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A Chama Violeta

Sítio dedicado à filosofia humana, ao estudo e conhecimento da verdade, assim como à investigação. ~A Luz está a revelar a Verdade, e a verdade libertar-nos-á! ~A Chama Violeta da Transmutação

A Chama Violeta

Sítio dedicado à filosofia humana, ao estudo e conhecimento da verdade, assim como à investigação. ~A Luz está a revelar a Verdade, e a verdade libertar-nos-á! ~A Chama Violeta da Transmutação

Março 11, 2019

chamavioleta


Ecos de Nossos Sonhos

As Digitais dos deuses 

Por Graham Hancock, livro “AS DIGITAIS DOS DEUSES”, Tradução de Ruy Jungmann, editora Record 2001.

Uma resposta para o mistério das origens e do fim da civilização

Edição e imagens:  Thoth3126@protonmail.ch

 
 

Em alguns dos mitos mais impressionantes e duradouros que herdamos dos tempos antigos, parece que nossa espécie reteve uma recordação confusa, mas persistente, de uma pavorosa catástrofe global. De onde vem esses mitos? Por que, embora procedam de culturas sem relação entre si, seus temas são tão parecidos? Por que estão imbuídos de um simbolismo comum? E por que falam, com tanta freqüência, dos mesmos personagens e enredos padronizados? Se são realmente memórias, por que não existem registros históricos das catástrofes planetárias a que parecem aludir? Poderia acontecer que os próprios mitos sejam registros históricos? Poderia acontecer que essas histórias interessantes e imortais, compostas por gênios anônimos, tenham sido o meio usado para conservar informações desse tipo e transmiti-las ao longo do tempo, antes que começasse a história documentada?
 
