vezes, únicos – «agentes de desenvolvimento» dos grandes centros europeus de cultura em seu tempo, eles foram os inspiradores das corporações de construtores, incluindo a dos pedreiros – que se tornaram membros leigos da Ordem do Templo, com todas as suas vantagens, como a isenção do pagamento de impostos.

Em toda a longa história das grandes catedrais, o estranho simbolismo da sua decoração e o desenhos das plantas tem causado perplexidade a peritos de muitas disciplinas.

Só recentemente se compreendeu o que, sem dúvida, eles representavam: a codificação em pedra do conhecimento esotérico dos Templários. Graham Hancock, ao discutir a arquitetura sagrada dos antigos egípcios, observa que «ela apenas foi igualada, na Europa, pelas grandes catedrais góticas da Idade Média construídas pelos Templários, como a Catedral de Chartres» e põe uma questão: «Foi um acidente?». Hancock continua:


O Labirinto no interior da misteriosa Catedral de Chartres, onde parece que até o tempo se move diferente em seu interior …

Há muito que suspeitava de que tinha havido uma ligação e que os Cavaleiros Templários, através das suas descobertas, durante as Cruzadas, podiam ter constituído o elo que faltava na cadeia de transmissão do conhecimento arquitetônico secreto… S. Bernardo, o patrono dos Templários, definira Deus – espantosamente para um cristão – como «comprimento, largura, altura e profundidade». Nem pude esquecer que os próprios Templários tinham sido grandes construtores e grandes arquitetos nem que a ordem monástica de Cister, a que S. Bernardo pertencera, também se tinha distinguido neste campo particular do esforço humano.

O plano das catedrais era projetado especificamente para tomar em consideração – para exemplificar – os princípios da geometria sagrada. Isto é, a ideia de que a proporção geométrica tem, em si mesma, uma ressonância com a harmonia divina do Cosmos e que algumas proporções particulares são mais divinas que outras.

Isto sublinhava a afirmação sumária de Pitágoras de que «o número é tudo» e reforçava o conceito hermético de que a Matemática (n.t. a Geometria Sagrada) é o código em que os deuses falam ao Homem.

Particulares adeptos desta arquitetura esotérica foram os artistas e os construtores renascentistas, para os quais o «meio termo ideal» – para eles, a proporção perfeita – era quase uma panaceia universal. Contudo, isto não era, de modo algum, a soma total do seu pensamento, e o conceito de geometria sagrada impregnou toda a sua vida intelectual.

Os desenhos de Leonardo Da Vinci, sejam de homens ou de máquinas, o interior de uma flor ou a forma de uma onda, transmitem a convicção do artista de que havia significado no padrão e harmonia na proporção, e um dos seus famosos desenhos, o Homem Vitruviano (Vitruvian Man), personifica literalmente o Termo Médio Ideal.


O Homem Vitruviano e a proporção Áurea

O lendário Templo de Salomão talvez fosse para os Templários e, mais tarde, o foi para os maçônicos, a fina-flor e modelo de toda a geometria sagrada. Não era apenas um supremo deleite para os olhos de todos os que o contemplavam ou nele prestavam culto, mas ultrapassava os meros cinco sentidos. Considerava-se que fazia ressonância, de forma única e transcendental, da própria harmonia celestial; o seu comprimento, largura, altura e profundidade estavam em total harmonia com as proporções preferidas pelo Universo. O Templo de Salomão era, se quisermos, a própria alma de Deus escrita em pedra.

Muitos visitantes modernos ficam perplexos com as decorações das antigas catedrais, que são claramente de natureza astronômicas. Hoje, poder-se-ia pensar que o inconfundível signo da Constelação do Carneiro (Aries), gravado na porta principal de tão venerável edifício, devia ser uma aberração ou o fraco pessoal de um pedreiro individual? Mas, continuamente, em muitas catedrais diferentes, estes símbolos surgem – e nunca são casuais.

Todo o alto simbolismo que se encontra nas catedrais era interpretado pelos iniciados da época como o reflexo de um velho adágio hermético: Como é em cima, assim é em baixo.

{n.t. “Verum sine mendacio, certum et verissimum: Quod est inferius est sicut quod est superius, et quod est superius est sicut quod est inferius” (É verdade, sem mentira, certo e muito verdadeiro: O que está embaixo é como o que está em cima e o que está em cima é como o que está embaixo.)}

Pensava-se que a frase tinha origem na Tábua da Esmeralda de Hermes (Thoth) Trismegisto, o lendário mágico ou mago egípcio, embora as palavras possam ser muito mais antigas. Elas significam que tudo na Terra tem uma (Causa) contrapartida no céu e vice-versa, algo que Platão popularizou com o seu conceito do Ideal. Segundo este conceito, tudo o que existe, desde uma colher a um homem, era apenas uma versão do seu ideal (causa), o qual existia numa espécie de dimensão alternativa cheia de padrões perfeitos. Os mágicos – ou magos – foram mais longe, e acreditam que todo o pensamento ou ato era refletido num outro plano e que ambas as dimensões, de algum modo, se afetavam mútua e irresistivelmente. Existem ressonâncias deste conceito na moderna idéia científica de universos paralelos.


Tábua-de-Esmeralda-Thoth-Hermes-50.000-anos-desde-Atlântida

Assim, as histórias dos antigos deuses, com os seus ciúmes mesquinhos e obsessões, por vezes, sórdidas eram consideradas como sendo representativas do arquétipo da raça humana. Para os antigos, não havia discrepância entre humilhar-se perante o grande deus olímpico Zeus e acreditar que, ocasionalmente, ele revestia a forma de um animal para seduzir donzelas terrenas. Esperava-se que um deus se comportasse como um homem – mas o inverso deste conceito era a ideia herética para os judeus e para os católicos, de que um homem se podia tornar um deus.

Nada disto constituía novidade para os Templários. A planta das catedrais revela uma compreensão dos princípios herméticos por parte dos construtores e dos cavaleiros que patrocinavam a sua edificação. Eles, mais do que todos os medievais, acarinhavam especialmente a aplicação prática, sempre que possível, de qualquer conhecimento esotérico e místico. Para eles, a codificação de mensagens secretas na própria pedra das catedrais ultrapassava a mera fantasia. Como afirmam Baigent e Leigh em The Temple and The Lodge:

[…] Deus ensinara, de fato, a aplicação prática da geometria sagrada através da arquitetura. E mais uma vez nos encontramos orientados na direção do Templo de Salomão.

Continua …

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18.06.15

Capítulo 03 C

NO RASTRO DE MARIA MADALENA

Posted by Thoth3126 on 17/12/2014

 

 

maria-madalena-painting by Frederick Sandys
Maria Madalena era, claramente de grande e permanente importância para a família D’ Anjou: mas há um mistério oculto neste fervor por ela.

O fato de Réne d’Anjou ter feito escavações em Saint-Maries-de-la-Mer – aparentemente, em busca dos restos mortais de Maria Madalena – foi particularmente estranho porque, duzentos anos antes, Carlos d’Anjou alegou tê-los encontrado.

Parece que, apesar das declarações antagônicas sobre quem detinha os seus restos mortais, ninguém, de fato, parece te-los encontrado…

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 03 C – NO RASTRO DE MARIA MADALENA – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ” de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO III C- NO RASTRO DE MARIA MADALENA

… Em Marselha, tínhamos descoberto uma das estranhas «Madonas Negras», que sabíamos estarem intimamente ligadas à tradição de Madalena, embora não soubéssemos bem como e o por quê.

Estas imagens religiosas são exatamente iguais à habitual representação da Madona e o seu filho, mas, por alguma razão, a Madona é representada como sendo de NEGRA (n.t. lembram do sol negro pintado por Cocteau na igreja em Londres?). Elas não são, deve se dizer, muito apreciadas pela Igreja romana, que as considera, no mínimo, com suspeita e há muitas teorias para explicar a sua cor negra. Que possível ligação podiam elas ter com Madalena, uma mulher que se presume ter sido da raça semita do Oriente Médio – e, tradicionalmente, considerada sem filhos’? Continuamos a investigar o culto da Madona Negra, na esperança de encontrar algumas pistas.

Conhecidas também como Virgens Negras, cada uma destas estátuas tomou-se o centro de um culto, onde quer que estivesse localizada. Embora as Madonas Negras se encontrem numa vasta área da Europa, incluindo locais da Polônia e do Reino Unido, a maior proporção delas – cerca de 65%, segundo o estudo de Ean Begg, de 1985 – encontra-se na França, e a maioria delas está localizada no sul do país, por onde teria andado Madalena (n.t. e onde mais tarde surgiu o movimento gnóstico conhecido como os Cátaros que foi severamente combatido e perseguido pela igreja de Roma no que ficou conhecido como a Cruzada Albigense).


Notre-Dame de Confissão, em Marseille (Bouches-du-Rhône)

Embora estas estátuas de Madonas Negras ainda suscitem uma enorme e apaixonada devoção, esta é existente à nível local e nunca é oficialmente reconhecida e apoiada pela Igreja Católica. Como podemos confirmar por experiência própria, há alguma coisa considerada «não muito agradável» nas Madonas Negras. Ean Begg, no seu livro The Cult of the Black Virgin (1985), escreve:

[…] não havia qualquer engano quanto à hostilidade. quando, a 28 de Dezembro de 1952, [ao serem apresentadas comunicações) sobre as Virgens Negras à American Association for the Advancement of Science, todos os sacerdotes e freiras, que faziam parte da audiência, saíram da sala.

Falta mencionar que, à parte a hostilidade ativa da igreja de Roma, a maioria dos sacerdotes modernos confessa falta de interesse ou (n.t. completa) ignorância do assunto e não deseja investigá-lo (n.t. caso contrário, se descobrissem a verdade por trás do mito, abandonariam a espúria igreja romana).

Durante as pesquisas para o seu livro, Begg fez frequentes visitas a conhecidos locais onde existiam as Madonas Negras e descobriu que os sacerdotes locais declaravam que não tinham conhecimento de semelhante estátua ou alegavam que ela, de qualquer maneira, desaparecera. Contudo, em toda a parte em que as Madonas Negras existiram, ou continuam a existir, elas são alvo de enorme amor e devoção locais. Assim, o que há nestes cultos que é tão desagradável para o catolicismo oficial de Roma? (n.t. Uma verdade que a igreja de Roma oculta desde que foi criada e que se vier à tona ela deixa de existir)

Têm sido apresentadas muitas teorias para explicar a sua cor negra, que vão do ridículo ao sublime, embora com maior peso para o primeiro. Ean Begg cita o exemplo de uma típica troca de palavras entre um colega e um sacerdote sobre este assunto: à pergunta «Padre, por que é negra a Madona?» , o sacerdote respondeu: «Meu filho, ela é negra porque é negra». Outras explicações incluem a condescendente sugestão de que as estátuas enegreceram, ao longo dos séculos, por terem estado sujeitas a ambientes carregados de fumaça das velas.

E evidente que o fato de todas as outras estátuas da mesma época e do mesmo lugar se terem conservado, no mínimo, laváveis levanta perguntas bastante óbvias. As pessoas não são tão ingênuas que, por engano, tivessem venerado, ao longos dos séculos, Madonas com o rosto sujo, com tão rara e especial paixão. Além disso, a maioria destas estátuas foi, de fato, deliberadamente pintada de negro ou feita de material negro como o ébano; portanto, é lógico supor que elas se destinavam a ser negras naturalmente.


Antes de ser um Virgem laqueada em ouro no topo da majestosa Basílica Notre-Dame de la Garde (seta) a estátua foi uma Madona Negra alojada em uma pequena capela em um forte em Marseille.

Talvez mais plausível seja a ideia de que estas estátuas são escuras porque foram trazidas pelos Templários de lugares onde as pessoas têm a pele negra. O fato, contudo, é que a maioria das Virgens Negras foram feitas nos lugares onde se destinavam a ser veneradas e não são copiadas de um desenho trazido de exóticos países estrangeiros pelos cruzados.

Existe também outra teoria, consideravelmente mais convincente. As Madonas Negras estão quase sempre associadas a lugares pagãos (n.t. e de culto ao lado feminino da divindade), muito mais antigos.

Apesar de a catolização destes lugares pagãos ter sido um fenômeno europeu muito comum, a própria cor negra destas imagens sugere que elas representam a continuação do culto da deusa pagã sob o disfarce de catolicismo romano. É este, presumivelmente, o motivo por que a Igreja as trata com desdém, embora a devoção que lhes é prestada torne quase impossível proibir este culto. Além disso, para que uma proibição entre em vigor – sem dúvida, atualmente – teriam de ser apresentadas razões, as quais apenas chamariam a atenção para o que vem acontecendo há quase dois mil anos (e nos dias atuais a “santa” igreja romana não tem mais como impor a sua vontade à ninguém mais).

Apenas as ligações pagãs, por si só, não explicam o motivo por que as Madonas são negras – apesar de os apologistas católicos alegarem que estes elos de ligação têm, pelo menos simbolicamente, de ser «escuros». Mas muitos destes lugares estiveram associados a deusas pagãs pré-catolicismo romano, como as veneradas Diana e Cibele, que foram representadas como sendo negras durante o longo período em que foram veneradas.

Outra deusa que era representada, por vezes, como sendo negra era ÍSIS, cujo culto se manteve por um período considerável da era cristã na bacia do Mediterrâneo. Irmã de Néftis, era uma divindade multifacetada, cujos dons pessoais incluíam a magia e a cura, e intimamente associada ao mar e à Lua. O seu consorte, Osíris, que, como deus do mundo dos mortos e da morte, também era representado como sendo negro, foi atraiçoado e morto por Seth, o deus mau, mas foi magicamente ressuscitado por ÍSIS, para conceber o seu filho, Hórus.


ÍSIS NEGRA, a Iluminatrix…

É reconhecido que os cristãos primitivos se apropriaram de muito da iconografia de ÍSIS para a Virgem Maria. Por exemplo, foram-lhe atribuídos vários títulos de ÍSIS – como «Estrela do Mar» (Stella Maris) e «Rainha do Céu». Tradicionalmente, Ísis era representada de pé sobre a Lua em quarto-crescente ou com estrelas nos cabelos ou em volta da cabeça; a Virgem Maria também é assim representada. Mas a imagem mais notavelmente semelhante é a da mãe e o filho. Os cristãos podem pensar que as estátuas de Maria e o menino Jesus representam iconografia exclusivamente cristã, mas, de fato, todo o conceito da Madona e o menino já estava firmemente presente desde o culto de ÍSIS espalhado pelo mundo do Mediterrâneo.

Também ÍSIS era venerada como uma virgem sagrada. Mas, apesar de também ser a mãe de Hórus, isso não constituía problema para as mentes dos seus milhões de adeptos. Enquanto se espera que os cristãos modernos aceitem o nascimento virginal como artigo de fé e como verdadeiro acontecimento histórico, os adoradores de ÍSIS e outros pagãos não enfrentavam este dilema intelectual. Para eles, Zeus, Vênus ou Maat podiam, ou não, ter descido à Terra; o importante era o que eles personificavam. Cada um dos deuses do panteão reinava sobre a sua área própria da vida humana; por exemplo, a deusa egípcia Maat estava relacionada com o conceito de justiça no mundo material e quando as almas dos mortos eram pesadas na balança.


Acima: No antigo Egito, MAAT é a deusa da verdade, da justiça, da retidão e da ordem. É a deusa responsável pela manutenção da ordem cósmica e social, mãe de Rá e esposa/irmã de Thoth (alguns eruditos defendem que o deus-lua Thoth era o irmão de Maat). Ela é representada como uma jovem mulher ostentando uma pluma de avestruz na cabeça, a qual era pesada contra o coração (alma) dos mortos no julgamento da alma presidido por Osíris.

Os deuses eram interpretados como arquétipos vivos, não como figuras históricas. Os adoradores de ÍSIS não perdiam tempo a procurar roupas que podiam ter envolvido o corpo de Osíris nem consideravam importante encontrar uma lasca do caixão em que ele esteve confinado conforme conta a sua história. Longe de ser uma religião simples e ignorante, a religião dos DEVOTOS de ÍSIS parece ter tido uma profunda compreensão da psique humana (e estava muito mais próxima da verdade…).

ÍSIS era venerada como Virgem e como Mãe – mas não como uma Mãe Virgem. Os adoradores de ÍSIS teriam considerado o conceito de nascimento virginal francamente ridículo: os deuses podem fazer maravilhas, mas não exigem que os seus fiéis suspendam tanto assim a sua descrença. O culto das deusas mais importantes acentuava a sua feminilidade essencial, ao dividi-la em três aspectos principais, cada um deles representando o ciclo de vida das verdadeiras mulheres.

Primeiro a Virgem, depois a Mãe, em seguida a Velha, todas três ligadas à Lua nova, à Lua cheia e ao obscurecimento da Lua. Cada deusa, incluindo ÍSIS, era interpretada como representação de toda a experiência feminina, incluindo o amor sexual – e, portanto, podia ser invocada para ajudar uma mulher com qualquer tipo de problema -, ao contrário da Virgem Maria, cuja suposta “pureza SEXUAL” é uma barreira impenetrável para os que gostariam de compartilhar com ela os seus problemas sexuais.

ÍSIS, uma verdadeira mulher que representa um ciclo de vida feminino completo, era por vezes representada como sendo negra. E o seu culto estava bastante mais divulgado do que se podia supor. Por exemplo, um templo que lhe era dedicado foi descoberto tão a norte da França quanto Paris e há razões para supor que este não era um templo isolado. ÍSIS, a bela jovem-deusa, a quem as mulheres podiam invocar – com a consciência tranquila – absolutamente para tudo relativo ao mundo feminino, apelava às mulheres de todas as culturas. Quando surgiu a Igreja patriarcal romana, o seu primeiro instinto foi erradicar o culto das deusas pagãs.

Mas o anseio por uma deusa (a parte feminina de Deus) permanecia firme e constituía uma ameaça para os padres da Igreja. Assim, permitiu-se que a Virgem Maria existisse como uma versão expurgada de ÍSIS, decididamente ignorante dos imperativos biológicos criativos da vida, emocionais e espirituais das verdadeiras mulheres, uma deusa de emergência, criada por misóginos para misóginos. Mas era improvável que a assexuada Virgem Maria tivesse vencido ÍSIS sem algum tipo de represália dos seus adeptos.


Na ÍNDIA, toda divindade masculina normalmente tem a sua consorte feminina, como acima Krishna retratado em companhia de Radharani

Como podia a boa, mas essencialmente descolorida, mãe de Jesus preencher o lugar da bem-torneada Ísis – não apenas Virgem, Mãe e Velha, mas também iniciadora sexual e determinadora dos destinos dos homens e mulheres? Podia acontecer que o culto de Maria Madalena, como o da Madona Negra, que é tão desprezado pela Igreja, escondesse realmente uma idéia das mulheres (do feminino sagrado) muito mais antiga e mais completa?

Ficou bem provado que os locais da Madona Negra estão associados a antigas localizações de divindades pagãs – mas há uma outra ligação que não é tão amplamente reconhecida. Continuamente, estas estátuas enigmáticas e os seus antigos cultos parecem florescer paralelamente ao de Maria Madalena. Por exemplo, a famosa estátua negra de Santa Sara, a egípcia, encontra-se em Saintes-Maries-de-la-Mer – o mesmo lugar em que se diz que Madalena desembarcou, vinda da Palestina. Em Marselha, há nada menos do que três Madonas Negras; uma na cripta da basílica de S. Victor, imediatamente à saída da capela subterrânea que é dedicada a Maria Madalena. Há outra na «sua» igreja de Aix-en-Provence (próximo do lugar onde se julga que ela foi enterrada) e ainda uma outra na principal igreja daquela cidade, St Saveur.

A ligação entre o culto de Maria Madalena e o da Madona Negra é inegável. Ean Begg observa que nada menos de cinquenta centros do culto a Madalena também contêm santuários da Virgem Negra. Um estudo do mapa dos locais das Madonas Negras mostra que a maior concentração, em França, se encontra na área Lyons/Vichy/Clermont-Ferrand, centrada na cadeia de montanhas denominada montes de Madalena. Uma grande concentração de locais da Madona Negra também se encontra na Provença e nos Pireneus orientais, duas áreas intimamente ligadas à lenda de Madalena – assim, é clara a associação entre os dois cultos, embora o seu motivo não o seja tanto.

Aqui voltamos a nos deparar com o Priorado de Sião porque – embora isso não seja muito conhecido – ele está particularmente interessado no culto da Madona Negra. (É curioso que isso não seja mencionado em The Holy Blood and The Holy Grail, porque dois dos seus autores, Michael Baigent e Richard Leigh, escreveram artigos sobre o assunto para a publicação semanal The Unexplained, quando o seu livro foi publicado.) Vários lugares associados ao Priorado têm as suas próprias Madonas Negras, como Sion-Vaudémont e o lugar onde os seus membros, tradicionalmente, se reúnem para eleger os grão-mestres, Bolos, no vale do Loire.

O culto da Madona Negra é central para o Priorado. Os seus membros escolheram uma em Goult, próximo de Avignon, para especial veneração, que é conhecida como «Notre-Dame de Lumiéres» (Nossa Senhora das Luzes). Para eles, pelo menos, não há dúvidas quanto ao verdadeiro significado da Madona Negra. Pierre Plantard de Saint-Clair escreve, explicitamente, «a Virgem Negra é ÍSIS e o seu nome é Notre-Dame de Lumières».


Notre-Dame de Lumiéres (Nossa Senhora das Luzes) encontrada em Goult, perto de Avignon, na França

Parece haver aqui uma discrepância: que possível ligação poderia haver entre ÍSIS/Madonas Negras e a obsessão do Priorado com a descendência merovíngia? Plantard de Saint-Clair explica a ligação entre o Priorado e as Madonas Negras alegando que o seu culto foi promovido pelos merovíngios. Mesmo excluindo a descrença na realidade desta descendência, esta explicação não se coaduna inteiramente com a pretensão de que os merovíngios descendiam de judeus da estirpe de David.

Begg nota outra discrepância: embora a veneração de ÍSIS, por parte do moderno Priorado, lhes proporcione uma árvore genealógica que remonta aos tempos pré-romanos, as divindades femininas mais veneradas na Gália eram Diana e Cibele, não ÍSIS. Plantard de Saint-Clair insiste em que o envolvimento do Priorado é especificamente com ÍSIS – mas por quê? Begg sugere que esta razão pode ser um meio de insinuar uma antiga e importante ligação egípcia.

Se há uma figura lendária que possa proporcionar uma resposta a este enigma ou que represente a ponte entre as tradições pagãs e cristãs que se fundiram no culto da Madona Negra, é certamente Maria Madalena. Vimos como ela é importante para o Priorado, que vê ÍSIS nas Madonas Negras. Mas por que acabaria esta famosa penitente cristã por ser associada aos antigos lugares onde se reverenciava divindades femininas pelos pagãos?

Uma pista pode encontrar-se no livro da Bíblia, o Cântico dos Cânticos, a compilação de poesia erótica que, bizarramente, está incluída no Novo Testamento e que, tradicionalmente, é atribuída ao rei Salomão, que a teria escrevido para celebrar os generosos encantos da rainha de Sabá.

Curiosamente, uma dessas passagens é lida em voz alta no dia da festa de Madalena, na Igreja Católica. Essa passagem (Cântico dos Cânticos 3:1-4) diz o seguinte:
De noite, na minha cama, procurei aquele que a minha alma ama, e não o encontrei.
Levantar-me-ei e percorrerei toda a cidade e pelas ruas e praças procurarei aquele que a minha alma ama; procurei-o mas não o encontrei. As sentinelas que vigiam a cidade encontraram-me. Então perguntei-lhes: Viram aquele que a minha alma ama?
E, pouco depois de já ter passado por elas, encontrei aquele que a minha alma ama.
Detive-o e não o deixarei mais até o trazer para casa da minha mãe e para o quarto daquela que me gerou.

O Cântico dos Cânticos tem sido associado, desde os primeiros anos da era cristã, a Madalena. Nesse caso, talvez exista uma outra ligação (n.t. significado) oculta nos versos, porque neles a mulher apaixonada também diz «sou negra, mas graciosa», o que é outro elo de ligação com o culto da Madona Negra, e, se sob este aspecto o Priorado for credível, com a deusa egípcia ÍSIS. Isso era desconcertante porque, se parece haver poucas ligações óbvias entre Madalena e a Madona Negra, também há poucas entre a santa e o Cântico dos Cânticos.



