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A Chama Violeta

Sítio dedicado à filosofia humana, ao estudo e conhecimento da verdade, assim como à investigação. ~A Luz está a revelar a Verdade, e a verdade libertar-nos-á! ~A Chama Violeta da Transmutação

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Junho 22, 2015

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OS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS

Posted by Thoth3126 on 15/12/2014

 


templarios-estandarteOs membros da Ordem dos Cavaleiros Templários foram associados com todos os tipos de atividades incríveis, incluindo a posse da Arca da Aliança, do Santo Graal, também foram acusados de serem heréticos, de terem construído em segredo uma frota de navios que navegaram os oceanos desde o discreto porto de La Rochelle, na costa atlântica da França.

Teriam navegado até o novo mundo, talvez até o México, de onde extraíram prata em abundância, muito antes de Cristovão Colombo ter (re)descoberto às Américas. Os Templários também tinham uma imponente auto-confiança, organização e coragem que fazia os seus inimigos tremerem de medo…

Tradução, edição e imagens: Thoth3126@gmail.com
 

UMA BREVE HISTÓRIA DOS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS


Por David Hatcher Childress

http://greyfalcon.us/The%20Knights%20Templar.htm

… Apesar da sua temível reputação de serem muito aguerridos, os Cavaleiros Templários eram homens instruídos, muitos falavam árabe, dedicados a proteger os viajantes e peregrinos de todas as religiões, não apenas os católicos e cristãos. Eles eram grandes estadistas, políticos, comerciantes, mercadores, e eles também aparentemente eram aliados à grande fraternidade dos marinheiros, que havia criado um império comercial em todo o mundo desde os tempos fenícios. 



O protegido e fortificado Porto de La Rochelle, dos Cavaleiros Templários, retratado com navios ancorados.

Apesar da grande quantidade de propaganda negativa e de heresia imputada contra os templários, no momento da sua supressão, pelo Rei Filipe, o Belo, da França, eles ainda são conhecidos hoje como os preservadores de (muito) conhecimento e de objetos sagrados. Embora as origens dos Cavaleiros Templários se diz dever remontar desde a construção do Templo do Rei Salomão por pedreiros fenícios de Tiro, ou até mesmo desde o tempo da construção da Grande Pirâmide e dos tempos de Atlântida, traçamos sua história moderna do período desde as Cruzadas da Idade Média.

Os cavaleiros templários começou quando um grupo de nove cavaleiros, aparentemente todos. “franceses” chegaram a Jerusalém no ano de 1118. Esses nove cavaleiros originais pediram ao rei de Jerusalém, para permitir-lhes viver nas ruínas do antigo Templo de Salomão (destruído em 586 a.C. pelo exército de Nabucodonosor), naquele tempo em parte uma mesquita, e o restante em ruínas.

Em seu livro “The Mysteries of Chartres Cathedral” (Os Mistérios da Catedral de Chartres), do arquiteto francês Louis Charpentier, ele afirma que os Cavaleiros Templários construíram Chartres (e outras catedrais) como um repositório da sabedoria antiga, da qual os iniciados da Ordem tinham conhecimento. Este repositório de sabedoria (n.t. da construção de edifícios dedicados à divindade com a utilização da Geometria Sagrada) é igual a utilizada em Stonehenge, na construção do Templo de Salomão em Jerusalém, em Baalbek, ou na Grande Pirâmide do Egito.


A simbólica e misteriosa Catedral de Chartres construída pelos Templários

Ele ainda afirma que o conhecimento especial sobre o (primeiro) Templo de Salomão em Jerusalém foi adquirido pelo grupo fundador de nove cavaleiros que viviam no local onde ficava o Templo, começando em 1118. O ano é historicamente registrado em que nove cavaleiros “franceses” se apresentaram ao rei católico Balduíno II de Jerusalém, e explicaram-lhe que eles planejavam formar uma guarda de cavalaria com um plano para proteger os peregrinos europeus contra ataques de ladrões e assassinos ao longo das vias públicas que levavam à “cidade santa” de Jerusalém. O Rei Balduíno II tinha sido um prisioneiro dos Sarracenos e sabia de sua luta interna. Facções, como os assassinos eram ativos na política muçulmana.

Eles também solicitaram ao rei Balduíno para serem alojados dentro de uma ala do palácio, uma ala que passou estrategicamente a ser adjacente à Mesquita do Domo da Rocha, que foi construída no mesmo local em que foi erguido o Templo de Salomão.

O rei concedeu o seu pedido e a partir dai a Ordem dos Cavaleiros do Templo de Salomão ou Ordem dos Cavaleiros Templários nasceu. Dez anos mais tarde (n.t. período em que os nove cavaleiros originais permaneceram escavando as ruínas sob o local onde o Templo de Salomão havia sido construído, procurando por algo QUE FOI ENCONTRADO…), os nove cavaleiros apresentaram-se ao Papa, que deu a sua aprovação oficial para a existência da Ordem dos Cavaleiros Templários. Apesar de serem apenas nove misteriosos cavaleiros durante seus dez anos iniciais, um décimo se juntou a eles, que era nada menos do que o Conde Hugues de Champagne, então um importante nobre francês.

Na verdade, nenhum dos “pobres” cavaleiros era realmente pobre, nem todos eles eram franceses. Vários deles eram de nobres famílias francesas e Flamencos importantes. Dos dez cavaleiros originais, quatro não foram identificados, apesar de os seus nomes serem conhecidos. Além disso, parece improvável que a Ordem dos Cavaleiros do Templo de Salomão foram formados para proteger os peregrinos em viagem a Jerusalém, porque uma tal ordem de cavaleiros já existia. Eles eram os Cavaleiros Hospitalários ou os Cavaleiros de São João, mais tarde se tornaram os Cavaleiros de Malta.

É importante não confundir os Cavaleiros Templários com os Cavaleiros de Malta, como muitos leitores, e alguns historiadores fazem. Os Cavaleiros Templários são bastante diferentes dos outros cruzados e às vezes eles entravam em combate uns contra os outros, até mesmo na “Terra Santa”.



Os Cavaleiros do Hospital (Hospitalários), que ainda existem hoje como os Cavaleiros de Malta, foram obrigados a sair de Malta por Napoleão, que parou na ilha em seu caminho para conquistar o Egito. Hoje, os Cavaleiros de Malta residem na Itália, ainda tem seu “país soberano” próprio e se diz hoje ser apenas uma sociedade secreta para o Vaticano, um instrumento da igreja de Roma.

Charles Addison, um advogado de Londres, que escreveu em seu livro The History of the Knights Templar (A História dos Cavaleiros Templários) publicado em 1842, menciona nas primeiras páginas do seu livro, como comumente se acreditava, que os Templários estavam em desacordo com o Vaticano e o seu braço militar, que eram os Cavaleiros Hospitalários. Addison nega os rumores, mas admite que tais rumores existiam.

Charpentier compara os primeiros Cavaleiros Templários a comandos que invadiram o local do antigo Templo de Salomão, a fim de descobrir os seus segredos de engenharia e um possível tesouro perdido e escondido, contendo inclusive a Arca da Aliança, possivelmente escondido no fundo de um sistema de cavernas secretas do templo, escavadas quando o templo foi construído pela primeira vez em torno do século X a.C..

Com a ajuda do brilhante abade francês Bernard de Clairvaux, os nove cavaleiros, dirigidos pelo Conde de Champagne, criram a Ordem dos Cavaleiros Templários. Com o dinheiro que acumularam, a misteriosa e impressionante catedral de Chartres foi mais tarde construída, com o conhecimento da Geometria Sagrada adquirido pelos Templários em Jerusalém. Mais tarde, outras catedrais domesmo estilo gótico e com medidas e simetria de acordo com a Geometria Sagrada foram construídas em toda a Europa e assim se iniciou as lendas dos “Mestres Pedreiros” que tornou-se comum.

Incorporados a Catedral de Chartres estão lindos vitrais, muitas das cores são difíceis ou até mesmo impossíveis de se duplicar hoje, apesar de toda a tecnologia disponível. Escondidas e ocultas dentro da Catedral de Chartres existem vários antigos “côvados” de medida, além de outros dispositivos esotéricos, ocultista tais como o famoso Labirinto de Chartres e outras ferramentas visuais, como a geometria sagrada, para a transformação (alquímica, evolutiva) individual – uma espécie de alquimia pessoal da alma. Incluído nessas imagens esta a “busca do Santo Graal”.


O famoso Labirinto no interior da Catedral de Chartres

Quando um nobre europeu se juntava à Ordem dos Cavaleiros Templários, ele entregava seu castelo e propriedades para os cavaleiros que iriam usar as receitas geradas a partir da propriedade para comprar armas de guerra, cavalos, armaduras e outros suprimentos militares. As fileiras dos Cavaleiros Templários cresceu rapidamente. Outros nobres e reis que não eram membros efetivos lhes presenteavam com dinheiro e terras. O rei Steven da Inglaterra contribuiu doando sua valiosa mansão de Cressing em Essex, na Inglaterra. Ele também fez arranjos para que altos dignitários dos Cavaleiros Templários visitassem nobres cavaleiros do reino da Inglaterra e da Escócia.

O Papa Eugênio decretou que os Cavaleiros Templários e somente aos Cavaleiros Templários caberia usar uma cruz vermelha especial com os braços em forma de cunha chamados de cruz patee, posta no lado esquerdo de suas vestes brancas, para que pudessem ser rapidamente reconhecidos a qualquer tempo por católicos e pelos demais integrantes da Ordem dos Cavaleiros Templários quando no campo de batalha. As vestes brancas com cruzes vermelhas tornou-se um objeto de desejo. Os monges-cavaleiros-guerreiros lutavam bravamente no Oriente Médio, e eram altamente respeitados por seus inimigos muçulmanos pela sua coragem, entrega e bravura nos campos de batalha além de empregarem estratégias eficientes de combate.


A Cruz da Ordem dos Cavaleiros Templários

Em 1129 o Grande Mestre Templário, Hugh de Payens, liderou um grupo de 300 cavaleiros, recrutados entre as mais nobres casas da Europa, para acompanhar um enorme contingente de peregrinos a Jerusalém. Durante este tempo, os Cavaleiros Templários faziam parte de um contingente que, aliado com a seita dos Assassinos da Pérsia(do Árabe: حشّاشين? Ḥashshāshīn), tentou tomar a importante cidade de Damasco, principal cidade da Síria.

De acordo com Arkon Daraul em seu livro A History of Secret Societies9Uma História das Sociedades Secretas), os seguidores de Hasan Ibn Sabah, líder dos Ḥashshāshīn, definitivamente estiveram em contato com os Templários e, aparentemente, os assassinos estavam preparados para se tornarem “cristãos” caso atingissem os seus objetivos, o que eles não conseguiram. Em um ponto, um pagamento de 3000 peças de ouro do ramo sírio dos Ḥashshāshīn foi feito para a Ordem dos Templários, aparentemente como uma forma de pagamento de tributos. A associação exata entre os Templários e a seita dos Assassinos tem permanecido um mistério.

Os Templários, deve ser dito a este respeito, não eram notáveis e conhecidos por assassinatos políticos, como o foram os Ḥashshāshīn da Pérsia. Em vez disso, os Templários foram vítimas de intrigas políticas e ou foram executados publicamente ou assassinados como foi Henry Sinclair, Grão-Mestre dos Templários, em 1401, quando a frota templária voltou da América do Norte.

Muitos Templários eram de nascimento palestino, falavam árabe perfeito, e estavam familiarizados com cada seita religiosa, culto e doutrina mágica, incluindo a seita dos Ḥashshāshīn. Por exemplo, o Grão-Mestre Filipe de Nablus (1167 dC) era um sírio. Os Assassinos, pode ser mencionado, se tornou o que é hoje conhecido como a Seita Ismaili do Islã. Seu cabeça é o Aga Khan, e seus seguidores atualmente residem em grande parte no Paquistão e na Índia. O Aga Khan, uma liderança hereditária descendente de Maomé, mantém residências em Londres e Bombaim. O último Aga Khan hoje é o milionário Príncipe Shah Karim Al Husseini, Aga Khan IV.

Por volta do ano 1133, o rei Afonso de Aragão e Navarra (norte da hoje Espanha) tinha lutado contra os mouros (muçulmanos) invasores em 29 batalhas, e quis que o seu reino fosse transferido aos Templários. No entanto, os Cavaleiros Templários foram impedidos de reivindicar o reino por causa da vitória dos muçulmanos mouros sobre a Espanha.

Enquanto isso, havia uma ordem religiosa paralela, os menos conhecidos Cavaleiros de São João, fundada em Amalfi, na Itália, no século 11. Eles foram a Jerusalém para proteger e ministrar aos peregrinos católicos, mas logo se estendeu a missão de cuidar dos doentes e pobres por toda a “Terra Santa”.



Como o passar dos anos os Cavaleiros de São João (Cavaleiros Hospitalários) tornaram-se cada vez mais militantes e, em geral, lutaram várias batalhas ao lado da mais mística (e melhor organizada) Ordem dos Cavaleiros Templários e a Ordem Germânica dos Cavaleiros Teutônicos de Santa Maria.

Com a queda definitiva de Jerusalém em 1187, os Cavaleiros de São João se retiraram primeiro para Chipre e depois para Rodhes. Como a principal base para os cruzados em sua luta contra o Império Otomano, Rhodes era uma fortaleza, uma prisão, e uma base de abastecimento para os navios e exércitos em seu caminho para a Palestina e Ásia Menor.

Quando o sultão otomano Mehmet Fatih não conseguiu esclarecer a questão da sucessão do recém-poderoso Império Otomano, em 1481, uma batalha entre seus dois filhos em Bursa resultou e Cem foi derrotado por seu irmão Beyazit. Cem fugiu para o Egito, mas foi negado asilo pelas Mamelukes que controlavam o país para os otomanos.

Cem deu o passo irreversível de fugir para Rodhes, onde ele apelou para os arquiinimigos dos otomanos, Os Cavaleiros Hospitalários, ou Cavaleiros de São João. Com seu irmão agora nas mãos do exército cruzado, Beyazit sabia que ele estava com problemas e o Império Otomano tinha de responder rapidamente.

Beyazit astutamente contatou os Cavaleiros de São João e negociou um contrato para pagar 45 mil ducados de ouro por ano – uma enorme quantia na época – em troca da prisão de seu irmão em Rhodes e mais tarde na Torre Inglês no castelo em Bodrum, no continente turco. Os Cavaleiros de São João finalmente entregaram o seu prisioneiro valioso para o Vaticano, onde Cem recebeu uma oferta interessante: liderar um exército cruzado para recapturar Istambul (Constantinopla).

Para parar esta ameaça final de seu irmão rebelde Beyazit não poupou despesas para pagar os 120.000 ducados de ouro ao Vaticano e entregar mais uma série de relíquias sagradas de Jerusalém, incluindo a famosa Lança do Destino. Esta “relíquia” também era conhecida como a Lança de Longinus e teria sido a ponta de lança do centurião romano Longinus que foi usada para perfurar o lado de Jesus Cristo na cruz. Outro artefato foi oferecido a “esponja” que serviu para refrescar Cristo na Cruz. Esta seria a esponja com mistura de vinagre usada para molhar os lábios de Jesus na cruz.


A Lança do Destino exibida no Tesouro imperial no palácio de Hofburg , em Viena, Áustria

De acordo com a lenda dessa lança, “Todo aquele que possuir esta Lança Santa e compreender os poderes que ela possui, segura em sua mão o destino do mundo para o bem ou para o mal.” Adolf Hitler acreditava neste poder e removeu (tomou posse) a Lança do museu de Viena, quando os nazistas tomaram a Áustria.

Com esta bolada como pagamento, o Papa abandonou Cem e os planos para ele de liderar um exército católico contra Istambul. Cem morreu sozinho na prisão de Terracina em 1495. Dizia-se que ele acabou sendo envenenado. Cem hoje é apenas uma nota de rodapé na história, uma vítima das manobras diplomáticas que levaram a Lança do Destino para o mundo católico do Ocidente

Os Cavaleiros Hospitalários ficaram em Rodhes por mais 213 anos, transformando a cidade em uma poderosa fortaleza, com 12 metros de paredes espessas. Eles resistiram a dois grandes ataques dos muçulmanos em 1444 e 1480, mas em 1522 o sultão Suleiman, o Magnífico, efetuou um ataque maciço com 200.000 soldados em suas tropas.

Apenas 600 cavaleiros com mais cerca de 1.000 mercenários e de 6.000 nativos de Rodhes se renderam após um longo cerco. Em 1529 Carlos V, neto dos reis Fernando e Isabel de Espanha, grandes aliados da igreja de Roma, ofereceram a ilha de Malta para os Cavaleiros de São João como sua base permanente e eles começaram a construir fortificações ao redor do grande porto. Em 1565 a frota otomana chegou a Malta e imediatamente atacou as fortificações.

Com uma armada contendo 181 navios de transporte de mais de 30.000 homens, a frota bombardeou a fortaleza com seus canhões, com mais de 7.000 disparos de munição, todos os dias durante um mês e, finalmente, tomou St. Elmo. Mas os fuzileiros navais turcos tinham sofrido muitas baixas e não puderam tomar as outras fortalezas fortemente defendidas que estavam ao redor da baía e mais no interior da ilha. Notícias de reforços vindos da Sicília provocou a retirada dos turcos da ilha acabando assim o grande cerco.



Os Cavaleiros de São João mudaram o seu nome para os Cavaleiros de Malta (Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta) e se diz que são fanaticamente leais ao Vaticano e ao Papa, que aparentemente, passou a usá-los como seus soldados e força militar do Vaticano. Outras Ordens como os Templários e os Cavaleiros Teutônicos eram muito mais independentes de Roma, e se tentavam alguma coisa, davam o seu melhor para subverter a igreja romana.

Na verdade, por várias vezes, que os Cavaleiros Templários e os Cavaleiros de São João (que viriam mais tarde a serem conhecidos como os Cavaleiros de Malta), entraram em combate, lutando em conflitos uns contra os outros. Os Cavaleiros Templários lutavam contra os interesses do Vaticano, enquanto que os Cavaleiros de Malta tornou-se o exército privado do Papa.

Os Cavaleiros de Malta muito mais tarde buscaram aliar-se com o czar russo Paulo I, que se ofereceu para fundar uma Liga Ortodoxa dos Cavaleiros de St. James. Este acordo com o czar da Rússia particularmente enfureceu Napoleão.

Napoleão partiu para Malta e fez âncora fora do porto Grande em junho de 1798. Quando ele foi impedido de entrar pelos Cavaleiros de São João, começou a bombardear a fortaleza. Após dois dias de pesados bombardeios, os franceses desembarcaram e deram aos cavaleiros quatro dias para saírem, terminando assim a sua presença de 268 anos na ilha.

O Papa restaurou o cargo de Grão-Mestre da ordem em 1879, e os Cavaleiros de São João ainda existem até hoje. Eles são conhecidos como os Cavaleiros de Malta, que já não residem em Malta há muito tempo, mas tem escritórios em várias cidades da Europa. Mesmo que eles não mais possuam território, eles ainda são reconhecidos como um estado separado por cerca de 40 países ao redor do mundo, semelhante ao reconhecimento do Vaticano como um estado.


Brasão de Armas dos Cavaleiros de Malta, na fachada da igreja de San Giovannino dei Cavalieri, Florença.

Críticos dos Cavaleiros de São João / Malta afirmam que eles são uma organização de direita católica que trabalhou na Europa Oriental para suprimir grupos étnicos não-católicos. O General da Wehrmacht (Exército Nazista alemão) Reinhard Gehlen recebeu a maior honraria concedida pelos Cavaleiros de Malta logo após a Segunda Guerra Mundial por “serviços prestados”. Gehlen foi creditado com a ajuda de muitos ex-oficiais nazistas das famigeradas tropas de elite S.S. em novas posições dentro do Escritório de Serviços Estratégicos dos EUA (OSS) e, posteriormente, participou da criação da Agência Central de Inteligência (C.I.A.) nos EUA. 

Holy Blood, Holy Grail, de Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln, 1982, Johnathan Cabo, Londres (publicado no Reino Unido como O Sangue Santo eo Santo Graal). 

A Herança Messiânica, Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln, 1985, Johnathan Cabo, Londres. 

O Templo e a Loja, Michael Baigent e Richard Leigh, 1989, Johnathan Cabo, Londres. 

Emerald Cup – Arca de Ouro, o coronel Howard Buechner, 1991, Thunderbird Press, Metairie, LA. 

Os segredos de Rennes-le-Chateau, Lionel & Fanthorpe Patricia, 1991, Livros Bellevue, Londres. 

A História dos Cavaleiros Templários, Charles G. Addison, 1842, em Londres. 

A História das Sociedades Secretas, Arkon Daraul, 1962, Citadel Press, NY. 

Os Mistérios da Catedral de Chartres, Louis Charpentier, 1975, Avon Books, Nova York, 1966, Robert Lafont, Paris. 

Santo Graal outro lado do Atlântico, Michael Bradley, 1988, Hounslow Press, Willowdale, Ontário. 

O Despertar dos Mágicos, Jacques Bergier e Louis Pauwels, 1960, Stein & Publishers Dia, Nova York. 

Príncipe Henry Sinclair, Frederick Pohl, 1974, Clarkson Potter Publishers, New York. 

A Espada e o Graal, Andrew Sinclair, 1992, Crown, Nova York. 

O Legado dos Templários e da Herança Maçônica Dentro de Rosslyn Chapel, Tim Wallace-Murphy, 1993, Amigos de Rosslyn, Rosslyn, na Escócia. 

O Legends Glastonbury, RF Treharne, 1967, Livros Esfera, em Londres. 

São José de Arimatéia em Glastonbury, Lionel Smithett Lewis, 1922, James Clark & Co., Cambridge. 

GENISIS, David Wood, 1986, Tunbridge Wells, no Reino Unido 

Os Templários, os Cavaleiros de Deus, de Edward Burman, 1986, Destiny Books, Rochester, Vermont. 

Os Druidas, Stuart Piggott, 1967, Thames and Hudson, London. 

Atlantis para os últimos dias, HC Randall-Stevens, 1957, Os Cavaleiros Templários de Aquário, em Londres. 

A busca pela Pedra do Destino, Pat Gerber, 1992, Canongate Press, Edimburgo.

Este artigo foi extraído da Introdução ao livro recentemente reeditado de 1842, A História dos Cavaleiros Templários, por Charles G. Addison.

templários-cavaleiroSaiba mais sobre os Templários em:
http://thoth3126.com.br/category/templarios/

Permitida a reprodução desde que mantida a formatação original e mencione as fontes.

www.thoth3126.com.br


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 Atualização diária


 

Abril 28, 2015

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Os Cavaleiros Templários 

 História – Parte 2

Posted by Thoth3126 on 28/04/2015

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OS TEMPLÁRIOS, ESSES GRANDES GUERREIROS DE MANTOS BRANCOS COM CRUZES VERMELHAS – PARTE II-A

Os seus costumes, os seus ritos, os seus segredos:

Digam o que disserem determinados historiadores encastelados em sua erudição acadêmica, a criação da Ordem dos Cavaleiros Templários continua envolta em inúmeros mistérios; e o mesmo acontece com a realidade profunda da sua missão, não a que se tornou pública, mas a missão oculta. Inúmeros locais ocupados e ou de propriedade dos cavaleiros Templários apresentam particularidades estranhas.

Atribuíram-se aos monges-soldados crenças heréticas, cultos curiosos e às suas construções, principalmente a Catedral de Chartres, significados e até poderes fantásticos. A seu respeito, fala-se de gigantescos tesouros escondidos (sendo o maior deles o CONHECIMENTO), de segredos ciosamente preservados e de muitas outras coisas.

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

O MISTÉRIO DAS ORIGENS – JERUSALÉM, CENÁRIO DO NASCIMENTO DA ORDEM DOS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS – Livro de Michel Lamy – Capítulo II

Primeira parte em:
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-historia-parte-1/

Antes das cruzadas, o Mediterrâneo era um lago muçulmano onde os islamitas quase faziam reinar a sua lei. De início, tinham tolerado os peregrinos antes de os destruírem, tanto em terra como no mar. A cruzada deveria pôr tudo em boa ordem, mas manter Jerusalém e mais algumas cidades ou praças fortes não era cobrir todo o território e a insegurança mantinha-se. Quanto à capital, parecia pacificada.

Godofredo de Bouillon mandara limpar rapidamente a cidade – e nomeadamente os lugares santos – dos cadáveres que o furor dos cruzados acumulara. No local determinado como o Santo Sepulcro, instalara um capítulo de vinte cônegos regulares, reunidos sob a denominação de Ordem do Santo Sepulcro. Envergavam um manto branco ornado com uma cruz vermelha.


Catedral de Chartres na França.

Mandara também reparar as muralhas guarnecidas com torres que protegiam a Cidade Santa e fora dispensado um cuidado muito especial às igrejas: Santa Maria Latina, Santa Madalena, São João Baptista e, é claro, Santo Sepulcro, com a sua rotunda ou anastasis, que albergava o pretenso túmulo de Cristo. Também fora ampliado um hospital que devia ser entregue aos Hospitalários de São João de Jerusalém e reparara-se a mesquita de Omar, isto é, a cúpula do rochedo que exibia a pedra sobre a qual Jacob vira, em sonhos, a escada que conduzia ao céu. Quanto à mesquita de Al-Aqsa, viria a tornar-se, em 1104, residência do rei de Jerusalém, Balduíno I, antes de ser devolvida aos Templários, a partir de 1110.

Quem era Hugues de Payns?

Tudo é mistério nos primórdios da Ordem. O primeiro enigma, que não é o mais importante: a personalidade do seu fundador. Geralmente, dá-se-lhe o nome de Hugues de Payns. Segundo os registros e as crônicas dessa época, encontramo-lo também sob os nomes de Paganensis, Paenz, Paenciis, Paon, etc. Guilherme de Tiro designa-o como «Hues de Paiens delez Troies», dando assim a sua origem geográfica. Com efeito, pensa-se geralmente que tenha nascido em Payns, a um quilômetro de Troyes, por volta de 1080, no seio de uma família nobre aparentada com os condes de Champagne.

Era o senhor de Montigny e teria mesmo sido oficial da Casa de Champagne, uma vez que a sua assinatura figura em dois registros importantes do condado de Troyes. Pela família de sua mãe, era primo de São Bernardo de Clairvaux, que lhe chamava amigavelmente «carissimus meus Hugo». O irmão de Hugues de Payns teria sido abade de Saint-Colombe de Sens. Casado, Hugues teria tido um filho que alguns autores transformam no abade de Sainte-Colombe, em lugar de seu irmão.

Esse filho, que encontramos nos textos sob o nome de Thibaut de Pahans, teve um dia alguns dissabores por haver empenhado uma cruz e uma coroa de ouro ornada de pedrarias que pertenciam à sua abadia. É verdade que foi por uma boa causa, dado que se tratava de conseguir cobrir as despesas da sua participação na segunda cruzada. Mas, mesmo assim…

Em resumo, sabemos muito pouco sobre o cavaleiro de Champagne chamado Hugues de Payns. De Champagne… nem disso se tem a certeza. Foram levantadas outras hipóteses quanto às origens da sua família. Entre outros, encontraram-se-lhe antepassados italianos ligados a Mondovi e a Nápoles. Para alguns, o seu nome verdadeiro teria sido Hugo de Pinos e seria necessário procurar a sua origem na Espanha, em Baga, na província de Barcelona, o que seria atestado por um manuscrito do século XVIII, conservado na Biblioteca Nacional de Madrid.


Hugues de Payns e o Rei Balduíno I de Jerusalém

Sobretudo, afirma-se também que seria de Ardèche, saído de uma família que inicialmente vivera na Alta Provença e que, depois, se teria fixado em Forez. Segundo Gérard de Sède, os seus antepassados teriam sido companheiros de Tancredo, o Normando. Hugues teria nascido a 9 de Fevereiro de 1070, no castelo de Mahun, na comuna de Saint-Symphorien-de-Mahun, em Ardèche. Aliás, em 1897, foi encontrado o registo de nascimento, mas pode tratar-se de uma homonímia.

As suas armas teriam sido de ouro com três cabeças de mouros, lembrando o apodo de seu pai. Este, natural de Langogne, em Lozère, era conhecido, efetivamente, como «o Mouro da Gardille». Laurent Dailoliez precisa que: A biblioteca municipal de Carpentras conserva um manuscrito que registra uma doação, de 29 de Janeiro de 1130, de Laugier, bispo de Avignon.

Nessa ocasião, Hugues de Payns é referido como originário de Viviers, em Ardèche. Tudo isso pareceria dar alguma credibilidade às origens de Hugues de Payns em Ardèche. Ficaria, portanto, por averiguar que circunstâncias o teriam levado a tornar-se oficial do conde de Champagne. Por isso, e porque existe um Payns perto de Troyes e também em razão do parentesco com São Bernardo, optaremos antes por uma origem champanhesa do primeiro Grão-Mestre da Ordem do Templo.

A criação da Ordem do Templo e o policiamento das estradas

Também a fundação da Ordem comporta muitas zonas obscuras. Analisemos, em primeiro lugar, a versão oficial tal como nos foi transmitida pelos cronistas da época. Guilherme de Tiro, nascido na Palestina em 1130, bispo de Tiro em 1175, não pôde assistir ao início da Ordem e, portanto, falava dele em função do que lhe fora contado. Jacques de Vitry era mais preciso, embora tenha escrito um século mais tarde. Devia estar de posse de alguns pormenores «oficiais» sobre os primórdios da Ordem, porque estava muito ligado aos Templários.

Poderemos, pois, pensar que o que se segue lhe foi contado diretamente por dignitários do Templo: Alguns cavaleiros, amados por Deus e ordenados para o seu serviço, renunciaram ao mundo e consagraram-se a Cristo. Mediante votos solenes pronunciados perante o patriarca de Jerusalém, dedicaram-se a defender os peregrinos dos arruaceiros e ladrões, a proteger os caminhos e a servir de cavaleiros ao soberano rei.

Observaram a pobreza, a castidade e a obediência, segundo a Regra dos Cônegos Regulares. Os seus chefes eram dois homens veneráveis, Hugues de Payns e Geoffroy de Saint-Omer. Inicialmente, só houve nove que tomaram uma decisão tão santa e, durante nove anos, serviram com vestes seculares e cobriram-se com aquilo que os fiéis lhes deram como esmola. O rei, os seus cavaleiros e o senhor patriarca encheram-se de compaixão por esses nobres homens que tudo haviam abandonado por Cristo e deram-lhes algumas propriedades e benefícios para proverem às suas necessidades e pelas almas dos doadores. E porque não tinham igreja ou casa que lhes pertencesse, o rei instalou-os no seu palácio, perto do Templo do Senhor.


O misterioso Labirinto, enigmático e repleto de significados ocultos, existente dentro do interior da Catedral de Chartres, construída de acordo com a geometria sagrada pelos Templários.

O abade e os cônegos regulares do Templo deram-lhes, para as necessidades do seu serviço, um terreno que não ficava distante do palácio e, por essa razão, foram mais tarde chamados Templários. No ano da graça de 1128, depois de terem ficado nove anos no palácio, vivendo todos juntos em santa pobreza, de acordo com a sua profissão de fé, receberam uma Regra por intervenção do papa Honório e de Estêvão, patriarca de Jerusalém, e foi-lhes atribuído um hábito branco.

Isso foi feito no concílio realizado em Troyes, sob a presidência do senhor bispo de Albano, legado apostólico, e na presença dos arcebispos de Reims e de Sens, dos abades de Cister, cujo principal representante era Bernardo de Clairvaux e de muitos outros prelados. Mais tarde, no tempo do papa Eugênio (1145-1153), puseram a cruz vermelha nos seus hábitos, usando o branco como emblema de inocência e o vermelho pelo martírio. […] O seu número aumentou tão rapidamente que em breve havia mais de trezentos cavaleiros nas suas assembleias, todos envergando mantos brancos, sem contar os inúmeros servidores. Adquiriram também muitos bens deste e do outro lado do mar Mediterrâneo. Possuíam […] cidades e palácios, de cujos rendimentos entregavam, todos os anos, uma determinada soma para a defesa da Terra Santa, nas mãos do seu soberano mestre, cuja residência principal era em Jerusalém.

Jacques de Vitry dava também algumas indicações sobre a disciplina que reinava no interior da Ordem. Poderíamos recorrer também a Guilherme de Nangis ou pedir alguma ajuda à versão latina da sua Regra, que afirma no preâmbulo: «pelas orações de mestre Hugues de Payns, sob cuja direção a referida cavalaria teve início pela graça do Espírito Santo». Que deveremos concluir? Que alguns cavaleiros renunciaram ao mundo sob o comando de Hugues de Payns para se colocarem ao serviço dos peregrinos e que assim nasceu a Ordem do Templo.