 
Parte IV O Mistério dos Mitos 1. Uma Espécie com Amnésia
CAPÍTULO 24 Ecos de Nossos Sonhos
E a Arca Flutuou sobre a Face das Águas. Houve na antiga Suméria um rei que buscava a vida eterna. Seu nome era Gilgamesh. Conhecemos suas aventuras através dos mitos e tradições da Mesopotâmia, que foram gravadas em escrita cuneiforme em tabletes de argila cozidas em forno. Milhares desses tabletes, algumas datadas do início do terceiro milênio a.C., foram escavadas  nas areias do moderno lraque. Elas contam uma história ímpar de uma cultura desaparecida e nos lembram que, mesmo naqueles dias da alta antiguidade, seres humanos preservavam memórias de tempos ainda mais remotos, tempos dos quais estavam separados pelo intervalo de um grande e terrível dilúvio:
Proclamarei ao mundo as façanhas de Gilgamesh. Ele era o homem para o qual todas as coisas eram conhecidas; ele era o rei que conhecia os países do mundo. Ele era sábio, enxergava dentro de mistérios, conhecia coisas secretas e nos trouxe a história dos dias anteriores ao dilúvio. Ele partiu em uma longa jornada, ficou cansado, esgotado pela viagem. Ao voltar, repousou e gravou em uma pedra toda a história.
A história trazida por Gilgamesh lhe foi contada por um certo Utnapishtim, um rei que governara seu povo milhares de anos antes, que sobrevivera ao grande dilúvio e fora premiado com o dom da imortalidade pelos “deuses”, porque tinha preservado as sementes da humanidade e de todas as coisas vivas.
Isso aconteceu há muito, muito tempo, disse Utnapishtim, numa época em que os deuses (Anunnaki) viviam na terra: Anu, senhor do firmamento, Enlil, o executor das decisões divinas, Ishtar, a deusa da guerra e do amor sexual, e Enki/Ea, o senhor das águas, amigo e protetor natural do homem. Naqueles dias, o mundo fervilhava de atividade, os homens se multiplicavam, o mundo mugiu como um touro e o grande deus foi acordado pelo clamor. Enlil ouviu o clamor e disse aos deuses, reunidos em conselho: “O barulho da humanidade é intolerável e sono não é mais possível devido à balbúrdia.”  Em vista disso, os deuses concordaram em exterminar a humanidade.
Enki/Ea, porém, teve pena de Utnapishtim. Falando através da parede de caniço da casa do rei, avisou-o da catástrofe iminente e disse-lhe que construísse um barco, no qual ele e sua família poderiam sobreviver:
Derruba tua casa e constrói um barco, abandona tuas posses e procura a vida, despreza os bens mundanos e salva tua alma. (…) Derruba tua casa e constrói um barco com suas dimensões em proporção – largura e comprimento em harmonia. Põe a bordo do barco as sementes de todas as coisas vivas.
No momento exato, Utnapishtim construiu o barco, da forma ordenada. “Carreguei o barco com tudo o que tinha”, disse ele, “carreguei-o com as sementes de todas as coisas vivas”:
Embarquei todos os meus parentes, embarquei o gado, os animais selvagens da natureza, todos os tipos de artesãos. (…) O prazo foi cumprido. Quando a primeira luz do amanhecer surgiu, uma nuvem negra surgiu da base do céu e trovejou no lugar onde Adad, o senhor da tempestade, cavalgava. (…) Um estupor de desespero subiu ao céu, quando o deus da tempestade transformou a luz do dia em trevas, quando esmagou a terra como se ela fosse uma taça. (…) No primeiro dia, a tempestade soprou feroz e trouxe o dilúvio. (…) Nenhum homem podia ver seu companheiro. Nem os homens podiam ser diferenciados do céu. Até os deuses ficaram com medo do dilúvio. Retiraram-se, subiram para o céu de Anu e agacharam-se nas proximidades. Os deuses acovardaram-se como cães de rua, enquanto Ishtar chorava, e exclamava em voz alta: “Dei à luz a esses meus próprios filhos apenas para encher o mar com seus cadáveres, como se eles fossem peixes?”
Enquanto isso, continuou Utnapishtim:
Durante seis dias e noites o vento soprou, e torrente, tempestade e inundação varreram o mundo, a tempestade e o dilúvio rugiram juntos como hostes em guerra. Ao raiar o sétimo dia, a tempestade vinda do sul amainou, o mar ficou calmo, o dilúvio parou. Olhei para a face do mundo e havia silêncio. A superfície do mar estendia-se tão plana como um telhado. Toda a humanidade retornara ao pó. (…) Abri uma escotilha e luz caiu sobre minha face. Em seguida, curvei-me, sentei-me e chorei, lágrimas escorrendo pelo meu rosto, pois, por todos os lados, só havia o deserto de água. (…) A quatorze léguas de distância apareceu uma montanha e nela o barco encalhou. Na montanha de Nisir o barco se prendeu fortemente à terra, ficou imóvel e não se mexeu. (…) Quando o sétimo dia amanheceu, soltei uma pomba no ar. Ela voou para longe, mas, não achando lugar para pousar, voltou. Soltei em seguida uma andorinha, ela voou para longe, mas, não encontrando lugar para pousar, voltou. Soltei um corvo, ele viu que as águas haviam baixado, comeu, voou em volta, grasnou e não voltou.
Utnapishtim soube que, nesse momento, era seguro desembarcar:
Verti uma libação sobre o cume da montanha. (…) Juntei madeira, cana, cedro e murta… Quando os deuses sentiram o doce aroma, eles se reuniram como moscas sobre o sacrifício. (…)
Esses textos não são absolutamente os únicos que chegaram até nós, com origem na terra antiga da Suméria. Em outras tabuinhas – algumas delas com quase 5.000 e, outras, menos de 3.000 anos de idade – a figura “semelhante a Noé” de Utnapishtim era variadamente conhecida como Ziusudra, Xisuthros ou Atrahasis. Ainda assim, ele é sempre reconhecível como o mesmo personagem patriarcal, avisado pelo mesmo deus compassivo, que sobrevive ao mesmo dilúvio universal na arca sacudida pela tempestade e cujos descendentes repovoaram o mundo.
Há muitas semelhanças óbvias entre o mito do dilúvio mesopotâmico e a famosa história bíblica de Noé e o dilúvio. Estudiosos discutem interminavelmente sobre a natureza dessas semelhanças. O importante, porém, é que, em todas as esferas de influência, a mesma tradição solene foi preservada para a posteridade – uma tradição que conta, em linguagem vívida, uma catástrofe global e a aniquilação quase total da humanidade.