Embora, tal como a mulher (ALMA) apaixonada que se lamenta nestes versos, ÍSIS também andasse em busca do corpo do seu marido Osíris assassinado por Seth, que possível paralelo existe na história de Maria Madalena? A princípio, parece não haver respostas diretas. É como se nenhum conjunto de permutas corresponda aos fatos conhecidos.

Há um outro elemento, ainda mais confuso, a se ter em conta. A Provença, pátria do madalenismo e de várias Madonas Negras, também está impregnada de um forte sentido de outra importante figura do Novo Testamento – João Batista. Ficamos surpreendidos com o número de igrejas que lhe são dedicadas e de lugares que têm o seu nome naquela região. Em Marselha, além da igreja dedicada a Batista, existe o velho forte de S. João dos Cavaleiros Hospitalários, o qual ainda guarda a entrada do porto.

Em Aix-en-Provence encontramos a grande igreja de S. João de Malta; há um baixo-relevo da decapitação de S. João na parede de uma casa situada na rua que conduz à igreja. Por toda a parte, nas nossas viagens, iríamos encontrar um fenômeno inexplicável: a maior concentração de lugares de Madalena também continha um número invulgar de igrejas dedicadas a João Baptista. Talvez tivesse sido esta ligação, aparentemente estranha, que levou Ean Begg a refletir:

[…] a história da Virgem Negra também pode incluir um segredo herético com o poder de chocar e surpreender até as atuais atitudes pós-cristãs, um segredo que, além do mais, envolve forças políticas ainda influentes na Europa moderna.

A predominância de edifícios dedicados a João Baptista pode explicar-se facilmente pelo fato de os Cavaleiros Hospitalários (mais tarde conhecidos por Cavaleiros de Malta) sempre lhe terem dedicado uma veneração particular e de terem tido uma presença forte na região. Mas outra ordem de cavalaria importante, que era uma força a ter em conta, no Sul de França, eram os mais famosos, mais organizados e mais importantes para a história humana, a Ordem dos Cavaleiros Templários – e eles também prestavam uma homenagem especial a Batista.


St Jean-Cap-Ferrat situa-se na extremidade de uma península

Enquanto estivemos na Provença, não pudemos perder a oportunidade de visitar a zona de St Jean-Cap-Ferrat, que Jean Cocteau escolheu para seu refúgio. A viagem de Marselha para Nice pareceu interminável, embora esta cidade se situe um pouco mais a norte do litoral, em direção à mais elegante cidade-estado o principado de Mônaco. St Jean-Cap-Ferrat situa-se na extremidade de uma península e a sua história de constituir refúgio para estrelas de cinema, como David Niven, evoca inevitavelmente imagens cinematográficas.

Ela orgulha-se das mais suntuosas residências que se possa imaginar fora de um filme de James Bond – e um certo Château de Jean, de aspecto quase ameaçador, atrás das suas sinistras sombras, parece saído de um filme de Hitchcok. Contudo, mesmo neste lugar de recreio dos ricos e famosos, nem tudo é tão materialista como parece: e a ênfase local em «St Jean-SÃO JOÃO» não é acidental.

A própria aldeia tem uma igreja dedicada a João Baptista, o santo que deu o nome a esta área. Mais uma vez isso é devido à presença dos Cavaleiros de Malta, cuja capela de St Hospice ainda se ergue no local do forte original da ordem, na ponta extrema da península – o cabo de S. João -, claramente um excelente lugar para estar de atalaia. As paredes da capela estão decoradas com várias placas comemorativas das visitas de vários grão-mestres da ordem ao longo dos anos, e a área exterior ostenta o nome «Place des Chevaliers de Malte» (Praça dos Cavaleiros de Malta).

Esta praça é dominada por uma enorme estátua em bronze da Madona e o menino, a qual, embora tenha adquirido uma nítida pátina verde-escura, é conhecida localmente por La Vierge Noire – a Virgem Negra. Com mais de cinco metros de altura, ela vigia o mar há quase um século. Este é o estranho fenômeno da relação, aparentemente simbiótica, entre os lugares da Madona Negra e os dedicados a S. João.


La Vierge Noire – a Virgem Negra e seu filho no colo. Com mais de cinco metros de altura, ela vigia o mar há quase um século, em St Jean-Cap-Ferrat

E na terra firme imediata, no entanto, que encontramos uma ligação inesperada com o Priorado de Sião. Na pequena cidade de Ville-franche-sur-Mer há uma pequena capela, junto ao porto, frequentada pela comunidade de pescadores. Por essa associação, ela é dedicada a S. Pedro (o «Grande Pescador»), mas, para nós, o seu interesse reside na identidade do criador da sua notável decoração – foi desenhada e executada por Jean Cocteau, que a completou em 1958, embora ela fosse o seu sonho durante muitos anos. Por fim, ele foi pessoalmente responsável por todos os aspectos da decoração da capela, até ao reboco das paredes e ao desenho dos candelabros.

E o resultado final é, para falar francamente, muito misterioso. Há uma vaga semelhança com a decoração de um templo maçônico, embora as imagens sejam bastante mais surrealistas. Olhos espantados estão pintados por toda a parte: há olhos enormes, de cada lado do altar, mas uma porção de olhos pequenos está espalhada por toda a capela e figuras peculiares – como uma mulher que, deliberadamente, aponta três dedos ao observador – decoram as paredes.

De todos os grupos bizarros de figuras e de símbolos da capela, um, em particular, chamou-nos a atenção: representa figuras de ciganos que dançam, acompanhados de uma rapariga semelhante a uma deusa – uma clara alusão à cerimônia anual em Saintes-Maries-de-la-Mer. É estranho encontrar esta referência no lado oposto da Provença e numa capela dedicada a S. Pedro – que, segundo os Evangelhos gnósticos, era o inimigo da amada Maria Madalena do Priorado.

Cocteau decorou esta capela imediatamente antes de trabalhar no mural de Londres, e em ambos os casos o visitante sai com um sentimento de inquietação, como se as mensagens subliminares estivessem a comunicar, a nível inconsciente, alguma coisa muito diferente da mensagem supostamente contida no interior dos edifícios católicos da igreja romana.

A cerca de trinta e cinco quilômetros a norte da ostentação de Nice, encontra-se um grupo de aldeias que fazem parte do padrão emergente dos lugares em que coexistem Madalena e João Batista. Ao longo do vale do rio Vésubie, estende-se o outrora famoso caminho dos Alpes para o litoral, e é próximo desta área que encontramos topônimos evocativos, com as mesmas associações que encontramos próximo de St Jean-Cap-Ferrat. Por exemplo, a aldeia de Saint-Madaleine (sic) situa-se próximo dos lugares de Marie e de St Jean.

Isto não é tudo. Na mesma área, encontra-se Utelle, a velha cidade dos Cavaleiros Templários, cujas casas medievais ainda ostentam as velhas chancelas esotéricas dos alquimistas, e, mais adiante, junto do vale, fica Roquebillière, outro domicílio da irmandade cavaleiresca dos Templários. A maior cidade é St Martin-de-Vésubie, o lugar de um lendário massacre dos Templários em 1308.

Esta é a pátria de uma famosa Madona Negra: La Madone des Fenestres (a Madona das Janelas, embora a verdadeira derivação seja contestada), que foi trazida pelos Cavaleiros Templários para esta área. Mas a estátua, segundo a tradição local, foi trazida para França por Maria Madalena. E, embora as lendas não tenham necessariamente uma base de fato, é interessante que os habitantes locais achem natural fazer associações entre Madalena, o culto da Virgem Negra – e os Templários.

No outro lado do vale, em frente de St Martin-de-Vésubie, fica a aldeia de Venanson, onde a capela de S. Sebastião se ergue sobre uma grande rocha sobranceira à única estrada. No seu interior, ela ostenta um quadro de St Grat, um antigo bispo local, segurando a cabeça de João Batista. Apenas a cinco quilômetros da capela, na aldeia de Saint-Dalmas, existe a igreja Templária de Saint-Croix, um dos mais antigos edifícios religiosos de França. As suas paredes apresentam quadros pintados que descrevem Salomé a apresentar a cabeça de João Batista a Herodíade, sua mãe, e a Herodes, seu padrasto.

Certamente que muitas igrejas, tanto católicas como protestantes, contêm algum tipo de representação do Batista, mas geralmente apresentam João a batizar Jesus. Muito poucas representam cenas da decapitação de João ou expõem a sua cabeça decapitada, porque é apenas nos lugares onde ele é particularmente venerado que estas imagens são consideradas apropriadas. Nesta área de França, no entanto, há inúmeras pinturas semelhantes – e não é, de modo algum, por acaso porque, como vimos, é uma região que conheceu outrora uma grande concentração de Cavaleiros Templários e ordens associadas. JOÃO Batista foi sempre conhecido como o santo patrono dos Templários e é, portanto, especialmente venerado por eles. Mas por que era JOÃO Batista tão importante para os Cavaleiros Templários e para os Cavaleiros de Malta? Esta era a pergunta que iria assumir a maior importância à medida que a nossa investigação prosseguia.

A nossa viagem à Provença revelara que havia alguma coisa substancial por detrás das lendas locais de Madalena mas também permitira intrigantes vislumbres de alguma coisa mais antiga, muito maior, mais organizada – talvez, mesmo mais misteriosa. À medida que seguíamos o rasto de Madalena, começamos a encontrar camada sobre camada de associações esotéricas que recuavam nos séculos. Onde se encontrava Madalena havia geralmente uma Madona Negra, e onde esse culto era praticado existira, outrora, um florescente santuário de uma deusa pagã. Os outros fios da teia ligavam este triunvirato feminino ao Priorado de Sião e – inexplicavelmente – à veneração de JOÃO Batista por parte dos Cavaleiros Templários.



Nas primeiras fases da nossa investigação, reconhecemos que essas ligações existiam mas não conseguíamos compreendê-las. Por vezes receamos, de fato, nunca conseguir compreender tudo. Mas, à medida que persistíamos na nossa investigação, fatos, lendas e personagens, aparentemente inconciliáveis, começaram a ajustar-se ao quadro global – um quadro de que o próprio Leonardo Da Vinci teria se orgulhado.

Sem fazer a menor ideia de como as nossas descobertas finais seriam perturbantes, abandonamos a Provença e mergulhamos mais profundamente na terra que é o coração da heresia européia (n.t. para a igreja de Roma). Final do capítulo 3.

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http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-03a-no-rastro-de-madalena/
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14.06.15

A Revelação Templária

Capítulo 03 B 

 NO RASTRO DE MARIA MADALENA


 



“Daquela que desejo libertar, chegam até mim os aromas do perfume que impregna o sepulcro. Antigamente alguns invocavam-na, ÍSIS, rainha das fontes benéficas. “VINDE A MIM TODOS OS QUE SOFREM E ESTÃO OPRIMIDOS E EU VOS CONFORTAREI“. Outros: Madalena, do famoso vaso de unguento balsâmico. Os iniciados sabem o seu verdadeiro nome: NOTRE DAME DES CROSS“.

Se Madalena fosse realmente a amante ou a esposa de Jesus, a sua enigmática posição no Novo Testamento estaria explicada. Ela parece importante, mas a razão da sua posição nunca é clarificada; talvez os autores esperassem que a sua audiência já tivesse conhecimento prévio da sua relação com Jesus…

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 03 B – NO RASTRO DE MARIA MADALENA – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ” de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO III C – NO RASTRO DE MARIA MADALENA

… Afinal, como tem sido referido, os rabis eram normal e tradicionalmente homens casados; um pregador solteiro teria causado muito maior sensação, e uma afirmação nesse sentido teria sido certamente incluída nos Evangelhos.

Numa cultura tão dinástica e patriarcal, se Jesus fosse solteiro e sem filhos, esse fato não só teria causado sensação como teria constituído uma parte mais óbvia do relato dos seus ensinamentos. De fato, o celibato era e é considerado tão horroroso, na tradição judaica, a ponto de ser considerado pecaminoso. Jesus teria sido conhecido por pregar o celibato; esta acusação nunca lhe foi feita, nem mesmo pelos seus inimigos mais implacáveis. A vida monástica foi uma inovação muito mais tardia do catolicismo ortodoxo e dogmático – mesmo Paulo, aparentemente misógino, admitiu que «é melhor casar que arder».

A própria ideia de Jesus como um ser sexual é tão desagradável à maioria dos católicos que, como vimos, a sequência imaginária do filme de Martin Scorsese, com Jesus e Maria na cama, provocou clamores de horror em massa pelo mundo católico. Por toda a parte, os católicos declararam-na sensacionalista, sacrílega e blasfema. Mas a verdadeira razão desta revolta foi nada menos que os subjacentes medo e ódio atávicos às mulheres (n.t. E a outra metade de Deus, o poder feminino).

Tradicionalmente, elas são consideradas como basicamente impuras, e a sua proximidade física como poluente do corpo, da mente e do espírito dos homens, “naturalmente” bons e puros; certamente que o Filho de Deus nunca se exporia a esse perigo mortal. O horror provocado pela ideia de Jesus, entre todos os homens, ser o parceiro sexual de qualquer mulher é multiplicado por mil quando o nome da sua amante é Maria Madalena – uma bem conhecida “prostituta”.



Embora este assunto seja minuciosamente analisado mais tarde, é suficiente dizer agora que a questão de ela ser, ou de realmente ter sido, uma mulher da rua deve permanecer em aberto. Há testemunhos pró e contra a sua antiga profissão, mas o aspecto mais significativo da questão é que a Igreja preferiu retratá-la como prostituta, mesmo que arrependida. Esta interpretação, altamente seletiva, da sua personalidade também serviu para transmitir duas mensagens importantes: que Madalena, em particular, e todas as mulheres, em geral, eram impuras e espiritualmente inferiores aos homens e que a redenção só se encontra na Igreja.

Se é impensável que Jesus e esta (suposta) ex-prostituta fossem amantes, também para a maioria dos católicos é quase igualmente ultrajante sugerir que eles fossem marido e mulher. Como vimos, os autores de The Holy Blood and The Holy Grail argumentam que, se Madalena fosse a mulher de Jesus, isso explicaria o motivo por que ela é tão importante para o Priorado de Sião e para a sua ideia de uma descendência sagrada e divina. Contudo, esta não foi, de modo algum, a primeira vez que esta idéia foi publicada.

Foi em 1931 que D. H. Lawrence publicou a sua última novela The Man Who Died, em que Jesus Cristo sobrevive à cruz e encontra verdadeira redenção através do ato sexual com Maria Madalena que é claramente identificada como uma SACERDOTISA DE ÍSIS (n.t. a aqui começa a razão do medo que a igreja romana tem de Madalena…). Lawrence também associa Jesus a Osíris, o deus morto-e-ressuscitado, consorte daquela deusa. Originalmente, a história foi intitulada The Escapes Cock, e como escreve Susan Haskins: o galo… está associado à ideia do corpo ressuscitado (a figura humana de Cristo, fazendo um jogo de palavras, exclama: «Ressuscitei!» quando, por fim, teve uma ereção…) parece estranho que se tivesse concentrado tanto a atenção em o Amante de Lady Chatterley, quando esta outra obra, potencialmente muito mais controversa, escapou à censura.

Embora seja possível apresentar bons argumentos a favor de Jesus e Madalena terem sido casados – e, por implicação, terem tido filhos -, esse fato, em si, parece uma fraca razão para que o priorado investisse tanta paixão na sua devoção a Madalena, porque, como vimos no capítulo anterior, há razões importantes para dar pouco crédito à ideia de que a dinastia merovíngia descendia dos dois. O seu fascínio reside noutra coisa, alguma coisa evasiva mas não impossível de se sentir. Sugestões desse encanto vislumbram-se no poder da sua imagem na nossa cultura, mas foi na França, dizem os entendidos, que a verdadeira mulher acabou os seus dias.

O mais famoso relato de Madalena, em França, é Golden Legend (já de 1250) de Jacobus de Voragine. Nele, De Voragine, o frei dominicano arcebispo de Gênova, descreve-a como Iluminata e Iluminatrix - a Iluminada e a “ILUMINADORA” -, o que é particularmente interessante porque são estes os papéis que lhe são atribuídos em todos os textos gnósticos proibidos pela igreja romana. Ela é retratada como sendo, ao mesmo tempo, a iluminada e a que confere a luz, iniciada e iniciadora: não há qualquer sugestão de que fosse espiritualmente inferior ao homem por ser mulher – é exatamente o contrário.


Os Cavaleiros Templários conheciam o segredo sobre o Poder Feminino da Divindade Criadora, e secretamente adoravam-NA …

Como sucede com todas as lendas, há várias versões de um tema central que, todavia, permanece notavelmente constante. A história essencial é a seguinte: pouco depois da Crucificação, Maria Madalena, juntamente com os seus (Três) filhos, com Marta e Lázaro, em companhia de várias outras pessoas – as suas identidades variam, consoante a versão da história -, viajou por mar até à costa do que é agora a Provença, no sulda atual França. Entre o elenco dos seus acompanhantes, contam-se São Maximin, considerado um dos setenta e dois discípulos de Jesus e lendário primeiro bispo da Provença, Maria Jacobi e Maria Salomé, alegadamente tias de Jesus, uma serva negra chamada Sara e José de Arimateia, um homem rico, amigo (n.t. na realidade ele era tio) de Jesus e associado, muitas vezes, à história de Glastonbury na Inglaterra.

O motivo desta longa viagem, supostamente arriscada e incômoda, também depende da versão que lemos. Segundo uma versão, este grupo fugiu à perseguição dos judeus à Igreja Cristã primitiva (n.t. a heresia católica de Roma só surgirá após se passarem mais três séculos, em 325). Outro motivo essencial apresentado é que eles foram deliberadamente lançados à deriva num barco sem leme e sem remos. É evidente que foi literalmente um milagre terem alcançado terra firme eao atravessarem o Mar Mediterrâneo.

O quadro do Sul de França, nos tempos da chegada de Madalena e seus acompanhantes, pintado pela história medieval era o de um deserto remoto, habitado apenas por selvagens pagãos. Na realidade, a Provença era uma parte importante do Império romano – uma zona altamente civilizada, com prósperas comunidades romanas, gregas e mesmo hebraicas; a família Herodes possuía propriedades no Sul de França. E, longe de esta viagem ser extraordinariamente árdua e invulgar, ela era a rota normal dos navios mercantes e não era mais difícil que a viagem, digamos, de Tiro ou Sídon (Líbano) para Roma. Se este determinado grupo veio para a Provença, podia ter vindo voluntariamente, sem ter sido obrigado a fugir (n.t. e apenas obedecendo sua orientação interna, de acordo com os planos em desenvolvimento da Hierarquia Espiritual).

As lendas concordam que eles desembarcaram no que é hoje a cidade de Saintes-Maries-de-la-Mer (Santas Marias do Mar, nome sugestivo), na Camarga. Chegados ali, o grupo dividiu-se e seguiu caminhos diferentes para espalhar o Evangelho. Diz a história que Madalena pregou por toda a região, convertendo os pagãos, antes de se tornar eremita, numa caverna existente na região de Sainte-Baume. Segundo algumas histórias, ela viveu ali durante quarenta anos, um período improvável mas biblicamente venerável, passando o que deviam ter sido longos dias a arrepender-se dos seus pecados e a meditar sobre a mensagem de Jesus Cristo.


A tradição francesa de Saint Lazare de Betânia é que Maria Madalena, seu irmão Lázaro e Maximino, um dos Setenta Discípulos e alguns companheiros, atravessaram o Mediterrâneo em um barco frágil sem leme nem mastro e desembarcaram no lugar chamado de Saintes-Maries-de-la-Mer perto de Arles. Maria Madalena pregou na região de Marselha e converteu a totalidade da Provença. Madalena diz-se que se retirou para uma caverna em uma colina, La Sainte-Baume (“Caverna Santa”, baumo em Provençal), onde ela se entregou a uma vida de penitência durante trinta anos. A caverna é agora um local de peregrinação católica.

Para condimentar um pouco a história, diz-se que ela passou todo este tempo nua, à exceção de um cabelo curiosamente abundante que efetivamente a revestia e que faz lembrar as peles de animais de João Baptista. No fim da vida, dizem, ela foi transportada por anjos até junto de São Maximin (então o primeiro bispo da Provença), que lhe administrou os últimos ritos antes de ela morrer. O seu corpo foi enterrado na cidade a que deram o nome do bispo.

É uma história bonita, mas há nela alguma verdade? Para começar, é extremamente improvável que Madalena fosse eremita, durante qualquer período de tempo, numa caverna em Sainte-Baume. Mesmo o atual guardião oficial do santuário católico admite que ela nunca ali esteve. Contudo, o local não é desprovido de significado. Na época romana, longe de ser um eremitério na região mais remota da Terra, era uma região muito povoada, e a própria caverna era um centro de culto da deusa Diana Lucifera (Lucifera = a «portadora de luz» ou a ILUMINATRIX, a que ilumina).

Embora uma Madalena nua – mas sem o cabelo cortado – tivesse sido certamente o centro das atenções, dificilmente ela estaria sozinha naquele lugar de culto porque muitas outras sacerdotisas e cultistas teriam afluído à caverna. Mas, apesar de a “catolização” dos lugares pagãos, mesmo que apenas retrospectivamente, ser uma famosa prática histórica, outra coisa parece ser ali sugerida.

(Curiosamente, Arles – a populosa cidade mais próxima do lugar onde se julga que Madalena desembarcou – era um centro importante do culto de ÍSIS. Esta região pantanosa e inóspita parece ter abrigado vários grupos de culto da deusa e, sem dúvida, continuou a oferecer refúgio aos membros do culto numa época avançada e mais perigosa da era católica).

De fato, a metamorfose da outrora esplendidamente voluptuosa Madalena numa eremita magra e chorosa foi a versão da igreja católica deliberada de uma história muito mais ambivalente: todos os elementos importantes foram extraídos da lenda do século V relativa a Santa Maria, a egípcia, que foi também uma prostituta transformada em eremita e cuja penitência, no deserto da Palestina, durou quarenta e sete anos. (Obviamente, no entanto, os hábitos antigos são difíceis de perder, porque ela financiou a sua viagem de barco para a Palestina oferecendo aos marinheiros os seus habituais serviços pessoais – e, ainda mais singular, ela foi considerada santa por ter procedido assim…)


ÍSIS-APARECIDA, a Virgem “NEGRA”, protetora do Egito, da França e do BRASIL ….

Evidentemente – e à luz de outros argumentos que serão apresentados mais tarde -, a «parte» penitente da história de Madalena é uma invenção deliberada da Igreja católica medieval para a tornar mais aceitável. Mas descobrir o que ela não foi não esclarece, só por si, nem a sua história nem a sua personalidade. No entanto, repetidas vezes enfrentamos a curiosa atração das pessoas por esta mulher que ultrapassa o simples carisma contemporâneo e cujo apelo não só sobreviveu aos séculos e milênios como parece estar aumentando no nosso tempo atual.

Há milhares de lendas de santas, umas mais credíveis que outras, mas, infelizmente, a maioria delas são simples fábulas. Por que deveria ser diferente no caso de Maria Madalena? Por que deveria haver alguma realidade nesta lenda? Muitos comentadores alegaram que a lenda de Madalena, em França, era a simples invenção de publicitários franceses astutos, ansiosos por criar para si mesmos um legado bíblico espúrio (muito semelhante às histórias do jovem Jesus visitando a região oeste da Inglaterra).

Inegavelmente, muitos pormenores da história francesa de Madalena são acréscimos posteriores, mas há razões para suspeitar de que, no todo, ela se baseia em fatos verdadeiros. Porque, embora seja ir demasiado longe pretender que Jesus visitou a região oeste da Inglaterra – na época, uma área muito remota, para além do Império romano -, dificilmente se compara a sugerir que uma mulher, com recursos financeiros independentes, embarcasse com destino a uma cultura florescente nas margens do Mediterrâneo romanizado.