Podemos dizer também que os Templários foram apenas nove, durante nove anos, e esse número já foi muito glosado. Mas, quem eram esses nove paladinos. Para além de Hugues de Payns, encontramos Geoffroy de Saint-Omer, um flamenco; André de Montbard, nascido em 1095 e tio de São Bernardo pela sua meia-irmã, Aleth. Havia também Archambaud de Saint-Aignan e Payen de Montdidier (por vezes designado pelo nome de Nivard de Montdidier), ambos flamencos. E, depois, Geoffroy Bissol, sem dúvida originário do Languedoque e Gondomar, que talvez fosse português. Por fim, um tal Roral, ou Rossal, ou Roland, ou ainda Rossel, de quem nada mais sabemos, e um hipotético Hugues Rigaud, que teria sido originário do Languedoque.

Uma vez mais, as informações fiáveis são muito tênues. Por que razão se juntaram estes homens? Jacques de Vitry já no-lo disse: para defenderem os peregrinos dos arruaceiros, protegerem os caminhos e servirem de cavalaria ao seu soberano-rei. Na verdade, os exércitos de cruzados que haviam permanecido no local não tinham meios para dominarem todo o território, tanto mais que muitos homens haviam regressado ao Ocidente. As cidades estavam bem controladas mas a maior parte do país continuava sob domínio muçulmano. Algumas pequenas cidades nem sequer tinham guarnição cristã.

Os Francos contentavam-se com vagos pactos de não agressão e obrigavam-nas a pagar um tributo. Alguns senhores árabes aproveitavam-se desta situação para efetuarem golpes e assaltarem as caravanas de peregrinos. Os camponeses muçulmanos, para resistirem ao invasor, não hesitavam em organizar o bloqueio econômico das cidades a fim de as reduzirem à fome ou capturavam cristãos isolados e vendiam-nos como escravos. Nas próprias cidades ocorriam atentados. Em resumo, a segurança pública era uma palavra vã.



Havia uma estrada que era especialmente considerada exposta e pouco segura. Ligava Jafa a Jerusalém, e os egípcios de Ascalon faziam amiúde incursões contra ela. Os peregrinos só podiam circular por ela agrupados em pequenas hostes, o melhor armados que fosse possível. Hugues de Payns teria decidido remediar essa situação constituindo uma equipe «para que guardassem os caminhos, lá por onde os peregrinos passavam, dos ladrões e salteadores que grandes males aí soíam fazer», como dizia Guilherme de Tiro.

Hugues de Champagne e o nascimento da Ordem

A Ordem do Templo foi criada a 25 de Dezembro de 1118. Hugues de Payns e Geoffroy de Saint-Omer tinham prestado juramento de obediência entre as mãos do patriarca de Jerusalém no preciso dia em que Balduíno era coroado rei. Mas nove cavaleiros não seriam bem poucos para guardar as estradas da Terra Santa? É certo que poderemos supor que cada um deles deveria ter consigo alguns homens, sargentos de armas ou escudeiros. Isto era muito corrente, mesmo que tal não fosse referido.

Mesmo assim, os primórdios foram bastante modestos e não devem ter permitido que os primeiros Templários desempenhassem a missão que, aparentemente, se haviam atribuído. Diz-se que guardavam o desfiladeiro de Anthlit, entre Cesareia e Caifa, no preciso local onde, mais tarde, edificaram o famoso Castelo-Peregrino. Tal tarefa não deveria ser muito fácil, estando sediados em Jerusalém. Quase desprovidos de meios, não podiam fazer muito. A lógica exigia que procurassem recrutar pessoas para desempenharem melhor a sua missão. Era indispensável.

E, no entanto, nada fizeram. Evitaram, inclusive, com muito cuidado, durante os primeiros anos, qualquer aumento da sua pequena hoste. Guilherme de Tiro e Mathieu de Paris são formais: recusaram toda e qualquer companhia, exceto, em 1125 ou 1126, a do conde Hugues de Champagne, filho de Thibaut de Blois, um senhor cujo condado era mais vasto do que o domínio real. Porquê esta recusa? Como é possível que aqueles nove cavaleiros não tenham participado em qualquer operação militar, embora o rei não tenha parado de combater, de Antioquia a Tiberíades, passando por Alepo?

Tudo isto não convence e o papel de polícia das estradas parece, nestas condições, uma simples cobertura que disfarça uma outra missão que deveria permanecer secreta. É talvez graças à chegada de Hugues de Champagne que vamos perceber um pouco melhor o que se passou. Em 1104, depois de ter reunido alguns grandes senhores, dos quais um se encontrava em relação muito estreita com o futuro templário André de Montbard, Hugues de Champagne partira para a Terra Santa. Tendo regressado rapidamente (em 1108), deveria voltar lá em 1114 para regressar à Europa em 1115, a tempo de doar a São Bernardo uma terra onde este construiu a Abadia de Clairvaux.

Em todo o caso, a partir de 1108, Hugues de Champagne tinha entabulado contatos importantes com o abade de Cister: Estêvão Harding. Ora, a partir dessa época, embora os cistercienses não fossem considerados habitualmente homens de estudos – ao contrário dos beneditinos -, eis que começaram a estudar minuciosamente textos sagrados hebraicos. Estêvão Harding pediu mesmo ajuda a sábios rabinos da Alta Borgonha. Que razão poderia ter originado um entusiasmo tão repentino por textos hebraicos? Que revelação se pensava que esses textos poderiam trazer para que Estêvão Harding tenha posto, assim, os seus monges a trabalhar com o auxílio de eruditos judeus?

Neste quadro, a estada de Hugues de Champagne na Palestina pode parecer como uma viagem de verificação. Podemos imaginar que documentos importantes descobertos em Jerusalém ou nos seus arredores tenham sido trazidos para França. Foram traduzidos e interpretados, e Hugues de Champagne teria ido então procurar informações complementares ou então verificar, no local, a correção das interpretações e a validação dos textos. Sabemos, por outras fontes, o papel importante que São Bernardo, protegido de Hugues de Champagne, devia desempenhar na política do ocidente e no progresso da Ordem do Templo.

Escreveu a Hugues de Champagne, a propósito da sua vontade de ficar na Palestina: “Se, pela graça de Deus, te fizeste conde, cavaleiro, e de rico, pobre, felicitamo-nos pelo teu progresso, dado que é justo, e glorificamos a Deus em ti, sabendo que isto é uma mutação à mão direita do Senhor. Quanto ao resto, confesso que não suportamos com paciência sermos privados da tua alegre presença por não sei qual justiça de Deus a menos que, de tempos a tempos, mereçamos ver-te, se tal for possível, o que desejamos mais do que todas as coisas.” Esta carta do santo cisterciense mostra-nos até que ponto os protagonistas desta história estão ligados entre si e são capazes, portanto, de guardar o segredo em que trabalhavam.



Aliás, o próprio São Bernardo interessou-se muito de perto por antigos textos sagrados judeus. Em todo o caso, parece que Hugues de Champagne considerou as revelações suficientemente importantes para legitimarem uma fixação na Palestina. Era casado e, para entrar na Ordem do Templo que acabara de se criar, era necessário que a sua mulher aceitasse entrar para um convento. A cara esposa não entendia assim as coisas. Hugues de Champagne hesitou durante algum tempo mas, como a sua mulher lhe era notoriamente infiel, repudiou-a. Aproveitou esse fato para deserdar o filho, em relação ao qual tinha fortes desconfianças de não ser seu, e abdicou de todos os seus direitos em favor de seu sobrinho, Thibaut.

Entrou para a Ordem do Templo e nunca mais deixou a Terra Santa, onde faleceu em 1130. Quem seria capaz de nos fazer crer que repudiou a mulher e abandonou tudo para guardar estradas com pessoas que não queriam a ajuda de ninguém, e isso sob as ordens de um dos seus próprios oficiais?* [*É provável que Hugues de Payns tenha vindo para a Palestina ao mesmo tempo que Hugues de Champagne, isto é, em 1104. Com efeito, a primeira cruzada realizou-se em 1099 e, nessa época, Hugues de Payns ainda devia encontrar-se na Champagne, dado que aí encontramos a sua assinatura num documento de 21 de Outubro de 1100.]

Era preciso ser muito ingênuo, mesmo que tomemos em consideração que a fé é capaz de dar origem a muitos abandonos. Não se trataria antes de ajudar os Templários na verdadeira tarefa que lhes fora confiada e que Hugues de Champagne tinha boas razões para conhecer? Tudo iria acelerar-se. A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo só fora criada oficialmente em 1118, isto é, vinte e três anos depois da primeira cruzada, mas foi apenas em 1128, a 17 de Janeiro, que recebeu o nome de Ordem do Templo e a sua aprovação definitiva e canônica, mediante a confirmação da regra.

Até mesmo essas datas são contestadas por vezes e fala-se, respectivamente, de 1119 e de 13 de Janeiro de 1128. Podemos pensar que os documentos que tudo indica terem sido trazidos da Palestina por Hugues de Champagne (que sem dúvida os descobrira juntamente com Hugues de Payns) não deixariam de estar relacionados com o local que, em seguida, foi designado como o alojamento dos Templários.

O Templo de Salomão

O rei de Jerusalém, Balduíno, atribuiu-lhes como alojamento uns edifícios situados no local do Templo de Salomão. Chamaram ao local caserna de São João. Fora necessário mandar sair de lá os cônegos do Santo Sepulcro que Godofredo de Bouillon lá instalara primitivamente. Por que razão não se procurara antes outra habitação para os Templários? Que necessidade imperiosa havia de lhes oferecer para toca aquele local em particular? De qualquer modo, a razão não tem nada que ver com o policiamento das estradas. As caves eram formadas por aquilo a que se chamavam as estrebarias de Salomão. O cruzado alemão João de Wurtzburg dizia que eram tão grandes e tão maravilhosas que podiam alojar-se lá mais de mil camelos e quinze centenas de cavalos.

No entanto, foram designadas na sua totalidade aos nove cavaleiros do Templo que, antes de mais nada, se recusavam a fazer recrutamento. Desentulharam-nas e utilizaram-nas a partir de 1124, quatro anos antes de receberem a sua regra e estimularem o seu desenvolvimento. Mas utilizaram-nas apenas como estrebarias ou realizaram nelas buscas discretas? E o que procuravam? Um dos manuscritos do mar Morto, encontrado em Qumran e decifrado em Manchester em 1955-1956, referia quantidades de ouro e de vasos sagrados que constituíam vinte e quatro conjuntos enterrados sob o Templo de Salomão. Mas, nessa época, esses manuscritos dormiam no fundo de uma gruta e, mesmo que possamos imaginar a existência de uma tradição oral a esse respeito, poderemos pensar que as pesquisas foram orientadas antes para textos sagrados ou objetos rituais e não para vulgares tesouros materiais.


Idealização do Templo de Salomão

Que poderiam ter encontrado no local e, antes de qualquer coisa, que sabemos sobre esse Templo de Salomão de que tanto se fala? Para além das lendas, muito pouco: nenhum vestígio identificável por arqueólogos; essencialmente, tradições veiculadas ao longo do tempo e algumas passagens na Bíblia (no Livro dos Reis e nas Crônicas). Sem dúvida que foi construído em torno de 960 a. C. – pelo menos na sua forma primitiva. Salomão, que desejaria construir um templo à glória de Deus, fizera acordos com o rei fenício Hiram que se comprometera a fornecer-lhe madeira (de cedro e de cipreste). Enviar-lhe-ia também operários especializados: pedreiros, canteiros e carpinteiros recrutados em Guebal, onde os próprios egípcios costumavam contratar a sua mão-de-obra qualificada.

As obras duraram sete anos, abrangendo também um palácio suficientemente grande para albergar as setecentas princesas e trezentas concubinas do rei Salomão.
O Templo era retangular. Entrava-se no vestíbulo transpondo uma porta dupla de bronze e, então, encontravam-se duas colunas: Jachin e Boaz, também de bronze. Seguia-se uma porta dupla, em madeira de cipreste, que permitia o acesso ao hékal, ou local santo, uma sala com lambris de madeira de cedro e cheia de objetos preciosos e sagrados: o altar dos perfumes, em ouro maciço, a tábua dos pães de oração, em madeira de cedro forrada a ouro, dez candelabros e lâmpadas de prata, copos para libações finamente cinzelados, bacias sagradas e braseiros que serviam para a celebração de sacrifícios. Em seguida, entrava-se no debir, uma sala cúbica onde se encontrava a Arca da Aliança. O conjunto era feito de pedras talhadas, madeira e metais.

Em frente ao Templo, o «mar de bronze», grande reservatório que podia conter cinquenta mil litros de água, suportado por doze estátuas de touros, dominava a esplanada. Os elementos de decoração eram cobertos de folhas de ouro. Todo o empedrado tinha placas de ouro. A prata e o cobre também se encontravam em profusão. Os metais preciosos estavam verdadeiramente em todo o lado, incluindo o telhado, onde agulhas de ouro impediam que os pássaros pousassem. O Templo existiu sob esta forma até 586 a. C. Nessa data, Nabucodonosor cercou Jerusalém e apoderou-se dela. A cidade foi incendiada e o Templo de Salomão destruído.

Em torno do ano de 572 a. C., Ezequiel teve a visão do Templo reconstruído das suas ruínas. No entanto, teve que esperar até 538 a. C. para se ver Zorobadel iniciar a sua reconstrução. O novo santuário, muito mais modesto do que o precedente, foi arrasado pelo Selêucida Antíoco Epifânio. Herodes decidiu reconstruí-lo. Durante dez anos, mil operários trabalharam no estaleiro. O resultado foi grandioso, mas durou pouco, dado que o edifício foi destruído no tempo de Nero, menos de sete anos depois de ter sido terminado. Em 70 d. C., uma vez mais, Jerusalém foi tomada e o Templo pilhado, por Tito.

Os objetos sagrados, como o candelabro dos sete braços e muitas outras riquezas, foram levados para Roma e apresentados ao povo, quando do «triunfo» de Tito’. Quando os Templários se instalaram no local onde se ergueraa série de templos, apenas restava do edifício um pedaço do (do hoje) muro das lamentações e um magnífico empedrado quase intacto. Em sua substituição, erguiam-se duas mesquitas: a Al-Aqsa e a mesquita de Omar. Na primeira, a grande sala de oração foi dividida em quartos para servir de alojamento aos Templários. Juntaram-lhe novas construções: refeitórios, adegas, silos.

Os Templários e a Arca da Aliança

Parece que os Templários fizeram descobertas interessantes no local. Mas, de que se tratava? Se a maior parte dos objetos sagrados desaparecera por ocasião das diversas
destruições, e nomeadamente quando do saque de Jerusalém por Tito, havia um que se volatilizara, pura e simplesmente desaparecera, não parecia ter sido retirado de lá. Ora, fora para alojar esse objeto que Salomão construíra o Templo: a Arca da Aliança, que continha as Tábuas da Lei. Uma tradição rabínica referida pelo Rabi Mannaseh ben Israel (1604-1657) explica que Salomão teria mandado fazer um esconderijo sob o próprio Templo, para se colocar lá a Arca, em caso de perigo. Essa Arca tinha a forma de uma caixa de madeira de acaju com dois côvados e meio (1,10 m) por um côvado e meio (66 cm), tendo tanto de altura como de largura.

Tanto no interior como no exterior, as paredes estavam cobertas com folhas de ouro. O cofre abria-se para cima, por meio de uma tampa de ouro maciço por cima da qual se viam dois querubins de ouro martelado, frente a frente, com as asas dobradas e viradas uma para a outra. Havia argolas fixadas, que permitiam a inserção de barras
- também elas cobertas de ouro – para transportar a Arca que, assim, teria um aspecto igual ao de certos móveis litúrgicos egípcios. Por fim, uma placa de ouro estava colocada sobre a tampa, entre os querubins. Este kapporet era considerado pelos Hebreus como o «trono de Iavé». Assim o afirma o Êxodo, onde Iavé diz a Moisés: É aí que me encontrarei contigo, de cima do propiciatório, do espaço compreendido entre os dois querubins colocados sobre a Arca do Testemunho, que te comunicarei as ordens destinadas aos filhos de Israel.

O que quer dizer isso? Para os amantes de OVNIS, a Arca poderia ser uma espécie de receptor de rádio interdimensional que permitiria receber mensagens vindas do espaço ou de outro lugar. Para os outros, resta classificar isto na misteriosa rubrica dos objetos ditos de culto cujo destino não é conhecido. Os querubins alados parecem sugerir «homens voadores», «anjos» intermediários entre os homens e os deuses. Pelo nosso lado, vamos abster-nos de dar qualquer opinião quanto a esta questão, mas não poderíamos afastar a priori nenhuma hipótese enquanto não for fornecida uma explicação totalmente convincente, e sem dúvida que não será fácil explicar por que razão a Arca fora construída como um condensador elétrico.



Em todo o caso, a Arca encontrava-se bem protegida. Paul Poêsson* lembra que era proibido tocar-lhe sem uma autorização expressa para tal (e, muito possivelmente, equipado com proteções especiais), sob pena de se ser fulminado de imediato. Um dia, quando a transportavam, e porque ia mal segura, a Arca deu a impressão de ir cair ao chão. Um homem precipitou-se para a segurar. Foi uma infelicidade, porque morreu imediatamente fulminado. Pode considerar-se que a Arca se protegia a si própria, querendo dizer com isso que seria difícil admitir que a cólera divina tenha fulminado alguém apenas porque pretendera impedir que a Arca caísse. *[Paul Poêsson, Le Testament de Noé]

A Arca foi, pois, colocada no Templo de Salomão, no ano 960 a. C. No Livro dos Reis, Salomão dirige-se a Deus, através dela: “O Eterno declarou que habitaria na escuridão. Acabei de edificar uma casa que será a Tua residência, oh Deus, uma casa onde Tu habitarás eternamente.” Robert Laffont escreve: “Curioso, tratando-se de um ser da Luz. De notar que Salomão parece fazer uma distinção entre o deus a que se dirige e o Eterno.” Tal como já dissemos, não parece que a Arca tenha sido roubada quando das diferentes pilhagens ou pelo menos, quando tal aconteceu, foi recuperada, de acordo com os textos. O seu desaparecimento por roubo teria deixado inúmeros vestígios, tanto nos escritos como nas tradições orais. Apenas uma lenda sugere que ela teria sido roubada pelo próprio filho de Salomão. Esse filho, que teria tido da rainha de Sabá, tê-la-ia roubado para a levar para o reino de sua mãe. Mas esta lenda é pouco credível e não encontramos nada que a possa apoiar, na Bíblia.

Louis Charpentier lembra: “Quando Nabucodonosor tomou Jerusalém, não há qualquer referência à Arca, no saque do templo. Manda incendiar o Templo, em 586 a. C. E a Arca arde com ele.” Diz Wegener: “Ora, é certo que a Arca foi enterrada embaixo do templo. E Salomão não disse que ela ficaria na escuridão? O que não podia ser o caso do Santo dos Santos.” Charpentier vê a prova disso num texto que refere: “Quando a Arca da Aliança foi enterrada, levou-se para a ghenizah o recipiente que continha o maná, porque estivera em contato com as Tábuas da Lei.”

Para Charpentier, isso não tem a menor dúvida: a Arca ficou escondida no local, escondida sob o Templo, e os Templários descobriram-na. Esta afirmação deverá ser aceita com muita circunspecção, mas não deixa de ter interesse. Se admitirmos, por um instante, a sua validade como hipótese de investigação, torna-se lógico pensar que, entre 1104 e 1108, Hugues de Champagne e Hugues de Payns, uma espécie de aventureiros da Arca perdida, tenham conseguido descobrir documentos que permitiam localizá-la. O trabalho dos monges de Cister e dos sábios judeus que os ajudaram, teria consistido então na tradução e interpretação dos textos, eventualmente, fragmentários trazidos por Hugues de Champagne.

Mais tarde, munidos de informações adequadas, e depois de terem obtido como alojamento o local do Templo de Salomão, os primeiros cavaleiros do Templo teriam podido realizar escavações que conduziriam à descoberta da Arca. Quanto a isto, Charpentier cita em primeiro lugar, como memória, uma tradição oral que faria dos Templários os detentores das Tábuas da Lei. Lembra o regresso ao Ocidente dos primeiros templários, em 1128. Assim, abandonavam a sua missão. É claro que se tratava de obter a fundação de uma ordem militar dotada de uma regra especial, mas seria necessário, para tal, abandonar tudo no Oriente, durante um longo período? Não bastaria enviar um embaixador, tanto mais que os cavaleiros não tiveram a menor dificuldade em obter o que desejavam graças à força dos apoios de que beneficiavam?

Ora, o preliminar da regra que então lhes foi dada por São Bernardo começava assim: “Bem agiu Damedieu conosco e com o Nosso Salvador Jesus Cristo, o qual enviou os seus amigos da Santa Cidade de Jerusalém à Marca de França e da Borgonha […].” Charpentier comenta e sublinha: “A obra é realizada com a ajuda de Nous. E os cavaleiros foram mesmo mandados à Marca de França e da Borgonha, isto é, à Champagne, sob a proteção do conde de Champagne, onde podem ser tomadas todas as precauções contra qualquer ingerência dos poderes públicos ou eclesiásticos: naquele lugar onde, nessa época, se pode garantir melhor um segredo, uma vigilância, um esconderijo.”

E Charpentier pensa que os Cavaleiros do Templo, ao regressarem ao Ocidente, traziam, se assim o podemos dizer, nas suas bagagens, a Arca da Aliança. E precisa:
“No portal norte de Chartres, o portal chamado «dos Iniciados», existem duas colunatas esculpidas em relevo e ostentando, uma, a imagem do transporte da Arca por uma junta de bois, com a legenda: Archa cederis; a outra, a Arca que um homem cobre com um véu, ou agarra com um véu, perto de um monte de cadáveres entre os quais se distingue um cavaleiro de cota de malha; a legenda é: «Hic amititur Archa cederis»” (amititur possivelmente em vez de amittitur). Terá de ver-se aí um indício suficiente para apoiar a tese de Charpentier?


No portão norte chamado “o Portão dos Iniciados”, existem duas colunas no relevo esculpido mantenha uma imagem do transporte da Arca em um carro de boi, com a legenda Archa cederis (obrarás a arca), e outra amostra um homem que parece cobrir com um véu a Arca, junto com uma pilha de cadáveres entre um cavalheiro está na cota de malha.

Podemos, temos inclusive o dever de sermos extremamente céticos. No entanto, é mesmo a Arca da Aliança que parece estar representada, em cima de um carro de quatro rodas, em Chartres. Com efeito, uma escultura idêntica, representando o transporte da Arca, encontra-se nas ruínas da sinagoga de Cafarnaum. Essa representação mostra que, em Chartres, se atribuía um interesse muito especial ao transporte da Arca e poderia significar que os escultores não ignoravam que ela fora deslocada. Isso não quer dizer, de modo algum, que tenha sido trazida para o Ocidente pelos Templários, nem sequer que estes tenham uma relação especial com essa deslocação. Precisamente, poderemos observar que a decoração da catedral de Chartres evoca mais de uma vez os cavaleiros do Templo.

O outro segredo de Salomão

O segredo descoberto no local do Templo pelos Templários pode não ter qualquer relação com a Arca da Aliança, embora continue ligado a Salomão. De qualquer modo, é forçoso reconhecer que há muitos pontos comuns entre os Templários e este rei. Em primeiro lugar, temos de lembrar que, logo no início, Hugues de Payns e os seus amigos tinham tomado o nome de «Pobres Cavaleiros de Cristo» e isso até terem ocupado o local do Templo de Salomão – pelo menos é o que geralmente se diz. Ora, a partir do momento em que obtiveram a sua regra (logo, após as suas possíveis descobertas), lê-se no prólogo da versão francesa: «Aqui começa a regra da pobre cavalaria do Templo.»

Muito em breve encontramos nas doações que lhes foram feitas os títulos de cavaleiros do Templo de Salomão. A expressão não veio, pois, por hábito e foi decidida muito rapidamente. Notemos, por outro lado, que o menestrel alemão, Wolfram von Eschenbach, que se afirmava Templário, escrevia no seu Parzival que o Graal fora transmitido por Flégétanis, «da linhagem de Salomão», e que os Templários eram os seus guardiões. Voltaremos a este ponto.

Pensemos também na construção do Templo que Salomão confiara ao mestre Hiram. O arquiteto, segundo a lenda, foi morto por companheiros invejosos aos quais recusara a divulgação de determinados segredos. A seguir ao desaparecimento de Hiram, Salomão enviara nove mestres à sua procura, nove mestres como os nove primeiros Templários à procura do arquiteto dos segredos. E depois, Salomão, tal como os Templários, apostou muito no comércio, sobretudo dos cavalos. Quis ter uma frota comercial para facilitar o seu negócio e os Templários, por sua vez, possuíram uma frota poderosa de navios. Que pensava disso São Bernardo que fez a propaganda dos Templários e escreveu sobre o Cântico dos Cânticos, atribuído ao rei Salomão?


(São) Bernardo de Clarivaux, patrono da Ordem dos Cavaleiros Templários e criador das regras da Ordem.

A própria personalidade de Salomão é interessante de estudar, neste quadro. É símbolo de justiça: o seu julgamento é célebre; símbolo de sabedoria, também. Rei dos poetas, é autor do Cântico dos Cânticos que alguns pensam ser um documento cifrado, uma espécie de testamento de adepto, de um iniciado em ocultismo. Não podemos falar de Salomão sem lembrarmos a rainha do Sabá. Esta chegou a Jerusalém acompanhada por uma magnífica caravana de camelos carregados de presentes fabulosos. Balkis, a magnífica, vinha pôr à prova Salomão, cuja reputação chegara até ela e tinha a intenção de lhe apresentar enigmas muito difíceis de resolver. O Corão contém, a propósito da visita de Balkis, reflexões bastante interessantes.

Assim: “Salomão herdou de David e disse: Homens! Ensinaram-nos a linguagem dos pássaros, e, de todas as coisas, fomos contemplados copiosamente. Na verdade, esse é por certo um favor evidente!” A alusão à linguagem dos pássaros deixa entender que Salomão tinha conhecimento dos segredos ocultos da natureza (e que talvez os comandasse). Esse tipo de denominação era bem conhecido dos trovadores e leva-nos de volta à escrita do Cântico dos Cânticos de Salomão, estudado de perto por São Bernardo.

Mas, regressemos ao Alcorão: As tropas de Salomão, formadas por Djins, Mortais e Pássaros foram reunidas à sua frente, divididas por grupos. Assim, Salomão tinha ao seu serviço homens mas também gênios (Djins) – isto é, ele conhecia e comandava os Seres elementais* – e pássaros, isto é, seres voadores. *[O Espírito dos elementos, segundo o ocultismo. (N. do E.)] Então, a Arca da Aliança, os segredos de arquitetura, a linguagem dos pássaros? Ou outra coisa encontrada na Palestina? Mas o quê? Segredos ligados a Jesus? À sua vida? A Maria Madalena? Ao Graal, talvez…

Satã prisioneiro

Consideremos mais uma possibilidade, por mais louca que seja. Segundo o Apocalipse de São João, depois de ter sido vencido e expulso do céu com os anjos que foram afastados da graça divina, Satã é acorrentado no abismo. Ora, a tradição afirma que esse abismo tem saídas e que estas se encontram obturadas. Uma delas encontrava-se, precisamente, selada pelo Templo de Jerusalém. O quartel dos Templários ficaria, pois, situado num local de comunicação entre diferentes reinos, característica comum à da Arca da Aliança. Ponto de contacto tanto com o Céu como com os Infernos, um dos locais sagrados sempre ambivalentes, dedicados tanto ao bem como ao mal. Um local de comunicação ideal de que os Templários se teriam tornado guardiões.

Uma lenda referida pelo Senhor de Vogüé conta que, na época de Omar, um homem, ao debruçar-se, avistou uma porta no fundo do poço donde tirava água. Desceu ao poço e transpôs a porta. Apareceu-lhe um jardim magnífico. Arrancou uma folha de uma árvore e trouxe-a como prova da sua descoberta. Mal saiu, apressou-se a ir prevenir Omar. Correram para lá, mas a porta desaparecera e ninguém voltou a encontrá-la. Ao homem restou apenas a folha que nunca murchou. Isto passava-se no local do Templo de Salomão. Uma tradição mais para transformar o local numa passagem entre diversos níveis (de Consciência) e reinos.

Relata-se também que o Templo de Salomão fora precedido, no local, por um templo pagão dedicado a Poseidon. Ora, ignora-se demasiadas vezes que Poseidon só muito tardiamente se tornou deus do mar. Antes, tinha a posição de Deus supremo e foi apenas com a chegada à Grécia dos Indo-Europeus que Zeus assumiu a liderança das divindades. Poseidon fora, no tempo dos povos pelasgos, o Deus criador, demiurgo que tinha um lugar privilegiado nas águas-mães salgadas. Era o grande agitador das terras, senhor das forças telúricas e, em alguns aspectos, aproximava-se de Satã. Eugène Delacroix, iniciado da Sociedade Angélica, sabia-o bem quando
decorou o teto da capela dos Santos Anjos, na igreja de Saint-Sulpice, de Paris.

Pintou nela São Miguel a deitar ao chão o demônio. Ora, esse demônio das origens, representou-o sob a forma de Poseidon, perfeitamente reconhecível devido aos seus atributos. Muito bem! Os Templários encarregados de guardarem os locais por onde Satã poderia evadir-se da prisão que lhe fora atribuída na noite dos tempos, é algo que parecerá, sem dúvida, grotesco a muitos leitores modernos mas que seria conveniente reinserir nas crenças da época. E, depois, nunca se sabe… Tanto mais que Salomão também mandou construir santuários para «divindades estrangeiras».

Mandou dedicar, nomeadamente, templos à Astarté, «a abominação dos Sidonenses» e à Milkom, «o horror dos Amonitas». O «deus ciumento» de Israel deve ter ficado furioso. Nesse campo, Salomão não se limitaria a ceder às pressões das inúmeras concubinas estrangeiras? Se agiu desse modo, que não teria feito em recordação da rainha do Sabá, cujo reino podemos localizar, sem a menor dúvida, no lémen? Na sua maioria, os deuses do país de Baffis cheiravam muito a enxofre.



Os Templários e os segredos (a SABEDORIA) de Salomão

Em resumo, podemos considerar como uma quase certeza o fato de Hugues de Payns e Hugues de Champagne terem descoberto documentos importantes, na Palestina, entre 1104 e 1108. Esses achados estiveram, sem dúvida, na base da constituição dos nove primeiros Templários e devemos ligá-los à decisão de lhes atribuir, como residência, o local do Templo de Salomão. Aí, levaram a cabo escavações.

Nessa fase, estava fora de questão aumentarem os seus efetivos, por causa da manutenção do segredo. As suas pesquisas devem tê-los levado a encontrar algo realmente importante, pelo menos aos seus olhos. A partir desse momento da descoberta, a política da Ordem mudou. O QUE eles teriam encontrado?
A Arca da Aliança?
Um modo de se comunicarem com poderes superiores ao homem: deuses, elementais, gênios (djins), extraterrestres ou outros ?
Um segredo relativo à geometria sagrada e, por assim dizer, mágica da arquitetura?
A chave de um mistério ligado à vida de Cristo ou à sua mensagem?
O Santo Graal?
A forma de reconhecer os locais onde a comunicação, tanto com o Céu como com os Infernos, é facilitada, com o risco de libertar Satã ou Lúcifer?

Poderíamos pensar que nos encontramos numa novela de H. P. Lovecraft, é certo, mas estas perguntas, embora não sejam racionais, surgem imperativamente no contexto da época. Iremos procurar, ao longo dos próximos capítulos e dos indícios que nos irão ser fornecidos pela história da Ordem dos Cavaleiros Templários, separar o trigo do joio e restringir os nossos pressupostos, explicar por que razão, a partir de então, a política dos Cavaleiros Templários mudou brusca e radicalmente.


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Abril 22, 2015

chamavioleta

Os Cavaleiros Templarios e seus Segredos 

 III

Posted by Thoth3126 on 22/04/2015



Os Cavaleiros Templários e seus Segredos – Parte III


“Um Cavaleiro Templário é verdadeiramente um cavaleiro destemido e seguro de todos os lados e de si mesmo, pois sua alma, ela é protegida pela armadura da fé, assim como seu corpo está protegido pela armadura de aço.

