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A Chama Violeta

Sítio dedicado à filosofia humana, ao estudo e conhecimento da verdade, assim como à investigação. ~A Luz está a revelar a Verdade, e a verdade libertar-nos-á! ~A Chama Violeta da Transmutação

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Setembro 04, 2015

chamavioleta

Os Cavaleiros Templários 

e a Arca da Aliança, 

capítulo  7 

 A Montanha de Deus

Posted by Thoth3126 on 09/11/2014

 





Antes de começar a tentar identificar o Monte Sinai, precisava determinar se o relato do livro de Macabeus a respeito do esconderijo da Arca era historicamente plausível. Ele dizia que Jeremias tinha escondido a Arca na montanha onde Moisés tivera sua visão da Terra Prometida, e o relato de Levítico identificava o local como o Monte Sinai.

Como já estava convencido, Jeremias era, dentre todas, a mais provável escolha para ser o responsável pela retirada da Arca do Templo de Jerusalém, portanto não havia nada de improvável com relação a esse aspecto do livro de Macabeus…

Thoth3126@gmail.com

Livro Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança, de Graham Phillips, Editora Madras – Capítulo VII – A Montanha de Deus

http://grahamphillips.net

Capítulo VII – A Montanha de Deus

… Mas e o Monte Sinai (na península de mesmo nome) como localização de seu (da Arca da Aliança) esconderijo secreto?

Quanto mais aprofundava minhas pesquisas, mais o Monte Sinai parecia,
de fato, o lugar mais lógico para Jeremias, ou qualquer outro judeu da época, levar a Arca. De acordo com a Bíblia, o Monte Sinai era o local mais sagrado dos antigos israelitas antes do Templo de Jerusalém ser construído. Foi ali que Deus falou com Moisés pela primeira vez de cima de um arbusto em chamas; foi para lá que Moisés conduziu os israelitas depois de fugirem do Egito; e foi ali que Deus revelou aos israelitas suas leis religiosas, estabeleceu os Dez Mandamentos, e ordenou a construção da Arca.

Tudo isso pode muito bem ter sido razão suficiente para que Jeremias considerasse ali um lugar apropriado para esconder a Arca. No entanto, o Templo de Jerusalém e a montanha sagrada tinham algo em comum que parecia fazer do Monte Sinai o único lugar para onde a Arca poderia ser levada. Acreditavase que os dois lugares — e somente eles — eram habitados por Deus. No Antigo Testamento, o Monte Sinai é várias vezes chamado de a
Montanha de Deus porque acreditava-se que Deus, literalmente, morava ali.


O Monte Sinai, na península de mesmo nome

Repetidas vezes, a montanha é descrita como a “santa habitação” de Deus (por exemplo, no Êxodo 15:13 e Deuteronômio 26:15) ao passo que outras referências especificam que Deus morava na montanha sagrada. Por exemplo, Êxodo 24:16 diz que “O Senhor repousou sobre o Monte Sinai.” O historiador judeu do século I, Josephus, confirma que isso não era uma metáfora e que os antigos israelitas de fato acreditavam que Deus habitava a montanha. Com relação ao lugar onde Moisés encontrou o arbusto em chamas, ele escreveu:

“Agora esta é a montanha mais alta de toda a região, e a melhor terra para pastagem, sendo ali o melhor lugar para a ervagem; e não fora assim antes de ser pastada, porque os homens de opinião acreditavam que Deus ali habitava.”
(Antiguidades 1981) No entanto, após ser construído, os israelitas acreditavam que o Templo de Jerusalém era a nova “santa habitação” de Deus. No segundo livro das Crônicas, Salomão explica por que construiu o Templo: “Eu te tenho edificado uma casa para morada para ti (Deus), e um lugar para a tua eterna habitação.” (2 Cr 6:2). De acordo com 2 Crônicas portanto, o Templo de Jerusalém passava a ser, para todo o sempre, a única casa de Deus.

Diferente das noções católicas e judaicas de todas as igrejas ou sinagogas serem a casa do Senhor, para os antigos israelitas havia somente uma morada. Havia outros templos e santuários onde Deus podia ser adorado, mas só podia existir uma única “casa de Deus.” Até o momento da invasão babilônica, o Templo continuou a ser chamado de a Casa de Deus. No reinado do rei judaico Acaz, no século VIII a.C: “E ajuntou Acaz os utensílios da casa de Deus” (2 Cr 28:24).

No reino de Ezequias, no século VII a.C: “E toda a obra que começou no serviço da casa de Deus” (2 Cr 31:21). E no tempo em que os babilônios saquearam o Templo, no século VI a.C: “E queimaram a casa de Deus” (2 Cr 36:19).
Com o Templo ameaçado, o Monte Sinai teria sido o lugar mais adequado
para que Jeremias levasse a Arca: aquele era a outra única “santa habitação” de
Deus. Entretanto, ao continuar examinando os textos do Antigo Testamento,
comecei a perceber que havia uma outra, e mais convincente, razão para que
Jeremias tivesse levado a Arca para o Monte Sinai.



Não era exatamente a Arca que precisava ser retirada do Templo, mas a presença de Deus (que ela continha) para a qual ela fora construída para abrigar. De acordo com o livro do Êxodo, Deus apareceu, de forma física, para os israelitas pela primeira vez no Monte Sinai:

“E disse o Senhor a Moisés: eis que eu virei a ti numa nuvem espessa, para que o povo ouça, falando eu contigo… E estejam prontos para o terceiro dia; porquanto no terceiro dia o Senhor descerá diante dos olhos de todo o povo sobre o Monte Sinai”. (Ex 19:9-11)

Não fica claro, exatamente, de que forma Deus apareceu, mas Ele de alguma forma, se manifestou dentro de uma nuvem densa de fumaça:

“E todo o monte Sinai fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo: e a sua fumaça subiu como fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia grandemente… E, descendo o Senhor sobre o monte Sinai, sobre o cume do monte”. (Ex 19:18-20)


Uma Cloud Ship suspensa sobre o Monte Shasta, perto de Sacramento, Califórnia, EUA. “A glória do senhor” também frequenta outras montanhas, também sagradas e em outras terras nos dias de hoje

Antes de os israelitas deixarem o Monte Sinai para continuar sua jornada
pelo deserto, Deus ordenou que construíssem a Arca. Por mais estranho que possa parecer ao pensamento moderno, a Arca foi, na verdade, feita para abrigar o próprio Deus. No relato do Êxodo, Deus disse a Moisés o que fazer:

E me farão um santuário; e habitarei no meio deles. Conforme tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos os seus pertences, assim mesmo o fareis. Também farão uma arca de madeira de acácia; o seu comprimento será de dois côvados e meio, e a sua largura de um côvado e meio, e de um côvado e meio a sua altura. (Ex 25:8-10)

A parte mais essencial parece ser a que fala do misterioso propiciatório,
sobre o qual Deus podia se manifestar:

Também farás um propiciatório de ouro puro… E porás o propiciatório em cima da arca… E ali virei a ti, e falarei contigo de cima do propiciatório. (Ex 25:17-22)

A presença de Deus estava agora no interior da Arca, porque quando os
israelitas deixaram o Monte Sinai, a miraculosa nuvem de fumaça pairou sobre ela:

Assim partiram do monte do Senhor caminho de três dias: e a arca da aliança do Senhor caminhou diante deles caminho de três dias, para lhes buscar lugar de descanso. E a nuvem do Senhor ia sobre eles de dia, quando partiam do arraial.(Nm 10:33-34)

Toda vez que os israelitas montavam acampamento, a Arca era colocada no tabernáculo ou “tenda da congregação” atrás de um véu ou cortina especiais. Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo:

No primeiro dia do primeiro mês, levantarás o tabernáculo da tenda da congregação. E porás nele a arca do testemunho, e cobrirás a arca com o véu. (Ex 40:1-3)

Parece que esse véu separava o lugar sagrado da Arca do restante do
tabernáculo:

Pendurarás o véu debaixo dos colchetes, e porás a arca do testemunho ali dentro do véu; e este véu vos fará separação entre o santuário e o lugar santíssimo. (Ex 26:33)



Sobre o Monte Sinai, quando Deus conversara com Moisés, apareceu
sobre o pico da montanha. Agora, porém, ele apareceu onde a Arca estava, de trás do véu no tabernáculo. Sua presença, no entanto, podia ser fatal para qualquer pessoa que chegasse perto demais, conforme o irmão de Moisés, Aarão, foi avisado:

Disse, pois, o Senhor a Moisés: Dizei a Aarão, teu irmão, que não entre no santuário em todo o tempo, para dentro do véu, diante do propiciatório que está sobre a arca; para que não morra: porque eu aparecerei na nuvem sobre o propiciatório. (Lv 16:2)

Assim como no Monte Sinai, a presença de Deus sobre a Arca era chamada de a glória do Senhor — já descrita como o fogo devorador: “Então a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do Senhor encheu o tabernáculo”. (Ex 40:34).

Passagens bíblicas como essas mostram claramente que a presença de Deus, que antes acreditavam ter habitado exclusivamente sobre o Monte Sinai, era
agora vista como (deus) residindo com a Arca. Assim como a barca egípcia que carregava a estátua do deus Amun quando deixava o Templo de Karnak, a Arca da Aliança parece ter sido considerada um meio de transporte de Deus — ou algo por meio do qual Deus podia se manifestar — de sua santa habitação no Monte Sinai.


Estudiosos do acampamento dos israelitas durante o Êxodo indicam que há cerca de duzentas referências à Arca da Aliança no Antigo Testamento, quase todas envolvendo o período entre o Êxodo e a construção do Templo.

Quando o Monte Sião foi, mais tarde, consagrado como uma nova montanha sagrada e o Templo de Jerusalém foi, por fim, construído para ser a “casa de Deus”, parece que a presença de Deus deixou a Arca para habitar no interior do santuário do Templo. O primeiro livro dos Reis descreve como a Arca foi carregada para dentro do Templo quando este ficou pronto: “Assim trouxeram os sacerdotes a arca da aliança do Senhor ao seu lugar, ao oráculo da casa, ao lugar santíssimo” (1 Reis 8:6). Nessa época, a Arca foi aberta pela primeira vez após muitos anos:

Na arca nada havia, senão só as duas tábuas de pedra, que Moisés ali pusera junto ao monte Horebe-Sinai, quando o Senhor fez uma aliança com os filhos de Israel, saindo eles da terra do Egito. (1 Reis 8:9) Contudo, assim que a Arca foi aberta, algo miraculoso aconteceu: E sucedeu que, saindo os sacerdotes do santuário, uma nuvem encheu a casa do Senhor. E os sacerdotes não podiam permanecer em pé para ministrar, por causa da nuvem: porque a glória do Senhor enchera a casa do Senhor. (1 Reis 8:10-11)

O Rei Salomão então explicou o que aconteceu: “O Senhor disse que ele habitaria nas trevas. Certamente te edifiquei uma casa para morada, assento para a tua eterna habitação” (1 Reis 8:12-13). Salomão está interpretando a nuvem e a “glória do Senhor” que enche o local enquanto a presença de Deus deixa a Arca para habitar, de forma permanente, no Templo.

Minha perspectiva era a de que não importava se esses episódios miraculosos ocorreram historicamente ou não. O mais importante era que os judeus no tempo da invasão dos babilônios acreditavam que sim. As escrituras sagradas
garantiam que a presença de Deus havia sido levada do Monte Sinai para dentro do Templo de Jerusalém, na Arca da Aliança. Jeremias sabia que os babilônios iriam invadir Jerusalém, e que, provavelmente, destruiriam o Templo como um ato de represália. Se o Templo de Jerusalém não era mais um lugar seguro para a presença de Deus habitar, certamente teria de ser devolvida para o local de onde viera originalmente: o Monte Sinai.


O interior do Tabernáculo, contendo o Menorah sagrado, a Arca da Aliança e as oferendas e a nuvem que enchia a casa do Senhor…

Tudo que sabemos no relato do Êxodo é que o Monte fica em algum lugar no Deserto de Sinai: Ao terceiro mês da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no mesmo dia chegaram ao deserto de Sinai. Porque partiram de Refidim, e entraram no deserto de Sinai, onde se acamparam; Israel, pois, ali se acampou em frente ao monte. (Ex 19:1-2)A única maneira de transportar essa presença divina era por meio da Arca da Aliança. Em suma, parecia que a Arca tinha de ser levada de volta para o Monte Sinai e nenhum outro lugar. Eu estava convencido de que o Monte Sinai era o lugar mais provável para Jeremias esconder a Arca. A grande pergunta então era: onde exatamente ficava o Monte Sinai? Curiosamente, considerando-se o significado religioso da Montanha de Deus, a Bíblia não era nada transparente com relação à sua localização verdadeira.

Infelizmente, a inclusão do nome Refidim, onde os israelitas estiveram,
não é de grande serventia. Esse não é o nome de um lugar; apenas quer dizer “lugar de descanso.” Foi onde os israelitas acamparam por algum tempo para se
recuperarem e permitir que seus animais pastassem. Tudo que aprendemos nessa passagem é que a Montanha de Deus fica em algum lugar no Deserto de Sinai. Dentre as localizações conhecidas citadas no Antigo Testamento, podemos deduzir que a região conhecida como o Deserto de Sinai se estendia por um largo território, incluindo a atual Península de Sinai no sul do Egito, partes do sul de Israel e da Jordânia, e até mesmo, uma parte da Arábia Saudita.

Não era um deserto como o Saara, com grandes extensões de terra, mas um campo pedregoso, empoeirado e árido com vegetação esparsa, entremeado por ocasionais oásis de solo fértil. Media aproximadamente quatrocentos quilômetros de norte a sul e 350 quilômetros de leste a oeste. Isso corresponde a cerca de 55.000 milhas quadradas. Havia muitas montanhas nesse considerável espaço, e a Montanha de Deus poderia ter sido qualquer uma delas. De fato, sua verdadeira localização do período da Era cristã parece ter sido totalmente esquecida.

No século IV d.C, o primeiro imperador cristão romano, Constantino, o Grande, acreditava ter descoberto onde era o Monte Sinai. Em segredo, ele
proclamou que se tratava de uma montanha específica na ala sul da Península de Sinai, no Egito. Segundo a opinião geral, ele descobriu a localização a partir de uma visão ou de um sonho de sua mãe, Helena (a mesma Helena responsável pela construção da original Igreja da Natividade). Constantino mudou o nome do lugar para Monte Sinai, e logo depois, o mosteiro de Santa Catarina foi fundado ali e rapidamente tornou-se um dos principais centros de peregrinação.


Mosteiro de Santa Catarina e ao fundo o Monte Sinai.

Mesmo hoje em dia, o mosteiro ainda é ocupado por monges que afirmam ser o prédio continuamente habitado mais antigo no mundo. Não se sabe, nos dias de hoje, o antigo nome da montanha. A maioria dos mapas ocidentais ainda se referem ao local como o Monte Sinai, ao passo que os mapas árabes o chamam de Jebel Musa — a “Montanha de Moisés”. Entretanto, apesar de o lugar ainda atrair milhares de turistas todo ano, estudiosos contemporâneos não foram capazes de descobrir nenhuma evidência bíblica ou histórica para apoiar a crença de Constantino ou de sua mãe.

Céticos com relação a Jebel Musa, uma série de arqueólogo modernos
chegaram a propor outras localizações para o Monte Sinai. Uma das teorias mais recentes vem do respeitado paleontólogo italiano Emmanuel Anati, que indicou o Monte Karkom, próximo a El Kuntilla em Israel, a cerca de quarenta quilômetros ao norte de Elat. Anati, que baseou sua conclusão na descoberta ao pé da montanha dos restos de habitações circulares e de um altar cercado por doze pedras erguidas.

De acordo com Êxodo 24:4, Moisés construiu um altar e doze pilares abaixo da
Montanha de Deus para representar cada uma das doze tribos hebraicas. Apesar da comoção inicial, porém, uma escavação recente datou os restos de cerca de 2000 a.C, cinco séculos antes mesmo do período do Êxodo.
Uma outra teoria recente identificou a Montanha de Deus como Jebel al-
Lawz, na Arábia Saudita. Em 1986 dois exploradores americanos, Ron Wyatt e
David Fasold, viajaram até a montanha, na esperança de encontrar as jóias egípcias que a Bíblia diz que os israelitas levavam consigo durante o Êxodo. No entanto, foram quase que imediatamente presos por escavações ilegais, ameaçados de aprisionamento pelas autoridades sauditas, e deportados.

Sua identificação de Jebel al-Lawz como a montanha de Deus baseava-se em suas hipóteses de que o monte está localizado onde antes era a terra de Midiã. De acordo com Êxodo, foi para lá que Moisés fugiu após seu exílio do Egito. Como Jebel al-Lawz é a montanha mais alta nessa região, pareceu lógico a Wyatt e Fasold que esse seria o local de onde Deus teria se comunicado com Moisés.

Mais recentemente, uma outra dupla de exploradores americanos decidiu
seguir os passos de Wyatt e Fasold. O milionário de Wall Street, Larry Williams, e o ex-policial Bob Cornuke, cruzaram de maneira ilegal o território saudita para pesquisar a montanha em busca de evidências de que aquele era, na verdade, o Monte Sinai. Ao entrar ilegalmente na área, hoje toda cercada, Williams e Cornuke procuraram correspondências com o registro bíblico.

Próximo ao pé da montanha, avistaram uma pilha de rochas que tinham desenhos de touros. Esse, Williams e Cornuke decidiram, deve ser o altar onde dizem que os israelitas adoravam o bezerro de ouro. Mais acima da ladeira, Williams e Cornuke encontraram uma enorme estrutura de pedras, perto da qual havia os restantes do que pareciam ser doze torres de pedra, cada uma com cerca de cinco metros e meio de diâmetro.

Identificaram a estrutura de pedra como o altar construído por Moisés e as torres como os doze pilares que ele ergueu ao seu redor. Diferente de seus predecessores, Williams e Cornuke conseguiram escapar das autoridades sauditas, mas suas descobertas não foram capazes de convencer seus críticos, e diversos arqueólogos questionaram sua teoria. O estudioso bíblico Allen Kerkeslager, por exemplo, ressaltou que a pilha de pedras que Williams e Cornuke identificaram como o altar do bezerro dourado — por causa das fotografias de touros — era na verdade, uma construção comum na região, que
tinha como intenção, nos tempos antigos, comunicar-se por meio de mensagens que abordavam a caça e outras atividades pastoris.


O bezerro de ouro hoje esta em Wall Street

Aquilo que os exploradores identificaram como as torres de pedra, Kerkeslager sugeriu, eram aterros comuns ao longo de todo o noroeste da Arábia. Acirrados debates acadêmicos ainda cercam muitos locais propostos para o Monte Sinai, e sua verdadeira localização permanece como um dos mistérios mais contestados da Bíblia. Entretanto, quando analisei as diversas referências do Antigo Testamento a respeito da Montanha de Deus com mais cuidado, cheguei à conclusão de que ofereciam algumas pistas muito importantes que pareciam ter sido completamente ignoradas.

A Montanha de Deus é chamada por dois nomes diferentes no Antigo Testamento: Monte Sinai e Monte Horebe, ou apenas Horebe. A Bíblia não deixa dúvidas de que essas eram a mesma montanha. As leis sagradas que dizem ter sido reveladas por Deus aos israelitas na Montanha de Deus são citadas na Bíblia como “a Aliança”, e diversas vezes quando o livro de Deuteronômio fala da Aliança, refere-se a Horebe. Por exemplo: “Deus fez uma aliança conosco em Horebe” (Dt 5:2). De fato, 1 Reis 19:8 diz muito especificamente que Horebe é a Montanha de Deus. Com relação ao profeta Elias, esse versículo nos diz: “Levantou-se, pois, e comeu e bebeu; e com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus.”

Por que a montanha tem dois nomes diferentes é um mistério, mas pode
ter sido porque, como o próprio Deus, a montanha era considerada sagrada demais para ser chamada por seu nome. Como o termo indica, Monte Sinai apenas se refere a uma montanha no Deserto de Sinai, enquanto a palavra hebraica horeb apenas quer dizer algo como “montanha no deserto.” (Lingüistas bíblicos sugeriram que se trata de uma combinação de duas palavras hebraicas: hor, que significa “monte”, e choreb, “um lugar seco ou deserto”.

O Deuteronômio apenas uma vez se refere à montanha santa como Monte Sinai; em outras ocasiões ela é chamada apenas de “o monte” ou “monte de Deus”. Em outras palavras, nenhum desses nomes identifica um local específico; a Montanha de Deus pode ser qualquer montanha no Deserto de Sinai. O que eu precisava descobrir, era seu nome verdadeiro, o que significava ter de averiguar, com mais exatidão, onde, de fato, acreditavam ficar o monte. Havia alguma pista na Bíblia? Como acabei descobrindo, havia, na verdade, dois incidentes que diziam ter ocorrido na Montanha de Deus que indicavam uma região específica do Deserto de Sinai — não Midiã, no sul do deserto, como Wyatt e Fasold propuseram, mas Edom no norte.

O primeiro indicador que descobri foi no livro do Êxodo, na passagem que
mencionava Moisés e o arbusto em chamas. De acordo com Êxodo 2:15-21, após ser forçado para o exílio do Egito, Moisés estabeleceu-se na terra de Midiã, onde se casou com a filha de um sacerdote local chamado Jetro. Alguns anos mais tarde, Moisés estava cuidando do rebanho de seu sogro quando se deparou com um arbusto que ardia em chamas sem ser consumido. Foi dentro deste fogo milagroso que Moisés ouviu, pela primeira vez, a voz de Deus.

De acordo com Êxodo 3:1, esse evento aconteceu em Horebe, a Montanha de Deus: E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto, e chegou ao monte de Deus, a Horebe. Midiã era o nome antigo para a região leste do Golfo de Aqaba, onde hoje é o extremo noroeste da Arábia Saudita. Exatamente como os beduínos de hoje, os povos de Midiã eram de pastores nômades. Grupos de famílias inteiras conduziam seus rebanhos de ovelhas e cabras por centenas de quilômetros no prazo de um ano por todo o Deserto de Sinai até o norte de Midiã, sempre em busca de terrenos bons para a pastagem dos animais.

Parece que era isso o que Moisés estava fazendo quando se deparou com o arbusto em chamas. Se o deserto citado no versículo acima era o Deserto de Sinai, as palavras “atrás do deserto” — onde a Montanha de Deus ficava sob a perspectiva de Midiã — deveria ficar no extremo norte da região. Isso seria em algum lugar da região hoje chamada de Deserto de Negev, ao sul da Jordânia — uma terra que nos tempos bíblicos era chamada de Edom. A segunda pista da localização da Montanha de Deus, eu encontrei depois no relato do Êxodo. Após Moisés voltar para o Egito e comandar os israelitas à liberdade, voltou com eles para Horebe para mais uma vez se comunicar com Deus na montanha santa.



Quando lá chegaram, os israelitas estavam sem água e mortos de sede. Moisés, porém, salvou-os com um milagre: Então disse o Senhor a Moisés, Passa diante do povo, e toma contigo alguns dos anciãos de Israel; e toma na tua mão a tua
vara, com que feriste o rio, e vai. Eis que eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe; e tu ferirás a rocha, e dela sairão águas e o povo beberá. (Ex 17:5-6)

Embora essa passagem específica não nos dê pista alguma com relação
à localização exata de Horebe, o mesmo incidente é citado no livro dos Números: Então Moisés tomou a vara de diante do Senhor, como lhe tinha
ordenado… Então Moisés levantou a sua mão, e feriu a rocha duas vezes com a sua vara; e saiu muita água; e bebeu a congregação e os seus animais. (Nm 20:9-11)

Essa passagem não diz que o incidente ocorreu na Montanha de Deus —
e é por isso que dá a impressão de não ter sido percebido — mas fica claro que se trata do mesmo evento. No entanto, alguns versículos depois, ficamos sabendo onde ele aconteceu. Assim que os israelitas conseguiram se refrescar, Moisés envia um mensageiro para pedir permissão ao rei local para poder passar por suas terras: Depois Moisés, de Cades, mandou mensageiros ao rei de Edom, dizendo: Assim diz teu irmão Israel… Deixa-nos, pois, passar pela tua terra. (Nm 20:14-17)

A passagem do Êxodo diz que o episódio da água milagrosa da rocha
aconteceu em Horebe, a Montanha de Deus, ao passo que a passagem dos
Números nos diz que esse mesmo evento aconteceu em Kadesh (Cades). Em
hebraico, a palavra kadesh significa “santidade”, ou nesse contexto “um lugar
sagrado”, Parece, então, que esse não é o nome do lugar, mas apenas uma
descrição. A tradução do inglês deveria ter sido “Moisés, do lugar sagrado, mandou mensageiros ao rei de Edom”. Entenderíamos, então, que este versículo simplesmente se refere à Horebe, a Montanha de Deus. Embora a exata localização de Kadesh (Cades) seja um mistério, o local deve ficar em algum lugar na fronteira da terra de Edom, porque Moisés tenta conseguir permissão do rei de Edom para continuar sua viagem.

Fica bastante-claro, portanto, se o atual Antigo Testamento estiver certo, que a Montanha de Deus fica na terra de Edom, ou pelo menos, próximo a ela — uma terra onde hoje fica o sul da Jordânia. Enquanto estudava atentamente os antigos mapas na Biblioteca Nacional, examinei os detalhes da região em busca de idéias quanto à localização da montanha que os autores do Antigo Testamento podem ter chamado de Monte Sinai ou Monte Horebe — e para onde Jeremias teria levado a Arca. Uma cadeia de montanhas no sudoeste da Jordânia passa bem no meio do lugar que outrora fora a terra de Edom — as Montanhas de Shara. Será que uma dessas montanhas teria sido citada pelos autores do Antigo Testamento como o Monte Sinai ou Horebe?

Edom era um pequeno reino no noroeste do Deserto de Sinai. A arqueologia mostrou que o lugar foi habitado por um povo semita conhecido como os edomeus de cerca de 1700 a.C. até a área ser ocupada pelos nabateus da Arábia no século IV a.C. Das inúmeras descobertas, ficou determinado que os edomeus migraram para o sul de Canaã, por volta do mesmo período em que os outros semitas (incluindo, ao que parece, os israelitas) se estabeleceram no Egito. Os edomeus tinham, na época, uma relação de parentesco com os israelitas, e isso, somado à sua migração para o Deserto de Sinai, parece estar refletido na história do Antigo Testamento de Jacó e Esaú.

De acordo com o livro do Gênesis, Jacó e Esaú eram irmãos que viviam
em Canaã, porém, separados porque Jacó enganou Esaú, fazendo com que ele
perdesse seus direitos à herança. Jacó e sua família se mudaram para o leste do
Egito, onde seus descendentes passaram a ser os israelitas, enquanto Esaú se
mudou para o sul em Edom, onde seus descendentes se transformaram nos
edomeus. Embora isso, sem dúvida, seja uma simplificação, uma parábola de
eventos, testes de DNA nos restos esqueléticos dos israelitas e dos edomeus
mostraram que eles, de fato, possuíam uma ancestralidade comum.

Ao ler o relato do Gênesis de Esaú se estabelecendo na terra de Edom, imediatamente, fui surpreendido por algo muito interessante — a passagem fazia referência a uma montanha em específico ao redor da qual os edomeus viveram: “Portanto Esaú habitou na montanha de Seir… E estas, pois, são as gerações de Esaú, pai dos edomeus, na montanha de Seir” (Gn 36:8-9).
O Monte Seir é citado uma série de vezes no Antigo Testamento, e quando li as diversas referências, percebi que estava prestes a descobrir algo importante.

Parecia que, como o Monte Sinai, o Monte Seir era considerado uma montanha santa associada a Deus. No livro de Isaías, o profeta Isaías (por volta de
700 a.C.) diz que, quando Deus fala com ele, “Gritam-me de Seir” (Is 21:11). Deus, ao que tudo indica, chamava o profeta do lugar onde morava, no Monte Seir. Uma outra passagem do Antigo Testamento, mais adiante, sugere que acreditava-se que Deus residia no Monte Seir, porque quando Deus foi invocado pelos israelitas, Ele mais uma vez respondeu ao chamado daquela montanha. No entanto, essa passagem, na verdade, parece relacionar o Monte Seir ao Monte Sinai. Juízes 5:4-5 traz a súplica: O Senhor, saindo tu de Seir, caminhando tu desde o campo de Edom, a terra estremeceu, e os céus gotejaram, as nuvens também gotejaram águas.

Os montes se derreteram diante do Senhor, e até Sinai diante do Senhor Deus de Israel. O que a ligação entre as duas montanhas possa significar é difícil de entendermos somente com essa passagem. Entretanto, Deuteronômio inclui um versículo que parece indicar que as duas montanhas são, na realidade, uma só. Quando Moisés estava morrendo, ele pediu a Deus que viesse e abençoasse os israelitas, e “o Senhor veio do (Monte) Sinai e lhes subiu do (Monte) Seir” (Dt 33:2). Como mencionei, o Antigo Testamento, com freqüência, apresenta dois nomes quando se refere ao Monte Sinai.