Mas muito mais significativa era a natureza do seu papel nestas histórias: ela é explicitamente descrita como uma pregadora. Como vimos, logo no início, a Igreja referiu-se a ela como «a Apóstola dos Apóstolos», mas, na Idade Média, teria sido impensável atribuir este papel a uma mulher. Se, como afirmam os críticos, a lenda francesa de Madalena tivesse sido inventada por monges medievais, eles não lhe teriam atribuído o papel de apóstola, então enfaticamente masculino. Isto sugere que a história se baseou numa reminiscência verdadeira da própria mulher, embora embelezada, ao longo dos séculos. E, curiosamente, os historiadores concordam que o cristianismo foi instituído na Provença no século I.



Tomando a cidade de Marselha como base, partimos para visitar os principais locais associados à lenda de Madalena.

O rastro, como a própria história, começava em Saintes-Maries-de-la-Mer, a duas horas de viagem de Marselha, na Camarga, a região pantanosa salpicada de lagoas – étangs – onde o Rhône deságua no Mediterrâneo. Saintes-Maries-de-la-Mer é a única cidade de uma região que também se dedica à criação de cavalos, pelos quais a Camarga é famosa, e que constitui um santuário para muitas espécies de aves marinhas, incluindo bandos de flamingos que, vindos da África, visitam este litoral.

É um lugar selvagem, zumbindo com nuvens de mosquitos ao crepúsculo, e, após uma longa viagem através dos pântanos, desde Arles, é quase um choque chegar a Saintes-Maries e descobrir que é uma cidade com grande movimento turístico, incluindo feiras de diversões, bares e restaurantes. Como o resto da Camarga, a cidade tem um toque distintamente espanhol, até mesmo uma praça de touros – que, aqui, se situa junto à praia. A Igreja de Notre-Dame de la Mer (N. Sra do Mar), em forma de galeão, eleva-se, abruptamente, acima dos edifícios baixos da cidade, e não é surpresa saber que esta igreja foi completada com fortificações: situada numa remota cidade costeira, a igreja estava sob constante ameaça de piratas e de outros inimigos.

Três Marias são veneradas aqui: Maria Madalena, Maria Jacobi e Maria Salomé. A igreja tinha particular interesse para René d’Ánjou (1408-1489), rei de Nápoles e da Sicília e, segundo o Priorado de Sião, um dos seus antigos grão-mestres. O «Bom Rei René», como ficou conhecido na história, era um fervoroso devoto de Madalena e obteve autorização do papa para escavar a cripta. Encontrou dois esqueletos, que foram declarados como sendo os de Maria Jacobi e Maria Salomé, mas não encontrou vestígios de Madalena.

No interior da igreja existe um curioso altar, dedicado a Sara, a egípcia, supostamente a serva das Marias. Considerada, tradicionalmente de cor negra, ela é a santa padroeira dos ciganos, que convergem para a cidade aos milhares, todos os dias 25 de Maio, num festival em sua honra, se elege a rainha cigana de cada ano, para em frente da estátua de Sara, a qual é depois levada em procissão e cerimonialmente mergulhada no mar. Naturalmente, este evento tornou-se o principal programa turístico da região e tem atraído muitos nomes famosos ao longo dos anos – incluindo Bob Dylan, que se inspirou para escrever uma canção acerca da sua visita.

Entre outros visitantes ilustres, uma visita é comemorada por uma placa, na praça exterior à igreja: a do então cardeal Angelo Roncalli (1881-1963), então embaixador do Vaticano em França e, mais tarde, eleito o papa JOÃO XXIII. Tem-se afirmado que ele era membro do Priorado de Sião quando Jean Cocteau detinha o título de Jean (JOÃO) XXIII como grão-mestre.


Eglise Nôtre-Dame-de-la-Mer em Saintes-Maries-de-la-Mer

Seguindo o que se afirma ter sido o itinerário da própria Madalena, regressamos ao calor e ao movimento de Marselha, onde ela pregava. Das duas catedrais que se erguem lado a lado, uma tem apenas 150 anos e continua a ser usada. Embora a sua decoração celebre o tema de Madalena, ela é, presumivelmente, o resultado da tradição e das expectativas locais. E o edifício mais antigo, o Vicille Major, que, indiscutivelmente, é o mais interessante dos dois e contém representações aparentemente autênticas da vida e da obra da santa naquela região. E, tal como a cúpula de Notre-Dame de France, em Londres, o teto foi decorado para parecer uma gigantesca teia de aranha. Atualmente considerada insegura, esta catedral já não está aberta ao público.

Construída no século XII, no local de um batistério do século v, a catedral é evocativa do antigo madalenismo. Não apenas possui uma capela, que é especificamente dedicada à Madalena, como a capela de São Sereno tem uma série de baixos-relevos que representam cenas da sua vida – que foram encomendados por René d’Anjou. Um deles representa-a, de fato, a pregar, reforçando assim a sua imagem de apóstola, segundo os Evangelhos gnósticos. E, provavelmente, como teve êxito na conversão dos «pagãos», alguém devia estar disponível para os batizar na fé cristã – mas quem? Poderia ser que ela, a Apóstola dos Apóstolos, assumisse também esse papel?

Segundo a tradição local, ela pregava nos degraus da escada de um antigo templo de Diana. Este edifício não serviu, de fato, de alicerce a qualquer das catedrais de Marselha, mas estava localizado, diz-se, no que é agora a Place de Lenche – num emaranhado de ruas, aproximadamente a 200 metros de distância. Ali não há nada a comemorar a sua pretensão à fama histórica, mas há alguma coisa de coercivo na insistência dos habitantes locais quando afirmam que este banal lugar triangular é o lugar onde, outrora, Madalena pregou.

Passado o forte de S. João Batista e o antigo e pitoresco porto, com o seu mundialmente famoso, se bem que de cheiro desagradável, mercado do peixe, situa-se a abadia de S. Victor. Este é outro lugar religioso importante – ali houve um mosteiro do princípio do século v, que, por sua vez, fora construído sobre um cemitério pagão. O atual edifício data do século XIII, mas a cripta é muito mais antiga e contém vários sarcófagos ornamentados datando da época romana. A cripta também contém uma capela, em forma de caverna, dedicada a Madalena. Mas para nós, indiscutivelmente, a nota principal deste lugar era a estátua de Notre-Dame de Confession, do século XIII. Segurando uma criança nos braços, a Virgem é representada como se fosse de raça negra. É uma das lendárias – e polémicas – «Madonas Negras».


Notre-Dame de Confession, a Virgem Negra de Marselha

A leste de Marselha, situa-se Sainte-Baume – a grande caverna em que se supõe que Maria Madalena acabou os seus dias como eremita. Uma estrada íngreme e sinuosa eleva-se, abruptamente, a muito perto de 1000 metros de altura, antes de atingir um planalto e, por fim, conduzir o visitante a um pequeno aglomerado de edifícios, que constituem a aldeia de Sainte-Baume. Dali, é uma caminhada longa, e com muito calor, através dos bosques até à gruta, agora um santuário católico.

Contudo, não se encontram ali quaisquer revelações, porque, como vimos, a Igreja inseriu Sainte-Baume na história de Madalena para a tornar paralela à vida de outra “prostituta-santa”, Maria, a egípcia, e no tempo em que, supostamente, Madalena ali viveu, a gruta era um centro de culto de uma deusa pagã. O mito tem o duplo valor de transformar a errante Madalena em alguém mais fácil de ser patrocinado pela Igreja e de transformar um antigo local pagão num centro de peregrinação cristã.

A partir de Sainte-Baume, a estrada continua até ao suposto lugar da morte e da sepultura de Madalena, Saint-Maximin-la-Sainte-Baume, onde o seu festival anual estava no auge.

A magnífica procissão da cabeça de Madalena começa com uma cerimônia religiosa, no interior da basílica de Saint-Marie-Madeleine; em seguida, as relíquias, que estão normalmente guardadas na sacristia, são colocadas em andores e transportadas ao longo de um percurso, fixado de antemão, pelas ruas estreitas e sinuosas de St. Maximin. Uma banda de gaitas-de-foles e de tambores, envergando os trajes tradicionais da Provença, abre o desfile, precedendo bispos, sacerdotes, monges dominicanos e dignatários locais. Talvez como uma espécie de «animação», seguem-se dois pequenos andores transportando pequenas imagens de santos menores.

Após uma longa espera, surge a cabeça (Caveira) de Madalena. Adornada com pequenas medalhas de ouro, ao longo da orla do pálio, a preciosa relíquia é, evidentemente, de grande importância. Habitantes da cidade empunhando lanças mantêm uma guarda simbólica em seu redor, e o poder de atração é tanto que localizamos uma rapariga que esqueceu totalmente as idéias de modéstia e se debruçou da sua janela para ver a procissão – estando nua. (Há quem possa dizer que isso era muito apropriado, no tocante a esta santa em particular.)

Por onde a relíquia passa, o mesmo refrão obsidiante eleva-se do clero oficiante e da multidão, um hino especial a Maria Madalena, que culmina com uma altissonante interpretação musical no interior da basílica, conduzida pelo seu grande órgão mundialmente famoso. Mas toda esta exuberância e este cerimonial são apenas fachada’? Dizem-nos alguma coisa sobre a verdadeira Maria Madalena, a enigmática mulher do Novo Testamento, que pode realmente ter sido a esposa de Jesus?


O crânio que seria de Maria Madalena

As suas relíquias foram encontradas, diz-se, enterradas na cripta da igreja de St Maximin, a 9 de Dezembro de 1279, por Carlos d’Anjou, conde da Provença. O que se julgava ser o seu esqueleto foi descoberto num rico sacórfago de alabastro, datando do século V. A explicação deste enterramento tardio encontrou-se em documentos descobertos no interior do sarcófago – dizendo que em 710 d.C. o corpo de Madalena fora escondido noutro sarcófago para o proteger dos invasores sarracenos e que apenas naquela data tardia o registo tinha sido corrigido.

O esqueleto ainda se encontra no seu ataúde de pedra, na cripta da basílica, embora a caveira fosse colocada no ornamentado relicário dourado, na sacristia. Carlos d’Anjou patrocinou a construção da basílica e também – com a aprovação papal – a confiou à proteção da Ordem Dominicana. O edifício, começado em 1295, foi aparentemente acabado duzentos e cinquenta anos depois, mas – como sucede com as catedrais – nunca foi realmente completado. A intenção original de Carlos fora torná-la um centro de peregrinos de Madalena, embora nunca conseguisse atingir a mesma fama de, digamos, S. Tiago de Compostela.

O comércio medieval de relíquias, mesmo nesta época, era considerado abominável pelas pessoas esclarecidas, como sendo uma prática clamorosa de conseguir dinheiro à custa da piedade simples. Milhares de peregrinos e de crentes lançavam dinheiro nos cofres das autoridades eclesiásticas, que alegavam possuir verdadeiras relíquias sagradas nos seus edifícios. É claro que, de longe, o tipo de relíquia mais lucrativo era o verdadeiro corpo de um santo, ou, no mínimo, parte dele. Em qualquer parte da Cristandade, tinha-se a certeza de encontrar a unha do pé de algum santo ou o lóbulo da orelha de outro.

Por ironia, mesmo os mais cínicos e indignos expositores de relíquias tinham dificuldade em convencer as hordas de ansiosos peregrinos de que possuíam alguma coisa relacionada com o próprio Jesus, pois não ascendera ele corporalmente ao céu’? O mais próximo que conseguiram arranjar eram espinhos da «coroa de espinhos», ou lascas da verdadeira Cruz – as quais eram tantas que, se fossem reunidas, julga-se que formariam uma verdadeira e imensa floresta.

Atualmente, muito poucos comentadores, especialmente os que estão à margem da Igreja Católica, têm dúvidas em declarar falsas quase todas as chamadas relíquias, admitindo mesmo que são mistificações tão patéticas que juntam o insulto à injúria, sendo a principal delas o “Santo Sudário de Turim”. Infelizmente, os «ossos de Maria Madalena», em St Maximin, são definitivamente falsos, e pode provar-se, sem margem para dúvida, que os documentos que, aparentemente, os autenticam são clamorosas falsificações – usam o sistema de datação corrente no século XIII, o qual era diferente do sistema do século VIII, e não houve qualquer ameaça sarracena em França na época indicada.


A cidade-porto de Marselha, na França.

Há, no entanto, elementos nesta história que sugerem que alguma coisa mais que a simples venalidade estava por trás da mistificação. É verdade que a posse de relíquias era um negócio lucrativo, mas, no que diz respeito aos alegados corpos de grandes figuras históricas, há, muitas vezes, outro motivo implicado. Por exemplo, os supostos restos mortais do rei Artur e da sua rainha foram descobertos em Glastonbury no século XI. Muitas pessoas consideram esta descoberta apenas um estratagema do abade para pôr a sua abadia no mapa, mas ela tem uma outra dimensão.

Nessa época, os ingleses estavam envolvidos na conquista de Gales e, para os galeses, o rei Artur era um herói lendário, um símbolo da sua revolta, o qual, segundo a crença popular, não morrera, mas regressaria, em algum momento futuro, para os apoiar contra os seus inimigos. Ao apresentar o seu cadáver, os ingleses desferiram um golpe psicológico aos galeses.

Supunha-se que as ossadas de Maria Madalena se encontravam em Vézeley, na Borgonha, para onde tinham sido trazidas da Provença e conservadas sob o altar da abadia de Saint-Marie-Madaleine e nunca tinham sido vistas. Mas, em 1265, S. Luís, Rei de França – um grande colecionador e venerador de relíquias – ordenou que fossem exumadas e, dois anos mais tarde, exibidas numa cerimônia solene, à qual ele assistiu. Infelizmente, tudo o que os monges conseguiram arranjar foram alguns ossos dentro de uma caixa de metal e não o esqueleto completo que se supunha que eles possuíam. (Esta história é notável pela completa falta de expediente demonstrada pelos monges nesta situação.) Como neto de Luís, Carlos d’Anjou, então com 19 anos, teria estado presente nesta cerimônia.

Depois deste acontecimento, Carlos ficou convencido – por razões que permanecem um mistério – de que o verdadeiro corpo de Madalena ainda se encontrava algures na Provença, e ficou obcecado com a ideia de o encontrar. A sua paixão por ela sempre intrigou os eruditos e levou um historiador francês a escrever: «Gostaríamos de saber onde o príncipe foi buscar esta devoção.”

Carlos mandou fazer escavações por debaixo da igreja de St Maximin, cavando com as próprias mãos. Apesar de as relíquias que, eventualmente, foram desenterradas e que são hoje veneradas serem falsas, pelos atos de Carlos d’Anjou pareceria que, se houve fraude, ele foi a vítima e não o autor. Mas há outra possibilidade: a «descoberta» das relíquias em St Maximin foi, de fato, um expediente deliberado para impedir a continuação da busca das relíquias. Entretanto, secretamente, Carlos e a família continuaram a procurar…


A Basílica de Saint-Marie-Madeleine, em Saint-Maximin-la-Sainte-Baume

Quando as ossadas foram encontradas, Carlos pressionou o papa para reconhecer oficialmente estas relíquias como superiores às de Vézeley – o que ele fez em 1295 – e para aprovar a construção da basílica. No entanto, parece que alguma coisa mais estava se passando, porque é sabido que Carlos fez os seus planos em encontros secretos com os arcebispos locais. Ele também estava muito interessado em que a Ordem Dominicana substituísse os beneditinos, que já estavam instalados em St Maximin, apesar de os primeiros se mostrarem relutantes em suceder aos beneditinos e, eventualmente, terem de receber ordem do papa para se instalarem.

A basílica foi colocada sob o controlo direto do papa e não do arcebispo local, mas a mudança de auspícios foi recebida com uma resistência local tão violenta que Carlos foi obrigado a enviar tropas para socorrer o novo senhor dominicano, os representantes do papa e o rei quando os dominicanos se instalaram oficialmente.

Uma curiosa consequência destes acontecimentos foi o fato de os dominicanos adotarem Madalena como santa padroeira, em 1297, com o epíteto de «filha, irmã e mãe» da ordem. Como vimos, um futuro descendente de Carlos, Réne d’Anjou (alegado grão-mestre do Priorado de Sião), também tinha Madalena em alta estima. Diz-se que possuía uma taça de forma semelhante à do Graal e que ostentava a enigmática inscrição:


“Aquele que beber até ao fundo verá DEUS. Aquele que beber tudo num só trago verá DEUS e Madalena”.

Continua …

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Posted by Thoth3126 on 14/06/2015

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10.06.15


A Revelação Templária 

Capítulo III-A

 No Rastro de Madalena




Capítulo III-A – NO RASTRO DE MARIA MADALENA

Ela era bela – do mesmo modo que as estátuas das deusas gregas eram belas – mais propriamente que bonita, segundo o padrão moderno. De feições bem marcadas, com o cabelo apartado ao meio (n.t. Provavelmente ela fosse RUIVA, com longos cabelos cor de fogo), a impressão que ela dá é quase a da severidade e integridade de uma mestra de escola de aldeia.

Aqui, há pouco que sugira a voluptuosa mulher desonesta das lendas. Porque esta, segundo nos dizem, é a CABEÇA de Maria Madalena …

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 03 A- NO RASTRO DE MARIA MADALENA – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ” de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO III A – NO RASTRO DE MARIA MADALENA

… A caveira, normalmente em exibição em toda a sua perturbante glória macabra, na basílica, está agora decorosamente encerrada na sua máscara dourada e é exibida perante a multidão da cidade de Saint Maximin-la-Sainte-Baume, na Provença. Este acontecimento anual regista-se no domingo mais próximo do dia comemorativo de Madalena, 22 de Julho. Em 1996, o ano da nossa visita, o desfile realizou-se a 23 de Julho, com sol brilhante e um calor sufocante.


Acima: A ruiva Maria Madalena é uma pintura por Frederick Sandys. Ela foi a única personagem da Bíblia que Sandys pintou. Maria esta representada na frente de uma floresta verde damasco. Ela possui um pote de alabastro com unguento, um atributo tradicional que a associa com a mulher anônima que ungiu os pés de Jesus em Lucas 07:37. Como outros pintores pré-rafaelitas, Frederick Sandys deu a Magdalena um olhar sensual.

Perto das quatro da tarde, depois de terem acabado os seus demorados almoços franceses, os habitantes da cidade exibem, finalmente, a relíquia, colocada sobre um andor vagamente oscilante. Centenas de pessoas convergiram para a procissão, talvez só porque ela se realizava – toda a gente gosta de ver um desfile -, mas parecia haver muitos peregrinos verdadeiramente fervorosos entre a multidão, com os olhos rejubilantes, fixos na estranha cabeça que estava sendo conduzida por entre a multidão.

Tivemos de nos lembrar, contudo, de que há sempre peregrinos, sempre crentes fervorosos nalguma coisa, ou em tudo, e que a fé, em si, não é medida de autenticidade histórica. Todavia, tendo nós vindo de uma cultura quase indiferente a Madalena, o simples poder deste festival fez-nos hesitar. Este é, na verdade, o país da solene Maria Madalena.

Também houve uma certa ironia na nossa presença em St Maximin. Os testes de carbono que, em 1988, dataram o Sudário de Turim e que provaram que ele era uma fraude – e que, por sua vez, despertaram o nosso interesse nele – tinham usado, como amostra de controle, tecido de uma capa do século XIII, pertencente a «S.» Luís IX, que se conserva na Basílica de St Maximin.

Para os fins desta investigação, no entanto, todas as reflexões sobre o Sudário de Turim foram afastadas. Estávamos ali, no Sul de França, para descobrir a verdade sobre Maria Madalena, a mulher que se julga estar no centro de muitos mistérios e cujo poder se estende até à cultura actual, de um modo que ainda não tínhamos compreendido totalmente. Sob um calor extremo, quase estonteante, assistimos à procissão anual da suposta cabeça de Maria Madalena, com sentimentos confusos. Para as pessoas educadas na Inglaterra protestante, as festividades católicas e todo o ritual que rodeia as relíquias surgem um pouco como um choque cultural. Estas coisas podem parecer de mau gosto, aparatosas e até macabras.

Mas, aqui, o que mais nos chocou não foi a ridícula exibição de superstição, mas a devoção e o orgulho da população local, cujo entusiasmo por esta santa especial não pode ser considerado inteiramente solene. Talvez aqui a palavra apropriada seja «local», porque é a bandeira provençal, e não a francesa, que flutua por cima de nós, o que faz supor uma veneração a uma santa muito local, mesmo que tivesse chegado a estas paragens um pouco tarde na vida. Supõe-se que Maria Madalena veio da Palestina por mar e fixou-se na Provença, onde morreu. A continuidade do seu poder é tal que ela não é apenas venerada, mas amada com uma estranha paixão, nesta região, até hoje.


A Basilica de Santa Maria Madalena em Saint Maximin-la-Sainte-Baume, no sul da França, onde estariam guardados as relíquias de Maria Madalena, e a sua caveira …

Certamente que lhe é dedicada uma devoção extraordinária, mesmo fanática, na Provença, e persistem as lendas da sua morte nesta zona: muitas pessoas tomam isso como uma realidade. Mas isto não é apenas a continuação devota de uma tradição cristã não católica, pois a igreja a definiu como uma prostituta. Fomos invadidos por um sentimento sutil de que alguma coisa mais importante se escondia sob a superfície. E era precisamente o significado desse veio submerso e subterrâneo (e secreto) que estávamos determinados a descobrir.

Primeiro, como foi possível que o corpo de uma mulher hebreia da Palestina do século I viesse a ser sepultado no Sul de França? Que há nesta mulher, nesta santa especial, que evoca tanta paixão e devoção, tanto tempo depois da sua morte? E por quê – se, de fato, for verdade – lhe presta o Priorado de Sião uma veneração tão invulgar?

Mesmo antes de fazermos a primeira viagem a França, especificamente para investigar os locais tradicionalmente associados ao culto de Maria Madalena, passamos algum tempo a refletir sobre os seus antecedentes. Precisávamos conhecer a maneira como ela era historicamente compreendida na nossa cultura – e qual a força do seu continuado impacto. Porque, em contraste com a relativa frieza com que ela é recebida na moderna Inglaterra protestante, para muitos católicos europeus mais ardentes ela é objeto de uma devoção fervorosa, quase apaixonada. Para eles, depois da Virgem Maria, ela é a mulher mais importante.

Perguntem às pessoas mais instruídas da atualidade quem era Maria Madalena e o que ela representava, e as respostas serão muito interessantes. Quase todas as pessoas responderão que ela era uma prostituta, mas depois – dependendo da perspectiva da pessoa em questão – seguir-se-á, em geral, algum comentário a respeito da sua mal definida mas implicitamente íntima relação com Jesus. Esta hipótese cultural, embora seja confusa, encontrou expressão na canção I Don ‘t Know How to Leave Him de Tim Rice / Andrew Lloyd Webber, da opereta Jesus Cristo Superstar (1970), em que ela é representada como «a mulher duvidosa com coragem», tão querida do teatro britânico. e no papel de consoladora de Jesus, o qual lhe restituíra o amor-próprio.

Quando a opereta estreou – e, mais tarde, foi adaptada ao cinema – causou alguma sensação entre a maioria católica, mesmo entre os britânicos, tipicamente fleumáticos. Em grande parte, isso deveu-se talvez a um sentimento de afronta por uma história que implicava a imagem de Jesus ter sido explorada para o show-business, e, para cúmulo, transformada numa ópera rock!

Uma versão de Madalena surgiu em Monthy Python’s Life of Brian (1979), embora esse não fosse o motivo dos gritos de indignação que se elevaram das fileiras dos católicos de todo o mundo. Tomando a figura de Brian como uma mal disfarçada alusão ao próprio Jesus, esta inteligente comédia, estranhamente perturbadora, foi largamente considerada como uma gritante blasfêmia. Pondo de lado toda a irreverência, o filme nunca pretendeu retratar Jesus, sendo uma sátira aos cultos messiânicos da sua época, a qual, todavia, na nossa opinião, acidental ou propositadamente, reunia alguns conhecimentos profundos e pormenores curiosamente bem investigados. Em Judith, a namorada de Brian – surrealisticamente representada como sendo galesa -, residia o verdadeiro poder que sustentava Brian e o seu movimento: na verdade, a sua retórica inflamada fez dele um homem, embora também acabasse por fazer dele um mártir.