Ele é, portanto, duplamente armado e sem ter a necessidade de medos de demônios e nem de homens“.

(São) Bernardo de Clairvaux, c. 1135, De Laude Novae Militae—In Praise of the New Knighthood.

“Non nobis Domine, non nobis, sed nomini Tuo da Gloriam”(Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Teu nome Glorifique) - Salmo 115: 1 – Cavaleiros Templários.

Composição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Como foi dito na introdução dessa narrativa, na parte I, os templários ganharam o reconhecimento oficial e lhes foi concedido a sua Regra pela igreja de Roma em 1128, no Concílio de Troyes, em 13 de janeiro, que foi dominado pelo monge (da Ordem de Cister) cisterciense Bernardo de Clairvaux.


“Non nobis Domine, non nobis, sed nomini Tuo da Gloriam” (Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Teu nome Glorifique) – Divisa dos Templários e Salmo 115-1

A nova ordem dos Cavaleiros Templários logo ganhou um grau excepcional de autonomia jurídica, que colocou suas atividades completamente fora do alcance dos bispos, dos nobres feudais, barões, condes, reis ou imperadores, tornando-os responsáveis através do seu Grão-Mestre apenas ao próprio papa somente e a mais ninguém.

Antes de sua eleição como pontífice, o papa daquele momento Honório II {(Nome: Lamberto Scannabecchi - * Fagnano ? – † Roma , 13 de fevereiro de 1130 ). Papa n º 163 da Igreja Católica de 1124 a 1130} que havia sido membro da Ordem de Cister, e era um amigo muito próximo do monge (São) Bernardo de Clairvaux, criador da Regra aprovada pelo papa aos Templários, que era seu principal conselheiro. Este não foi um exemplo único de nepotismo ou seja um “ato entre velhos amigos” que pode ser encontrado nos primeiros anos da Ordem dos Templários.

A concessão de terras da região de Ballontrodoch pela família Saint Clair de Roslin, na Escócia foi seguida pela doação de muitos presentes e doações similares por outros membros da aristocracia piedosa da Europa que também fizeram generosas doações de terras e financiaram começo do rápido crescimento da nova ordem que surgia, a Ordem dos Cavaleiros Templários.



O Sagrado “Graal” Feminino eleva o Masculino, e ambos se completam.

A procura de novos membros que queriam se inscrever na nova ordem cresceu com uma velocidade absolutamente incrível e logo a ordem contava entre as suas fileiras representantes de todas as casas e famílias de nobres feudais com liderança na Europa Ocidental. O Sul da França, a região da Provence, e nas áreas do Languedoc-Roussillon, se tornaram sua base de maior poder e influência para a Ordem dos Cavaleiros Templários (e local de grande veneração do Sagrado Feminino e de grandes revoltas contra a famigerada igreja de Roma, que ali promoveu uma Cruzada e um massacre contra os “hereges” Cátaros que se reusavam a obedecer Roma e seu papa de plantão).

Desde a época de sua fundação em 1099, com a captura de Jerusalém durante a Primeira Cruzada, até a derrota e a queda de Acre, em 1291 na Palestina, os Cavaleiros Templários exerceram grande influência e tiveram grande poder na Terra Santa. Guardando as rotas de peregrinação e os peregrinos, transportando homens, materiais e peregrinos vindos de portos da Europa, embora tenha sido uma importante tarefa para o início das atividades da Ordem dos Cavaleiros Templários, elas eram apenas uma pequena parte de suas atividades e analisando friamente, era quase um disfarce para as reais intenções e atividades da ordem em seus primeiros tempos.

Eles construíram castelos em importantes posições defensivas e desempenharam um papel significativo nas atividades militares da região da Terra Santa, estabeleceram bases importantes em toda a Palestina, na medida em que os Cavaleiros Templários se transformavam em uma das forças militares de importância mais significativa dentro do Reino de Jerusalém e em toda a Europa. Os templários logo adquiriram uma reputação merecida por bravura em combate e nunca se entregando voluntariamente ao inimigo quando acontecia uma derrota em batalha.

No entanto, a sua reputação para pensar estratégia militar e a sua própria estratégica não é avaliada tão em alta conta. Suas extensas e dispendiosas atividades militares em Outremer, como a Palestina se tornou conhecida naquele tempo, foram sustentadas primeiro pelas doações e adesões de novos membros no início de suas atividades e depois e mais tarde pelos lucros de suas propriedades e atividades comerciais na Europa Ocidental.


O protegido e fortificado Porto de La Rochelle, dos Cavaleiros Templários, retratado com navios ancorados.

A RIQUEZA, E A FROTA DE NAVIOS TEMPLÁRIOS

A Ordem dos Templários passou com o decorrer do tempo a possuir muitas propriedades e bens de tamanhos variados espalhados por toda a Europa, desde a longínqua e gelada Dinamarca, a Escócia e as Ilhas Orkney, no extremo norte das ilhas britânicas, na França, Itália e Espanha, ao sul, Portugal à oeste da Europa e no território da futura Alemanha (Sacro Império Romano) à leste.

Os Cavaleiros Templários também tinham muitos interesses comerciais e suas atividades incluíam a operação de grandes fazendas produtoras de alimentos, vinhas, pedreiras e minas de metais nobres, intermediação financeira, tutores, procuradores e representantes legais para terceiros, enfim eram a instituição mais confiável e em quem mais se poderia confiar durante o auge de sua existência.

Como resultado de seu interesse duplo em proteger peregrinos por um lado e a manutenção das comunicações com suas bases de operações na Terra Santa, de outro, os Templários operavam uma frota bem organizada de navios mercantes e marinha militar que excedia a de qualquer Estado do Mar Mediterrâneo naquele momento que marcou o auge da ordem.

Para fins militares, a frota incluía um número de galeras de guerra altamente manobráveis equipadas com aríetes na proa e para o propósito de transporte de peregrinos, soldados, cavalos e cargas comerciais, eles possuíam um grande número de navios que navegavam pelas águas do mar Mediterrâneo entre bases situadas na Itália, França, Espanha e portos na Terra Santa.


O Porto de La Rochele hoje, construído e controlado pelos Templários há séculos, e que durante décadas, foi uma porta aberta para o Oceano Atlântico e “novas terras (das quais eles tinham o conhecimento da SUA EXISTÊNCIA, as Américas) onde existia PRATA em abundância.

Sua sede marítima principal do poder naval no mar Mediterrâneo foi instalada na Ilha de Mayorca (antigas Ilhas Baleares), enquanto o seu principal porto oceânico na costa atlântica, aberto como um portal para o oeste do hemisfério norte (e ÁS TERRAS DO NOVO MUNDO) foi o porto altamente fortificado, secreto e muito bem guarnecido de La Rochelle, no litoral oeste da França, de onde, alega-se, eles realizavam o comércio com a Groenlândia, as Ilhas Britânicas, a América do Norte continental, o México e de onde efetuavam regulares visitas ao Brasil antes de seu “descobrimento” oficial.

Apenas cerca de 50 anos após a sua fundação, a Ordem dos Cavaleiros Templários se tornou uma força comercial igual ou superior em poder militar, comercial e diplomático ao de muitos estados europeus daquela era, e dentro de apenas cem anos (mais cinqüenta) eles já haviam se desenvolvido ao ponto de se transformarem em precursores medievais das atuais empresas e conglomerados multinacionais, pois tinham interesses em toda forma de atividade comercial da sua época, e também foram precursores das modernas instituições financeiras ao criarem mecanismos de garantia fiduciária, hipotecária, literalmente as notas promissórias. Como conseqüência de tão vasta atividade e capacidade administrativa a instituição templária era muito mais rica do que qualquer reino da Europa de então.

Além de possuírem muitas riquezas (ainda hoje procuradas) e uma enorme quantidade de terras na Europa, a Ordem dos Templários possuía uma grande esquadra marítima. Os cavaleiros, além de temidos guerreiros em terra, eram também exímios navegadores e utilizavam sua frota marítima para deslocamentos e negócios com várias nações. Devido ao grande número de membros integrantes da Ordem em toda a Europa, apenas uma parte dos cavaleiros foram aprisionados (a maioria franceses) quando se iniciou a perseguição do Rei francês Filipe, o Belo. Os cavaleiros de outras nacionalidades não foram aprisionados e isso lhes possibilitou se refugiarem em outros países.



Segundo alguns historiadores, alguns cavaleiros foram em exílio para a Escócia, Suíça, muitos para Portugal e até para locais mais distantes, usando seus navios. Muitos deles mudaram seus nomes e se instalaram em países diferentes, para evitar uma perseguição do rei francês e da Igreja de Roma.

O desaparecimento da esquadra da ordem é outro grande mistério. No dia seguinte ao aprisionamento dos cavaleiros franceses, toda a esquadra zarpou durante a noite de seus portos europeus, a maioria do porto fortificado de La Rochelle, desaparecendo sem deixar registros. Por essa mesma data, o Rei Português D. Dinis nomeava o primeiro almirante Português de que se tem memória, apesar de Portugal não ter uma armada até aquela data.

Por outro lado, D. Dinis evitava entregar os bens dos Templários à Igreja e conseguiu criar uma nova ordem de cavalaria com base na Ordem Templária, adotando para símbolo da mesma uma adaptação da cruz orbicular Templária, levantando a dúvida de que planejava se apoderar da armada Templária para si mesmo e seu jovem e florescente país…

Um dado interessante relativo aos cavaleiros templários que teriam se dirigido para a Suíça, é que antes desta época não há registros de existência do famoso sistema bancário daquele país, até hoje utilizado e também muito discutido. Como é sabido, no auge de sua formação, os cavaleiros da Ordem desenvolveram um sistema de empréstimos, linhas de crédito, depósitos de riquezas que na sua época já se assemelhava bastante aos bancos de hoje. É possível que foram os cavaleiros fugitivos da França que se refugiaram na Suíça que implantaram o sistema bancário nesse país e que até hoje é a principal atividade do mesmo.

No momento da detenção dos Templários na França, por Filipe, o Belo, dois séculos depois de sua fundação, se diz que eles retiraram o seu tesouro e o carregaram e transportaram com todos os seus tesouros substanciais em uma dúzia de navios na costa do Atlântico, navegando para oeste para nunca mais serem vistos novamente.



Alguns dizem que o tesouro dos Templários foi para a Escócia. Outros dizem que é na Groenlândia ou Newfoundland, ou na Ilha Oak na costa da Nova Scotia, no Canadá, que o tesouro foi levado ou que teria sido transportado para Portugal.

Segundo o historiador alemão Heinrich Finke, em 1308 o templário Jean de Chalons declarou ao Papa, em Poitiers, que Gerard de Villiers – preceptor do Templo em Paris – escapou com 50 cavaleiros em 18 navios da Ordem do porto templário de LA ROCHELLE, levando também todo o tesouro da Ordem.

Também há mais uma versão, segundo narra Maurice Guinguand em seu livro “O Ouro dos Templários”, os bens preciosos da Ordem do Templo tinham sido reunidos e guardados em segurança na Catedral de Sées, região da Normandia na França, num local extremamente secreto que poderá estar relacionado com o poço que se encontra no interior da catedral.

Quando o rei Filipe, o Belo, decidiu prender os Templários, em 1307, Jacques de Molay, então Grão-Mestre da Ordem do Templo e já sabendo antecipadamente da decisão do rei francês, teria confiado a um dos seus cavaleiros a missão de salvar o enorme tesouro templário.

Este é transportado para o Norte da França, em carroções com forte escolta onde o espera uma parte da frota templária, com cerca de dezoitos navios de transporte vinda do principal porto templário, o de La Rochelle. O precioso carregamento é então transportado para Portugal, desembarcando no porto de Serra d’El Rei, próximo de Óbidos. A partir daí, o transporte até Tomar é feito sem quaisquer problemas.


O Castelo de Tomar, em Portugal, construção iniciada em 1º de Março de 1.160, uma das construções mais antigas dos Templários na Europa. Dom Gualdim Pais (Amares, 1118 – Tomar, 1195) foi um cavaleiro cruzado português, Cavaleiro e Monge Templário e Cavaleiro de D. Afonso Henriques (1128-1185). Foi o fundador da cidade de Tomar e o construtor do Castelo Fortaleza de Tomar.

Recentemente, especialistas internacionais quiseram conhecer o que existe no subsolo de Tomar, pois se sabe que existem entradas, mas seladas, e, que noutros locais, os Templários construíram túneis com trinta metros por baixo da terra. Os especialistas recorreram ao Instituto de Geofísica e, graças aos métodos da geoeletricidade e do georradar, poderiam detectar as cavidades subterrâneas em até 40 metros de profundidade, sem efetuar aberturas no solo, sem tocar em nada e sem danificar nada. Mas o Ministério da Cultura português proibiu as pesquisas. Na realidade, as lendas ainda abundam: haverá algum tesouro templário escondido sob o Castelo de Tomar?

Outra versão existe com base em uma forte possibilidade de que, na véspera da prisão em massa dos templários, o tesouro tenha sido transportado para o Monte Saint-Michel, na foz do Rio Couesnon na Normandia, onde 18 navios templários o aguardavam. O seu destino?

Certamente… Portugal, fato histórico (desprezado pelos eruditos) que é referido num documento apreendido pelas tropas napoleônicas, quando da tomada de Roma. Especificamente, cita-se o porto de Baleal, em Peniche, Portugal, como o local de destino e desembarque do tesouro templário retirado da França.



Acima o Monte Saint-Michel. Vamos abrir um parêntesis para citarmos certos fatos relativos aos Templários em Portugal, onde os cavaleiros templários eram desde cedo o mais querido e valoroso braço militar da então incipiente monarquia portuguesa, devido aos feitos do cavaleiro templário português Gualdim Pais que além de ser o fundador de Tomar e seu castelo cuja construção se inicia em 1160 pelo mestre templário, foi o grande responsável pela consolidação da ordem do templo em Portugal.

Ele nasceu no ano de 1118 em Marecos, hoje Amares, e morreu em Tomar em 1195. Fundou o castelo de Almourol, o de Idanha, o de Ceres, o de Monsanto e o de Pombal. Deu foro a Pombal em 1174. D. Afonso Henriques sagrou-o cavaleiro na lendária batalha de Ourique, contra os mouros. Partiu depois para a Palestina, ali ingressando na Ordem dos Cavaleiros Templários. Durante 5 anos notabilizou-se nos confrontos e batalhas contra os sultões da Síria e do Egito.

Regressou à pátria portuguesa, foi comendador da Ordem dos Cavaleiros Templários em Braga e em Sintra, até que se tornou o Quarto Grão-Mestre da Ordem no ano de 1157 em Portugal. Recuperou o castelo de Almourol do domínio dos mouros Almóadas, e foi sob o seu comando que os cavaleiros templários repeliram, em 1191, no seu recém construído Castelo de Tomar, uma contra ofensiva do poderoso exército Almóada de Yacub (o Califa Abu Yusuf Ya’Qub al-Mansur), o rei marroquino que ameaçava o reino de Portugal, já sob o reinado de Dom Sancho I.



Certamente os monarcas portugueses não esqueceriam estes serviços prestados pelos cavaleiros Templários para a consolidação do reino de Portugal!Voltando a D. Diniz no começo do século XIV, durante a perseguição aos cavaleiros da Ordem do Templo, ele engendrou uma fórmula inteligente para proteger a continuidade da ordem em Portugal sem desobedecer à vontade papal quando a perseguição aos templários foi deflagrada por Filipe o Belo na França e no resto da Europa.

Ele reiterou ao papa Clemente V que os templários não haviam cometido crime nenhum em Portugal e o papa, por sua vez, reclamou todos os seus bens, tendo o rei sutilmente proposto uma troca: os bens dos templários pela concessão da fundação de uma nova ordem de cavalaria em Portugal, a “Ordem dos Cavaleiros de Cristo”!


A localização privilegiada do seguro e muito bem fortificado porto dos Templários em LA ROCHELLE, de frente para o Oceano Atlântico, e para a PRATA do novo mundo, que financiou a construção das grandes catedrais góticas da França, como Chartres …

O papa, é claro, aceitou sem pestanejar. Então o rei português transferiu todo o patrimônio dos cruzados para a nova ordem de cristo, que não deixou de ser uma antiga conhecida nossa, pois ela foi fundada e composta pelos próprios cavaleiros templários. Assim, Dom Diniz garantiu a permanência da ordem em terras portuguesas (apenas trocando de nome) e o reino português se tornou o refúgio para cavaleiros templários perseguidos de toda a Europa.

À Portugal se chegaram fugitivos templários de vários países e o castelo fortaleza de Tomar se tornou o cofre dos segredos que mais tarde a inquisição da igreja de Roma não conseguiu abrir e arrancar. A nova “Ordem do Nosso Senhor Jesus Cristo” foi reconhecida dois anos depois…em 15 de Março de 1319 pela bula papal Ad ea Ex-Quibus do novo papa João XXII, que desse modo acedeu aos pedidos de Dom Diniz.



Começava para os cavaleiros templários, agora sob um novo nome e uma nova pátria, uma nova era, uma nova missão… a missão do templo e dos cavaleiros templários transferia-se para bordo das caravelas portuguesas que a partir desse momento começariam a ser desenvolvidas.

De então em diante seria necessário serem menos cavaleiros e mais marinheiros, serem menos da terra e mais do mar, para que no tempo determinado pela divina providência, os cavaleiros Templários baseados em Portugal pudessem revelar ao mundo a existência de novas terras à oeste e sul da Europa…(e que estas terras, principalmente o Centro Oeste do Brasil, muito mais tarde pudessem cumprir com os seus desígnios divinos…)

Fontes: Internet e o Akasha

Postado originalmente em setembro de 2012.

A saga dos templários continua…em novas postagens

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Abril 17, 2015

chamavioleta

Os Cavaleiros Templários e seus segredos I

Posted by Thoth3126 on 17/04/2015



Os Cavaleiros Templários e seus segredos, parte I


A Ordem dos Cavaleiros Templários também chamada de Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão (em latim “Ordo Pauperum Commilitonum Christi Templique Salominici“) – foi fundada em 1118 por Hugues de Payens, um cavaleiro de Borgonha e de Godofredo de Saint Omer, um cavaleiro do norte da França e mais sete cavaleiros.

Seu objetivo público aparente era proteger os peregrinos que acorriam à Terra Santa depois da Primeira Cruzada…

“Non nobis Domine, non nobis, sed nomini Tuo da Gloriam”(Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Teu nome Glorifique) - Salmo 115:1 e a divisa dos Cavaleiros TEMPLÁRIOS.

Por Thoth3126@gmail.com

… Baldwin I, então o rei de Jerusalém, atribuíu a estes dois cavaleiros e mais os sete que se juntaram a eles, as dependências perto do local do Templo de Salomão, dai o nome Templários foi derivado. 



A primeira sede dos Cavaleiros Templários, a Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, o Monte do Templo. Os Cruzados chamaram-lhe de o Templo de Salomão, como ele foi construído em cima das ruínas do Templo original, e foi a partir desse local que os cavaleiros tomaram seu nome de Templários.

Os Nove cavaleiros Fundadores originais da Ordem foram:

1. Hugues de Payens (ou Payns)

2. Godofredo de Saint-Omer

3. Godofredo de Bisol ( ou Roral ou Rossal, ou Roland ou Rossel);

4. Payen de Montdidier ( ou Nirval de Montdidier);

5. André de Montbard (tio de S. Bernardo de Clairvaux);

6. Arcimbaldo de Saint-Amand, ou Archambaud de Saint-Aignan;

7. Hugo Rigaud

8. Gondemaro, (ou Gondomar, ou Gondemare, ou Gondomar . (N.1090 ? – ?) Templário que se supõe ter sido Português.);

9. Arnaldo, Arnoldo,: Frei Arnaldo, ou ainda segundo André J. Paraschi: D. Pedro Arnaldo da Rocha. Templário. Teria sido um dos nove fundadores da Ordem dos Templários em 1118, em Jerusalém. André Paraschi diz a esse respeito: “dos fundadores da Ordem na Palestina, dois podiam ser filhos de famílias do Condado Portucalense. São eles Fr. Gondemaro (Gondomar) e Fr. Arnoldo, ou Arnaldo, que (…) poderá ser identificado com o Procurador do Templo em Portugal, Petrus (Pedro) Arnaldo da Rocha”. Esta teoria é reforçada pelo fato de deixar de haver notícias deste cavaleiro na Palestina e de, em 1º de Abril de 1185, ser lavrada uma escritura de venda por um casal situado em Braga, sendo vendedora D. Sancha Viegas e o comprador: Petrus Arnaldo, “frei do Templo”



Seu objetivo público era proteger os peregrinos que acorriam à Terra Santa depois da Primeira Cruzada. Baldwin I, Rei de Jerusalém, atribuíu a estes dois cavaleiros e mais os sete que se juntaram com eles, dependências perto do local do Templo de Salomão, dai o nome Templários foi derivado.

Era óbvio que somente estes nove cavaleiros seriam incapazes de proteger os caminhos que levavam a Jerusalém. A insígnia dos Templários eram a reprodução de dois cavaleiros montados sobre um cavalo…“Sigilum Militum Xpisti”

Eles também tinham uma agenda e um PROPÓSITO oculto. Um dos objetivos era o de escavar o local e as ruínas do segundo Templo de Salomão, destruído pelos romanos em 70, pelas legiões do General Tito Vespasiano, especialmente sob a área onde seriam os estábulos do rei Salomão. Eles finalmente descobriram tesouros surpreendentes e artefatos religiosos da antiga Jerusalém e receberam um conhecimento sagrado naquele local.

Nove anos (durante esse período de tempo os nove cavaleiros fizeram inúmeras escavações – e descobertas – onde ficava o Templo de Salomão) mais tarde Hugues de Payens visitou a Europa com o objetivo de colocar a nova ordem sobre uma base mais segura em relação ao mundo daquele tempo e de ganhar reconhecimento e uma regra da Igreja de Roma. Ele garantiu o apoio entusiástico de S. Bernardo o famoso Abade de Claraval (Clairvaux), e em 1128 uma regra, que foi elaborada pelo próprio São Bernardo foi aprovada para os Cavaleiros Templários pelo Conselho de Troyes. Em 1163 foi que o Papa Alexandre III emitiu a Carta da Ordem, e sua organização legal foi plenamente estabelecida.



O que começou como uma equipe de nove homens de nobres e bem-intencionadas atitudes, “dedicada a defender” a Terra Santa e seus caminhos do ataque dos Sarracenos (árabes muçulmanos), se tornou a mais poderosa organização (com uma agenda secreta…) jamais igualada na história humana.

Os templários se tornaram proprietários de muitos tesouros (os mais importantes sendo o CONHECIMENTO ) religiosos e eles também foram os guardiões do “Santo Graal” (não um objeto físico qualquer, mas o conhecimento da verdade sobre muitas questões espirituais, místicas e esotéricas, que eles mantiveram em segredo sendo a principal delas a consciência do FEMININO SAGRADO, a energia da DEUSA e do qual eles deixaram um testemunho gravado em pedra nas antigas catedrais da França construídas pelos Cavaleiros Templários em locais de GRANDE PODER ESPIRITUAL feminino, desde a mais remota antiguidade).

Porque os Templários também possuíam grande riqueza material (consequência de terem “levantado os véus de ISIS”), os reis da Europa vinham constantemente a eles de chapéu na mão para negociar empréstimos. Eles criaram muitos aspectos fundamentais do sistema bancário internacional de hoje como as notas promissórias e cartas de crédito bancárias assim como uma rede internacional de agências, por toda a Europa, de comendas.

No entanto, fiéis ao seu juramento de pobreza, os membros individuais desta ordem militar secreta viviam monasticamente sem um tostão. Quando a Ordem dos Cavaleiros Templários foi extinta no século 14, para escapar da perseguição do Rei Filipe, o Belo, da França, que em vão tentou usurpar o tesouro da ordem sem sucesso, os Templários retiraram o seu tesouro material pelo seu porto privado francês de La Rochelle (imagem seguinte), onde sua grande frota de navios próprios estava atracada e os navios e tesouros simplesmente desapareceram {uma parte teria sido enviada para Portugal (um país literalmente criado pelos Cavaleiros Templários) e o restante para a Escócia}. 



O Porto de La Rochele, construído e controlado pelos Templários, durante décadas, uma porta aberta para o Oceano Atlântico e “novas terras (das quais eles tinham o conhecimento da SUA EXISTÊNCIA, as Américas) onde existia PRATA em abundância.

Desde este dia, o seu paradeiro é desconhecido, e muitas especulações já foram feitas sobre o seu local de destino. Alguns livros de história descrevem como os Templários eram guardiões de um “grande segredo” misterioso que poderia ter sido relacionado com a sua conexão com o “Santo Graal”. Mas os livros mais recentes têm sugerido que este “grande segredo” poderia ter sido um conhecimento que, se revelado, poria em causa a nossa visão fundamental do catolicismo romano em si e do desenvolvimento histórico contado de nossa civilização.

Alguns afirmam que a organização dos Cavaleiros da Ordem do Templo realmente nunca deixou de existir. O fim oficial dos Templários foi representado pela execução de seu último Grão-Mestre do passado, Jacques de Molay, que foi queimado vivo perante uma multidão que cantava em Paris, em 18 de março de 1314, depois de sete anos prisioneiro. Mas a realidade é que eles simplesmente mudaram de nome e passaram para à clandestinidade. Há evidências de que certas figuras famosas da Europa eram membros da Ordem – centenas de anos depois que oficialmente ela teria deixado de existir. Sir Isaac Newton é nomeado como um de seus membros. 



Acima: O Castelo de Tomar, em Portugal, construção iniciada em 1º de Março de 1.160, uma das construções mais antigas dos Templários na Europa. D. Gualdim Pais (Amares, 1118 – Tomar, 1195) foi um cavaleiro cruzado português, Cavaleiro e MongeTemplário e Cavaleiro de D. Afonso Henriques (1128-1185). Foi o fundador da cidade de Tomar e construtor do Castelo de Tomar.

O grande explorador Português Vasco da Gama viajou com a insígnia da Cruz dos Templários pintadas nas velas de suas naus, assim como Cristóvão Colombo na descoberta da América do Norte e PEDRO ÁLVARES CABRAL quando “descobriu” o BRASIL, sendo que todos esses navegantes pertenciam à Ordem dos Cavaleiros de Cristo, que foi como em Portugal a antiga Ordem dos Templários continuou existindo, apenas com a troca de nome, apenas cinco anos após a execução de Jaques de Molay em Paris.

A Ordem de Cristo foi assim criada em Portugal como “Ordo Militiae Jesu Christo” pela bula “Ad ae exquibus” de 15 de março de 1319 pelo papa João XXII, sendo então rei de Portugal D. Dinis, pouco depois da extinção da Ordem do Templo. «Tratava-se na realidade de se refundar a Ordem dos Cavaleiros Templários, agora com base em Portugal, que anterior bula papal de Clemente V havia condenado à extinção».



As caravelas portuguesas e a Cruz Templária estampada em suas velas.

Existem histórias e lendas que sugerem que os Cavaleiros Templários visitaram a América uns 80 anos antes de Colombo (talvez até mesmo muito antes). A Ordem dos Cavaleiros Templários ainda existe hoje, embora com outro nome (desconhecido do público em geral). Em toda a Europa, seus membros ainda se encontram secretamente para discutir negócios desconhecidos, realizar rituais sagrados e traçar o nosso destino a portas fechadas.

A ordem de monges guerreiros que haviam se tornado uma das organizações mais poderosas e controversas da história medieval europeia, eram conhecidos por uma variedade de nomes, os Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, Milicia de Cristo ou, mais comumente, os Cavaleiros Templários. 



“Non nobis Domine, non nobis, sed nomini Tuo da Gloriam” (Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Teu nome Glorifique) – Salmo 115:1 e a divisa dos Cavaleiros TEMPLÁRIOS.

Relatos detalhados da fundação da ordem são inexistentes. A principal fonte utilizada pelos historiadores são os documentos escritos por Guillaume de Tyre (ou Guilherme de Tiro) cerca de setenta anos após o evento, e enquanto isso é a versão mais comumente aceita como a verdadeira explicação, versões alternativas existem, algumas das quais são suportadas por documentação que fazem-nas parecerem razoavelmente aceitáveis.

Todos os nove cavaleiros templários originais estão reincorporados no BRASIL…

Postado originalmente em 19 de Agosto de 2012.

Continua …

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Abril 16, 2015

chamavioleta

Brasil e o mês de Abril

Posted by Thoth3126 on 16/04/2015



Caravela Templária, da Ordem dos Cavaleiros de Cristo, que se fizeram ao Mar quando o tempo chegou: em 08 de Março de 1500, para (re)descobrirem o Brasil.

ABRIL: Abril é o quarto mês do calendário gregoriano e tem 30 dias. O seu nome deriva do latim Aprilis, que significa abrir, numa referência à germinação das culturas Abril-aprilis-abrir: é o mês que onze dias depois sucede o Equinócio de Primavera no hemisfério norte – vinte de março – , quando a neve e o frio do inverno terminam e as plantações de culturas começam a brotar, iniciando um novo ciclo de germinação da vida.

“Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á”. Mateus, 7, vers. 7 e 8


Por Thoth3126@gmail.com

Outra hipótese sugere que a palavra Abril seja derivada da palavra Aprus, o nome em alfabeto etrusco (anterior ao latim romano) de Vênus, deusa do amor e da paixão. Ainda outra versão é a que se relaciona o nome com Afrodite, o nome grego da deusa Vênus, que teria nascido de uma espuma do mar que, em grego antigo, se dizia “abril” (aphros).

 
No dia 22 (um número mestre) de ABRIL se celebra a descoberta, ou o (re)descobrimento do Brasil, que se refere à chegada, em 22 de abril de 1500, da frota comandada por Pedro Álvares de Cabral ao território onde hoje se encontra o Brasil. O termo “descobrir” é usado nesse caso em uma perspectiva eurocêntrica (e do paradigma atual), referindo-se estritamente à chegada de europeus, mais especificamente ibéricos portugueses, às terras de “Vera Cruz”, o atual Brasil, que já eram habitadas por vários povos indígenas. Tal (re)descoberta faz parte dos assim chamados descobrimentos portugueses.

Baseado em documento incompleto que localizou na Torre do Tombo, em Lisboa, Francisco Adolfo de Varnhagen identificou cinco das dez naus que compunham a frota comandada por Pedro Álvares de Cabral. Seriam elas Santa Cruz, Vitória, Flor de la Mar, Espírito Santo e Espera. A fonte citada por Francisco A. de Varnhagen nunca foi reencontrada, portanto a maioria dos historiadores prefere não adotar os nomes por ele listados. A armada, assim, continua quase que anônima.

Outros historiadores do século XIX declararam que a nau capitânia de Cabral era a lendária São Gabriel, a mesma comandada por Vasco da Gama na histórica viagem em que se descobriu o caminho marítimo para as Índias, três anos antes (em 1.497). Entretanto, não existem documentos para comprovar essa tese.


Torre de Belém

Pouco antes da partida da frota de Cabral, el-Rei de Portugal mandou rezar uma missa, na Torre de BELÉM (foto à direita), presidida pelo bispo de Ceuta, D. Diogo de Ortiz, em pessoa, onde benzeu uma bandeira com as armas do Reino e entregou-a em mãos de Pedro Álvares de Cabral, despedindo-se o rei e a corte do fidalgo e dos restantes capitães e da tripulação das naus portuguesas.

Desde modo o velho mundo começava, no mês de ABRIL de 1.500, no dia 22, com o “(re)descobrimento” do Brasil, a ABRIR o caminho para um novo mundo e um novo tempo que viria a se consolidar somente 512 anos mais tarde, na data de 21 de dezembro de 2012, quando terminou o 13º Baktun do Calendário Maia, terminou o último dia do período chamado de Kali Yuga, a idade do ferro na cultura védica hindu, de 5. 125 anos, iniciado em 3.113 a.C. Após este longo período de espera e maturação, a partir de 2013, os sinais de que uma nova raça está surgindo no Centro-Oeste e planalto central do Brasil vão começar a ficar muito mais claros para quem tiver “olhos para ver“.

O nome Brasil também já era há muito tempo conhecido como Hy-Brasil ou várias outras variantes, que era o nome dado a uma ilha fantasma na tradição celta irlandesa que se dizia estar no Oceano Atlântico a oeste da atual Irlanda. Nos mitos irlandeses constava que a Ilha Hy Brazil era para ser envolta em névoa, exceto durante um dia a cada sete anos, quando se tornava visível, mas ainda assim não poderia ser alcançada. Esse “mito” celta irlandês provavelmente tem raízes semelhantes a outras ilhas míticas que se dizia existirem no Atlântico, como a Atlântida, Ilha de Saint Brendan, a Ilha de Mam, da Antília, das Sete Cidades e das Ilhas Afortunadas.