Quando Moisés visitou o Monte Sinai pela primeira vez no episódio do arbusto em chamas, por exemplo, ele é descrito na Bíblia de grande circulação do Rei James como tendo ido para “o monte de Deus, a Horebe” (Ex 3:1). Como vemos, o autor usa ambos os termos, “Monte de Deus” e “Horebe” para se referir ao lugar. Da mesma forma, o autor da passagem de Deuteronômio parece estar usando ambos os nomes, Sinai e Seir, para falar da montanha santa. O Monte de Deus certamente parecia estar localizada na terra de Edom, em algum lugar entre as Montanhas de Shara. Pelo menos, é nisso que os escribas do Antigo Testamento que compilaram os relatos importantes entre 650 e 500 a.C. parecem ter acreditado.

Tudo indica, também, que ao menos alguns desses escribas acreditavam que o Monte Seir e o Monte Sinai eram o mesmo lugar. Posso muito bem ter reduzido a amplitude da área citada como sendo o Deserto de Sinai onde ficava a montanha sagrada. Entretanto, ainda havia um problema. A exata localização do Monte Seir era um mistério para os estudiosos bíblicos, da mesma forma que o Monte Sinai. Qual das Montanhas de Shara era o Monte Seir?

Capítulos anteriores em: http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-1/http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-2/http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-3/http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-4/http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-5/http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-6/

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Agosto 21, 2015

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Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança, parte  5. No Deserto

Posted by Thoth3126 on 28/10/2014

 



Parece que os acontecimentos bíblicos durante o período quando a Arca foi supostamente construída, até que ela foi instalada de forma permanente no Templo de Jerusalém, foram fatos históricos o suficiente — pelo menos em termos gerais. Embora muitos estudiosos tenham considerado por bastante tempo o relato da Bíblia dessa era da história dos israelitas como mitológica, estava agora diante de muitas evidências que mostravam que os fatos eram muito mais precisos do que se imaginava.

Thoth3126@gmail.com

Livro Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança, de Graham Phillips, Editora Madras – Capítulo V – O Deserto

http://grahamphillips.net

Comprovações da erupção do vulcão da ilha de Thera (Santorini) corroboravam para com o relato da Bíblia das pragas que afligiram o Egito e o subseqüente Êxodo, e a arqueologia revelara que cerca de quarenta anos depois, os israelitas de fato conquistaram Jericó, e duas décadas mais tarde, saquearam Hazor. A unificação de Israel de Davi em um só reino com Jerusalém por sua capital, também parecia ser um fato igualmente histórico, conforme sugerido pela existência do tanque de Gibeom e a fossa dentro da fonte de Gihon.



Quanto a Arca em si, muitos historiadores duvidavam de sua existência por duas razões principais. Primeiro, parecia não existirem evidências históricas para a existência da religião dos hebreus na época que dizem em que a Arca fora construída, e segundo, parecia não haver contexto ou precedente históricos dessa relíquia. Entretanto, ambas as hipóteses podiam ser seriamente questionadas. De acordo com a Bíblia, a Arca foi construída pouco depois que os israelitas fugiram de sua prisão no Egito, um acontecimento para o qual uma data bastante precisa pôde ser determinada a partir de uma série de diferentes perspectivas.

A data indicada pelos testes de radiocarbono dos grãos de cereais encontrados nas ruínas de Jericó indicava a queda da cidade como tendo se passado por volta de 1320 a.C, e com mais quarenta anos — o período que os israelitas passaram no deserto — uma data de cerca de 1360 a.C. nos leva até o Êxodo. A erupção de Thera também pôde ser datada próximo a esse ano a partir de três peças evidenciais completamente separadas: as amostras dos núcleos de gelo, o jarro de alabastro encontrado em Amnisos, e as estátuas de Sekhmet erguidas por Amonhotep III. Havia provas de que, no mesmo período — pela primeira vez no mundo —, uma religião monoteísta passou a existir no Egito, a qual era extraordinariamente semelhante à religião dos israelitas conforme descrita no Antigo Testamento.

Além disso, nesse mesmo período no Egito, um recipiente religioso era usado como um altar portátil para transportar a imagem de um deus, assim como a Arca era usada pelos israelitas como um oráculo portátil de Deus. Até mesmo os nomes dos dois recipientes eram semelhantes demais. Embora a história da Arca da Aliança possa inicialmente ter parecido não pertencer à história, ela agora parecia se encaixar perfeitamente em um contexto histórico.

Embora não tivesse provas absolutas de que a Arca existiu, me parecia uma aposta segura acreditar que era algo real — ao menos como uma relíquia histórica, se não uma arma sobrenatural ou um “rádio para falar com Deus”. Encontrei evidências suficientes para dedicar meu tempo tentando descobrir o que pode ter acontecido com ela. Novas investigações no Santuário da Bíblia revelaram que há cinco principais episódios na antiga História dos hebreus durante a qual vários estudiosos acreditam que a Arca pode ter sido perdida: dois deles do período do Reino Unido de Israel e outros três de posteriores tempos dos judeus.

As primeiras teorias abrangem o período imediatamente após o Templo de Jerusalém ser construído, quando dizem que o filho de Salomão a roubou e levou para a Etiópia por volta de 950 a.C, ou quando os egípcios invadiram Jerusalém, cerca de trinta e cinco anos depois. As últimas teorias se referem às ocasiões quando o Templo foi saqueado: pelos babilônios em 597 a.C, pelos gregos em 169 a.C, e pelos romanos em 70 d.C. Na época dessas últimas invasões, que se iniciou cerca de três séculos após a morte de Salomão, as tribos do norte de Israel tinham sido dizimadas pelos assírios do norte do Iraque. Dos primeiros israelitas, somente os habitantes da Judéia — os judeus — e seu reino de Judá, sobreviveram. Da mesma forma, aqueles que sustentam as primeiras teorias do período relativo ao desaparecimento da Arca se referem a ele como o “acampamento dos israelitas“, e aqueles que concordam com as últimas teorias chamam-no de o “acampamento dos judeus“.


Atual Ilha de Santorini, onde o vulcão Thera explodiu, deixando um vazio no centro da ilha.

Estudiosos do acampamento dos israelitas indicam que há cerca de duzentas referências à Arca da Aliança no Antigo Testamento, quase todas envolvendo o período entre o Êxodo e a construção do Templo. Nenhuma das poucas referências posteriores, eles afirmam, cita a Arca sendo usada de forma alguma. Se os israelitas ainda estavam de posse da Arca, eles sustentam, então por que não a usaram? Estudiosos do acampamento dos judeus, por outro lado, chamam nossa atenção para o fato de que a Arca parece ainda estar no Templo de Jerusalém, em um festival da Páscoa dos judeus durante o reinado do rei da Judéia, Josias, mais de três séculos após o tempo de Salomão. De acordo com o livro 2 das Crônicas:

Então Josias celebrou a páscoa ao Senhor em Jerusalém; e mataram o cordeiro da páscoa no décimo quarto dia do primeiro mês. E estabeleceu os sacerdotes nos seus cargos, e os animou ao ministério da casa do Senhor. E disse aos levitas que ensinavam a todo o Israel e estavam consagrados ao Senhor: “Ponde a arca sagrada na casa que edificou Salomão, filho de Davi, rei de Israel”. (2 Cr 35:1-3)

Fica claro que o escritor dessa passagem em particular, não tinha dúvidas de que os judeus ainda tinham a Arca em seu tempo. Mais adiante, no mesmo capítulo, lemos ainda, com precisão, quando isso se passou:

No décimo oitavo ano do reinado de Josias se celebrou esta páscoa. Depois de tudo isso, havendo Josias já preparado o templo, subiu Neco, rei do Egito, para guerrear contra Carquemis, junto ao Eufrates; e Josias lhe saiu ao encontro. (2 Cr 35:19-20)

Registros egípcios das campanhas de Neco datam este evento de cerca de 622 a.C. Em bases lingüísticas, estudiosos bíblicos consideram essa parte do livro 2 das Crônicas como tendo sido escrita entre 600 e 550 a.C, e portanto, o fato pode ter sido, na verdade, um relato contemporâneo bastante próximo. Mesmo que tenha sido escrito no final de 550 a.C, ele pode ainda ter sido composto por um escriba que consultou testemunhas oculares dos acontecimentos. Assim, como o último período parecia uma opção mais provável para o desaparecimento da Arca na história, decidi me juntar aos defensores do acampamento dos judeus. No entanto, isso ainda me deixava diante de três possibilidades.

A última menção da Arca no Antigo Testamento está no livro de Jeremias e se refere ao período logo antes em que os babilônios saquearam o Templo, em 597 a.C. Imaginando que essas sejam as palavras de Jeremias, o principal profeta judeu da época, essa passagem diz:

E sucederá que, quando vos multiplicardes e frutificardes na Terra, naqueles dias, diz o Senhor, nunca mais se dirá: A arca da aliança do Senhor, nem lhes virá ao coração; nem dela se lembrarão, nem a visitarão; nem se fará outra. (Jer 3:16)

Jeremias está se referindo às palavras de Deus, mas não se sabe ao certo se a passagem fala do passado ou do presente de Deus. Será que a Arca já tinha sido perdida, ou Jeremias estava predizendo que ela seria perdida em algum momento no futuro? Com base apenas nesse versículo, fica impossível dizer se os judeus ainda tinham posse da Arca no período em que os babilônios saquearam o Templo. Contudo, a maioria dos comentaristas judeus, cuja obra sobrevive dos tempos romanos, aceitavam que a Arca ainda estava no Templo logo antes da invasão dos babilônios.


Estudiosos do acampamento dos israelitas durante o Êxodo indicam que há cerca de duzentas referências à Arca da Aliança no Antigo Testamento, quase todas envolvendo o período entre o Êxodo e a construção do Templo.

Das três possíveis épocas em que a Arca pode ter sido perdida durante o período judeu, o ataque dos romanos no Templo parecia ser o menos provável, como o historiador judeu Josephus, que viveu quando o evento se passou, afirma, categoricamente, que o Sagrado dos Sagrados fora deixado vazio no novo Templo de Herodes. Isso me deixava com duas possibilidades, que pareciam ser igualmente possíveis. A primeira opção, quando os babilônios saquearam o Templo, está incluído em relatos do Antigo Testamento que se referem aos babilônios como tendo levado todos os artigos sagrados que estavam no Templo (2 Reis 25:13-15 e Jer 52:17-22).

Se o Antigo Testamento estiver certo, então todos os itens roubados foram posteriormente devolvidos ao Templo cerca de setenta anos depois, após a queda da Babilônia para o Império Persa. Os objetos estão listados em Esdras 1:7-11, mas não há menção da Arca. No entanto, isso não quer dizer, necessariamente, que a relíquia tenha sido perdida para sempre para os judeus na época da invasão dos babilônios. Ela pode ter sido escondida dos babilônios, e mais tarde recuperada.

Depois que os persas derrotaram os babilônios, o Templo de Jerusalém foi reconstruído, mas se a Arca foi posteriormente colocada de volta nele, não nos mostra o Antigo Testamento, visto que a narrativa termina neste período. Com base em fontes de registros gregos e romanos e no trabalho de Josephus, porém, sabemos que os gregos saquearam o Templo de Jerusalém em 169 a.C.

Nenhum inventário sobreviveu listando tudo o que foi levado: tampouco algum registro de quais itens restaram depois que uma revolta de grandes proporções dos judeus fez com que os tesouros roubados do Templo fossem devolvidos. Decidi que o melhor curso de ação a ser seguido seria traçar um estudo do ataque dos gregos no Templo, visto que havia mais fontes históricas acerca dessa época do que do período anterior dos babilônios. Talvez, em algum lugar, houvesse evidências que pudessem determinar se a Arca ainda estava ou não no Templo de Jerusalém quando ele foi saqueado pelos gregos.


O interior do Tabernáculo, contendo o Menorah sagrado, a Arca da Aliança e as oferendas.

Quando falei novamente com David Deissmann, ele me colocou em contato com um homem que era um dos expoentes mais importantes da teoria de que a Arca fora retirada de Jerusalém na mesma época em que os gregos saquearam o Templo. Seu nome era Dr. Otto Griver, um filólogo israelense aposentado da Universidade Hebraica que passara anos procurando pela Arca no Deserto da Judéia. Esse território hostil, escabroso e cheio de montanhas — com aproximadamente vinte quilômetros de largura por setenta quilômetros de comprimento — fica a dezesseis quilômetros ao leste de Jerusalém, na lateral ocidental do Mar Morto.

Como um queijo suíço, a área é cheia de poços com centenas de cavernas, nichos e vãos, alguns dos quais foram usados como esconderijos para os famosos Pergaminhos do Mar Morto. Se esses antigos pergaminhos puderam ficar ali sem serem descobertos por quase dois mil anos, Dr. Griver indagou, por que o mesmo não teria acontecido com a Arca? Desde que os primeiros pergaminhos foram descobertos, por volta de 1940, uma série de expedições também vasculharam o Deserto da Judéia em busca da Arca da Aliança, e a mais sofisticada de todas fora chefiada pelo Dr. Griver. David me garantiu que ele era uma das principais autoridades mundiais empenhado no estudo do misticismo hebraico antigo e que, provavelmente, sabia tanto sobre a Arca quanto qualquer outro ser humano vivo. Naquele mesmo dia, ele me recebeu com grande entusiasmo.

“Eu duvido que ele vá lhe dizer onde acha que ela está escondida,” David me disse. “Mas tenho certeza que ele irá compartilhar das idéias que tem a respeito de suas teorias gerais acerca da Arca.”

O Dr. Griver foi um dos especialistas que ajudaram na tradução dos Pergaminhos do Mar Morto na década de 80, e seu trabalho o fez desenvolver algumas teorias únicas e controversas a respeito da Arca. Ele acreditava que a relíquia tinha estado sob custódia de uma seita judia chamada de os Essênios. O historiador do século I, Josephus, descreve como os Essênios fizeram parte do sacerdócio do Templo de Jerusalém que se separaram para formar uma comunidade monástica ascética no Deserto da Judéia no tempo em que os gregos saquearam o Templo, na metade do século II a.C.

Baseados em Qumran, na extremidade noroeste do Mar Morto, os Essênios sobreviveram em um verdadeiro isolamento por dois séculos, até que foram chacinados pelos romanos durante a Revolta dos Judeus, em 68 a.C. Pouco se sabia sobre suas crenças até a descoberta dos Pergaminhos do Mar Morto, que vieram a ser uma completa coleção de textos sagrados dos Essênios que foi escondida antes do massacre romano.

O primeiro dos Pergaminhos do Mar Morto foi encontrado em 1947, descoberto por acaso em uma caverna, a cerca de oitocentos metros ao norte de Qumran, por meninos pastores beduínos. Ao que parece, eles se aventuraram nas cavernas à procura de uma ovelha perdida, quando encontraram uma série de jarros de armazenamento de cerâmica meio enterrados, que guardavam sete dos pergaminhos. Escritos em hebraico e aramaico (um dialeto local), descobriu-se que se tratavam de comentários a respeito dos livros do Antigo Testamento e de outras escrituras dos judeus, junto com um ensinamento religioso específico da seita dos Essênios. Todos foram traduzidos e encontram-se expostos ao público no Templo do Livro no Museu Israel de Jerusalém.

Entretanto, esses foram apenas os primeiros das dezenas de pergaminhos encontrados em outras cavernas na região durante a década seguinte. Apenas um desses outros pergaminhos foi colocado em exposição; os outros permanecem guardados no prédio do Museu Rockefeller em Jerusalém, as dependências da Jurisdição das Antiguidades de Israel. A tradução desses pergaminhos vem sendo feita há anos, e somente algumas delas chegaram a ser divulgadas ao público. Na realidade, muitos dos pergaminhos ainda estão sendo traduzidos, visto que somente agora a ciência moderna tem conseguido recuperar a tinta apagada, tornando-os legíveis.


Os Manuscritos do Mar Morto são uma coleção de centenas de textos e fragmentos de texto encontrados em cavernas de Qumran, no Mar Morto, no fim da década de 1940 e durante a década de 1950. Foram compilados por uma seita de judeus conhecida como Essênios, que viveram em Qumran do século II a.C. até aproximadamente 70 d.C.. Porções de toda a Bíblia Hebraica foram encontradas, exceto do Livro de Ester e do Livro de Neemias.

Na mesma época em que os pergaminhos estavam sendo encontrados, as ruínas do mosteiro dos Essênios em Qumran também foram descobertas. Em um terraço de pedras entre os penhascos irregulares ao lado do Mar Morto, um labirinto de pedras fundamentais, com cerca de 100 metros quadrados, foi tudo o que restou da antiga comunidade. Visitei o local em uma outra viagem que tinha feito a Israel e, ao caminhar pelas ruínas, achei difícil acreditar que qualquer ser humano pudesse ter vivido ali. O sol brilhava de maneira impiedosa, e o chão era tão quente que as solas de minhas botas começavam a exalar um cheiro de borracha queimada toda vez que eu subia sobre uma rocha e ficava parado por apenas alguns segundos.

Contudo, apesar das condições áridas, apesar do fato de que menos de cinco centímetros de chuva cai durante qualquer ano, a comunidade que viveu ali há dois mil anos, tinha toda a água de que necessitava. Quando o lugar foi escavado pelo arqueólogo francês Roland de Vaux, na metade da década de 1950, sua equipe descobriu que uma série elaborada de aquedutos, alinhados com uma camada de cerâmica engenhosa que evitava vazamentos, fornecia água abundante à comunidade das fontes das colinas adjacentes.

A água não apenas atendia às necessidades vitais, mas era também essencial para as práticas religiosas do mosteiro. Enormes depressões retangulares foram encontradas na escavação, que são remanescentes de grandiosas banheiras comunitárias, nas quais os habitantes regularmente mergulhavam para purificações rituais. A principal característica do lugar fora uma torre de três andares que proporcionava uma vista panorâmica de um pátio central, cercado de todos os lados por construções de tamanho considerável: oficinas onde utensílios do dia-a-dia eram feitos, um grande salão onde a comunidade se reunia para encontros e refeições comunitárias, e um escritório onde os manuscritos sagrados dos Essênios — os Pergaminhos do Mar Morto — eram escritos. Isso pôde ser determinado porque peças de cerâmica encontradas ali eram idênticas aos recipientes que guardavam os pergaminhos.

Foi o estudo do Dr. Griver de um dos pergaminhos que o fez chegar à conclusão de que os Essênios foram os guardiões da Arca e a levaram do Templo quando ele foi saqueado pelos gregos. Ele também acreditava que a Arca jamais fora devolvida ao Templo quando após o fim dos problemas com os gregos porque aquele não era mais considerado um lugar seguro para guardar a relíquia sagrada. O Dr. Griver se ofereceu para me buscar em meu hotel em Jerusalém e me levou até a caverna onde o pergaminho foi encontrado. No caminho me explicou algumas das antigas crenças dos hebreus com relação à Arca. Ele ficou muito satisfeito por poder falar abertamente a respeito de suas teorias, e não ficou nem um pouco incomodado por eu ter gravado nossa conversa.

O Dr. Griver explicou que, ao que parece, os israelitas precisavam de doze pedras sagradas para usar a Arca. De acordo com o Antigo Testamento, Deus disse a Moisés como construir a Arca e lhe deu instruções para seu uso.

Primeiro, ela só poderia ser transportada por membros do sacerdócio — os levitas. Segundo, a única pessoa além de Moisés que poderia, na verdade, usar a Arca era o sacerdote superior Aarão (e após sua morte, seus sucessores). Terceiro, o poder da Arca só poderia ser invocado quando o sacerdote superior estivesse usando um peitoral sagrado (também feito com pedras preciosas específicas), geralmente chamado de Peitoral do Julgamento.


As ruínas do mosteiro dos Essênios em Qumran.

Ele está descrito com detalhes no livro do Êxodo como um projeto quadrado feito de linho dourado torcido e ornado com doze pedras preciosas dispostas em quatro linhas:

Conforme a obra do éfode o farás; a primeira ordem será um sárdio, de um topázio, e de um carbúnculo… e a segunda ordem será de uma esmeralda, de uma safira, e de um diamante… e a terceira ordem será de um jacinto, de uma ágata, e de uma ametista… e a quarta ordem será de um berilo, e de um ônix, e de um jaspe. (Ex 28:15-30)

Às vezes chamado de “as jóias de ouro“, porque foram originalmente feitas de ouro, acreditava-se que essas pedras preciosas sagradas tinham um poder divino, porque foram ditadas pelo próprio Deus no sagrado Monte Sinai. O livro de Ezequiel do Antigo Testamento, que se refere a elas como as Pedras de Fogo, descreve-as como tendo pertencido a Lúcifer, mas que foram, por Deus, tiradas dele, após sua desgraça (Ez 28:13-16). Elas foram, mais tarde, entregues a Moisés porque, aparentemente, era fatal olhar dentro da Arca sem sua proteção. Como 1 Samuel 6:19 diz, uma comunidade inteira de curiosos morreu ao tentar fazer isso:

E o Senhor feriu os homens de Bete-Semes, porquanto olharam para dentro da arca do Senhor; feriu do povo cinqüenta mil e setenta homens; então o povo se entristeceu, porquanto o Senhor fizera tão grande estrago entre o povo.

Durante gerações, a Arca foi mantida fechada, até que foi finalmente aberta no Templo de Jerusalém por ordens do Rei Salomão, cerca de três séculos e meio após o tempo de Moisés. Evidentemente, não havia nada dentro com exceção de duas tábuas de pedra que apresentavam os Dez Mandamentos (1 Reis 8:9). No entanto, no momento em que foi aberta,“forças divinas” foram liberadas:

E sucedeu que, saindo os sacerdotes do santuário, uma nuvem encheu a casa do Senhor. E os sacerdotes não podiam permanecer em pé para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor enchera a casa do Senhor. (1 Reis 8:10-11)

Por volta dessa época, parece que o próprio éfode, ou peitoral, já tinha desaparecido e as pedras foram guardadas em um cofre ou uma caixa, que parece ter sido guardada pelo sacerdote superior quando a Arca foi usada. De acordo com 1 Samuel,

“os levitas desceram a arca do Senhor, como também o cofre que estava junto a ela, em que estavam os objetos de ouro” (1 Sm 6:15).

A Bíblia não diz o que aconteceu com essas pedras sagradas, mas podemos imaginar que ficaram junto da Arca até seu misterioso desaparecimento da história. “Você acredita que a Arca de fato possuía o poder que a Bíblia diz?” Eu perguntei. “Os antigos israelitas acreditavam que ela era capaz de invocar os anjos,” respondeu o Dr. Griver, sem se comprometer. “Diferente da idéia cristã de anjos como delicados e pequenos querubins ou belos seres com asas de penas, para os antigos hebreus, os anjos eram instrumentos poderosos e destrutivos da ira de Deus. Foi um anjo quem matou o primogênito egípcio quando o faraó se recusou a soltar os escravos israelitas, e foi um outro anjo quem desatou as torrentes do dilúvio do tempo de Noé. Dizem que quando um dos anjos de Deus foi enviado para destruir as cidades corruptas de Sodoma e Gomorra, a devastação foi tão terrível que tudo o que restou foi um imenso buraco no chão e um solo árido no qual nada podia frutificar ou viver.”

O Dr. Griver apontou sua mão pela janela do carro em direção ao Mar Morto, ao lado do qual estávamos agora passando: “É aqui que dizem ter existido Sodoma e Gomorra.” Montanhas vermelhas queimadas se erguiam com severidade das plataformas de pedras rachadas que cercavam as águas esverdeadas, e a atmosfera era densa por causa do cheiro forte de sal. Aquele não era o perfume conhecido e saudável do beira-mar, mas um odor químico pungente, como o dos gases produzidos por uma fornalha de resíduos industriais. O chamado Mar Morto possui uma quantidade de sal sete vezes acima dos demais oceanos da Terra — um nível tão elevado que impede a vida marinha de sobreviver.

O enorme lago, com quase oitenta quilômetros de comprimento por 16 de largura, fica a uma marca incrível de quatrocentos metros abaixo do nível do mar — o lugar mais baixo na terra em qualquer parte do mundo (situado em uma enorme FALHA GEOLÓGICA). Com isso, as águas do Rio Jordão, que alimentam o Mar Morto vindo do norte, literalmente, não têm para onde ir. Elas simplesmente evaporam em uma proporção de cinqüenta e cinco polegadas por ano em temperaturas abrasadoras que chegam a centenas de graus vários meses. O sal recebido pelas rochas no norte simplesmente erguem-se sobre as águas, ano após ano, deixando não somente o Mar Morto, mas também a terra adjacente, quase totalmente despojada de vida. Eu nunca estive em um lugar tão absolutamente estéril. Era como um vasto oceano tóxico em um mundo sem vida e pósapocalíptico.

Era fácil de ver por que a história de Sodoma e Gomorra existiu. “Você diz que Lúcifer tinha essas Pedras de Fogo. Não é verdade que ele era um anjo antes de se transformar no Demônio?” Eu disse, sem ter certeza se o Dr. Griver acreditava em anjos ou não. Percebi que ele era um judeu devoto, mas não sabia se sua fé pessoal fazia com que aceitasse a existência de anjos de forma literal.


Localização de Sodoma e QUMRAN no Mar Morto.

O Dr. Griver explicou que dizem que Lúcifer era o chefe dos anjos antes de desagradar a Deus e ser expulso do paraíso. A história da desgraça de Lúcifer não é contada no Antigo Testamento, mas foi incluída no antigo Tanak hebraico, de onde o Antigo Testamento foi compilado. Por diversas razões, incluindo os anjos, a Igreja não se sentia à vontade com alguns dos livros do Tanak. Considerados mitológicos, e não históricos, referiam-se a eles como Apócrifos, que significa de autenticidade duvidosa (da mesma forma, a maioria deles não é aceita pelos principais cristãos, embora a Bíblica católica romana aceite sete livros a mais do que os protestantes como canônicos). Os Essênios, porém, confiavam nos Apócrifos e viam-se como seguidores dos sucessores de Lúcifer no paraíso.

“De acordo com os Apócrifos, quando Lúcifer foi expulso do paraíso, ele foi substituído por dois anjos chefes, Miguel e Gabriel, que ficaram conhecidos como os ‘reis do paraíso’. Eram os dois querubins representados sobre a Arca“, disse o Dr. Griver. “A palavra anjo, usada na Bíblia cristã, vem da palavra grega angelus, que quer dizer mensageiro — aquele que traz mensagens de Deus. A palavra hebraica é malakh, que significa o ‘lado sombrio’ de Deus. Os anjos fazem o trabalho sujo de Deus. No entanto, assim como na palavra grega, eles também eram mensageiros e são muitas vezes indicados pela palavra hebraica or, que quer dizer “luz“.

O Dr. Griver explicou que os anjos eram chamados de luzes porque acreditava-se que estrelas cadentes eram anjos que estavam a caminho da Terra para executar serviços de Deus. “Miguel e Gabriel também eram representados no céu por duas luzes permanentes: as duas estrelas com cauda da constelação da Ursa Maior — a Grande Ursa — as estrelas que hoje chamamos de Benetnasch e Mizar. Os antigos nomes hebraicos dessas estrelas eram Reysh, que quer dizer cabeça, visto que Miguel era o líder, ou o supremo dentre todos os anjos, e a outra era chamada de Kos, que quer dizer a taça, porque diziam que Gabriel segurava a taça da salvação do homem.”

O Dr. Griver saiu com seu jipe da Auto-Estrada 90, que percorre toda a lateral do Mar Morto, e entrou em uma pista de areia estreita. “E é por isso que acredito que os Essênios eram os guardiões da Arca“, ele disse. “A Bíblia mostra Lúcifer como o primeiro possuidor das Pedras de Fogo, portanto, como devotos de Miguel e Gabriel, os substitutos de Lúcifer, os Essênios estavam insinuando que eram agora os donos das pedras. Se eles estavam com as pedras, que eram inseparáveis da Arca, eles, então, devem ter ficado com a Arca em si.” “O que faziam essas pedras?” perguntei. O Dr. Griver explicou que os antigos israelitas acreditavam que no início do mundo, quando ainda era o chefe dos anjos de Deus, Lúcifer morava no Monte Sinai, de onde comandava os outros anjos. “As pedras sagradas foram colocadas nas vestes de Lúcifer para protegê-lo do poder de seus anjos amigos“, ele disse. “Por que eram chamadas de Pedras de Fogo, e por que eram doze?” perguntei.



“O Tora (ou Pentateuco) — os primeiros cinco livros do Antigo Testamento — nos conta que elas representavam as doze tribos de Israel, mas por que eram chamadas de Pedras de Fogo é algo misterioso. No entanto, deve ter sido pelo fato de poderem controlar o fogo divino que emanava da Arca. Também acreditava-se que elas garantiam proteção contra o terrível poder dos anjos, e é por isso que o sacerdote superior as colocava em seu peitoral“. Enquanto o Dr. Griver falava, eu não pude deixar de visualizar a cena do filme Caçadores da Arca Perdida, quando a Arca é aberta: lindos anjos saem voando e transformam-se em criaturas demoníacas que devoram os bandidos. “Então, acredita-se que Lúcifer era o dono da Arca?” eu perguntei.

“Não, isso não aconteceu até muito tempo depois. Quando os israelitas estavam andando pelo Deserto após o Êxodo do Egito, Deus conduziu Moisés até o Monte Sinai onde lhe mandou construir a Arca e lhe entregou as pedras sagradas para protegê-lo de seu poder.” “O pergaminho que você encontrou diz, especificamente, que os Essênios estavam de posse da Arca?” Eu perguntei.