América Central
Mensagem idêntica foi preservada no Vale do México, muito distante dos montes Ararat e Nisir, ambos situados no outro lado do mundo. No México, cultural e geograficamente isolado das influências judaicocristãs, e em longas eras antes da chegada dos espanhóis, eram contadas também histórias sobre um grande dilúvio. Como o leitor recordará pelo que dissemos na Parte III, reinava a crença em que o dilúvio assolara toda a terra, ao fim do Quarto Sol.
“A destruição aconteceu sob a forma de chuvas torrenciais e inundações. As montanhas desapareceram e os homens foram transformados em peixes… De acordo com a mitologia asteca, sobreviveram apenas dois seres humanos: um homem, Coxcoxtli, e a esposa, Xochiquetzal, que um deus avisara do iminente cataclismo. Os dois escaparam em um imenso barco que haviam recebido ordens para construir e desembarcaram no cume de uma alta montanha. Lá desceram e tiveram muitos filhos, todos mudos, que assim permaneceram até que uma pomba, no alto de uma árvore, lhes deu o dom das línguas. Essas línguas diferiam tanto entre si que as crianças não podiam se entender.
Uma tradição centro-americana semelhante, a de Mechoacanesecs, apresenta uma semelhança ainda mais notável com a história contada no Gênesis e por fontes mesopotâmicas. De acordo com essa tradição, o deus Tezcatlipoca resolveu destruir toda a humanidade com um dilúvio, salvando apenas um certo Tezpi, que embarcou em uma espaçosa canoa com a esposa, filhos, e grande número de animais e aves, bem como suprimentos de cereais e sementes, cuja preservação era essencial para o sustento futuro da raça humana. A canoa encalhou no cume de uma montanha, depois de ter Tezcatlipoca ordenado que as águas do dilúvio se retirassem. Desejando saber se era seguro desembarcar nesse momento, Tezpi soltou um abutre que, alimentando-se das carcaças que cobriam a terra, não voltou. Ele enviou outras aves, das quais só voltou o beija-flor, com um galho folhudo no bico. Com esse sinal de que a terra começava a se renovar, Tezpi e família desceram da arca, multiplicaram-se e repovoaram a terra.
Recordações de uma terrível inundação causada por desagrado divino foram também preservadas no Popol Vuh. De acordo com esse texto arcaico, o Grande Deus resolveu criar a humanidade logo depois do início do tempo. Era um experimento e ele começou com “figuras feitas de madeira, que pareciam homens e que falavam como homens”. Essas criaturas caíram em desgraça porque “não se lembravam de seu Criador”: 
E assim um dilúvio foi desencadeado pelo Coração do Céu, um grande dilúvio foi formado e caiu sobre a cabeça das criaturas de madeira. (…) Uma pesada resina caiu do céu. (..,) a face da terra se tornou escura e uma chuva negra começou a cair, dia e noite. (..,) As figuras de madeira foram aniquiladas, destruídas, quebradas e mortas.
Nem todos morreram, porém. Tal como os astecas e os mechoacanesecas, os maias de Yucatán e da Guatemala acreditavam que uma figura semelhante a Noé e esposa, “o Grande Pai e a Grande Mãe”, sobreviveram ao dilúvio para repovoar novamente a Terra, tornando-se, dessa maneira, os ancestrais de todas as gerações subseqüentes da humanidade.
América do Sul
Passando à América do Sul, encontramos os chibcas, da região central da Colômbia. De acordo com seus mitos, eles viveram inicialmente como selvagens, sem leis, agricultura ou religião. Certo dia, porém, apareceu entre eles um velho de raça diferente. Ele usava barba espessa e longa e seu nome era Bochica. Ele ensinou aos chibcas como construir cabanas e viver juntos em sociedade.
A esposa de Bochica, muito bela, chamada Chia, veio depois dele, mas era má e gostava de contrariar-lhe os trabalhos altruísticos. Uma vez que não podia anular diretamente o poder do marido, usou de meios mágicos para causar um grande dilúvio, no qual morreu a maioria da população. Profundamente irado, Bochica exilou-a da terra para o céu, onde ela se tornou a lua e recebeu o trabalho de iluminar as noites. Ele fez também com que se dissipassem as águas do dilúvio e trouxe para baixo os poucos sobreviventes que haviam se refugiado no cume de uma montanha. Em seguida, deu-lhes leis, ensinou-lhes a cultivar a terra e instituiu a adoração do sol, com festivais, sacrifícios e peregrinações periódicas. Em seguida, dividiu entre dois chefes o poder de governar e passou o resto de seus dias na terra em tranqüila contemplação, como asceta. Quando subiu ao céu, tornou-se um deus.
Ainda mais ao sul, os canarianos, uma tribo de índios do Equador, contam uma história antiga de dilúvio, do qual dois irmãos escaparam por terem subido para o cume de uma montanha. À medida que a água subia, o mesmo acontecia com a montanha, de modo que os dois irmãos puderam sobreviver à calamidade. Ao serem descobertos, os índios tupinambás, do Brasil, veneravam uma série de heróis civilizadores, ou criadores. O primeiro desses heróis era Monan (antigo, velho), que eles diziam ter sido o criador da humanidade, mas que em seguida destruiu o mundo com água e fogo… O Peru, como vimos na Parte II, é particularmente rico em lendas sobre o dilúvio. Uma história típica fala de um índio que foi avisado do dilúvio por uma lhama. Juntos, homem e lhama fugiram para uma alta montanha, chamada Vilca-Coto:
Quando chegaram ao alto da montanha, viram que todos os tipos de aves e animais já haviam se refugiado ali. O mar começou a subir e cobriu todas as planícies e montanhas, exceto o cume de Vilca-Coto e, mesmo lá, as ondas batiam tão altas que os animais foram obrigados a se apertarem numa área estreita. (..,) Cinco dias depois, a água recuou e o mar voltou a seu leito. Mas todos os seres humanos, exceto um, morreram afogados e dele descendem todas as nações da terra.