O incrível mapa do almirante turco Piri Reis, do ano de 1.513 que mostra com exatidão a costa oriental (leste) da América do Sul e Brasil, parte da costa oeste da África, o Caribe e até mesmo a Antártica, com um detalhe: SEM A COBERTURA DE GELO ATUAL !!

A antiga cartografia medieval européia inclui com grande constância a Ilha do Brasil, a par entre as ilhas que existiriam no mar oceano. A posição e as dimensões da ilha variam de carta para carta, mas a partir de meados do século XIV a ilha começa consiste e insistentemente a ser colocada no Atlântico Norte centro-ocidental. A presença desta ilha mítica na cartografia fixa o topônimo em data muito anterior a 1500, a data da descoberta “oficial” das Terras de Santa Cruz, o atual Brasil, e invalida de todo a teoria de que o nome estaria ligado ao vermelho do pau-brasil. Na realidade, àquela data, o Brasil como lugar mítico já estava presente no vocabulário dos povos do ocidente europeu há muitos séculos.

A etimologia do nome Brasil e nomes de Hy-Brasil são desconhecidas, mas na tradição irlandesa celta se pensa que sua origem seja o antigo irlandês Uí Breasail (que significa “descendentes -ou seja, o clã- de Breasal”), nome de um dos mais antigos clãs do nordeste da Irlanda. De acordo com o Irlandês antigo: i: ilha; Bres: beleza, valioso, grande, forte , poderoso.


A Península Ibérica e Portugal, o último reduto onde os remanescentes dos Cavaleiros Templários encontraram abrigo após sua dissolução em 1307. Com eles foram levados parte substancial do tesouro templário e mais importante o conhecimento das terras existentes a oeste, as futuras Américas do sul, central e do norte.

A origem da palavra gaélica O’Brazil também poderia ser do celta Hy Breasil, que significa descendentes do vermelho, ou os do vermelho, onde o s é igual ao z (de onde Hy Breazil), do celta breasil, breazil para vermelho.

Eduardo Bueno, em sua obra “A viagem do descobrimento”, diz que o nome Brazil vem do celta “bress”, que deu origem ao verbo inglês “to bless” (abençoar). Assim, “Hy Brazil” significaria “terra abençoada“.

Pedro Álvares Cabral, como um Cavaleiro da Ordem de Cristo-Ordem dos Templários (assim como Colombo), sabia exatamente o que ele iria encontrar à oeste da foz do Rio Tejo, quando ele partiu da Torre de Belém, no dia 08 de MARÇO pois sempre foi do conhecimento dos Templários a existência das terras continentais das Américas.

Esse foi um segredo descoberto pelos Templários, em torno de 1.100, no rescaldo da primeira cruzada (1096), durante as escavações de dez anos do Monte do Templo, em Jerusalém, em documentos que foram escondidos pelos hebreus que herdaram dos antigos fenícios a ciência da navegação, os antiquíssimos mapas com a localização das terras das Américas com as correntes marítimas. Portugal como um estado fundado por membros da antiga Ordem dos Cavaleiros Templários sempre soube da existência do Brasil e da predestinação dessas Terras. Apenas aguardou o tempo correto para tornar público o seu (re)descobrimento, desde modo também obedecendo um planejamento de instâncias espirituais superiores…

Outra indicação de que a descoberta não foi por acaso são as instruções de viagem que o capitão recebeu, ditadas pelo almirante Vasco da Gama em pessoa. Gama orientou Cabral a, saindo da Foz do rio Tejo, (Torre de Belém) tomar o rumo da Ilha de São Nicolau, nos Açores (antiga Atlântida). Até aí, tudo dentro dos conformes. O truque já conhecido para escapar das intempéries que assolam a navegação na costa africana era sair para mar aberto, no rumo oeste, num vasto semicírculo, passando pelas ilhas açorianas, primeira parada das expedições.



Vasco da Gama, no entanto, manda Cabral passar sem aportar. “Se ao tempo que aí chegarem tiverem água em abastança para quatro meses, não devem pousar na dita ilha nem fazer nenhuma demora“, instrui.

Cabral não parou – seguiu os ventos para o mar aberto e para a grande curva a oeste. Com um detalhe: por motivos que não explicou publicamente, seguiu muito além que o descobridor do caminho das Índias. De tanto abrir a curva, foi dar com os costados, literalmente, nas praias de um mundo novo. Seria então uma escala planejada?

Confirmação oficial não existe, e talvez a dúvida permaneça por muito tempo. Para aumentar o mistério, sabe-se que mestre João Faras, um navegador judeu médico do rei e conhecedor das artes da navegação pelas estrelas embarcado na armada de Cabral, também escreveu a dom Manuel para falar sobre a localização exata da nova terra. Bastaria, disse o reputado cientista, consultar o mapa-múndi que existe em Lisboa à época, em poder do navegador Pero Vaz da Cunha, vulgo Bisagudo. Ou seja, o território já seria não só conhecido como j´havia sido secretamente mapeado.

Originalmente publicado em Abril de 2013.

“E, levantando os olhos ao céu, suspirou, e disse: Ephphatha; isto é, que tu te abras“. Marcos, 7:34
Mais informações em:
  1. http://thoth3126.com.br/brasil-e-o-mapa-de-piri-reis/
  2. http://thoth3126.com.br/terra-de-ofir-o-rei-salomao-no-brasil/
  3. http://thoth3126.com.br/pedra-da-gavea-uma-esfinge-no-brasil/
  4. http://thoth3126.com.br/brasil-o-territorio-sagrado-para-a-deusa-e-seus-filhos/
  5. http://thoth3126.com.br/brasil-portugal-e-os-cavaleiros-templarios/
  6. http://thoth3126.com.br/brasil-monte-roraima-uma-escalada-ao-mundo-perdido/
  7. http://thoth3126.com.br/pedra-do-inga-evidencias-ufologicas-na-antiga-pre-historia-do-brasil/
  8. http://thoth3126.com.br/o-reino-de-ofir-eo-brasil/
  9. http://thoth3126.com.br/os-reinos-perdidos-z-sitchin/
  10. http://thoth3126.com.br/brasil-o-gigante-desperta/


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Dezembro 08, 2014

chamavioleta

Livro Os Cavaleiros Templários 

e a Arca da Aliança, 

de Graham Phillips, Editora Madras. 

Capítulo XI  

 O Fogo Divino

Posted by Thoth3126 on 08/12/2014

 


Nos tempos medievais, certas fontes naturais eram consideradas sagradas, visto que acreditava-se que suas águas continham propriedades de cura. Geralmente, a Igreja consagrava uma fonte em homenagem a um santo em particular e construía um pequeno santuário sobre ela, transformando-a em um poço sagrado.

O poço onde Jacob Cove-Jones afirmava ter encontrado a mão de chumbo era um desses lugares. Localizado a cerca de um quilômetro ao norte da Igreja de Burton Dassett, ele está, hoje, coberto por uma construção de pedras retangulares e lisas do século XVII, com aproximadamente três metros de comprimento por dois metros de largura e um metro e meio de altura.

“E a arca da sua aliança foi vista no seu templo; e houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e terremotos e grande saraiva”. Livro do Apocalipse 11:19

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Livro Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança, de Graham Phillips, Editora Madras – Capítulo XI – O Fogo Divino

Fonte: http://www.grahamphillips.net/

Um lance de degraus nos leva de uma abertura inferior à frente, para dentro de um tanque vazio, com cerca de um metro abaixo da superfície. Essa parte mais baixa é muito mais antiga do que o restante da estrutura e existe desde a época da construção da Igreja de Todos os Santos. Imagina-se que foi em algum lugar ali que Jacob Cove-Jones fez sua descoberta. Infelizmente, a estrutura mais baixa do poço estava em condições tão ruins que era impossível dizer se, algum dia, existiu um compartimento secreto naquele lugar, como afirmou Cove-Jones.

Posso não ter conseguido encontrar evidências no poço que me ajudassem a determinar a verdade, ou mentira, da descoberta de Cove-Jones, mas não estava propenso a descartar suas afirmações com base nas mesmas alegações
de seus contemporâneos. Embora tenham, originalmente, datado a mão de chumbo como do mesmo período da construção inicial do poço, os especialistas, posteriormente, decidiram que Cove-Jones a havia comprado na loja de antiguidades e que inventou a história toda de tê-la achado no poço.



O museu local, ao que parece, por fim, decidiu que a suposta descoberta era uma farsa, simplesmente porque Cove-Jones se recusara a explicar como os murais da igreja tinham-no levado até ela. Embora isso fosse compreensível, eu tinha a impressão de que o homem tinha outros motivos para manter seu segredo: ele estaria defendendo seu achado. Cove-Jones pode muito bem ter imaginado que se revelasse o que havia descoberto dos murais na igreja, outros iriam tomar posse dos detalhes de sua pesquisa e passariam a procurar os tesouros.

Suas razões podem muito bem explicar que seu desejo não era enganar as pessoas, como o museu local acreditava, mas simplesmente o de querer preservar seu interesse próprio. Ele podia apenas estar esperando até que conseguisse encontrar mais coisas antes de desvendar todos os detalhes do que descobrira. Se essa fosse a verdade, os resultados não teriam passado de uma infeliz questão de interesses. A reação de Cove-Jones de ter sido rotulado como uma fraude o fez não apenas manter suas descobertas para si, como também ter feito tudo que estivesse ao seu alcance para esconder seus achados.

Uma outra razão que levou o museu e outras pessoas a se recusarem a levar Cove-Jones a sério foi a bem elaborada trilha do tesouro que ele criou. Se ele tinha, de fato, encontrado os outros artigos que dizia ter achado, então, por que não mostrá-los ao mundo? Por que escondê-los novamente e em seguida criar uma insana trilha de pistas? O Sr. Baylis achava que aquela era a forma encontrada por Cove-Jones para perturbar seus historiadores contemporâneos. No entanto, havia uma outra possibilidade.

Era comum, durante o final do século XIX, ver colecionadores de riquezas de antigas relíquias esconder uma ou mais de suas valiosas propriedades no final de uma trilha de mensagens codificadas como uma espécie de epitáfio pessoal, guardada para que gerações futuras pudessem decifrá-las. Na verdade, eu mesmo havia seguido uma dessas trilhas, que me levou até um pequeno cálice de ônix, que o proprietário vitoriano acreditava ser o original Santo Graal. Na realidade, as pistas criadas por Cove-Jones eram muito parecidas.

Naturalmente, as autoridades do museu podiam estar certas a respeito de Cove-
Jones. Não havia como saber com certeza. Contudo, se ele havia inventado tudo aquilo, por que escolher uma mão de chumbo como o artefato no poço? Era um objeto nada comum impossível de ser identificado por outras pessoas. Cove-Jones era um homem rico, e portanto, se ele tivesse decidido comprar um artefato em uma loja de antiguidades, como o museu acreditava, por que ele não teria escolhido algo mais espetacular e adequado, como uma antiga tigela de prata ou um cálice de ouro?

O que quer que fosse a mão, não podia ser um dos itens da capela de Herdewyke da época de Ralph de Sudeley, que — de acordo com a teoria de Cove- Jones — eram os tesouros que as pistas dos murais o levaram a encontrar. O Sr. Baylis havia me garantido que a mão tinha cerca de 650 anos de idade, porque sua mãe a tinha avaliado na década de 80. Especialistas em arte que a examinaram na época, disseram que seu método de produção era, sem dúvida alguma, do estilo das obras da metade do século XIV.

Obviamente, Cove-Jones pode ter tido todos os tipos de motivos que eu nem poderia imaginar, mas pelo que vi, não tinha a menor possibilidade de simplesmente descartar suas alegações, como os especialistas haviam feito. Contudo, se Cove-Jones havia encontrado a mão de chumbo no poço depois de decifrar os murais da igreja, o que ela representava? Apesar do artefato não ser uma das supostas relíquias que ficaram expostas na capela da preceptoria de Herdewyke, o objeto sem dúvida parecia corresponder as pinturas na igreja.

Acima e abaixo das duas pessoas que seguravam o cálice e a cabeça cortada, havia desenhos espirais vermelhos, muito parecidos com a espiral de prata na palma da mão. Se a descoberta era verdadeira, obviamente, esses simbolismos tinham de ter algum significado que indicasse os Templários de Herdewyke. Quando vi os espirais pela primeira vez na igreja, tinha certeza de já ter visto algo daquele tipo. Foi somente depois de revelar as fotos que tinha tirado no Vale de Edom que percebi do que se tratava. Em uma cordilheira de pedras que ficava na metade dos degraus que nos conduziam a Jebel Madhbah, havia uma alcova entalhada na lateral do penhasco que tinha um bloco de pedra esculpido, que acreditavam ser um altar dos edomeus.


Igreja Templária de Todos os Santos construída em torno de 1330, os templários conseguiram o dinheiro para construir uma nova igreja em Burton Dassett.

Tinha tirado uma foto da alcova que mostrava que, ao lado da pedra do altar, havia um desenho entalhado na rocha — uma impressão de duas espirais entrelaçadas. Ao ver a fotografia, perguntei a diversos historiadores e arqueólogos se sabiam dizer qual era o significado das espirais, mas ninguém tinha explicação alguma. Se o pictograma fosse da mesma época do altar, o símbolo poderia ser relacionado à religião dos edomeus, que tinha alguma ligação com sua montanha sagrada. Se isso fosse verdade, essa seria mais uma conexão entre Jebel Madhbah e os Templários de Herdewyke.

Infelizmente, não havia como sabermos, com certeza, a idade dos espirais de Jebel Madhbah; eles podiam até ter sido grafitados por um turista dos dias de hoje. Apesar de tudo, os espirais me deixaram intrigado. Foi quando perguntei a um senhor, que conheci na Igreja de Burton Dassett, se ele tinha alguma idéia do que os espirais no mural representavam, que uma perspectiva totalmente nova se abriu com relação às minhas pesquisas a respeito dos segredos da Arca perdida.

Eu tinha voltado à igreja e estava ocupado tirando alguma fotos dos murais, quando uma voz vindo de minhas costas me fez saltar surpreso. “Essas são algumas das mais antigas decorações de igrejas no país.” Voltei minha atenção e me deparei com um homem de estatura baixa, que usava uma barba e tinha cabelos grisalhos com cerca de sessenta anos de idade. “É.. sim. Tem algum problema se eu tirar algumas fotos?” eu disse, surpreso por não estar mais sozinho no local. O lugar ecoava com estardalhaço, porém eu não o tinha ouvido se aproximar.

“Fique à vontade”, ele disse com um sorriso. Deduzi que devia ser o guarda responsável pela igreja, quando começou a acender as velas do altar e me deixou continuar a tirar as fotos. “Você faz alguma idéia de qual o significado dos murais?” Perguntei a ele quando terminei. O homem me respondeu praticamente tudo o que eu já sabia a respeito dos desenhos terem confundido muitos especialistas, até que lhe perguntei o que ele achava que os espirais representavam. “Essa é só minha simples teoria, mas eu acho que têm alguma ligação com as aparições no poço“, ele disse, chamando-me para que o acompanhasse até o lado de fora.

Paramos próximo ao poço enquanto ele me contava como algumas pessoas haviam tido visões miraculosas de santos e anjos relatadas naquele local durante a Idade Média. “As pessoas até hoje vêem coisas estranhas aqui, embora não as considerem mais como milagres”, ele disse. Ouvi com grande interesse quando ele começou a contar a respeito de uma ocorrência que fora relatada por um antigo vigário. Uma noite, o vigário estava saindo de casa do outro lado da estrada quando notou um brilho vermelho vindo de dentro da estrutura do poço. Ele estava prestes a começar a investigar o que podia ser aquilo, quando teve um dos maiores sustos de sua vida.

Uma bola de luz vermelha como fogo, que descreveu como tendo cerca de trinta centímetros de diâmetro, saiu do poço e flutuou pela estrada, a alguns metros do chão. Quando a bola chegou no pilar do portão próximo à entrada da casa dele, ela soltou um estouro forte e algo, que parecia a faísca de um relâmpago em miniatura, saiu de dentro dela e pôs fogo no portão de madeira. Enquanto o vigário assistia àquilo em choque, a bola de luz misteriosa encolheu ficando do tamanho de uma bola de tênis e saiu em disparada pelo ar em movimentos espirais, desaparecendo de vista no céu escuro. “Eu conheço várias pessoas que dizem ter visto essa luz estranha”, disse o homem. “O que ela é — quem pode dizer? Mas eu deduzo que era essa mesma aparição que as pessoas nos tempos antigos achavam que eram anjos ou santos.”

O homem conseguiu me deixar mais estupefato do que podia imaginar. O que ele descrevia parecia ser exatamente as estranhas bolas de luz relatadas em Jebel Madhbah. “Você disse que achava que essas aparições tinham alguma ligação com os murais?” eu perguntei. “Sim. As pessoas que viram a luz, geralmente a descrevem como algo que desaparece no ar com um movimento espiral. Você sabe, o mesmo que acontecia quando brincávamos com aquelas estrelinhas de fogos de artifício na infância. O ponto de luz que se espalha em alta velocidade deixa uma imagem visual circular em nossos olhos. Eu acredito que as pessoas que pintaram os espirais nos murais estavam tentando representar o que tinham visto.

“Claro que eles achavam que aquilo era um milagre.” Eu ia perguntar ao homem se ele próprio já tinha visto a luz, mas ele disse que precisava cuidar de alguma coisa na igreja e voltou para dentro. Por algum tempo, examinei a estrutura do poço mais de perto e fui até o outro lado da estrada para dar uma olhada no pilar do portão que, pelo que diziam, tinha sido posto em chamas pela estranha luz. O portão, porém, parecia ter sido trocado recentemente. Depois de quase dez minutos, voltei a igreja, na esperança de poder conversar mais com o homem a respeito da luz, mas ele não estava mais lá dentro. Caminhei ao redor do cemitério por alguns instantes em busca do homem, mas ele devia ter terminado seus trabalhos e ido embora. O homem, com certeza, tinha conseguido me deixar confuso.



Minhas pesquisas em busca da Arca da Aliança haviam me levado até um lugar onde um fenômeno exatamente igual ao de Jebel Madhbah tinha sido reportado. Seria isso apenas uma extraordinária coincidência? Eu tinha de descobrir mais a respeito da estranha luz no poço. Surpreendentemente, quando comecei a pesquisar na biblioteca pública na cidade do condado de Warwick, descobri que estranhas luzes parecidas com aquela tinham sido vistas por todos os cantos das Colinas de Burton Dassett. Achei dezenas de recortes de jornais relatando todos os tipos de luminosidades misteriosas: esferas, colunas e picadas de luz, geralmente de cor vermelha ou laranja, mas às vezes azul. Todas tinham sido vistas nas colinas, nas florestas e até mesmo na área do Templo de Herdewyke.

Os fenômenos pareciam acontecer em ondas, elevando-se por vários dias após períodos de chuva intensa, antes de desaparecerem novamente, às vezes durante anos. Por causa das centenas de relatos, cientistas da Universidade de Oxford investigaram as ocorrências na década de 1990 e concluíram que se tratavam de fenômenos eletromagnéticos causados pelo estrato das rochas e correntes subterrâneas. As Colinas de Burton Dassett são cobertas de granito cornalina, e uma pequena falha geológica cruza toda a região. Tudo indicava que as rochas do lugar produziam o mesmo geoplasma enigmático encontrado em Jebel Madhbah, que acreditavam ser criado por uma combinação de atividade sísmica e água corrente, embora ocorram com mais freqüência nas Colinas de Burton Dassett quando as chuvas são mais fortes.

Os relatos das estranhas luzes vistas em Jebel Madhbah pareciam muito semelhantes com as descrições do Antigo Testamento da “glória do Senhor” e do “fogo devorador” que surgiu no Monte Sinai. Muitos dos relatos das testemunhas das luzes ao redor das Colinas de Burton Dassett também pareciam assustadoramente semelhantes aos relatos bíblicos das manifestações divinas na Montanha de Deus. Um homem que entrevistei pessoalmente era o professor primário de Warwickshire, Simon Bowen. Ele havia testemunhado um fenômeno incrível enquanto voltava para casa em sua motocicleta pela estrada de terra deserta do condado que passa ao lado do curral que tinha sido a capela dos Templários. De repente, e sem explicação, seu motor parou e o farol apagou-se. Ele começou a procurar uma lanterna em seu alforje, quando percebeu que a estrada estava ficando misteriosamente iluminada.

Toda a área foi banhada por um brilho avermelhado que vinha de uma moita de arbustos na lateral da estrada. A princípio, ele achou que o arbusto estava pegando fogo, mas de repente, uma esfera de luz vermelha brilhante, com alguns centímetros de diâmetro, se ergueu acima das folhas. Ficou suspensa por alguns segundos antes de diminuir e se transformar em um ponto de luz que disparou em direção ao céu em um movimento espiral, desaparecendo na escuridão. Não pude deixar de me lembrar do primeiro encontro de Moisés com a presença do Senhor na Montanha de Deus: ‘E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça: e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. (Ex 3:2)”.

Uma sarça (arbusto) que queimava sem ser consumida! Parecia ser exatamente a mesma coisa que Simon Bowen achava ter visto. Naturalmente, o Sr. Bowen não achou que estivesse vendo um anjo, mas muitas testemunhas das luzes de Burton Dassett, durante muitos anos, interpretaram o fenômeno em um contexto religioso. Por exemplo, um globo de luz azul visto por habitantes do vilarejo de Farnborough, na extremidade sudeste das Colinas de Burton Dassett, no século XV, acharam que aquilo era uma visão da Virgem Maria; algo descrito como uma chama flutuante vista sobre um lago das redondezas durante a I Guerra Mundial foi considerado como um anjo; e, há pouco tempo, em 1986, uma esfera brilhante iridescente que apareceu do lado de fora da igreja Pentecostal ao norte das colinas, foi considerada como uma visita do Espírito Santo.



Obviamente, os mesmos fenômenos que ocorreram em Jebel Madhbah estavam acontecendo nas Colinas de Burton Dassett. Apenas alguns poucos lugares no mundo apresentam a combinação certa de geologia, atividade sísmica e de precipitações que criam o geoplasma. Certamente, era mais do que uma simples
coincidência que um fenômeno raro como esse pudesse ocorrer em dois lugares que estavam relacionados com Ralph de Sudeley e seus Templários.

Jebel Madhbah pode, originalmente, ter sido considerada sagrada, por causa das estranhas luzes vistas no local — fenômenos vistos como manifestações de Deus. Era bastante possível que os Templários posicionados no Vale de Edom tivessem visto essas luzes e também as tivessem considerado como algum tipo de aparição divina. Será que Ralph De Sudeley e seus Templários decidiram construir sua preceptoria no pé das Colinas de Burton Dassett porque sabiam que fenômenos semelhantes aconteciam ali?

Na verdade, os Templários de De Sudeley podem ter considerado Jebel Madhbah como tendo sido a Montanha de Deus e acreditavam que essas estranhas luzes seriam a “glória do Senhor” descrita no Antigo Testamento. Os Templários que se estabeleceram no Vale de Edom, certamente sabiam que a região tinha associações bíblicas porque mapas das Cruzadas contemporâneas se referem à região como Le Vaux Moise — “o Vale de Moisés”. Além disso, o santuário de Ain Musa dos beduínos já estava lá quando os Templários chegaram, o que significa que os Templários deviam saber que ali era o lugar que acreditavam que Moisés tinha criado a fonte milagrosa. Sendo assim, é possível que eles tenham chegado à conclusão de que Jebel Madhbah era a Montanha de Deus. Se tinham conhecimento da Bíblia (e como muitos deles eram monges, imaginamos que isso fosse natural), eles sabiam que Moisés havia criado sua fonte na “rocha em Horebe”.

Como Horebe era um dos nomes do Antigo Testamento para a Montanha de Deus, não teria sido preciso muita imaginação para que chegasse à conclusão de que o santuário de Ain Musa ficava na base do lugar que deve ter sido essa mesma montanha santa. Quando os sarracenos forçaram os Templários a abandonar o Vale de Edom, um outro lugar onde acreditava-se que “a glória do Senhor” se manifestava seria o local perfeito para construir uma nova preceptoria. Além disso, se os Templários de De Sudeley tinham encontrado o que acreditavam ser relíquias bíblicas no pé de Jebel Madhbah, a capela na base das Colinas de Burton Dassett seriam o lugar sagrado ideal para guardá-las. Para eles, as Colinas de Burton Dassett podem ter sido a nova Montanha de Deus.

Enquanto continuava a investigar as estranhas luzes ao redor das Colinas de Burton Dassett, comecei a suspeitar de que estava seguindo por um caminho muito mais significativo. Parecia que esses fenômenos peculiares podiam, na realidade, estar escondendo o segredo que desvendaria um dos maiores mistérios a respeito da Arca da Aliança — o que ela, de fato, tinha sido. De acordo com o Antigo Testamento, a glória do Senhor apareceu muitas vezes sobre e ao redor da Montanha de Deus, mas, assim que os israelitas deixaram a região, a mesma glória do Senhor continuou a aparecer para eles. Agora, porém, ela vinha da Arca. Por exemplo, Levítico 9:23 descreve como, depois da Arca ser colocada no interior do santuário do tabernáculo, a presença de Deus se manifestou: Então entraram Moisés e Aarão na tenda da congregação, e
depois saíram, e abençoaram ao povo: e a glória do Senhor apareceu a todo o povo.

Quando a Arca era consultada no tabernáculo, não somente a glória do Senhor, mas uma nuvem miraculosa, às vezes, aparecia. Por exemplo, o livro dos Números diz que os israelitas “virando-se para a tenda da congregação, eis que a nuvem a cobriu, e a glória do Senhor apareceu” (Nm 16:42). Dizem, ainda, que essa nuvem pairava sobre a Arca quando ela era levada de um lugar a outro: A arca da aliança do Senhor caminhou diante deles em uma jornada de três dias, para lhes buscar lugar de descanso. E a nuvem do Senhor ia sobre eles de dia. (Nm 10:33-34) Ao que tudo indica, durante a noite, a manifestação era vista em forma de fogo e, durante o dia, em forma de uma nuvem. Êxodo 13:21 descreve a aparição do Senhor da seguinte maneira: “E o Senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna do fogo “.

As luzes de Burton Dassett foram relatadas durante horas de escuridão, mas um outro fenômeno também estranho foi visto durante o dia. Ele foi descrito como uma “pequena nuvem que paira logo acima do chão”, “uma coluna de névoa”, e “uma bola de fumaça que dança”. Na verdade, uma testemunha que eu mesmo consegui entrevistar, deu uma descrição que parecia ser tirada do Antigo Testamento. O lago próximo ao vilarejo de Farnborough, onde a chama flutuante foi vista durante a I Guerra Mundial, é também o lugar de dezenas de relatos tanto das luzes estranhas como da misteriosa coluna de névoa. Gary Selby, um pescador amador da cidade de Oxford, estava pescando com dois amigos em um dia de verão de 1999 quando os patos no lago, de repente, começaram a voar.

Sem saber o que os havia surpreendido, os três homens olharam do outro lado da água e viram-se diante de um espetáculo estranho. Aquilo que Gary descreveu como uma coluna do tamanho de um homem de névoa cinza escura desceu do céu e ficou pendurada, sem se mexer, acima do centro do lago. Ela permaneceu ali por alguns instantes e, então, começou a se movimentar para frente e para trás, cerca de trezentos metros nas duas direções, antes de girar como um pequeno tornado e desaparecer no ar. De acordo com o livro do Êxodo, Moisés viu algo muito parecido quando Deus se manifestou da Arca no tabernáculo: “E sucedia que, entrando Moisés na tenda, descia a coluna de nuvem, e punha-se à porta da tenda” (Ex 33:9).

Tanto a estranha névoa quanto as bolas de fogo e as colunas de luzes, foram relatadas muitas vezes sobre o lago de Farnborough, e assim como as descrições bíblicas da glória do Senhor, elas podem muito bem ser o mesmo fenômeno visível, de formas diferentes, durante o dia e na escuridão. Especialistas explicaram os fenômenos como algo chamado de gás do pântano: vapores liberados das vegetações apodrecidas que podem, às vezes, desencadeá-los. No entanto, é difícil imaginarmos como o gás do pântano, submetido à ação da direção dos ventos, possa se mover de duas formas diferentes. Parecia mais provável que a estranha névoa estava, de alguma forma, relacionada com a aparição de geoplasma que acontecia durante o dia; somente na escuridão, ela seria vista como uma forma de brilho.



Como vimos anteriormente, é bastante possível que os relatos bíblicos da glória do Senhor visto no Monte Sinai fossem, na verdade, descrições de fenômenos geoplasmáticos e que o mesmo fogo divino era, de alguma maneira, produzido pela Arca da Aliança. Há indicações de que o geoplasma possa ser uma fonte de energia alternativa — para indústrias de combustíveis, de fornecimento de energia, proporcionando inclusive um meio de viagem interestelar. Atualmente, pesquisas científicas acerca do fenômeno estão apenas no início, e seu poder está longe de ser utilizado. No entanto, se a glória do Senhor era, de fato, o geoplasma, parece que Moisés sabia exatamente o que fazer para controlá-lo. Percebi que estava lidando com coisas fora do comum, mas não pude deixar de imaginar se a Arca da Aliança seria, na verdade, algum tipo de mecanismo geoplasmático.

A equipe de cientistas da Universidade de Oxford que tinha estudado as luzes de Burton Dassett havia conduzido experimentos semelhantes aos realizados pelo Departamento de Minas e Energia dos Estados Unidos em 1981, comprimindo os núcleos do granito cornalina e do arenito para produzir geoplasma de baixo nível. Consegui entrar em contato com o Dr. James Mellor, um dos responsáveis pelos experimentos da equipe, e perguntei a ele se seria possível criar um aparelho que reproduzisse artificialmente o fenômeno em uma escala maior.

“Seria preciso uma máquina gigantesca para comprimir a quantidade de rocha necessária”, ele me disse ao telefone. “Seria algo totalmente impraticável. Poderia ser possível produzir artificialmente as luzes da terra (o termo popular que a equipe de Oxford usava para o geoplasma) sem a necessidade de um compressor de bombardeamentos de elétrons e de um campo magnético forte o suficiente. No entanto, a única maneira de comprovar essa teoria, no momento, seria por meio do uso de um acelerador de partículas, mas não existem muitos disponíveis no mundo.” “Você acredita que seria possível, no futuro, criar um aparelho portátil para produzir o geoplasma?” eu perguntei.

O Dr. Mellor respondeu-me que sim, se a energia solar pudesse ser controlada por meio da criação de células de silício fotoelétricas que convertessem a luz do sol em eletricidade suficiente. Infelizmente, ele explicou, nós ainda temos que descobrir o que fazer para maximizar a conversão da energia solar em elétrica. “Se isso pudesse ser feito, qual seria o aspecto de um gerador geoplasmático?” eu perguntei. “Não faço a menor idéia”, ele disse, “mas seria preciso que houvesse um núcleo de granito cornalina ou de arenito e que fosse isolado por um policarbonato espesso ou uma camada grossa de chumbo ou de ouro.”

Embora esses detalhes pudessem desapontar um cientista, eu estava perplexo. O Dr. Mellor poderia estar descrevendo a Arca da Aliança. Ela tinha um revestimento folheado a ouro e guardava tábuas de arenito. A Bíblia nos conta o que havia na Arca quando foi aberta no Templo de Jerusalém: “Na arca nada havia, senão só as duas tábuas de pedra, que Moisés ali pusera junto a Horebe” (1 Reis 8:9). Essas duas tábuas de pedra, nas quais dizem que Deus inscreveu os Dez Mandamentos, foram, ao que tudo indicava, cortadas da rocha do topo do Monte Sinai. (De acordo com o Êxodo, Moisés quebrou as duas primeiras tábuas e Deus pediu que ele próprio cortasse outras duas da rocha exposta no cume do Monte Sinai.)

E ele (Deus) deu a Moisés, quando acabou de falar com ele no monte Sinai, as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus (Ex 11:18). O cume de Jebel Madhbah é composto de arenito, que, assim como o granito cornalina das Colinas de Burton Dassett, é uma das poucas rochas que sabe-se ser capaz de produzir o geoplasma. A importância das tábuas sagradas pode não ter sido apenas pelo fato de trazerem os mandamentos de Deus, mas também por terem sido feitas de um determinado tipo de pedra. Naturalmente, não havia nenhuma descrição bíblica de algo que pudesse conter células de silício fotoelétricas, mas uma parte muito importante da Arca ainda permanecia sem ser mencionada — o misterioso propiciatório.