O Dr. Griver fez uma pausa antes de responder: “não com todas essas palavras” Tínhamos chegado ao pé do penhasco, na metade do caminho de onde ficava a caverna onde o pergaminho fora encontrado. Ao sair do jipe, segui o Dr. Griver por um caminho estreito, entremeado por degraus feitos sobre as pedras. Eu achava que já tinha me acostumado com as elevadas temperaturas de Israel, mas estava enganado. No instante em que deixei o conforto do carro com ar condicionado, o calor ardente me deixou sem respiração. A temperatura estava acima de 40 graus. “O Deserto da Judéia é um dos lugares mais quentes na Terra“, disse o Dr. Griver, notando meu desconforto enquanto subíamos com dificuldade.

Finalmente, depois de cerca de quinze minutos, chegamos à caverna, que não era propriamente uma caverna, mas sim um recesso profundo na lateral do penhasco, aberto por tempestades de areia durante vários milênios. O Dr. Griver explicou que antes dos degraus de pedra serem entalhados por arqueólogos, o único caminho para chegar até a montanha era descendo do topo do penhasco. Ele me mostrou o lugar onde o jarro com o pergaminho fora encontrado, no fundo da caverna, enterrado. “Se os Essênios estavam com essas relíquias, e elas de fato funcionavam, por que não usaram-nas contra os romanos?” eu perguntei.

O Dr. Griver sorriu. “Boa pergunta“, ele disse. “Talvez tenham esquecido como usá-las.” “Então você acredita que os Essênios estavam com a Arca e as Pedras de Fogo. O que você acha que aconteceu com elas?” perguntei. David me disse para não esperar que o Dr. Griver revelasse qualquer coisa a respeito de suas idéias sobre o paradeiro da Arca, mas achei que deveria perguntar mesmo assim. “Quando os romanos destruíram Qumran, chacinaram todos os membros da comunidade,” ele disse. “Os Essênios deviam estar esperando que isso acontecesse, porque esconderam sua coleção de textos. Se tiveram tempo suficiente para esconder os pergaminhos, também tiveram tempo suficiente para esconder outros artefatos, inclusive a Arca. O eventual massacre do povo deve ter sido total, porque os Pergaminhos do Mar Morto jamais foram recuperados. As pedras e a Arca da Aliança devem ainda estar em algum lugar por aqui“. O Dr. Griver balançou uma de suas mãos na direção do interior do Deserto da Judéia, com suas montanhas áridas e sem vida que víamos ao longe sob o calor e a neblina, até onde nossos olhos podiam alcançar.

Parecia que o Dr. Griver tinha perdido as esperanças de algum dia encontrar a Arca. Ele explicou que sua expedição, que contava com alguns dos mais importantes arqueólogos de Israel, passou duas temporadas vasculhando centenas de cavernas como aquelas onde os pergaminhos foram encontrados. Nem todos os membros da expedição esperavam achar a Arca; a maioria deles esperava encontrar outros pergaminhos. Embora tenham procurado por dois longos anos, nada foi encontrado.

“Se a Arca está escondida em algum lugar no Deserto da Judéia, como acredito que esteja, eu duvido que seu esconderijo esteja acessível“, ele disse, balançando sua cabeça. “Não consigo imaginar que haja uma só caverna aqui que não tenha sido vasculhada por alguém. Um único fragmento de um manuscrito dos Essênios valeria uma fortuna. Não somente arqueólogos, mas também os árabes locais, passaram mais de meio século varrendo essa área. O problema é que muitos esconderijos disponíveis para os Essênios há dois mil anos, são agora lugares impossíveis de ser alcançados. O enorme contraste entre o calor do dia e das condições de frio extremo da noite faz com que as montanhas se desgastem, formando enormes aterros de cascalho“. Ele apontou para a base do penhasco onde um monte gigantesco de rochas e cacos de pedras alcançava metade da lateral da rocha. “Há milhões de toneladas dessas pedras por aqui no Deserto da Judéia que devem cobrir milhares de cavernas e outros esconderijos. Na década de 1980, uma equipe de arqueólogos ingleses demorou três anos para remover apenas um desses montes. Se a Arca está aqui, receio que jamais será encontrada.”

Ainda não sabia ao certo se o Dr. Griver de fato acreditava em anjos ou no poder da Arca, mas ele fora, certamente, uma mina de informações a respeito dos antigos pensamentos judeus com relação à relíquia. Para mim, porém, a pergunta mais importante ainda permanecia sem resposta. Quando a Arca tinha sido perdida para os Judeus? Se a Bíblia estivesse certa a respeito de ela ainda estar no Templo de Jerusalém durante o reinado de Josias, por volta de 662 a.C., e o historiador do século I, Josephus, estivesse certo quanto a ela não estar no Templo quando este foi reconstruído por Herodes restavam, então, apenas dois momentos óbvios de quando ela fora perdida: no tempo em que os babilônios saquearam o Templo em 597 a.C., ou quatro séculos depois, quando os gregos o atacaram.

O Dr. Griver estava pessoalmente convencido de que a Arca fora retirada de Jerusalém durante o período em que os gregos saquearam o Templo, mas eu ainda precisava ser persuadido. Ele se mostrou um tanto vago com relação a referências específicas dos Pergaminhos do Mar Morto com o fato de os Essênios estarem, na realidade, de posse da sagrada relíquia israelita. Até o que pude perceber, o Dr. Griver baseava sua teoria em evidências puramente circunstanciais. Os Essênios podem ter se sentido obcecados pela Arca da Aliança, mas será que eles, em algum momento, chegaram a afirmar que estavam com ela? Decidi que a melhor coisa a fazer era visitar o Santuário da Bíblia em Jerusalém, onde alguns dos Pergaminhos do Mar Morto estão expostos, e buscar uma segunda opinião quanto ao fato de os Essênios realmente estarem de posse da Arca sagrada.

Fim do capítulo.

Capítulos anteriores em: http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-1/http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-2/http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-3/http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-4/

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Agosto 14, 2015

chamavioleta

Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança, parte 4 

 Moises e Javé (Yahve)

Posted by Thoth3126 on 22/10/2014

 



De acordo com o Êxodo, quando Moisés se ausentara para entrar em contato com Deus no Monte Sinai, seu povo, temendo que algum mal pudesse cair sobre eles, pediu para seu representante Aarão que fizesse imagens sagradas para protegê-los. De acordo com eles, Aarão pegou jóias de ouro das pessoas e fez um “bezerro fundido”. Na verdade, ao contrário da popular imagem de Hollywood, não foi um bezerro que eles fizeram, mas foram muitos, quando outros passaram a seguir a idéia de Aarão. Aarão afirmou que esses bezerros eram “teu deus, ó Israel, que te tirou da terra do Egito” (Ex 32:4).

Thoth3126@gmail.com


Capítulo IV do livro: Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança, a descoberta do Tesouro do Rei Salomão, de Graham Phillips, Editora Madras

http://grahamphillips.net/

“E a arca da sua aliança foi vista no seu templo; e houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e terremotos e grande saraiva”. Livro do Apocalipse 11:19

4. Moisés e Javé

Antes que eu pudesse formar uma opinião quanto ao fato de a Arca da Aliança ser ou não um artefato histórico ou uma lenda fantástica, eu tinha que tentar responder duas últimas e cruciais perguntas. Primeiro, será que Moisés, o homem que dizem ter inspirado sua criação, de fato existiu?; e segundo, será que a religião hebraica, da qual dizem que ela era a relíquia mais sagrada, de fato existiu no tempo que o Êxodo parece ter ocorrido? Se a resposta a essas perguntas, principalmente a segunda, fossem negativas, seria então pouco provável que a Arca fosse real. Ela não teria tido nenhum propósito. Seria o mesmo que o Vaticano existir sem Jesus ou a Igreja Cristã que ele fundou.


Moises “abre” o Mar Vermelho.

De acordo com a Bíblia, Moisés foi o primeiro profeta a revelar as leis sagradas de Deus para a religião hebraica enquanto os israelitas vagaram pelo deserto por quarenta anos após sua fuga da prisão no Egito. Com isso, ele foi o fundador do que se tornou o Judaísmo. A maioria dos arqueólogos e historiadores, porém, consideram Moisés como o fundador imaginário de uma religião que se desenvolveu com o passar do tempo. Eles não apenas duvidam de que Moisés foi uma figura histórica, mas também questionam, com seriedade, se uma religião israelita organizada poderia ter sido iniciada há tanto tempo assim. Eles estavam certos? Eu precisei refletir sobre tudo que aprendera a respeito de Moisés.

De acordo com o livro do Êxodo do Antigo Testamento, Moisés nasceu no
Egito em uma família de escravos israelitas. Durante uma expurgação, quando o faraó ordenou a terrível chacina de bebês israelitas, a mãe de Moisés salvou seu infante colocando-o em uma pequena arca feita de papiros e escondendo-a nos juncos que crescem ao longo da orla do Rio Nilo. A filha do faraó encontrou o bebê Moisés e, simpatizante com o empenho dos israelitas, adotou-o como seu neto. De acordo com Êxodo 2:14, Moisés chega a tornar-se um príncipe egípcio. A razão pela qual muitos historiadores duvidam de que Moisés foi uma figura histórica se dá pelo fato de acreditarem que uma pessoa da realeza deveria apresentar menções em registros egípcios. Embora seja verdade que registros diários possam ter sido destruídos, por estarem escritos em papiros, milhares de inscrições de monumentos e tumbas ao longo de toda a história do antigo Egito ainda existem para revelar os nomes dos reis e príncipes egípcios. Entre eles, não há registro algum de um Moisés durante o reinado de Amenhotep III — ou sequer de nenhum faraó egípcio de tempo
algum.

O nome Moisés, entretanto, pode ser ilusório. Pode não ter sido o nome
verdadeiro do homem. As traduções modernas do Antigo Testamento pegaram o nome Moisés da tradução grega da Bíblia, onde aparece como Mosis. Esse, por sua vez, foi tirado dos livros do Tanak dos hebreus, onde aparece em sua forma original como Mose. Êxodo 2:10 nos diz que a filha do faraó decidiu chamá-lo assim “porque das águas o tenho tirado.” Presumimos que o autor do Êxodo está se referindo à semelhança entre o nome Mose e a palavra hebraica masa, que significa “arrancar.” Em 1906 o historiador alemão Eduard Meyer afirmou que essa passagem foi inserida por um posterior copiador do Antigo Testamento para dar uma origem hebraica ao que era na verdade um nome egípcio.

O episódio, ele disse, não faz sentido algum no contexto da narrativa como existe hoje. Se a princesa desejasse manter a nacionalidade de Moisés em segredo da corte — o que ela deve ter feito, visto que Moisés sobreviveu à ordem do faraó de matar os bebês hebreus — ela não teria, então, dado a seu filho adotivo um nome hebraico. Um contemporâneo de Meyer, o famoso egiptólogo inglês Flinders Petrie, indicou que mose é uma palavra egípcia que significa “filho”. É um sufixo comum em muitos nomes egípcios. É encontrado, por exemplo, no nome do faraó egípcio Ahmose, um nome que quer dizer “filho da lua.”


Mapa do Antigo Egito

Em 1995, o historiador israelense David Ullian especulou que Mose pode ter sido algo mais que apenas um nome pessoal, assim como o termo Cristo — “o ungido” — mais tarde se tornou o epíteto para Jesus. Ele sugeriu que o nome pode ter sido a abreviatura do título “Filho de Deus”. Em tempos posteriores, os reis e os profetas de Judá eram geralmente descritos como os “filhos de Deus”. É possível, então, se essa personalidade de fato conduziu os israelitas à sua liberdade, que ele apareça nos registros egípcios com um outro nome. Há alguém, usando qualquer outro nome, no palácio real de Amenhotep III que se encaixe no perfil de Moisés?

Para início de conversa, é muito pouco provável que estejamos de fato procurando por um israelita adotado. A história toda das origens hebraicas de Moisés parece ter sido uma interpolação posterior no relato do Êxodo de duas razões cruciais. Primeiro, a história da arca de juncos parece ser tirada de uma lenda babilônica. Em Êxodo 2:3 lemos como a mãe de Moisés o esconde: Não podendo, porém, mais escondê-lo, tomou uma arca de juncos, e a revestiu com barro e betume; e, pondo nela o menino, a colocou nos juncos à margem do rio.


Rei Sargon I de Akkad

O autor islandês e historiador literário Magnus Magnusson, em seu livro “BC: The Archaeology of the Bible Land”, chama nossa atenção para um mito
mesopotâmico que fala do Rei Sargon I de Akkad, datado de cerca de 2.350 a.C. Ali, o rei também é colocado em um rio dentro de uma cesta de juncos quando sua mãe tenta escondê-lo. Como Moisés, ele foi encontrado e adotado por outra pessoa:

“A mãe que me trocou me concebeu, e em segredo deu à luz. Me colocou em uma cesta de juncos, com betume fechou minha tampa. Me jogou ao rio que não me cobriu”.

Segundo, e ainda mais importante, a história da adoção de Moisés fracassa a opor-se a um exame histórico detalhado. O relato do Êxodo diz que a filha do faraó adotou Moisés e que ele foi criado como um príncipe. No Egito antigo o sangue da família real era estritamente controlado e manipulado. Os faraós eram considerados deuses, e suas filhas só podiam conceber filhos com alguém da escolha do rei — quase sempre o próprio rei. Adoções estavam totalmente fora de questão. É inimaginável que uma filha do faraó tivesse a permissão de adotar um filho. Se Moisés realmente era um príncipe no palácio real egípcio, como a Bíblia diz, ele, então, muito provavelmente foi um egípcio nativo. Ainda mais interessante, há um príncipe egípcio do reinado de Amenhotep que tem muita coisa em comum com Moisés — seu nome era Príncipe Tuthmose.

Não se sabe muito a respeito de Tuthmose, mas muitas inscrições egípcias sobreviveram para nos fornecer um breve esboço de sua vida. Ele era o
filho mais velho de Amenhotep e herdeiro do trono. Quando jovem, agiu como
governador de Memphis no norte do Egito, antes de ser nomeado comandante das forças das bigas do rei e presenciar muitos trabalhos contra os etíopes.

Após uma campanha militar bem sucedida, ele voltou-se para a vida religiosa e foi escolhido o sacerdote superior no Templo do deus Ra em Heliópolis, também no norte do Egito. No vigésimo terceiro ano do reinado de Amenhotep ele, repentinamente, e por nenhuma razão aparente, deixou seu cargo de sacerdote superior e desapareceu misteriosamente. Dois anos depois, quando o reinado de Amenhotep terminou, foi seu irmão mais novo Akhenaton quem subiu ao trono. O Príncipe Tuthmose se encaixa no perfil de Moisés de várias maneiras. Primeiro, ele comandou o exército durante uma campanha etíope. O mesmo, parece, aconteceu com Moisés. Embora a Bíblia não nos fale quase nada a respeito do tempo de Moisés como um príncipe egípcio, o historiador judeu do século I, Josephus, nos oferece um capítulo inteiro acerca de suas Antiguidades Judaicas. Naquilo que parece ter sido a versão aceita dos acontecimentos há cerca de três mil anos, ficamos sabendo que o faraó indicou Moisés para ser o comandante de um exército que enviou para lutar contra os etíopes, e foi o sucesso nessa investida que o levou para seu exílio. Com ciúmes da popularidade de Moisés entre os soldados, o faraó decide ordenar sua prisão mas, avisado de antemão, Moisés deixa o país.

O relato de Josephus parece ter uma validade histórica ainda maior do que a narrativa bíblica com relação ao motivo do exílio de Moisés. No Êxodo, lemos apenas que Moisés é forçado a fugir do Egito após salvar a vida de um israelita, ao matar um cruel senhor de escravos. Na realidade, um príncipe egípcio podia dar ordens para que um administrador de escravos fosse executado quando e onde quisesse. Esse foi provavelmente um outro episódio usado para fazer de Moisés um israelita. A segunda semelhança entre Moisés e o Príncipe Tuthmose é que, por um tempo, Tuthmose foi um sacerdote superior no Templo de Ra, em Heliópolis.

Parece que o mesmo aconteceu com Moisés. De acordo com um relato encontrado por Josephus no trabalho de um historiador egípcio chamado Manetho, que escreveu no século IV a.C, uma revolta aconteceu entre os escravos semitas durante o reinado de Amonhotep III. Ainda mais interessante, dizem que a revolta aconteceu em Avaris, o mesmo lugar onde os israelitas parecem ter sido escravizados. De acordo com Manetho, Amenhotep foi aconselhado por um de seus oficiais a livrar o país dos “indesejáveis” e colocá-los para trabalhar em suas pedreiras de Avaris. Por muitos anos foram forçados a trabalhar como escravos, quando passaram a ser liderados por um sacerdote do templo do deus Ra em Heliópolis.

Evidentemente, o sacerdote abandonara os deuses do Egito e fora condenado à prisão. Ele tinha sido no passado, Manetho diz, um soldado, e durante seu cativeiro, treinou os “indesejáveis” para lutar. Quando finalmente conduziu-os em uma rebelião, milhares deles conseguiram fugir e voltar para sua terra natal. Os “indesejáveis” não têm um nome, tampouco sua terra natal, e o sacerdote é apenas chamado de Osarseph, que significa “líder”. Josephus, porém, não tinha dúvidas de que os “indesejáveis” eram os israelitas e que Osarseph era Moisés. Se Moisés era o sacerdote que aparece na obra de Manetho, então, Tuthmose, obviamente, encaixa-se no perfil. Manetho nos diz que o sacerdote era um servo no templo de Ra em Heliópolis antes de abandonar os deuses egípcios. Essa era a exata função exercida pelo Príncipe Tuthmose antes de ele desaparecer.

A terceira semelhança entre as duas figuras é que, assim como Moisés,
Tuthmose pode ter sido mandado para o exílio. A razão para essa hipótese é que sua tumba jamais chegou a ser ocupada. O explorador italiano Giovanni Belzoni descobriu a tumba de Tuthmose no início do século XIX no Vale dos Reis do Egito, e a descoberta logo fez surgir um outro enigma. Tumbas de reis eram preparadas enquanto seus donos ainda estavam vivos; somente as decorações funerárias finais eram adicionadas após a morte. Essa tumba, porém, estava pronta, mas as ilustrações comuns que mostram o enterro e a mumificação de seu dono, não existiam. Isso significava que a tumba estava vazia não porque tivesse sido roubada, mas porque jamais chegara a ser usada. Mas, por que não?



É possível que Tuthmose tivesse mandado preparar uma outra tumba, embora isso pareça pouco provável. As tumbas eram caras, além de seus projetos demorarem anos para serem concluídos. Era comum levarem anos para remover as centenas de metros quadrados de rocha sólida para criar a sepultura e as câmaras dos tesouros em solo profundo. Somado ao seu desaparecimento repentino e inexplicável do templo de Ra, e a falta de quaisquer memoriais ou obituários, a tumba vazia indica que Tuthmose fora, de alguma forma, desonrado e executado, ou enviado para o exílio. A única maior diferença entre Tuthmose e Moisés são suas supostas idades. O Êxodo parece ter acontecido no fim do reinado de Amenhotep, quando Tuthmose não teria mais que trinta e cinco anos. De acordo com o relato do Êxodo, no entanto, foi muitos anos depois do exílio de Moisés, que ele voltou para conduzir os israelitas à liberdade, quando já teria oitenta anos de idade. E devemos ainda lembrar que precisamos considerar as idades bíblicas com um certo cuidado.

Com freqüência, lemos a respeito de pessoas que viveram mais de um século,
quando quarenta ou cinqüenta anos era considerado um bom tempo de vida.
Se o Êxodo aconteceu durante o reinado de Amenhotep III, o Príncipe
Tuthmose é o melhor candidato de todos para ser o histórico Moisés. Seu passado corresponde com o de Moisés de várias maneiras: Ele foi o comandante do exército na Etiópia, um sacerdote no templo de Ra, e foi morto ou exilado. Até seu nome é intrigante: Tuthmose quer dizer “filho de (do deus) Thoth.” Se Tuthmose tivesse abandonado os antigos deuses e decidido tirar o divino Tuth — Thoth — de seu nome, ele teria, na verdade, passado a se chamar Mose, a tradução original do nome de Moisés. Embora nada disso sejam provas absolutas de que Tuthmose era o histórico Moisés, ele, sem dúvida, se encaixa no perfil do homem e parece ter vivido no lugar certo, no tempo certo. Fica, então, claro por que os antigos israelitas podem ter precisado tramar uma história alternativa quanto às origens de Moisés. Nacionalistas israelitas teriam achado muito difícil aceitar que seu grande legislador, que estabeleceu a aliança com Deus e a guardou na Arca, fosse, na realidade, um príncipe egípcio.

Evidências de que a religião israelita já existia na mesma época do Êxodo
são ainda mais convincentes do que as que ligam Moisés a Tuthmose. Indicações de que os escravos israelitas já praticavam o monoteísmo — a religião de um só deus — durante o reinado de Amenhotep III são encontradas, de forma indireta, em fontes egípcias. Parece que idéias da religião dos hebreus influenciaram uma seita egípcia. Conhecida como Atonismo (deus ATON), essa seita adorava a uma única divindade universal e negava a existência de todos os outros deuses. A seita Atonismo parece ter surgido muito rapidamente próximo ao fim do reinado de Amenhotep, e quando seu filho, Akhenaton, subiu ao trono, por volta de 1360 a.C. O Atonismo tornara-se tão influente que o novo faraó chegou a adotá-lo como a religião oficial do Egito por um tempo. Suas práticas são tão parecidas com as da religião hebraica que comentaristas bíblicos e egiptólogos vêem uma ligação entre elas. Algumas pessoas chegaram inclusive a dizer que o Atonismo foi diretamente inspirado pela religião dos escravos israelitas, de uma forma semelhante com a qual o antigo Cristianismo inspirou a religião da Roma Imperial.

A correlação entre as duas religiões parece muito grande para ser apenas
uma coincidência. Com exceção do fato de que ambas acreditam em um único deus universal e negam a existência de todos os outros — um conceito desconhecido em todas as demais partes do mundo na época — elas ainda compartilham de uma série de outros temas especiais. Primeiro, ambas veneram um deus sem nome que é apenas referido através de títulos. Jeová, o nome de Deus conhecido pelos cristãos de hoje, é na verdade, uma tradução do grego do nome hebraico (Yhuv ou Yahweh (Javé-Jeová), que na realidade, quer dizer “o Senhor”. O Deus de Israel não tem um nome. Tampouco o deus dos Atonismo. Independentemente da reverência, no Egito, os deuses eram geralmente chamados de forma direta e por meio de seu nome. Na verdade, imaginava-se que o nome do deus invocava sua presença.

{n.T. – Jeová é uma representação aportuguesada, com perda sintática da letra h (i.e., pois advém de Jehová), do hebraico יְהֹוָה, uma vocalização do Tetragrammaton (“Tetragrama”) יהוה (YHWH), o nome próprio do Deus de Israel na Torah hebraica.

O nome יְהֹוָה (YeHoVaH) aparece cerca de 7 Mil vezes no texto original das Escrituras Hebraicas, além das 305 ocorrências da forma יֱהֹוִה (YeHoViH). O texto em latim mais antigo a utilizar uma vocalização semelhante a ‘Jeová’ data do século XIII.}


O TetragrammATON, as quatro letras do nome divino.

Entretanto, o deus dos Atonismo foi uma exceção única. O nome comum usado por egiptólogos para o deus Atonismo é “o Aton”(às vezes como Aten) No entanto, esse não era de fato o nome do deus, mas o nome do hieróglifo, ou símbolo, que o representava.

Uma transliteração direta da palavra Aton é “o que dá a vida“(LUZ). Aton não era o nome da divindade dos Atonismo; era apenas uma descrição. Seus outros títulos e formas de ser chamado são, na verdade, idênticos aos usados para o deus dos hebreus. Isso foi revelado por meio de uma descoberta acidental feita em Tebas (Luxor), a antiga capital no sul do Egito.

Nos primeiros anos de seu reinado, Akhenaton ergueu um novo templo
para o deus Aton na cidade de Karnak, em Tebas. No entanto, pouco depois de seu reinado, quando o Egito abandonou o Atonismo e voltou a usar seu panteão de deuses tradicionais, o templo foi demolido. Por acaso, muitos dos blocos esculpidos que decoravam o templo foram preservados dentro de duas gigantescas torres fechadas por portões, que haviam sido erguidas em frente ao templo próximo do deus Amun (Amon). Por volta de 1930, quando essas torres foram desmanteladas para reformas estruturais, mais de 40.000 desses blocos esculpidos foram encontrados em seu interior, tendo sido usados como aterro por mais de três mil anos.

Agora chamado de talatat de Karnak, de um trabalho árabe que significa obra de tijolos, muitos deles estão gravados com orações Atonistas (dedicadas a Aton) que apresentam semelhanças inacreditáveis com os textos hebraicos. No relato bíblico, Moisés fala com Deus, pela primeira vez, no Monte Sinai quando Ele aparece em um arbusto que, de maneira miraculosa, arde em chamas sem consumi-lo. Sem saber qual deus está falando, Moisés pede a Deus que revele seu nome, e Deus responde: “Eu sou o que sou“ (Ex 3:14). Ele era apenas Deus — o único Deus.

A palavra hebraica para “deus” era El. Ela tinha diversas formas, como por exemplo, Elyon, “o deus mais superior”, e Elohim, “deuses”, ou El Shaddai, “deus Todo- Poderoso”. A palavra Yahweh, “o Senhor,” é usada com freqüência, como em Yahweh-tsidkenu, o “Senhor das Multidões,” (A palavra hebraica tsidkenu, que traduções modernas apresentam como “multidões”, na verdade se refere a exércitos, como por exemplo os exércitos de Judá, os exércitos de Israel, ou os exércitos de anjos.) No entanto, pelo fato de os israelitas considerarem Yahweh (Javé), pessoal demais, a palavra Adonai — “meu Senhor” — foi substituída na oração.

Nas inscrições do talatat, encontramos o deus Aton sendo chamado de uma
forma quase idêntica. Uma referência bastante recordativa do “Eu sou o que sou” no episódio do arbusto em chamas: “Sois o que és, radiante e soberano sobre todas as terras”. Outros se referem ao Aton, exatamente da forma como a Bíblia o faz repetidas vezes para com Deus, como Deus Todo Poderoso e o Deus Soberano. Por exemplo: O grande Aton, deus todo poderoso, que provém o homem com seu alimento e “Ó grande Aton, deus soberano, que nos livra da escuridão”. O Aton é ainda citado como o senhor dos exércitos, assim como o deus de Israel é chamado de o Senhor das Multidões: “Vós que sois Senhor de todos os exércitos do mundo.” Com ainda mais freqüência, porém, o Aton é chamado de forma semelhante à forma como Deus é chamado de Adonai, usando a palavra Neb, a palavra egípcia para “Senhor”.

Esses nomes não são apenas parecidos, mas também devemos observar
a forma como as duas religiões recebem suas divindades. Uma oração longa feita para o Aton sobrevive em uma série de inscrições na cidade em ruínas de Tell-el-Amarna (n.T.a antiga capital de Akhenaton, a cidade de Akhetaton-O Horizonte de Aton), na região central do Egito. Conhecida como “O Hino a Aton“, foi vista pelo egiptólogo americano James Henry Breasted, no início de 1909, apresentando uma incrível semelhança com o Salmo 104 no Antigo Testamento. {“Nota: O Hino a ATON: Tu és belíssimo sobre o horizonte, Ó radioso Aton, fonte de Vida! Quando te ergues no oriente do céu, teu esplendor abraça todas as terras. Tu és belo, tu és grande, radiante és tu. Teus raios envolvem todas as terras que criaste, Todas as terras se unem pelos raios de teu amor. Tão longe estás, mas seus raios tocam o chão; Tão alto estás, mas teus pés se movem sobre o pó. Tu és vida, por ti é que vivemos, Os olhos voltados para tua glória, até a hora em que, imenso, te recolhes… Criaste as estações para renascer todas as tuas obras. Criaste o distante céu, para nele ascender. A Terra está nas tuas mãos, como aos homens criaste. Se tu nasceres eles vivem, se te pões eles morrem. Tu és propriamente a duração da vida, e vive-se unicamente através de ti!”}



Ambas as orações descrevem em termos idênticos como Deus e o Aton são respectivamente vistos como criadores, alimentadores e responsáveis por todos os fenômenos na Terra.Uma outra correlação especial entre o Deus de Israel e o Aton é que nenhuma divindade tinha permissão de ser representada por imagens. De acordo com a Bíblia, embora os antigos israelitas tenham construído ícones que representavam os aspectos do poder de Deus, a religião israelita proscrevia a produção de efígies do próprio Deus. No Egito, uma efígie ou estátua de um deus era, tradicionalmente, uma parte essencial da prática dos rituais.

Os egípcios acreditavam que as divindades, na realidade, habitavam nessas imagens e suas construções ficaram descritas em textos antigos. Em todo o Egito, somente o Atonismo se divergia dessa prática. Os Atonistas proibiam a produção de quaisquer ídolos e efígies do Aton. De acordo com um dos talatats, “Nenhuma forma em toda a Terra deverá refletir vossa glória”.


Menorah, o candelabro sagrado de sete (representando os Chakras) velas, para representar a luz e a presença de Deus no templo (o corpo humano, o “templo” que Deus habita).