“Por trás de todo grande homem existe (o poder feminino) uma grande mulher“, Osíris, no antigo Egito sabia muito bem o significado deste provérbio popular …

Grupos de católicos barraram a entrada dos cinemas de vários países quando estes exibiram A Última Tentação de Cristo (1988) de Martin Scorcese. Embora o próprio Jesus fosse retratado como tendo algo de simplório, não parece ter sido esta a razão da vasta reação horrorizada. Esta deveu-se mais à representação explícita de relação sexual entre Maria Madalena e Jesus – mesmo que fosse apenas uma sequência fantástica. Por razões que analisaremos mais tarde, todo este conceito (envolvendo a relação sexual de Jesus e Madalena) é estranhamente repugnante para a maioria dos católicos, provavelmente porque consideram que ele implica certas perguntas fundamentais acerca da “divindade” de Jesus (n.t. e o dogma católico do pecado através do sexo).

Para eles, o conceito de um Jesus sexualmente ativo, mesmo no contexto de um casamento, é automaticamente blasfemo: sugestões, nesse sentido, devem implicar que ele também não podia ser Filho de Deus. Mas o que foi mais significativo na produção do filme A Última Tentação de Cristo foi a óbvia e persistente fascinação de Scorcese por Madalena e pelo conceito da sua relação íntima com Jesus. (E, curiosamente, o próprio realizador é um ítalo americano católico.)

Não é, contudo, a permissividade moderna que transformou Madalena quase num ícone. Ao longo da história, ela sempre personificou, de algum modo, a atitude contemporânea em relação às mulheres – em perspectivas não acessíveis à única outra figura feminina dos Evangelhos, a não sexual e remota Virgem (apesar de mãe de Jesus e de outros filhos) Maria. Na época vitoriana, por exemplo, Madalena era uma boa desculpa para representar prostitutas arrependidas, semi-nuas e extáticas; ao mesmo tempo, santas e pecadoras, conhecedoras e desconhecidas. Era moda, nos bordéis da época, algumas prostitutas representarem o papel do arrependimento de Madalena, embora os pormenores exatos desses «mistérios» particulares pouco devessem à sua história, tal como é narrada nos Evangelhos. Na atual época feminista, a ênfase é posta na sua relação com Jesus.

Madalena pode ter mantido o seu papel como teste dos costumes sexuais seculares contemporâneos, mas, ao longo da história, a sua imagem também refletiu a atitude de uma Igreja patriarcal em relação às mulheres e à sua sexualidade. E apenas como prostituta arrependida que ela é admitida na congregação dos santos católicos e a propagação da sua lenda depende do seu arrependimento e da sua maneira de viver, desconfortável e solitária. A sua santidade baseia-se na sua renúncia.

Nas últimas décadas, esta Maria tornou-se um foco da maneira como a Igreja tem lidado com os seus adeptos femininos, especialmente quando a ordenação sacerdotal de mulheres na Igreja Anglicana se transformou numa questão polêmica. E não foi por acaso que, quando foram ordenadas vigárias as primeiras mulheres, a epístola escolhida foi a história do Novo Testamento que narra o encontro de Jesus ressuscitado com Madalena no horto. Sendo a única mulher importante na história de Jesus, além da sua mãe, é natural que ela seja aproveitada por muitas ativistas femininas, no seio da Igreja, como símbolo poderoso dos seus direitos. Porque o continuado poder de Maria Madalena não é imaginário; sempre existiu e exerceu uma profunda atração ao longo dos séculos, como explica Susan Haskins no seu recente estudo Mary Magdalen (1993).

No princípio, o simples poder de atração de Madalena parece intrigante, especialmente porque quase não é mencionada no Novo Testamento. Fomos tentados a pensar que, como no caso de Robin Hood dos Bosques, a própria escassez de informação constituía uma tentação para inventar elementos míticos para preencher as lacunas. Contudo, se alguém criou uma Maria Madalena imaginária, foi a própria Igreja (ao fazer de tudo para colocá-la à margem da história). A sua imagem de prostituta arrependida não tem nada a ver com a sua história, narrada por Mateus, Marcos, Lucas e João: a figura descrita no Novo Testamento (n.t. e nos evangelhos apócrifos) é completamente diferente da que é evocada pela Igreja.


Nos dias atuais, o crânio (Caput) de Maria Madalena, juntamente com seu osso da mandíbula estão em um relicário de ouro na Basílica de Santa Maria Madalena em St. Maximin, na Provença, no sul da França.

Os Evangelhos são os únicos textos relativos a Maria Madalena que a maioria das pessoas conhece, portanto, voltamo-nos agora para eles. Até há pouco tempo, a sua figura era considerada pela maioria dos católicos como sendo marginal à história mais ampla de Jesus e dos seus discípulos. Mas, nos últimos anos, houve uma clara mudança na percepção que os estudiosos têm dela (e do poder feminino na criação). Hoje, o seu papel é considerado bastante mais importante, e é à luz destas conclusões que fundamentamos a nossa hipótese.

Além da Virgem Maria, Maria Madalena é a única mulher cujo nome é referido nos quatro Evangelhos. Surge, pela primeira vez, durante o ministério de Jesus na Galileia como fazendo parte de um grupo de mulheres que o seguiam – e «o serviam com os seus próprios recursos». Foi dela que foram expulsos «sete demônios». A “tradição” também a tem identificado com duas outras mulheres do Novo Testamento: Maria de Betânia, irmã de Marta e Lázaro, e uma mulher anônima que unge Jesus com perfume de nardo, contido num vaso de alabastro. Esta ligação será explorada mais tarde, mas, por agora, cingir-nos-emos à figura inequivocamente identificada como Maria Madalena.

O seu papel adquire um significado totalmente novo, profundo e duradouro quando ela é referida como tendo assistido à Crucificação e, mais especialmente, quando se torna a primeira testemunha da Ressurreição. Embora os relatos dos quatro Evangelhos relativos à descoberta do túmulo vazio sejam notoriamente diferentes, todos estão de acordo quanto à identidade da primeira testemunha do Jesus ressuscitado: sem dúvida, Maria Madalena. Ela não foi apenas a primeira testemunha feminina, mas a primeira pessoa a vê-lo depois de ele ter emergido do túmulo, um fato que tem sido largamente obscurecido pelos muitos que preferem contar apenas os homens que seguiram Jesus como sendo os seus verdadeiros apóstolos.

De fato, a Igreja baseou a sua autoridade inteiramente no conceito de apostolado – sendo Pedro o «primeiro apóstolo» e, portanto, o canal através do qual o próprio poder de Jesus Cristo se transmitiu à posteridade (n.t. aqui temos uma grande subversão da realidade, pois o “herdeiro” de Cristo não foi Pedro – em nome de quem foi criada a heresia da igreja de Roma -, mas sim JOÃO …). A autoridade de Pedro, embora muitos julguem que ela provém da afirmação expressa no jogo de palavras «sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja», oficialmente provém do fato de ter sido Pedro o primeiro dos discípulos de Jesus a vê-lo, depois de ressuscitado. Mas o relato do Novo Testamento contradiz terminantemente os ensinamentos da Igreja sobre este fato.

Manifestamente, só a este respeito, Madalena sofreu uma enorme injustiça, uma injustiça com implicações excepcionalmente vastas. Mas há mais. Ela foi também a primeira a receber de Jesus uma incumbência apostólica direta, ao ser encarregada de levar aos outros discípulos a notícia da ressurreição. Curiosamente, talvez, logo no seu início, em seus primórdios a Igreja reconheceu o seu verdadeiro lugar na hierarquia e conferiu-lhe o título Apóstola Apostolorum (Apóstola dos Apóstolos), ou, ainda mais explicitamente, «O Primeiro Apóstolo».

A razão porque Jesus optou por aparecer primeiro, na sua imagem de ressuscitado, a uma mulher foi sempre um espinho (n.t.bem grande) no flanco dos teólogos e eruditos. Talvez a explicação mais original surgisse na Idade Média, quando foi seriamente sugerido que a maneira mais rápida de espalhar a notícia era contá-la a uma mulher. Atualmente, é geralmente aceito pelos estudiosos que as mulheres desempenharam um papel muito maior e mais ativo no movimento de Cristo, tanto durante a sua vida como mais tarde, quando o movimento se divulgou entre os pagãos, do que tem sido geralmente admitido pela Igreja.

Foi apenas quando a Igreja se tornou uma instituição formalizada – sob a influência de S. Paulo – que o papel das mulheres foi minimizado. E o processo foi também retrospectivo. Por outras palavras, embora as mulheres não tivessem sido figuras menores do drama cristão original, Paulo e os seus homens de confiança (e a igreja de Roma) asseguraram-se de que elas fossem marginalizadas ao longo da história.


A “santa” igreja de Roma tem um medo terrível da parte FEMININA da divindade …

É verdade que a impressão, transmitida apenas pelos Evangelhos, é a de que os discípulos de Jesus eram, de fato, todos homens. Apenas uma única referência do Evangelho de Lucas menciona mulheres que acompanhavam Jesus. Isto pode causar confusão quando, mais tarde, parece que surgem mulheres vindas não se sabe de onde para ocupar o lugar central, em redor da cruz. A julgar pela cavaleiresca marginalização das mulheres nos relatos, em geral, é intrigante a razão por que, abruptamente, elas são o centro da atenção.

Seria porque todos os discípulos de Jesus o tivessem, de fato, abandonado? As mulheres ficaram na história, neste ponto crucial. apenas porque foram os únicos amigos que se mantiveram fiéis? Os evangelistas talvez tivessem de registar o papel das mulheres na Crucificação, simplesmente porque elas foram as suas únicas testemunhas, e é do seu testemunho que toda a história depende. Significativamente, o testemunho das mulheres não era admitido nos tribunais judaicos dessa época, assim, a sua palavra sobre qualquer coisa não era considerada importante.

Entre as muitas implicações desta questão, está a de que a história de Maria Madalena ser a primeira a encontrar Jesus ressuscitado devia ter tido alguma base de fato real. É altamente improvável que uma história que se baseia fundamentalmente na palavra de uma mulher tenha sido inventada.

Exemplos notáveis de lealdade e de coragem, por se manterem junto de um criminoso condenado, estas mulheres são dignas de aplauso. Mas uma, em particular, paira acima das outras: Maria Madalena. A sua importância é sugerida pelo fato, quase sem exceção, de que o seu nome é o primeiro sempre que se apresenta uma relação das discípulas de Jesus. Mesmo que alguns católicos atuais sugiram que isso se devia ao fato de ela ser a líder das discípulas. Numa sociedade tão rigidamente convencional e hierárquica, esta honra não era menor nem acidental: Madalena é a primeira, mesmo quando referida por aqueles que não têm qualquer consideração pelo lugar de nenhuma mulher do movimento de Jesus e especialmente qualquer amor por esta mulher, em particular.

Era ela, como vimos, que «cuidava» de Jesus e dos seus discípulos. Isto foi sempre explicado pela ideia de que ela era uma espécie de serva dedicada, constantemente prosternada ante os homens, muito mais importantes, do grupo. Mas os fatos são muito diferentes: não há dúvida de que as palavras originais usadas significam «sustentava» os outros, e «da sua substância» significa «com as suas posses MATERIAIS». Na opinião de muitos eruditos, Maria Madalena – talvez como as outras mulheres do movimento de Jesus – não era uma pessoa dependente e pobre, mas uma mulher de recursos materiais independente que sustentava materialmente Jesus e os outros homens. Embora a narração bíblica também use estas palavras em relação a outras mulheres apoiantes, é ela, como vimos, que está em primeiro lugar.

Maria Madalena é definitiva e deliberadamente separada das outras mulheres pelo seu próprio nome. Todas as outras mulheres, cujo nome é mencionado nos Evangelhos Canônicos, são definidas pela sua relação com um homem, como «esposa de…» ou «mãe de…». Apenas esta Maria tem o que se pode considerar um nome completo, embora o seu significado exato seja discutido mais tarde. Contudo, esta figura poderosa e importante mantém-se curiosamente enigmática.


Nesta reprodução da crucificação, uma mulher ruiva abraça a cruz …

Após o elogio, um tanto indireto, que os Evangelhos lhe dispensam, quando ela parece ter sido a escolhida, ela não volta a ser mencionada – nem nos Atos dos Apóstolos, nem nos textos de Paulo (nem na sua descrição da descoberta do túmulo vazio), nem nas epístolas de Pedro. Isto podia parecer ser um outro mistério, destinado a ser muito discutido, mas nunca desvendado – até consultarmos os textos conhecidos por Evangelhos Gnósticos, onde o quadro é subitamente clarificado, até um ponto espantoso.

Estes documentos – dos quais existem mais de cinquenta – foram descobertos em 1945, em Nag Hammadi, no Egito, e são uma coletânea de primitivos textos cristãos gnósticos; os originais de alguns dos textos são reconhecidos como datando aproximadamente da mesma época dos Evangelhos Canônicos. São textos que foram declarados «heréticos» pela Igreja primitiva e, portanto, foram sistematicamente reunidos e destruídos, como se contivessem algum grande segredo que fosse potencialmente perigoso para a instituição emergente.

O que muitos destes textos proclamam é a primazia de Maria Madalena: um deles é mesmo chamado de “O Evangelho de Maria”. A Maria deste Evangelho não é a Virgem, a mão de Jesus, mas sim o Evangelho de Maria Madalena. Talvez não seja por coincidência que os quatro Evangelhos do Novo Testamento (n.t. aceitos pela “santa” igreja de Roma) a marginalizem efetivamente, ao passo que os textos considerados «heréticos» realcem a sua importância. Seria possível que o Novo Testamento fosse, de fato, uma forma de propaganda, em nome do partido anti-Madalena?

Apesar de discutirmos os Evangelhos gnósticos com muito mais pormenores, num capítulo posterior, os seguintes pontos são de importância imediata. A história do Novo Testamento, como vimos, sugere, com relutância, que ela teve um papel importante no movimento de Jesus, mas os Evangelhos gnósticos proclamam e confirmam abertamente a sua primazia. Além disso, esta posição superior não se limita apenas ao seu lugar entre as outras mulheres – ela é literalmente Apóstola dos Apóstolos e, por conseguinte, reconhecida como subordinada apenas a Jesus Cristo, com categoria superior aos discípulos, tanto masculinos como femininos. Ela foi efetivamente, segundo parece, a ponte entre Jesus e todos os outros discípulos, e foi ela que interpretou as suas palavras em benefício deles. Nestes textos, não foi Pedro (n.t. de novo como atestam as escrituras “oficiais” aceitas por Roma) o escolhido de Jesus para seu lugar-tenente, mas Maria Madalena.

Foi ela, segundo o Evangelho gnóstico de Maria, que reagrupou os discípulos desanimados, depois da Crucificação, e lhes incutiu alguma coragem quando eles estavam preparados para desistir e regressar às suas casas, depois da aparente perda do seu carismático líder. Ela desfez todas as dúvidas, não apenas com amor mas também com inteligência, e conseguiu encorajá-los a tornarem-se verdadeiros e devotos apóstolos. Isto não devia ter sido fácil, porque não só teve – presumivelmente – de enfrentar o sexismo predominante da sua época e cultura mas também teve de lutar contra um poderoso antagonista pessoal: Pedro, o Grande Pescador da lenda, o mártir e o “fundador da santa” Igreja Católica romana.

Ele, Pedro, alegam repetidamente os Evangelhos gnósticos, odiava-a e receava-a. embora, quando o seu mestre estava vivo, ele apenas pudesse protestar, em vão, contra o grau da sua influência. Vários destes textos narram discussões acaloradas entre Pedro e Maria, com o primeiro a perguntar a Jesus porque prefere, aparentemente a companhia daquela mulher. Como diz Maria Madalena, noutro Evangelho gnóstico, o Pistis Sophia: «Pedro faz-me hesitar; tenho medo dele, porque ele odeia a raça feminina.»


Estes textos religiosos (ou gnósticos) propõe interpretações e rituais cristãos que são diferentes daqueles oficializados em 325 AC, durante o Concílio de Nicéia, e que foram imediatamente rejeitados como heréticos. É por isso que eles foram reunidos, protegidos e escondidos pelas chamadas comunidades cristãs primitivas. Gnosis significa conhecimento.

E no Evangelho gnóstico de Tomás, encontramos Pedro dizendo: «Deixem Maria ir-se embora, porque as mulheres não são dignas de viver.» Há alguma coisa mais nos relatos gnósticos que os torna explosivos no que diz respeito à Igreja de Roma. O quadro que eles pintam da relação de Maria e Jesus não é apenas o de mestre e aluno, nem o de guru e discípulo favorito. Eles são representados – muitas vezes, de forma viva – como estando em termos mais íntimos. Vejamos, por exemplo, o que diz o Evangelho gnóstico de Filipe:


“Mas Cristo amava-a mais do que a todos os seus discípulos e costumava beijá-la, por vezes, na boca. O resto dos discípulos sentiu-se ofendido por isso e exprimiram desaprovação. Perguntaram-lhe: «Porque a amas mais do que a todos nós?». O Salvador respondeu-lhes: «Por que não vos amo como a amo a ela?»

No mesmo Evangelho gnóstico, lemos a frase aparentemente inócua: «Havia três que acompanhavam sempre ao Senhor: Maria, sua mãe, sua irmã e Madalena, que é chamada a sua companheira. A sua irmã, a sua mãe e a sua companheira, todas se chamam Maria. E a companheira do Salvador é Maria Madalena.» Enquanto, hoje, a palavra «companheiro» sugere camarada, colega ou amigo, num sentido puramente platônico, a palavra grega original significava, de fato, «consorte» ou parceiro sexual…


{n.t. Biblioteca de Nag Hammadi: é uma coleção de textos gnósticos do cristianismo primitivo (período que vai da fundação até o Primeiro Concílio de Niceia em 325 d.C. que cria a igreja católica de Roma) descoberta na região do Alto Egito, perto da cidade de Nag Hammadi em 1945. Naquele ano, um camponês local chamado Mohammed Ali Samman encontrou uma jarra selada enterrada que continha treze códices de papiro embrulhados em couro. Os códices contêm textos sobre cinquenta e dois tratados majoritariamente gnósticos, além de incluírem também três trabalhos pertencentes ao Corpus Hermeticum e tradução/alteração parcial da A República de Platão. Na introdução de sua obra The Nag Hammadi Library in English, James M. Robinson sugere que estes códices podem ter pertencido ao monastério de São Pacômio localizado nas redondezas e que tenham sido enterrados após o bispo Atanásio de Alexandria ter condenado o uso não crítico de versões não canônicas dos testamentos em sua Carta Festiva de 367 d.C., após o Concílio de Niceia, por monges que teriam tomado os livros proibidos e os escondido em potes de barro na base de um penhasco chamado Djebel El-Tarif. Ali ficaram esquecidos e protegidos por mais de 1500 anos. Os textos nos códices estão escritos em copta, embora todos os trabalhos sejam traduções do grego. O mais conhecido trabalho é provavelmente o Evangelho de Tomé, cujo único texto completo está na Biblioteca de Nag Hammadi. Atualmente, todos os códices estão preservados no Museu Copta no Cairo, Egito.}

Ou os Evangelhos canônicos foram incluídos no Novo Testamento porque eles, e apenas eles, são a “verdadeira” palavra de Deus – ou os Evangelhos Gnósticos contêm, no mínimo, informação tão válida (verdadeira) como a de Mateus, Marcos, Lucas e João. O equilíbrio de probabilidade (e a verdade) inclina-se a favor dos Evangelhos gnósticos terem tanto direito ao nosso respeito como os do Novo Testamento.

Continua …

Links partes anteriores:
  1. http://thoth3126.com.br/o-codigo-secreto-de-leonardo-da-vinci/
  2. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-02a-no-mundo-secreto/
  3. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-02b-no-mundo-secreto/


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Posted by Thoth3126 on 10/06/2015 
 
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ES: LLAMA VIOLETA







02.06.15

A Revelação Templária, 2B 

Capítulo 2B 

 No MUNDO SECRETO 






Há razões, no entanto, para tirar partido de paradoxos – mesmo dos absurdos gritantes. Temos tendência a lembrar o absurdo, e, mais, as incongruências, que são deliberadamente apresentadas como fatos escrupulosamente muito bem argumentados e têm um efeito estranhamente poderoso sobre a nossa mente inconsciente. Afinal, é esta parte de nós que cria os sonhos que funcionam com o seu tipo próprio de paradoxo e de não-lógica. E é a mente inconsciente que é o motivador, o criador que, uma vez «em movimento», continuará a trabalhar, mesmo sobre a mensagem mais subliminar, durante anos. extraindo o último pedaço de significado simbólico de uma pequena migalha de aparente engodo.


Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com


Capítulo 02 B- NO MUNDO SECRETO – Livro “The TEMPLAR REVELATION – Secret Guardians of the True Identity of Christ” de Lynn Picknett e Clive Prince.


http://www.picknettprince.com/


CAPÍTULO II B- NO MUNDO SECRETO (continuação)


Os céticos, que se orgulham, em geral, do seu discernimento material, são, por vezes, de fato, estranhamente ingênuos – porque eles vêem todas as coisas como sendo completamente brancas ou pretas, verdadeiras ou falsas, que é exatamente o modo como certos grupos querem que eles as vejam e aceitem. (n.t. e muitos, a maioria aceita como realidade aquilo que o paradigma DIZ QUE É REALIDADE). Por exemplo, qual é o melhor meio de atrair a atenção, por um lado, mas afastar os intrusos indesejados ou os curiosos fortuitos, por outro lado, do que apresentar ao público informação, aparentemente, intrigante mas também virtualmente absurda?


E como se a própria aproximação aos verdadeiros objetivos do Priorado constituísse, de fato, uma iniciação: se eles não nos são destinados, a cortina de fumaça impedir-nos-á efetivamente de fazer uma investigação mais profunda. Mas se, de algum modo, nos estiverem destinados, em breve receberemos esse material extra ou descobriremos por nós próprios, de uma maneira suspeitosamente sincrônica, esse conhecimento extra da organização que, subitamente, fará com que tudo se encaixe no seu lugar.





Na nossa opinião, é um grande erro ignorar os Arquivos Secretos apenas porque a sua mensagem explícita é manifestamente implausível. O simples volume do trabalho que implicam argumenta em favor de terem alguma coisa a oferecer. Manifestamente, muitos obsessivos desequilibrados gastaram todo o seu tempo num trabalho vasto e (aparentemente) inútil e o total homem/horas implicado nele, por si mesmo, não torna os resultados mais dignos da nossa admiração ou respeito. Mas aqui estamos lidando com um grupo que está claramente preparando um plano intrincado e, considerado em conjunto com todas as outras indicações e pistas disponíveis (que, a seu devido tempo, se tornarão evidentes), é claro que alguma coisa se passa, algo esta acontecendo. Ou eles estão tentando dizer-nos alguma coisa ou estão tentando esconder alguma coisa – enquanto continuam a dar a entender a importância do seu significado.


Assim, como devemos interpretar as reivindicações históricas do Priorado de Sião? Remonta realmente ao século XI e as suas fileiras incluíram, de fato, todos os nomes ilustres revelados nos arquivos secretos? Em primeiro lugar, pode dizer-se que há sempre um problema na comprovação da existência, atual ou histórica, de uma sociedade secreta. Afinal, quanto mais secreta ela tenha conseguido manter-se mais difícil é de comprovar a sua existência. Contudo, onde se possa provar terem existido repetidos interesses, temas e objetivos, entre os que se supõe terem pertencido a este grupo, ao longo dos anos, é seguro e mesmo sensato admitir que este grupo possa, de fato, ter existido.


Por inverosímil que possa parecer a relação dos grão-mestres do Priorado (indicada nos arquivos secretos), a investigação de Baigent, Leigh e Lincoln provou que esta não é uma lista feita ao acaso. Na verdade, existem ligações convincentes entre os sucessivos grão-mestres. Além de se conhecerem uns aos outros – e, em muitos casos, terem relações de parentesco -, estes luminares partilhavam certos interesses e preocupações. Sabe-se que muitos deles estavam associados a movimentos esotéricos e a outras “sociedades secretas”, como os (não tão secretos…) maçônicos, os rosacrucianos e a Companhia do Santo-Sacramento, e todos eles partilhavam alguns objetivos comuns. Por exemplo, há um tema, caracteristicamente hermético e ocultista, que percorre toda a literatura conhecida destas sociedades – um sentimento de verdadeiro entusiasmo pela perspectiva de o homem se tornar quase divino, no incessante alargamento dos limites do seu conhecimento que lhe proporcionará a EVOLUÇÃO.