Seria possível que os antigos israelitas tivessem, de alguma forma, encontrado algo que, atualmente, não passa de um processo de física teórica de tecnologia de ponta, e criado um gerador geoplasmático? O que quer que fosse, se podemos acreditar na Bíblia, a Arca da Aliança produzia algo que era incrivelmente semelhante aos fenômenos das Colinas de Burton Dassett e de Jebel Madhbah. Além disso, ela poderia ser extremamente perigosa, assim como a luz relatada pelo vigário de Burton Dassett, que descarregou o que parecia ser energia elétrica e pôs fogo no pilar de seu portão. Uma passagem do Antigo Testamento descreve algo muito parecido vindo da Arca: “Porque o fogo saiu de diante do Senhor, e consumiu o holocausto e a gordura, sobre o altar” (Lv 9:24).

O fenômeno das Colinas de Burton Dassett pode ser ainda mais destrutivo, como aconteceu em 1931, quando uma bola de fogo em chamas se chocou contra um moinho de vento, incendiando-o e destruindo-o por completo. O dono do moinho e sua esposa quase perderam suas vidas. Quando a glória do Senhor apareceu para os antigos israelitas, alguns deles não tiveram tanta sorte: “E o fogo do Senhor ardeu entre eles, e consumiu os que estavam na última parte do arraial” (Nm 11:1). O que quer que fosse esse fogo divino, os israelitas, aparentemente, sabiam o que fazer para controlá-lo. O versículo seguinte dessa história descreve como Moisés impediu a devastação: “Então o povo clamou a Moisés; e Moisés orou ao Senhor, e o fogo se apagou” (Nm 11:2).

Diversas vezes, a Arca não apenas foi usada para se comunicar com Deus, mas também como uma arma apavorante. De acordo com o Antigo Testamento, Deus instruiu os israelitas para encontrarem um reino hebraico em Canaã, uma terra já ocupada por dezenas de diferentes povos hostis que eram muito mais populosos que eles. Para conseguir superar obstáculos tão surpreendentes, o incrível poder da Arca foi usado para esmagar carruagens, derrubar muralhas de cidades e derrotar exércitos inteiros, até que somente um inimigo restou: os poderosos filisteus.


Os misteriosos murais para cada lado da janela norte do transepto na igreja Templária em Burton Dassett com o desenho da espiral acima.

Em uma série de batalhas decisivas, que finalmente fizeram com que os israelitas estabelecessem seu reino de Israel, a Arca é usada para destruir seus oponentes finais. De acordo com o primeiro livro de Samuel, os filisteus, inicialmente vencem, até que a Arca é usada: E quando as pessoas chegaram ao arraial, os anciãos de Israel disseram… Permita-nos pegar a arca da aliança do Senhor e levar até nós, para que, quando a coloquemos entre nós, possa ela nos salvar da mãos de nossos inimigos. (1 Sm 6:2-3)

Ainda mais pertinente para nossos propósitos, o fogo divino que emanava da Arca não era uma ocorrência aleatória, mas era um ato invocado de forma deliberada pelos israelitas. Moisés, por exemplo, chamou o poder de Deus da Arca para destruir seus inimigos: Acontecia que, partindo a arca, Moisés dizia, Levanta-te, Senhor, e dissipados sejam os teus inimigos; e fujam diante de ti os odiadores. (Nm 10:35). Parece, então, que os antigos israelitas tinham não somente criado algo que agia de forma muito semelhante a um gerador geoplasmático, mas também o utilizavam como uma arma futurista de destruição em massa. Entretanto, não havia como saber o que de fato era a Arca da Aliança, a menos que ela pudesse ser encontrada.

Eu podia não ter provas de que De Sudeley e seus Templários tinham, na verdade, encontrado a Arca em Jebel Madhbah, mas havia evidências razoáveis de que haviam achado um baú dourado que acreditavam ser uma relíquia bíblica. Essa mesma relíquia poderia muito bem estar entre os objetos guardados na Capela de Herdewyke. Jacob Cove-Jones afirmava ter encontrado (e escondido novamente) algumas dessas mesmas relíquias, que incluíam “uma descoberta de imensa importância”. Era possível que esse fosse o mesmo baú dourado. Ele, obviamente, havia deixado pistas que levavam até seu próprio esconderijo no vitral da igreja no vilarejo de Warwickshire de Langley. Eu tinha de ver o vitral com meus próprios olhos.

Capítulos anteriores em:
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-1/
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-2/
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-3/
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-4/
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-5/
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http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-9/
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-10/

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Novembro 25, 2014

chamavioleta

Livro Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança, 

de Graham Phillips, 

Editora Madras

Capítulo IX

A Caverna Esquecida

Posted by Thoth3126 on 25/11/2014



templários-cavaleiro
A localização e a topografia de Jebel Madhbah (Petra) certamente pareciam se

encaixar com a Montanha de Deus da Bíblia. Além do mais, havia fenômenos naturais

raros no local que podiam muito bem explicar os eventos milagrosos que cercavam a “aparição de Deus” na montanha sagrada.

No entanto, se Jebel Madhbah era, realmente, o Monte Sinai descrito no Velho Testamento, então, os lugares sagrados que Moisés associou a Deus já estavam sendo usados pelos edomeus…

“E a arca da sua aliança foi vista no seu templo; e houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e terremotos e grande saraiva”. Livro do Apocalipse 11:19

Thoth3126@gmail.com

Livro Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança, de Graham Phillips, Editora Madras – Capítulo IX – A Caverna Esquecida

Fonte: http://www.grahamphillips.net/

Capítulo 9. A Caverna Esquecida

… Isso me deixava com duas questões importantes. A Bíblia parecia retratar os edomeus como um povo hostil que praticava uma idolatria pagã. Como os israelitas conseguiram ganhar acesso a Jebel Madhbah e, ainda mais importante, por que eles queriam isso? Por que acreditariam que um espaço religioso dos edomeus era um lugar onde seu próprio Deus habitava? Para solucionar esse dilema, precisava, antes de mais nada, examinar a série de eventos que levou os israelitas até a Montanha de Deus.


A divisa dos Templários: “Non nobis domini, non nobis sed nomini tuo da gloriam”-Não a nós Senhor, não a nós, mas ao Teu nome glorifique.

De acordo com o livro dos Números, quando os israelitas chegaram em Cades, no lugar que parece ter sido a entrada do Siq na extremidade sudoeste do Vale de Edom, Moisés criou a fonte milagrosa em Horebe, a Montanha de Deus. Ele,

então, enviou uma mensagem para o rei dos edomeus pedindo permissão para entrar em suas terras. Entretanto, o rei recusou seu pedido: “Assim recusou (o rei de) Edom deixar passar a Israel (os israelitas) pelo seu termo: por isso Israel se desviou dele” (Nm 20:21). Deste versículo, parece que os dois povos não estabeleceram nenhum acordo e os israelitas tiveram que voltar. De meu próprio passeio até Jebel Madhbah, sabia que o único caminho para subir na montanha era por dentro de Wadi Musa.

Os israelitas precisariam ter encontrado uma rota alternativa para entrar no vale — o que parece ser, exatamente, o que eles fizeram. No versículo seguinte, os israelitas se dirigem para um lugar diferente: “E os filhos de Israel, toda a congregação, viajaram de Cades e chegaram ao monte Hor” (Nm 20:22). Mais adiante em Números, em um resumo do mesmo episódio, lemos que o Monte Hor estava localizado em uma outra parte das fronteiras de Edom: “E partiram de Cades, e acamparam-se no monte Hor, no fim da terra de Edom” (Nm 33:37). Embora o Antigo Testamento não diga especificamente onde era o Monte Hor, ele parece estar localizado na outra extremidade do Vale de Edom. Também de acordo com os Números, logo após os israelitas chegarem ao Monte Hor, o irmão de Moisés, Aarão, morreu na montanha e dizem que foi enterrado ali (Nm 20:25-29).

O historiador judeu Josephus, não tinha dúvidas de que a montanha na qual o profeta Aarão morreu era uma montanha que proporcionava uma vista panorâmica do lugar que, em seu tempo, era a cidade de Petra: E quando ele chegou em um lugar que os árabes estimam como sua metrópole, que era antes chamada de Acre, mas hoje tem o nome de Petra, neste lugar, que era rodeado de montanhas altas, Aarão subiu em uma delas ficando à visão de todo o exército, Moisés tendo lhe avisado de sua morte… e morreu enquanto a multidão olhava para ele. (Antiguidades 1981).

Os beduínos do sul da Jordânia há muito tempo consideram essa montanha como Jebel Haroun — a Montanha de Aarão — que fica na extremidade noroeste de Wadi Musa. Assim como Ain Musa, a Fonte de Moisés no pé de Jebel Madhbah, os árabes locais marcam o referido local da tumba de Aarão com um santuário. Logo abaixo do cume, sobre um penhasco abrupto, está erguida uma pequena mesquita camuflada sobre uma caverna onde dizem que Aarão foi enterrado. E uma construção simples com uma cúpula e uma inscrição em arábico em cima da porta, que diz que o templo foi erguido pelo Sultão do Egito há quase oitocentos anos. Mapa 7: O vale de Edom Se Jebel Haroun era o Monte Hor, parece então, que os israelitas, após não terem conseguido acesso para o Vale de Edom pelo sul, viajaram ao redor da montanha até a outra extremidade do vale e atravessaram as montanhas ao noroeste.

Embora o Antigo Testamento não nos ofereça detalhes dos eventos, parece que os israelitas, de alguma forma, conseguiram derrotar os edomeus — talvez por meio de um ataque surpresa — e ocuparam o Vale de Edom. Em Números, Deus promete que os israelitas irão superar os edomeus: “E Edom será uma possessão, e Seir, seus inimigos, também será uma possessão; pois Israel fará proezas” (Nm 24:18). Se o Monte Seir era o nome dado pelos edomeus ao Monte Sinai, como parece ter sido, podemos deduzir que os israelitas não tiveram dificuldades para dominar o monte santo junto com tudo o mais que pertencia ao reino.



O Êxodo também relata como os israelitas superaram os edomeus e ocuparam suas terras: Então os príncipes de Edom se pasmaram… Espanto e pavor caiu sobre eles… até que o teu povo (os israelitas) houvesse passado (por Edom)… Tu os introduzirás, e os plantarás no monte da tua herança, no lugar que tu, ó Senhor, aparelhaste para a tua habitação, no santuário, ó Senhor, que as tuas mão estabeleceram. (Ex 15:13-17)

Na verdade, essa passagem não apenas confirma que acreditavam que os israelitas tinham conquistado o Vale de Edom; ela também nos dá o motivo da invasão — para que pudessem ocupar uma montanha que é, sem dúvida, a Montanha de Deus. Uma montanha que Deus criou para ele próprio habitar! Que outro lugar seria esse, se não o Monte Sinai? Curiosamente, a passagem chega inclusive a mencionar “o santuário” na montanha. Santuário, é a palavra especificamente usada no Antigo Testamento para dois outros lugares: o sacrário interno do tabernáculo e o Sagrado dos Sagrados no Templo de Jerusalém — ambos os santuários nos quais acreditavam que Deus habitava. Se Jebel Madhbah era o Monte Sinai, então, esse Santuário deve certamente ter sido o santuário dos edomeus no pico da montanha.

Tudo indicava, então, que os israelitas tiveram que conquistar Edom para que pudessem adquirir a Montanha de Deus. Eles, obviamente, não estavam em uma posição segura o suficiente para permanecer no controle da região por muito tempo, porque logo partiram do vale e continuaram sua viagem pelo Deserto de Sinai. No entanto, ainda restava um mistério. Por que, Moisés, ou os antigos israelitas, teriam considerado um lugar religioso dos edomeus como o lar de seu próprio Deus? A resposta parecia ser pelo fato de que as duas religiões compartilhavam de uma origem comum. Na verdade, eles podem, inclusive, ter venerado o mesmo Deus. Como sabemos, testes de DNA recentes de restos esqueléticos antigos mostraram que os edomeus e os israelitas estavam intimamente relacionados.

Até mesmo o Antigo Testamento admite que os dois povos eram descendentes de ancestrais comuns. Embora a Bíblia mostre os edomeus como adoradores pagãos, evidências históricas desafiam com seriedade essas alegações. Pouco se sabe a respeito dos detalhes da religião dos edomeus, porque nenhum registro desse povo existe, mas sim antigos relatos dos gregos que mencionam os edomeus no período em que seu vale estava sendo incorporado pelos nabateus no século IV a.C. A partir desses documentos, ficamos sabendo que os edomeus tinham apenas um deus, que eles chamavam de Dhu-esh-Shera — que quer dizer “Senhor do (Monte) Seir”. Esse título mostra que, como os israelitas, os edomeus eram monoteístas e que ainda veneravam o mesmo deus como faziam há muitos séculos.

Além disso, o uso de um título para sua divindade, ao invés de um nome, torna-os ainda mais íntimos dos israelitas. Na realidade, muitos dos costumes dos edomeus foram especialmente compartilhados (adotados pelos) com os judeus contemporâneos. Eram proibidos de consumir sangue (o que significa que as carcaças dos animais tinham de ser preparadas por meio dos rituais de retirada de sangue); não tinham permissão para possuir escravos; e não podiam trabalhar por um dia inteiro durante a semana.

Dentre todas as outras culturas do Oriente Médio da época, somente os judeus preparavam comidas kosher (seguindo os preceitos religiosos judaicos), abominavam a escravidão e cumpriam os costumes do Sabá. A partir de uma perspectiva histórica, a religião dos edomeus era muito mais semelhante à religião dos israelitas do que os autores do Antigo Testamento admitem. Também não há evidências arqueológicas que comprovem que os edomeus eram idólatras, como a Bíblia afirma. Muitas terras dos edomeus foram escavadas ao longo dos anos, mas nenhuma estátua ou esfinge de um deus jamais foi encontrada.

A descrição do Antigo Testamento de os edomeus como um povo ateu, estava obviamente errada e é provável que tenha se originado da animosidade entre os edomeus e os judeus na época em que o Antigo Testamento foi escrito, principalmente pelo fato de os edomeus terem se recusado a ajudar os judeus quando os babilônios invadiram seu espaço no século VI. A inimizade resultante pode ser vista com clareza nas diversas denúncias contra os edomeus nos livros do Antigo Testamento a respeito do período babilônico e podem ter prejudicado a imagem dos edomeus nos tempos mais antigos. Ficava claro, portanto, que não havia razão alguma para que os antigos israelitas não considerassem um lugar dominado pelos edomeus como um espaço sagrado de seu próprio Deus. De todas as formas e para todos os fins, a religião dos edomeus e dos israelitas era a mesma.



Eu estava agora ainda mais convencido de que Jebel Madhbah era a Montanha de Deus. Se estivesse certo, a Arca da Aliança poderia ter sido escondida ali, em algum lugar dentro de uma caverna secreta. O único problema era: onde? A montanha media mais de trezentos quilômetros quadrados em sua base e tinha mais de novecentos metros de altura. Para darmos uma volta completa ao redor de sua base era preciso uma viagem de quase vinte e quatro quilômetros. Seria necessária uma equipe gigantesca de arqueólogos, geólogos e alpinistas experientes trabalhando por meses para vasculharmos toda a montanha. Mesmo que tivesse todos os recursos para organizar uma expedição dessas proporções, as chances de encontrarmos algo pareciam, no mínimo, remotas, porque o relato dos Macabeus havia dito que Jeremias selara a entrada da caverna.

Se a caverna tinha conseguido permanecer intocada, podemos imaginar que uma rocha ou outras pedras bloqueavam sua entrada. Durante minha jornada pelo Siq e pelo Siq Externo, a apenas alguns quilômetros ao redor da base da montanha, eu vira dezenas de pilhas de rochas apoiadas contra a lateral dos penhascos, sendo que cada uma delas poderia estar escondendo entradas de cavernas. Para remover os entulhos de apenas uma dessas barragens seria preciso horas de trabalho, mesmo com o uso de pesadas engrenagens de elevação, visto que a maioria das montanhas estaria totalmente inacessível a esses equipamentos. Na verdade, quanto mais pensava no assunto, via as chances se reduzindo a nada. Os nabateus passaram anos esculpindo e trabalhando nos penhascos de Jebel Madhbah, entrando em lugares bastante profundos das rochas para construir suas tumbas.

Se a Arca da Aliança estivesse escondida em uma caverna em Jebel Madhbah, esses antigos construtores de tumbas podem muito bem tê-la encontrado há muito tempo. No entanto, enquanto contemplava as probabilidades de os tesouros do Templo já terem sido encontrados foi que eu, de repente, me lembrei do que Abdul havia me dito sobre o Cofre. Eu não havia dado muita importância naquele momento, mas Abdul me dissera que os Cruzados haviam encontrado um tesouro em uma caverna nos arredores do monumento. Obviamente, entre o tesouro havia artefatos de ouro. Não pensei, por um só instante, que esses artefatos pudessem incluir a Arca mas, sem nada mais que me fizesse dar continuidade, decidi fazer mais perguntas a ele sobre isso.

Infelizmente, Abdul sabia muito pouco além do que já havia me dito, mas ele me apresentou um historiador australiano que estava hospedado em um dos hotéis locais. Jonathan Warren —conhecido por Jack— estava trabalhando em uma tese de doutorado acerca da história de Petra e sabia tudo a respeito da descoberta dos Cruzados. Quando me encontrei com ele em seu hotel, vi que poderia ter algumas respostas. Ele me contou que não existia nenhum registro contemporâneo da suposta descoberta dos Cruzados, mas a mais antiga referência histórica do fato era datada do início de 1800.

Aparentemente, a história havia sido contada para o explorador suíço Johannes Burckhardt, que foi o primeiro ocidental a visitar as ruínas da cidade de Petra depois que os Cruzados abandonaram seus fortes, em 1189. A cidade de Petra havia decaído sob o Império Romano, e quando os árabes da região foram convertidos ao Islã no século VII, todo o vale fora abandonado.

Os Cruzados (soldados católicos da Europa) ocuparam o vale por algum tempo e construíram uma série de fortes, mas desde então, a antiga cidade foi esquecida pelos europeus até que foi redescoberta por Burckhardt, totalmente por acidente, em 1812. O desígnio original de Burckhardt era o de descobrir a fonte do Rio Nilo, algo que ainda não havia sido feito por nenhum ocidental. Na realidade, nenhum europeu havia sequer tentado realizar uma expedição daquelas, pelo fato de existir grande animosidade entre os muçulmanos e os cristãos desde a época das Cruzadas, nas guerras medievais travadas entre os europeus católicos e os árabes muçulmanos pelo controle do Oriente Médio. Um europeu viajando pelo norte da África no início do século XIX era considerado um ato suicida. Para se preparar para sua expedição sem acompanhantes, portanto, Burckhardt passou três anos aprendendo a falar o idioma arábico e estudando o Islã a fim de conseguir se passar por um comerciante muçulmano.

Com o término de seus estudos, e passando a usar um nome árabe, ele pegou um barco até a Turquia, onde começou sua árdua jornada ao sul pela costa do Mar Mediterrâneo, mantendo um diário secreto durante a viagem. Em 1812, Burckhardt estava viajando pelo Deserto de Negev com uma caravana que ia para o Cairo, quando começou a ouvir histórias a respeito das ruínas de uma magnífica cidade escondida cm algum lugar nas Montanhas de Shara. Sua curiosidade foi despertada e ele conseguiu uma desculpa para fazer um desvio em sua viagem, e em agosto daquele ano, tornou-se o primeiro ocidental, por mais de meio milênio, a entrar no Vale de Edom e ver as ruínas de Petra. Acompanhado por um guia beduíno, Burckhardt cavalgou pelo Siq e entrou no Wadi Musa, onde se deparou com o extraordinário monumento do Cofre.

Em seu diário, escreveu que seu guia lhe contou a respeito da lenda do tesouro supostamente encontrado pelos Cruzados europeus pouco antes de serem forçados pelos árabes a deixar a região. Ele não afirmou especificamente onde o tesouro havia sido encontrado, mas disse o que, supostamente, fora descoberto. “Se me lembro bem, os tesouros incluíam jóias e um baú de ouro”, Jack me disse após ter terminado seu relato da jornada de Burckhardt. Meus ouvidos logo se voltaram para menção do baú de ouro. A Arca da Aliança poderia ser descrita como um baú de ouro. Jack pôde notar que eu parecia mais que interessado no artefato. “Eu não levaria essa história tão a sério”, ele disse. “Ela foi provavelmente inventada pelos Cruzados. O nome completo do monumento arábico é Khaznat al-Faroum, que quer dizer ‘o Cofre do Faraó’. Um mito dos beduínos diz que o faraó do Êxodo perseguiu os israelitas ali na época em que Moisés criou a fonte Ain Musa, por alguma razão trouxe seu tesouro consigo, e por alguma outra razão, igualmente desconhecida, deixou-o ali naquele monumento.


Em Petra, na Jordânia, a enorme entrada do Al Khazneh (tradução árabe para “O Cofre/Tesouro”) é um dos maiores monumentos de Petra. A data da construção desse monumento é desconhecida, sendo atribuído, porém, a algo entre 200 a.C.e 100 D.C.

Uma outra lenda diz que os israelitas emboscaram o faraó no Siq e roubaram seu tesouro; eles o esconderam aqui.” Jack disse que sua opinião era que a história do tesouro do faraó foi inventada pelos Cruzados e não pelos muçulmanos locais. “Os Cruzados estavam obcecados para encontrar as relíquias bíblicas”, ele disse. Na realidade, Jack duvidava que houvesse alguma verdade na história dos Cruzados de terem encontrado o tesouro. “Eles possivelmente roubaram algumas jóias e outras bugigangas de ouro durante suas investidas e inventaram a história de que as descobriram no Wadi Musa — em um lugar que era associado a Moisés e ao Antigo Testamento. Supostas relíquias bíblicas eram capazes de fazê-los ganhar uma boa fortuna quando voltassem para casa.”

Pelo que eu podia perceber, Jack não fazia a menor idéia de que Jebel Musa podia ter sido a Montanha de Deus; ele considerava a história da fonte Ain Musa como apenas um dos muitos contos milagrosos que relacionam Moisés a lugares por todo o Deserto de Sinai. Pelo que eu sabia, porém, a história era mais convincente. Há muito tempo aprendi a contemplar a importância de mitos e lendas associadas aos locais antigos e estava preparado para descobrir o centro da verdade na história do tesouro do faraó. De acordo com a Bíblia, o ouro usado para construir a Arca e os outros recipientes sagrados que Moisés instruíra os israelitas a fazer havia sido “empreitado” dos egípcios antes de deixarem o Egito. Fizeram, pois, os filhos de Israel conforme a palavra de Moisés; e pediram aos egípcios jóias de prata, e jóias de ouro, e roupas. E o Senhor deu ao povo graça aos olhos dos egípcios, e estes lhe davam o que pediam. E despojaram aos egípcios. (Ex 12:35-36)

Muito tempo antes, porém, o faraó decidiu ir atrás deles: Sendo, pois, anunciado ao rei do Egito que o povo fugia: e mudou-se o coração do Faraó e dos seus servos contra o povo, e disseram, Por que fizemos isso, havendo deixado ir a Israel, para que não nos sirva? E aprontou o seu carro, e tomou consigo o seu povo. (Ex 14:5-6) Será que a lenda do tesouro do faraó surgira por causa de alguma confusão a respeito de uma história que se referia aos recipientes do Templo que haviam sido construídos originalmente séculos antes do ouro do faraó?

O próprio Cofre certamente não foi construído pelo faraó egípcio, pelos israelitas, ou por quem quer fosse, antes do século XIV a.C. Não era preciso uma escavação arqueológica para mostrar que o monumento datava de tempos muito mais adiantes. Sua arquitetura fora obviamente influenciada pelos gregos e romanos que não existiram até muito tempo depois de mil anos após o Êxodo parecer ter ocorrido.

Contudo, era possível que o Cofre tivesse sido construído no local de uma estrutura ainda mais antiga. Talvez os edomeus tivessem construído um santuário na lateral do penhasco, do outro lado do Siq quando ergueram o Terraço dos Obeliscos e o santuário no pico de Jebel Madhbah. Eles certamente devem ter considerado o estranho efeito acústico do vento no desfiladeiro como sendo uma manifestação sagrada. Se isso de fato aconteceu, o lugar onde o barulho era criado — ou seja, a área ao redor do que hoje é conhecido como o Cofre — teria sido considerada santa.

O livro dos Números do Antigo Testamento se refere ao que parece ter sido o Siq como Cades, que em hebraico quer dizer um “lugar sagrado”. E quando Moisés chegou pela primeira vez na Montanha de Deus, durante o episódio do arbusto em chamas, ficou sabendo que o lugar já era santo. Moisés ouve uma voz que lhe diz: “Não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa” (Ex 3:5).

Assim como os edomeus criaram os impressionantes santuários religiosos nas rochas brutas do cume de Jebel Madhbah, parecia bastante razoável que também tivessem criado um templo de pedras onde o Cofre hoje existe. Contudo, mesmo que houvesse um antigo santuário dos edomeus na extremidade do Siq, os antigos israelitas provavelmente não conseguiram manter suas relíquias sagradas naquele lugar por muito tempo. De acordo com a Bíblia, os recipientes acompanharam os israelitas durante suas viagens no Deserto de Sinai. Jeremias, porém, pode muito bem ter considerado aquele lugar como sendo um esconderijo ideal se desejasse esconder algumas dessas relíquias sagradas em Jebel Madhbah para salvá-las dos babilônios. Será que existia qualquer prova de uma antiga estrutura no lugar?

Jack se ofereceu para me acompanhar até o Cofre e me dizer o que os arqueólogos haviam descoberto a respeito do monumento. Abdul havia me dito que acreditava-se que o Cofre era uma tumba, mas Jack duvidava que o lugar fora, algum dia, usado como um túmulo. Não fora encontrado ali nenhuma inscrição dos nabateus, dos gregos ou dos romanos, comuns nas diversas outras tumbas no Wadi Musa. Tampouco havia evidências no local de sarcófagos ou de nichos próprios para o enterro de cadáveres.

“Uma coisa é certa”, ele me disse, enquanto olhávamos em direção à fachada decorativa da estrutura que é tão grande quanto a do Taj Mahal. “O Cofre foi construído para impressionar. Esse é o primeiro monumento que os visitantes vêem quando entram no vale.” Do lado de dentro, porém, o Cofre era um tanto desapontador. Embora haja um enorme corredor de entrada que deve ter levado anos para ser aberto nas rochas sólidas, o lugar era um cúbico vazio, frio e simples, sem nenhum tipo de ornamento.


As tumbas na região de Petra.

Três câmaras menores surgiam do lado de dentro, mas eram, também, igualmente simples. “Parecem ter sido construídas para fins religiosos e não práticos”, disse Jack quando parou e pegou um punhado de pedras do chão em frente à entrada. “Esses são restos de uma inundação. Toneladas desses materiais foram jogadas desfiladeiro abaixo durante tempestades torrenciais com o passar dos séculos.” Jack explicou que uma escavação organizada pelo Ministério de Antiguidades da Jordânia na década de 1980 mostrou que o chão do vale, na época em que o Cofre foi construído, há cerca de dois mil anos, era muito mais baixo do que hoje.

A entrada do monumento ficava três metros acima da lateral do penhasco, mas não havia evidências de nenhum degrau usado para subir. O lugar não poderia ter sido criado para ser usado com finalidades práticas porque a entrada exigiria uma escada. Um prédio usado para cobrança de impostos ou outro fim administrativo, como algumas pessoas sugerem, parece estar fora de cogitação. Como também não parece ter sido usado como uma tumba, algum outro propósito religioso para o Cofre parece ser a opção mais plausível.”

Jack continuou me explicando como os escavadores conseguiram penetrar nos restos deixados pelas inundações em frente ao Cofre, até que conseguiram chegar ao nível onde o chão do vale ficava no tempo em que os mais antigos edomeus ocuparam a região, que eles determinaram por meio de testes de radiocarbono que dataram ossos de animais encontrados no meio das pedras. Nessa camada, os arqueólogos acharam provas de uma camada na rocha a uma profundidade ainda maior de cerca de seis metros, diretamente abaixo da entrada do Cofre. Era uma passagem, com aproximadamente um metro e vinte de largura e um metro e meio de altura, que levava a uma câmara plana que media quase três metros quadrados com dois metros de altura.

“Essa pode ter sido uma tumba dos edomeus, porque a entrada estava parcialmente fechada com rochas colocadas de forma proposital”, disse Jack. “No entanto, parecia que o lugar fora roubado há muitos séculos, porque não havia nada em seu interior.” “Você acha que poderia ser a caverna do tesouro encontrada pelos Cruzados?” eu perguntei. “Eles poderiam ter escavado o local por algum motivo, mas, como disse, acredito que tenham inventado toda essa história.”

Eu tinha de descobrir mais sobre os Cruzados que haviam ocupado a área, antes de chegar a qualquer conclusão a respeito daquela história. Mesmo que os Cruzadores tivessem encontrado tesouros ali, seriam eles os vasos do Templo escondidos por Jeremias? Será que essa era a caverna mencionada no livro de Macabeus? Não fiquei surpreso ao saber que havia uma construção dos edomeus do lado oposto do Siq: ela se encaixava em minha teoria com relação às associações sagradas do lugar. Jack disse que achavam se tratar de uma tumba, mas poderia muito bem ter sido um santuário.

Se isso fosse verdade, Jeremias então pode ter considerado aquele um lugar adequado para esconder os tesouros do Templo de Jerusalém. Havia uma série de possibilidades. Como sua religião parecia ter sido muito semelhante ao Judaísmo, podem ter existido edomeus simpatizantes com o empenho dos judeus que tomaram posse da Arca e a guardaram nessa caverna.

Uma outra alternativa, a caverna podia ter sido há muito tempo coberta por entulhos no início do século VI, e sua existência poderia ter sido esquecida por todos, menos por Jeremias e alguns poucos sacerdotes importantes. Sendo assim, Jeremias pode ter voltado ao local e escondido os tesouros, de forma secreta, conforme afirma o livro de Macabeus. Entretanto, tudo isso não passava de especulações. Precisava voltar a Jerusalém e consultar o banco de dados da Biblioteca Nacional de Israel para ver se conseguiria descobrir mais coisas a respeito do suposto tesouro dos Cruzados.

Quando voltei à biblioteca, descobri que o próprio Johannes Burckhardt descreveu a descoberta dos Cruzados como incluindo “tesouros de ouro puro, pedras preciosas e um baú dourado”. O baú poderia ser a Arca da Aliança, e as pedras preciosas poderiam ser as Pedras de Fogo que diziam sempre ser mantidas dentro dela. Da mesma forma, poderiam ser nada mais que qualquer baú e quaisquer outras jóias roubadas.

Infelizmente, Jack estava certo a respeito de não haver antigas referências acerca da lenda, e portanto, não havia como saber o que os Cruzados de fato encontraram, se é que haviam encontrado alguma coisa. No entanto, consegui descobrir quem eram os tais Cruzados que tinham estado no Vale de Edom durante o período em questão. No fim do primeiro milênio d.C, todo o Oriente Médio vivia sob a influência dos muçulmanos. Como essa região incluía as terras da Bíblia, ou a Terra Santa, como os cristãos a chamavam, os europeus sentiam que era sua obrigação conquistar a área e trazê-la para o domínio católico de Roma.

As guerras que se seguiram foram conhecidas como as Cruzadas e os guerreiros que lutaram a favor dos caristãos eram os Cruzadores. No século XII, os Cruzadores de países europeus como a França, Alemanha e Inglaterra, conquistaram Jerusalém e estabeleceram um reino cristão no lugar hoje chamado de Israel. Com o intuito de proteger os interesses dos cristãos na região, várias milícias religiosas foram formadas, e uma delas, os Cavaleiros Templários — ou apenas, Templários — ocuparam por algum tempo as ruínas da cidade de Petra por volta de 1180 para proteger as importantes rotas de comércio que passavam pelas Montanhas de Shara.



Como esses Templários tinham sido os únicos Cruzadores a ocupar o Vale de Edom, deve ter sido esse grupo o responsável pela descoberta. Naquela época, seu comandante era um cavaleiro inglês chamado Ralph de Sudeley, e por isso, provavelmente, os registros históricos a respeito de sua vida pudessem revelar outros dados com relação ao suposto tesouro. Não havia mais nada a respeito dele no banco de dados da Biblioteca Nacional, por isso, tudo parecia indicar que esses registros só poderiam ser encontrados na Inglaterra.