Ambas as religiões conseguiram superar os problemas que essa doutrina
criou ao usar um símbolo para representar a presença da divindade. Quando finalmente se estabeleceram em Canaã, os israelitas usavam o Menorah, um candelabro sagrado de sete velas, para representar a luz e a presença de Deus no templo. A prática ainda sobrevive nas sinagogas e nos lares dos judeus da atualidade. Conforme mencionado anteriormente, os atonistas também usavam um símbolo de luz para representar o Aton. Era um hieróglifo: um disco com braços que se estendia para baixo chegando às mãos que seguravam um ankh, o símbolo da vida.

Ele na verdade mostrava o sol com seus raios trazendo luz como fonte de vida para a Terra. Antigos egiptólogos chegaram à conclusão de que isso provava a adoração do sol. No entanto, conforme outras descobertas arqueológicas eram feitas durante o século XX, ficou claro que o hieróglifo representava a luz (“invisível”) do sol e não o sol em si. (O sol era na verdade retratado como um disco com asas.) O Atonismo proibia a representação de seu deus de qualquer forma. Fica claro nos dias de hoje que o brilho do sol — que traz calor, luz e vida, e que contudo, não pode ser propriamente visto — era a forma por meio da qual a seita transmitia a idéia de um deus invisível, onipresente e provedor.


Um símbolo do poder de ATON, o disco solar como um símbolo de luz para representar ATON. Era um hieróglifo: um disco com braços que se estendia para baixo chegando às mãos que seguravam um Ankh, o símbolo da vida que representa o espírito doador e imanente da vida doada pelos raios invisíveis do sol.

A única exceção que os atenistas faziam quanto à proibição contra a produção de imagens é exatamente a mesma exceção que os antigos israelitas parecem ter estabelecido: a imagem de um touro sagrado. Mesmo depois de Akhenaton abandonar todas as divindades tradicionais e tudo o que estava associado a elas, deu instruções específicas para que o touro de Mnevis, um animal sagrado ao deus sol Ra, fosse trazido para sua nova capital em Akhetaton (Tell-el-Amarna) e que fosse enterrado em uma tumba especial nas montanhas da região. O touro de Mnevis, ou Nemur, era um animal vivo venerado no templo de Heliópolis que, quando morto, era enterrado com grandes pompas e cerimônias, e substituído por um novo touro encontrado na floresta, de acordo com presságios recebidos. Uma série de figuras, do tamanho de uma mão, desses touros, feitas em pedras e em bronze, foram descobertas nas ruínas de Tell-el-Amarna-Akhetaton. Os antigos israelitas também continuaram a venerar um touro sagrado, para a perturbação de Moisés, como pode ser visto na história bíblica do bezerro de ouro.

De acordo com o Êxodo, quando Moisés se ausentara para entrar em contato com Deus no Monte Sinai, seu povo, temendo que algum mal pudesse cair sobre eles, pediu para seu representante Aarão que fizesse imagens sagradas para protegê-los. De acordo com eles, Aarão pegou jóias de ouro das pessoas e fez um “bezerro fundido”. Na verdade, ao contrário da popular imagem de Hollywood, não foi um bezerro que eles fizeram, mas muitos, quando outros passaram a seguir a idéia de Aarão. Aarão afirmou que esses bezerros eram “teu deus, ó Israel, que te tirou da terra do Egito” (Ex 32:4). Além disso, eles, tampouco, parecem ter sido representações de tamanho real. Não sabemos qual era seu tamanho exato, mas a inferência é de que, como as efígies do touro dos egípcios, são pequenos o suficiente para caber na palma de uma mão. Quando as pessoas deram a Aarão seu ouro para que ele fizesse o ídolo, “E ele os tomou das suas mãos, e trabalhou o ouro com um buril” (Ex 32:4).


O “BEZERRO DE OURO” hoje é adorado no maior centro (controlado por banqueiros judeus) financeiro do mundo, em Wall Street, onde se encontra a bolsa de valores de Nova Iorque e onde existe a estátua de um touro – o charging bull, também chamado touro de Wall Street, escultura realizada pelo artista siciliano Arturo Di Modica (1941) e colocada junto ao Bowling Green Park, nas proximidades da bolsa de Nova York, em Wall Street.

Moisés pode ter sido contra a prática da adoração do touro, mas parece
que ela ainda durou mais oito séculos (n.T. ou até os dias de hoje, pois a figura do Touro representa o mundo material, da forma humana e suas sensações). O livro de Jeremias do Antigo Testamento trata de acontecimentos que se desenrolaram imediatamente antes da invasão babilônica de Judá em 597 a.C, e nele há referências a doze estátuas de touro de bronze, na verdade, enfeitando o templo de Jerusalém. De acordo com Jeremias 52:20, quando os babilônios saquearam o Templo, fugiram com os “doze bois de bronze” que ficavam na base dos pilares do Templo. No âmbito lingüístico, o livro de Jeremias é datado de cerca de 550 a.C. — próximo o suficiente do ataque ao Templo que não deixa dúvidas de que esse detalhe tenha sido inventado. Se o próprio autor não tivesse testemunhado o acontecimento, muitas pessoas, ainda vivas na época, o teriam. Não há muitas dúvidas, no entanto, de que a veneração de efígies de touros ou bois foi uma parte da antiga religião dos hebreus. Que os antigos israelitas veneravam esses ídolos é um fato também sustentado por evidências arqueológicas. Uma série de efígies do tamanho de uma mão foram encontradas em antigos locais por toda as cidades de Israel e na Palestina.

Talvez a mais interessante de todas seja a de um touro de bronze, com cerca de
vinte centímetros de comprimento, encontrada no campo de Shechem (SICHEM), e hoje propriedade do arqueólogo israelense Amihay Mazor, da Universidade Hebraica, em Jerusalém. Ela é datada do século XX a.C, um tempo muito anterior ao período de Moisés e, conseqüentemente, um tempo quando a fé dos hebreus foi totalmente estabelecida. De acordo com o Antigo Testamento, Shechem era um dos lugares sagrados na antiga Israel. O touro de bronze, vindo desse local tão respeitado, é uma óbvia evidência da contínua veneração do touro, certamente por alguns israelitas, muito tempo após terem invadido Canaã. De todas as centenas de práticas religiosas que existiam no mundo, ambas as religiões, a Atenista e a Hebraica, aparentemente, devem ter mantido um costume pagão antigo que é exatamente o mesmo, e isso é mais do que uma simples coincidência.

Talvez a prova mais convincente de que o Atenismo e a religião dos
israelitas estavam relacionadas, tenha vindo com a surpreendente descoberta
arqueológica feita em 1989. Naquele ano, o arqueólogo francês Alain Zivie descobriu uma tumba de pedra em Sakkara, próximo ao Cairo. Inacreditavelmente, o homem enterrado na tumba era um sacerdote tanto do Deus Aton, quanto do Deus dos hebreus. Inscrições revelaram que a múmia fora um importante oficial egípcio do reinado de Akhenaton, chamado Aper-el. Na verdade, ele era uma das figuras mais importantes do governo de Akhenaton. Era um grande vizir, o ministro chefe do norte do Egito. Surpreendentemente, o teste de DNA revelou que Aper-el não era um nativo egípcio, mas sim um semita, o que, por si só, já teria sido algo estranho o suficiente.

Ainda mais impressionante, porém, ele parece ter sido um israelita. Seu nome, AperEl, Alain Zivie concluiu com surpresa, parecia ser um título. Traduzido, ele literalmente significa “Servidor de (do deus) El.” El, naturalmente, era a palavra hebraica para Deus. Seu nome obviamente implicava que Aper-el foi um praticante fervoroso da religião israelita durante o reinado de Akhenaton. A descoberta mais instigante, porém, foi a das ilustrações da tumba que revelavam que Aper-el também era o sacerdote superior do templo atenista na cidade de Memphis. Aqui não apenas temos provas de uma ligação compartilhada entre a religião hebraica e o Atenismo, mas também um exemplo de alguém que parece ter sido um sacerdote de ambas as religiões que não via nenhuma contradição. A única conclusão que pode ser tirada é a de que as religiões dos israelitas e dos atenistas estavam muito intimamente relacionadas.

Temos somente os livros do Antigo Testamento como prova da religião
dos hebreus no período do ano de 1300 a.C. — livros que não foram escritos até muitos séculos depois. Entretanto, o que se sabe do Atenismo está baseado em descobertas contemporâneas. Isso não nos faz ter dúvidas de que uma religião, de muitas maneiras idêntica à religião dos hebreus, existiu por um pequeno tempo no Egito exatamente na mesma época em que Moisés parece ter vivido e que o Êxodo parece ter acontecido. Na verdade, nenhum outro povo, em nenhuma parte do mundo, ficou conhecido por ter estabelecido uma religião monoteísta antes, e não o faria — com exceção dos israelitas — por outros mil anos. Parece pouco provável, portanto, que as duas religiões não estivessem relacionadas. Se o Atenismo surgiu da religião dos israelitas, ou se o contrário, jamais ficaremos sabendo. O que foi muito importante para minhas pesquisas, foi que havia grandes evidências de que a religião hebraica, de uma forma ou de outra, de fato existiu no tempo que dizem que a Arca da Aliança foi construída. Havia, porém, não apenas provas de fontes egípcias do antigo monoteísmo por volta da época que a história do Êxodo aconteceu; havia também evidências de um recipiente sagrado quase idêntico à Arca.

No Egito, acreditava-se que a presença de um deus residia dentro de uma
imagem feita com detalhes, geralmente uma estátua ou uma estatueta. Durante o reino de Amenhotep III, uma estátua da principal divindade egípcia, Amun, ficava em um canto escuro de um lugar sagrado no templo de Karnak. Assim como a câmara onde a Arca da Aliança mais tarde ficou no Templo de Jerusalém, esse lugar sagrado era chamado de Sagrado dos Sagrados (Sanctun Santorun). De alguma forma que hoje não entendemos, acreditava-se que nesse local sagrado do templo a divindade (ou um seu mensageiro) revelava suas instruções ao sacerdócio.

Somente em ocasiões especiais a estátua era tirada de seu lugar, e era então
carregada em um recipiente sagrado que, como a Arca, era feito de madeira
dourada e transportada com varas inseridas em seus arcos de ambos os lados. Uma outra semelhança entre esse recipiente sagrado e a Arca da Aliança, é seu nome. Uma inscrição em um cenário que mostra a estátua do deus sendo carregada neste recipiente no relevo de uma parede no templo de Medinet Habu em Tebas, diz: “O divino Amun é transportado na Barca sagrada.”

As palavras arca e barca têm uma origem comum na palavra Ak, um
termo egípcio que significa um recipiente ou vaso sagrado. A palavra seguiu seu caminho até o latim onde se transformou em barca, um barco real. Com o tempo, essa palavra romana ganhou um uso comum como a palavra usada para qualquer barco pequeno; no inglês moderno a palavra é barge, que também significa barca. A palavra original Ak, porém, não apenas se referia a um objeto inanimado; ela também podia ser aplicada a uma pessoa por intermédio da qual deus falava, como no título do faraó egípcio Akhenaton que significava “vaso de Aton.”(como Jesus foi o “VASO” do Cristo) Portanto, a palavra egípcia Barca e a hebraica Arca eram ambas recipientes que guardavam seus respectivos deuses ou algo que canalizava o poder das divindades.

Sabemos que a antiga religião dos hebreus teria sido influenciada pelas
práticas religiosas no Egito, porque foi ali que os israelitas viveram por cerca de quatrocentos anos antes do Êxodo. Embora nenhuma de minhas investigações de fato prove que a Arca da Aliança existiu, elas, sem dúvida, colocam a relíquia bíblica dentro de um contexto histórico realista. Como um povo forçado a levar uma existência nômade no Deserto de Sinai por muitos anos após sua fuga do Egito, é perfeitamente compreensível que os israelitas tenham criado a sua própria versão de uma barca egípcia. Isso fazia com que pudessem transportar suas posses mais sagradas, em particular o enigmático item por meio do qual dizem que Deus se manifestava — ou seja, o misterioso propiciatório, ou trono de Deus.



Assim como a estátua egípcia do principal deus Amun, o propiciatório de
alguma forma revelava as instruções de Deus. O termo propiciatório é uma tradução do inglês da palavra mercy seat que tem origem hebraica nas palavras kiseh chesed, sendo que a palavra que significa mercy, chesed, também quer dizer sabedoria, e a palavra que significa seat, kiseh, também quer dizer um lugar de julgamento, como o “assento” de poder de um rei. Em 1 Crônicas 28:11, a sala do trono do Rei Salomão também é mencionada pelo termo propiciatório. Parece, portanto, que não se tratava necessariamente de uma cadeira, mas um lugar de onde a sabedoria era distribuída, julgamentos feitos e o poder exercido. A palavra equivalente do inglês mais próxima é na verdade oracle (oráculo). Como a tradição dos hebreus proibia a criação de imagens de Deus, este oráculo provavelmente não era uma estátua ou uma estatueta. O livro do Êxodo nos dá a única descrição do propiciatório: “Fez também o propiciatório de ouro puro; o seu comprimento era de dois covados e meio, e a sua largura de um covado e meio” (Ex 37:6)

Essas informações não são suficientes, mas ao julgarmos pelo fato de
que as dimensões dadas são as mesmas da Arca, parece que essa era a sua
tampa. Seja o que for, o propiciatório era o oráculo de Deus, assim como a estátua de Amun era o oráculo da principal divindade egípcia. Uma barca dourada portátil que transportava um oráculo do deus egípcio, e uma arca dourada portátil que carregava um oráculo do Deus dos hebreus — certamente uma deve ter inspirado a outra. Portanto, havia evidências históricas de uma personalidade correspondente, ao perfil de Moisés, havia provas arqueológicas da existência da religião dos hebreus e a Arca se encaixava em um contexto histórico. Eu estava agora em posição de iniciar uma investigação teórica a respeito de uma realidade histórica da relíquia perdida.

Fim do capítulo. Capítulos anteriores em:  


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ES: LLAMA VIOLETA

Julho 24, 2015

chamavioleta

Os segredos da Arca da Aliança, 

parte 1

Posted by Thoth3126 on 16/04/2015



“OS SEGREDOS PERDIDOS DA ARCA SAGRADA” – Capítulo V do livro de Laurence Gardner, Editora Madras, 2003, páginas 67 a 79.

Como o Santo Graal ou o Velocino de Ouro, a Arca da Aliança é uma relíquia principal de demandas sagradas de um antigo povo. Mas em contraste com as características intangíveis dos outros, a Arca mantém uma qualidade física, tendo o seu material de construção sido largamente descrito na Bíblia.

Ela é, apesar disso, um enigma tão grande quanto o Santo Graal e o Velocino de Ouro. Seu propósito de repositório é descrito, mas não se diz a razão de ela ser tão ricamente adornada…


Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

5 – A ARCA DA ALIANÇA

O livro pode ser baixado (em português) aqui: http://searc h.4shared.com/q/CAQD/1/books_office# e/ou www.entreirmaos.net

Conflito no Deuteronômio

… A Arca é retratada com poderes espantosos e mortais, que não são, porém, satisfatoriamente pormenorizados. Não há dúvida de que era a posse mais valiosa dos antigos hebreus; mesmo assim, após quase quatro séculos de registros históricos de sua trajetória, ela desaparece do registro bíblico sem nenhuma explicação.



Segundo a definição, “arca” é equivalente ao latim arca: um baú, caixa ou cofre. Uma coisa escondida ou ocultada em tal caixa é chamada “arcano”, enquanto um profundo mistério é um arcanum (plural arcana), como na alquimia e no tarô.

Um repositório para preservar documentos é um “arquivo” e um item de grande antigüidade é “arcaico” ou “arqueano”. Daí, o estudo de tais itens por meio da escavação e da análise se tornou a “Arqueologia”. As arcas também foram identificadas como naves fechadas, como a Arca de Noé.

A palavra “arca”, como aparece na Bíblia e traduzida do antigo grego da Septuaginta, tem seu paralelo hebraico em ãron — uma caixa ou recipiente, palavra usada para descrever um esquife em Gênesis 50:26 e uma caixa de dinheiro em 2 Reis 12:10.

Desde o livro do Êxodo e durante grande parte do Antigo Testamento, a Arca da Aliança é mostrada em destaque, desempenhando um papel importante na conquista da Terra de Canaã (Palestina) pelos Israelitas. Durante sua história, a Arca matava sem aviso, se as regras para seu manuseio não fossem obedecidas, e a fúria de seu poder desenfreado causava tumores e doenças em uma escala epidêmica. Quanto ao abrigo dos Dez Mandamentos, nada mais se fala além da descrição original. Como vimos, Êxodo 40:20 afirma que Moisés depositou o Testemunho na Arca, mas a referência relacionada aos Mandamentos aparece em uma retrospectiva posterior em Deuteronômio.

Aqui, antes que os israelitas levassem a Arca à Jordânia, Moisés relembra-os de seu grande poder e dos eventos ocorridos no monte Horeb (Sinai). Diz que as tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus, eram aquelas que ele atirara no chão e quebrara diante de seus olhos. Em seguida, conta como fora instruído a talhar mais duas tábuas, nas quais escreveria o que havia nas anteriores e que esses eram os “mandamentos” que ele pusera na Arca.

O fato de as tábuas originais (que supostamente haviam sido escritas com o dedo de Deus) nada terem a ver com as que devem ter sido postas na Arca causou muita consternação ao longo dos séculos. Em termos religiosos, todo o conhecimento a respeito da Arca se baseou nesse ideal, mas os estudiosos do judaísmo sabem que essa é uma falácia histórica. Na tentativa de harmonizar o assunto com o ensinamento clerical, nasceu um conceito de meio-termo durante a Idade Média, quando os teólogos determinaram que provavelmente havia duas arcas! Aquela construída por Bezalel abrigava a Pedra do Testemunho, como explicado no Êxodo 40:20, enquanto a outra (uma cópia) continha as tábuas que haviam sido quebradas por Moisés!



Porém, decidiu-se que a verdadeira Arca de Bezalel foi a que acabou sendo depositada no Templo do rei Salomão. O destino ou fortuna da suposta duplicata com os Mandamentos nunca foi discutido, ao menos pelos historiadores judeus. A noção de uma “segunda” Arca foi agarrada com entusiasmo pela fraternidade cristã na Etiópia. Se os judeus não estivessem interessados em capitalizar sobre a fábula, os cristãos certamente poderiam construir uma nova tradição ao redor dela.

Foi assim que, nos anos 1300 (final do período dos Cavaleiros Templários) , um livro etíope anônimo surgiu, intitulado Kebra Nagast (Glória dos Reis). Durante essa era de infiltração européia nos países africanos, o objeto desse livro era estabelecer a lenda de uma cultura judaico-cristã de longa duração na antiga Abissínia.

Segundo ele, os reis daquele país descendiam de um certo Menieleque, que seria o filho secreto do rei Salomão de Judá e da rainha de Sabá. Não só isso, mas também que Menieleque havia levado a Arca com os Mandamentos à Etiópia. Surpreendentemente, a lenda perdura até hoje, encorajada pela Igreja Ortodoxa Etíope e pela indústria turística de Axum. Diz-se que a relíquia é guardada em uma capela rústica dos anos de 1960 cuja entrada é, obviamente, proibida. De acordo com um porteiro de confiança, que se recusa a falar a respeito da Arca, ninguém (nem mesmo o Patriarca) jamais a viu!.

As discrepâncias entre a passagem de Deuteronômio e o relato mais antigo do Êxodo são consideráveis, mesmo na medida em que, em Deuteronômio, diz-se que o próprio Moisés construiu a Arca (Deuteronômio 10:5). Isso contrasta completamente com os relatos detalhados originais da confecção da Arca pelo artesão Bezalel, que culmina com: “Fez também Bezalel a Arca de madeira de acácia; de dois côvados e meio era o seu comprimento, de um côvado e meio a largura, e de um côvado e meio a altura. De ouro puro a cobriu: por dentro e por fora a cobriu…” (Êxodo 37:1-2). Antes disso, explica-se que Bezalel (assistido por Aoliabe) foi especialmente escolhido pelo Senhor para o trabalho. Assim, por que há um conflito entre o relato do Êxodo e a análise retrospectiva posterior do Deuteronômio?

Atualmente, os estudiosos aceitam que o Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) teve mais de um escritor, desde o comecinho do Antigo Testamento. Não apenas houve mãos diferentes a redigir esse livro e o Antigo Testamento em geral, como os livros em separado emanam de diferentes épocas. Em suma, o Antigo Testamento é uma mistura de relatos colados juntos, cuja presença se faz sentir desde o início. Em Gênesis 1:27 conta-se que Deus criou Adão. Em seguida, em Gênesis 2:7, vê-se Adão ser criado novamente, demonstrando que a mesma história foi contada por dois escritores diferentes.



Na verdade, há duas histórias da Criação bastante distintas em Gênese. A primeira (Gênesis 1:1-2:4) é considerada o trabalho de um clérigo escritor do século VI a.C. (chamado academicamente de “P”) e sua proposta era a glorifícação de Deus por ele ter tirado a Terra da escuridão do Caos. O segundo relato da Criação (Gênesis 2:5-25) vem de uma tradição um pouco mais antiga; seu autor com freqüência é chamado javista (conhecido como “J”) porque introduziu o nome divino de Jeová (Javé). Entre os outros escritores do Pentateuco estão o eloísta (“E”) e o deuteronomista (“D”).

Os livros do Antigo Testamento foram compilados entre os séculos VI e II a.C. Foram iniciados durante o cativeiro dos israelitas na Babilônia e concluídos pelas gerações subseqüentes que haviam voltado à Judéia. Assim, não era uma composição coesa, mas uma série de relatos separados de fontes judaicas e mesopotâmicas. Por isso a repetição maciça em certos pontos: os livros de Reis e Crônicas, por exemplo.

Algo do Antigo Testamento é profético, parte é histórica e parte é escritura assumidamente religiosa. Dentro dessas categorias, o livro de Deuteronômio tem uma base religiosa muito judaica; seus escritores estavam profundamente empenhados em unir as pessoas em uma estrutura comum de crença em uma época de severa penúria e opressão.

Cerca de 800 anos após o período mosaico, Deuteronômio foi moldado intencionalmente como se viesse diretamente da boca de Moisés. Não se tratava tanto de registro histórico (como era mais no caso do Êxodo), mas de criar um ambiente de conhecimento que deveria se tornar Lei. Sua utilização da história foi inteiramente manipulativa; um dos principais objetivos era justificar a violenta invasão de Canaã pelos israelitas, dizendo ter sido a vontade de Deus.



A esse respeito, vemos Moisés afirmar que Deus “destruirá estas nações diante de ti e tu as possuirás” (Deuteronômio 31:3). Outros enunciados similares incluem: “destruí-las-ás totalmente” (20:17) e “Não farás com elas aliança, nem terás piedade delas” (7:2). Claro, não há nenhum registro de que Moisés tenha dito tais coisas, e mesmo antes disso (no Êxodo) nós o vemos enunciando este mandamento completamente oposto: “Não Matarás”.

Esses aspectos historicamente ajeitados de Deuteronômio são apresentados como o roteiro de uma peça; é nesse contexto que encontramos as referências espúrias aos Mandamentos e à Arca. Na prática, Deuteronômio é um relato totalmente reflexivo. Relembra os tempos de Moisés, quando os israelitas eram os invasores, porém expressa as preocupações aplicáveis quando eles próprios estavam sendo invadidos pelo exército babilônico de Nabucodonosor em uma época muito posterior.

A Origem da Bíblia
Vale a pena lembrar que, mesmo no século I da era dos Evangelhos, não havia um simples texto composto à disposição dos judeus em geral. Os diversos livros existiam apenas como textos individuais, como indicam os 38 rolos dos 19 livros do Antigo Testamento encontrados em Qumrân, na Judéia, entre 1947 e 1951. Eles incluíam um rolo hebreu de 23 pés (7 metros) do livro de Isaías, o mais longo de todos os Manuscritos do Mar Morto. Datado de cerca de 100 a.C., é o mais antigo texto bíblico descoberto até hoje.

Tais rolos eram usados em sinagogas, mas não estavam disponíveis para as pessoas em geral. O primeiro conjunto de livros compilados a ser aprovado como Bíblia judaica surgiu após a queda de Jerusalém sob o general romano Tito Vespasiano, no ano 70 d.C. Ela fora compilada com a intenção de restaurar a fé no Judaísmo em uma época de alvoroço social (a palavra Bíblia vem do substantivo plural grego bíblia, que significa “uma coleção de livros”).

Em sua forma composta do século I, o Antigo Testamento foi escrito em um estilo hebraico que consistia apenas em consoantes. Em paralelo com isso, uma tradução grega surgiu para atender ao número crescente de judeus helenistas falantes de grego. Essa versão ficou conhecida como a Septuaginta (do latim septuaginta: setenta), porque 72 estudiosos trabalharam na tradução. Tempos depois, no século IV d.C., São Jerônimo fez uma tradução em latim a partir do hebreu para subseqüente utilização cristã; essa versão foi chamada de Vulgata por causa de sua aplicação “vulgar” (geral).



Por volta de 900 d.C., o antigo texto hebreu surgiu em uma nova forma, produzido por estudantes judeus conhecidos como Masoretas porque anexaram a Masorah (um conjunto de notas tradicionais) ao texto. Conhecido como Codex Petropolitanus, a cópia mais antiga existente dessa versão vem de menos de mil e cem anos atrás, em 916 d.C.

Atualmente, podemos trabalhar a partir do texto masorético, da Vulgata latina ou das traduções para o português ou outras línguas. Mas, qualquer que seja o caso, permanece o fato de que esses livros todos pertencem a nossa era atual, tendo sido submetidos a correções tradutórias e interpretativas. A Septuaginta grega é um pouco mais confiável (pois é baseada em textos do século III a.C), mas retificações do século I e subseqüentes, assim como variações de tradução, acabaram por separar até mesmo essa versão do verdadeiro original.

A Morada de Deus
Costumeiramente, considera-se o Tabernáculo da Congregação como o elaborado santuário erigido no Sinai para abrigar a Arca da Aliança. Essa extravagante construção, porém, está confinada aos aspectos Clericais (“P”) do Pentateuco e não se conforma à Tenda da Congregação, muito mais simples, descrita em outra parte do texto. A esse respeito, os registros eloísticos (“E”) fazem afirmações como: “Ora, Moisés costumava tomar a tenda e armá-la para si, fora, bem longe do arraial” (Êxodo 33:7-11).

Mais adiante, há um apontamento dos mais interessantes, que traz muita semelhança ao item do Gênesis 3:8-9, quando o Senhor andava pelo Jardim do Éden, tendo perdido Adão de vista. No Êxodo, somos novamente lembrados, algo abruptamente, de que havia uma diferença distinta entre o Deus misterioso cuja presença emanava da radiância da Arca e o Senhor da Montanha El Shaddai, retratado com um comportamento muito equilibrado.

O Êxodo 33:11 relata que, na entrada da Tenda da Congregação, “falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer homem fala a seu amigo”. Referências similares podem ser encontradas em Números 11:16-30 e 12:4-9. Não há similaridade aparente entre a honesta tenda do eloísta, armada fora do arraial, e o poderoso Tabernáculo do Clérigo, situado no centro do arraial com seu exército de assistentes e guardiães levitas. Porém, esse Tabernáculo imensamente opressivo, com seu grande altar de bronze, é o mais lembrado como o protótipo, mais tarde reproduzido pelo Templo construído em Jerusalém por Salomão.


O que restou do segundo templo, construído em torno de 535 a.C. e destruído pelas legiões romanas de Tito Vespasiano em 70 d.C. sobrando apenas o hoje denominado “Muro das Lamentações”, tendo acima a Mesquita O Domo da Rocha, com sua cúpula dourada adornada por folhas de ouro.

Além de todo o seu mobiliário, tapeçarias, anéis e adornos ricamente descritos as paredes do Tabernáculo eram construídas de tábuas retas de 4 metros de altura e 69 cm de largura. Havia mais de quatro dúzias de tábuas na largura, com cantoneiras adicionais, em uma proporção de 3:1 de 13,7m x 4,6m e 4,5m de altura. Era todo coberto e envolvido de linho pesado e peles de bode; dentro dele, em um cortinado de 4,5 metros, ficava o Santuário da Arca. Já se sugeriu que a definição citada de “tábuas” talvez fosse má tradução de “molduras”, mas os antigos termos técnicos são obscuros, de forma que é difícil dizer qual deles é mais acurado.

De qualquer modo, temos aqui algo que não era nada portátil — como supostamente deveria ser. Porém, há mais. Essa construção (uma construção coberta de madeira, mais que uma tenda) foi feita dentro de um recinto de 45,7m x 22,8m: o Átrio da Morada (45,6 x 22,8m) — o tamanho aproximado de uma piscina olímpica. Era limitado por 60 colunas de madeira com bases de bronze e cerca de 137m de cortinado pesado, até uma altura de 2,28m.

Para o transporte, as dimensões, o volume e o peso disso tudo seriam imensos, se a descrição fosse verdadeira. Não surpreende que o Tabernáculo (hebreu: Mishkan, Morada) tenha diminuído na narrativa que vem logo depois de a jornada dos israelitas ter-se iniciado. Em Josué 18:1, menciona-se que ele foi erigido em Siloé após a batalha de Jericó e, de acordo com 1 Reis 18:4, foi erguido novamente em Jerusalém quando Salomão dedicou o Templo. Nesse ínterim, 1 Crônicas 15:1 explica que Davi armara uma nova tenda para a Arca.