Incas
Os araucnaianos do Chile pré-colombiano preservaram uma tradição que dizia que houve outrora um dilúvio, do qual poucos índios escaparam. Os sobreviventes refugiaram-se em uma alta montanha chamada Thegtheg (a “trovejante” ou “faiscante”), que tinha três picos e a capacidade de flutuar na água. Na extremidade sul do continente, uma lenda dos yamanas, da Terra do Fogo, informa:
“A mulher-lua causou o dilúvio. Isso aconteceu no tempo da grande elevação da superfície da terra. (…) A lua estava cheia de ódio aos seres humanos. (…) Nessa ocasião, todos morreram afogados, com exceção dos poucos que conseguiram escapar para cinco picos de montanhas que a água não cobriu.”
Outra tribo da Terra do Fogo, a pehenche, associa o dilúvio a um prolongado período de escuridão. “O sol e a lua caíram do céu; e o mundo permaneceu assim, sem luz, até que, finalmente, dois condores gigantescos levaram de volta o sol e a lua para o céu.”
América do Norte
Enquanto isso, no outro lado das Américas, entre os inuítes do Alasca, havia a tradição de um dilúvio terrível, acompanhado por um terremoto, que varreu tão rapidamente a face da terra que só uns poucos homens conseguiram escapar em canoas, petrificados de terror, ou refugiar-se nos picos das montanhas mais altas. Os luisenos, da Baixa Califórnia, tinham uma lenda que dizia que uma inundação cobriu as montanhas e destruiu a maior parte da humanidade. Salvaram-se apenas uns poucos, porque fugiram para os mais altos picos e que foram poupados quando a água inundou todo o mundo. Os sobreviventes ali permaneceram até que passou a inundação. Mais ao norte, mitos semelhantes foram registrados entre os hurons.
E uma lenda dos montagnais, grupo pertencente à família algonquina, contava que Michabo, ou a Grande Lebre, com ajuda de um corvo, uma lontra e um rato almiscarado, recriou o mundo. O History of the Dakotas, de Lynd, um trabalho respeitado do século XIX que preservou numerosas tradições indígenas que, de outro modo, teriam sido perdidas, refere-se ao mito iroquês de que “o mar e as águas haviam, um dia, invadido a terra, e toda vida humana foi destruída”. Os chickasaws afirmavam que o mundo fora destruído pela água, “mas que havia sido salva uma família e dois animais de todos os tipos.” Os sioux falavam também de um tempo em que não havia terra seca e quando todos os homens desapareceram.
Água, Água, por Todos os Lados
Até que distância e com que abrangência as repercussões do grande dilúvio chegaram às memórias preservadas em mitos? Até grande distância, sem a menor dúvida. Em todo o mundo são conhecidas mais de 500 lendas que falam do dilúvio e, em um levantamento de 86 delas (20 na Ásia, 3 na Europa, 7 na África, 46 nas Américas e 10 na Austrália e no Pacífico), um pesquisador especializado, o Dr. Richard Andree, concluiu que 62 eram inteiramente independentes das versões mesopotâmicas e hebraicas. Antigos estudiosos jesuítas, que figuraram entre os primeiros europeus a visitar a China, por exemplo, tiveram oportunidade, na Biblioteca Imperial, de examinar um vasto conjunto de obras, composto de 4.320 volumes, que se dizia ter sido herdado de tempos antigos e que continham “todos os conhecimentos”.
Esse grande livro incluía certo número de tradições citando as conseqüências que se seguiram quando a humanidade se rebelou contra os grandes deuses e o sistema do universo despencou na desordem:
“Os planetas mudaram seus cursos. O céu afundou na direção do norte, o sol, a lua e as estrelas mudaram seus movimentos (inversão dos polos). A terra desfez-se em pedaços e as águas no seu seio jorraram violentas para o alto e inundaram a terra”.
Na floresta tropical de Chewong, na Malásia, os nativos acreditavam que, com grande freqüência, o mundo em que viviam, que chamavam de Terra Sete, virava de cabeça para baixo (inversão dos polos) e tudo era inundado e destruído. Não obstante, graças à intervenção do Deus Criador Tohan, a nova superfície plana do que fora antes o lado de baixo da Terra Sete é moldada e transformada em montanhas, vales e planícies. Novas árvores são plantadas e nascem novos seres humanos. Um mito do dilúvio originário do Laos e da região norte da Tailândia diz que seres chamados thens viviam há muito tempo no alto reino, enquanto os senhores do baixo mundo eram três grandes homens, Pu Leng Seung, Khun K’na e Khum K’et.
Certo dia, os thens anunciaram que, antes de tomar qualquer refeição, os homens deveriam lhes dar uma parte da comida, como sinal de respeito. Os homens recusaram-se a cumprir a ordem e, irados, os thens provocaram um dilúvio que destruiu toda a terra. Os três grandes homens construíram uma jangada, no alto da qual fizeram uma pequena casa e embarcaram com certo número de mulheres e crianças. Dessa maneira, eles e seus descendentes sobreviveram ao dilúvio. De forma semelhante, os karens da Birmânia têm tradições de um dilúvio global, do qual dois irmãos se salvaram em uma jangada. Um dilúvio do mesmo tipo faz parte da mitologia do Vietnã, na qual se diz que um irmão e uma irmã sobreviveram dentro de um grande caixão de madeira, que continha também dois espécimes de todos os tipos de animais.
Vários povos aborígines australianos, especialmente aqueles cujas terras tradicionais se situavam ao longo da costa tropical no norte, atribuem sua origem a uma grande inundação, que acabou com a terra e a sociedade anteriores. Paralelamente, nos mitos sobre a origem de certo número de outras tribos, a serpente cósmica Yurlunggur (associada ao arco-íris) é julgada responsável pelo dilúvio. Existem também tradições japonesas, de acordo com as quais as ilhas do Pacífico na Oceania foram formadas depois de baixarem as águas de um grande dilúvio. Na própria Oceania, um mito dos habitantes nativos do Havaí conta que o mundo foi destruído por uma inundação e, mais tarde, recriado por um deus chamado Tangaloa. Os samoanos acreditam que, no passado, aconteceu uma inundação que destruiu quase toda a humanidade. Só sobreviveram dois seres humanos, que se fizeram ao mar em um barco que, finalmente, chegou à terra no arquipélago samoano.
Grécia, Índia e Egito
No outro lado do mundo, a mitologia grega era também assombrada por memórias de um dilúvio. Neste caso, porém (como, aliás, na América Central), a inundação não era vista como um evento isolado, mas como uma etapa em uma série de destruições e recriações do mundo. Os astecas e maias falavam em termos de “Sóis”, ou épocas sucessivas (das quais pensavam que a nossa era a quinta e última). De forma semelhante, as tradições orais da Grécia antiga, compiladas e redigidas por Hesíodo no século VIII a.C., relatam que, antes da presente criação, houve quatro raças anteriores de homens. Julgavam os gregos que cada uma delas fora mais adiantada do que a que a seguiu. E todas elas, na hora aprazada, haviam sido “engolidas” em um cataclismo geológico.
A primeira e mais antiga criação fora a “raça de ouro” da humanidade, que “vivera como os deuses, sem cuidados, sem problemas ou sofrimentos… Dotados de corpos que não envelheciam, eles se regalavam em seus banquetes… Quando morriam, era como homens vencidos pelo sono”. Com a passagem do tempo e por ordem de Zeus, a raça de ouro “mergulhou finalmente nas profundezas da terra”. Foi sucedida pela “raça de prata”, suplantada pela “raça de bronze”, substituída por sua vez pela raça dos “heróis” e seguida pela raça de “ferro” – a nossa -, a quinta e mais recente criação. O destino da raça de bronze é o que mais nos interessa aqui.