Além disso, a nossa investigação independente, que foi apresentada no nosso último livro, confirmou que estes indivíduos e famílias, alegadamente implicados no caso do Priorado, ao longo dos séculos, foram também os mesmos inspiradores que apoiaram o que podia ser designado como a Grande Mistificação do Santo Sudário.


Como já vimos, tanto Leonardo como Cocteau empregaram simbolismo heterodoxo nas suas pinturas, supostamente católicas. Separadas por quinhentos anos, as suas imagens revelam considerável consistência – e, na verdade, outros escritores e artistas, que também estavam ligados ao Priorado, também introduziram estes motivos nas suas produções. Em si, isto sugere insistentemente que eles, de fato, faziam parte de um gênero de movimento secreto organizado que já estava bem implantado mesmo na época de Leonardo. Como ambos, ele e Cocteau, têm sido apontados como seus grão-mestres, e se considerarmos as suas preocupações comuns, parece razoável concluir que eles foram realmente membros da alta hierarquia de algum grupo, no mínimo, muito semelhante ao Priorado de Sião.





Quando alguém quer acreditar em algo, é impossível convencê-lo da verdade…


O conjunto de argumentos reunidos por Baigent, Leigh e Lincoln, em The Holy Blood and The Holy Grail, em defesa da existência histórica do Priorado, é irrefutável. E mais provas – que foram reunidas por outros investigadores – foram publicadas na edição revista e atualizada de 1996 do livro destes três autores. (Este livro é uma leitura essencial para quem se interesse por este tipo de mistério).


Todos estes argumentos mostram que havia uma sociedade secreta que atuava desde o século XII – mas é o atual e moderno Priorado de Sião o seu verdadeiro descendente? Apesar de os dois grupos poderem não estar necessariamente ligados. como se alega, certamente, o moderno Priorado tem conhecimento interno da sociedade histórica. Afinal, foi apenas por intermédio dos atuais membros que, pela primeira vez, ouvimos falar do passado do Priorado.


Mas mesmo o acesso aos arquivos do velho Priorado não implica necessariamente uma genuína continuação. Numa conversa recente com o artista francês Alain Féral – que, como protegido de Cocteau, trabalhou com ele e o conhecia muito bem -, ele afirmou-nos peremptoriamente que o seu mentor não fora grão-mestre do Priorado de Sião. Pelo menos, assegurou-nos Féral, Cocteau não estivera implicado na mesma organização que, há muito, reclamava Pierre Plantard de Saint-Claire como seu grão-mestre. Contudo, Féral levou a cabo a sua própria investigação de certos aspectos da história do Priorado de Sião, especialmente os aspectos relativos à aldeia de Rennes-le-Château, no Languedoc, e, na sua opinião, os que figuram nos Arquivos Secretos como grão-mestres, até, e incluindo, Cocteau, estavam ligados por uma genuína tradição secreta.


Nesta fase da nossa pesquisa, decidimos ignorar as supostas ambições políticas do moderno Priorado e concentrarmo-nos nos seus aspectos históricos, que podiam, evidentemente, lançar alguma luz sobre as primeiras. Os arquivos secretos – à parte a sua mitomania merovíngia – dão grande ênfase ao Santo Graal, à tribo de Benjamim e à personagem do novo Testamento, Maria Madalena. Por exemplo, em Le serpent rouge surge esta declaração:


“Daquela que desejo libertar, chegam até mim os aromas do perfume que impregna o sepulcro. Antigamente alguns invocavam-na, ÍSIS, rainha das fontes benéficas. VINDE A MIM TODOS OS QUE SOFREM E ESTÃO OPRIMIDOS E EU VOS CONFORTAREI“. Outros: MADALENA, do famoso vaso de unguento balsâmico. Os iniciados sabem o seu verdadeiro nome: NOTRE DAME DES CROSS.


Esta curta passagem é confusa, não apenas porque a última frase – Notre Dame des Cross – não faz qualquer sentido (a não ser que «Cross» seja um nome de família e, nesse caso, ela tornar-se-ia apenas um pouco mais inteligível). «Des» é a forma plural de «de», mas cross nem existe em francês e está no singular, em inglês. Há também a confusão peculiar (n.t. para os neófitos) de ÍSIS com Maria Madalena – afinal, uma era uma deusa e a outra «uma mulher perdida» e são figuras de culturas diferentes, sem qualquer ligação aparente.


Podíamos pensar, evidentemente, que há um problema imediato em ligar temas, aparentemente tão diferentes, como Madalena, o Santo Graal e a tribo de Benjamim – para não falar de ÍSIS, a deusa-mãe egípcia – com o da descendência merovíngia. Os Arquivos Secretos explicam que os francos sicambros, a tribo da qual descendiam os merovíngios, eram de origem hebraica, eram descendentes da tribo perdida de Benjamim, que emigrou para a Grécia e, depois, para a Alemanha, onde se transformou nos sicambros.





ÍSIS, segurando o ANHK (CROSS Ansata), o símbolo da vida, ATRÁS DO TRONO de Osíris, ELA é a FONTE do poder de quem se assenta no trono… CUJA BASE ESTA MANTIDA PELO ANHK…


Contudo, os autores de The Holy Blood and The Holy Grail complicaram ainda mais o cenário. Segundo eles, a importância da geração merovíngia não era apenas um sonho fantástico de um pequeno grupo de realistas excêntricos. As suas pretensões transpuseram toda a questão para uma esfera muito diferente – a esfera que prendeu a imaginação de milhares de leitores entusiásticos do livro. Eles alegaram que Jesus fora casado com Maria Madalena e que havia descendência dessa união. Jesus (o Cristo) sobreviveu à cruz, mas a sua mulher partiu sem ele, quando levou os filhos para uma colônia judaica, fundada no que é o atual (e antigamente) Sul da França. Foram os seus descendentes que se tornaram a família reinante dos sicambros, fundando, assim, a dinastia real merovíngia.


Esta hipótese pode parecer explicar os principais temas do Priorado, mas levanta as suas próprias interrogações. Como vimos, é impossível que qualquer linhagem sobreviva na forma «pura» necessária para apoiar semelhante campanha, independentemente de quem os sicambros descendiam.


É inegável que há bons argumentos a favor de Jesus ter sido casado com Maria Madalena – ou, pelo menos, de algum tipo de relação íntima com ela – que, mais tarde, discutiremos em pormenor, e mesmo de ele ter sobrevivido à Crucificação. De fato, apesar da crença popular em contrário, nenhuma destas alegações depende da obra de Baigent, Leigh e de Lincoln, tendo sido minuciosamente discutidas por vários acadêmicos, muitos anos antes da publicação de The Holy Blood and The Holy Grail.


Há, contudo, um grande problema nas hipóteses que sustentam os seus argumentos – um problema de que eles estão manifestamente conscientes, embora evitem chamar a atenção para ele. Para eles, os merovíngios são importantes porque são os descendentes de Jesus O CRISTO. Mas, se ele sobreviveu à cruz, não podia ter morrido. Pelos nossos pecados, não podia ter ressuscitado – e, por conseguinte, não era divino, não era o Filho de Deus. Então, podíamos perguntar, por que eram os seus alegados descendentes considerados tão importantes.


Uma pessoa que faz parte deste santo grupo de descendentes julgava-se ser o próprio Pierre Plantard de Saint-Clair. Apesar da linguagem empolada usada pelos comentadores em torno desta hipótese, o próprio Plantard nunca alegou ser descendente de Jesus. Nunca é de mais insistir que não é a ideia cristã de que Jesus era Deus encarnado – e, por conseguinte, os seus descendentes eram, de algum modo, também divinos – que dá à ideia da sucessão merovíngia a sua alegada importância. A base de toda esta crença é que, como Jesus era da descendência de David e, por conseguinte, o legítimo rei de Jerusalém, este título recai automaticamente, mesmo que só em teoria, sobre a sua futura família. Assim, é político, mais do que divino, o poder que se reclama para a ligação merovíngia.


Baigent, Leigh e Lincoln, manifestamente, construíram a sua teoria sobre as reivindicações apresentadas nos Arquivos Secretos, mas, na nossa opinião, eles foram um tanto seletivos ao decidirem qual destas reivindicações deviam citar como prova. Por exemplo, os Arquivos Secretos afirmam que os reis merovíngios, desde o seu fundador, Meroveus, até Clóvis (que se converteu ao cristianismo em 496 logo após salvar a igreja de Roma da extinção) eram «reis pagãos do culto de Diana». Certamente que é difícil conciliar esta afirmação com a ideia de que eles descendiam de Jesus ou de uma tribo judaica.





Jesus e Madalena seriam casados e tiveram filhos, uma heresia para a “patriarcal” ortodoxia católica.


Outro exemplo desta curiosa seletividade, por parte de Baigent, Leigh e Lincoln, é o «documento Montgomery». Segundo estes autores, este documento é «uma narrativa que emergira» entre os arquivos pessoais da família Montgomery e que um membro desta família partilhara com eles. A data da sua origem é incerta, mas a versão que lhes foi apresentada é do século XIX. Para eles, o valor deste documento residia no fato de que, em essência, ele apoiava as teorias avançadas em The Holy Blood and The Holy Grail, embora, claro, não pudesse ser considerado prova delas. Provou, pelo menos, que esta ideia – que Jesus era casado com Maria Madalena – já era conhecida, pelo menos, um século antes de eles começarem a sua investigação.


O documento Montgomery narra a história de Yeshua ben Joseph (Jesus, filho de José), que era casado com Maria de Betânia (a figura bíblica que muitas pessoas consideram ser a mesma que Maria Madalena). Como consequência direta de uma revolta contra os romanos, Maria é presa e só é libertada porque está grávida. Depois, foge da Palestina e acaba por chegar à Gália (que é hoje a França), onde dá à luz uma filha (Sarah).


Embora seja fácil compreender o motivo por que o documento Montgomery foi aproveitado por Baigent, Leigh e Lincoln como suporte para a sua hipótese, é estranho que não tenham atribuído maior importância a certos aspectos da história. Nesta narrativa, Maria de Betânia é descrita como «uma alta sacerdotisa de um culto feminino»; tal como a veneração dos merovíngios à deusa Diana, isto acrescenta à história uma feição distintamente pagã que é difícil conciliar com o conceito de que o Priorado está principalmente preocupado com a continuação da descendência do rei judaico David – a qual inclui Jesus.


Curiosamente, o moderno Priorado não confirmou nem desmentiu a hipótese de The Holy Blood and The Holy Grail – e mais uma vez se levantam suspeitas. Pode o Priorado estar se divertindo conosco?


Uma coisa se tornou muito clara para nós: a ambição motivadora do Priorado não é puramente o poder político que Baigent, Leigh e Lincoln lhe atribuem. Continuamente, os arquivos mencionam pessoas – quer entre os verdadeiros grão-mestres quer entre os associados do Priorado – que não são essencialmente políticos, mas ocultistas. Por exemplo, Nicolas Flamel, grão-mestre entre 1398 e 1418, era um mestre alquimista. Robert Fludd (1595-1637) era rosacruz e, mais próximo do nosso tempo, Charles Nodier (grão-mestre entre 1081-1844) foi uma grande influência, que inspirou o renascimento do ocultismo moderno.


Mesmo Sir lsaac Newton (grão-mestre entre 1691-1727), atualmente mais conhecido como cientista e matemático, era um alquimista e um hermético e ocultista devotado e, certamente, possuiu cópias, profusamente anotadas, dos manifestos rosacruzes. Há também, evidentemente, Leonardo da Vinci, outro gênio que os modernos interpretam mal, considerando a sua viva inteligência apenas como fruto do pensamento materialista. De fato, como vimos, as suas obsessões provieram de outras fontes e tomaram-no um candidato ideal à lista dos grão-mestres do Priorado.


Curiosamente, apesar de reconhecerem os interesses esotéricos de muitas destas pessoas, Baigent, Leigh e Lincoln parecem não avaliar o total significado das suas obsessões. Afinal, em muitos destes casos, o ocultismo não era um simples passatempo ocasional, mas era, de fato, o principal centro de interesse das suas vidas. E a nossa experiência provou que os indivíduos relacionados com o moderno Priorado também praticam o ocultismo e o hermetismo.





ÍSIS é o poder que CRIA e mantém todos os SÓIS, seus “filhos”, que criam os planetas …


Assim, qual o possível segredo (CONHECIMENTO SECRETO) podia ter atraído tantas das mais brilhantes mentes esotéricas mundiais, durante tanto tempo, admitindo que é improvável que tivesse sido a inverosímil e ilusória história merovíngia? Por mais convincente e pioneiro que The Holy Blood and The Holy Grail possa ter sido, a sua explicação dos objetivos e razões do Priorado é basicamente insatisfatória.


É evidente que alguma coisa se passou e se passa, a qual, dado o enorme montante de tempo, pessoas e de energia que parece ter sido consumido, ao longo dos séculos, dificilmente pode ser relativa apenas à legitimidade da monarquia francesa. E, seja ela qual for, deve ser tão ameaçadora para o status (n.t. para o FALSO sistema de crenças, o paradigma atual) quo que, mesmo depois do Século das Luzes, “ELA” teve de continuar a ser mantida secreta, a ser cautelosamente guardada por uma rede oculta de iniciados.


No princípio da nossa investigação sobre Leonardo e o Sudário de Turim, vimo-nos confrontados, repetidas vezes, com a inevitável sensação de que existe um verdadeiro segredo, que tem sido cuidadosamente guardado pelos poucos iniciados neste conhecimento. A medida que as nossas investigações prosseguiam, não podíamos afastar a suspeita de que os temas, que tínhamos detectado na vida e na obra de Leonardo, eram muito semelhantes aos temas que tínhamos discernido no material divulgado pelo Priorado. E, seguramente, valia a pena comprovar as suspeitas de que estes mesmos temas também estavam entrelaçados na obra de Jean Cocteau.


Já descrevemos o mural daquele artista, que se encontra na igreja de Notre-Dame de France, em Londres. Mas que relevância têm as suas imagens, notavelmente peculiares, para a obra de Leonardo, muito anterior, e para algum suposto movimento esotérico, oculto e hermético – e mesmo herético?


A ligação mais óbvia com a obra de Da Vinci é o fato de o artista se ter auto-retratado, afastando o olhar da cruz. Leonardo, como já referimos, representou-se a si próprio, deste modo, duas vezes, pelo menos – na Adoração dos Magos e na Última Ceia. Considerando a expressão do rosto de Cocteau, que sugere um profundo constrangimento perante toda a cena, não é uma concessão demasiado exagerada encontrar a mesma indiferença na violência com que Leonardo se afastou da Sagrada Família na Adoração.





No mural de Cocteau, vemos o homem crucificado apenas das coxas para baixo, o que implica alguma suspeita quanto à sua verdadeira identidade. Como vimos, na Última Ceia de Leonardo, a estranha ausência total de vinho parece implicar uma séria dúvida acerca da natureza do sacrifício de Jesus: aqui, o artista vai mais longe, ao não representar Jesus. Muito semelhante, também, é o uso da forma de um M enorme – na obra de Cocteau, ele liga as duas mulheres pesarosas, presumivelmente a Virgem Maria e Maria Madalena. E, de novo, podemos supor que é esta última que vemos afastada da figura de Jesus. Enquanto a Virgem Maria olha para baixo, chorando, é a mulher mais nova que está voltada de costas para Jesus.


Na Última Ceia de Leonardo, o M liga Jesus ao suspeitosamente feminino «S. João» – e esta «Senhora M» (de Cocteau) também está o mais possível afastada dele, enquanto, ao mesmo tempo, parece estar próxima.


O mural de Cocteau também contém simbolismo que, uma vez conhecidas as preocupações do Priorado de Sião, está explicitamente ligado a elas. Por exemplo, os dados que os soldados estão a lançar mostram cinquenta e oito pintas(58) – e este é o número esotérico do Priorado. Aos pés da cruz, a rosa vermelho-azulada, extraordinariamente grande, é uma clara alusão ao movimento Rosacruz que, como veremos, tem ligações estreitas com o Priorado e, certamente, com Leonardo (n.t. e com o conhecimento da verdade oculta).


Como já vimos, os membros do Priorado acreditam que Jesus não morreu na cruz, e algumas das suas facções defendem que uma vítima substituta sofreu o que lhe estava destinado. A julgar apenas pelas imagens deste mural, podíamos ser tentados a pensar que estas eram as opiniões pessoais de Cocteau. Por exemplo, não só não vemos o rosto da vítima como há a inclusão de uma figura – que não é usual associar à cena da Crucificação. É o homem que se encontra à extrema-direita, cujo único olho visível tem a forma inconfundível de um peixe – é, certamente, uma alusão ao primitivo código cristão de «Cristo». Assim, quem se espera que seja este homem com os olhos em forma de peixe? À luz do conceito do Priorado, de que Cristo nunca foi morto na cruz, não podia ser que esta figura extra fosse o próprio Jesus? Foi o suposto Messias, de fato, testemunha da tortura e da morte de um substituto? Se isto fosse verdade, podíamos imaginar as suas emoções.


Também nos murais de Leonardo e de Cocteau vemos a Senhora M – em ambos os casos, certamente, Maria Madalena. Assim, aquilo que conhecemos das crenças do Priorado – que ela era casada com Jesus – explicaria o motivo por que ela assistiu à última Ceia, sentada à direita do marido e por que – como sua «outra metade» – ela usava vestes que eram a imagem inversa das de Jesus (13/31=44=8).





Símbolo do INFINITO …


Embora nos tempos medievais e do primitivo Renascimento existisse uma tradição, pouco conhecida, a de representar Madalena na última Ceia, Leonardo fez saber que, na sua versão, a personagem sentada à direita de Jesus era S. João. Por que decidiu ele iludir desta maneira? Era este, talvez, um modo sutil de dar às suas imagens um poder subliminar acrescentado? Afinal, se o artista diz que é um homem e a nossa mente nos diz que é uma mulher, é provável que a confusão nos obrigue a continuar a refletir sobre a imagem, a um nível inconsciente, durante muito tempo.


Tanto no mural de Leonardo como no de Cocteau, Madalena parece estar a exprimir, em silêncio, as suas dúvidas sobre o suposto papel de Jesus, através da sua linguagem corporal. Era ela, de fato, tão íntima de Jesus que conhecesse a verdadeira história? Era Madalena, de fato, a esposa de Jesus e, portanto, parte interessada na informação interna sobre o verdadeiro resultado da Crucificação? É por isso que ela se está se afastando?


O papel de Madalena está astuciosamente – mesmo que subliminarmente – realçado na Última Ceia, mas a maior obsessão de Leonardo parece ter sido com essa personagem trágica do Novo Testamento, S. João Batista. Se ele foi, de fato, membro do Priorado de Sião – e dado o interesse pela descendência de Jesus que lhes é atribuído -, esta obsessão com Batista parece um tanto complicada. Está ela em conformidade com os interesses do Priorado de Sião?


Giovanni (João em italiano), o nosso misterioso informador, deixou-nos com esta intrigante e exasperante pergunta: «Por que os grão-mestres desta sociedade são sempre chamados de João (ou Joana, se mulher)?» Nessa altura, consideramos esta pergunta como uma espécie de alusão semivelada à escolha do seu próprio pseudônimo e concluímos que ele não ocupava uma posição secundária. Mas, de fato, ele estava a chamar-nos a atenção para uma outra questão, muito mais significativa.


Apesar de os grão-mestres do Priorado serem conhecidos na organização como «Nautonnier» (timoneiro), eles também adotam o nome «Jean» (João) ou Jeanne (Joana), se são mulheres. Leonardo, por exemplo, figura nas suas listas como Jean IX. Vale a pena frisar que, por estranho que possa parecer numa antiga ordem cavaleiresca, o Priorado sempre reclamou ser uma sociedade secreta com igualdade de oportunidades (entre os sexos, diferentemente da maçonaria…), e quatro dos seus grão-mestres foram mulheres. (Hoje, uma das seções francesas do Priorado está sob o controle de uma mulher.) No entanto, esta política (A igualdade entre HOMEM e MULHER) é totalmente consistente com a verdadeira natureza e objetivos do Priorado – tal como os viemos a entender.


As preocupações do Priorado são indicadas pelos títulos usados na sua hierarquia organizativa. Segundo os seus estatutos, abaixo do Nautonnier há um grau formado por três iniciados, chamado «Prince Noachite de Notre Dame», e a este segue-se um grau, formado por nove membros, chamado «crisé de Saint Jean», ou «Cruzado de São João» (este último surge simplesmente como «Condestável» nas últimas versões dos estatutos).





M, símbolo da Constelação de VIRGEM: No vale do Eufrates, onde foram criadas as constelações, a Virgem simbolizava a deusa Ishtar, filha do céu e a rainha das estrelas/sóis. Representada com uma espiga na mão, constituía o símbolo da fertilidade. Eratóstenes (+ 194 a.C.) identificou a Virgem com ÍSIS, a deusa de mil-nomes, com a espiga de trigo em sua mão e que foi mais tarde deixada cair de maneira a formar a Via Láctea (OU OS SÓIS QUE A FORMAM), ou segurando em seus braços seu filho HÓRUS, o deus do sol, o último dos reis divinos. Este simbolismo antigo reapareceu na Idade Média como a Virgem Maria com seu filho Jesus e através das palavras eternas de Shakespeare (Francis Bacon-Saint Germain): Good Boy in Virgo’s lap (O Bom Menino no Colo da Virgem). Na Índia, Virgo era Kanya, e representada como deusa sentada diante do fogo. No Zodíaco Cingalês, era a Mulher no Navio e segurando um ramo de trigo em sua mão. Possivelmente, o navio era nomeado a partir das estrelas Beta, Eta, Gamma, Delta e Epsilon da constelação, representando a quilha do navio. Na Pérsia, Virgo era Khosha, o ramo de trigo, bem como nomeada como a Virgem inteiramente Pura. Os turcomanos conheciam esta constelação como a Pura Virgem, Dufhiza Pakhiza. Os chineses a conheciam como She Sang Neu, a Donzela Frígida. No pais dos Judeus, a Virgem era Bethulah e sempre associada com a idéia de abundância na colheita. Virgem tem sempre sido a figura dos céus mais nomeada e mais simbolizada! Virgem representa a mais antiga e puramente alegórica representação de inocência, de virtude e DO PODER FEMININO DA DIVINDADE, a BASE DO MUNDO MATERIAL UNIVERSAL.


Existem mais seis graus, mas os três primeiros, que compreendem os treze membros da mais alta hierarquia, formam o corpo dirigente. Coletivamente, este corpo dirigente é conhecido como Arch Kyria – a última palavra, KYRIA em grego, é uma designação respeitosa de mulher, o equivalente ao português «senhora». Especificamente, no mundo helenístico dos primeiros anos antes da era cristã, era um epíteto da deusa ÍSIS.


O primeiro grão-mestre da sociedade era, devemos dizê-lo, um verdadeiro João – Jean de Gisors, um fidalgo francês do século XII. Mas o verdadeiro enigma reside no fato curioso de que o seu título do Priorado foi, na verdade, «Jean II». Como divagam os autores de The Holy Blood and The Holy Grail:


Uma questão importante, evidentemente, era saber qual João. João Batista? João Evangelista – «o Discípulo Amado» do Quarto Evangelho? Ou João, o Divino, autor do livro da Revelação-Apocalipse? Parecia que tinha de ser um destes três… Quem foi, então, Jean I?


Outra ligação a «João» que desperta reflexão é a mencionada em Rennes-le-Château: capitale secréte de l’histoire de France (1982) de Jean Pierre Deloux e Jacques Brétigny. Os dois autores são conhecidos por estarem intimamente ligados a Pierre Plantard de Saint-Clair – por exemplo, faziam parte da sua entourage quando Baigent, Leigh e Lincoln o conheceram, nos anos 80 – e ele, certamente, deu uma enorme contribuição para o livro. Uma clara propaganda do Priorado, o livro explica como a sociedade secreta se formou. (Deloux e Brétigny também escreveram artigos relativos ao Priorado de Sião, na revista L’ Inexpliqué – a versão francesa de The Unexplained (O Inexplicável) – que, segundo algumas pessoas, foi lançada e financiada pelo Priorado.