Publicado originalmente em Março de 2013.

Continua …

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Abril 18, 2015

chamavioleta

Os segredos da Arca da Aliança, final

Posted by Thoth3126 on 18/04/2015


Capítulo V do livro “OS SEGREDOS PERDIDOS DA ARCA SAGRADA” de Laurence Gardner, Editora Madras, 2003, páginas 67 a 79.
Como o Santo Graal ou o Velocino de Ouro, a Arca da Aliança é uma relíquia principal de demandas sagradas de um antigo povo. Mas em contraste com as características intangíveis dos outros, a Arca mantém uma qualidade física, tendo o seu material de construção sido largamente descrito na Bíblia. Ela é, apesar disso, um enigma tão grande quanto o Graal e o Velo de ouro. Seu propósito de repositório é descrito, mas não se diz a razão de ela ser tão ricamente adornada… 

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com 

5 – A ARCA DA ALIANÇA 

O livro pode ser baixado (em português) aqui:
 
Carros e Querubins 

A Arca recebe sua primeira menção bíblica em Êxodo 25:10-22, quando o Senhor dá as especificações para sua manufatura. Com as medidas do cofre principal dadas em cúbitos, considerando-se 46cm como o cúbito padrão, ela tinha 1,13m de comprimento, 68cm de largura e 68cm de altura. Como o cúbito era uma medida variável, com freqüência considerado como 55cm, ela poderia ter 1,4m de comprimento por 83,5cm de altura e largura, ou algo entre essas duas medidas. 

Acima: A Razão Áurea, o número Phi e como ele é utilizado para a criação de tudo na natureza, desde uma galáxia à minúscula concha do nautilus. 

Qualquer que seja o caso, a razão precisa entre largura/altura-comprimento parece ser de 1 : 1,666 (n.T. – Na verdade a razão deveria ser o Número Áureo = 1,61803398875 = Φ conhecido como PHI {Φ/φ}, a razão da proporção divina usada na criação de tudo que é material, desde o corpo humano a uma galáxia, um pássaro, uma árvore, enfim a criação total. Saiba Mais em: http://pt.wikipedia.org). 


A razão Áurea é utilizada na construção harmônica do corpo humano, conforme demonstra o desenho do Homem de Vitruvio. 

A caixa era de “madeira shittim” (em geral se admite que fosse acácia, mas traduzida diretamente do antigo grego da Septuaginta seria “madeira incorruptível”), folheada por dentro e por fora com ouro puro. Em torno do perímetro superior, ela era adornada com uma coroa retangular. Em cada ponta dos lados mais longos, havia um anel fixo de ouro — quatro anéis ao todo para encaixar as duas varas de transporte, também feitas de madeira shittim, folheada a ouro. 

Nesse estágio da descrição, conta-se que um dispositivo chamado “propiciatório” é colocado no alto da Arca — suas dimensões são precisamente as mesmas dos cantos externos da caixa aberta: 1,13m x 68cm (1:1,666, n.T ou ainda 1,61803398875). Era, na verdade, uma tampa segura pela orla exterior que coroava o cofre. Não havia, porém, madeira na tampa; era uma laje de ouro puro, que devia ser bastante grossa para não arquear. A palavra hebraica relevante para “propiciatório” (kapporeth) se traduziria melhor como “cobertura”, enquanto a Septuaginta a especifica como uma “tampa”, definindo-a como um “propiciatório”, um lugar de apaziguamento. 

Em cada ponta dessa tampa havia um querubim de ouro sólido; eles ficavam um de frente para o outro, com as asas dobrando-se para dentro, acima do propiciatório. Finalmente, conta-se que Deus comungaria com Moisés do espaço acima da tampa, entre os querubins (essas descrições são todas repetidas no Êxodo 37:1-9, que conta a confecção da Arca por Bezalel de acordo com essas especificações). 

A maior dificuldade ao se pensar na Arca é a natureza dos querubins, pois o Senhor anteriormente dera a seguinte ordem: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há acima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra” (Êxodo 20:4). Se os querubins fossem representações angélicas, como popularmente se retrata, a regra divina teria sido quebrada desde seu nascimento. Não muito antes desse projeto de manufatura, Moisés, sustentando o que lhe fora ditado, admoestara Aarão por fazer um bezerro de ouro (Êxodo 32:20-21). Portanto, é inconcebível que ele houvesse pedido a Bezalel que que fizesse um par de anjos de ouro. 


Reprodução de gravura do Arco do Triunfo erigido por Tito Vespasiano para comemorar sua vitória sobre os judeus e a destruição de Jerusalém e do Segundo Templo (Herodes) em 70 d.C. O quadro retrata o transporte das riquezas do templo, entre eles o Menorah e a Arca da Aliança. 

Com relação a isso, não devemos ser automaticamente levados a crer que os querubins eram representações de formas de vida apenas porque tinham asas. Aviões têm asas, xícaras têm asas, cântaros têm asas. “Asa” é simplesmente uma projeção lateral que se estende a partir do corpo principal de um objeto. Não devemos também ser desviados pelas criaturas aladas encontradas no artesanato egípcio e mesopotâmico. 

Isso não quer dizer que os compiladores do Êxodo no século VI a.C. não tenham sido influenciados por tais imagens ao descrever a Arca, que aparentemente estava perdida para eles naquela época (cerca de quatrocentos anos depois de ela ter sido instalada no Templo de Salomão). Se ela estivesse no Templo imediatamente antes da invasão de Nabucodonosor e nos setenta anos do cativeiro da Babilônia, em 586 a.C., o último sacerdote israelita a ter visto a Arca provavelmente devia ter morrido nesse ínterim, deixando os querubins abertos a interpretação. Mesmo excetuando-se essa possibilidade, o fato é que (em qualquer estágio de sua residência no Templo) apenas o sumo sacerdote via a Arca. 

Os escribas do Êxodo não teriam uma experiência pessoal e podiam apenas basear sua descrição na tradição e no diz-que-diz. O uso angélico popular da palavra querubim foi desenvolvido pela instituição judaico-cristã como forma plural de cherub. Isso significa que “Querubins” (de acordo com as traduções do Antigo Testamento) constitui um duplo plural, o que é impossível. O erro está parcialmente corrigido em alguns lugares — como no Êxodo 25:18-19 (na Bíblia inglesa King James), que se refere a “dois querubins”, com um “querub” em cada ponta. 

O mesmo é dito em Êxodo 37:8. Porém, a Septuaginta e outros textos antigos não cometem o erro, referindo-se geralmente a querubs, em vez de querubins. Para melhores indícios quanto à natureza de querubim, devemos considerar o uso primitivo da palavra. Em termos bíblicos, encontramo-lo pela primeira vez em Gênesis 3:24, quando (mais semelhantes a carros armados que a anjos) querubins e uma espada flamejante, que se revolvia, foram usados para proteger a Árvore da Vida. Há também um tratado do século III de Alexandria, pouco relacionado à Bíblia, intitulado “A Origem”. Fala da imortal Sofia, a deusa da sabedoria, e do governador Saboath, que “criou um grande trono em um carro de querubim com quatro lados”. 

O termo “querub” vem do antigo semítico kerúb, que significa “mover-se”. Assim, “querub” é nome derivado de um verbo; sua pronúncia correta é “qerub”. Conseqüentemente, é significativo que, onde quer que apareçam formas de identificação para querubs ou querubim (na Bíblia ou alhures), eles são, em todos os casos, retratados como espécies de tronos móveis, de origem celestial e associados com vôo. 


A mais clara de todas as histórias bíblicas que trata dos querubim como carros ou tronos móveis vem do livro de Ezequiel — o profeta cujas visões obsessivas estão entre os episódios mais comoventes do Antigo Testamento. 

Certamente não são representados como criaturas independentes. Tal identificação particular ocorre muitas vezes no Antigo Testamento. Ao falar do Senhor em uma missão de salvamento, tanto 2 Samuel 22:11 como o Salmo 18:10 afirmam: “Cavalgava um querubim, e voou; e foi visto sobre as asas do vento”. Ezequiel 9:3 refere-se a Deus sobre um querub, afirmando: “[Ele] se levantou do Querub sobre o qual estava, indo até a entrada da casa”. 

Da mesma maneira, 1 Crônicas 28:18 associa diretamente os guardiães querubins da Arca no Templo de Salomão com “carros”. Sabendo que esses querubins não pertenciam à popular variedade angelical, Josefo sustentou, em seu Antigüidades Judaicas do século I, que: “Ninguém pode dizer, ou mesmo conjeturar, qual era a forma desses querubins. “Na mesma época, o filósofo judeu Filo (30 a.C.-45 d.C.) escreveu que, não importando a aparência dos querubins da Arca, ele sentia que deviam simbolizar a sabedoria. 

A Oxford Word Libraryy especifica que a raiz fundamental de “querub” é obscura. Era, porém, ligada a uma noção de transporte; uma antiga alternativa a kerüb (mover-se) era erüb. Temos, assim, uma associação direta com as formas variantes Choreb e Horebe, como era chamada a montanha sagrada de Moisés. Era, portanto, o Monte dos Querub, ou a Montanha Querub.

Quanto à associação dos querubs com tronos, a Bíblia certamente conta que, em certas ocasiões, o Senhor sentou-se no propiciatório da Arca: “Ele está entronizado acima dos querubins”. Também se confirma que Ele comungou com Moisés a partir desse trono: “[Ele] ouvia a voz que lhe falava de cima do propiciatório”. A esse respeito, não há dúvida, segundo o texto, de que estamos no mundo físico de El Shaddai. 

Mas havia também o aspecto metafísico da Arca-luz (a presença percebida do Deus onipotente), que residia permanentemente entre os querubins e era classificada como uma “perigosa custódia” para os levitas. O Judaísmo filosófico entende que a Arca representa um trono celestial, mas concentrou sua admiração no “tubo de fogo” e nas “faíscas que saíam do querubim”, mais do que naquilo que a caixa poderia conter. Porém, no Talmude, aponta-se que Moisés pusera duas safiras (pedras sappir) na Arca. Eram feitas do mesmo cristal Schethiyâ do qual a própria vara de Moisés era feita (no relatório de Petrie dos itens descobertos no Templo de Serâbit, no monte Horebe, havia varas de um material azul-esverdeado, duro e não identificado). 

A mais clara de todas as histórias bíblicas que trata de querubim como carros ou tronos móveis vem do livro de Ezequiel — o profeta cujas visões obsessivas estão entre os episódios mais comoventes do Antigo Testamento. Não obstante tudo o que descobrimos a respeito de tronos móveis e da corrida dos kerübs ao vento, Ezequiel acrescentou uma intrigante dimensão extra, pois seus querubs têm asas. Ezequiel era um dos sacerdotes de Jerusalém que, em 598 a.C, foram deportados para a Babilônia, junto com o rei Joaquim de Judá (2 Reis 24:12-16). Com outros exilados, ele se estabeleceu onde hoje era o Iraque, na Babilônia e provavelmente passou ali o resto de sua vida. 

Não é importante debater se o que conta Ezequiel é verdadeiro ou não; de qualquer maneira, ele chama suas histórias de visões. O importante é que elas servem, melhor do que qualquer outra história bíblica, para identificar a natureza dos querubins como eram vistos naquele tempo — não como garotos celestiais, mas formidáveis maquinismos que subiam e se elevavam aos ares por meios mecânicos. 


Hoje são chamados de ovnis e/ou UFOs, no passado poderiam ter sido chamados de querubim? 

Ezequiel explica: “Olhei, e eis quatro rodas junto aos querubins… o aspecto das rodas era brilhante como pedra de berilo. Quanto ao seu aspecto, tinham as quatro a mesma aparência; eram como se estivesse uma roda dentro da outra. Andando, elas podiam ir em quatro direções, e não se viravam quando iam; para onde ia a primeira seguiam as outras… Andando os querubins, andavam as rodas juntamente com eles; e levantando os querubins as suas asas, para se elevarem de sobre a terra, as rodas não se separavam deles”. 

Em outra ocasião, Ezequiel acrescenta ainda mais informação a respeito de luzes e anéis giratórios ruidosos. Ele conta que um grande furacão veio do norte, cuspindo fogo. Do meio das chamas surgiria aquilo que parecia ser quatro seres viventes, cada um com quatro asas e pernas direitas, brilhando como bronze polido. Seus pares de asas estavam unidos; tinham, todos, as faces de um homem, um boi, um leão e uma águia, uma de cada lado. Elas voaram para frente, resplandecendo como lâmpadas e soltando relâmpagos (essa cena misteriosa e intrigante foi extraordinariamente representada na dramática pintura Visão de Ezequiel de Sir Peter Robson; ver prancha 5). 

Havia anéis assustadores sobre elas, ruidosos como águas caudalosas; o fenômeno voador era verde como o berilo e parecia ser cheio de olhos. Elas também tinham rodas que se dobravam junto a elas ao voar, e cada uma delas tinha um cristal semelhante ao firmamento sobre a cabeça. Mas quando eles pararam e abaixaram suas asas, havia um trono; sobre ele estava sentada uma figura semelhante a um homem, por cima de cada firmamento iluminado. Espetáculos flamejantes com rodas aparecem novamente em Daniel 7:9: “O seu trono era chamas de fogo, cujas rodas eram fogo ardente”. Há menção a um veículo similar em 2 Reis 2:11, que conta como um carro de fogo levou Elias em um redemoinho para o céu. No livro de Isaías (6:1-2), também se fala de um querub transportado pelo ar, que nos apresenta outro fenômeno intimidante do Antigo Testamento. Isaías descreve o trono esvoaçante e continua: “Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas”. 

Serafins flamejantes aparecem com grande regularidade em antigos documentos. O fato de eles serem ígneos é consistente com a palavra seraph, que está relacionada a um antigo termo hebreu que significa “chama”. Algumas vezes eles têm propriedades destrutivas espantosas, como em Números 21:16, quando grande parte da população de Israel morreu depois que o Senhor mandou serpentes de fogo (serafim) sobre eles. Tais histórias não se limitam aos países do Oriente Médio. Relatos similares do mesmo período vêm do Tibete, da Índia, da Escandinávia e de outros lugares. Todos os escritos falam de carros celestiais que cospem fogo e mercúrio e de pássaros trovejantes com asas de bronze. Sem uma boa quantidade de especulação, é impossível examinar os porquês e os para quês exatos de tais dispositivos aparentemente automáticos, com suas asas rotativas barulhentas, rodas dobráveis, compartimentos polidos e iluminados e homens dentro. 


O Batismo de Jesus do artista holandês Aert de Gelder, que está no Fitzwilliam Museum. 

Apenas se pode apresentá-los assim como aparecem nos antigos textos. É certo que esses carros voadores (querubim) com os serafim que os acompanham (auxiliares igneos, em forma de dragão) nunca foram, naquela época, classificados como anjos, cuja posição na Bíblia e em outros lugares era bastante diferente. Um fato interessante, e possivelmente relacionado, é que a noção de dispositivos voadores não desapareceu com a antiga mitologia. O mundo da arte pictórica, desde os tempos primitivos, através da Renascença européia e depois, traz uma variedade de imagens com óvnis lançando raios de luz que de alguma maneira se relacionam com importantes acontecimentos religiosos na Terra. Um exemplo do século XVII seria “O Batismo de Jesus”, do artista holandês Aert de Gelder, que está no Fitzwilliam Museum, Cambridge . 

Uma Essência Divina

Apesar disso tudo, deve-se concluir que os querubim que encimavam a Arca da Aliança não eram tronos móveis dos deuses. São apresentados como extensões funcionais da tampa de ouro; não há referências a uma suposta capacidade voadora da Arca; apenas de levitar e se mover por vontade própria. Esses querubs não podiam ser muito grandes mas, qualquer que fosse seu formato e tamanho, seu significado aparentemente estava ligado à força mortal que supostamente habitava entre eles, sobre a grande laje de ouro. Entretanto, eles eram chamados kerübs e portanto deveriam ter alguma ligação com o fenômeno de Ezequiel, Isaías, Elias e Daniel. Sob esse aspecto, a Arca e os tronos esvoaçantes eram artefatos extraordinários de poder, que cuspiam fogo e luz de um tipo que claramente não eram chamas comuns. Eles eram igualmente espantosos em sua habilidade destrutiva, o que, novamente, não era a regra durante aquele período. Se a palavra kerüb denotava um aparelho dirigível, uma palavra comparativa de hoje em dia seria “mecanismo” (em inglês, engine, de ingeny: uma invenção engenhosa), igualmente aplicável a uma máquina estacionária ou um dispositivo voador. 

Além do Urim e do Tumim se ativarem na presença da Arca, a Bíblia a explica também que o poder da Arca era mortal. Dois dos filhos de Aarão, Nadab e Abihu, foram mortos pelo fogo que jorrou da Arca (Levítico 10:1-2), que o Talmude diz serem raios “tão finos quanto linhas”. E quando Uzá, o carreteiro, tentou segurar a Arca quando os bois tropeçaram, foi fulminado no momento em que a tocou (1 Crônicas 13:10-11). Quando não estava no carro, a Arca tinha de ser carregada com varas independentes, que eram passadas por anéis; apenas os sumos sacerdotes levitas (Aarão, Eleazar e seus sucessores), vestidos de maneira muito particular, tinham a permissão de se aproximar muito. Eles tinham grande quantidade de ouro em seu traje especialmente desenhado — um peito de armas de ouro, preso a anéis de ouro, correntes e diversos outros acessórios em torno de seus corpos (Êxodo 28:4-38). Eram também instruídos a tirar seus sapatos e lavar seus pés “para que não morressem” ao se aproximar da Arca (Êxodo 30:21). 

Da mesma maneira, aqueles que transportavam a Arca em suas varas eram instruídos a andar descalços. As descrições de trajes e procedimentos especiais para se aproximar da Arca, embora aparentemente muito precisas no texto, são na verdade vagas e confusas. Isso não surpreende, pois os escribas do Antigo Testamento de uma época posterior não partiam de nenhum conhecimento prático. Seu ponto de vista vinha de uma base tradicional enquanto, ao mesmo tempo, eles confundiam em todos os momentos toda a experiência do Sinai com uma religião resultante que se desenvolvera nesse ínterim (devoção, em oposição à oficina). Considerando tudo, porém, há informação suficiente para determinar que, seja no chão ou no ar, o extraordinário poder arcano dos kerübs era eletricidade de alta tensão. 

Podemos voltar agora à etimologia arquita com a qual este capítulo se iniciou, continuando a partir do grego ark, com seu equivalente latino arca: uma caixa ou baú. Na antiga França, arca se tornou arche, que passou para o inglês no início da Idade Média. A impressão de William Caxton, em 1483, da The Golden Legend, de Jacobus de Voragine, refere-se à Arca da Aliança como a “Arche dos Testamentos”. Posteriormente, a palavra arche se tornou arch, e depois are, que é a forma própria do inglês para ark, hoje em dia. Nesse período, foi feita uma associação direta, no período gótico, com um arco, como em “arquitetura”, “arcada”, e “arquitrave”. 

Dado que “arquear” significava ir além ou estender-se, a palavra começou a ser usada como “acima” ou “cabeça”, como em “arquiduque”, “arcanjo” e “arcebispo”. Unindo esses aspectos da morfologia, há a emblemática representação da Maçonaria do Real Arco, projetada em 1783 por Laurence Dermott, Secretário da Antiga Grande Loja da Inglaterra. Sua imagem representa um arco arquitetônico que abriga a Arca da Aliança, uma arca dentro de um arco. O ponto, aqui, é que arca e arco são mutuamente dependentes, pois cada um deles está em um estágio de recinto protetor (latim: archeo). 


Se o Antigo Testamento fosse escrito hoje em dia, a Arca da Aliança seria corretamente chamada Arco do Testemunho. Como recinto protetor, o Arco do Testemunho supostamente incorporava a verdadeira essência da luz e da energia; era uma manifestação do supremo poder de Deus. Mas, uma vez que se tratava de um dispositivo manufaturado, de onde derivava essa essência elétrica? Encontramos imediatamente uma pista na utilização original da palavra hebraica ãron que, conforme já vimos (como arca), definia uma caixa. Porém, era mais especificamente uma caixa de acumulação; o significado da antiga raiz de ãron era o verbo “reunir” ou “reunião”. 

O poder era reunido e estocado pela própria caixa, enquanto a mais terrível descarga (quando o Urim e o Tumim estavam presentes) era vista como um julgamento definitivo. Era percebida como a Luz e a Perfeição, uma inspiração oracular divina do grande Arconte (antiga palavra grega que significa “recipiente” ou “arco”). Os Arcontes que proferiam seus poderosos julgamentos eram conhecidos como Governantes da Totalidade; um antigo texto grego intitulado “A Hipóstase dos Arcontes” trata do carro da Fundação, que se elevava acima das forças do Caos — um carro chamado Querubim. 

Fim 


Primeira parte em:
http://thoth3126.com.br/os-segredos-da-arca-da-alianca-dada-aos-hebreus/

Permitida a reprodução desde que mantida a formatação original e mencione as fontes.

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Dezembro 08, 2014

chamavioleta

Livro Os Cavaleiros Templários 

e a Arca da Aliança, 

de Graham Phillips, Editora Madras. 

Capítulo XI  

 O Fogo Divino

Posted by Thoth3126 on 08/12/2014

 


Nos tempos medievais, certas fontes naturais eram consideradas sagradas, visto que acreditava-se que suas águas continham propriedades de cura. Geralmente, a Igreja consagrava uma fonte em homenagem a um santo em particular e construía um pequeno santuário sobre ela, transformando-a em um poço sagrado.

O poço onde Jacob Cove-Jones afirmava ter encontrado a mão de chumbo era um desses lugares. Localizado a cerca de um quilômetro ao norte da Igreja de Burton Dassett, ele está, hoje, coberto por uma construção de pedras retangulares e lisas do século XVII, com aproximadamente três metros de comprimento por dois metros de largura e um metro e meio de altura.

“E a arca da sua aliança foi vista no seu templo; e houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e terremotos e grande saraiva”. Livro do Apocalipse 11:19

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Livro Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança, de Graham Phillips, Editora Madras – Capítulo XI – O Fogo Divino

Fonte: http://www.grahamphillips.net/

Um lance de degraus nos leva de uma abertura inferior à frente, para dentro de um tanque vazio, com cerca de um metro abaixo da superfície. Essa parte mais baixa é muito mais antiga do que o restante da estrutura e existe desde a época da construção da Igreja de Todos os Santos. Imagina-se que foi em algum lugar ali que Jacob Cove-Jones fez sua descoberta. Infelizmente, a estrutura mais baixa do poço estava em condições tão ruins que era impossível dizer se, algum dia, existiu um compartimento secreto naquele lugar, como afirmou Cove-Jones.

Posso não ter conseguido encontrar evidências no poço que me ajudassem a determinar a verdade, ou mentira, da descoberta de Cove-Jones, mas não estava propenso a descartar suas afirmações com base nas mesmas alegações
de seus contemporâneos. Embora tenham, originalmente, datado a mão de chumbo como do mesmo período da construção inicial do poço, os especialistas, posteriormente, decidiram que Cove-Jones a havia comprado na loja de antiguidades e que inventou a história toda de tê-la achado no poço.



O museu local, ao que parece, por fim, decidiu que a suposta descoberta era uma farsa, simplesmente porque Cove-Jones se recusara a explicar como os murais da igreja tinham-no levado até ela. Embora isso fosse compreensível, eu tinha a impressão de que o homem tinha outros motivos para manter seu segredo: ele estaria defendendo seu achado. Cove-Jones pode muito bem ter imaginado que se revelasse o que havia descoberto dos murais na igreja, outros iriam tomar posse dos detalhes de sua pesquisa e passariam a procurar os tesouros.

Suas razões podem muito bem explicar que seu desejo não era enganar as pessoas, como o museu local acreditava, mas simplesmente o de querer preservar seu interesse próprio. Ele podia apenas estar esperando até que conseguisse encontrar mais coisas antes de desvendar todos os detalhes do que descobrira. Se essa fosse a verdade, os resultados não teriam passado de uma infeliz questão de interesses. A reação de Cove-Jones de ter sido rotulado como uma fraude o fez não apenas manter suas descobertas para si, como também ter feito tudo que estivesse ao seu alcance para esconder seus achados.

Uma outra razão que levou o museu e outras pessoas a se recusarem a levar Cove-Jones a sério foi a bem elaborada trilha do tesouro que ele criou. Se ele tinha, de fato, encontrado os outros artigos que dizia ter achado, então, por que não mostrá-los ao mundo? Por que escondê-los novamente e em seguida criar uma insana trilha de pistas? O Sr. Baylis achava que aquela era a forma encontrada por Cove-Jones para perturbar seus historiadores contemporâneos. No entanto, havia uma outra possibilidade.

Era comum, durante o final do século XIX, ver colecionadores de riquezas de antigas relíquias esconder uma ou mais de suas valiosas propriedades no final de uma trilha de mensagens codificadas como uma espécie de epitáfio pessoal, guardada para que gerações futuras pudessem decifrá-las. Na verdade, eu mesmo havia seguido uma dessas trilhas, que me levou até um pequeno cálice de ônix, que o proprietário vitoriano acreditava ser o original Santo Graal. Na realidade, as pistas criadas por Cove-Jones eram muito parecidas.

Naturalmente, as autoridades do museu podiam estar certas a respeito de Cove-
Jones. Não havia como saber com certeza. Contudo, se ele havia inventado tudo aquilo, por que escolher uma mão de chumbo como o artefato no poço? Era um objeto nada comum impossível de ser identificado por outras pessoas. Cove-Jones era um homem rico, e portanto, se ele tivesse decidido comprar um artefato em uma loja de antiguidades, como o museu acreditava, por que ele não teria escolhido algo mais espetacular e adequado, como uma antiga tigela de prata ou um cálice de ouro?

O que quer que fosse a mão, não podia ser um dos itens da capela de Herdewyke da época de Ralph de Sudeley, que — de acordo com a teoria de Cove- Jones — eram os tesouros que as pistas dos murais o levaram a encontrar. O Sr. Baylis havia me garantido que a mão tinha cerca de 650 anos de idade, porque sua mãe a tinha avaliado na década de 80. Especialistas em arte que a examinaram na época, disseram que seu método de produção era, sem dúvida alguma, do estilo das obras da metade do século XIV.

Obviamente, Cove-Jones pode ter tido todos os tipos de motivos que eu nem poderia imaginar, mas pelo que vi, não tinha a menor possibilidade de simplesmente descartar suas alegações, como os especialistas haviam feito. Contudo, se Cove-Jones havia encontrado a mão de chumbo no poço depois de decifrar os murais da igreja, o que ela representava? Apesar do artefato não ser uma das supostas relíquias que ficaram expostas na capela da preceptoria de Herdewyke, o objeto sem dúvida parecia corresponder as pinturas na igreja.

Acima e abaixo das duas pessoas que seguravam o cálice e a cabeça cortada, havia desenhos espirais vermelhos, muito parecidos com a espiral de prata na palma da mão. Se a descoberta era verdadeira, obviamente, esses simbolismos tinham de ter algum significado que indicasse os Templários de Herdewyke. Quando vi os espirais pela primeira vez na igreja, tinha certeza de já ter visto algo daquele tipo. Foi somente depois de revelar as fotos que tinha tirado no Vale de Edom que percebi do que se tratava. Em uma cordilheira de pedras que ficava na metade dos degraus que nos conduziam a Jebel Madhbah, havia uma alcova entalhada na lateral do penhasco que tinha um bloco de pedra esculpido, que acreditavam ser um altar dos edomeus.


Igreja Templária de Todos os Santos construída em torno de 1330, os templários conseguiram o dinheiro para construir uma nova igreja em Burton Dassett.

Tinha tirado uma foto da alcova que mostrava que, ao lado da pedra do altar, havia um desenho entalhado na rocha — uma impressão de duas espirais entrelaçadas. Ao ver a fotografia, perguntei a diversos historiadores e arqueólogos se sabiam dizer qual era o significado das espirais, mas ninguém tinha explicação alguma. Se o pictograma fosse da mesma época do altar, o símbolo poderia ser relacionado à religião dos edomeus, que tinha alguma ligação com sua montanha sagrada. Se isso fosse verdade, essa seria mais uma conexão entre Jebel Madhbah e os Templários de Herdewyke.

Infelizmente, não havia como sabermos, com certeza, a idade dos espirais de Jebel Madhbah; eles podiam até ter sido grafitados por um turista dos dias de hoje. Apesar de tudo, os espirais me deixaram intrigado. Foi quando perguntei a um senhor, que conheci na Igreja de Burton Dassett, se ele tinha alguma idéia do que os espirais no mural representavam, que uma perspectiva totalmente nova se abriu com relação às minhas pesquisas a respeito dos segredos da Arca perdida.

Eu tinha voltado à igreja e estava ocupado tirando alguma fotos dos murais, quando uma voz vindo de minhas costas me fez saltar surpreso. “Essas são algumas das mais antigas decorações de igrejas no país.” Voltei minha atenção e me deparei com um homem de estatura baixa, que usava uma barba e tinha cabelos grisalhos com cerca de sessenta anos de idade. “É.. sim. Tem algum problema se eu tirar algumas fotos?” eu disse, surpreso por não estar mais sozinho no local. O lugar ecoava com estardalhaço, porém eu não o tinha ouvido se aproximar.