Como esse era o lugar onde, por acaso, eu morava, e precisava retornar para resolver outros negócios, decidi que continuaria pesquisando com base na pista de Sudeley assim que voltasse para casa. Eu, sinceramente, não esperava chegar em lugar algum. Entretanto, estava prestes a viver uma grande surpresa.

Capítulos anteriores em:
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-1/
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-2/
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Novembro 18, 2014

chamavioleta

Os Cavaleiros Templários 

e a Arca da Aliança, 

capítulo 8

Posted by Thoth3126 on 18/11/2014

 



O que exatamente se sabia a respeito da antiga terra de Edom? Não somente a Bíblia, como também textos de países do Oriente Médio, além de Judá, referiam-se a ela. Ao examinar esses diversos relatos, a área descrita como Edom correspondia, grosso modo, à metade sul do Deserto de Negev, que em tempos bíblicos formava as partes habitadas ao sul e ao leste do Deserto de Sinai.

Ela, hoje, continua da mesma forma que no passado. Até onde os olhos alcançam, o sol bate impiedoso sobre rochas maciças e abrasadoras, em uma terra sem vida. Dia após dia, anos após ano, o solo arde sob o calor estonteante (n.T. uma grande diferença hoje é a existência da usina Nuclear de Dimona, onde Israel produziu e armazena cerca de 300 bombas atômicas).

Thoth3126@gmail.com

Livro Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança, de Graham Phillips, Editora Madras – Capítulo VIII – O Vale do Edom

http://www.grahamphillips.net/ark/Ark_Intro.htm#Featured

8. O Vale de Edom

Nesse deserto seco e rochoso, com 200 quilômetros de comprimento e 200 quilômetros de largura, as temperaturas podem chegar a mais de quarenta graus na sombra. À noite, porém, a temperatura mergulha chegando a congelar o ar, e um frio cortante desce sobre o campo estéril. As Montanhas de Shara passam bem ao meio dessa devastação árida, e bem no meio delas, está o vale que outrora fora chamado de Vale de Edom. Alimentado por correntezas de montanhas frias e ladeado por altos penhascos, o lugar era um porto para a vida sofrida em terrenos mais hostis.

Hoje, embora o vale seja muito mais cheio de vida do que o deserto adjacente, não pode ser considerado um lugar fértil como há três mil anos, quando as pancadas de chuva eram mais constantes e inúmeros riachos alimentavam seu solo. Localizado cerca de vinte quilômetros dentro do que hoje é chamado de reino da Jordânia, o Vale de Edom tem aproximadamente oitocentos metros de largura por cinco quilômetros de comprimento. Embora toda a parte sul de Negev fosse conhecida como a terra de Edom, na época dos antigos israelitas, o reino dos edomeus era um domínio muito pequeno, centralizado sobre esse vale fértil.



Parece, então, que esse vale isolado era a terra da qual Moisés teve de pedir permissão para o rei de Edom deixá-los cruzar após criar a fonte milagrosa de água. Como o incidente acontecera em Horebe, e Horebe era um outro nome do Monte Sinai, tudo indica que uma das montanhas que circundavam o Vale de Edom era a misteriosa Montanha de Deus. Nos tempos antigos, uma importante rota de comércio passava bem ao meio do Vale de Edom, de leste a oeste. A rota ligava o Egito à África com o mundo árabe e o Oriente, e os edomeus que a controlaram por mais e mil anos até o século IV, prosperavam com as tarifas que cobravam.

O vale era uma fortaleza natural com trechos facilmente protegidos, e as entradas para a rota de comércio eram desfiladeiros tão estreitos em alguns lugares, que animais de transporte só podiam passar em fila indiana. De acordo com o relato do Êxodo, o incidente da fonte milagrosa aconteceu na “rocha em Horebe” (Ex 17:5-6), e do relato dos Números podemos deduzir que o mesmo incidente aconteceu em um lugar chamado Kadesh (Cades) — o lugar sagrado — na fronteira do reino dos edomeus (Nm 20:9-17). Se os israelitas tinham vindo do sul do Deserto de Sinai, teriam chegado, então, na fronteira do reino dos edomeus em um desfiladeiro que é hoje conhecido como Siq al Barid, que em árabe quer dizer “canal frio” e chamado apenas de Siq como abreviação. Se minha teoria estivesse certa, era ali que o Monte Sinai seria encontrado.

Ao viajar para o sul de Jerusalém de ônibus, cruzei a fronteira de Israel até a Jordânia para chegar logo em seguida na cidade de Elji, que fica na extremidade externa do desfiladeiro de Siq. Elji não era nada parecido com o que eu esperava. Havia imaginado um calmo e pequeno vilarejo, habitado por apenas alguns poucos fazendeiros locais e suas famílias. No entanto, o lugar era um espaço popular entre os turistas com hotéis e lojas modernas de presentes e lembranças.

Depois de me instalar em um dos hotéis, olhei pela janela do quarto em direção às montanhas que se erguiam dos dois lados da entrada do desfiladeiro. Em contraste absoluto com o deserto, suas rochas eram uma paisagem de cores: marrom dourado, amarelo, laranja e vermelho. Se estivesse certo, uma dessas duas montanhas tinha de ter sido Horebe, onde Moisés criara a fonte milagrosa. Qual das duas, eu imaginava, teria sido o verdadeiro Monte Sinai, a Montanha de Deus?

No dia seguinte, contratei um guia local chamado Abdul, que quase imediatamente disse algo que me deixou impressionado. O Vale de Edom é hoje chamado de Wadi Musa, que em árabe quer dizer “o vale de Moisés”. Era assim chamado, Abdul me disse, porque existia uma tradição dos beduínos locais de que tinha sido ali que Moisés criara a fonte milagrosa na história do Antigo Testamento. Eu achava que tinha sido muito esperto ao descobrir que o povo local acreditava nisso há anos. Na verdade, chegaram a construir um santuário no lugar exato onde acreditavam que o incidente tinha ocorrido, próximo à entrada do Siq. Chamada de Ain Musa — a Fonte de Moisés —, ela era uma pequena mesquita com uma cúpula erguida sobre um tanque retangular, ainda alimentado por uma fonte de água fresca.

A tradição de Ain Musa era de fato antiga, como descobri posteriormente.
Ela é confirmada pelo cronista árabe medieval Numairi. Numairi era um egípcio e sua crônica, datada do século XIII, ainda sobrevive na Biblioteca Nacional do Egito, no Cairo. Ao mencionar a aproximação de Petra, Numairi escreveu: No pé da montanha há uma fonte, que dizem jamais secar. As pessoas da região dizem que Moisés, o Profeta de Deus, que descanse em paz, a gerou com sua vara.


O deserto do Sinai

Se essa fonte fosse de fato a citada no relato do Êxodo — uma fonte surgiu em uma rocha “em Horebe” — ao que tudo indica, a montanha erguida acima
dela nada mais era que o próprio Monte Horebe. Do lado de fora do santuário,
avistei os altos penhascos de arenito que se erguiam diante de mim. Seria essa, de fato, a Montanha de Deus? Perguntei a Abdul se existiam quaisquer tradições que associavam a montanha ao Monte Sinai. Infelizmente, ele não conhecia nada a esse respeito. Entretanto, ele me disse que há muito tempo, ela fora considerada um lugar sagrado pelos beduínos da região. Era chamada de Jebel Madhbah — Montanha do Altar — porque havia um antigo santuário em seu pico, que tinha mais de três mil anos de idade.

O que me impressionou ainda mais, por tudo o que já sabia, era que nenhum estudioso bíblico, arqueólogo ou historiador que tentara buscar a Montanha de Deus parecia admitir a relevância do santuário de Ain Musa. Só podia supor que não haviam relacionado o relato do livro dos Números da criação da fonte milagrosa de Moisés, ao mesmo relato no livro do Êxodo. Abdul se ofereceu para me levar até Jebel Madhbah e me mostrar o santuário no cume da montanha. A única forma de chegar lá era por dentro da Wadi Musa, e o meio mais rápido para subir ao local seria à cavalo ou com um camelo.

Abdul tinha diversos cavalos à sua disposição, mas eu só havia cavalgado uma
única vez na vida e duvidava que fosse capaz de subir com o animal, e muito menos controlá-lo. No entanto, não foi tão difícil quanto imaginei; o animal parecia saber o que fazer e simplesmente seguiu o cavalo de Abdul e parou ao mesmo tempo que ele. Assim como para os antigos israelitas, o único caminho para entrar no Vale de Edom pela extremidade sul, evitando a rebocadura íngreme das montanhas, era através do Siq, que se estendia ao leste por quase dois quilômetros de rochas sólidas.

Essa rachadura profunda e estreita foi criada há milhões de anos quando alguma sublevação geológica gigantesca literalmente partiu a montanha em duas. No início, esse desfiladeiro longo e espiralado tinha cerca de quatro metros e meio de largura, mas quanto mais caminhávamos por ele, mais estreito ele ficava, até que a luz do sol não mais brilhava por entre as paredes escarpadas dos dois lados. Aparentemente, é por isso que era chamado de “canal frio”. Finalmente, após cavalgarmos pelo que parecia uma eternidade, e exatamente quando o corredor profundo e escuro parecia fechar-se por completo diante de nós, alcançamos uma das vistas mais espetaculares que já vi.


A entrada do SIQ, um estreito desfiladeiro que leva até a antiga cidade de Petra, totalmente escavada na rocha.

Erguendo-se acima de nós no penhasco à frente havia uma edificação com 40 metros de um monumento gigantesco: duas fileiras de colunas altíssimas, frontões triangulares colossais, vãos para estátuas e cântaros esculpidos, todos cravados na curvatura da face da rocha. Era, disseram-me, a entrada para uma série de amplas câmaras que adentravam a montanha. Imediatamente, percebi que já tinha visto aquele monumento antes. Fora usado por Steven Spielberg como o repositório perdido do Santo Graal em seu filme Indiana Jones e a Última Cruzada. Hoje chamado de Al Khazneh — o Cofre — sua função original é um mistério, mas acredita-se tratar-se dos restos de uma tumba de dois mil anos de idade.

Por mais antigo que possa ser, o Cofre não estivera ali quando os edomeus ocuparam o Vale nos tempos do Antigo Testamento. Abdul explicou que
aquele era um dos muitos monumentos construídos pelos nabateus que se
mudaram para o Vale de Edom no século IV a.C. Forçados a ir para o oeste pelo crescente império babilônico, os nabateus surgiram ao redor do Golfo Árabe e foram inicialmente compelidos a levar uma existência nômade no Deserto da Arábia. Alguma coisa, talvez incursões dos babilônios, enfraqueceram os edomeus entre os séculos VI e IV a.C. o que fez com que os nabateus se mudassem para o Vale de Edom e ganhassem o controle do local.

No fim do século IV a.C, Alexandre, o Grande estabelecera a influência dos gregos por todo o leste do Mediterrâneo, e os nabateus logo passaram a controlar as novas rotas de comércio que surgiram nas Montanhas de Shara. Edificado em um cruzamento entre as terras do Mediterrâneo e as terras do Leste Próximo e da Ásia, o reino dos nabateus tornou-se rico e poderoso, e uma grande cidade, a cidade de Petra, desenvolveu-se no coração do vale. Uma das cidades mais importantes do Oriente Médio, Petra permaneceu
independente até que foi incorporada pelos romanos, em 106 d.C.


Em Petra, na Jordânia, a enorme entrada do Al Khazneh (tradução árabe para “O Cofre/Tesouro”) é um dos maiores monumentos de Petra. A data da construção desse monumento é desconhecida, sendo atribuído, porém, a algo entre 200 a.C.e 100 D.C.

Abdul queria me mostrar todo o Cofre, por isso descemos de nossos cavalos e entramos no local. No interior escuro, passando por uma enorme entrada com uns seis metros de altura, deparei-me com um amplo corredor que dava acesso
a salas vazias e frias, bem ao fundo da montanha. Enquanto acompanhava meu
guia de uma câmara a outra, ele me contou que os arqueólogos acreditavam que ali havia sido a tumba de um importante rei nabateu que vivera em Petra nos tempos romanos. Quando perguntei o porquê de o lugar se chamar o Cofre, Abdul contou-me uma história fascinante de um tesouro escondido.

Ao que parece, no século XII, alguns Cavaleiros Cruzados europeus tinham encontrado jóias e artefatos de ouro puro escondidos em uma caverna da redondeza. Desde então, inúmeros caçadores de tesouros escavaram por todos os arredores do monumento, na esperança de encontrar mais peças. Quando saíamos do Cofre, dois grupos de turistas ocidentais chegaram no local. Ao ouvir vozes de pessoas falando em inglês, estava prestes a ir até eles para bater papo quando algo muito estranho aconteceu.

Uma rajada de vento repentino e violento chicoteou a poeira do chão do vale, fazendo com que os cavalos começassem a relinchar, forçando os turistas a cobrir seus rostos enquanto uma areia quente e seca soprava na direção de meus olhos. Foi então que ouvi o som mais assustador da minha vida. Era um barulho ensurdecedor, como uma cacofonia bizarra de trombetas de orações budistas sendo sopradas em uníssono.

Incapaz de ver, tentei imaginar o que estaria acontecendo. Alguns segundos depois, o vento se acalmou e o ruído parou. Quando, finalmente, consegui abrir meus olhos, pude ver que os turistas estavam tão assombrados quanto eu. Olhavam ao seu redor em um silêncio perplexo, enquanto dois guias árabes riam enlouquecidos. Atrás de mim, Abdul se juntou a eles. “Isso sempre assusta os visitantes,” ele riu. Explicou que o som estranho era um fenômeno raro, porém natural, criado por um vento forte que às vezes uiva pelo Siq. Os beduínos locais, ele me disse, chamam-no de “a trombeta de Deus”.

A princípio, ri junto com eles. Os guias obviamente ainda não tinham dito
aos turistas, que ainda estavam visivelmente abalados pelo som sobrenatural como a causa do barulho. De repente, porém, aquela cena me fez lembrar de algo que tinha, naquela mesma manhã, lido na Bíblia. Estivera relendo os versículos mais relevantes do Antigo Testamento que mencionava a primeira visita dos israelitas na Montanha de Deus. De acordo com Êxodo 9:11-27, enquanto Moisés preparava os israelitas para testemunhar a manifestação de Deus, eles acamparam ao pé da montanha.

No terceiro dia, Deus finalmente desceu sobre o Monte Sinai: Houve trovões e relâmpagos sobre o monte, e uma espessa nuvem, e um sonido de buzina mui forte, de maneira que estremeceu todo o povo que estava no arraial. (Ex 19:16) Uma buzina mui forte! Podia essa ser uma antiga descrição do mesmo som que acabara de ouvir? Se os israelitas acamparam ao pé de Jebel Madhbah, eles podiam muito bem ter montado seu acampamento exatamente sobre o mesmo lugar onde eu estava naquele instante.


A enorme fenda, conhecida como SIQ, e o desfiladeiro montanha acima.

A passagem do Êxodo sugeria que uma tempestade violenta estava se formando — e com as tempestades vêm os ventos. (Hoje, essas tempestades são uma raridade na região, embora quando caem, as chuvas podem ser torrenciais.) Se o vento tivesse uivado pelo desfiladeiro como acabara de acontecer, os antigos israelitas podem muito bem ter ficado aterrorizados
como os desnorteados turistas. Os israelitas consideraram o som que ouviram como um sinal de Deus. Os beduínos locais chegaram a chamar o fenômeno de a trombeta de Deus. Uma coincidência, talvez, mas algo, sem dúvida alguma,
fascinante!

Enquanto continuávamos nossa viagem pelo vale, olhei para o alto
contemplando Jebel Madhbah, toda aquela imensidão que se erguia acima do Cofre. Será que os antigos israelitas, de fato, viram algo espetacular em algum lugar entre aquelas rochas primitivas e desgastadas pelo tempo — uma manifestação tão surpreendente que, para eles, não poderia ter sido outra coisa, senão do próprio Deus? Além do Cofre, havia um outro desfiladeiro, conhecido como o Siq Externo, flanqueado em suas duas laterais por uma parede de penhascos escarpados. Entretanto, não era nem um pouco estreita quanto o próprio Siq, com cerca de sessenta metros de largura.

O caminho nos levou até Wadi Musa, a aproximadamente quinhentos metros ao norte, onde uma planície larga e horizontal se dispunha entre montanhas escabrosas, que se estendiam diante de nós. Na época de Moisés, aquele lugar fora o lar dos edomeus, mas as ruínas que hoje dominam o vale, são os restos da cidade de Petra dos nabateus. São, na verdade, ruínas clássicas, que tiveram suas construções influenciadas pelas arquiteturas gregas e romanas — um anfiteatro, as paredes das casas, prédios administrativos e templos, todos dispostos ao redor de uma série de estradas pavimentadas.

Dos dois lados dessas avenidas retas, pilares de pedras, colunatas e estátuas quebradas marcam os caminhos que, há muito tempo, compunham as vias da antiga cidade. Cravados nos penhascos ao redor de Petra existem centenas de tumbas ornadas e dispersas, muitas delas parecidas com o Cofre, embora não tão grandes. Antes dos nabateus mudarem-se para o vale, a capital dos edomeus ficava nesse local. Pode ter sido menos elaborada, mas era uma cidade sofisticada para a época. Nas escavações de assentamentos dos edomeus foram encontrados cerâmicas decoradas, tábuas de argila com inscrições e muitos outros artefatos de trabalhos manuais de alto padrão, revelando uma população próspera e bem defendida.

Embora essa tenha sido uma colonização com casas simples de tijolos de barro, havia um complexo do palácio central de onde os líderes dos edomeus controlavam o reino de seu vale. O mais antigo nível de ocupação foi descoberto como datado de cerca de 1500 a.C, o que mostrou a existência da presença dos edomeus no vale quando os israelitas podem ter chegado ali, por volta de 1360 a.C. “Os antigos edomeus tinham uma cultura avançada”, Abdul me disse enquanto descíamos de nossos cavalos com um dos funcionários do anfiteatro de estilo romano olhando-nos da entrada do Siq Externo.


As tumbas na região de Petra.

“O santuário no cume de Jebel Madhbah foi construído por eles, e para conseguirem chegar até ele, fizeram isso”. Ele apontou para um lance de degraus desenhado na lateral do penhasco que subia em forma de ziguezague pelo lado da montanha. Abdul estava muito mais em forma do que eu, e depois de termos escalado mais de trinta metros acima do vale, eu estava exausto. Finalmente, chegamos em um platô de pedras, com cerca de sessenta metros de comprimento por trinta metros de largura. Era conhecido como o Terraço dos Obeliscos, Abdul me explicou, por causa de dois enormes monumentos
que havia ali. Sobre o terraço, com uma distância de trinta metros entre elas, havia dois obeliscos altos: enormes pilares de rocha sólida, cada um deles com cerca de seis metros de altura.

Após recompor minha respiração e examinar os monumentos, logo percebi que o trabalho necessário para criar aquelas estruturas gigantescas era algo ainda mais impressionante do que podia imaginar. Elas foram esculpidas a partir do alicerce da montanha. Para dar forma àqueles obeliscos, os construtores tiveram que extrair rochas sólidas de seus arredores, Abdul explicou. Todo o terraço, com 6.000 metros quadrados ao todo, era uma construção artificial — uma realização surpreendente para um povo sem tecnologia moderna.

Mais incrível ainda, não fora a civilização dos nabateus que a criara, mas sim os primeiros edomeus. Escavações das pedras encontradas ao redor do platô revelaram restos orgânicos — como por exemplo, ossos de animais — que tinham sido datados por meio de testes de radiocarbono de cerca de 1500 a.C. Notavelmente, portanto, esses monumentos já estariam ali quando os israelitas parecem ter deixado o Egito para vagar pelo Deserto de Sinai, por volta de 1360 a.C.

O local deve ter sido ainda mais impressionante quando foi criado. Arqueólogos encontraram grandes placas quebradas de ardósia trabalhada na mestra do reboco ao redor do platô e concluíram que as pedras, que não eram naturais da região, haviam sido usadas para formar um área pavimentada ao redor dos obeliscos. Após examinar os fragmentos da ardósia em detalhes, os arqueólogos calcularam que haviam sido polidas para criar uma superfície azulada brilhante para a afluência de pessoas onde, ao que parece, cerimônias religiosas aconteciam.

“Esses obeliscos parecem ter sido a entrada processional do santuário que fica ali no pico”, disse Abdul, indicando o topo da montanha, que era ligado ao terraço por um sulco estreito com cerca de cento e oitenta metros de comprimento. “Os beduínos ainda consideram esse platô como um solo sagrado; chamam esses monumentos de Al-Serif, que significa ‘os pés’, porque têm uma tradição de que Deus esteve aqui presente.”

Eu esperava encontrar lendas locais que estabelecessem uma conexão entre Jebel Madhbah e o aparecimento bíblico de Deus, e agora tinha uma. Além
disso, a topografia da montanha era equivalente às descrições da Montanha de
Deus no Antigo Testamento. O nível do rompimento do terreno de Jebel Madhbah — o terraço dos obeliscos abaixo do santuário no pico da montanha — certamente se encaixava com o que sabemos a respeito do primeiro encontro dos israelitas com Deus no Monte Sinai.


O Terraço de Obeliscos

Após ter criado a fonte milagrosa, e os israelitas montarem seu acampamento no pé da montanha, Moisés preparou seu povo para se encontrar com o próprio Deus: O Senhor descerá diante dos olhos de todo o povo sobre o monte Sinai… E Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus; e puseram-se ao pé do monte. (Ex 19:11, 17)

Está implícito aqui que havia dois níveis para o lugar sagrado onde Deus
seria encontrado. Como o “pé” do monte significa um nível “inferior,” as pessoas
estavam em algum lugar abaixo do precinto do topo da montanha santa onde
Moisés mais tarde recebeu os Dez Mandamentos — exatamente como teria
acontecido se os israelitas tivessem subido em Jebel Madhbah, no lugar do Terraço dos Obeliscos, e olhassem em direção ao cume do monte, a cento e oitenta metros ao norte. Em uma outra ocasião, os anciãos israelitas foram mais uma vez convidados a subir até a parte inferior da montanha:

Depois (Deus) disse a Moisés: Sobe ao Senhor, tu e Aarão, Nadabe e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel; e adorai de longe. E só Moisés se chegará ao Senhor: mas eles não se cheguem; nem o povo suba com ele… E subiram Moisés e Aarão, Nadabe e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel: E viram
o Deus de Israel: e debaixo de seus pés havia como que uma pavimentação de pedra de safira. (Ex 24:1-10) Surpreendentemente, essa passagem poderia ser uma descrição exata do Terraço dos Obeliscos. A pedra azul polida que os arqueólogos encontraram pode muito bem ter feito com que o terraço brilhasse com o reflexo da luz do sol “como que uma pavimentação de pedra de safira”.

Os pés de Deus são inclusive mencionados, estabelecendo uma ligação com a antiga tradição da escritura dos beduínos. A lenda pode muito bem ter surgido de uma antiga associação entre o relato bíblico e o Terraço dos Obeliscos. Por diversas vezes, o Antigo Testamento se refere aos marcos sagrados como os anexos de Deus. Por exemplo, a colina sobre a qual a cidade de Samaria se erguia era chamada de o “Punho de Deus”, e havia também Penuel, a “face de Deus” — um penhasco no vale da Jordânia. Quando Abdul finalmente me conduziu pela passagem que levava ao santuário no pico da montanha, vi-me diante de uma outra estrutura de antiga engenharia bastante impressionante.

Conhecido como o Lugar Superior, aquele era um antigo templo ao ar livre, com mais de novecentos metros acima do nível do mar. Como os obeliscos, a estrutura fora alicerçada nas rochas sólidas do monte e acredita-se ser datada do mesmo período. Uma grande depressão retangular, medindo cerca de quinze por seis metros, fora cortada com perfeição a partir do arenito a uma profundidade de aproximadamente quinze polegadas, e ao seu redor estavam os restos dos bancos de pedras lapidadas onde os adoradores se sentavam. Próximo ao centro deste pátio, como os arqueólogos se referem a este espaço, havia uma plataforma de pedras, de dois por um metro, erguida ao lado de
uma enorme bacia de pedra quase do mesmo tamanho. O altar principal tinha
degraus escarpados e era provavelmente de onde os sacerdotes edomeus
presidiam seus rituais, enquanto que a bacia, ao que tudo indica, era usada para depositar o sangue dos animais sacrificados.

Se Jebel Madhbah era o Monte Sinai, esse templo ao céu aberto é onde Moisés teria vindo sozinho para receber os Dez Mandamentos: Então disse o Senhor a Moisés, Sobe a mim ao monte, e fica lá; e dar-te-ei as tabelas (tábuas) de pedra, e a lei, e os mandamentos que tenho escrito para vos ensinar. (Ex 24:12)
Se esse santuário de fato datava do mesmo período do Terraço dos Obeliscos, como os arqueólogos acreditavam, então, seria ali que, no tempo de Moisés, a história teria acontecido. E se o historiador judeu Josephus estivesse certo, o povo da região ao redor do Monte Sinai já o considerava uma montanha santa antes de Moisés ou dos israelitas ali chegarem.



Josephus nos diz que, quando Moisés pisou pela primeira vez na montanha, o povo local não permitia a pastagem em suas ladeiras porque os “homens de opinião diziam que Deus habitava ali”. Se a montanha já era considerada sagrada, imaginamos que já existia ali algum tipo de templo, e o Lugar Superior no pico de Jebel Madhbah, pode muito bem ter sido esse santuário.

Os edomeus eram parentes próximos dos israelitas, e portanto sua religião pode ter sido bastante semelhante. Independentemente de qual divindade os edomeus adoravam em Jebel Madhbah, porém, se este era o Monte Sinai, o santuário pode ter sido o lugar onde acreditava-se que Deus aparecera para Moisés: E, subindo Moisés ao monte, a nuvem cobriu o monte. E a glória do Senhor repousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu por seis dias; e ao sétimo dia chamou a Moisés do meio da nuvem. E o parecer da glória do Senhor era como um fogo consumidor no cume do monte, aos olhos dos filhos de Israel. (Ex 24:15-17)

Quando perguntei a Abdul se ele conhecia alguma lenda que dissesse respeito ao santuário, ele me disse algo que podia muito bem explicar o que os israelitas tinham de fato visto. Abdul não conhecia nenhuma lenda específica, mas
tinha informações acerca de um fenômeno interessante — uma estranha luz que diziam ter visto no pico de Jebel Madhbah. A última vez que fora relatada foi em 1993. Uma equipe de arqueólogos ingleses estava trabalhando ao redor do santuário, quando foram pegos por um temporal com trovões nada comum.

De acordo com o testemunho de mais de uma dúzia de pessoas, os arqueólogos
corriam tentando escapar da ameaça de serem atingidos por raios que caíam sobre a montanha, quando viram uma bola de luz vermelha que parecia fogo, que estimaram ter um metro e meio de diâmetro, e que pairava a alguns metros no ar sobre as ruínas do templo. Ficou visível por cerca de cinco minutos, movimentando-se calmamente para frente e para trás antes de desaparecer. Abdul me garantiu que sabia de muitas pessoas que haviam testemunhado o espetáculo, e mais tarde cheguei a falar com mais de seis residentes idosos de Elji que juravam ter visto a bola.

Esse estranho fenômeno podia muito bem ser descrito “como um fogo devorador” — a glória do Senhor que os israelitas dizem ter visto — mas o que seria aquilo? A primeira possibilidade era de que se tratava de algo conhecido como o relâmpago da esfera: bolas de partículas altamente carregadas criadas pela atmosfera eletrificada de um temporal com raios. O relâmpago da esfera acontece com maior freqüência em lugares elevados, como por exemplo picos de montanhas, topos de arranha-céus e ao redor de mastros de rádios.

No entanto, a cor, tamanho e longevidade do espetáculo não pareciam se encaixar na descrição do relâmpago da esfera. Esse relâmpago tem coloração azulada, não sendo maior que uma bola de futebol, e somente permanece visível por alguns segundos. As testemunhas do fenômeno de Jebel Madhbah descreveram-no como tendo uma cor vermelha ou amarela, muito maior de tamanho e visível por cerca de cinco minutos. Há, no entanto, um outro fenômeno natural que parecia mais coerente com o que fora relatado — uma rara anomalia eletromagnética conhecida como geoplasma.

O plasma é um gás eletricamente carregado que tem propriedades peculiares. Em um gás comum, cada átomo contém um número igual de cargas positivas e negativas, e as cargas positivas no núcleo são cercadas por um número igual de elétrons negativamente carregados. Se uma fonte de energia externa faz com que os átomos de um gás liberem elétrons, os átomos são deixados com uma
carga positiva e dizem que o gás fica ionizado. Quando átomos suficientes são
ionizados, o gás incendeia-se com uma “chama fria” que carrega uma forte carga estática. Isso é conhecido como plasma. Por ser tão leve quanto o ar ao seu redor, o plasma pode pairar ou ficar pendurado no ar como uma esfera ou uma coluna de gás luminoso, que pode se movimentar ou ficar parada, dependendo das condições, e pode continuar nesse estado por vários minutos.

Acredita-se que o geoplasma é um fenômeno causado por geodinâmica — em linguagem simplificada, certos tipos de rocha ao serem esfregadas uma contra a outra por meio de uma atividade sísmica para ionizar o ar acima delas.
Por causa da raridade e irregularidade do geoplasma, pesquisas científicas a seu respeito só foram conduzidas de forma adequada nas últimas duas décadas. Em 1981, Brian Brady, o então ministro de Minas e Energia dos Estados Unidos, foi o primeiro a produzir o que parecia ser geoplasma miniatura em um laboratório. Quando o centro de um granito cornalina era comprimido em
condições escurecidas, pequeninas faíscas de luzes vermelhas e amarelas eram
vistas esvoaçando-se ao redor da câmara do moedor das rochas.

Estranhas luzes, como essas descritas em Jebel Madhbah, foram relatadas em vários locais em todo o mundo, geralmente em regiões com tendências a terremotos e tremores, e em áreas com tipos específicos de rochas que contém grandes quantidades de óxido de ferro e quartzo, como por exemplo, o arenito e o granito cornalina. Embora terremotos sejam algo raro ao redor de Jebel Madhbah, a montanha apresenta pequenos tremores, e o pico é composto de arenito. Quando mais tarde li relatórios dessas anomalias e a pesquisa acerca do geoplasma, não pude deixar de imaginar se esses fenômenos eram a causa de Jebel Madhbah ter sido considerada sagrada.

Se os antigos edomeus tinham testemunhado esse fenômeno, eles, sem dúvida, os teriam considerado sobrenaturais em sua origem. Esse pode ter sido o motivo, se Josephus estivesse se referindo à mesma montanha, de os homens acreditarem que era ali que Deus habitava. Isso poderia perfeitamente explicar por que o santuário e o Terraço dos Obeliscos foram construídos. Nos anos 90, alguns geólogos propuseram que fatores além do tipo de rocha e da atividade sísmica eram necessários para produzir o geoplasma em um ambiente natural.

O geólogo norueguês Erling Strang considerava que variações locais no campo magnético da Terra eram um fator contribuinte, e John Derr, do Instituto Geológico Americano, sugeriu que a água era um elemento essencial na produção de geoplasma na paisagem. O calor produzido por movimento tectônico, ele afirmou, cria um revestimento de vapor que cobre as margens de uma fenda geológica e serve para isolar o desenvolvimento de uma carga eletromagnética. A maior parte dos fenômenos geoplasmáticos são de fato relatados durante ou após chuvas fortes. O evento testemunhado pelos arqueólogos em Jebel Madhbah em 1993 é um desses casos.

Chuvas fortes também acompanharam a aparição da “glória do Senhor”, conforme testemunhado pelos antigos israelitas. Êxodo 19:16 nos conta que havia “trovões e relâmpagos, e uma nuvem espessa sobre o monte.” Na verdade, a comparação do Êxodos da “glória do Senhor” com o “fogo devorador” é uma excelente descrição de um fenômeno geoplasmático. Eu estava agora convencido de que Jebel Madhbah era a Montanha de Deus citada na Bíblia. As passagens do Antigo Testamento indicavam que a montanha ficava na terra de Edom, especificamente na fronteira do reino de Edom onde Moisés criou a fonte milagrosa.