A ideia primordial era, segundo se afirma, formar um «governo secreto,» tendo Godefroi de Bouillon – um dos líderes da Primeira Cruzada – como seu inspirador. Na Terra Santa, Godefroi se deparou com uma organização (n.t. secreta) chamada a IGREJA DE JOÃO e, como resultado, «formou um grande desígnio». «Pôs a sua espada ao serviço da Igreja de João, essa Igreja esotérica e iniciadora que representava a Tradição. A Igreja que baseava a sua primazia no Espírito.» Foi a partir deste grande desígnio que se formaram tanto o Priorado de Sião – a organização que chama sempre «João» aos seus grão-mestres – como a ordem dos CAVALEIROS TEMPLÁRIOS.


E, como diz Pierre Plantard de Saint-Clair, por intermédio de Deloux e Brétigny: Assim, no princípio do século XII, estavam reunidos os meios, temporais e espirituais, que vieram a permitir a realização do sonho sublime de Godefroi de Bouillon; a Ordem do Templo seria o braço armado da Igreja de João e o porta-estandarte da primeira dinastia, as armas que obedeciam ao espírito de Sião.


A consequência deste fervoroso «joanismo» deveria ser um «renascimento espiritual» que «voltasse a Cristandade às suas origens».

Apesar da sua óbvia importância para o Priorado, a ênfase em «João» permaneceu extremamente obscura – no princípio desta investigação, nem sabíamos qual João era tão venerado e, muito menos, o POR QUÊ ?. Mas qual é a razão desta obsessão? Por que não nos indicam a QUAL JOÃO estão se referindo? E por que deveria a veneração (mesmo que extrema) de qualquer dos santos de nome João começar por ameaçar precisamente as raízes do catolicismo romano (n.t. este sim, uma heresia completa)?

É possível, pelo menos, supor a que João o Priorado se reteria, se a obsessão de Leonardo com Batista puder servir de orientação. Contudo, como vimos, a ideia do Priorado sobre o papel de Jesus dificilmente era ortodoxa, e parece absurdo que dispensasse esta veneração ao homem que, alegadamente, apenas era importante como precursor de Jesus. Será possível que o Priorado, tal como Leonardo, venere secretamente João Batista acima do próprio Jesus?





Godefroy de Bouillon em francês (Bolonha-sobre-o-Mar, 1058 – Jerusalém, 18 de Julho de 1100), foi um nobre e militar franco, duque da Baixa Lorena (1087-1100), Protetor do Santo Sepulcro – Advocatus Sancti Sepulchri, senhor de Bouillon (1076-1096), um dos líderes da Primeira Cruzada e o primeiro soberano do Reino Latino de Jerusalém, após a sua conquista, apesar de recusar o título de rei.


É um conceito muito extravagante. Se existissem quaisquer razões para acreditar que Batista foi superior a Jesus, então as repercussões seriam inconcebivelmente traumáticas para a Igreja. Mesmo que o conceito «joanino» se baseasse num equívoco, mão se pode duvidar dos efeitos que esta crença teria se fosse mais amplamente conhecida (caso fosse aceita). Seria quase a heresia final – e os Arquivos Secretos acentuam, repetidamente, o caráter anti-clerical dos descendentes merovíngios e do seu possível encorajamento da heresia. O Priorado está interessado em transmitir a ideia de que a heresia é uma coisa boa, por alguma razão específica própria.


Compreendemos que a suposta heresia baptista tinha espantosas implicações e que, se continuássemos a investigar o Priorado, teríamos de nos confrontar, em primeiro lugar, com a questão de João Batista, embora, no início, não estivéssemos convencidos de que encontraríamos qualquer prova que apoiasse a heresia. Naquele momento, tudo o que tínhamos como prova das ideias do Priorado acerca de Batista era a manifesta obsessão de Leonardo com ele e o fato de o Priorado chamar (n.t. apenas de) «João» aos seus grão-mestres. Sinceramente, não tínhamos, então, qualquer esperança verdadeira de encontrar algo mais concreto que isso, mas, à medida que o tempo passava, iríamos descobrir provas muito mais sólidas de que o Priorado, de fato, fazia parte dessa tradição «joanina».


Com ou sem provas a apoiá-la, esta heresia conseguiu, mesmo assim, ser «acreditada» por gerações de membros do Priorado. Mas fazia ela parte, pelo menos, do grande segredo que se julga que eles possuem e guardam tão tenazmente?


A outra figura do Novo Testamento que tem enorme significado para o Priorado é, como vimos repetidamente, Maria Madalena. Os autores de The Holy Blood and The Holy Grail explicaram que a sua particular importância reside unicamente no (alegado) fato de ter casado com Jesus e ser a mãe dos seus filhos. Mas, considerando a admiração, menos que total, do Priorado por Jesus, esta explicação parece fraca.


Para aquela organização, Madalena parece ter alguma importância, por direito próprio, e o próprio Jesus é quase irrelevante – na história do «documento Montgomery», por exemplo, o seu papel limita-se a ser o pai do filho de Madalena e não desempenha qualquer outro papel no resto da narrativa. Poder-se-ia ir ao ponto de dizer que, mesmo sem Jesus, havia algo nesta mulher que a tornava de suprema importância.


Na continuação das nossas investigações, conseguimos contatar com Pierre Plantard de Saint-Clair e fazer-lhe algumas perguntas acerca do interesse do Priorado em Maria Madalena. Recebemos uma resposta do secretário de Plantard, Gino Sandri – um italiano que vive em Paris -, a qual, embora curta e concisa, era, todavia, sugestiva do famoso sentido malicioso do Priorado. Nela, Sandri dizia que podia ser possível ajudar, mas «talvez voces já tenham informação sobre este assunto?» – era, claramente, uma «piada» maliciosa sobre alguma coisa que ele sabia a nosso respeito, mas o elogio indireto deu-nos ânimo.


Parecia estar sugerindo que já tínhamos toda a informação que precisávamos conhecer – mas que competia a nós compreendê-la. Mas a carta de Sandri escondia ainda outra nota de malícia: embora trazendo o carimbo de 28 de Julho, a carta estava datada de 24 de Junho – o Dia de S. João Batista.





A energia da Kundalini é essencialmente feminina… é a “SERPENTE” que deve ser elevada …


Para um leigo, qualquer ligação particularmente esotérica entre Maria Madalena e João Batista é uma questão de fantasia, porque os textos evangélicos conhecidos não registram que eles se tivessem conhecido. Contudo, aqui, temos um segredo aparentemente antigo que implica – e venera – ambos, e não de uma maneira vaga. Que havia nestas figuras do século I que assegurou esta tradição duradoura, embora «herética»? Que poderiam eles ter representado que fosse tão perturbador para a Igreja?


Como se pode imaginar, era muito difícil saber por onde começar. Mas, onde quer que investigássemos a história de Madalena, uma área, que ficava consideravelmente mais próxima de nós do que Israel, continuava a surgir como sendo importante. O Priorado sublinhava particularmente a lenda que a trouxe para o Sul da França, após a ressurreição de CRISTO, portanto, era ali que tínhamos de ir, para descobrir por nós próprios se esta história era apenas uma invenção medieval que, como o Sudário de Turim, se destinava a atrair um lucrativo comércio de peregrinações.


Mas havia, desde o princípio, alguma coisa especialmente fascinante na ligação desta enigmática figura do Novo Testamento com aquela determinada área, algo que ultrapassava estas considerações mercenárias. Decidimos investigar o segredo de Madalena no seu próprio terreno.

Link das partes anteriores:
  1. http://thoth3126.com.br/o-codigo-secreto-de-leonardo-da-vinci/
  2. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-02a-no-mundo-secreto/


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Posted under Esoterismo e Ocultismo,Templários

Posted by Thoth3126 on 02/06/2015

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30.05.15

A Revelação Templária – 2A 

 No Mundo Secreto




CAPÍTULO II A – NO MUNDO SECRETO: A nossa investigação do «Leonardo Da Vinci (secreto) desconhecido» iria tornar-se uma longa busca, incrivelmente complicada – dir-se-ia mais uma iniciação do que uma simples deslocação de A para B.

Ao longo do caminho, encontramo-nos em muitos becos sem saída e enredamo-nos no submundo dos que estão ligados às SOCIEDADES SECRETAS e que têm prazer não só em se entregar a jogos sinistros mas também em ser agentes de desinformação e de confusão. Muitas vezes, ficamos estupefatos, perguntando a nós mesmos como uma simples investigação da vida e da obra de Leonardo da Vinci nos podia ter introduzido num mundo que não acreditávamos que existisse fora dos filmes impenetráveis do grande surrealista francês Jean Cocteau, como o seu Orfeu, com a descrição de um submundo em que se penetra através de espelhos mágicos …


Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 02 A – NO MUNDO SECRETO – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ” de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO II A – NO MUNDO SECRETO

… De fato, foi este verdadeiro expoente do bizarro – Jean Cocteau – que nos iria fornecer mais indicações, não só acerca das crenças de Leonardo mas também da existência de uma continuada tradição secreta que tinha as mesmas preocupações. Iríamos descobrir que Cocteau (1889-1963), ele próprio, parece ter estado implicado nesta sociedade – a prova da sua implicação será adiante discutida. Mas, em primeiro lugar, analisemos o gênero mais imediato de prova testemunhal – a dos nossos olhos e descobertas.

Espantosamente próxima das luzes brilhantes e do ruído de Leicester Square, em Londres, encontra-se a Igreja de Notre Dame de Paris. Situada em Leicester Square, virtualmente contígua a uma elegante sorveteria, é muito difícil encontrá-la, porque a sua fachada não se anuncia com a arquitetura flamejante que nos habituamos a associar às grandes igrejas católicas. Podemos passar sem reparar nela e, certamente, sem fazer ideia de que a sua decoração é significativamente diferente da decoração da maioria das outras igrejas católicas.


Fachada da Igreja de Notre Dame de France, situada em Leicester Square, em Londres

Originalmente construída em 1865, num local com associações aos Cavaleiros Templários, Notre Dame de France foi quase totalmente destruída durante os ataques aéreos nazistas a Londres durante a II Guerra Mundial e reconstruída no final da década de 50. Transposto o seu modesto exterior, o visitante encontra-se num vasto átrio, arejado e de grande altura, que, a princípio, pode parecer típico do moderno traçado católico.

Quase desprovida da aparatosa estatuária que adorna excessivamente muitos edifícios mais antigos, ela contém, todavia, pequenas placas decorativas que representam a Via Sacra, um altar-mor, abaixo de uma grande tapeçaria de uma jovem virgem loira, rodeada por animais que a veneram – a qual, embora um tanto sugestiva de uma das mais graciosas cenas de Disney, ainda está dentro dos limites do que constitui uma representação aceitável da jovem Maria – e algumas imagens de santos, presidindo às capelas laterais.

Mas, à esquerda do visitante, quando está voltado para o altar-mor, há uma pequena capela que não tem nenhuma estátua de culto mas, no entanto, tem o seu grupo de fiéis muito particulares. Os visitantes vêm admirar e fotografar o seu invulgar mural, obra de Jean Cocteau, que o terminou em 1960, e a igreja orgulha-se de vender postais ilustrados da sua obra de arte, muito particular e justamente famosa. Mas, tal como no caso das chamadas pinturas «cristãs» de Leonardo, este afresco, quando meticulosamente examinado, revela simbolismo muito pouco ortodoxo. E a comparação com a obra de Leonardo não é acidental.

Mesmo dada a distância de cerca de quinhentos anos, poderia dizer-se, no entanto, que Leonardo e Cocteau estavam, de algum modo, a colaborar, ao longo dos séculos?

Antes de voltarmos a nossa atenção para o curioso mural de Cocteau, examinemos a igreja, de modo geral. Embora não seja única, é invulgar que uma igreja católica seja redonda, e esta forma é aqui acentuada em vários pormenores. Por exemplo, há uma surpreendente clarabóia, em forma de cúpula, decorada com um desenho de anéis concêntricos que não é demasiado fantasista interpretar como um gênero de teia de aranha. E as paredes, tanto no interior como no exterior, ostentam o repetido motivo de cruzes de braços iguais, alternadas – e ainda mais círculos.


Jean Cocteau durante o seu trabalho de realizaçãodo mural no interior da Igreja de Notre Dame de France, em 1959

Esta igreja do pós-guerra, embora seja nova, ergueu-se orgulhosamente, incorporando uma placa de pedra que fora retirada da Catedral de Chartres, essa jóia da coroa da arquitetura gótica – e, como iríamos descobrir, o ponto de convergência (a Catedral de Chartres) destes grupos, cujas crenças religiosas não são, de modo nenhum, tão ortodoxas como os livros de História nos levavam a pensar.

Pode objectar-se que não há nada de particularmente profundo ou sinistro na inclusão desta pedra – afinal, durante a guerra, esta igreja foi um ponto de encontro das forças de Libertação Francesas e uma peça de Chartres era, seguramente, um símbolo vivo do que a pátria francesa sempre representou. Contudo, a nossa investigação ia mostrar que era, de fato, muito mais importante do que isso.

Dia após dia, muitas pessoas – tanto londrinos como visitantes – passam por Notre Dame de France para rezar e participar nos serviços religiosos. A igreja parece ser uma das mais frequentadas de Londres e também representa um refúgio conveniente para os sem-abrigo, que são tratados com grande bondade (como os próprios Templários costumavam tratar os desafortunados). Mas é o mural de Cocteau que atua como um ímã para a maioria dos que visitam a igreja, como parte do seu passeio a Londres, embora também se possam deter para aproveitar um oásis de calma, no meio do grande movimento da capital.

De início, o mural pode decepcionar, porque – como grande parte da obra de Cocteau – parece, ao primeiro olhar, ser pouco mais do que um esboço pintado, uma cena apenas esboçada nalgumas cores, sobre o simples estuque. Representa a Crucificação: a vítima está rodeada de aterradores soldados romanos, de mulheres e discípulos pesarosos. Certamente que contém, podia pensar-se, todos os ingredientes de uma cena da Crucificação tradicional, mas, como A Última Ceia de Leonardo, ela merece um exame mais minucioso, mais crítico – e mesmo mais sensato.

A figura central, a vítima da mais horrível das mortes por tortura, pode bem ser Jesus. Mas também é verdade que não temos a certeza da sua identidade, porque apenas o vemos dos joelhos para baixo. A parte superior do corpo não é mostrada. E, aos pés da cruz, está uma enorme rosa vermelho-azulada.



Em primeiro plano, há uma figura que não é romana nem discípulo, que está afastada da cruz e parece estar fortemente perturbada pela cena que se desenrola atrás de si. Na verdade, é um acontecimento profundamente perturbador – assistir à morte de qualquer pessoa, nestas circunstâncias, é, seguramente, pungente, mas estar presente quando Deus encarnado está derramando o seu sangue seria indescritivelmente traumático. Todavia, a expressão desta personagem não é a do humanitarismo horrorizado, nem a do venerador consternado. Se formos sinceros, a testa franzida e o olhar de soslaio são os de uma testemunha decepcionada, mesmo desagradada. Não é a reação de alguém que esteja remotamente disposto a dobrar o joelho, em sinal de respeito, mas de alguém que expressa a sua opinião de igual para igual.

Então, quem é esta presença desaprovadora no acontecimento mais sagrado da Cristandade? É nada menos do que o próprio Jean (João) Cocteau. Se nos lembrarmos de que o próprio Leonardo se auto-retratou, desviando o olhar da Sagrada Família, na Adoração dos Magos, e de Jesus, em A Última Ceia, há, no mínimo, poderíamos dizer, uma semelhança secreta entre estas duas pinturas. E, quando se afirma que os dois artistas pertenciam à alta hierarquia da mesma sociedade secreta e herética, continuar a investigação torna-se irresistível.

Iluminando a cena, um SOL NEGRO lança os seus raios sinistros no céu circundante. Frente ao sol, encontra-se uma pessoa – provavelmente um homem – cujos olhos levantados e protuberantes, perfilados contra o horizonte, são notavelmente semelhantes a seios atrevidos. Quatro soldados romanos assumem uma atitude épica, em volta da cruz, mantendo as lanças em ângulos estranhos e, aparentemente, significativos – um deles agarra um escudo que ostenta o desenho de um falcão (n.t. símbolo de Hórus, filho de ÍSIS…) estilizado. E, aos pés de dois soldados, vê-se um pano, sobre o qual estão espalhados dados. A soma total dos números que os dados apresentam é cinquenta e oito – 58.

Um homem jovem e insípido aperta as mãos em torno da base da cruz, e o seu olhar, um tanto inexpressivo, fixa-se vagamente numa das duas mulheres desta cena. Estas, por sua vez, parecem estar ligadas pela forma de um grande «M», exatamente abaixo do homem com olhos semelhantes a seios. A mulher mais velha, cheia de dor, olha para baixo e parece estar a chorar sangue; a mais nova está literalmente mais distante, apesar de estar de pé, junto da cruz, todo o seu corpo está afastado dela. A forma do «M» aberto repete-se na frente do altar, imediatamente abaixo do mural.


Jean Cocteau pintou a si mesmo no mural (Direita) ao lado do Falcão e dos dados que aparecem à esquerda.

A última figura desta cena, no extremo direito da pintura, é um homem de idade indefinida, cujo único olho visível tem a forma distinta de um peixe.

Alguns comentadores chamam a atenção para o fato de os ângulos das lanças dos soldados formarem um pentagrama – em si, uma característica pouco ortodoxa de uma cena tradicional cristã. Esta caraterística, apesar de intrigante, não faz parte da nossa presente investigação. Como vimos, parecem existir elos superficiais entre as mensagens subliminares das obras religiosas de Leonardo e de Cocteau, e foi esta utilização comum de determinados símbolos que chamou a nossa atenção.

Os nomes de Leonardo da Vinci e de Jean Cocteau figuram na lista dos grão-mestres daquela que alega ser uma das mais antigas e mais influentes sociedades secretas da Europa – o Prieuré de Sion, o Priorado de Sião. Altamente polêmica, a sua própria existência tem sido posta em questão e, portanto, quaisquer das suas alegadas atividades são, geralmente, ridicularizadas e as suas implicações ignoradas. De princípio, compreendemos este tipo de reação, mas as nossas investigações posteriores revelaram que a questão não era assim tão simples.

A sociedade secreta Priorado de Sião chamou a atenção do mundo de língua inglesa apenas em 1982, através do best-seller “The Holy Blood and the Holy Grail”, de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln, embora, em França, a sua pátria, se tivesse tornado público, de forma gradual, a partir de 1960. É uma ordem secreta quase maçônica ou de cavalaria, com determinadas ambições políticas e, parece, considerável poder oculto. Dito isto, é muito difícil classificar o Priorado, talvez porque exista algo de essencialmente quimérico em informação de todos os movimentos que foram dados pelo representante do Priorado, informação que conhecemos no princípio de 1991 – o encontro foi o resultado de uma série de cartas bizarras, que nos foram enviadas após uma discussão radiofônica acerca do Sudário de Turim.



O que conduziu a este encontro, ligeiramente surrealista, está pormenorizado no nosso livro anterior, mas, de momento, será suficiente dizer que um certo «Giovanni» (João em italiano)- que sempre conhecemos sob este pseudônimo – um italiano que alegava ser um dos membros da alta hierarquia do Priorado de Sião, nos observara, cuidadosamente, durante as primeiras fases da nossa investigação sobre Leonardo e o Sudário de Turim. Por qualquer razão, ele decidira, por fim, informar-nos de certos interesses daquela organização, e talvez mesmo implicar-nos nos seus planos. Grande parte daquela informação iria conduzir eventualmente – depois de a termos verificado, de forma algo tortuosa – na confecção do nosso livro sobre o Sudário de Turim, mas essa informação de modo algum foi importante para aquela obra e, por conseguinte, foi omitida.

Apesar das implicações da informação de Giovanni, muitas vezes espantosas, ou mesmo chocantes, fomos obrigados a tomar a sério pelo menos a maior parte dela, apenas porque a nossa investigação independente a confirmava. Por exemplo, a imagem do Sudário de Turim comporta-se como uma fotografia, porque é exatamente isso que ela é, como já demonstramos. E se, como ele afirmava, a informação de Giovanni tivesse origem nos arquivos do Priorado, então, havia razão para abordar a ideia da sua existência – talvez com algum ceticismo saudável, mas de modo algum com a completa negação de muitos dos seus detratores.

Quando começamos a envolver-nos no mundo secreto de Leonardo, depressa compreendemos que, se esta sociedade pouco definida fizera realmente parte integrante da sua vida, então, ela podia contribuir muito para explicar a força motivadora de Leonardo. Se, de fato, ele fizera parte de qualquer tipo de rede, poderosa e clandestina, os seus influentes patronos – como Lorenzo de Medici e Francisco I, de França – também podiam estar implicados. Parecia haver uma organização misteriosa por detrás das obsessões (n.t. e daquilo que ele sabia) de Leonardo: mas era essa organização, de fato, como alguns afirmam, o Priorado de Sião?

Se as reivindicações do Priorado são verdadeiras, então ele era já uma venerável organização quando Leonardo foi recrutado para as suas fileiras. Mas, qualquer que fosse a sua antiguidade, o Priorado devia ter exercido uma atração poderosa, talvez única, sobre o jovem artista e sobre vários dos seus colegas renascentistas, igualmente incrédulos. Talvez, como os maçônicos modernos, ela oferecesse progresso material e social, facilitando a carreira do jovem artista nas mais influentes cortes europeias, mas isso não explicaria a profundidade evidente das estranhas crenças de Leonardo. Fosse qual fosse a organização a que pertenceu, ela apelava ao seu espírito tanto como aos seus interesses materiais.

O poder subjacente ao Priorado de Sião é, no mínimo, parcialmente devido à sugestão de que os seus membros são, e sempre foram, guardiões de um grande segredo – um segredo que, se fosse tornado público, abalaria os verdadeiros alicerces tanto da igreja como do Estado. O Priorado de Sião, por vezes conhecido por Ordem de Sião ou Ordem da Nossa Senhora de Sião, assim como por outros títulos subsidiários, alega ter sido fundado em 1099, durante a Primeira Cruzada – e, mesmo então, foi apenas uma questão de formalizar um grupo cuja custódia deste conhecimento explosivo já datava de há muito tempo atrás.



O Priorado alega estar nos bastidores da criação dos Cavaleiros Templários – essa curiosa organização de monges-soldados medievais de sinistra reputação. O Priorado e os Templários tornaram-se, consoante se alega, virtualmente a mesma organização, presidida pelo mesmo grão-mestre, até sofrerem um cisma, em 1188, e seguirem caminhos distintos. O Priorado continuou sob a custódia de uma série de grão-mestres, incluindo alguns dos nomes mais ilustres da história, como Sir Isaac Newton, Sandro Felipepi (conhecido como Botticelli), Robert Fludd, o filósofo ocultista inglês – e, claro, Leonardo da Vinci, que, alegadamente, presidiu ao Priorado durante os últimos nove anos da sua vida.

Entre os seus líderes mais recentes, contam-se Vítor Hugo, Claude Debussy – e o artista, escritor, dramaturgo e realizador cinematográfico Jean Cocteau. E, embora não fossem grão-mestres, alegadamente, o Priorado tem atraído outros luminares, ao longo dos séculos, como Joana d’Arc, Nostradamus (Michel de Notre Dame) e mesmo o papa João XXIII.

Além destas celebridades, a história do Priorado de Sião, alegadamente, envolveu as mais importantes famílias reais e aristocráticas da Europa, geração após geração. Estas famílias incluíam os D’Anjou, os Habsburgo, os Sinclair e os Montgomery. O objetivo declarado pelo Priorado é proteger os descendentes da antiga dinastia merovíngia, reis do que hoje é a França – que reinaram desde o século V até ao assassinato de Dagoberto II, no final do século VII, e com ele a dinastia merovíngia. No entanto, os críticos afirmam que o Priorado de Sião existe apenas a partir de 1950 e é formado por um pequeno grupo de mitomaníacos sem poder efetivo – monárquicos com ilimitadas ilusões de grandeza.