“Fique à vontade”, ele disse com um sorriso. Deduzi que devia ser o guarda responsável pela igreja, quando começou a acender as velas do altar e me deixou continuar a tirar as fotos. “Você faz alguma idéia de qual o significado dos murais?” Perguntei a ele quando terminei. O homem me respondeu praticamente tudo o que eu já sabia a respeito dos desenhos terem confundido muitos especialistas, até que lhe perguntei o que ele achava que os espirais representavam. “Essa é só minha simples teoria, mas eu acho que têm alguma ligação com as aparições no poço“, ele disse, chamando-me para que o acompanhasse até o lado de fora.

Paramos próximo ao poço enquanto ele me contava como algumas pessoas haviam tido visões miraculosas de santos e anjos relatadas naquele local durante a Idade Média. “As pessoas até hoje vêem coisas estranhas aqui, embora não as considerem mais como milagres”, ele disse. Ouvi com grande interesse quando ele começou a contar a respeito de uma ocorrência que fora relatada por um antigo vigário. Uma noite, o vigário estava saindo de casa do outro lado da estrada quando notou um brilho vermelho vindo de dentro da estrutura do poço. Ele estava prestes a começar a investigar o que podia ser aquilo, quando teve um dos maiores sustos de sua vida.

Uma bola de luz vermelha como fogo, que descreveu como tendo cerca de trinta centímetros de diâmetro, saiu do poço e flutuou pela estrada, a alguns metros do chão. Quando a bola chegou no pilar do portão próximo à entrada da casa dele, ela soltou um estouro forte e algo, que parecia a faísca de um relâmpago em miniatura, saiu de dentro dela e pôs fogo no portão de madeira. Enquanto o vigário assistia àquilo em choque, a bola de luz misteriosa encolheu ficando do tamanho de uma bola de tênis e saiu em disparada pelo ar em movimentos espirais, desaparecendo de vista no céu escuro. “Eu conheço várias pessoas que dizem ter visto essa luz estranha”, disse o homem. “O que ela é — quem pode dizer? Mas eu deduzo que era essa mesma aparição que as pessoas nos tempos antigos achavam que eram anjos ou santos.”

O homem conseguiu me deixar mais estupefato do que podia imaginar. O que ele descrevia parecia ser exatamente as estranhas bolas de luz relatadas em Jebel Madhbah. “Você disse que achava que essas aparições tinham alguma ligação com os murais?” eu perguntei. “Sim. As pessoas que viram a luz, geralmente a descrevem como algo que desaparece no ar com um movimento espiral. Você sabe, o mesmo que acontecia quando brincávamos com aquelas estrelinhas de fogos de artifício na infância. O ponto de luz que se espalha em alta velocidade deixa uma imagem visual circular em nossos olhos. Eu acredito que as pessoas que pintaram os espirais nos murais estavam tentando representar o que tinham visto.

“Claro que eles achavam que aquilo era um milagre.” Eu ia perguntar ao homem se ele próprio já tinha visto a luz, mas ele disse que precisava cuidar de alguma coisa na igreja e voltou para dentro. Por algum tempo, examinei a estrutura do poço mais de perto e fui até o outro lado da estrada para dar uma olhada no pilar do portão que, pelo que diziam, tinha sido posto em chamas pela estranha luz. O portão, porém, parecia ter sido trocado recentemente. Depois de quase dez minutos, voltei a igreja, na esperança de poder conversar mais com o homem a respeito da luz, mas ele não estava mais lá dentro. Caminhei ao redor do cemitério por alguns instantes em busca do homem, mas ele devia ter terminado seus trabalhos e ido embora. O homem, com certeza, tinha conseguido me deixar confuso.



Minhas pesquisas em busca da Arca da Aliança haviam me levado até um lugar onde um fenômeno exatamente igual ao de Jebel Madhbah tinha sido reportado. Seria isso apenas uma extraordinária coincidência? Eu tinha de descobrir mais a respeito da estranha luz no poço. Surpreendentemente, quando comecei a pesquisar na biblioteca pública na cidade do condado de Warwick, descobri que estranhas luzes parecidas com aquela tinham sido vistas por todos os cantos das Colinas de Burton Dassett. Achei dezenas de recortes de jornais relatando todos os tipos de luminosidades misteriosas: esferas, colunas e picadas de luz, geralmente de cor vermelha ou laranja, mas às vezes azul. Todas tinham sido vistas nas colinas, nas florestas e até mesmo na área do Templo de Herdewyke.

Os fenômenos pareciam acontecer em ondas, elevando-se por vários dias após períodos de chuva intensa, antes de desaparecerem novamente, às vezes durante anos. Por causa das centenas de relatos, cientistas da Universidade de Oxford investigaram as ocorrências na década de 1990 e concluíram que se tratavam de fenômenos eletromagnéticos causados pelo estrato das rochas e correntes subterrâneas. As Colinas de Burton Dassett são cobertas de granito cornalina, e uma pequena falha geológica cruza toda a região. Tudo indicava que as rochas do lugar produziam o mesmo geoplasma enigmático encontrado em Jebel Madhbah, que acreditavam ser criado por uma combinação de atividade sísmica e água corrente, embora ocorram com mais freqüência nas Colinas de Burton Dassett quando as chuvas são mais fortes.

Os relatos das estranhas luzes vistas em Jebel Madhbah pareciam muito semelhantes com as descrições do Antigo Testamento da “glória do Senhor” e do “fogo devorador” que surgiu no Monte Sinai. Muitos dos relatos das testemunhas das luzes ao redor das Colinas de Burton Dassett também pareciam assustadoramente semelhantes aos relatos bíblicos das manifestações divinas na Montanha de Deus. Um homem que entrevistei pessoalmente era o professor primário de Warwickshire, Simon Bowen. Ele havia testemunhado um fenômeno incrível enquanto voltava para casa em sua motocicleta pela estrada de terra deserta do condado que passa ao lado do curral que tinha sido a capela dos Templários. De repente, e sem explicação, seu motor parou e o farol apagou-se. Ele começou a procurar uma lanterna em seu alforje, quando percebeu que a estrada estava ficando misteriosamente iluminada.

Toda a área foi banhada por um brilho avermelhado que vinha de uma moita de arbustos na lateral da estrada. A princípio, ele achou que o arbusto estava pegando fogo, mas de repente, uma esfera de luz vermelha brilhante, com alguns centímetros de diâmetro, se ergueu acima das folhas. Ficou suspensa por alguns segundos antes de diminuir e se transformar em um ponto de luz que disparou em direção ao céu em um movimento espiral, desaparecendo na escuridão. Não pude deixar de me lembrar do primeiro encontro de Moisés com a presença do Senhor na Montanha de Deus: ‘E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça: e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. (Ex 3:2)”.

Uma sarça (arbusto) que queimava sem ser consumida! Parecia ser exatamente a mesma coisa que Simon Bowen achava ter visto. Naturalmente, o Sr. Bowen não achou que estivesse vendo um anjo, mas muitas testemunhas das luzes de Burton Dassett, durante muitos anos, interpretaram o fenômeno em um contexto religioso. Por exemplo, um globo de luz azul visto por habitantes do vilarejo de Farnborough, na extremidade sudeste das Colinas de Burton Dassett, no século XV, acharam que aquilo era uma visão da Virgem Maria; algo descrito como uma chama flutuante vista sobre um lago das redondezas durante a I Guerra Mundial foi considerado como um anjo; e, há pouco tempo, em 1986, uma esfera brilhante iridescente que apareceu do lado de fora da igreja Pentecostal ao norte das colinas, foi considerada como uma visita do Espírito Santo.



Obviamente, os mesmos fenômenos que ocorreram em Jebel Madhbah estavam acontecendo nas Colinas de Burton Dassett. Apenas alguns poucos lugares no mundo apresentam a combinação certa de geologia, atividade sísmica e de precipitações que criam o geoplasma. Certamente, era mais do que uma simples
coincidência que um fenômeno raro como esse pudesse ocorrer em dois lugares que estavam relacionados com Ralph de Sudeley e seus Templários.

Jebel Madhbah pode, originalmente, ter sido considerada sagrada, por causa das estranhas luzes vistas no local — fenômenos vistos como manifestações de Deus. Era bastante possível que os Templários posicionados no Vale de Edom tivessem visto essas luzes e também as tivessem considerado como algum tipo de aparição divina. Será que Ralph De Sudeley e seus Templários decidiram construir sua preceptoria no pé das Colinas de Burton Dassett porque sabiam que fenômenos semelhantes aconteciam ali?

Na verdade, os Templários de De Sudeley podem ter considerado Jebel Madhbah como tendo sido a Montanha de Deus e acreditavam que essas estranhas luzes seriam a “glória do Senhor” descrita no Antigo Testamento. Os Templários que se estabeleceram no Vale de Edom, certamente sabiam que a região tinha associações bíblicas porque mapas das Cruzadas contemporâneas se referem à região como Le Vaux Moise — “o Vale de Moisés”. Além disso, o santuário de Ain Musa dos beduínos já estava lá quando os Templários chegaram, o que significa que os Templários deviam saber que ali era o lugar que acreditavam que Moisés tinha criado a fonte milagrosa. Sendo assim, é possível que eles tenham chegado à conclusão de que Jebel Madhbah era a Montanha de Deus. Se tinham conhecimento da Bíblia (e como muitos deles eram monges, imaginamos que isso fosse natural), eles sabiam que Moisés havia criado sua fonte na “rocha em Horebe”.

Como Horebe era um dos nomes do Antigo Testamento para a Montanha de Deus, não teria sido preciso muita imaginação para que chegasse à conclusão de que o santuário de Ain Musa ficava na base do lugar que deve ter sido essa mesma montanha santa. Quando os sarracenos forçaram os Templários a abandonar o Vale de Edom, um outro lugar onde acreditava-se que “a glória do Senhor” se manifestava seria o local perfeito para construir uma nova preceptoria. Além disso, se os Templários de De Sudeley tinham encontrado o que acreditavam ser relíquias bíblicas no pé de Jebel Madhbah, a capela na base das Colinas de Burton Dassett seriam o lugar sagrado ideal para guardá-las. Para eles, as Colinas de Burton Dassett podem ter sido a nova Montanha de Deus.

Enquanto continuava a investigar as estranhas luzes ao redor das Colinas de Burton Dassett, comecei a suspeitar de que estava seguindo por um caminho muito mais significativo. Parecia que esses fenômenos peculiares podiam, na realidade, estar escondendo o segredo que desvendaria um dos maiores mistérios a respeito da Arca da Aliança — o que ela, de fato, tinha sido. De acordo com o Antigo Testamento, a glória do Senhor apareceu muitas vezes sobre e ao redor da Montanha de Deus, mas, assim que os israelitas deixaram a região, a mesma glória do Senhor continuou a aparecer para eles. Agora, porém, ela vinha da Arca. Por exemplo, Levítico 9:23 descreve como, depois da Arca ser colocada no interior do santuário do tabernáculo, a presença de Deus se manifestou: Então entraram Moisés e Aarão na tenda da congregação, e
depois saíram, e abençoaram ao povo: e a glória do Senhor apareceu a todo o povo.

Quando a Arca era consultada no tabernáculo, não somente a glória do Senhor, mas uma nuvem miraculosa, às vezes, aparecia. Por exemplo, o livro dos Números diz que os israelitas “virando-se para a tenda da congregação, eis que a nuvem a cobriu, e a glória do Senhor apareceu” (Nm 16:42). Dizem, ainda, que essa nuvem pairava sobre a Arca quando ela era levada de um lugar a outro: A arca da aliança do Senhor caminhou diante deles em uma jornada de três dias, para lhes buscar lugar de descanso. E a nuvem do Senhor ia sobre eles de dia. (Nm 10:33-34) Ao que tudo indica, durante a noite, a manifestação era vista em forma de fogo e, durante o dia, em forma de uma nuvem. Êxodo 13:21 descreve a aparição do Senhor da seguinte maneira: “E o Senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna do fogo “.

As luzes de Burton Dassett foram relatadas durante horas de escuridão, mas um outro fenômeno também estranho foi visto durante o dia. Ele foi descrito como uma “pequena nuvem que paira logo acima do chão”, “uma coluna de névoa”, e “uma bola de fumaça que dança”. Na verdade, uma testemunha que eu mesmo consegui entrevistar, deu uma descrição que parecia ser tirada do Antigo Testamento. O lago próximo ao vilarejo de Farnborough, onde a chama flutuante foi vista durante a I Guerra Mundial, é também o lugar de dezenas de relatos tanto das luzes estranhas como da misteriosa coluna de névoa. Gary Selby, um pescador amador da cidade de Oxford, estava pescando com dois amigos em um dia de verão de 1999 quando os patos no lago, de repente, começaram a voar.

Sem saber o que os havia surpreendido, os três homens olharam do outro lado da água e viram-se diante de um espetáculo estranho. Aquilo que Gary descreveu como uma coluna do tamanho de um homem de névoa cinza escura desceu do céu e ficou pendurada, sem se mexer, acima do centro do lago. Ela permaneceu ali por alguns instantes e, então, começou a se movimentar para frente e para trás, cerca de trezentos metros nas duas direções, antes de girar como um pequeno tornado e desaparecer no ar. De acordo com o livro do Êxodo, Moisés viu algo muito parecido quando Deus se manifestou da Arca no tabernáculo: “E sucedia que, entrando Moisés na tenda, descia a coluna de nuvem, e punha-se à porta da tenda” (Ex 33:9).

Tanto a estranha névoa quanto as bolas de fogo e as colunas de luzes, foram relatadas muitas vezes sobre o lago de Farnborough, e assim como as descrições bíblicas da glória do Senhor, elas podem muito bem ser o mesmo fenômeno visível, de formas diferentes, durante o dia e na escuridão. Especialistas explicaram os fenômenos como algo chamado de gás do pântano: vapores liberados das vegetações apodrecidas que podem, às vezes, desencadeá-los. No entanto, é difícil imaginarmos como o gás do pântano, submetido à ação da direção dos ventos, possa se mover de duas formas diferentes. Parecia mais provável que a estranha névoa estava, de alguma forma, relacionada com a aparição de geoplasma que acontecia durante o dia; somente na escuridão, ela seria vista como uma forma de brilho.



Como vimos anteriormente, é bastante possível que os relatos bíblicos da glória do Senhor visto no Monte Sinai fossem, na verdade, descrições de fenômenos geoplasmáticos e que o mesmo fogo divino era, de alguma maneira, produzido pela Arca da Aliança. Há indicações de que o geoplasma possa ser uma fonte de energia alternativa — para indústrias de combustíveis, de fornecimento de energia, proporcionando inclusive um meio de viagem interestelar. Atualmente, pesquisas científicas acerca do fenômeno estão apenas no início, e seu poder está longe de ser utilizado. No entanto, se a glória do Senhor era, de fato, o geoplasma, parece que Moisés sabia exatamente o que fazer para controlá-lo. Percebi que estava lidando com coisas fora do comum, mas não pude deixar de imaginar se a Arca da Aliança seria, na verdade, algum tipo de mecanismo geoplasmático.

A equipe de cientistas da Universidade de Oxford que tinha estudado as luzes de Burton Dassett havia conduzido experimentos semelhantes aos realizados pelo Departamento de Minas e Energia dos Estados Unidos em 1981, comprimindo os núcleos do granito cornalina e do arenito para produzir geoplasma de baixo nível. Consegui entrar em contato com o Dr. James Mellor, um dos responsáveis pelos experimentos da equipe, e perguntei a ele se seria possível criar um aparelho que reproduzisse artificialmente o fenômeno em uma escala maior.

“Seria preciso uma máquina gigantesca para comprimir a quantidade de rocha necessária”, ele me disse ao telefone. “Seria algo totalmente impraticável. Poderia ser possível produzir artificialmente as luzes da terra (o termo popular que a equipe de Oxford usava para o geoplasma) sem a necessidade de um compressor de bombardeamentos de elétrons e de um campo magnético forte o suficiente. No entanto, a única maneira de comprovar essa teoria, no momento, seria por meio do uso de um acelerador de partículas, mas não existem muitos disponíveis no mundo.” “Você acredita que seria possível, no futuro, criar um aparelho portátil para produzir o geoplasma?” eu perguntei.

O Dr. Mellor respondeu-me que sim, se a energia solar pudesse ser controlada por meio da criação de células de silício fotoelétricas que convertessem a luz do sol em eletricidade suficiente. Infelizmente, ele explicou, nós ainda temos que descobrir o que fazer para maximizar a conversão da energia solar em elétrica. “Se isso pudesse ser feito, qual seria o aspecto de um gerador geoplasmático?” eu perguntei. “Não faço a menor idéia”, ele disse, “mas seria preciso que houvesse um núcleo de granito cornalina ou de arenito e que fosse isolado por um policarbonato espesso ou uma camada grossa de chumbo ou de ouro.”

Embora esses detalhes pudessem desapontar um cientista, eu estava perplexo. O Dr. Mellor poderia estar descrevendo a Arca da Aliança. Ela tinha um revestimento folheado a ouro e guardava tábuas de arenito. A Bíblia nos conta o que havia na Arca quando foi aberta no Templo de Jerusalém: “Na arca nada havia, senão só as duas tábuas de pedra, que Moisés ali pusera junto a Horebe” (1 Reis 8:9). Essas duas tábuas de pedra, nas quais dizem que Deus inscreveu os Dez Mandamentos, foram, ao que tudo indicava, cortadas da rocha do topo do Monte Sinai. (De acordo com o Êxodo, Moisés quebrou as duas primeiras tábuas e Deus pediu que ele próprio cortasse outras duas da rocha exposta no cume do Monte Sinai.)

E ele (Deus) deu a Moisés, quando acabou de falar com ele no monte Sinai, as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus (Ex 11:18). O cume de Jebel Madhbah é composto de arenito, que, assim como o granito cornalina das Colinas de Burton Dassett, é uma das poucas rochas que sabe-se ser capaz de produzir o geoplasma. A importância das tábuas sagradas pode não ter sido apenas pelo fato de trazerem os mandamentos de Deus, mas também por terem sido feitas de um determinado tipo de pedra. Naturalmente, não havia nenhuma descrição bíblica de algo que pudesse conter células de silício fotoelétricas, mas uma parte muito importante da Arca ainda permanecia sem ser mencionada — o misterioso propiciatório.

Seria possível que os antigos israelitas tivessem, de alguma forma, encontrado algo que, atualmente, não passa de um processo de física teórica de tecnologia de ponta, e criado um gerador geoplasmático? O que quer que fosse, se podemos acreditar na Bíblia, a Arca da Aliança produzia algo que era incrivelmente semelhante aos fenômenos das Colinas de Burton Dassett e de Jebel Madhbah. Além disso, ela poderia ser extremamente perigosa, assim como a luz relatada pelo vigário de Burton Dassett, que descarregou o que parecia ser energia elétrica e pôs fogo no pilar de seu portão. Uma passagem do Antigo Testamento descreve algo muito parecido vindo da Arca: “Porque o fogo saiu de diante do Senhor, e consumiu o holocausto e a gordura, sobre o altar” (Lv 9:24).

O fenômeno das Colinas de Burton Dassett pode ser ainda mais destrutivo, como aconteceu em 1931, quando uma bola de fogo em chamas se chocou contra um moinho de vento, incendiando-o e destruindo-o por completo. O dono do moinho e sua esposa quase perderam suas vidas. Quando a glória do Senhor apareceu para os antigos israelitas, alguns deles não tiveram tanta sorte: “E o fogo do Senhor ardeu entre eles, e consumiu os que estavam na última parte do arraial” (Nm 11:1). O que quer que fosse esse fogo divino, os israelitas, aparentemente, sabiam o que fazer para controlá-lo. O versículo seguinte dessa história descreve como Moisés impediu a devastação: “Então o povo clamou a Moisés; e Moisés orou ao Senhor, e o fogo se apagou” (Nm 11:2).

Diversas vezes, a Arca não apenas foi usada para se comunicar com Deus, mas também como uma arma apavorante. De acordo com o Antigo Testamento, Deus instruiu os israelitas para encontrarem um reino hebraico em Canaã, uma terra já ocupada por dezenas de diferentes povos hostis que eram muito mais populosos que eles. Para conseguir superar obstáculos tão surpreendentes, o incrível poder da Arca foi usado para esmagar carruagens, derrubar muralhas de cidades e derrotar exércitos inteiros, até que somente um inimigo restou: os poderosos filisteus.


Os misteriosos murais para cada lado da janela norte do transepto na igreja Templária em Burton Dassett com o desenho da espiral acima.

Em uma série de batalhas decisivas, que finalmente fizeram com que os israelitas estabelecessem seu reino de Israel, a Arca é usada para destruir seus oponentes finais. De acordo com o primeiro livro de Samuel, os filisteus, inicialmente vencem, até que a Arca é usada: E quando as pessoas chegaram ao arraial, os anciãos de Israel disseram… Permita-nos pegar a arca da aliança do Senhor e levar até nós, para que, quando a coloquemos entre nós, possa ela nos salvar da mãos de nossos inimigos. (1 Sm 6:2-3)

Ainda mais pertinente para nossos propósitos, o fogo divino que emanava da Arca não era uma ocorrência aleatória, mas era um ato invocado de forma deliberada pelos israelitas. Moisés, por exemplo, chamou o poder de Deus da Arca para destruir seus inimigos: Acontecia que, partindo a arca, Moisés dizia, Levanta-te, Senhor, e dissipados sejam os teus inimigos; e fujam diante de ti os odiadores. (Nm 10:35). Parece, então, que os antigos israelitas tinham não somente criado algo que agia de forma muito semelhante a um gerador geoplasmático, mas também o utilizavam como uma arma futurista de destruição em massa. Entretanto, não havia como saber o que de fato era a Arca da Aliança, a menos que ela pudesse ser encontrada.

Eu podia não ter provas de que De Sudeley e seus Templários tinham, na verdade, encontrado a Arca em Jebel Madhbah, mas havia evidências razoáveis de que haviam achado um baú dourado que acreditavam ser uma relíquia bíblica. Essa mesma relíquia poderia muito bem estar entre os objetos guardados na Capela de Herdewyke. Jacob Cove-Jones afirmava ter encontrado (e escondido novamente) algumas dessas mesmas relíquias, que incluíam “uma descoberta de imensa importância”. Era possível que esse fosse o mesmo baú dourado. Ele, obviamente, havia deixado pistas que levavam até seu próprio esconderijo no vitral da igreja no vilarejo de Warwickshire de Langley. Eu tinha de ver o vitral com meus próprios olhos.

Capítulos anteriores em:
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-1/
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-2/
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Novembro 18, 2014

chamavioleta

Os Cavaleiros Templários 

e a Arca da Aliança, 

capítulo 8

Posted by Thoth3126 on 18/11/2014

 



O que exatamente se sabia a respeito da antiga terra de Edom? Não somente a Bíblia, como também textos de países do Oriente Médio, além de Judá, referiam-se a ela. Ao examinar esses diversos relatos, a área descrita como Edom correspondia, grosso modo, à metade sul do Deserto de Negev, que em tempos bíblicos formava as partes habitadas ao sul e ao leste do Deserto de Sinai.

Ela, hoje, continua da mesma forma que no passado. Até onde os olhos alcançam, o sol bate impiedoso sobre rochas maciças e abrasadoras, em uma terra sem vida. Dia após dia, anos após ano, o solo arde sob o calor estonteante (n.T. uma grande diferença hoje é a existência da usina Nuclear de Dimona, onde Israel produziu e armazena cerca de 300 bombas atômicas).

Thoth3126@gmail.com

Livro Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança, de Graham Phillips, Editora Madras – Capítulo VIII – O Vale do Edom

http://www.grahamphillips.net/ark/Ark_Intro.htm#Featured

8. O Vale de Edom

Nesse deserto seco e rochoso, com 200 quilômetros de comprimento e 200 quilômetros de largura, as temperaturas podem chegar a mais de quarenta graus na sombra. À noite, porém, a temperatura mergulha chegando a congelar o ar, e um frio cortante desce sobre o campo estéril. As Montanhas de Shara passam bem ao meio dessa devastação árida, e bem no meio delas, está o vale que outrora fora chamado de Vale de Edom. Alimentado por correntezas de montanhas frias e ladeado por altos penhascos, o lugar era um porto para a vida sofrida em terrenos mais hostis.

Hoje, embora o vale seja muito mais cheio de vida do que o deserto adjacente, não pode ser considerado um lugar fértil como há três mil anos, quando as pancadas de chuva eram mais constantes e inúmeros riachos alimentavam seu solo. Localizado cerca de vinte quilômetros dentro do que hoje é chamado de reino da Jordânia, o Vale de Edom tem aproximadamente oitocentos metros de largura por cinco quilômetros de comprimento. Embora toda a parte sul de Negev fosse conhecida como a terra de Edom, na época dos antigos israelitas, o reino dos edomeus era um domínio muito pequeno, centralizado sobre esse vale fértil.



Parece, então, que esse vale isolado era a terra da qual Moisés teve de pedir permissão para o rei de Edom deixá-los cruzar após criar a fonte milagrosa de água. Como o incidente acontecera em Horebe, e Horebe era um outro nome do Monte Sinai, tudo indica que uma das montanhas que circundavam o Vale de Edom era a misteriosa Montanha de Deus. Nos tempos antigos, uma importante rota de comércio passava bem ao meio do Vale de Edom, de leste a oeste. A rota ligava o Egito à África com o mundo árabe e o Oriente, e os edomeus que a controlaram por mais e mil anos até o século IV, prosperavam com as tarifas que cobravam.

O vale era uma fortaleza natural com trechos facilmente protegidos, e as entradas para a rota de comércio eram desfiladeiros tão estreitos em alguns lugares, que animais de transporte só podiam passar em fila indiana. De acordo com o relato do Êxodo, o incidente da fonte milagrosa aconteceu na “rocha em Horebe” (Ex 17:5-6), e do relato dos Números podemos deduzir que o mesmo incidente aconteceu em um lugar chamado Kadesh (Cades) — o lugar sagrado — na fronteira do reino dos edomeus (Nm 20:9-17). Se os israelitas tinham vindo do sul do Deserto de Sinai, teriam chegado, então, na fronteira do reino dos edomeus em um desfiladeiro que é hoje conhecido como Siq al Barid, que em árabe quer dizer “canal frio” e chamado apenas de Siq como abreviação. Se minha teoria estivesse certa, era ali que o Monte Sinai seria encontrado.

Ao viajar para o sul de Jerusalém de ônibus, cruzei a fronteira de Israel até a Jordânia para chegar logo em seguida na cidade de Elji, que fica na extremidade externa do desfiladeiro de Siq. Elji não era nada parecido com o que eu esperava. Havia imaginado um calmo e pequeno vilarejo, habitado por apenas alguns poucos fazendeiros locais e suas famílias. No entanto, o lugar era um espaço popular entre os turistas com hotéis e lojas modernas de presentes e lembranças.

Depois de me instalar em um dos hotéis, olhei pela janela do quarto em direção às montanhas que se erguiam dos dois lados da entrada do desfiladeiro. Em contraste absoluto com o deserto, suas rochas eram uma paisagem de cores: marrom dourado, amarelo, laranja e vermelho. Se estivesse certo, uma dessas duas montanhas tinha de ter sido Horebe, onde Moisés criara a fonte milagrosa. Qual das duas, eu imaginava, teria sido o verdadeiro Monte Sinai, a Montanha de Deus?

No dia seguinte, contratei um guia local chamado Abdul, que quase imediatamente disse algo que me deixou impressionado. O Vale de Edom é hoje chamado de Wadi Musa, que em árabe quer dizer “o vale de Moisés”. Era assim chamado, Abdul me disse, porque existia uma tradição dos beduínos locais de que tinha sido ali que Moisés criara a fonte milagrosa na história do Antigo Testamento. Eu achava que tinha sido muito esperto ao descobrir que o povo local acreditava nisso há anos. Na verdade, chegaram a construir um santuário no lugar exato onde acreditavam que o incidente tinha ocorrido, próximo à entrada do Siq. Chamada de Ain Musa — a Fonte de Moisés —, ela era uma pequena mesquita com uma cúpula erguida sobre um tanque retangular, ainda alimentado por uma fonte de água fresca.

A tradição de Ain Musa era de fato antiga, como descobri posteriormente.
Ela é confirmada pelo cronista árabe medieval Numairi. Numairi era um egípcio e sua crônica, datada do século XIII, ainda sobrevive na Biblioteca Nacional do Egito, no Cairo. Ao mencionar a aproximação de Petra, Numairi escreveu: No pé da montanha há uma fonte, que dizem jamais secar. As pessoas da região dizem que Moisés, o Profeta de Deus, que descanse em paz, a gerou com sua vara.


O deserto do Sinai

Se essa fonte fosse de fato a citada no relato do Êxodo — uma fonte surgiu em uma rocha “em Horebe” — ao que tudo indica, a montanha erguida acima
dela nada mais era que o próprio Monte Horebe. Do lado de fora do santuário,
avistei os altos penhascos de arenito que se erguiam diante de mim. Seria essa, de fato, a Montanha de Deus? Perguntei a Abdul se existiam quaisquer tradições que associavam a montanha ao Monte Sinai. Infelizmente, ele não conhecia nada a esse respeito. Entretanto, ele me disse que há muito tempo, ela fora considerada um lugar sagrado pelos beduínos da região. Era chamada de Jebel Madhbah — Montanha do Altar — porque havia um antigo santuário em seu pico, que tinha mais de três mil anos de idade.