“Conhece-te a ti mesmo e conheceras todo o universo e os deuses, porque se o que tu procuras não encontrares primeiro dentro de ti mesmo, tu não encontrarás em lugar nenhum”.  –  Frase escrita no pórtico do Templo do Oráculo de Delphos, na antiga Grécia.

Descrita nos mitos como tendo “a força de gigantes e mãos poderosas em braços poderosos”, esses homens formidáveis foram exterminados por Zeus, o rei dos deuses, como castigo pelas más ações de Prometeu, o titã rebelde que deu o fogo à humanidade. o mecanismo usado pela vingativa divindade para limpar a terra foi uma inundação que a tudo cobriu. Na versão mais conhecida da história, Prometeu engravidou uma humana. Ela lhe deu um filho, chamado Deucalião, que governou a Pítia, na Tessália, e tomou como esposa Pirra, “a ruiva”, filha de Epimeto e Pandora. Quando Zeus tomou a terrível decisão de destruir a raça de bronze, Deucalião, avisado por Prometeu, construiu uma caixa de madeira, encheu-a de “tudo que era necessário” e entrou nela com Pirra. O rei dos deuses despejou dos céus chuvas torrenciais, inundando a maior parte da terra.
Toda a humanidade pereceu no dilúvio, exceto alguns que haviam fugido para as montanhas mais altas. “Aconteceu também nesse tempo que as montanhas da Tessália foram fendidas ao meio e toda a região, até o Istmo e o Peloponeso, tornou-se um único lençol de água.” Deucalião e Pirra flutuaram nessa caixa durante nove dias e nove noites e chegaram finalmente ao monte Parnaso. Aí, quando cessaram as chuvas, desembarcaram e fizeram sacrifício aos deuses. Em resposta, Zeus enviou Hermes a Deucalião, com permissão para pedir tudo que quisesse. Ele quis seres humanos. Zeus ordenou-lhe que pegasse pedras no chão e que as jogasse por cima do ombro. As pedras jogadas transformaram-se em homens e, as jogadas por Pirra, em mulheres. Da mesma forma que os hebreus se lembravam de Noé, os gregos dos tempos históricos lembravam-se de Deucalião – como ancestral da nação e fundador de numerosas cidades e templos.
Uma figura semelhante era reverenciada na Índia védica há mais de 3.000 anos. Certo dia (conta a história), quando um sábio chamado Manu estava fazendo suas abluções, encontrou, na concha da mão, um peixinho, que lhe implorou que o deixasse viver. Sentindo pena do peixinho, ele o colocou em um jarro. No dia seguinte, porém, o peixinho crescera tanto que ele teve que levá-lo para um lago. Logo depois, o lago ficou pequeno demais. “Jogue-me no mar”, pediu o peixe [que era, na realidade, uma manifestação do deus Vishnu], “e eu me sentirei mais confortável.” Em seguida, ele avisou Manu do dilúvio que estava por acontecer. Enviou-lhe um grande navio, com ordens para que o enchesse com duas criaturas vivas de todas as espécies e sementes de todas as plantas, e que, em seguida, subisse para bordo.