Os beduínos locais há muito tempo acreditavam que o santuário próximo à entrada para o Siq, ao pé de Jebel Madhbah, era o local da fonte milagrosa. Os dois níveis da montanha se encaixavam com a descrição física do Monte Sinai, e aquele era considerado um lugar sagrado quando os israelitas chegaram. Havia ainda dois estranhos fenômenos naturais que podiam explicar as descrições no relato do Antigo Testamento da aparição de Deus no monte santo — em outras palavras, o bizarro som de trombetas no Siq e as peculiares luzes relatadas no cume da montanha. Se essa era, de fato, a verdadeira Montanha de Deus, era aqui que diziam que o profeta Jeremias havia escondido a Arca.



Mas Jebel Madhbah era uma montanha enorme. Seria eu capaz de encontrar a caverna que o livro de Macabeus dizia ser o lugar onde Jeremias escondera a Arca? Precisava, antes, resolver um dilema crucial. Por que os antigos israelitas consideravam a montanha dos edomeus como o lugar da habitação de seu próprio Deus?

Capítulos anteriores em:
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-1/
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-2/
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-3/
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-4/
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-5/
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-6/
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Novembro 04, 2014

chamavioleta

Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança

 Capítulo  6 

 O Mistério de Jeremias

Posted by Thoth3126 on 04/11/2014

 



O Santuário da Bíblia fica próximo à Biblioteca Nacional e ao Museu de Israel, ao sudoeste de Jerusalém. Paradoxalmente, embora tenha sido construído com a intenção de guardar uma das coleções de manuscritos mais antigas do mundo, a arquitetura do Santuário é um tanto futurista demais.

A galeria principal é mais parecida com o interior de um disco voador do que com uma biblioteca — uma enorme sala redonda sem janelas coberta por uma grande redoma em forma de anel e banhada por uma iluminação alaranjada que parece irradiar das próprias paredes.

Thoth3126@gmail.com

Livro Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança, de Graham Phillips, Editora Madras – Capítulo VI – O Deserto

http://grahamphillips.net

Capítulo VI – O Mistério de Jeremias

No centro da sala estão os mais preciosos pergaminhos, mantidos dentro de um círculo de painéis iluminados que parece o sistema de controle de uma nave extraterrestre. Ao falar com um dos superintendentes do Santuário, logo descobri que o Dr. Griver era um dos únicos a achar que os Essênios tinham possuído a Arca da Aliança. Na verdade, a maioria das pessoas que trabalham no local com quem conversei no Santuário da Bíblia, considerava o pergaminho traduzido pelo Dr. Griver como uma parábola religiosa, e não um transcrito de acontecimentos reais. Contudo, me disseram que ele, de fato, citava a Arca da Aliança e as Pedras de Fogo, e que, com certeza, mencionava a crença dos Essênios de que eram os sucessores espirituais dos arcanjos Miguel e Gabriel. Na realidade, a comunidade de Qumran chegou a se auto denominar os Filhos da Luz — a referência à luz como uma alusão aos anjos.



Entretanto, em nenhum lugar, garantiram-me, o texto afirmava que os Essênios tinham estado de posse da Arca ou das Pedras de Fogo. Naturalmente, o Dr. Griver ainda podia estar certo: O fato de que os Essênios se consideravam os sucessores dos arcanjos, pode muito bem implicar que eles eram os guardiães dessas relíquias sagradas. Todavia, parecia não haver provas de que realmente o foram. Independentemente do que os Essênios afirmavam ou não possuir, a teoria do Dr. Griver se baseava no fato de que a Arca ainda estava no Templo de Jerusalém pouco antes de os gregos o saquearem, em 167 a.C. Ele acreditava que os Essênios, uma facção dos sacerdotes do Templo, foram incumbidos de guardar e proteger a Arca quando houve um caso de perigo iminente causado pelo rei Antiochus IV.

Portanto, havia qualquer evidência de que a Arca ainda estivesse no Templo de Jerusalém no início do século II a.C? Para responder minha pergunta, o curador levou-me até o terminal de um computador em uma das salas de leitura do Santuário, onde acessou um arquivo que mostrava todas as fontes históricas que tratavam do ataque grego ao Templo. Ao examinar a listagem, ele me disse que o episódio aconteceu em um período do qual muitos outros textos históricos existem, se comparado ao início da história dos hebreus.

A rebelião que o incidente desatou é conhecida como a Revolta dos Macabeus, e é relatada com riqueza de detalhes em uma série de documentos e cartas que foram escritos pouco antes de ter acontecido. Bastante conhecida como a Pseudepigrapha, os documentos fazem repetidas referências ao Templo de Jerusalém e seus vasos sagrados. No entanto, como o curador me mostrou ao abrir outros arquivos com diversos textos, nenhuma vez sequer, eles se referiam à presença da Arca no Sagrado dos Sagrados (Sanctun Santorum) no período em que o Templo foi saqueado sob as ordens de Antiochus IV. Na verdade, o relato mais importante que sobreviveu a respeito da Revolta dos Macabeus é encontrado nas Antiguidades dos Judeus, escrita pelo historiador judeu Josephus. Embora Josephus tenha escrito dois séculos depois do acontecimento, ele teve acesso a muitos antigos trabalhos judeus que hoje não existem mais.

O curador abriu o arquivo que continha a passagem de Josephus na qual falava do ataque de Antiochus do Templo: Assim ele deixou o templo vazio, e levou os candelabros de ouro, e o altar de ouro, e a mesa (para o pão não fermentado), e o altar (para ofertas queimadas); e não se esqueceu nem ao menos dos véus, que eram feitos de escarlate e linho puro… e não deixou nada naquele lugar. O trabalho incluía, por ordem de nome, os tesouros mais sagrados do Templo que foram roubados, mas não mencionava a Arca. A Arca era o bem mais sagrado dos judeus. Se ela ainda estivesse no Templo quando a Revolta dos Macabeus aconteceu, o curador explicou, é quase certeza que os autores judeus da Pseudepigrapha, e em especial, o historiador judeu Josephus, a teriam mencionado.

Na verdade, ele me disse que não sabia de nenhuma referência histórica dos judeus de alguém que afirmasse possuir a Arca da Aliança após o ataque babilônico do Templo de Jerusalém em 597 a.C. Parecia que a Arca da Aliança teve de ser retirada do Templo mais de quatro séculos antes do ataque de Antiochus. Todas as evidências disponíveis apontavam para o fato de ela ter sido retirada no tempo da invasão dos babilônios e, por alguma razão, nunca ter sido devolvida. Eu, portanto, precisava consultar as referências históricas do ataque babilônico de Jerusalém.



Infelizmente, diferente do período da ocupação grega de Judá, poucas fontes históricas com relação a este acontecimento existem em outro lugar, que não no Antigo Testamento. Visto que o curador havia me deixado no computador para continuar minhas pesquisas sozinho, decidi procurar as passagens bíblicas de relevância. Duas passagens do Antigo Testamento, 2 Reis 25:13-15 e Jeremias 52:17-19, referem-se ao roubo dos babilônios de todos os artigos sagrados que estavam no Templo. Como ambos usam palavras quase idênticas e listam exatamente os mesmos itens na mesma ordem, qualquer um dos relatos foi tirado do outro, ou os autores usaram as mesmas fontes.

A maioria dos estudiosos bíblicos consideram o relato de Jeremias como o original, por ele ser atribuído a um escriba chamado Baruch, que dizem ter sido uma testemunha ocular dos eventos. Seu relato parece listar todos os recipientes que foram levados:

“Quebraram mais os caldeus as colunas de bronze, que estavam na casa do Senhor, e as bases, e o mar de bronze, (uma tigela ornamental grande) que estava na casa do Senhor, e levaram todo o bronze para Babilônia. Também tomaram os caldeirões, e as pás, e as espevitadeiras, e as bacias, e as colheres, e todos os utensílios de bronze, com que se ministrava. E tomou o capitão da guarda as bacias, e os braseiros, e as tigelas, e os caldeirões, e os castiçais, e as colheres, e os copos; tanto o que era de puro ouro, como o que era de prata maciça.”

Esta, e a lista idêntica no relato de Reis, parecia ser bastante completa, porém não mencionava a Arca. Eu já sabia que a Arca parecia ainda estar no Templo durante o reinado de Josias, cerca de vinte e cinco anos antes da invasão babilônica, conforme está escrito em 2 Crônicas 35:1-3. Se esses dois relatos estiverem certos — e parece não haver razão para duvidarmos deles, porque parecem ter sido escritos em um espaço de tempo no qual ainda podiam se lembrar dos eventos — a conclusão mais lógica era a de que a Arca da Aliança fora retirada do Templo em algum momento entre os anos 622 e 597 a.C. Mas, quem a teria levado e por quê?

Para conseguir uma resposta, recorri à última referência à Arca da Aliança no Antigo Testamento — no livro do profeta Jeremias. Aceitando as palavras como do próprio Jeremias, que foram escritas por seu escriba Baruch, 3:16, a passagem diz:

“A arca da aliança do Senhor, nem lhes virá ao coração; nem dela se lembrarão, nem a visitarão.”

Muitos estudiosos bíblicos deduzem, com base nesse versículo, que o profeta está avisando o povo judeu que a Arca será tirada deles se não mudarem seus costumes. Pessoalmente, não pude deixar de pensar se o versículo inferia que a Arca já havia sido levada. Jeremias foi a figura religiosa judaica mais proeminente desse tempo, e portanto, se alguém tinha a autoridade para levar a Arca do Templo, esse alguém era ele. Obviamente, eu tinha de descobrir mais a respeito de Jeremias.

De acordo com o Antigo Testamento, Jeremias era o profeta líder dos judeus no tempo da invasão babilônica. Tinha iniciado seu ministério trinta anos antes, durante o reinado de Josias, quando ele parece ter sido responsável por uma série de reformas religiosas significantes. Desde então, até o tempo da conquista, ele era a figura religiosa mais importante em Judá. Durante esse tempo, Judá vinha gozando de um período de sucesso e prosperidade, uma sorte que não conhecera por muitas gerações. Entretanto, prevendo um perigo futuro, Jeremias mantinha os judeus sob alerta para que se preparassem para enfrentar os babilônios, cujo império ao norte se expandia a cada ano. Poucas pessoas, porém, ouviram seu conselho.

Em 605 a.C, as predições de Jeremias começaram a se concretizar quando os babilônios invadiram o norte de Judá. O rei da Judéia, Jehoiakim, foi forçado a jurar lealdade à Babilônia, mas, em troca, Jerusalém e o sul de Judá foram deixados sob seu controle. Pelos oito anos seguintes, a vida em Jerusalém continuou normal e o Templo permaneceu em segurança. Entretanto, em 597 a.C, uma revolta aconteceu no exército babilônico e, contra os conselhos de Jeremias, Jehoiakim se aproveitou da oportunidade para tentar expulsar os invasores do norte de Judá. A breve campanha foi catastrófica para Jehoiakim, e quando o exército da Judéia foi derrotado, o rei babilônico Nabucodonosor, dominou Jerusalém e saqueou o Templo.

Parecia, então, que Jeremias não estava em posição de esconder a Arca, mas seus constantes alertas com relação ao perigo dos babilônios mostram que ele teve a presciência de fazê-lo. Passei algum tempo estudando o banco de dados do Santuário e algum tempo depois descobri que existia ali um antigo texto apócrifo que, na verdade, alegava que Jeremias tinha escondido alguns dos tesouros do Templo pouco antes da chegada dos babilônios. Aquele era um raro manuscrito grego do século I conhecido como O Paralipomena de Jeremias — “As ‘Palavras Póstumas’ de Jeremias”. Atribuído a um homem grego anônimo convertido ao Judaísmo, ele afirmava ser uma cópia de um antigo texto hebraico escrito por Baruch, que está descrito nesse texto como um servidor no Templo de Jerusalém, que trabalhava como um escriba pessoal de Jeremias.

De acordo com o manuscrito, assim que a invasão dos babilônios em Jerusalém tornou-se iminente, Deus falou com Jeremias e lhe alertou para que escondesse alguns itens sagrados do Templo: E Jeremias disse, Senhor, agora sabemos que estás entregando a cidade nas mãos de seus inimigos, e eles levarão o povo para a Babilônia. O que queres que eu faça com os vasos sagrados usados nas cerimônias do templo? E o Senhor lhe disse, pegue-os e deposite-os na terra, dizendo: ouça, Terra, a voz de seu criador que a criou e a encheu com suas águas, que a fundamentou com sete sinais para sete eras, depois disso irás receber vossos ornamentos. Guarde os vasos de cerimônia do templo até o momento do encontro dos adorados.

Independentemente desse texto ter sido escrito ou não pelo escriba
Baruch, ele provava a existência de uma antiga tradição judia de que Jeremias
conseguiu salvar ao menos alguns dos tesouros do Templo do ataque dos
babilônios. Embora O Paralipomena não mencione especificamente a Arca ou
qualquer outro vaso do Templo pelo nome, temos um parâmetro histórico que
mostra que a Arca estava entre eles. Certamente, ao suspeitar que os babilônios iam invadir, Jeremias não teria ficado sem tomar atitudes e deixar que as relíquias sagradas dos judeus continuassem expostas no Templo para que fossem saqueadas.

Acima: Esquema de como seria o Templo de Salomão destruído por Nabucodonosor em 586 a.C.

Além disso, a menção na passagem de “vasos sagrados,” e não de apenas um “vaso”, fez-me mais uma vez pensar nos dois relatos do Antigo Testamento que falavam do ataque dos babilônios no Templo. A lista dos artefatos apresentada ali é longa e detalhada, mas não faz nenhuma referência à Arca assim como também não menciona outros itens importantes que a Bíblia diz terem estado anteriormente no Templo: o altar de incenso dourado e o tabernáculo sagrado (a tenda que servia como um templo portátil durante a peregrinação dos israelitas pelo deserto).

Ela também não menciona o menorah, embora ele possa estar incluído na listagem do Antigo Testamento como um dos “candelabros”. Parecia-me quase impossível que os autores do Antigo Testamento tivessem se esquecido de mencionar o altar de incenso e o tabernáculo se eles estivessem no Templo para serem roubados junto com os outros recipientes. Parecia que alguém — ao que tudo indica, Jeremias — tinha se certificado de que, junto com a Arca, eles já tinham sido levados para um lugar mais seguro.

No entanto, se Jeremias tivesse escondido esses tesouros do Templo, por que não foram devolvidos quando os persas derrubaram os babilônios e o Templo
foi reconstruído cerca de setenta anos mais tarde? O Antigo Testamento nos garante que todos os recipientes sagrados que os babilônios tinham levado, foram devolvidos pelos persas e voltaram a ser guardados no Templo de Jerusalém (Ez 1:7-11). Por que, então, não receberam a Arca e os outros itens desaparecidos? Quando, mais uma vez, examinei os relatos bíblicos da vida de Jeremias, uma resposta me foi sugerida.

Muitos judeus morreram durante a invasão babilônica de Jerusalém, e milhares de outros foram escravizados e enviados para o exílio na Babilônia. Jeremias, porém, não apenas sobreviveu, mas também foi capaz de evitar que fosse preso ou escravizado. Embora tenha sido inicialmente preso, ele foi libertado por ter cooperado com seus inimigos ao incentivar seu povo a não propagar aquele derramamento de sangue, e para que não usassem suas armas. Ele continuou em Judá por alguns anos antes de se mudar para o Egito, onde viveu até sua morte por volta de 562 a.C. Uma possível razão para que nenhum vaso do Templo, que ele pode ter escondido, tenha sido devolvido, pode ser explicada com sua morte antes de os babilônios partirem.

Talvez, na época em que o Templo foi reconstruído, nenhum dos sobreviventes sabia onde os tesouros estavam. Obviamente, Jeremias teria precisado de ajuda para transportar os pesados artefatos como, por exemplo, a Arca, mas seus ajudantes podem muito bem ter morrido durante a invasão babilônica, ou enquanto estavam escravizados, sem jamais terem revelado o segredo de sua localização. Infelizmente, O Paralipomena não nos deixou pista alguma quanto ao local do esconderijo de Jeremias usado para os recipientes do Templo.

Porém, ao continuar analisando o banco de dados, encontrei uma referência intrigante de uma antiga tradição dos judeus, de que Jeremias escondera os tesouros em uma caverna secreta. Tinha acabado de começar minha busca naquele arquivo, quando um dos funcionários do Santuário me disse que estavam encerrando as atividades do dia. Só tive tempo para tomar nota da fonte da referência em um pedaço de papel. Ao deixar o Santuário da Bíblia, olhei de relance para o papel em minha mão. A tradição de que Jeremias havia escondido os vasos em uma caverna secreta aparentemente vinha de uma antiga versão da Bíblia, compilada pelo bispo São Jerônimo do século IV. Evidentemente, uma antiga cópia da Bíblia de Jerônimo ainda existia na Igreja da Natividade na cidade de Belém. Decidi que pegaria o ônibus para ir até lá na manhã seguinte.

Tinha visitado Belém uns dois anos antes, mas tudo estava diferente. A
pouco mais de dez quilômetros ao sul de Jerusalém, uma pequena cidade árabe que hoje situa-se na região palestina semi-autônoma ainda chamada de Israel. O lugar apresentara uma atmosfera bastante tranqüila durante minha primeira visita, mas isso foi antes dos atuais problemas. Provavelmente, teria sido melhor ter caminhado até Belém como os peregrinos tradicionalmente fazem, pois um congestionamento terrível formou-se na Estrada de Hebrom. Soldados israelitas estavam revistando todos os veículos em um posto de controle nos arredores de Jerusalém, e demorei quase três horas para chegar a meu destino. Quando o ônibus finalmente chegou a Belém, todos os passageiros e as bagagens foram mais uma vez revistados, dessa vez por oficiais árabes.

De acordo com a Bíblia, Belém foi a cidade onde aconteceu o nascimento
de Jesus, e dizem que a Igreja da Natividade marca o lugar onde ele nasceu. Está situada na Praça da Manjedoura, no coração da cidade, e na última vez em que estive ali, o local estava cheio de turistas que entravam e saíam alegres de
lanchonetes e lojas de lembranças. Muitos dos 20.000 habitantes árabes — metade dos quais é cristã e a outra metade muçulmana — ganham a vida com o comércio dos turistas, em especial a produção e venda de imagens da família sagrada. Aquele tinha sido um negócio lucrativo, mas eu duvidada que ainda o fosse. Ao invés das multidões de visitantes e grupos de peregrinos que eram guiados por freiras do Convento das Irmãs de São José da cidade e por monges do mosteiro franciscano próximo dali, a Praça da Manjedoura estava cercada por policiais palestinos armados. Não havia mais do que alguns poucos ocidentais no local.

Ocupando a maior parte da ala leste da praça, está a Igreja da Natividade, que foi erguida sobre o local do nascimento de Cristo. Parece mais uma fortaleza do que uma igreja, visto que, a atual estrutura, construída pelo imperador romano Justiniano, no século VI, foi fortificada pelos Cruzadores nos tempos medievais. Justiniano não foi o responsável pela igreja original; essa responsabilidade pertenceu ao primeiro imperador romano cristão, Constantino, o Grande, que a construiu em cima de uma caverna no fim do ano 320. Conta a história que a mãe de Constantino, Helena, informou-o, de forma confidente, que a caverna era o local da Natividade.


A Igreja da Natividade, em Belém.

Ela tinha recebido aquela informação de um eremita local. Ao me curvar para ter acesso pela única entrada da igreja, descobri que havia mais atividades do lado de dentro. A rotina continuava igual a de séculos atrás. Ao meu redor, os servos da igreja estavam ocupados acendendo incensos e velas e cuidando das flores: os sacerdotes gregos ortodoxos em suas túnicas pretas, os padres armênios em suas túnicas creme e roxo, e os monges católicos franciscanos com seus hábitos marrons com capuz. Todas as três denominações cuidam da igreja, mas por incrível que pareça, nenhum deles é o responsável geral.

Ao encontrar um monge franciscano que falava inglês, fiquei sabendo que a Bíblia de Jerônimo estava exposta em um armário de vidro na Gruta da Natividade. Localizada no subsolo, abaixo do altar superior, foi ali que dizem que Jesus nasceu. Na última vez em que estive ali, tive de ficar na fila por quase uma hora para ver a gruta. Dessa vez pude entrar sem enfrentar fila alguma e descer o lance de degraus estreitos que nos levam até o suposto local do nascimento de Cristo.

A gruta em si é uma caverna com pouca iluminação que tem um cheiro forte de fumaça de incenso expelida de bicos de gás pendurados nas paredes. A Bíblia nos diz que Jesus nasceu em um estábulo, embora a gruta não pareça em absoluto com a choça familiar onde imaginamos que a natividade tenha acontecido. Contudo, o fato de (teoricamente) Jesus ter nascido ali, tornou-se o tópico de inúmeros debates. Entretanto, os guias garantem aos visitantes que existem evidências suficientes de que a caverna foi usada como um estábulo no tempo em que dizem que Jesus nasceu.

O lugar exato onde acredita-se que o nascimento ocorreu, está marcado com uma estrela de prata sobre o chão, e traz a inscrição em latim que diz “Aqui Jesus Cristo nasceu da Virgem Maria”. No entanto, o que me chamou a atenção foi a caixa de vidro colocada contra a parede em uma lateral da estrela. Dentro dela estava a cópia da Bíblia de Jerônimo, aberta, como descobri, na página do evangelho de São Lucas que conta o nascimento de Cristo. Uma plaqueta logo abaixo, escrita em uma série de idiomas diferentes, informava aos visitantes que o livro data de cerca de 400 d.C. e é uma das Bíblias mais antigas do mundo.

Obviamente, eu não teria permissão para tirá-la da caixa. Mesmo que pudesse, teria de conhecer o latim eclesiástico do século IV para conseguir lê-la. Por
sorte, um dos servos informou-me que havia uma cópia em inglês moderno da Bíblia de Jerônimo na biblioteca da igreja. No entanto, teria de esperar até que o único bibliotecário voltasse de seu horário de almoço. Por volta de quarenta e cinco minutos depois ele apareceu, mas era um padre ortodoxo que, obviamente, falava somente grego. Finalmente, consegui encontrar alguém para ser meu intérprete e consegui pedir a ele o que queria.

No final das contas, ele não se incomodou que eu folheasse o livro da maneira que precisava, mas minha tarefa parecia algo impossível; a obra tinha mais de mil páginas, e eu não fazia idéia por onde começar a procurar por uma referência a respeito de Jeremias ter escondido os tesouros do Templo em uma caverna. Por fim, fui ajudado pelo monge franciscano com quem falei quando cheguei na igreja, e não demorou muito tempo até que ele conseguiu chegar onde eu poderia encontrar o que estava buscando.

O monge me disse que a Bíblia de Jerônimo contém uma série de livros
em seu Antigo Testamento que não estão incluídos nas atuais Bíblias Protestantes, como a versão do Rei James. Esses eram alguns dos chamados Apócrifos, os textos do Tanak dos judeus que a Igreja Protestante eventualmente decidira excluir. Um deles era conhecido como o segundo livro dos Macabeus, e foi ali que havia, de fato, uma passagem que falava de Jeremias ter escondido alguns dos vasos sagrados do Templo. Para minha surpresa, esses itens, na verdade, falavam da Arca. 2 Macabeus 2:4-8 descreve como, antes da queda de Jerusalém para os babilônios, Jeremias deixou a cidade com as três relíquias do Templo que não eram mencionados na lista do Antigo Testamento: o tabernáculo, o altar superior e a Arca da Aliança.

Ao que tudo indicava, Deus disse a Jeremias o que fazer: “O profeta (Jeremias), ao ser alertado por Deus, ordenou que o tabernáculo e a arca o acompanhassem.” O que era ainda mais surpreendente era que a passagem, na realidade, explica o que Jeremias fez com elas: Ele foi até a montanha onde Moisés subiu e viu a herança de Deus (o Monte Horeb, na Península do Sinai). E quando Jeremias lá chegou, encontrou uma caverna vazia e levou para lá o tabernáculo e a arca e o altar de incenso, e então trancou a entrada.



Ali, ao que parece, a Arca ficou: Em seguida, alguns dos que o seguiu, vieram para marcar o lugar; mas não puderam mais encontrá-lo. E quando Jeremias se
deu conta, culpou-os dizendo: o local ficará desconhecido, até que Deus una a congregação dos povos e receba-os em sua misericórdia. Evidentemente, Jeremias decidiu que a Arca permanecesse escondida naquela caverna na montanha e fez questão de que ninguém mais soubesse sua localização exata.

Ao que parece, ele acreditava que era o desejo de Deus que o povo dos hebreus não mais possuísse aquelas relíquias sagradas, após terem transgredido as suas leis. Essa era uma descoberta impressionante: eu havia encontrado um texto antigo que não somente confirmava minhas suspeitas de que Jeremias tinha escondido a Arca, mas também revelava onde ele a tinha escondido. Contudo, eu precisava controlar minha excitação até que pudesse descobrir a idade e a autenticidade do relato de 2 Macabeus.

Voltei a Jerusalém, na Biblioteca Nacional, e fiquei sabendo que o texto,
ao que se sabe, ganhou sua forma final durante o século II a.C. De qualquer forma, algumas de suas seções certamente aconteceram, ao menos de forma oral, no início do século I porque chegaram a ser citadas por Philo de Alexandria, um filósofo judeu grego e historiador que morreu em 40 d.C. Nenhuma versão em hebraico original do texto sobrevive, mas baseado em diversas referências do texto, acredita-se tratar de uma obra composta tirada de antigos documentos que datam de cerca de 130 a.C.

Ele não é, ao que parece, um relato contemporâneo, e portanto sua honestidade pode inspirar dúvidas. Contudo, pelo que pude descobrir, essa é a mais antiga referência de que se tem notícias a respeito da Arca da Aliança, além daquilo que é conhecido como o Antigo Testamento. Na realidade, essa é a única referência antiga acerca da existência do artefato que se refere, especificamente, ao esconderijo da Arca. Durante o tempo em que fiquei na Biblioteca Nacional, olhando os alunos e estudiosos ao meu redor, que examinavam com meticulosidade todos aqueles livros e olhavam com curiosidade para as telas dos computadores, percebi que muitos caçadores da Arca, antes de mim, devem ter se inspirado no livro de Macabeus.

Não posso ter sido o único a encontrá-lo. Ele, na verdade, revelava onde a Arca estava escondida — em uma caverna na “montanha onde Moisés subiu e viu a herança de Deus”. No Antigo Testamento, Moisés conduz os israelitas para longe da prisão no Egito, e depois de quarenta anos no deserto, entram naquilo que a Bíblia chama de Terra Prometida de Canaã. O próprio Moisés jamais chega a pisar em Canaã, mas pouco antes de morrer, sobe em uma montanha onde tem uma visão da Terra Prometida e revela os últimos comandos de Deus aos Israelitas. A Terra Prometida de Canaã, ao que parece, é aquilo que está implícito nas palavras “herança de Deus” no relato do livro de Macabeus.

Quase todos os livros guias da Terra Santa informam ao leitor, de maneira confidente, que a visão de Moisés da Terra Prometida aconteceu no Monte Nebo, hoje conhecido como Jebel en Neba, dezesseis quilômetros ao leste da extremidade norte do Mar Morto — um lugar que hoje está sob o reino da Jordânia. Na verdade, como eu suspeitava, muitos pesquisadores haviam visitado esse lugar na esperança de encontrar a Arca.

Houve, descobri mais tarde, uma série de expedições para Jebel en Neba
em busca da Arca. A primeira dos tempos atuais realizada pela evangelista e
exploradora americana Antônia Frederick Futterer, na década de 1920. Em 1981, uma expedição na região chegou a afirmar ter encontrado a Arca. Ela foi chefiada por um outro americano, Tom Crotser, de Winfield, Kansas. Ao que tudo indica, próximo a um mosteiro franciscano, que fica ao pé da montanha, Crotser e seus companheiros descobriram uma caverna que acreditavam ser o lugar descrito no relato de Macabeus. Eles declararam ter encontrado uma caixa dourada dentro da caverna que acreditavam ser a Arca perdida.

Por razões conhecidas só por eles, a equipe deixou-a onde ela estava e se recusou a revelar sua localização. Obviamente, a afirmação de Crotser foi recebida com descrença pelos arqueólogos. Fotografias da suposta descoberta foram mostradas ao famoso arqueólogo Siegfried Horn, que não ficou impressionado. Ao que tudo indica, as fotos coloridas de Crotser não apenas eram pouco nítidas, mas somente duas delas não mostravam absolutamente nada. Uma delas estava tremida mas mostrava o que parecia ser uma câmara com uma caixa amarela ao centro. A outra foto era um pouco mais nítida e nos dava uma boa visão frontal da caixa.

De acordo com Horn, a obra da caixa era tão uniforme que só poderia ter sido feita por uma máquina. Além disso, um prego que saía da parte de cima da caixa tinha, em sua opinião, uma cabeça de aspecto moderno. Ele concluiu que aquele parecia ser um artefato de fabricação recente. Após ler a respeito da descoberta declarada por Crotser, me senti tão cético quanto o professor Horn. Na verdade, quando consultei as referências bíblicas a respeito da montanha onde dizem que Moisés parece ter visto “a herança de Deus”, comecei a me perguntar se o relato do livro de Macabeus se referia, ou não,
ao Monte Nebo.

Há três relatos no Novo Testamento das visões de Moisés da Terra Prometida, encontrados separadamente nos livros de Levítico, Números e Deuteronômio, e cada um deles indica locais diferentes do acontecimento: nos Montes Nebo, Abarim e Sinai. Deuteronômio 32:49 na verdade, fala em dois lugares,
chamando os dois de Monte Abarim e Monte Nebo nas instruções de Deus para
Moisés: “Sobe ao monte de Abarim, ao monte Nebo, que está na terra de Moabe, defronte de Jericó.” O autor parece considerar as duas montanhas como a mesma, ao passo que, na realidade, o Monte Nebo é a atual Jebel en Neba, a dezesseis quilômetros ao leste da extremidade norte do Mar Morto, enquanto o Monte Abarim é o atual Jebel el Hamra, a aproximadamente trinta quilômetros no extremo sul.

O autor não apenas afirmou por engano que Abarim e Nebo eram a mesma montanha, como também parecia acreditar que o lugar em questão ficava próximo a Jericó, que, na verdade, fica a quilômetros dos dois pontos. O Monte Nebo fica a trinta quilômetros de Jericó, e o Monte Abarim a mais de cinqüenta quilômetros de distância. Parece que o autor não conhecia absolutamente nada daquela região. Quem quer que ele fosse, deve ter começado a escrever muitos anos depois dos acontecimentos, e em um país diferente.

Embora o relato de Números do mesmo evento seja menos confuso, indicando somente o Monte Abarim, quando o autor resume o episódio no último versículo desse livro, ele revela seu total desconhecimento da topografia da área: Estes são os mandamentos e os juízos que mandou o Senhor por meio de Moisés aos filhos de Israel nas campinas de Moabe, junto ao Jordão, na direção de Jericó. (Nm 36:13) Nesse versículo, o autor, por engano, diz que Jericó fica na terra de Moabe. Moabe era um reino estrangeiro ao leste do Rio Jordão, ao passo que Jericó fica a vinte e quatro quilômetros a oeste do rio — bem dentro da antiga Canaã. O mesmo relato é encontrado no livro de Levítico, que também resume o episódio em seu último versículo. Ele diz que o evento aconteceu no Monte Sinai: “Estes são os mandamentos que o Senhor ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai” (Lv 27:34).

Estava bastante convencido de que a Arca da Aliança tinha sido tirada do
Templo de Jerusalém pouco antes da invasão babilônica em 597 a.C, e que
Jeremias era a pessoa mais indicada para ser o responsável pelo ato. Quem quer que a tenha levado, jamais a devolveu, e portanto, ela ficou escondida em algum lugar. O único texto antigo a indicar o nome do esconderijo, o relato do livro de Macabeus, era tudo o que me restava. Sua credibilidade não se mostrava tão fidedigna. Contudo, parecia bastante válido seguir a pista.

O problema é que eu tinha três possíveis localizações para investigar. Precisava decidir qual delas parecia ser a escolha mais provável do lugar da visão de Moisés da Terra Prometida. Como os dois relatos, Deuteronômio e Números, continham erros geográficos que não apareciam no livro de Levítico, esse relato do acontecimento no Monte Sinai parecia ser a melhor aposta. Quanto mais pensava no assunto, mais acreditava que o Monte Sinai era o lugar onde a Arca estaria escondida: era, afinal, onde sua história havia começado. Além do mais, a Arca do bem mais sagrado dos hebreus, que no tempo do Rei Salomão tinha de ser mantida somente sobre o solo mais santificado.