O que me impressionou ainda mais, por tudo o que já sabia, era que nenhum estudioso bíblico, arqueólogo ou historiador que tentara buscar a Montanha de Deus parecia admitir a relevância do santuário de Ain Musa. Só podia supor que não haviam relacionado o relato do livro dos Números da criação da fonte milagrosa de Moisés, ao mesmo relato no livro do Êxodo. Abdul se ofereceu para me levar até Jebel Madhbah e me mostrar o santuário no cume da montanha. A única forma de chegar lá era por dentro da Wadi Musa, e o meio mais rápido para subir ao local seria à cavalo ou com um camelo.

Abdul tinha diversos cavalos à sua disposição, mas eu só havia cavalgado uma
única vez na vida e duvidava que fosse capaz de subir com o animal, e muito menos controlá-lo. No entanto, não foi tão difícil quanto imaginei; o animal parecia saber o que fazer e simplesmente seguiu o cavalo de Abdul e parou ao mesmo tempo que ele. Assim como para os antigos israelitas, o único caminho para entrar no Vale de Edom pela extremidade sul, evitando a rebocadura íngreme das montanhas, era através do Siq, que se estendia ao leste por quase dois quilômetros de rochas sólidas.

Essa rachadura profunda e estreita foi criada há milhões de anos quando alguma sublevação geológica gigantesca literalmente partiu a montanha em duas. No início, esse desfiladeiro longo e espiralado tinha cerca de quatro metros e meio de largura, mas quanto mais caminhávamos por ele, mais estreito ele ficava, até que a luz do sol não mais brilhava por entre as paredes escarpadas dos dois lados. Aparentemente, é por isso que era chamado de “canal frio”. Finalmente, após cavalgarmos pelo que parecia uma eternidade, e exatamente quando o corredor profundo e escuro parecia fechar-se por completo diante de nós, alcançamos uma das vistas mais espetaculares que já vi.


A entrada do SIQ, um estreito desfiladeiro que leva até a antiga cidade de Petra, totalmente escavada na rocha.

Erguendo-se acima de nós no penhasco à frente havia uma edificação com 40 metros de um monumento gigantesco: duas fileiras de colunas altíssimas, frontões triangulares colossais, vãos para estátuas e cântaros esculpidos, todos cravados na curvatura da face da rocha. Era, disseram-me, a entrada para uma série de amplas câmaras que adentravam a montanha. Imediatamente, percebi que já tinha visto aquele monumento antes. Fora usado por Steven Spielberg como o repositório perdido do Santo Graal em seu filme Indiana Jones e a Última Cruzada. Hoje chamado de Al Khazneh — o Cofre — sua função original é um mistério, mas acredita-se tratar-se dos restos de uma tumba de dois mil anos de idade.

Por mais antigo que possa ser, o Cofre não estivera ali quando os edomeus ocuparam o Vale nos tempos do Antigo Testamento. Abdul explicou que
aquele era um dos muitos monumentos construídos pelos nabateus que se
mudaram para o Vale de Edom no século IV a.C. Forçados a ir para o oeste pelo crescente império babilônico, os nabateus surgiram ao redor do Golfo Árabe e foram inicialmente compelidos a levar uma existência nômade no Deserto da Arábia. Alguma coisa, talvez incursões dos babilônios, enfraqueceram os edomeus entre os séculos VI e IV a.C. o que fez com que os nabateus se mudassem para o Vale de Edom e ganhassem o controle do local.

No fim do século IV a.C, Alexandre, o Grande estabelecera a influência dos gregos por todo o leste do Mediterrâneo, e os nabateus logo passaram a controlar as novas rotas de comércio que surgiram nas Montanhas de Shara. Edificado em um cruzamento entre as terras do Mediterrâneo e as terras do Leste Próximo e da Ásia, o reino dos nabateus tornou-se rico e poderoso, e uma grande cidade, a cidade de Petra, desenvolveu-se no coração do vale. Uma das cidades mais importantes do Oriente Médio, Petra permaneceu
independente até que foi incorporada pelos romanos, em 106 d.C.


Em Petra, na Jordânia, a enorme entrada do Al Khazneh (tradução árabe para “O Cofre/Tesouro”) é um dos maiores monumentos de Petra. A data da construção desse monumento é desconhecida, sendo atribuído, porém, a algo entre 200 a.C.e 100 D.C.

Abdul queria me mostrar todo o Cofre, por isso descemos de nossos cavalos e entramos no local. No interior escuro, passando por uma enorme entrada com uns seis metros de altura, deparei-me com um amplo corredor que dava acesso
a salas vazias e frias, bem ao fundo da montanha. Enquanto acompanhava meu
guia de uma câmara a outra, ele me contou que os arqueólogos acreditavam que ali havia sido a tumba de um importante rei nabateu que vivera em Petra nos tempos romanos. Quando perguntei o porquê de o lugar se chamar o Cofre, Abdul contou-me uma história fascinante de um tesouro escondido.

Ao que parece, no século XII, alguns Cavaleiros Cruzados europeus tinham encontrado jóias e artefatos de ouro puro escondidos em uma caverna da redondeza. Desde então, inúmeros caçadores de tesouros escavaram por todos os arredores do monumento, na esperança de encontrar mais peças. Quando saíamos do Cofre, dois grupos de turistas ocidentais chegaram no local. Ao ouvir vozes de pessoas falando em inglês, estava prestes a ir até eles para bater papo quando algo muito estranho aconteceu.

Uma rajada de vento repentino e violento chicoteou a poeira do chão do vale, fazendo com que os cavalos começassem a relinchar, forçando os turistas a cobrir seus rostos enquanto uma areia quente e seca soprava na direção de meus olhos. Foi então que ouvi o som mais assustador da minha vida. Era um barulho ensurdecedor, como uma cacofonia bizarra de trombetas de orações budistas sendo sopradas em uníssono.

Incapaz de ver, tentei imaginar o que estaria acontecendo. Alguns segundos depois, o vento se acalmou e o ruído parou. Quando, finalmente, consegui abrir meus olhos, pude ver que os turistas estavam tão assombrados quanto eu. Olhavam ao seu redor em um silêncio perplexo, enquanto dois guias árabes riam enlouquecidos. Atrás de mim, Abdul se juntou a eles. “Isso sempre assusta os visitantes,” ele riu. Explicou que o som estranho era um fenômeno raro, porém natural, criado por um vento forte que às vezes uiva pelo Siq. Os beduínos locais, ele me disse, chamam-no de “a trombeta de Deus”.

A princípio, ri junto com eles. Os guias obviamente ainda não tinham dito
aos turistas, que ainda estavam visivelmente abalados pelo som sobrenatural como a causa do barulho. De repente, porém, aquela cena me fez lembrar de algo que tinha, naquela mesma manhã, lido na Bíblia. Estivera relendo os versículos mais relevantes do Antigo Testamento que mencionava a primeira visita dos israelitas na Montanha de Deus. De acordo com Êxodo 9:11-27, enquanto Moisés preparava os israelitas para testemunhar a manifestação de Deus, eles acamparam ao pé da montanha.

No terceiro dia, Deus finalmente desceu sobre o Monte Sinai: Houve trovões e relâmpagos sobre o monte, e uma espessa nuvem, e um sonido de buzina mui forte, de maneira que estremeceu todo o povo que estava no arraial. (Ex 19:16) Uma buzina mui forte! Podia essa ser uma antiga descrição do mesmo som que acabara de ouvir? Se os israelitas acamparam ao pé de Jebel Madhbah, eles podiam muito bem ter montado seu acampamento exatamente sobre o mesmo lugar onde eu estava naquele instante.


A enorme fenda, conhecida como SIQ, e o desfiladeiro montanha acima.

A passagem do Êxodo sugeria que uma tempestade violenta estava se formando — e com as tempestades vêm os ventos. (Hoje, essas tempestades são uma raridade na região, embora quando caem, as chuvas podem ser torrenciais.) Se o vento tivesse uivado pelo desfiladeiro como acabara de acontecer, os antigos israelitas podem muito bem ter ficado aterrorizados
como os desnorteados turistas. Os israelitas consideraram o som que ouviram como um sinal de Deus. Os beduínos locais chegaram a chamar o fenômeno de a trombeta de Deus. Uma coincidência, talvez, mas algo, sem dúvida alguma,
fascinante!

Enquanto continuávamos nossa viagem pelo vale, olhei para o alto
contemplando Jebel Madhbah, toda aquela imensidão que se erguia acima do Cofre. Será que os antigos israelitas, de fato, viram algo espetacular em algum lugar entre aquelas rochas primitivas e desgastadas pelo tempo — uma manifestação tão surpreendente que, para eles, não poderia ter sido outra coisa, senão do próprio Deus? Além do Cofre, havia um outro desfiladeiro, conhecido como o Siq Externo, flanqueado em suas duas laterais por uma parede de penhascos escarpados. Entretanto, não era nem um pouco estreita quanto o próprio Siq, com cerca de sessenta metros de largura.

O caminho nos levou até Wadi Musa, a aproximadamente quinhentos metros ao norte, onde uma planície larga e horizontal se dispunha entre montanhas escabrosas, que se estendiam diante de nós. Na época de Moisés, aquele lugar fora o lar dos edomeus, mas as ruínas que hoje dominam o vale, são os restos da cidade de Petra dos nabateus. São, na verdade, ruínas clássicas, que tiveram suas construções influenciadas pelas arquiteturas gregas e romanas — um anfiteatro, as paredes das casas, prédios administrativos e templos, todos dispostos ao redor de uma série de estradas pavimentadas.

Dos dois lados dessas avenidas retas, pilares de pedras, colunatas e estátuas quebradas marcam os caminhos que, há muito tempo, compunham as vias da antiga cidade. Cravados nos penhascos ao redor de Petra existem centenas de tumbas ornadas e dispersas, muitas delas parecidas com o Cofre, embora não tão grandes. Antes dos nabateus mudarem-se para o vale, a capital dos edomeus ficava nesse local. Pode ter sido menos elaborada, mas era uma cidade sofisticada para a época. Nas escavações de assentamentos dos edomeus foram encontrados cerâmicas decoradas, tábuas de argila com inscrições e muitos outros artefatos de trabalhos manuais de alto padrão, revelando uma população próspera e bem defendida.

Embora essa tenha sido uma colonização com casas simples de tijolos de barro, havia um complexo do palácio central de onde os líderes dos edomeus controlavam o reino de seu vale. O mais antigo nível de ocupação foi descoberto como datado de cerca de 1500 a.C, o que mostrou a existência da presença dos edomeus no vale quando os israelitas podem ter chegado ali, por volta de 1360 a.C. “Os antigos edomeus tinham uma cultura avançada”, Abdul me disse enquanto descíamos de nossos cavalos com um dos funcionários do anfiteatro de estilo romano olhando-nos da entrada do Siq Externo.


As tumbas na região de Petra.

“O santuário no cume de Jebel Madhbah foi construído por eles, e para conseguirem chegar até ele, fizeram isso”. Ele apontou para um lance de degraus desenhado na lateral do penhasco que subia em forma de ziguezague pelo lado da montanha. Abdul estava muito mais em forma do que eu, e depois de termos escalado mais de trinta metros acima do vale, eu estava exausto. Finalmente, chegamos em um platô de pedras, com cerca de sessenta metros de comprimento por trinta metros de largura. Era conhecido como o Terraço dos Obeliscos, Abdul me explicou, por causa de dois enormes monumentos
que havia ali. Sobre o terraço, com uma distância de trinta metros entre elas, havia dois obeliscos altos: enormes pilares de rocha sólida, cada um deles com cerca de seis metros de altura.

Após recompor minha respiração e examinar os monumentos, logo percebi que o trabalho necessário para criar aquelas estruturas gigantescas era algo ainda mais impressionante do que podia imaginar. Elas foram esculpidas a partir do alicerce da montanha. Para dar forma àqueles obeliscos, os construtores tiveram que extrair rochas sólidas de seus arredores, Abdul explicou. Todo o terraço, com 6.000 metros quadrados ao todo, era uma construção artificial — uma realização surpreendente para um povo sem tecnologia moderna.

Mais incrível ainda, não fora a civilização dos nabateus que a criara, mas sim os primeiros edomeus. Escavações das pedras encontradas ao redor do platô revelaram restos orgânicos — como por exemplo, ossos de animais — que tinham sido datados por meio de testes de radiocarbono de cerca de 1500 a.C. Notavelmente, portanto, esses monumentos já estariam ali quando os israelitas parecem ter deixado o Egito para vagar pelo Deserto de Sinai, por volta de 1360 a.C.

O local deve ter sido ainda mais impressionante quando foi criado. Arqueólogos encontraram grandes placas quebradas de ardósia trabalhada na mestra do reboco ao redor do platô e concluíram que as pedras, que não eram naturais da região, haviam sido usadas para formar um área pavimentada ao redor dos obeliscos. Após examinar os fragmentos da ardósia em detalhes, os arqueólogos calcularam que haviam sido polidas para criar uma superfície azulada brilhante para a afluência de pessoas onde, ao que parece, cerimônias religiosas aconteciam.

“Esses obeliscos parecem ter sido a entrada processional do santuário que fica ali no pico”, disse Abdul, indicando o topo da montanha, que era ligado ao terraço por um sulco estreito com cerca de cento e oitenta metros de comprimento. “Os beduínos ainda consideram esse platô como um solo sagrado; chamam esses monumentos de Al-Serif, que significa ‘os pés’, porque têm uma tradição de que Deus esteve aqui presente.”

Eu esperava encontrar lendas locais que estabelecessem uma conexão entre Jebel Madhbah e o aparecimento bíblico de Deus, e agora tinha uma. Além
disso, a topografia da montanha era equivalente às descrições da Montanha de
Deus no Antigo Testamento. O nível do rompimento do terreno de Jebel Madhbah — o terraço dos obeliscos abaixo do santuário no pico da montanha — certamente se encaixava com o que sabemos a respeito do primeiro encontro dos israelitas com Deus no Monte Sinai.


O Terraço de Obeliscos

Após ter criado a fonte milagrosa, e os israelitas montarem seu acampamento no pé da montanha, Moisés preparou seu povo para se encontrar com o próprio Deus: O Senhor descerá diante dos olhos de todo o povo sobre o monte Sinai… E Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus; e puseram-se ao pé do monte. (Ex 19:11, 17)

Está implícito aqui que havia dois níveis para o lugar sagrado onde Deus
seria encontrado. Como o “pé” do monte significa um nível “inferior,” as pessoas
estavam em algum lugar abaixo do precinto do topo da montanha santa onde
Moisés mais tarde recebeu os Dez Mandamentos — exatamente como teria
acontecido se os israelitas tivessem subido em Jebel Madhbah, no lugar do Terraço dos Obeliscos, e olhassem em direção ao cume do monte, a cento e oitenta metros ao norte. Em uma outra ocasião, os anciãos israelitas foram mais uma vez convidados a subir até a parte inferior da montanha:

Depois (Deus) disse a Moisés: Sobe ao Senhor, tu e Aarão, Nadabe e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel; e adorai de longe. E só Moisés se chegará ao Senhor: mas eles não se cheguem; nem o povo suba com ele… E subiram Moisés e Aarão, Nadabe e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel: E viram
o Deus de Israel: e debaixo de seus pés havia como que uma pavimentação de pedra de safira. (Ex 24:1-10) Surpreendentemente, essa passagem poderia ser uma descrição exata do Terraço dos Obeliscos. A pedra azul polida que os arqueólogos encontraram pode muito bem ter feito com que o terraço brilhasse com o reflexo da luz do sol “como que uma pavimentação de pedra de safira”.

Os pés de Deus são inclusive mencionados, estabelecendo uma ligação com a antiga tradição da escritura dos beduínos. A lenda pode muito bem ter surgido de uma antiga associação entre o relato bíblico e o Terraço dos Obeliscos. Por diversas vezes, o Antigo Testamento se refere aos marcos sagrados como os anexos de Deus. Por exemplo, a colina sobre a qual a cidade de Samaria se erguia era chamada de o “Punho de Deus”, e havia também Penuel, a “face de Deus” — um penhasco no vale da Jordânia. Quando Abdul finalmente me conduziu pela passagem que levava ao santuário no pico da montanha, vi-me diante de uma outra estrutura de antiga engenharia bastante impressionante.

Conhecido como o Lugar Superior, aquele era um antigo templo ao ar livre, com mais de novecentos metros acima do nível do mar. Como os obeliscos, a estrutura fora alicerçada nas rochas sólidas do monte e acredita-se ser datada do mesmo período. Uma grande depressão retangular, medindo cerca de quinze por seis metros, fora cortada com perfeição a partir do arenito a uma profundidade de aproximadamente quinze polegadas, e ao seu redor estavam os restos dos bancos de pedras lapidadas onde os adoradores se sentavam. Próximo ao centro deste pátio, como os arqueólogos se referem a este espaço, havia uma plataforma de pedras, de dois por um metro, erguida ao lado de
uma enorme bacia de pedra quase do mesmo tamanho. O altar principal tinha
degraus escarpados e era provavelmente de onde os sacerdotes edomeus
presidiam seus rituais, enquanto que a bacia, ao que tudo indica, era usada para depositar o sangue dos animais sacrificados.

Se Jebel Madhbah era o Monte Sinai, esse templo ao céu aberto é onde Moisés teria vindo sozinho para receber os Dez Mandamentos: Então disse o Senhor a Moisés, Sobe a mim ao monte, e fica lá; e dar-te-ei as tabelas (tábuas) de pedra, e a lei, e os mandamentos que tenho escrito para vos ensinar. (Ex 24:12)
Se esse santuário de fato datava do mesmo período do Terraço dos Obeliscos, como os arqueólogos acreditavam, então, seria ali que, no tempo de Moisés, a história teria acontecido. E se o historiador judeu Josephus estivesse certo, o povo da região ao redor do Monte Sinai já o considerava uma montanha santa antes de Moisés ou dos israelitas ali chegarem.



Josephus nos diz que, quando Moisés pisou pela primeira vez na montanha, o povo local não permitia a pastagem em suas ladeiras porque os “homens de opinião diziam que Deus habitava ali”. Se a montanha já era considerada sagrada, imaginamos que já existia ali algum tipo de templo, e o Lugar Superior no pico de Jebel Madhbah, pode muito bem ter sido esse santuário.

Os edomeus eram parentes próximos dos israelitas, e portanto sua religião pode ter sido bastante semelhante. Independentemente de qual divindade os edomeus adoravam em Jebel Madhbah, porém, se este era o Monte Sinai, o santuário pode ter sido o lugar onde acreditava-se que Deus aparecera para Moisés: E, subindo Moisés ao monte, a nuvem cobriu o monte. E a glória do Senhor repousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu por seis dias; e ao sétimo dia chamou a Moisés do meio da nuvem. E o parecer da glória do Senhor era como um fogo consumidor no cume do monte, aos olhos dos filhos de Israel. (Ex 24:15-17)

Quando perguntei a Abdul se ele conhecia alguma lenda que dissesse respeito ao santuário, ele me disse algo que podia muito bem explicar o que os israelitas tinham de fato visto. Abdul não conhecia nenhuma lenda específica, mas
tinha informações acerca de um fenômeno interessante — uma estranha luz que diziam ter visto no pico de Jebel Madhbah. A última vez que fora relatada foi em 1993. Uma equipe de arqueólogos ingleses estava trabalhando ao redor do santuário, quando foram pegos por um temporal com trovões nada comum.

De acordo com o testemunho de mais de uma dúzia de pessoas, os arqueólogos
corriam tentando escapar da ameaça de serem atingidos por raios que caíam sobre a montanha, quando viram uma bola de luz vermelha que parecia fogo, que estimaram ter um metro e meio de diâmetro, e que pairava a alguns metros no ar sobre as ruínas do templo. Ficou visível por cerca de cinco minutos, movimentando-se calmamente para frente e para trás antes de desaparecer. Abdul me garantiu que sabia de muitas pessoas que haviam testemunhado o espetáculo, e mais tarde cheguei a falar com mais de seis residentes idosos de Elji que juravam ter visto a bola.

Esse estranho fenômeno podia muito bem ser descrito “como um fogo devorador” — a glória do Senhor que os israelitas dizem ter visto — mas o que seria aquilo? A primeira possibilidade era de que se tratava de algo conhecido como o relâmpago da esfera: bolas de partículas altamente carregadas criadas pela atmosfera eletrificada de um temporal com raios. O relâmpago da esfera acontece com maior freqüência em lugares elevados, como por exemplo picos de montanhas, topos de arranha-céus e ao redor de mastros de rádios.

No entanto, a cor, tamanho e longevidade do espetáculo não pareciam se encaixar na descrição do relâmpago da esfera. Esse relâmpago tem coloração azulada, não sendo maior que uma bola de futebol, e somente permanece visível por alguns segundos. As testemunhas do fenômeno de Jebel Madhbah descreveram-no como tendo uma cor vermelha ou amarela, muito maior de tamanho e visível por cerca de cinco minutos. Há, no entanto, um outro fenômeno natural que parecia mais coerente com o que fora relatado — uma rara anomalia eletromagnética conhecida como geoplasma.

O plasma é um gás eletricamente carregado que tem propriedades peculiares. Em um gás comum, cada átomo contém um número igual de cargas positivas e negativas, e as cargas positivas no núcleo são cercadas por um número igual de elétrons negativamente carregados. Se uma fonte de energia externa faz com que os átomos de um gás liberem elétrons, os átomos são deixados com uma
carga positiva e dizem que o gás fica ionizado. Quando átomos suficientes são
ionizados, o gás incendeia-se com uma “chama fria” que carrega uma forte carga estática. Isso é conhecido como plasma. Por ser tão leve quanto o ar ao seu redor, o plasma pode pairar ou ficar pendurado no ar como uma esfera ou uma coluna de gás luminoso, que pode se movimentar ou ficar parada, dependendo das condições, e pode continuar nesse estado por vários minutos.

Acredita-se que o geoplasma é um fenômeno causado por geodinâmica — em linguagem simplificada, certos tipos de rocha ao serem esfregadas uma contra a outra por meio de uma atividade sísmica para ionizar o ar acima delas.
Por causa da raridade e irregularidade do geoplasma, pesquisas científicas a seu respeito só foram conduzidas de forma adequada nas últimas duas décadas. Em 1981, Brian Brady, o então ministro de Minas e Energia dos Estados Unidos, foi o primeiro a produzir o que parecia ser geoplasma miniatura em um laboratório. Quando o centro de um granito cornalina era comprimido em
condições escurecidas, pequeninas faíscas de luzes vermelhas e amarelas eram
vistas esvoaçando-se ao redor da câmara do moedor das rochas.

Estranhas luzes, como essas descritas em Jebel Madhbah, foram relatadas em vários locais em todo o mundo, geralmente em regiões com tendências a terremotos e tremores, e em áreas com tipos específicos de rochas que contém grandes quantidades de óxido de ferro e quartzo, como por exemplo, o arenito e o granito cornalina. Embora terremotos sejam algo raro ao redor de Jebel Madhbah, a montanha apresenta pequenos tremores, e o pico é composto de arenito. Quando mais tarde li relatórios dessas anomalias e a pesquisa acerca do geoplasma, não pude deixar de imaginar se esses fenômenos eram a causa de Jebel Madhbah ter sido considerada sagrada.

Se os antigos edomeus tinham testemunhado esse fenômeno, eles, sem dúvida, os teriam considerado sobrenaturais em sua origem. Esse pode ter sido o motivo, se Josephus estivesse se referindo à mesma montanha, de os homens acreditarem que era ali que Deus habitava. Isso poderia perfeitamente explicar por que o santuário e o Terraço dos Obeliscos foram construídos. Nos anos 90, alguns geólogos propuseram que fatores além do tipo de rocha e da atividade sísmica eram necessários para produzir o geoplasma em um ambiente natural.

O geólogo norueguês Erling Strang considerava que variações locais no campo magnético da Terra eram um fator contribuinte, e John Derr, do Instituto Geológico Americano, sugeriu que a água era um elemento essencial na produção de geoplasma na paisagem. O calor produzido por movimento tectônico, ele afirmou, cria um revestimento de vapor que cobre as margens de uma fenda geológica e serve para isolar o desenvolvimento de uma carga eletromagnética. A maior parte dos fenômenos geoplasmáticos são de fato relatados durante ou após chuvas fortes. O evento testemunhado pelos arqueólogos em Jebel Madhbah em 1993 é um desses casos.

Chuvas fortes também acompanharam a aparição da “glória do Senhor”, conforme testemunhado pelos antigos israelitas. Êxodo 19:16 nos conta que havia “trovões e relâmpagos, e uma nuvem espessa sobre o monte.” Na verdade, a comparação do Êxodos da “glória do Senhor” com o “fogo devorador” é uma excelente descrição de um fenômeno geoplasmático. Eu estava agora convencido de que Jebel Madhbah era a Montanha de Deus citada na Bíblia. As passagens do Antigo Testamento indicavam que a montanha ficava na terra de Edom, especificamente na fronteira do reino de Edom onde Moisés criou a fonte milagrosa.

Os beduínos locais há muito tempo acreditavam que o santuário próximo à entrada para o Siq, ao pé de Jebel Madhbah, era o local da fonte milagrosa. Os dois níveis da montanha se encaixavam com a descrição física do Monte Sinai, e aquele era considerado um lugar sagrado quando os israelitas chegaram. Havia ainda dois estranhos fenômenos naturais que podiam explicar as descrições no relato do Antigo Testamento da aparição de Deus no monte santo — em outras palavras, o bizarro som de trombetas no Siq e as peculiares luzes relatadas no cume da montanha. Se essa era, de fato, a verdadeira Montanha de Deus, era aqui que diziam que o profeta Jeremias havia escondido a Arca.



Mas Jebel Madhbah era uma montanha enorme. Seria eu capaz de encontrar a caverna que o livro de Macabeus dizia ser o lugar onde Jeremias escondera a Arca? Precisava, antes, resolver um dilema crucial. Por que os antigos israelitas consideravam a montanha dos edomeus como o lugar da habitação de seu próprio Deus?

Capítulos anteriores em:
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-1/
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-2/
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-3/
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-4/
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-5/
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-6/
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-7/

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Novembro 04, 2014

chamavioleta

Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança

 Capítulo  6 

 O Mistério de Jeremias

Posted by Thoth3126 on 04/11/2014

 



O Santuário da Bíblia fica próximo à Biblioteca Nacional e ao Museu de Israel, ao sudoeste de Jerusalém. Paradoxalmente, embora tenha sido construído com a intenção de guardar uma das coleções de manuscritos mais antigas do mundo, a arquitetura do Santuário é um tanto futurista demais.

A galeria principal é mais parecida com o interior de um disco voador do que com uma biblioteca — uma enorme sala redonda sem janelas coberta por uma grande redoma em forma de anel e banhada por uma iluminação alaranjada que parece irradiar das próprias paredes.

Thoth3126@gmail.com

Livro Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança, de Graham Phillips, Editora Madras – Capítulo VI – O Deserto

http://grahamphillips.net

Capítulo VI – O Mistério de Jeremias

No centro da sala estão os mais preciosos pergaminhos, mantidos dentro de um círculo de painéis iluminados que parece o sistema de controle de uma nave extraterrestre. Ao falar com um dos superintendentes do Santuário, logo descobri que o Dr. Griver era um dos únicos a achar que os Essênios tinham possuído a Arca da Aliança. Na verdade, a maioria das pessoas que trabalham no local com quem conversei no Santuário da Bíblia, considerava o pergaminho traduzido pelo Dr. Griver como uma parábola religiosa, e não um transcrito de acontecimentos reais. Contudo, me disseram que ele, de fato, citava a Arca da Aliança e as Pedras de Fogo, e que, com certeza, mencionava a crença dos Essênios de que eram os sucessores espirituais dos arcanjos Miguel e Gabriel. Na realidade, a comunidade de Qumran chegou a se auto denominar os Filhos da Luz — a referência à luz como uma alusão aos anjos.



Entretanto, em nenhum lugar, garantiram-me, o texto afirmava que os Essênios tinham estado de posse da Arca ou das Pedras de Fogo. Naturalmente, o Dr. Griver ainda podia estar certo: O fato de que os Essênios se consideravam os sucessores dos arcanjos, pode muito bem implicar que eles eram os guardiães dessas relíquias sagradas. Todavia, parecia não haver provas de que realmente o foram. Independentemente do que os Essênios afirmavam ou não possuir, a teoria do Dr. Griver se baseava no fato de que a Arca ainda estava no Templo de Jerusalém pouco antes de os gregos o saquearem, em 167 a.C. Ele acreditava que os Essênios, uma facção dos sacerdotes do Templo, foram incumbidos de guardar e proteger a Arca quando houve um caso de perigo iminente causado pelo rei Antiochus IV.

Portanto, havia qualquer evidência de que a Arca ainda estivesse no Templo de Jerusalém no início do século II a.C? Para responder minha pergunta, o curador levou-me até o terminal de um computador em uma das salas de leitura do Santuário, onde acessou um arquivo que mostrava todas as fontes históricas que tratavam do ataque grego ao Templo. Ao examinar a listagem, ele me disse que o episódio aconteceu em um período do qual muitos outros textos históricos existem, se comparado ao início da história dos hebreus.