Assim, por um lado, temos as reivindicações do Priorado à sua genealogia e raison d’étre e, por outro lado, os argumentos dos seus detratores. Fomos confrontados com este abismo, aparentemente intransponível, e – para ser honesto – tivemos dúvidas em continuar com esta linha particular de investigação. Contudo, compreendemos que, embora uma avaliação do Priorado se dividisse logicamente em duas partes – as questões da sua existência, em tempos recentes, e das suas pretensões históricas -, o problema era complexo, e nada ligado a esta organização era transparente.

Uma ligação dúbia ou uma contradição aparente, relativas às atividades do Priorado, levava, inevitavelmente, os céticos a considerarem toda a situação como um disparate completo, do princípio ao fim. Mas devemos lembrar que estamos lidando com criadores de mitos que, muitas vezes, estão mais preocupados em transmitir IDEIAS PODEROSAS, e mesmo chocantes, através de imagens de arquétipo do que em comunicar a verdade literal.

Não tínhamos dúvidas da existência moderna do Priorado. Os nossos contatos com Giovanni convenceram-nos de que ele, pelo menos, não era um impostor casual e que a sua informação era digna de confiança. Não apenas nos revelou fatos preciosos acerca do Sudário de Turim como nos forneceu pormenores acerca de vários indivíduos que, atualmente, estão implicados no Priorado e noutras organizações esotéricas, talvez aliadas, tanto no Reino Unido como na Europa continental. Por exemplo, ele mencionou, como membro, um consultor editorial com o qual um de nós trabalhara nos anos 70. À primeira vista, a afirmação de Giovanni referente a este homem parecia uma fantasia maliciosa da sua parte, mas, alguns meses depois, aconteceu uma coisa muito estranha.



Pelo que foi certamente uma coincidência espantosa, esse mesmo editor assistiu a uma festa organizada por uma das nossas amigas, em Novembro de 1991, num restaurante de que ela gostava particularmente – que não era, de modo nenhum, a sua casa num dos condados junto a Londres, mas que ficava muito próximo da casa de um de nós. Assim, foi verdadeiramente surpreendente encontrar entre os convidados, tão perto da nossa casa, alguém que fora mencionado por Giovanni. Depois mantivemo-nos em contato com ele e fomos convidados para a sua casa, no Surrey. Sendo boa companhia, não foi difícil passar algum tempo com ele e com a sua mulher, mas, gradualmente, um fato tornou-se evidente. Ele era membro do Priorado de Sião.

O nosso contato com ele, durante este período, culminou com um convite para uma festa, após o Natal, na sua casa de campo. A festa foi uma fascinante reunião de amigos, e os outros convidados eram cosmopolitas encantadores, que estavam todos notavelmente – e, talvez, por percepção tardia, excessivamente – interessados no nosso trabalho sobre Leonardo e o Sudário. Foi muito lisonjeador, mas um pouco inquietante, sobretudo porque eram todos membros do cenário bancário internacional.

Já sabíamos que o nosso anfitrião era membro de um gênero de organização maçônica, mas, apesar do seu espírito vivo e, por vezes, exuberante, era também um praticante do ocultismo. Sabíamos que isso era verdade, em parte, porque ele próprio nos informara, no que foi claramente uma atitude deliberada. Obviamente, ele queria que conhecêssemos alguma coisa acerca das tendências ocultistas dele próprio e do seu círculo – mas o quê exatamente? Fosse qual fosse a natureza da agenda oculta do nosso anfitrião, ficamos sabendo que o Priorado existia entre homens e mulheres, cultos e influentes, que falavam inglês. Giovanni também mencionou um certo diretor de uma empresa de publicidade de Londres, também nosso conhecido, como membro do Priorado.

Embora não conseguíssemos confirmar a sua qualidade de membro daquela organização, descobrimos que o seu interesse no ocultismo ultrapassava os artigos e os livros ocasionais que escrevia sobre o assunto usando pseudônimos. Também desempenhara um papel importante na publicidade de The Holy Blood and The Holy Grail quando foi publicado, em 1982. (E, certamente, não é coincidência que ele tenha uma segunda casa muito próximo de uma certa aldeia francesa que tem, como veremos, um papel importante a desempenhar no drama que rodeia o Priorado de Sião.)

O fato importante que emergiu dos nossos contatos com estes homens é que o moderno Priorado de Sião não é, como alegam os críticos, uma simples invenção de um pequeno grupo de franceses com fantasias monárquicas. Devido aos nossos recentes contatos e experiência, não duvidamos de que o Priorado existe ainda agora, hoje.

A sua alegada genealogia histórica, no entanto, é uma outra questão. Temos de admitir que os críticos do Priorado têm razão quanto à sua primeira referência documentada, que data apenas de 25 de Junho de 1956. Segundo a lei francesa, todas as associações têm de se registrar, por paradoxal que isso possa parecer, no caso das chamadas sociedades «secretas». No momento do registo, o Priorado declarou que o seu objetivo era oferecer «estudos e auxílio mútuo aos membros» – uma declaração que, embora pickwickiana no seu malicioso altruísmo, é também um caso de cuidadosa neutralidade.

O Priorado declarou apenas uma atividade, a publicação de um jornal chamado Circuit que se destinava, nas palavras do Priorado, «à defesa e informação dos direitos e liberdades da habitação-de-renda-reduzida» (foyers HLM – literalmente o equivalente à habitação social inglesa). Esta declaração referia quatro funcionários da associação, o mais interessante – e o mais conhecido – dos quais era um certo Pierre Plantard, que era também o editor do Circuit.

Desde aquela obscura declaração, o Priorado de Sião tornou-se conhecido de uma audiência mais vasta. Não apenas os seus estatutos surgiram na imprensa, completados pela assinatura do seu alegado anterior grão-mestre, Jean Cocteau (embora, evidentemente, ela possa ser uma falsificação), mas também o Priorado surgiu em vários livros. A sua estréia ocorreu em 1962, em Les Templiers sont parrmis nous (Os Templários Estão entre Nós), de Gérard de Sède, que incluía uma entrevista com Pierre Plantard.



O Priorado, no entanto, teve de esperar vinte anos para ter impacto no mundo de língua inglesa. Em 1982, o fenomenal best-seller The Holy Blood and The Holy Grail, de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln chegou às livrarias, e a controvérsia subsequente tornou o Priorado de Sião um tema de debate em voga entre um público muito mais vasto. O que esse livro reivindicava para a organização, e o que extrapolava dos seus alegados objetivos, será, no entanto, tratado mais tarde.

Pierre Plantard emerge dos elementos tornados públicos como uma figura plausível, que aperfeiçoou a arte dos políticos: olhar de frente para o entrevistador, enquanto, habilmente, consideram a verdadeira pergunta de modo muito diferente. Nascido em 1920, tornou-se conhecido do público, pela primeira vez, na França ocupada de 1942, como editor de um jornal, chamado Vaimcre pour ume jeume chevalerie (A Conquista de Uma Jovem Cavalaria) – que era nitidamente tolerante com os opressores nazistas e que foi, de fato, publicado com a sua autorização.

Oficialmente, este jornal era o órgão da Ordem Alpha-Galates, uma sociedade quase maçônica e cavaleiresca, sedeada em Paris, da qual Plantard se tornou grão-mestre, aos 22 anos. De princípio, os seus editoriais surgiram sob o nome de «Pierre de France», depois «Pierre de France-Plantard e, finalmente, simplesmente «Pierre Plantard». A obsessão com que considerava ser a versão correcta do seu nome verificou-se novamente quando adotou o título mais grandioso de «Pierre Plantard de Saint-Clair», o nome sob o qual surgiu em The Holy Blood and The Holy Grail – e que usou quando foi grão-mestre do Priorado de Sião, entre 1981 e 1984. (Vaimcre passou agora para o título do boletim interno do Priorado, que foi editado por Pierre Plantard de Saint-Clair e por seu filho Thomas.

Este antigo desenhador de uma firma de acessórios para fogões, que, alegadamente, tinha dificuldade, por vezes, em pagar às próprias contas, exerceu, todavia, uma considerável influência na história europeia. Foi Pierre Plantard de Saint-Clair – sob o pseudônimo de «Capitão Way» – que esteve por detrás da organização dos Comitês de Salvação Pública que promoveram o regresso ao poder na França pós guerra do general Charles de Gaulle, em 1958.

Consideremos, agora, a natureza essencialmente paradoxal do Priorado de Sião. Primeiro, donde vem, de fato, a informação pública acerca desta organização e até que ponto ela é digna de confiança? Como foi citado em The Holy Blood and The Holy Grail, a fonte primordial é uma coleção de apenas sete enigmáticos documentos, conservados na Biblioteca Nacional de Paris, conhecidos como Dossiers secrets (arquivos secretos). À primeira vista, parecem uma miscelânea de textos e de genealogias históricas e de obras alegóricas, mais modernas, atribuídas a autores anônimos ou a autores com pseudônimos banais ou ostentam nomes de pessoas que nada têm a ver com eles.

A maioria destes registros diz respeito à suposta obsessão merovíngia da sociedade e centra-se no famoso mistério do pequeno vilarejo francês de Rennes-le-Château, a remota aldeia do Languedoc, que foi o ponto de partida da investigação de Baigent, Leigh e Lincoln. Contudo, emergem outros temas que, para nós, são muito mais importantes e que trataremos resumidamente. O primeiro artigo dos arquivos secretos foi depositado em 1964, embora esteja datado de 1956. O último artigo foi depositado em 1967.

Sensatamente, podíamos considerar grande parte do conteúdo dos arquivos como sendo qualquer tipo de brincadeira. Contudo, abstivemo-nos desta reação imediata porque sabíamos, pela nossa experiência do Priorado de Sião e do seu modus operandi, que ele se vangloria de desinformação deliberada e pormenorizada. Por detrás desta cortina de fumaça de total disparate, prevaricação e ofuscação, existe um propósito muito sério e muito deliberado.

Contudo, o que nunca poderia ter fascinado e motivado nomes ilustres, como Leonardo ou Isaac Newton, durante tanto tempo era esta suposta obsessão de reconduzir a descendência merovíngia, há muito desaparecida, a uma posição de poder na França moderna. Face às provas apresentadas nos arquivos secretos, a causa da sobrevivência da dinastia, para além de Dagoberto II, para não mencionar a continuação de uma clara linha de descendência até ao fim do século XX, é, na melhor das hipóteses, frágil, e, na pior das hipóteses, claramente fictícia.


A Dinastia Merovíngia dos primeiros reis da França teria origem na descendência de Jesus e Maria Madalena….

Afinal, qualquer pessoa que tenha estado a investigar a sua própria árvore genealógica para além das duas ou três gerações anteriores, em breve descobre que todo o processo é complexo e problemático. Assim, mantém-se a pergunta: esta causa podia ter inspirado homens e mulheres de grande inteligência, geração após geração? É difícil imaginar que pessoas como Isaac Newton e Leonardo tivessem sido muito influenciadas, por exemplo, por uma sociedade britânica cujos objetivos fossem reconduzir ao poder os descendentes do rei Haroldo II (morto pelas tropas de Guilherme, o Conquistador, em 1066).

Para o moderno Priorado de Sião, existem grandes dificuldades na realização do seu objetivo de restaurar a descendência merovíngia. Não existe apenas o problema de transformar a França republicana na monarquia que ela rejeitou, há mais de dois séculos, mas, mesmo assim (supondo que a sucessão merovíngia pudesse ser provada), aquela mesma dinastia não tem qualquer direito ao trono porque a nação francesa não existia durante a era merovíngia. Como o escritor francês Jean Robin expôs a questão, de forma sucinta: «Dagoberto era… um rei em França, mas, de modo algum, rei da França.”

Os arquivos secretos podem parecer um completo disparate, mas a simples dimensão do esforço e dos recursos investidos neles e na manutenção das suas pretensões faz-nos hesitar. Mesmo o escritor francês Gérard de Sède, que dedica muitas páginas, minuciosamente argumentadas, à destruição das alegadas provas de defesa da causa merovíngia, apresentadas nos arquivos, admitiu que a investigação e os recursos eruditos e acadêmicos que estes implicaram eram desproporcionadamente impressionantes. Apesar de criticar severamente «este mito delirante», ele conclui, todavia, que existe um verdadeiro mistério por detrás de tudo isto. Uma característica curiosa dos arquivos é a implicação constante e subjacente de que os autores tinham acesso aos arquivos oficiais do Governo e da Polícia.

Citando apenas dois exemplos, entre muitos: em 1967, um folheto, chamado Le serpent rouge (A Serpente Vermelha), foi anexado aos arquivos e atribuído a três autores – Pierre Feugère, Louis Saint-Maxent e Gaston de Koker – datado de 17 de Janeiro de 1967, embora o talão de depósito na Biblioteca Nacional esteja datado de 15 de Fevereiro. Este extraordinário texto de treze páginas, geralmente muito apreciado como exemplo de talento poético, também engloba simbolismo astrológico, alegórico, esotérico e alquímico. Mas o que isto tem de sinistro é que os três autores foram todos encontrados enforcados, com intervalo de vinte e quatro horas, a 6/7 de Março desse mesmo ano. A implicação sugere que as suas mortes foram consequência da sua colaboração na composição de Le serpent rouge.

Contudo, a investigação subsequente revelou que a obra fora anexada aos arquivos a 20 de Março – depois de todos terem sido encontrados mortos e que o talão de depósito fora deliberadamente falsificado para indicar a data de Fevereiro. Mas, indiscutivelmente, a coisa mais espantosa em todo este estranho caso é que os três alegados autores não tinham, de fato, qualquer ligação com este panfleto ou com o Priorado de Sião… Presumivelmente, alguém aproveitara o fato destas três mortes, bizarramente sincronizadas, e usara-as para estranhos objetivos pessoais.

Mas porquê? E, como indica De Sède, decorreram apenas treze dias entre as três mortes e o depósito do panfleto na Biblioteca Nacional – o que foi um trabalho tão rápido que levantou fortes suspeitas de que o(s) verdadeiro(s) autor(es) tinha(m) conhecimento interno das investigações confidenciais da Polícia. E Franck Marie, escritor e detetive particular, provou, de forma concludente, que a mesma máquina de escrever fora usada para compor Le serpent rouge e alguns dos documentos posteriores dos arquivos secretos.

Depois verificou-se o caso da falsificação dos documentos do Lloyds Bank. Pergaminhos, alegamente do século XVII, encontrados por um sacerdote francês, no fim do século passado, e que, supostamente, provavam a continuidade da linha de descendência merovíngia, foram comprados por um cavalheiro inglês, em 1955, e depositados numa caixa-forte de uma agência do Lloyds Bank em Londres. Embora ninguém tivesse visto estes documentos, conhecia-se a existência de cartas que confirmavam o fato de estes terem sido depositados e que estavam assinados por três importantes homens de negócio ingleses, todos eles com ligações anteriores aos Serviços Secretos Ingleses.


Os merovíngios foram uma dinastia franca saliana que governou os francos numa região correspondente, grosso modo, à antiga Gália da metade do século V à metade do século VIII. Eles eram citados às vezes por seus contemporâneos como os “reis de cabelos longos” (em latim reges criniti), por não cortarem simbolicamente os cabelos (tradicionalmente, os líderes tribais dos francos exibiam seus longos cabelos como distinção dos cabelos curtos dos romanos e do clero). O termo “merovíngio” deriva do latim medieval Merovingi ou Merohingi (“filhos de Meroveu”). O domínio merovíngio foi encerrado por um golpe de Estado em 751 quando Pepino o Breve formalmente depôs Childeric III, dando início à dinastia carolíngia.

Mas durante as investigações para The Messianic Legacy. (a sequencia de The Holy Blood and The Holy Grail), Baigent, Leigh e Lincoln conseguiram provar que as cartas eram uma falsificação – embora incorporassem partes de documentos genuínos, com assinaturas verdadeiras, e cópias dos certificados de nascimento dos três homens de negócios. No entanto, a questão mais importante e de maior alcance é que quem quer que os forjasse parece ter obtido as partes genuínas dos documentos nos arquivos do Governo francês, de um modo que implica fortemente os Serviços Secretos Franceses.

Mais uma vez, somos confrontados com uma sensação de grande estranheza. Um enorme montante de tempo, esforço e talvez mesmo riscos e perigo pessoal deve ter estado envolvido na montagem deste cenário. Mas, ao mesmo tempo, em última análise, ele parece ser completa e absolutamente desprovido de significado. Nesse aspecto, todo o caso se limita a seguir a velha tradição dos Serviços (e sociedades) Secretos, em que poucas coisas são o que parecem ser e os fatos aparentemente de mais fácil compreensão podem bem ser exercícios de completa desinformação.

Continua em 2B …

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31.12.14

Capítulo 04 B 

 A PÁTRIA DA HERESIA

Posted by Thoth3126 on 31/12/2014

 


maria-madalena-painting by Frederick Sandys
Os bogomilos e as suas ramificações, como os cátaros, eram dualistas e gnósticos: para eles, o mundo material é inerentemente mau, o espírito está prisioneiro num corpo imundo e o único meio de libertação é através da Gnosis, a revelação pessoal que conduz a alma à perfeição e ao conhecimento de Deus.

Há muitas raízes possíveis do gnosticismo – a antiga filosofia grega, cultos misteriosos, como o de Dionísio, e outras religiões, como o hinduísmo, o zoroastrianismo, são possíveis candidatos. (Mais pormenores podem encontrar-se no estudo magistral de Yuri Stoyanov, The Hidden Traditionin Europe, 1994.)

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 04 B – A PÁTRIA DA HERESIA – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ” de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO IV B – A PÁTRIA DA HERESIA

Confrontados com o gênero de literatura sobre o tema do catarismo (*), que se encontra nas lojas turísticas do Languedoc, é desculpável pensarmos que era uma espécie de visão rudimentar da New Age. com uma teologia bem definida e simplista, existem literalmente dúzias de livros e panfletos que glorificam o humanitarismo dos cátaros e as suas crenças em princípios tão «modernos» hoje como a reencarnação e o vegetarianismo. De modo geral, isso é um absurdo sentimental.

(*) O catarismo (do grego καϑαρός-katharós, “puro, imaculado” de onde também deriva o nome feminino Catharina) foi um movimento cristão de ascetismo extremo no sul da França, centralizado na região do Languedoc entre os anos de 1100 e 1200, estreitamente ligado aos bogomilos da Trácia. O movimento foi tão forte no sul da França e na Europa Ocidental que a igreja Católica Romana passou a considerá-lo uma séria ameaça à religião ortodoxa de Roma. As principais manifestações do catarismo centralizavam-se na cidade de Albi, motivo pelo qual seus adeptos também receberam o nome de “albigenses”. A nova crença também arregimentou adeptos na Catalunha, na Alemanha, na Inglaterra e na Itália.


ΙΧΘΥΣ (ICHTIUS): Ιησος Χριστος Θεου Υιος Σωτηρ, Iesus Christus Theos Uios Soter=Jesus Cristo Salvador Filho de Deus. As Iniciais em grego desta frase ΙΧΘΥΣ (ICHTIUS) significa Peixe. Os primeiros cristãos usavam o símbolo do peixe (o símbolo da era astronômica iniciada em torno de 148 a.C., a era de Peixes que terminou em 21 de dezembro de 2.012 a.D., quando então começou a Era Astronômica de Aquário) para se identificarem mantendo a discrição, buscando evitar sua delação para as tropas romanas durante a perseguição do império romano aos cristãos dos primeiros séculos.

Os cátaros praticavam o vegetarianismo, não somente pelo seu amor aos animais mas devido à sua aversão pela procriação, e apenas comiam peixe, na convicção de que os peixes se reproduziam assexuadamente. A sua ideia de reencarnação baseava-se no conceito do «bom fim» (morte), que significava geralmente ser martirizado pela sua fé. Se sofriam esse fim, não se punha a questão de voltar a reencarnar neste miserável vale de lágrimas, aqui na Terra, caso contrário, teriam de regressar até o conseguirem.

Tem-se tentado argumentar que o catarismo era inteiramente um produto local do Languedoc; isso é manifestamente falso, mas ele englobou elementos regionais na sua teologia. Curiosamente, uma coisa que era única dos cátaros era a crença de que Maria Madalena era mulher de Jesus Cristo, ou talvez sua concubina que com ele teve filhos. Esta crença, no entanto, não era considerada conhecimento apropriado para todos os cátaros, mas era reservada apenas para os principais iniciados – o círculo mais fechado e secreto.

Os cátaros eram exageradamente anti-sexuais e mesmo anti-casamento, por isso era improvável que eles tivessem inventado esta ideia; talvez ficassem tão horrorizados com ela que a reservaram para aqueles que já tinham provado ser fiéis.

Por vezes, os cátaros encontraram-se numa posição teológica embaraçosa; por um lado, encorajavam ativamente os seus fiéis a ler a Bíblia (ao contrário do catolicismo ortodoxo, que se opunha energicamente ao acesso popular às Escrituras, qualquer uma, para o catolicismo romano quanto mais ignorância melhor), mas, por outro, tiveram de reinterpretar radicalmente os acontecimentos bíblicos para os harmonizar com as suas crenças. O exemplo principal da sua reinvenção do Novo Testamento é o da sua visão da crucificação, em que eles colocam um Jesus, feito de puro espírito, a ser pregado na cruz. Embora não exista qualquer fundamento bíblico para este conceito, eles tiveram de inventar este «outro» Jesus, devido à sua aversão pelo corpo físico – ter um Cristo corpóreo, para eles, era impensável.



Assim, a sua ideia de Jesus e Maria Madalena serem parceiros sexuais dificilmente pode ter sido o resultado de uma suposição desejada por eles. De fato, eles debateram-se com diferentes justificações teológicas para explicar o casamento, algo que não os teria preocupado tanto se sentissem que podiam considerar a história um completo absurdo. Isto parece apontar para a preponderância da ideia da relação de Jesus e Maria Madalena, no Languedoc da época – não era apenas uma parte integrante do que as pessoas vulgares acreditavam, sem qualquer dúvida, mas também tão central para todo o mundo cristão daquela região que tinha de ser resolvida, de preferência a ser ignorada. Como escreve Yuri Stoyanov:

Apresentar Maria Madalena como «esposa» ou «concubina» de Cristo parece ser, além do mais, uma tradição original cátara que não tem qualquer contrapartida nas doutrinas dos bogomilos. Embora Maria Madalena fosse, e ainda seja, uma mulher muito popular na Provença, onde se supõe que ela viveu, foi no Languedoc que ela se tornou o centro de crenças abertamente heréticas e – como iríamos descobrir – é também nesta região que essas crenças originam paixões espantosas, boatos insensatos e segredos misteriosos.

Como vimos, a idéia de Jesus e Maria Madalena serem amantes também se encontra nos Evangelhos de Nag Hammadi, que ficaram escondidos no Egito desde o século IV da era cristã. Seria possível que as crenças semelhantes do Languedoc tivessem origem neles ou numa fonte comum? Alguns estudiosos, especialmente Marjorie Malvern, especularam que o culto de Madalena, no Sul de França, preservou estas primitivas idéias gnósticas. E há algumas provas de que, de fato, foi este o caso.

Na terceira década do século XIV, um notável opúsculo, denominado Schwester Katrei (Irmã Catarina) foi publicado em Estrasburgo, alegadamente escrito pelo místico alemão mestre Eckhart – mas os estudiosos são de opinião de que o verdadeiro autor foi uma das suas discípulas. Apresenta uma série de diálogos entre a «irmã Catarina» e o seu confessor, relativos à experiência religiosa de uma mulher e, embora contenha muitas idéias ortodoxas, também expõe muitas outras que, decididamente, não são tão ortodoxas. Por exemplo, faz esta afirmação: «Deus é a Mãe (o feminino) Universal […]» e revela claramente uma forte inspiração cátara, além da influência da tradição dos trovadores/Minnesingers.