Acreditava-se de que o próprio Deus tinha instruído que o Templo fosse reconstruído especialmente para abrigá-la. Antes desse período, o local mais sagrado dos hebreus era o Monte Sinai. Com o Templo ameaçado, o Monte Sinai seria a próxima escolha lógica para o local de descanso da Arca. Tinha certeza que outros haviam chegado à mesma conclusão. Mesmo se isso fosse verdade, porém, entendia agora por que a Arca jamais fora encontrada: a verdadeira localização do local (a caverna) no Monte Sinai fora, há muito tempo, esquecida.

Fim do capítulo.

Capítulos anteriores em: http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-1/http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-2/http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-3/http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-4/http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-5/

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ES: LLAMA VIOLETA

Outubro 29, 2014

chamavioleta

SÃO BERNARDO de Clairvaux 

(Claraval) e os Templários

Posted by Thoth3126 on 29/10/2014

 



templarios-divisa-nonnobisdomine
Entre as grandes figuras da Idade Média há poucas cujo estudo seja mais apropriado do que a de S. Bernardo para dissipar certos preconceitos caros ao espírito moderno.

Efetivamente, haverá algo mais desconcertante, para esse espírito, do que ver um homem puro contemplativo, que sempre quis ser assim e continuar a sê-lo, chamado a desempenhar um papel preponderante na condução dos negócios da Igreja e do Estado, e triunfando muitas vezes onde tinha fracassado toda a prudência dos políticos e dos diplomatas de profissão?

Haverá algo mais surpreendente, e mesmo mais paradoxal, de acordo com a maneira vulgar de julgar as coisas, do que um místico que só sente desdém por aquilo que ele chama “as argúcias de Platão e sutilezas de Aristóteles” e, que, todavia, vence sem dificuldade os mais sutis dialéticos eruditos do seu tempo?

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

SÃO BERNARDO de Clairvaux (Claraval) e os Templários

Toda a vida de S. Bernardo poderia parecer destinada a mostrar, através de um exemplo fulgurante, que existem, para resolver os problemas de ordem intelectual e mesmo de ordem prática, meios totalmente diferentes daqueles que se tornaram hábito, desde há muito tempo, considerar como os únicos eficazes, sem dúvida porque eles são os únicos ao alcance de uma sabedoria puramente humana, que nem sequer é a sombra da verdadeira sabedoria.

Essa vida aparece, assim, de qualquer modo, como uma refutação antecipada destes erros, aparentemente opostos mas realmente solidários, que são o Nacionalismo e o Pragmatismo; e, ao mesmo tempo, confunde e derruba, para quem as examina imparcialmente, todas as idéias preconcebidas dos historiadores “eruditos cientistas” que consideram, com Renan, que “a negação do sobrenatural constitui a própria essência da crítica”, o que nós admitimos, aliás, de bom grado, mas porque vemos nessa incompatibilidade o contrário do que eles vêem nela: a condenação da própria “crítica”, e não a do sobrenatural. Na verdade, que lições poderiam, na nossa época, ser mais proveitosas do que essas?



Bernardo nasceu em 1090, em Fontaines-lès-Dijon; os seus pais pertenciam à alta nobreza de Borgonha, e se apontamos esse fato é porque nos parece que alguns traços da sua vida e da sua doutrina, de que falaremos seguidamente, podem, até certo ponto, estar ligados a essa origem. Não queremos, somente, dizer que é possível explicar desse modo o ardor por vezes belicoso do seu zelo ou a violência que ele pôs muitas vezes nas polêmicas para que foi arrastado, e que era, aliás, meramente superficial, porque a bondade e a doçura constituíam, incontestavelmente, o fundo do seu caráter. Pretendemos, sobretudo, aludir às suas relações com as instituições e o ideal da Cavalaria, aos quais, de resto, se deve sempre dar grande importância se se quiser compreender os acontecimentos e o próprio espírito da Idade Média.

Foi por volta dos seus vinte anos que Bernardo concebeu o projeto de se retirar do mundo; e em pouco tempo conseguiu fazer com que a sua visão fosse compartilhada por todos os seus irmãos, alguns dos seus próximos e um certo número dos seus amigos. Neste primeiro apostolado, a sua força de persuasão era tal, apesar da sua juventude, que brevemente “ele se tornou, diz o seu biógrafo, o terror das mães e das esposas; os amigos temiam vê-lo abordar os seus amigos”. Há já aí qualquer coisa de extraordinário, e seria seguramente insuficiente invocar o poder do “gênio”, no sentido profano desta palavra, para explicar uma influência semelhante.

Não será melhor reconhecer aí a ação da graça divina que, penetrando de qualquer modo toda a pessoa do apóstolo e irradiando exteriormente pela sua superabundância, se comunicava através dele como por um canal, de acordo com a comparação que ele próprio utilizará, mais tarde, aplicando-a à Santa Virgem (a energia feminina criativa, da Deusa, a contraparte da energia masculina de Deus), e que se pode também, restringindo mais ou menos o seu alcance, aplicar a todos os santos?

É portanto, acompanhado por uma trintena de jovens que Bernardo em 1112 entrou no Mosteiro de Cister, escolhido por ele em virtude do rigor com que aí era observada a regra, rigor contrastante com o desleixo que se tinha introduzido em todos os outros ramos da Ordem beneditina. Três anos mais tarde, os seus superiores não hesitavam em lhe confiar, apesar da sua inexperiência e da saúde periclitante, a direção de doze religiosos que iam fundar uma nova abadia, a de Claraval (Clairvaux), que ele deveria governar até à sua morte, repelindo sempre as honras e as dignidades que lhe ofereceriam tantas vezes, ao longo da sua carreira.


A Borgonha (em francês: Bourgogne) é uma região administrativa da França, habitada em ordem cronológica por Celtas da tribo dos Gauleses, Romanos e Galo-Romanos, e vários povos Germânicos, dentre os quais os mais importantes foram os Burgúndios (donde deriva o seu nome actual, através de uma forma medieval Burgúndia) e os Francos. A Borgonha foi uma província da França até 1790. É hoje uma região administrativa francesa que engloba os departamentos de Côte-d’Or, Nièvre, Saône-et-Loire e Yonne.
Nos dias de hoje, ela é reconhecida mundialmente por ser uma das mais importantes regiões vitiviniculturas da França, e os seus vinhos são consumidos em dezenas de países do globo.

O renome de Claraval não tardou a estender-se até longe e o desenvolvimento que essa abadia adquiriu em breve foi verdadeiramente prodigioso: quando morreu o seu fundador, ela abrigava, diz-se, cerca de setecentos monges e tinha dado origem a mais de sessenta novos mosteiros.

O cuidado que Bernardo trouxe à administração de Claraval, regulando ele próprio até aos mais minuciosos pormenores da vida quotidiana, a parte que ele teve na direção da Ordem cisterciense, como chefe de uma das suas primeiras abadias, a habilidade e o êxito das suas intervenções para aplanar as dificuldades que surgiam freqüentemente com ordens rivais, tudo isso basta já para provar que aquilo que se designa por sentido prático pode muito bem aliar-se, por vezes, à mais alta espiritualidade.

Havia aí mais do que suficiente para absorver toda a atividade de um homem vulgar; e, no entanto, Bernardo em breve veria abrir-se diante de si um outro campo de ação, aliás bem contra a sua vontade, porque ele temia, mais do que qualquer outra coisa ser obrigado a sair do seu claustro para se misturar com os assuntos do mundo exterior, do qual ele tinha julgado poder isolar-se para sempre, a fim de se poder entregar inteiramente à ascese e à contemplação, sem que qualquer coisa o viesse distrair do que era, aos seus olhos, segundo as palavras evangélicas, “a única coisa necessária”.

Nisso ele tinha-se enganado redondamente; mas todas as “distrações” no sentido etimológico, às quais ele não pôde escapar e de que chegou a lamentar-se com alguma amargura, não o impediram de alcançar os pontos mais altos da vida mística.

Isso é notável; e o que não o é menos é que, apesar de toda a sua humildade e de todos os esforços que empreendeu para ficar na sombra, fez-se apelo à sua colaboração em todos os assuntos importantes da época, e que, embora ele nada fosse aos olhos do mundo, todos, incluindo os mais altos dignitários civis e eclesiásticos, se inclinaram sempre perante a sua autoridade espiritual — e nós não sabemos se esse fato é mais um louvor do santo ou da época em que viveu.



Que contraste entre o nosso tempo atual e aquele em que um simples monge podia, pela simples irradiação das suas virtudes eminentes, tornar-se de certo modo o centro da Europa e da Cristandade, o árbitro incontestado de todos os conflitos em que o interesse histórico estava em jogo, tanto na ordem política como na ordem religiosa, o juiz dos mestres mais reputados da filosofia e da teologia, o restaurador da unidade da Igreja, o mediador entre o Papado e o Império, e ver, por fim, exércitos de muitas centenas de milhar de homens reunirem-se com a sua pregação.

Bernardo tinha começado em boa hora a denunciar o luxo no qual vivia então a maior parte dos membros do clero secular e mesmo os monges de certas abadias; as suas prédicas tinham provocado conversões retumbantes, entre as quais a de Suger, o ilustre abade de Saint-Denis, que, sem usar ainda o título de primeiro-ministro do rei de França, ocupava já essas funções.

Foi essa conversão que tornou conhecido na corte o nome do abade de Claraval, considerado aí, segundo parece, com um respeito misturado com o temor, porque viam nele o adversário irredutível de todos os abusos e de todas as injustiças; e, efetivamente, em breve o viram intervir nos conflitos que tinham rebentado entre Luís o Gordo e diversos bispos, protestando em voz alta contra as usurpações do poder civil sobre os direitos da Igreja.


A fonte de São Bernardo. Um bosque de abetos muito velhos fornecem sombra e frescor. Diz a lenda que foi neste local específico que Bernardo de Claraval fundou o mosteiro de Clairvaux em 1114, antes de se mudar para seu local atual. Muitas trilhas marcadas permitem o acesso ao local.

Para dizer a verdade, não se tratava ainda senão de assuntos meramente locais, interessando somente este mosteiro ou aquela diocese; mas em 1130 ocorreram acontecimentos de uma outra gravidade, que puseram em perigo toda a Igreja dividida pelo cisma do anti-papa Anacleto II, e foi nessa ocasião que o renome de Bernardo se espalhou por toda a Cristandade. Não temos aqui necessidade de voltar a traçar a história do cisma em todos os seus pormenores: os cardeais, divididos em duas facções rivais, tinham eleito sucessivamente Inocêncio II e Anacleto II; o primeiro, obrigado a fugir de Roma, não desesperou dos seus direitos e fez deles apelo à Igreja universal.

A França foi a primeira a responder; no concílio convocado pelo rei em Etampes, Bernardo apareceu, diz o seu biógrafo, “como um verdadeiro enviado de Deus” no meio dos bispos e dos senhores reunidos; todos seguiram o seu conselho acerca da questão submetida ao seu exame e reconheceram a validade da eleição de Inocêncio II. Este encontrava-se, então, em solo francês e foi na abadia de Cluny que Suger lhe anunciou a decisão do concílio; percorreu depois as principais dioceses e foi por toda a parte acolhido com entusiasmo; este movimento iria arrastar consigo a adesão de quase toda a Cristandade.

O abade de Claraval dirigiu-se ao rei de Inglaterra e triunfou prontamente das suas hesitações; talvez tenha também tido uma parte pelo menos indireta no reconhecimento de Inocêncio II por parte do rei Lotário e do clero alemão. Foi seguidamente à Aquitânia para combater a influência do bispo Gérard d’Angoulême, partidário de Anacleto II; mas somente no decorrer de uma segunda viagem a esta região, em 1135, é que conseguiu destruir o cisma, operando a conversão do conde de Poitiers.

Entretanto, teve que ir a Itália, chamado por Inocêncio II que tinha regressado com o apoio de Lotário, mas que fora detido por dificuldades imprevistas, devidas à hostilidade de Pisa e de Genova; era necessário encontrar um entendimento entre as duas cidades rivais e fazê-las aceitá-lo; Bernardo foi encarregado dessa difícil missão e levou-a a cabo com o mais extraordinário êxito.

Inocêncio pôde finalmente entrar em Roma, mas Anacleto permaneceu entrincheirado em S. Pedro, que foi impossível tomar; Lotário, coroado imperador em São João de Latrão, em breve se retirou com o seu exército; após a sua partida, o anti-papa retomou a ofensiva e o pontífice legítimo teve que fugir novamente e refugiar-se em Pisa.



O abade de Claraval, que tinha regressado ao seu claustro, recebeu consternado estas notícias; pouco depois, chegou até ele notícia da atividade desenvolvida por Rogério, rei da Sicília, para conquistar toda a Itália para a causa de Anacleto, ao mesmo tempo que para se assegurar da sua própria supremacia. Bernardo escreveu imediatamente aos habitantes de Pisa e de Genova para os encorajar a permanecerem fiéis a Inocêncio; mas essa fidelidade constituía fraco apoio e, para conquistar Roma, só da Alemanha é que se podia esperar socorro eficaz.

Infelizmente, o Império estava sujeito a divisão e Lotário não podia voltar a Itália sem ter assegurado a paz no seu próprio país. Bernardo partiu para a Alemanha e trabalhou na reconciliação dos Hohenstaufen com o imperador; e ainda nesse caso os seus esforços foram coroados de êxito; consagrou o feliz desfecho na dieta de Bamberg, que deixou, seguidamente, para se dirigir ao concílio que Inocêncio II tinha convocado em Pisa.

Nessa ocasião, teve que censurar Luís o Gordo, que se tinha oposto à partida dos bispos do seu reino; a proibição foi levantada e os principais membros do clero francês puderam responder ao apelo do chefe da Igreja. Bernardo foi a alma do concílio; no intervalo das sessões, conta um historiador dessa época, a sua porta era assediada por aqueles que tinham qualquer assunto grave a tratar, como se esse humilde monge tivesse o poder de resolver a seu grado todas as questões eclesiásticas.

Enviado, em seguida, a Milão para fazer regressar essa cidade a Inocêncio II e a Lotário, viu-se aí aclamado pelo clero e pelos fiéis que, numa manifestação espontânea de entusiasmo, quiseram fazê-lo seu arcebispo; e ele teve a maior dificuldade em subtrair-se a essa honra. Só aspirava a regressar ao seu mosteiro; e, efetivamente, voltou aí, mas não por muito tempo.


Interior de uma das poucas partes originais da Clairvaux Abbey, cujo prédio principal esta em ruínas e seu local é usado atualmente como uma prisão, a Clairvaux Prision.

Desde o começo do ano de 1136, Bernardo teve que abandonar ainda uma vez a sua solidão para vir, de acordo com os desejos do Papa, reunir-se em Itália ao exército alemão, comandado pelo duque Henrique da Baviera, genro do imperador. Tinha havido um desentendimento entre este e Inocêncio II: Henrique, pouco cioso dos direitos da Igreja, mostrava em todas as circunstâncias que só se preocupava com os interesses do Estado. Desse modo, o abade de Claraval teve muito que fazer para restabelecer a concórdia entre os dois poderes e conciliar as suas pretensões rivais, nomeadamente em certas questões de investiduras, em que parece ter desempenhado constantemente o papel de moderador.

Lotário, que tinha tomado o comando do exército, submeteu toda a Itália meridional; mas cometeu o erro de repelir as propostas de paz do rei da Sicília, que não tardou em vingar-se, pondo tudo a ferro e fogo. Bernardo, então, não hesitou em apresentar-se no campo de Rogério, que acolheu muito mal as suas palavras de paz, e a quem ele predisse uma derrota que efetivamente se produziu; depois, seguindo-o, juntou-se a ele em Salerno e esforçou-se por afastá-lo do cisma em que a ambição o tinha lançado. Rogério consentiu em ouvir os partidários de Inocêncio e de Anacleto, mas, sempre parecendo conduzir o inquérito com imparcialidade, procurava apenas ganhar tempo e recusou-se a tomar uma decisão; pelo menos, este debate teve como resultado levar à conversão um dos principais autores do cisma, o cardeal Pedro de Pisa, que Bernardo levou consigo até junto de Inocêncio II.

Essa conversão causou um golpe terrível na causa do anti-Papa; Bernardo soube aproveitar-se desse fato, e na própria cidade de Roma, graças às suas palavras ardentes e convictas, em poucos dias conseguiu afastar do partido de Anacleto a maior parte dos dissidentes. Isso se passou em 1137, perto da época das festas de Natal; um mês depois, Anacleto morria subitamente. Alguns dos cardeais mais comprometidos no Cisma elegeram novo anti-Papa com o nome de Víctor IV; mas a sua resistência não podia durar muito tempo e, no dia da oitava de Pentecostes, todos apresentaram a sua submissão; na semana seguinte, o abade de Claraval retomava o caminho de regresso ao seu mosteiro.

Este resumo muito rápido basta-nos para ficarmos com uma idéia do que se poderia chamar a atividade política de São Bernardo, que, aliás, não parou aí: de 1140 a 1144 protestou contra a intromissão abusiva do rei (França) Luís o Novo nas eleições episcopais; seguidamente, interveio num grave conflito entre este mesmo rei e o conde Thibault de Champagne; mas seria fastidioso alargarmo-nos na citação destes acontecimentos. Em resumo, pode-se dizer que a conduta de Bernardo foi sempre determinada pelas mesmas intenções: defender o direito, combater a injustiça, e, talvez, acima de tudo, manter a unidade do mundo católico cristão.

Foi essa mesma preocupação constante de unidade que o animou na sua luta contra o cisma; foi ainda ela que o fez empreender, em 1145, uma viagem ao Languedoc, no sudoeste da França para fazer voltar à Igreja os heréticos neo-maniqueus (Os Cátaros de Albi e cidades vizinhas no Languedoc) que começavam a espalhar-se por essa região. Parece que ele teve sempre presente no pensamento estas palavras do Evangelho: “Que todos sejam um, como meu Pai e eu somos um“.



Todavia, o abade de Claraval não tinha só que lutar no domínio político, mas também no domínio intelectual, em que os seus triunfos não foram menos fulgurantes, visto que foram marcados pela condenação de dois eminentes adversários; Abelardo e Gilbert de la Porrée. O primeiro tinha adquirido a reputação de ser um dos mais hábeis dialéticos, graças aos seus ensinamentos e aos seus escritos; chegava mesmo a abusar da dialética, porque em vez de ver o que ela é na realidade, um simples meio para chegar ao conhecimento da verdade, encarava-a quase como um fim em si mesmo, o que resultava, naturalmente, numa espécie de verbalismo (e verborragia).

Parece também que havia nele, em la Porrée, seja no método, seja no próprio fundo dos ideais, uma procura de originalidade que o aproxima um pouco dos filósofos modernos; e numa época em que o individualismo era quase desconhecido, este defeito não podia arriscar-se a passar por uma qualidade, como acontece nos nossos dias.

Assim, em breve, alguns se mostraram inquietos com estas novidades que tendiam a estabelecer uma verdadeira confusão entre o domínio da razão e o da fé; não que Abelardo fosse propriamente um racionalista, como por vezes se afirmou, porque não houve racionalistas antes de Descartes; mas não soube distinguir entre o que era do domínio da razão e o que lhe é superior, entre a Filosofia profana (e mundana) e a sabedoria sagrada, entre o saber puramente humano e o conhecimento transcendente — e essa foi a raiz de todos os seus erros. Não ía ele ao ponto de sustentar que os filósofos e os dialéticos gozam habitualmente de uma inspiração que seria comparável à inspiração sobrenatural dos profetas?

Compreende-se facilmente por que São Bernardo, quando foi chamada a sua atenção para teorias semelhantes, se tenha levantado contra elas em força e mesmo com um certo arrebatamento, e também que tenha censurado amargamente ao seu autor ter ensinado que a fé não era mais do que uma simples opinião. A controvérsia entre estes dois homens tão diferentes, começada em encontros particulares, teve em breve imenso eco nas escolas e mosteiros; Abelardo, confiando na sua habilidade para manejar o raciocínio, pediu ao arcebispo de Sens que reunisse um concílio, perante o qual ele se justificaria publicamente, porque pensava poder conduzir a discussão de tal modo que confundisse facilmente o seu adversário.



Mas as coisas passaram-se de outra maneira: o abade de Claraval, efetivamente, concebia o concílio como um tribunal diante do qual o teólogo suspeito iria comparecer como acusado; numa sessão preparatória, apresentou as obras de Abelardo e as suas afirmações mais temerárias, de que provou a respectiva heterodoxia; no dia seguinte, já com o autor presente, e depois de ter enunciado essas afirmações, intimou-o a retratar-se ou a justificá-la.

Abelardo, pressentindo logo uma condenação, não esperou o juízo do concílio e declarou que apelaria imediatamente para o tribunal de Roma; nem por isso o processo deixou de seguir o seu curso normal e, assim que a condenação foi anunciada, Bernardo escreveu a Inocêncio II e aos cardeais cartas de uma eloqüência premente, de tal modo que, seis semanas mais tarde, a sentença era confirmada em Roma. Abelardo tinha apenas que se submeter; refugiou-se em Cluny, junto de Pedro o Venerável, que conseguiu marcar um encontro entre ele e o abade de Claraval, conseguindo reconciliá-los.

O concílio de Sens decorreu em 1140; em 1147, Bernardo obteve igualmente do concílio de Reims a condenação dos erros de Gilbert de la Porrée, bispo de Poitiers, respeitantes ao mistério da Trindade; estes erros provinham de que o seu autor aplicava a Deus a distinção real entre essência e existência, a qual só é aplicável aos seres criados. Gilbert, aliás, retratou-se sem dificuldades; assim, foi simplesmente proibido de ler ou de transcrever a sua obra antes de ela ser corrigida; a sua autoridade, à parte os pontos particulares que estavam em causa, não foi atingida, e a sua doutrina, continuou a ter grande crédito nas escolas durante a Idade Média.

Dois anos antes deste último caso, o abade de Claraval tivera a alegria de ver subir ao trono pontifical um dos seus antigos monges, Bernardo de Pisa, que tomou o nome de Eugênio III, e que continuou sempre a manter com ele as mais afetuosas relações; e é o novo Papa que, logo no começo do seu reinado, o encarrega de pregar a segunda cruzada. Até aí, a Terra Santa não ocupava, pelo menos aparentemente, senão um lugar menor nas preocupações de São Bernardo; seria, no entanto, um erro julgar que ele era inteiramente estranho ao que se passava aí, e a prova está num fato acerca do qual normalmente se insiste muito menos do que conviria.

Falamos da sua participação na criação e na constituição da Ordem dos Cavaleiros do Templo (os Templários), a primeira das Ordens militares pela data e pela importância, e que iria servir de modelo a todas as outras. Foi em 1128, cerca de dez anos após a sua fundação, que esta Ordem recebeu a sua regra do concílio de Troyes e foi Bernardo que, na sua qualidade de secretário do concílio, foi encarregado de redigi-la, ou pelo menos de traçar as suas linhas gerais, porque parece que somente mais tarde foi chamado a completá-la e que só terminou a sua redação definitiva em 1131.

Comentou seguidamente essa regra no tratado “De laude novae militiae”, em que expôs em termos de magnífica eloqüência a missão e o ideal da cavalaria cristã, do que ele chamava a “milícia de Deus”. Estas relações do abade de Claraval com a Ordem do Templo (Os Cavaleiros Templários), que os historiadores modernos encaram como um episódio bastante secundário da sua vida tinham certamente outra importância aos olhos dos homens da Idade Média, e nós mostramos já (em O esoterismo de Dante) que elas constituem sem dúvida a razão pela qual Dante deveria escolher São Bernardo para guiá-lo nos últimos círculos do Paraíso.

Desde 1145 que Luís VII tinha formado o projeto de socorrer os principados latinos do Oriente, ameaçados pelo emir de Alepo (na Síria); mas a oposição dos seus conselheiros tinha-o obrigado a adiar a sua realização e a decisão definitiva tinha sido remetida para uma assembléia plenária que deveria realizar-se em Vezelay, durante as festas da Páscoa do ano seguinte. Eugênio III, retido em Itália por uma revolução suscitada em Roma por Arnaldo de Bréscia, encarregou o abade de Claraval de substituí-lo nessa assembléia; Bernardo, depois de ler a bula que convidava a França a juntar-se à cruzada, pronunciou um discurso que foi, a julgar pelo efeito produzido, a maior ação oratória da sua vida: todos os assistentes se precipitaram a receber a cruz das suas mãos.

Encorajado por este sucesso, Bernardo percorreu as cidades e as províncias, pregando por toda a parte a cruzada com zelo infatigável; onde não podia ir pessoalmente enviava cartas não menos eloqüentes do que os seus discursos. Passou seguidamente à Alemanha, onde a sua pregação teve os mesmos resultados que em França; o imperador Conrado, depois de resistir algum tempo, teve que ceder à sua influência e integrar-se na cruzada. A meio do ano de 1147, os exércitos francês e alemão puseram-se em marcha para essa grande expedição que, apesar da sua aparência formidável, acabaria por redundar num desastre.

As causas deste fracasso foram múltiplas: as principais parecem ter sido a traição dos gregos e a falta de entendimento entre os diversos chefes da cruzada; mas alguns procuraram injustamente lançar a responsabilidade sobre o abade de Claraval. Este foi obrigado a escrever uma verdadeira apologia da sua própria conduta, que era ao mesmo tempo uma justificação da ação da Providência, mostrando que as desgraças ocorridas eram imputáveis apenas às faltas dos cristãos, e que, desse modo, “as promessas de Deus permaneciam intactas, porque elas não prescreviam contra os direitos da justiça”; essa apologia está contida no livro “De Consideratione”, dirigido a Eugénio III, livro que é como que o testamento de São Bernardo e que contem, nomeadamente, a sua visão acerca dos deveres do Papado. Aliás, nem todos se deixaram desencorajar, e Suger concebeu, em breve, o projeto de uma nova cruzada, de que o abade de Claraval deveria ser o chefe; mas a morte do grande ministro de Luís VII suspendeu a execução desse projeto. O próprio São Bernardo morreu pouco depois, em 1153, e as suas últimas cartas testemunham que ele se preocupou até ao fim com a libertação da Terra Santa.

Se o objetivo imediato da cruzada não tinha sido alcançado deveria, por isso, dizer-se que essa expedição tinha sido completamente inútil e que os esforços de São Bernardo tinham redundado em pura perda? Não o cremos, apesar do que poderiam pensar os historiadores que se agarram apenas às aparências exteriores, porque havia nestes grandes momentos da Idade Média, que tinham simultaneamente caráter político e religioso, razões mais profundas, das quais uma, a única que queremos aqui indicar, era a de manter na Cristandade uma viva consciência da sua unidade. A Cristandade era idêntica à civilização ocidental, baseada então em bases essencialmente tradicionais, como toda a civilização normal, e que iria alcançar o seu apogeu no século XIII; a perda deste caráter tradicional devia necessariamente seguir-se à ruptura da própria unidade da Cristandade.

Essa ruptura, que foi efetuada no domínio religioso pela Reforma Protestante, ocorreu no domínio político pela instauração das nacionalidades, precedida pela destruição do regime feudal; e pode-se dizer, segundo este último ponto de vista, que aquele que desferiu os primeiros golpes no grandioso edifício da Cristandade medieval foi Filipe o Belo, rei da França, o mesmo que, por uma coincidência que não tem certamente nada de fortuito, destruiu a Ordem do Templo na Europa, atacando por aí, diretamente, a própria obra de São Bernardo.

No decurso de todas as suas viagens, São Bernardo apoiou constantemente a sua pregação em numerosas curas milagrosas, que aconteciam e eram para as multidões como que sinais visíveis da sua missão; estes fatos foram contados por testemunhas oculares, mas ele referiu-se muito pouco a eles e contra sua vontade. Talvez essa reserva lhe fosse imposta pela sua extrema modéstia; mas também certamente atribuía a esses milagres apenas uma importância secundária, considerando-os somente como uma concessão divina à fraqueza da fé na maior parte dos homens, de acordo com as palavras de Cristo: “Felizes aqueles que acreditam sem terem visto”.

Essa atitude estaria de acordo com o desdém que ele manifestava, em geral, por todos os meios exteriores e sensíveis, tais como a pompa das cerimônias e a ornamentação das igrejas; foi mesmo possível censurarem-no, com alguma aparência de verdade, por ter manifestado desprezo pela arte religiosa. Os que formulam esta crítica esquecem, todavia, uma distinção necessária, a que ele próprio estabelece entre o que chama arquitetura episcopal e arquitetura monástica: só esta última deve ter a austeridade que ele preconiza; somente aos religiosos e aos que seguem o caminho da perfeição ele proíbe o “culto dos ídolos”, ou seja, das formas, acerca das quais, pelo contrário, ele proclama a sua utilidade como meio de educação para os simples e os imperfeitos.



Se ele protestou contra os abusos das figuras desprovidas de significado e tendo apenas valor ornamental, não podia querer, como falsamente se afirmou, abolir o simbolismo da arte arquitetural, quando ele próprio o utilizava freqüentemente nos seus sermões. A doutrina de São Bernardo é essencialmente mística: queremos dizer que ele encara sobretudo as coisas divinas sob o aspecto do amor, o que seria, aliás, errado interpretar aqui num sentido simplesmente afetivo, como o fazem os modernos psicólogos. Tal como muitos dos grandes místicos, ele foi especialmente atraído pelo “Cântico dos Cânticos“, que comentou em numerosos sermões, formando uma série que prosseguiu através de quase toda a sua carreira; e este comentário, que ficou por terminar, descreve todos os graus do amor divino até à paz suprema que a alma alcança no êxtase.

O estado de êxtase, tal como ele o compreende e certamente alcançou, é uma espécie de morte para as coisas deste mundo; com as imagens sensíveis todo o sentimento natural desaparece tudo é puro e espiritual na alma como no seu amor. Este misticismo devia naturalmente refletir-se nos tratados dogmáticos de São Bernardo; o título de um dos principais, “De diligendo Deo”, mostra efetivamente o lugar aí ocupado pelo amor; mas seria errado acreditar que isso aconteça em detrimento da verdadeira intelectualidade. Se o abade de Claraval quis sempre permanecer estranho às vãs sutilezas da escola é porque não tinha qualquer necessidade dos laboriosos artifícios da dialética; resolviam de um só golpe as questões mais árduas, nunca procedendo segundo uma longa série de operações discursivas; aquilo que os filósofos se esforçam em alcançar através de um desvio, e como que tateando, ele atingia-o imediatamente pela intuição espiritual, sem a qual nenhuma metafísica real é possível, e fora da qual só se pode colher uma sombra da verdade.

Um último traço da fisionomia de São Bernardo que é ainda necessário assinalar é o lugar eminente ocupado na sua vida e nas suas obras pelo culto da Santa Virgem (n.T. Ao aspecto FEMININO da Divindade, algo que era também praticado secretamente pelos Cavaleiros Templários) e que deu lugar a um florescer de lendas que são talvez o seu traço mais popular. Ele gostava de dar à Virgem o título de Nossa Senhora, tendo-se esse uso generalizado desde então, e sem dúvida em grande parte graças à sua influência; é que ele era, como se disse, um verdadeiro “cavaleiro de Maria” e via-a realmente como a sua “dama” no sentido cavalheiresco desta palavra. Se se aproximar este fato do papel que desempenha o amor na sua doutrina, e que desempenhava também, sob formas mais ou menos simbólicas, nas concepções próprias das Ordens de Cavalaria, compreender-se-á facilmente a razão pela qual nós tivemos o cuidado de mencionar as suas origens familiares.

Mesmo depois de se fazer monge continuou a ser cavaleiro, como eram todos os da sua raça; e por isso mesmo se pode dizer que ele estava de certo modo predestinado a desempenhar, como o fez em tantas circunstâncias, o papel de intermediário, de conciliador e de árbitro entre o poder religioso e o poder político, porque havia na sua pessoa como que uma participação na natureza de um e de outro.

Monge e cavaleiro, simultaneamente, estes dois caracteres eram os dos membros da “milícia de Deus” da Ordem do Templo; eram também, e primeiro que tudo, os do autor da sua regra, do grande santo que foi chamado de o último dos Padres da Igreja e em quem alguns querem ver, não sem alguma razão, o protótipo de Gallahad, o cavaleiro ideal e sem mancha, o herói vitorioso da “demanda do Santo Graal”.

Fonte: http://www.sophia.bem-vindo.net/tiki-index.php?page=Guenon+Bernardo

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