A rebelião que o incidente desatou é conhecida como a Revolta dos Macabeus, e é relatada com riqueza de detalhes em uma série de documentos e cartas que foram escritos pouco antes de ter acontecido. Bastante conhecida como a Pseudepigrapha, os documentos fazem repetidas referências ao Templo de Jerusalém e seus vasos sagrados. No entanto, como o curador me mostrou ao abrir outros arquivos com diversos textos, nenhuma vez sequer, eles se referiam à presença da Arca no Sagrado dos Sagrados (Sanctun Santorum) no período em que o Templo foi saqueado sob as ordens de Antiochus IV. Na verdade, o relato mais importante que sobreviveu a respeito da Revolta dos Macabeus é encontrado nas Antiguidades dos Judeus, escrita pelo historiador judeu Josephus. Embora Josephus tenha escrito dois séculos depois do acontecimento, ele teve acesso a muitos antigos trabalhos judeus que hoje não existem mais.

O curador abriu o arquivo que continha a passagem de Josephus na qual falava do ataque de Antiochus do Templo: Assim ele deixou o templo vazio, e levou os candelabros de ouro, e o altar de ouro, e a mesa (para o pão não fermentado), e o altar (para ofertas queimadas); e não se esqueceu nem ao menos dos véus, que eram feitos de escarlate e linho puro… e não deixou nada naquele lugar. O trabalho incluía, por ordem de nome, os tesouros mais sagrados do Templo que foram roubados, mas não mencionava a Arca. A Arca era o bem mais sagrado dos judeus. Se ela ainda estivesse no Templo quando a Revolta dos Macabeus aconteceu, o curador explicou, é quase certeza que os autores judeus da Pseudepigrapha, e em especial, o historiador judeu Josephus, a teriam mencionado.

Na verdade, ele me disse que não sabia de nenhuma referência histórica dos judeus de alguém que afirmasse possuir a Arca da Aliança após o ataque babilônico do Templo de Jerusalém em 597 a.C. Parecia que a Arca da Aliança teve de ser retirada do Templo mais de quatro séculos antes do ataque de Antiochus. Todas as evidências disponíveis apontavam para o fato de ela ter sido retirada no tempo da invasão dos babilônios e, por alguma razão, nunca ter sido devolvida. Eu, portanto, precisava consultar as referências históricas do ataque babilônico de Jerusalém.



Infelizmente, diferente do período da ocupação grega de Judá, poucas fontes históricas com relação a este acontecimento existem em outro lugar, que não no Antigo Testamento. Visto que o curador havia me deixado no computador para continuar minhas pesquisas sozinho, decidi procurar as passagens bíblicas de relevância. Duas passagens do Antigo Testamento, 2 Reis 25:13-15 e Jeremias 52:17-19, referem-se ao roubo dos babilônios de todos os artigos sagrados que estavam no Templo. Como ambos usam palavras quase idênticas e listam exatamente os mesmos itens na mesma ordem, qualquer um dos relatos foi tirado do outro, ou os autores usaram as mesmas fontes.

A maioria dos estudiosos bíblicos consideram o relato de Jeremias como o original, por ele ser atribuído a um escriba chamado Baruch, que dizem ter sido uma testemunha ocular dos eventos. Seu relato parece listar todos os recipientes que foram levados:

“Quebraram mais os caldeus as colunas de bronze, que estavam na casa do Senhor, e as bases, e o mar de bronze, (uma tigela ornamental grande) que estava na casa do Senhor, e levaram todo o bronze para Babilônia. Também tomaram os caldeirões, e as pás, e as espevitadeiras, e as bacias, e as colheres, e todos os utensílios de bronze, com que se ministrava. E tomou o capitão da guarda as bacias, e os braseiros, e as tigelas, e os caldeirões, e os castiçais, e as colheres, e os copos; tanto o que era de puro ouro, como o que era de prata maciça.”

Esta, e a lista idêntica no relato de Reis, parecia ser bastante completa, porém não mencionava a Arca. Eu já sabia que a Arca parecia ainda estar no Templo durante o reinado de Josias, cerca de vinte e cinco anos antes da invasão babilônica, conforme está escrito em 2 Crônicas 35:1-3. Se esses dois relatos estiverem certos — e parece não haver razão para duvidarmos deles, porque parecem ter sido escritos em um espaço de tempo no qual ainda podiam se lembrar dos eventos — a conclusão mais lógica era a de que a Arca da Aliança fora retirada do Templo em algum momento entre os anos 622 e 597 a.C. Mas, quem a teria levado e por quê?

Para conseguir uma resposta, recorri à última referência à Arca da Aliança no Antigo Testamento — no livro do profeta Jeremias. Aceitando as palavras como do próprio Jeremias, que foram escritas por seu escriba Baruch, 3:16, a passagem diz:

“A arca da aliança do Senhor, nem lhes virá ao coração; nem dela se lembrarão, nem a visitarão.”

Muitos estudiosos bíblicos deduzem, com base nesse versículo, que o profeta está avisando o povo judeu que a Arca será tirada deles se não mudarem seus costumes. Pessoalmente, não pude deixar de pensar se o versículo inferia que a Arca já havia sido levada. Jeremias foi a figura religiosa judaica mais proeminente desse tempo, e portanto, se alguém tinha a autoridade para levar a Arca do Templo, esse alguém era ele. Obviamente, eu tinha de descobrir mais a respeito de Jeremias.

De acordo com o Antigo Testamento, Jeremias era o profeta líder dos judeus no tempo da invasão babilônica. Tinha iniciado seu ministério trinta anos antes, durante o reinado de Josias, quando ele parece ter sido responsável por uma série de reformas religiosas significantes. Desde então, até o tempo da conquista, ele era a figura religiosa mais importante em Judá. Durante esse tempo, Judá vinha gozando de um período de sucesso e prosperidade, uma sorte que não conhecera por muitas gerações. Entretanto, prevendo um perigo futuro, Jeremias mantinha os judeus sob alerta para que se preparassem para enfrentar os babilônios, cujo império ao norte se expandia a cada ano. Poucas pessoas, porém, ouviram seu conselho.

Em 605 a.C, as predições de Jeremias começaram a se concretizar quando os babilônios invadiram o norte de Judá. O rei da Judéia, Jehoiakim, foi forçado a jurar lealdade à Babilônia, mas, em troca, Jerusalém e o sul de Judá foram deixados sob seu controle. Pelos oito anos seguintes, a vida em Jerusalém continuou normal e o Templo permaneceu em segurança. Entretanto, em 597 a.C, uma revolta aconteceu no exército babilônico e, contra os conselhos de Jeremias, Jehoiakim se aproveitou da oportunidade para tentar expulsar os invasores do norte de Judá. A breve campanha foi catastrófica para Jehoiakim, e quando o exército da Judéia foi derrotado, o rei babilônico Nabucodonosor, dominou Jerusalém e saqueou o Templo.

Parecia, então, que Jeremias não estava em posição de esconder a Arca, mas seus constantes alertas com relação ao perigo dos babilônios mostram que ele teve a presciência de fazê-lo. Passei algum tempo estudando o banco de dados do Santuário e algum tempo depois descobri que existia ali um antigo texto apócrifo que, na verdade, alegava que Jeremias tinha escondido alguns dos tesouros do Templo pouco antes da chegada dos babilônios. Aquele era um raro manuscrito grego do século I conhecido como O Paralipomena de Jeremias — “As ‘Palavras Póstumas’ de Jeremias”. Atribuído a um homem grego anônimo convertido ao Judaísmo, ele afirmava ser uma cópia de um antigo texto hebraico escrito por Baruch, que está descrito nesse texto como um servidor no Templo de Jerusalém, que trabalhava como um escriba pessoal de Jeremias.

De acordo com o manuscrito, assim que a invasão dos babilônios em Jerusalém tornou-se iminente, Deus falou com Jeremias e lhe alertou para que escondesse alguns itens sagrados do Templo: E Jeremias disse, Senhor, agora sabemos que estás entregando a cidade nas mãos de seus inimigos, e eles levarão o povo para a Babilônia. O que queres que eu faça com os vasos sagrados usados nas cerimônias do templo? E o Senhor lhe disse, pegue-os e deposite-os na terra, dizendo: ouça, Terra, a voz de seu criador que a criou e a encheu com suas águas, que a fundamentou com sete sinais para sete eras, depois disso irás receber vossos ornamentos. Guarde os vasos de cerimônia do templo até o momento do encontro dos adorados.

Independentemente desse texto ter sido escrito ou não pelo escriba
Baruch, ele provava a existência de uma antiga tradição judia de que Jeremias
conseguiu salvar ao menos alguns dos tesouros do Templo do ataque dos
babilônios. Embora O Paralipomena não mencione especificamente a Arca ou
qualquer outro vaso do Templo pelo nome, temos um parâmetro histórico que
mostra que a Arca estava entre eles. Certamente, ao suspeitar que os babilônios iam invadir, Jeremias não teria ficado sem tomar atitudes e deixar que as relíquias sagradas dos judeus continuassem expostas no Templo para que fossem saqueadas.

Acima: Esquema de como seria o Templo de Salomão destruído por Nabucodonosor em 586 a.C.

Além disso, a menção na passagem de “vasos sagrados,” e não de apenas um “vaso”, fez-me mais uma vez pensar nos dois relatos do Antigo Testamento que falavam do ataque dos babilônios no Templo. A lista dos artefatos apresentada ali é longa e detalhada, mas não faz nenhuma referência à Arca assim como também não menciona outros itens importantes que a Bíblia diz terem estado anteriormente no Templo: o altar de incenso dourado e o tabernáculo sagrado (a tenda que servia como um templo portátil durante a peregrinação dos israelitas pelo deserto).

Ela também não menciona o menorah, embora ele possa estar incluído na listagem do Antigo Testamento como um dos “candelabros”. Parecia-me quase impossível que os autores do Antigo Testamento tivessem se esquecido de mencionar o altar de incenso e o tabernáculo se eles estivessem no Templo para serem roubados junto com os outros recipientes. Parecia que alguém — ao que tudo indica, Jeremias — tinha se certificado de que, junto com a Arca, eles já tinham sido levados para um lugar mais seguro.

No entanto, se Jeremias tivesse escondido esses tesouros do Templo, por que não foram devolvidos quando os persas derrubaram os babilônios e o Templo
foi reconstruído cerca de setenta anos mais tarde? O Antigo Testamento nos garante que todos os recipientes sagrados que os babilônios tinham levado, foram devolvidos pelos persas e voltaram a ser guardados no Templo de Jerusalém (Ez 1:7-11). Por que, então, não receberam a Arca e os outros itens desaparecidos? Quando, mais uma vez, examinei os relatos bíblicos da vida de Jeremias, uma resposta me foi sugerida.

Muitos judeus morreram durante a invasão babilônica de Jerusalém, e milhares de outros foram escravizados e enviados para o exílio na Babilônia. Jeremias, porém, não apenas sobreviveu, mas também foi capaz de evitar que fosse preso ou escravizado. Embora tenha sido inicialmente preso, ele foi libertado por ter cooperado com seus inimigos ao incentivar seu povo a não propagar aquele derramamento de sangue, e para que não usassem suas armas. Ele continuou em Judá por alguns anos antes de se mudar para o Egito, onde viveu até sua morte por volta de 562 a.C. Uma possível razão para que nenhum vaso do Templo, que ele pode ter escondido, tenha sido devolvido, pode ser explicada com sua morte antes de os babilônios partirem.

Talvez, na época em que o Templo foi reconstruído, nenhum dos sobreviventes sabia onde os tesouros estavam. Obviamente, Jeremias teria precisado de ajuda para transportar os pesados artefatos como, por exemplo, a Arca, mas seus ajudantes podem muito bem ter morrido durante a invasão babilônica, ou enquanto estavam escravizados, sem jamais terem revelado o segredo de sua localização. Infelizmente, O Paralipomena não nos deixou pista alguma quanto ao local do esconderijo de Jeremias usado para os recipientes do Templo.

Porém, ao continuar analisando o banco de dados, encontrei uma referência intrigante de uma antiga tradição dos judeus, de que Jeremias escondera os tesouros em uma caverna secreta. Tinha acabado de começar minha busca naquele arquivo, quando um dos funcionários do Santuário me disse que estavam encerrando as atividades do dia. Só tive tempo para tomar nota da fonte da referência em um pedaço de papel. Ao deixar o Santuário da Bíblia, olhei de relance para o papel em minha mão. A tradição de que Jeremias havia escondido os vasos em uma caverna secreta aparentemente vinha de uma antiga versão da Bíblia, compilada pelo bispo São Jerônimo do século IV. Evidentemente, uma antiga cópia da Bíblia de Jerônimo ainda existia na Igreja da Natividade na cidade de Belém. Decidi que pegaria o ônibus para ir até lá na manhã seguinte.

Tinha visitado Belém uns dois anos antes, mas tudo estava diferente. A
pouco mais de dez quilômetros ao sul de Jerusalém, uma pequena cidade árabe que hoje situa-se na região palestina semi-autônoma ainda chamada de Israel. O lugar apresentara uma atmosfera bastante tranqüila durante minha primeira visita, mas isso foi antes dos atuais problemas. Provavelmente, teria sido melhor ter caminhado até Belém como os peregrinos tradicionalmente fazem, pois um congestionamento terrível formou-se na Estrada de Hebrom. Soldados israelitas estavam revistando todos os veículos em um posto de controle nos arredores de Jerusalém, e demorei quase três horas para chegar a meu destino. Quando o ônibus finalmente chegou a Belém, todos os passageiros e as bagagens foram mais uma vez revistados, dessa vez por oficiais árabes.

De acordo com a Bíblia, Belém foi a cidade onde aconteceu o nascimento
de Jesus, e dizem que a Igreja da Natividade marca o lugar onde ele nasceu. Está situada na Praça da Manjedoura, no coração da cidade, e na última vez em que estive ali, o local estava cheio de turistas que entravam e saíam alegres de
lanchonetes e lojas de lembranças. Muitos dos 20.000 habitantes árabes — metade dos quais é cristã e a outra metade muçulmana — ganham a vida com o comércio dos turistas, em especial a produção e venda de imagens da família sagrada. Aquele tinha sido um negócio lucrativo, mas eu duvidada que ainda o fosse. Ao invés das multidões de visitantes e grupos de peregrinos que eram guiados por freiras do Convento das Irmãs de São José da cidade e por monges do mosteiro franciscano próximo dali, a Praça da Manjedoura estava cercada por policiais palestinos armados. Não havia mais do que alguns poucos ocidentais no local.

Ocupando a maior parte da ala leste da praça, está a Igreja da Natividade, que foi erguida sobre o local do nascimento de Cristo. Parece mais uma fortaleza do que uma igreja, visto que, a atual estrutura, construída pelo imperador romano Justiniano, no século VI, foi fortificada pelos Cruzadores nos tempos medievais. Justiniano não foi o responsável pela igreja original; essa responsabilidade pertenceu ao primeiro imperador romano cristão, Constantino, o Grande, que a construiu em cima de uma caverna no fim do ano 320. Conta a história que a mãe de Constantino, Helena, informou-o, de forma confidente, que a caverna era o local da Natividade.


A Igreja da Natividade, em Belém.

Ela tinha recebido aquela informação de um eremita local. Ao me curvar para ter acesso pela única entrada da igreja, descobri que havia mais atividades do lado de dentro. A rotina continuava igual a de séculos atrás. Ao meu redor, os servos da igreja estavam ocupados acendendo incensos e velas e cuidando das flores: os sacerdotes gregos ortodoxos em suas túnicas pretas, os padres armênios em suas túnicas creme e roxo, e os monges católicos franciscanos com seus hábitos marrons com capuz. Todas as três denominações cuidam da igreja, mas por incrível que pareça, nenhum deles é o responsável geral.

Ao encontrar um monge franciscano que falava inglês, fiquei sabendo que a Bíblia de Jerônimo estava exposta em um armário de vidro na Gruta da Natividade. Localizada no subsolo, abaixo do altar superior, foi ali que dizem que Jesus nasceu. Na última vez em que estive ali, tive de ficar na fila por quase uma hora para ver a gruta. Dessa vez pude entrar sem enfrentar fila alguma e descer o lance de degraus estreitos que nos levam até o suposto local do nascimento de Cristo.

A gruta em si é uma caverna com pouca iluminação que tem um cheiro forte de fumaça de incenso expelida de bicos de gás pendurados nas paredes. A Bíblia nos diz que Jesus nasceu em um estábulo, embora a gruta não pareça em absoluto com a choça familiar onde imaginamos que a natividade tenha acontecido. Contudo, o fato de (teoricamente) Jesus ter nascido ali, tornou-se o tópico de inúmeros debates. Entretanto, os guias garantem aos visitantes que existem evidências suficientes de que a caverna foi usada como um estábulo no tempo em que dizem que Jesus nasceu.

O lugar exato onde acredita-se que o nascimento ocorreu, está marcado com uma estrela de prata sobre o chão, e traz a inscrição em latim que diz “Aqui Jesus Cristo nasceu da Virgem Maria”. No entanto, o que me chamou a atenção foi a caixa de vidro colocada contra a parede em uma lateral da estrela. Dentro dela estava a cópia da Bíblia de Jerônimo, aberta, como descobri, na página do evangelho de São Lucas que conta o nascimento de Cristo. Uma plaqueta logo abaixo, escrita em uma série de idiomas diferentes, informava aos visitantes que o livro data de cerca de 400 d.C. e é uma das Bíblias mais antigas do mundo.

Obviamente, eu não teria permissão para tirá-la da caixa. Mesmo que pudesse, teria de conhecer o latim eclesiástico do século IV para conseguir lê-la. Por
sorte, um dos servos informou-me que havia uma cópia em inglês moderno da Bíblia de Jerônimo na biblioteca da igreja. No entanto, teria de esperar até que o único bibliotecário voltasse de seu horário de almoço. Por volta de quarenta e cinco minutos depois ele apareceu, mas era um padre ortodoxo que, obviamente, falava somente grego. Finalmente, consegui encontrar alguém para ser meu intérprete e consegui pedir a ele o que queria.

No final das contas, ele não se incomodou que eu folheasse o livro da maneira que precisava, mas minha tarefa parecia algo impossível; a obra tinha mais de mil páginas, e eu não fazia idéia por onde começar a procurar por uma referência a respeito de Jeremias ter escondido os tesouros do Templo em uma caverna. Por fim, fui ajudado pelo monge franciscano com quem falei quando cheguei na igreja, e não demorou muito tempo até que ele conseguiu chegar onde eu poderia encontrar o que estava buscando.

O monge me disse que a Bíblia de Jerônimo contém uma série de livros
em seu Antigo Testamento que não estão incluídos nas atuais Bíblias Protestantes, como a versão do Rei James. Esses eram alguns dos chamados Apócrifos, os textos do Tanak dos judeus que a Igreja Protestante eventualmente decidira excluir. Um deles era conhecido como o segundo livro dos Macabeus, e foi ali que havia, de fato, uma passagem que falava de Jeremias ter escondido alguns dos vasos sagrados do Templo. Para minha surpresa, esses itens, na verdade, falavam da Arca. 2 Macabeus 2:4-8 descreve como, antes da queda de Jerusalém para os babilônios, Jeremias deixou a cidade com as três relíquias do Templo que não eram mencionados na lista do Antigo Testamento: o tabernáculo, o altar superior e a Arca da Aliança.

Ao que tudo indicava, Deus disse a Jeremias o que fazer: “O profeta (Jeremias), ao ser alertado por Deus, ordenou que o tabernáculo e a arca o acompanhassem.” O que era ainda mais surpreendente era que a passagem, na realidade, explica o que Jeremias fez com elas: Ele foi até a montanha onde Moisés subiu e viu a herança de Deus (o Monte Horeb, na Península do Sinai). E quando Jeremias lá chegou, encontrou uma caverna vazia e levou para lá o tabernáculo e a arca e o altar de incenso, e então trancou a entrada.



Ali, ao que parece, a Arca ficou: Em seguida, alguns dos que o seguiu, vieram para marcar o lugar; mas não puderam mais encontrá-lo. E quando Jeremias se
deu conta, culpou-os dizendo: o local ficará desconhecido, até que Deus una a congregação dos povos e receba-os em sua misericórdia. Evidentemente, Jeremias decidiu que a Arca permanecesse escondida naquela caverna na montanha e fez questão de que ninguém mais soubesse sua localização exata.

Ao que parece, ele acreditava que era o desejo de Deus que o povo dos hebreus não mais possuísse aquelas relíquias sagradas, após terem transgredido as suas leis. Essa era uma descoberta impressionante: eu havia encontrado um texto antigo que não somente confirmava minhas suspeitas de que Jeremias tinha escondido a Arca, mas também revelava onde ele a tinha escondido. Contudo, eu precisava controlar minha excitação até que pudesse descobrir a idade e a autenticidade do relato de 2 Macabeus.

Voltei a Jerusalém, na Biblioteca Nacional, e fiquei sabendo que o texto,
ao que se sabe, ganhou sua forma final durante o século II a.C. De qualquer forma, algumas de suas seções certamente aconteceram, ao menos de forma oral, no início do século I porque chegaram a ser citadas por Philo de Alexandria, um filósofo judeu grego e historiador que morreu em 40 d.C. Nenhuma versão em hebraico original do texto sobrevive, mas baseado em diversas referências do texto, acredita-se tratar de uma obra composta tirada de antigos documentos que datam de cerca de 130 a.C.

Ele não é, ao que parece, um relato contemporâneo, e portanto sua honestidade pode inspirar dúvidas. Contudo, pelo que pude descobrir, essa é a mais antiga referência de que se tem notícias a respeito da Arca da Aliança, além daquilo que é conhecido como o Antigo Testamento. Na realidade, essa é a única referência antiga acerca da existência do artefato que se refere, especificamente, ao esconderijo da Arca. Durante o tempo em que fiquei na Biblioteca Nacional, olhando os alunos e estudiosos ao meu redor, que examinavam com meticulosidade todos aqueles livros e olhavam com curiosidade para as telas dos computadores, percebi que muitos caçadores da Arca, antes de mim, devem ter se inspirado no livro de Macabeus.

Não posso ter sido o único a encontrá-lo. Ele, na verdade, revelava onde a Arca estava escondida — em uma caverna na “montanha onde Moisés subiu e viu a herança de Deus”. No Antigo Testamento, Moisés conduz os israelitas para longe da prisão no Egito, e depois de quarenta anos no deserto, entram naquilo que a Bíblia chama de Terra Prometida de Canaã. O próprio Moisés jamais chega a pisar em Canaã, mas pouco antes de morrer, sobe em uma montanha onde tem uma visão da Terra Prometida e revela os últimos comandos de Deus aos Israelitas. A Terra Prometida de Canaã, ao que parece, é aquilo que está implícito nas palavras “herança de Deus” no relato do livro de Macabeus.

Quase todos os livros guias da Terra Santa informam ao leitor, de maneira confidente, que a visão de Moisés da Terra Prometida aconteceu no Monte Nebo, hoje conhecido como Jebel en Neba, dezesseis quilômetros ao leste da extremidade norte do Mar Morto — um lugar que hoje está sob o reino da Jordânia. Na verdade, como eu suspeitava, muitos pesquisadores haviam visitado esse lugar na esperança de encontrar a Arca.

Houve, descobri mais tarde, uma série de expedições para Jebel en Neba
em busca da Arca. A primeira dos tempos atuais realizada pela evangelista e
exploradora americana Antônia Frederick Futterer, na década de 1920. Em 1981, uma expedição na região chegou a afirmar ter encontrado a Arca. Ela foi chefiada por um outro americano, Tom Crotser, de Winfield, Kansas. Ao que tudo indica, próximo a um mosteiro franciscano, que fica ao pé da montanha, Crotser e seus companheiros descobriram uma caverna que acreditavam ser o lugar descrito no relato de Macabeus. Eles declararam ter encontrado uma caixa dourada dentro da caverna que acreditavam ser a Arca perdida.

Por razões conhecidas só por eles, a equipe deixou-a onde ela estava e se recusou a revelar sua localização. Obviamente, a afirmação de Crotser foi recebida com descrença pelos arqueólogos. Fotografias da suposta descoberta foram mostradas ao famoso arqueólogo Siegfried Horn, que não ficou impressionado. Ao que tudo indica, as fotos coloridas de Crotser não apenas eram pouco nítidas, mas somente duas delas não mostravam absolutamente nada. Uma delas estava tremida mas mostrava o que parecia ser uma câmara com uma caixa amarela ao centro. A outra foto era um pouco mais nítida e nos dava uma boa visão frontal da caixa.

De acordo com Horn, a obra da caixa era tão uniforme que só poderia ter sido feita por uma máquina. Além disso, um prego que saía da parte de cima da caixa tinha, em sua opinião, uma cabeça de aspecto moderno. Ele concluiu que aquele parecia ser um artefato de fabricação recente. Após ler a respeito da descoberta declarada por Crotser, me senti tão cético quanto o professor Horn. Na verdade, quando consultei as referências bíblicas a respeito da montanha onde dizem que Moisés parece ter visto “a herança de Deus”, comecei a me perguntar se o relato do livro de Macabeus se referia, ou não,
ao Monte Nebo.

Há três relatos no Novo Testamento das visões de Moisés da Terra Prometida, encontrados separadamente nos livros de Levítico, Números e Deuteronômio, e cada um deles indica locais diferentes do acontecimento: nos Montes Nebo, Abarim e Sinai. Deuteronômio 32:49 na verdade, fala em dois lugares,
chamando os dois de Monte Abarim e Monte Nebo nas instruções de Deus para
Moisés: “Sobe ao monte de Abarim, ao monte Nebo, que está na terra de Moabe, defronte de Jericó.” O autor parece considerar as duas montanhas como a mesma, ao passo que, na realidade, o Monte Nebo é a atual Jebel en Neba, a dezesseis quilômetros ao leste da extremidade norte do Mar Morto, enquanto o Monte Abarim é o atual Jebel el Hamra, a aproximadamente trinta quilômetros no extremo sul.

O autor não apenas afirmou por engano que Abarim e Nebo eram a mesma montanha, como também parecia acreditar que o lugar em questão ficava próximo a Jericó, que, na verdade, fica a quilômetros dos dois pontos. O Monte Nebo fica a trinta quilômetros de Jericó, e o Monte Abarim a mais de cinqüenta quilômetros de distância. Parece que o autor não conhecia absolutamente nada daquela região. Quem quer que ele fosse, deve ter começado a escrever muitos anos depois dos acontecimentos, e em um país diferente.

Embora o relato de Números do mesmo evento seja menos confuso, indicando somente o Monte Abarim, quando o autor resume o episódio no último versículo desse livro, ele revela seu total desconhecimento da topografia da área: Estes são os mandamentos e os juízos que mandou o Senhor por meio de Moisés aos filhos de Israel nas campinas de Moabe, junto ao Jordão, na direção de Jericó. (Nm 36:13) Nesse versículo, o autor, por engano, diz que Jericó fica na terra de Moabe. Moabe era um reino estrangeiro ao leste do Rio Jordão, ao passo que Jericó fica a vinte e quatro quilômetros a oeste do rio — bem dentro da antiga Canaã. O mesmo relato é encontrado no livro de Levítico, que também resume o episódio em seu último versículo. Ele diz que o evento aconteceu no Monte Sinai: “Estes são os mandamentos que o Senhor ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai” (Lv 27:34).

Estava bastante convencido de que a Arca da Aliança tinha sido tirada do
Templo de Jerusalém pouco antes da invasão babilônica em 597 a.C, e que
Jeremias era a pessoa mais indicada para ser o responsável pelo ato. Quem quer que a tenha levado, jamais a devolveu, e portanto, ela ficou escondida em algum lugar. O único texto antigo a indicar o nome do esconderijo, o relato do livro de Macabeus, era tudo o que me restava. Sua credibilidade não se mostrava tão fidedigna. Contudo, parecia bastante válido seguir a pista.

O problema é que eu tinha três possíveis localizações para investigar. Precisava decidir qual delas parecia ser a escolha mais provável do lugar da visão de Moisés da Terra Prometida. Como os dois relatos, Deuteronômio e Números, continham erros geográficos que não apareciam no livro de Levítico, esse relato do acontecimento no Monte Sinai parecia ser a melhor aposta. Quanto mais pensava no assunto, mais acreditava que o Monte Sinai era o lugar onde a Arca estaria escondida: era, afinal, onde sua história havia começado. Além do mais, a Arca do bem mais sagrado dos hebreus, que no tempo do Rei Salomão tinha de ser mantida somente sobre o solo mais santificado.



Acreditava-se de que o próprio Deus tinha instruído que o Templo fosse reconstruído especialmente para abrigá-la. Antes desse período, o local mais sagrado dos hebreus era o Monte Sinai. Com o Templo ameaçado, o Monte Sinai seria a próxima escolha lógica para o local de descanso da Arca. Tinha certeza que outros haviam chegado à mesma conclusão. Mesmo se isso fosse verdade, porém, entendia agora por que a Arca jamais fora encontrada: a verdadeira localização do local (a caverna) no Monte Sinai fora, há muito tempo, esquecida.

Fim do capítulo.

Capítulos anteriores em: http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-1/http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-2/http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-3/http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-4/http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-e-a-arca-da-alianca-parte-5/

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