Restos da Arca de Noé teriam sido encontrados no Monte Ararat, na Turquia
Manu mal havia acabado de cumprir as ordens quando o oceano subiu e submergiu tudo e nada mais podia ser visto, exceto Vishnu em sua forma de peixe – nesse momento uma criatura enorme, de um único chifre e escamas douradas. Manu amarrou o navio no chifre do peixe e Vishnu rebocou-o pelas águas altas até parar no cume da “Montanha do Norte”: o peixe disse: “Eu te salvei, amarra o navio a uma árvore, porque a água pode varrê-lo para longe, enquanto estiveres na montanha e, na proporção em que as águas descerem, tu também descerás.” Manu desceu com as águas. O Dilúvio havia destruído todas as criaturas e Manu permaneceu sozinho.
Com ele, e com os animais e plantas que ele salvara da destruição, começou uma nova era no mundo. Após um ano, das águas emergiu uma mulher, que se apresentou como “a filha de Manu”. Os dois casaram e tiveram filhos, tornando-se, dessa maneira, os ancestrais da atual raça da humanidade. Por último, mas não menos importante, as tradições egípcias referem-se também a uma grande inundação. Um texto funerário descoberto na tumba do Faraó Seti I, por exemplo, conta a destruição, por um dilúvio, da humanidade pecadora. As razões da catástrofe estão expostas no Capítulo CLXXV do Livro dos Mortos, que atribui o discurso seguinte ao Deus da Lua, Thoth:
 
 

Setembro 11, 2015

chamavioleta

Brasil e o Mapa de PIRI REIS

Originalmente publicado a 05/04/2015


O misterioso e incrível Mapa de Piri Reis

     

Em 9 de novembro de 1929, enrolado em uma prateleira empoeirada do famoso Museu Topkapi, em Istambul, na Turquia, dois fragmentos de mapas foram encontrados. Tratava-se das cartas de um almirante turco, Piri Reis, célebre herói (para os turcos) e pirata (para os europeus), que nos deixou um extraordinário livro de suas memórias intitulado Bahrye, onde ele relata como preparou estes espantosos mapas.




Por Thoth3126@gmail.com

Nome completo: Hadji Muhiddin Piri Ibn Hadji Mehmed, Reis/Rais é a palavra árabe para a função de capitão de uma embarcação.

Extraído do livro de Graham Hancock. (2001) “As Digitais dos Deuses”, traduzido por Ruy Jungmann. Editora Record. (Brasil)



Sua obra já era conhecida há muito tempo, mas somente adquiriu importância após a descoberta de tais cartas, ou melhor, após as cartas e o livro terem sido confrontados e averiguados sua veracidade. Descendente de uma tradicional família de marinheiros, suas façanhas contribuíram para manter alto no Mediterrâneo o prestígio da marinha turca. Em sua obra são descritas em detalhes as principais cidades daquele mar e apresenta ainda 215 mapas regionais muito interessantes. Afirma ainda em sua obra que: “a elaboração de uma carta demanda conhecimentos profundos e indiscutível qualificação”.

No prefácio de seu livro Bahrye, Piri Reis descreve como se baseou e preparou este tão polêmico mapa, na cidade de Galipóli, entre 9 de março e 7 de abril de 1513. Declara aí que para fazê-las estudou todas as cartas existentes de que tinha conhecimento, “algumas delas muito antigas e secretas”. Eram mais de 20, “inclusive velhos mapas orientais de que era, sem dúvida, o único conhecedor na Europa”.