Este invulgar e claro opúsculo liga Madalena com Minne (o princípio feminino) – a Mulher amada dos Minnesingers, e o mais interessante é que constituiu motivo de reflexão para os estudiosos porque contém ideias sobre Maria Madalena que, de outro modo, só se encontravam nos Evangelhos de Nag Hammadi: ela é retratada como sendo superior a Pedro, devido à sua maior compreensão dos ensinamentos de Jesus Cristo, e existe a mesma tensão entre Pedro e Maria. Além disso, acidentes factuais que são descritos nos textos de Nag Hammadi também são referidos no opúsculo da Irmã Catarina.

A professora Barbara Newman, da Universidade da Pensilvânia, foca esta dificuldade acadêmica nestas palavras: «O fato de a irmã Catarina usar estes temas levanta um problema espinhoso de transmissão histórica», e confessa que é «um fenômeno real, embora desconcertante. Como é que o autor do texto da Irmã Catarina, no século XIV, obteve o conteúdo de textos que só foram descobertos no século XX?



Não pode ser por coincidência que o opúsculo revela a influência dos cátaros e dos trovadores do Languedoc, e a conclusão óbvia é que foi através deles que foi transmitido o conhecimento dos Evangelhos gnósticos relativos a Maria Madalena; os seus segredos podem residir não só no que conhecemos como textos de Nag Hammadi mas também em documentos semelhantes, que ainda não foram redescobertos.

É interessante que exista no Sul de França, uma crença permanente na relação humana completa entre o casal Madalena e Jesus Cristo (o feminino e o masculino divinos, como Krishna e sua consorte Radharani). A investigação inédita de John Saul desenterrou muitas referências a esta união, na literatura do Sul de França, até ao século XVII – especificamente em obras de autores associados ao Priorado de Sião, como César, filho de Nostradamus (a obra de César foi publicada em Toulouse, um centro do catarismo).

Víramos na Provença que onde existem centros de Madalena se encontram habitualmente lugares associados a João Batista. Como os cátaros pareciam ter grande consideração por ela, talvez também prestassem a mesma veneração a Batista. Mas, pelo contrário, parecia que os cátaros tinham uma forte antipatia por Batista, a ponto de o descreverem como «um demônio». Este sentimento vem diretamente dos bogomilos, alguns dos quais o referiram (de modo um tanto confuso) como «precursor do Anticristo».

Um dos poucos textos sagrados dos cátaros ainda existente é o Livro de João (também conhecido por Liber Secretum), que é uma versão gnóstica do Evangelho de um outro João (o evengelista, o discípulo amado por Cristo): grande parte dele é exatamente igual ao Evangelho canônico, mas contém algumas «revelações» extras, supostamente feitas por Cristo, em segredo, a João, o «discípulo amado». Estas revelações são ideias gnóstico-dualistas, que se harmonizavam com a teologia geral dos cátaros.


No oriente é fato comum que toda manifestação da divindade em corpo masculino seja acompanhada de sua contraparte feminina, como Krishna e Radharani, Rama e Sita, Vishnu e Lakshmi, somente no Oriente Médio é que Cristo foi CASTRADO e a parte feminina de Deus prostituida.

Neste livro, Jesus diz aos discípulos que João Batista era, de fato, um emissário de Satanás (o senhor deste mundo material), enviado para tentar sabotar a sua missão de salvação. Era um texto originariamente bogomilo e não foi completamente aceito por todos os bogomilos ou por todos os cátaros. Muitas seitas cátaras alimentavam ideias mais ortodoxas ainda em relação a João Batista, e existem mesmo sinais de que os bogomilos dos Balcãs celebravam ritos a 24 de Junho, o dia da sua festa.

O que é certo é que os cátaros tinham um especial respeito pelo Evangelho de João, o qual é geralmente considerado pelos estudiosos como sendo o evangelho gnóstico do Novo Testamento. (Nos círculos ocultistas há um antigo rumor de que os cátaros tinham uma outra versão, agora perdida, do Evangelho de João, e muitos ocultistas têm pesquisado a área em redor de Montségur, na esperança de o encontrar – mas sem sucesso.)

É evidente que os cátaros tinham ideias não ortodoxas, embora talvez confusas, sobre João Batista. Mas teria algum significado o seu conceito de um João perverso e de um Jesus bom? Talvez não houvesse, mas – como sugeriram alguns comentadores modernos – a relação entre dois homens talvez não tivesse sido tão bem definida como a maioria dos cristãos é levada a acreditar. A ideia cátara pode ter representado a sua filosofia dualista no seu máximo simplista: do par, João e Jesus, um é mau e outro é bom.

Mas, se é assim, então a conclusão lógica é que eles os consideravam como sendo opostos mas iguais. Isto implica que os cátaros os consideravam rivais, o que dificilmente é a visão católica tradicional – e revela que dúvidas desconcertantes acerca do apoio de João à missão de Jesus há muito tempo tinham sido reconhecidas nesta região. Como a revelação de Madalena e Jesus, também a de João e Jesus parece ter sido entendida como sendo radicalmente diferente da versão ensinada pela Igreja romana.

Superficialmente, é decepcionante contar com os cátaros para a confirmação da importância de João para os movimentos heréticos. Mas existe uma importante organização histórica que faz mais do que repor o equilíbrio. São, evidentemente, os Cavaleiros da Ordem do Templo, os Templários, para quem João Batista sempre foi – inexplicavelmente – objeto de grande devoção. E tal como a cruzada dos cátaros deixou uma visível herança dos seus traumas na paisagem do Languedoc, também os castelos destes enigmáticos cavaleiros ainda se erguem das brumas nas partes mais remotas desta região.

Os Templários são, nesta altura, uma espécie de lugar-comum esotérico, como saberá qualquer pessoa que esteja familiarizada com a ficção de Umberto Eco, e a maioria dos historiadores, os ditos “eruditos”, não sente qualquer constrangimento em afastar, com o maior desdém, qualquer coisa que pretenda ser inspirada nos seus «segredos». No entanto, qualquer mistério ligado ao Priorado de Sião também envolve estes guerreiros-monges, e, portanto, eles são parte intrínseca desta investigação.


O Significado do nome Jesus Cristo em grego: X e P letras gregas X=chi e P=rho (com Alpha (α, o princípio) e Ômega (ω o fim) incluídos no símbolo), iniciais em grego do nome Cristo. In Hoc Signo Vinces em latim significa: Sob este sinal Vencerás. Em Grego, Jesus Cristo (Cristo significa Ungido, Messias) escreve-se como Ιησος Χριστος, ou de um modo mais completo, o nome que as primeiras comunidades cristãs Lhe atribuíam em Grego: Ιησος Χριστος Θεου Υιος Σωτηρ, Iesus Christus Theos Uios Soter=Jesus Cristo Salvador Filho de Deus. As Iniciais em grego desta frase ΙΧΘΥΣ (ICHTIUS) significam Peixe em grego.

Um terço de todas as propriedades européias dos Templários encontrava-se, outrora, no Languedoc, e as suas ruínas apenas aumentam a beleza selvagem da região. Segundo uma das mais pitorescas lendas locais, sempre que o dia 13 de Outubro cai a uma sexta-feira (o dia e a data da súbita e brutal supressão da ordem) estranhas luzes aparecem nas ruínas e vêem-se figuras misteriosas a deambular entre elas. Infelizmente, nas sextas-feiras que passamos naquela região, não vimos nem ouvimos nada, exceto os roncos alarmantes dos javalis selvagens; mas a história mostra como os Templários se tornaram parte da lenda local.

Os Templários continuam a viver nas lembranças dos habitantes locais, e essas lembranças não são, de modo algum, negativas. Mesmo neste século, a famosa cantora de ópera Emma Calvé, que veio de Aveyron para o norte do Languedoc, registrou nas suas memórias que os habitantes locais, a respeito de um rapaz ser especialmente bonito ou inteligente, dizem: «É um verdadeiro filho dos Templários.”

Os fatos principais relativamente aos Templários são simples. Oficialmente conhecidos por Ordem dos Cavaleiros Mendicantes do Templo de Salomão, foram organizados em 1118 pelo fidalgo francês Hugues de Payens, como escolta cavaleiresca dos peregrinos da Terra Santa. Inicialmente, eram apenas nove, durante os primeiros nove anos, depois a ordem expandiu-se e, em breve, estabeleceu-se como uma força a se considerar, não apenas no Médio Oriente mas também em toda a Europa.

Após o reconhecimento da ordem, Hugues de Payens iniciou uma viagem européia, solicitando terras e dinheiro à realeza e à nobreza da Europa. Em 1129, visitou a Inglaterra e fundou o primeiro centro templário daquele país, no lugar que é agora a Estação do Metropolitano de Holborn, em Londres.

Como todos os outros monges, os cavaleiros faziam votos de pobreza, castidade e obediência, mas viviam no mundo e do mundo e comprometiam-se a usar a espada, se necessário, contra os inimigos de Cristo – e a imagem dos Templários tornou-se inseparavelmente associada às cruzadas que foram empreendidas para expulsar os infiéis de Jerusalém e conservá-la cristã.

Foi em 1128 que o Concilio de Troyes reconheceu oficialmente os Templários como uma ordem religiosa e militar. O principal protagonista que esteve por detrás deste movimento foi Bernardo de Clairvaux, o dirigente da Ordem de Cister, que, mais tarde, foi canonizado. Mas como escreve também Gascoigne:

Ele era agressivo, era injurioso… era um político desleal, pouco escrupuloso nos métodos que usava para abater os seus inimigos.

Bernardo foi, de fato, o autor da Regra dos Templários – que foi baseada na de Cister – e foi um dos seus protegidos quem, como papa Inocêncio II, declarou, em 1139, que os Cavaleiros apenas seriam responsáveis perante o papado a partir daquela data. Como a Ordem dos Templários e a de Cister evoluíram em paralelo, pode discernir-se alguma coordenação deliberada entre elas – por exemplo, o suserano de Hugues de Payens, o conde de Champagne, doou a S. Bernardo as terras de Clairvaux, em que ele construiu o seu «império» monástico. E, de modo significativo, André de Montbard, um dos nove Cavaleiros fundadores, era tio de Bernardo. Tem sido sugerido que os Templários e os cistercienses atuavam em conjunto, segundo um plano pré-estabelecido, para dominar a Europa, mas esse plano nunca teve êxito.


Bernardo de Clairvaux

É difícil exagerar o prestígio e o poder financeiro dos Templários quando estavam no auge da sua influência na Europa. Dificilmente existia um centro importante de civilização onde eles não tivessem um preceptorado – como, por exemplo, a proliferação de topônimos, como Temple Fortune e Temple Bar (Londres) e Temple Meads (Bristol) em Inglaterra ainda mostra. Mas, à medida que o seu império se expandia, a sua arrogância aumentou e começou a envenenar as suas relações com os chefes de Estado temporais e também seculares ou a cobiça e a inveja destes mesmos como Felipe o Belo, rei da França, em relação ao poder e à riqueza possuída pelos Templários, despertou a ira na nobreza europeia contra a Ordem.

A riqueza dos Templários, em parte, era resultante da sua regra: todos os novos membros tinham de entregar os seus bens à ordem, a qual também acumulou uma considerável fortuna através de enormes doações de terras e de dinheiro feitas por reis e nobres. Os cofres da ordem em breve transbordavam de dinheiro, não menos devido a terem adquirido uma impressionante organização financeira, cuja consequência foi transformá-los nos primeiros banqueiros internacionais, de cujo critério dependiam as taxas de crédito das outras instituições. Foi uma maneira segura de se instituírem como um poder importante. Num curto espaço de tempo, o seu título de «Cavaleiros Mendicantes» tomou-se uma profunda hipocrisia, apesar de os soldados rasos (a maioria) poderem ter continuado pobres.

Além da sua espantosa riqueza, os Cavaleiros Templários eram famosos pela sua destreza, bravura e coragem em combate – por vezes, até ao ponto da entrega ao sacrifício em campo de batalha, um cavaleiro Templários jamais recuava, ou vencia ou perecia no campo de combate. Tinham regras específicas que regulamentavam a sua conduta como guerreiros, por exemplo, era proibido renderem-se, a não ser que as probabilidades em seu desfavor fossem superiores a três contra uma, e mesmo assim tinham de obter a aprovação do seu comandante. Eram os serviços militares especiais da sua época – uma força de elite, com cavalaria, armaduras, pesado armamento, com muito poder econômico e Deus do seu lado. Um exército convencional não era páreo para enfrentá-los.

Apesar dos seus melhores esforços, a Terra Santa caiu em poder dos sarracenos, pouco a pouco, até que, em 1291, o último território católico, a cidade de Acre, passou para as mãos inimigas. Não havia nada que os Templários pudessem fazer para além de regressar à Europa e planejar de lá a sua eventual reconquista, mas, infelizmente, nessa altura a motivação para tal campanha já desaparecera entre os vários reis que a podiam ter financiado. A sua principal razão de existir reduzira-se – aparentemente – a nada (n.t. isso para os neófitos que ainda hoje acreditam que a ordem foi fundada para defender peregrinos em passeio na (maldita) “terra santa”. Sem ocupação aparente, mais ainda ricos e arrogantes, eram a maior força militar da Europa e foram alvo de ressentimento generalizado porque estavam isentos de pagamento de impostos e apenas deviam obediência ao papa e a mais ninguém .

Assim, em 1307, inevitavelmente, caíram em desgraça. O paupérrimo e falido rei francês Filipe, o Belo, que inclusive teve sua própria vida salva pela Ordem, começou a orquestrar a queda dos Templários com a conivência do papa francês, o qual, em todo o caso, o rei elegera e dominava. Foram emitidas ordens secretas aos representantes aristocráticos do rei e os Templários foram capturados a 13 de Outubro de 1307, sexta-feira, presos, torturados e condenados à morte pelo fogo.

Pelo menos, esta é a história contada na maioria das obras “clássicas eruditas” sobre este tema. Fica-se com a ideia de que toda a ordem encontrou o seu horrível fim naquele dia longínquo e que os Templários foram efetivamente varridos da face da Terra para sempre. Contudo, nada pode estar mais longe da verdade.



Para começar, relativamente poucos Templários foram, de fato, presos e executados, embora a maioria dos que foram presos fosse «sujeita a interrogatório» – um velho eufemismo para o sofrimento de torturas atrozes. Relativamente poucos Templários foram condenados à fogueira, embora o seu grão-mestre Jacques de Molay, já com setenta anos, fosse queimado lentamente, até à morte, na Île de La Cité, à sombra da Catedral de Notre Dame em Paris. Dos milhares de outros Templários, apenas os que se recusaram a confessar ou se retrataram da sua confissão foram mortos. Mas que validade tinham as confissões arrancadas com ferros em brasa ou com instrumentos para esmagar os polegares? E que se esperava, exatamente, que eles confessassem?

Os relatos das confissões dos Templários são, no mínimo, coloridos e absurdos. Ficamos a conhecer que veneravam um gato ou que se entregavam a orgias homossexuais como parte dos seus deveres de cavaleiros ou veneravam um demônio conhecido por Baphomet e/ou uma cabeça decepada. Também foram acusados de terem pisado e cuspido na cruz num rito de iniciação. Tudo isto, evidentemente, parecia tornar absurda a idéia de que eles eram dedicados cavaleiros de Cristo e defensores do ideal cristão, e quanto mais eram torturados mais aparente se tornava esta divergência.

Mas isto não é surpreendente: não são muitas as vítimas de tortura que conseguem ranger os dentes e recusar concordar com as palavras que são postas na sua boca pelos carrascos. Mas, neste caso, há mais nesta história do que aquilo que é visível. Por um lado, tem havido sugestões de que todas as acusações apresentadas contra os Templários foram forjadas pelos que invejavam e queriam tomar posse da sua imensa riqueza, como o rei Filipe, e se sentiam exasperados pelo seu poder, e que essas acusações deram ao rei francês um bom pretexto para se libertar das suas conhecidas dificuldades econômicas, apoderando-se da riqueza dos Templários. Por outro lado, embora as acusações possam não ser estritamente verdadeiras, há provas de que os Templários encontraram algo misterioso, durante as suas escavações de quase dez anos no local do Templo de Salomão, em Jerusalém, logo no início da ordem, algo que se manteve «secreto», no sentido ocultista. É evidente que estas duas ideias alternativas não se excluem mutuamente.

Muita tinta tem corrido sobre o debate das acusações feitas aos Templários e às suas confissões. Cometeram eles, de fato, os atos que confessaram ou os inquisidores inventaram, antecipadamente, as acusações e simplesmente torturaram os cavaleiros até que eles concordassem com elas? (Alguns cavaleiros declararam que lhes tinham dito que Jesus era um «falso profeta», por exemplo.) É impossível afirmar uma coisa ou outra de forma conclusiva.

Há, contudo, uma determinada confissão que constitui motivo de reflexão. É a de um certo Fulk de Troyes, que disse que lhe tinham mostrado um crucifixo dizendo: «Não acredites nisto, porque é demasiado novo.» Dado o conceito rudimentar da história nessa época, parece improvável que um inquisidor tivesse inventado esta enigmática afirmação.


Jaques DeMolay e os Templários

É certo que o Priorado de Sião alega ter sido o poder (uma ideia absurda) quem estava por detrás da criação dos Cavaleiros do Templo; se foi assim, então este é um dos segredos mais bem guardados da história. Diz-se, contudo, que as duas ordens foram virtualmente indistinguíveis até ao seu cisma, em 1188 – após o qual seguiram caminhos separados. Contudo, parece ter havido uma espécie de conspiração relativamente ao momento da criação da Ordem dos Cavaleiros Templários. O senso comum sugere que seriam necessários mais do que apenas os nove cavaleiros originais para proteger e oferecer refúgio a todos os peregrinos que visitavam a Terra Santa, especialmente durante nove anos; além disso, há poucas provas de que alguma vez eles tivessem feito uma tentativa séria nesse sentido.

Em breve os Templários verificaram que eram os meninos mimados da Europa, sendo-lhes concedidos privilégios e honras muito desproporcionados em relação àqueles que, de fato, mereciam. Por exemplo, foi-lhes concedida toda uma ala do palácio real de Jerusalém – o lugar que, anteriormente, era uma mesquita, e antes ainda foi o maior templo dos hebreus. Esta, por sua vez, julgava-se, ter sido construída sobre os alicerces do Templo de Salomão, do qual os Templários tomaram o seu nome completo.

Outro mistério ligado aos seus primeiros tempos centra-se no fato de que há provas de que a ordem já existia há bastante tempo, antes ainda de 1118, embora permaneça obscuro o motivo por que a data foi falsificada. Muitos comentadores sugeriram que o primeiro relato da sua criação – da autoria de William of Tyre e escrito cinquenta anos depois do acontecimento – foi simplesmente uma história de fachada. (Embora William fosse profundamente hostil aos Templários, ele estava, presumivelmente, a recontar a história tal como a conhecia). Mas, mais uma vez, o que o relato estava a encobrir é uma questão para especulação.

Hugues de Payens e os seus nove companheiros eram todos originários de Champagne e do Languedoc, incluindo o conde da Provença, o local de veneração de Madalena e das Virgens Negras, e é evidente que partiram para a Terra Santa, tendo em mente uma missão específica. Talvez, como foi sugerido, estivessem à procura da Arca da Aliança ou de outro tesouro ou documentos antigos que os conduzissem até ela ou de algum tipo de conhecimento secreto que lhes concedesse o domínio sobre as pessoas e as suas riquezas.

Recentemente, Christopher Knight e Robert Lomas, em seu livro The Hiram Key, afirmaram que os Templários procuravam e encontraram um esconderijo de documentos da mesma fonte dos manuscritos do Mar Morto. No entanto, por intrigante que esta sugestão possa ser, os autores não apresentam provas convincentes – e, como veremos, toda a questão da proveniência dos manuscritos está cheia de equívocos e mitos. Mas há provas de que os Templários, de fato, encontraram novo conhecimento junto dos árabes e de outros povos, em consequência das suas viagens.

Para nós, uma das coisas mais fascinantes relativamente aos Templários era a sua invulgarmente profunda veneração de João Batista, que parece ser bastante mais importante para eles do que o típico santo patrono. O Priorado de Sião – outrora, diz-se, inseparável dos Templários – dá o nome de «João» aos seus grãomestres, talvez por deferência para com ele. Contudo, é virtualmente impossível descobrir as razões da fidelidade dos Templários em qualquer história clássica; a explicação habitual é que João era especial para eles, porque foi o mestre de Jesus. Algumas pessoas sugeriram que a cabeça decepada, que se dizia ser venerada por eles, era a do próprio Batista – mas o culto deste totem implica, em todo o caso, que os Templários eram algo muito diferente do que simples cavaleiros cristãos.

Muito do seu simbolismo, aparentemente ortodoxo, esconde alusões específicas a «João». Por exemplo, o Cordeiro de Deus era uma das suas imagens mais importantes. Muitos cristãos presumem que ela se refere a Jesus Cristo – tendo Batista dito dele «eis o Cordeiro de Deus» -, mas, em muitos locais, como a região oeste de Inglaterra, presume-se que este símbolo se refere a João, e os Templários parecem ter-lhe atribuído o mesmo significado. O símbolo do Cordeiro de Deus foi adotado como um dos selos oficiais dos Templários; este símbolo era específico da ordem no Sul da França.


O cordeiro, a Flor de Liz e a Cruz Templária …

Uma pista de que a veneração de João Batista por parte dos Templários não era uma simples questão de prestar homenagem ao santo escolhido para patrono, mas escondia alguma coisa muito mais radical, encontra-se na obra de um sacerdote erudito de nome Lambert de St Omer. Lambert era companheiro de um dos nove Cavaleiros fundadores e lugar-tenente de Hugues de Payens, Godefroi de St. Omer. Em The Hiram Key, Christopher Knight e Robert Lomas reproduzem uma ilustração de Lambert que representa a «Jerusalém celeste» e observam que:

[…] aparentemente indica que o fundador [da Jerusalém celeste] é João Batista. Não há qualquer referência a Jesus em todo este documento chamado cristão.

Como no simbolismo da pintura de Leonardo, a implicação é que João Batista é importante por direito próprio e não apenas pelo seu papel de precursor de Jesus.

Dois anos depois das prisões em massa, enquanto os Cavaleiros estavam ainda a ser julgados, o visionário e o ocultista catalão Ramon Lull (c. 1232-c. 1316), anteriormente um firme apoiante da ordem, escreveu que os julgamentos revelam «perigos para o barco de S. Pedro (Para o Vaticano)» e acrescenta: Há talvez entre os cristãos muitos segredos, dos quais um [determinado] segredo pode dar origem a uma revelação incrível, tal como aquele [que está] a emergir dos Templários… uma infâmia tão pública e manifesta que pode, por si própria, pôr em perigo o barco de S. Pedro e afundá-lo definitivamente.

Lull parece estar se referindo não só aos perigos para a Igreja de Roma provocados pelas revelações acerca dos Templários mas também a outros segredos de igual magnitude; também parece aceitar as acusações feitas contra os Templários – embora, naquela fase, talvez fosse imprudente questioná-las. Podia o Languedoc, outrora pátria da maior concentração de Templários da Europa, fornecer algumas pistas quanto à verdade acerca da Ordem? Mesmo passado todo este tempo, esta é uma região com longas memórias e um saudável desrespeito pela convenção e um desprezo absoluto contra Roma.

Como vimos, os cátaros e os Templários floresceram aqui, ao mesmo tempo, mas, dada a interpretação que geralmente se faz dos seus valores relativos, pareceria que estes dois grupos, altamente influentes, deviam estar em lados opostos. Na verdade, o símbolo dos Templários, uma cruz vermelha sobre fundo branco, é tomado, muitas vezes, como o de um cruzado típico. Contudo, há muitas indicações de que os Templários eram, se não apoiantes ativos, certamente simpatizantes dos «heréticos» das montanhas – e é indiscutível que os Templários foram notáveis pela sua ausência e apoio na Cruzada dos Albigenses.



E reconhecido que o interesse primordial dos Cavaleiros, na época, se situava muito longe, na Terra Santa, e muitos deles eram oriundos das mesmas famílias dos cátaros, mas talvez nenhuma destas razões explique totalmente a sua falta de interesse em perseguir os hereges cátaros.

Quais eram, então, os verdadeiros interesses e motivos dos Templários ? Eram eles apenas os monges guerreiros que alegavam ser ou os seus planos tinham uma dimensão secreta, oculta?

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