Piri Reis era um erudito, e o conhecimento que tinha das línguas espanhola, italiana, grega e portuguesa, muito o auxiliou na confecção das cartas. Possuia inclusive um mapa desenhado pelo próprio Cristóvão Colombo, carta que conseguira através de um membro de sua equipe, que fora capturado por Kemal Reis, tio de Piri Reis. Os mapas de Piri Reis são uma preciosidade ilustrada com imagens dos soberanos de Portugal, da Guiné e de Marrocos.

Na África, um elefante e um avestruz; lhamas na América do Sul e também pumas. No oceano, ao longo dos litorais, desenhos de barcos. As legendas estão grafadas em turco. As montanhas, indicadas pela silhueta e o litoral e rios, por linhas espessas. As cores são as convencionalmente utilizadas: partes rochosas marcadas em preto, águas barrentas ou pouco profundas por vermelho.



A princípio não lhes foram atribuídas o devido valor (como sempre ao longo dos tempos a prepotência humana prevalece). Em 1953, porém, um oficial da marinha turca enviou uma cópia ao engenheiro-chefe do Departamento de Hidrografia da Marinha Americana, que alertou por sua vez Arlington H. Mallery, um especialista em mapas antigos. Foi então quando o “caso” das cartas de Piri Reis veio à tona.

Mallery fez estudar as cartas por algumas das maiores autoridades mundiais do assunto, como o cartógrafo I. Walters e o especialista polar R. P. Linehan. Com a ajuda do explorador sueco Nordenskjold e de Charles Hapgood e seus auxiliares, chegaram a uma conclusão sobre o sistema de projeção empregado nos mapas que fora então confirmada por matemáticos: embora antigo, o sistema de Piri Reis era exato.

Além disso, o mapa traz desenhado, na parte da América Latina, algumas lhamas, animais desconhecidos na Europa, àquela época. Também as posições estão marcadas corretamente, quanto à sua longitude e latitude.

O mais impressionante é que até o século 18, os navegadores corriam risco de que seus barcos batessem em litorais rochosos, pois lhes faltava algo. A capacidade de calcular a longitude. Para isso necessitavam de um relógio extremamente preciso. Somente em 1790 o primeiro relógio marinho preciso foi inventado e os navegadores puderam saber sua posição nos mares.

Comparado a outras cartas da época, o mapa de Piri Reis as supera em muito. A análise das cartas de Piri Reis esbarrou em outra polêmica: se tudo ali aparece representado com notável exatidão, então como explicar as formas das regiões árticas e antárticas, diferentes das da nossa era? O resultado das pesquisas é incrível. As indicações cartográficas de Piri Reis mostram a conformação das regiões polares exatamente como estavam à mostra antes da última glaciação.

E de maneira perfeita. Confrontando as indicações dos mapas com os levantamentos sísmicos realizados na região em 1954, tudo batia em perfeita concordância, exceto por um local, o qual Piri Reis indicava por duas baías e o mapa recente, terra firme. Realizados novos estudos, verificou-se que Piri Reis é que estava certo. O estudioso soviético L. D. Dolgutchin julga que as duas cartas foram elaboradas após a derradeira glaciação terrestre, com o auxílio de instrumentação avançada; o que nada nos esclarece.Estes mapas não são feitos como os mapas modernos, com grades verticais e horizontais para facilitar a localização.

O método utilizado é mais antigo, aperfeiçoado por Dulcert Portolano, que utilizava uma série de círculos com linhas se irradiando a partir deles. Os mapas feitos com esse método são, por isso, denominados de mapas “portulanos”. Seu objetivo era guiar os navegadores de porto a porto, ao contrário da concepção moderna que é a de localizar uma posição.




Reprodução do Mapa de Piri Reis


Com isso, fica mais difícil comparar as características do mapa de Piri Reis com os mapas modernos.

As distorções que aparecem nas ilustrações existem apenas em uma interpretação linear, sobre uma mesa de superfície plana, mas, ajustando os mapas ao globo terrestre desaparecem as incorreções e tudo, mares, ilhas, ficam em seu lugar. Como se o mapa mundi tivesse sido feito em nossos dias, baseando-se em uma só fotografia a grande altitude.

Levando-se em conta a história como nos é contada e aos conhecimentos que temos em mãos, fica a pergunta: de onde vieram estes instrumentos e como existiriam tais instrumentos antes de Colombo?

A resposta deve estar nos “mapas antigos e secretos” que ele usou como orientação para suas cartas. Estudos mostram que a glaciação dos pólos ocorreu depois de uma época situada aproximadamente entre 10.000 anos atrás (o correto seria dizermos 13.000 anos, ou seja o dilúvio aconteceu cerca de 11.000 ac).

Naquela época, o que havia de mais civilizado, segundo os historiadores clássicos, eram os Cro-Magnon da Europa. Além disso, Mallery chama atenção de que para elaborar um mapa como aquele, Piri Reis precisaria de toda uma equipe perfeitamente coordenada e de levantamento cartográfico aéreo. Mas quem teria, naquela época, aviões e serviços geográficos?

O mistério continua: de onde vieram estes mapas? Quem cartografou o globo com uma acuidade que mal podemos conseguir hoje? Leia a carta a seguir e reflita a respeito do assunto:

Um Mapa de Lugares Ocultos


8° ESQUADRÃO DE RECONHECIMENTO TÉCNICO (ERC) – FORÇA AÉREA DOS ESTADOS UNIDOS

Base de Westover da Força Aérea – Massachusetts – 6 de julho de 1960

ASSUNTO: Mapa-múndi do almirante Piri Reis

Para: Professor Chartes H. Hapgood.

Keene College – Keene, New Hampshire

Prezado professor Hapgood,

Sua solicitação, no sentido de que fossem avaliados por esta unidade certos aspectos inusitados do mapa-múndi Piri Reis, datado de 1513, foi objeto de reexame.
A alegação de que a parte inferior do mapa mostra a costa Princesa Martha, da Terra da Rainha Maud, na Antártida, e a península Palmer, é razoável. Julgamos ser essa a interpretação mais lógica e, com toda probabilidade, correta do mapa.
Os detalhes geográficos mostrados na parte inferior do mapa concordam, de forma notável, com os resultados do perfil sísmico, levantado de um lado a outro da calota polar, pela Expedição Sueco-Britânica à Antártida, realizada em 1949.
Os resultados indicam que a linha costeira foi mapeada antes de ser coberta pela calota polar.

A calota polar nessa região tem atualmente uma espessura de cerca de 1.600 (a 4.000) metros de (espessura) altitude. Não temos idéia de como os dados constantes do mapa podem ser conciliados com o suposto estado dos conhecimentos geográficos em 1513.

HAROLD Z. OHLMEYER
Ten.-Cel., Força Aérea dos EUA
Comandante

A despeito da linguagem destituída de emoção, a carta de Ohlmeyer é uma bomba. Se a Terra da Rainha Maud foi mapeada antes de ser coberta pelo gelo, HOJE com uma camada de 1.600 metros, o trabalho original de cartografia deve ter sido feito em um tempo extraordinariamente remoto. Há quanto tempo, exatamente?

De acordo com o saber convencional, a calota polar da Antártida, em sua atual forma e extensão, têm milhões de anos. Um exame mais atento, porém, revela que essa idéia apresenta graves falhas – tão graves que não precisamos supor que o mapa desenhado pelo almirante Piri Reis mostre a Terra da Rainha Maud como era há milhões de anos. A melhor prova recente sugere que a Terra da Rainha Maud e as regiões vizinhas mostradas no mapa passaram por um longo período livres de gelo, período que talvez não tenha terminado inteiramente até cerca de seis mil anos atrás.

Essa prova, que voltaremos a examinar no capítulo seguinte, evita-nos a tarefa ingrata de explicar quem (ou o quê) dispunha da tecnologia necessária para efetuar um levantamento geográfico preciso da Antártida há, digamos, dois milhões de anos a.C., muito antes de nossa espécie surgir na Terra.

Pela mesma razão, uma vez que a confecção de mapas é uma atividade complexa e civilizada, obriga-nos a explicar como uma tarefa dessa natureza poderia ter sido realizada há seis mil anos, muito antes do aparecimento das primeiras civilizações autênticas reconhecidas por historiadores.

Fontes Antigas:

Ao tentar essa explicação, é importante lembrar os fatos históricos e geográficos básicos:

1. O mapa de Piri Reis, que é um documento autêntico e não uma contrafação de qualquer tipo foi desenhada em Constantinopla no ano 1513 d.C.

2. O mapa mostra a costa ocidental da África, a costa oriental da América do Sul e a costa norte da Antártida.

3. Piri Reis não poderia ter obtido, com exploradores da época, informações sobre esta última região, uma vez que a Antártida permaneceu desconhecida até 1818, mais de 300 anos depois de ele ter desenhado o mapa.

4. A costa livre de gelo da Terra da Rainha Maud mostrada no mapa constitui um quebra-cabeça colossal, uma vez que a prova geológica confirma que a data mais recente em que poderia ter sido inspecionada e mapeada,em um estado de ausência de gelo, foi no ano 4000 a.C.




O mapa e suas corretas correlações com mapas modernos da América do Sul e da costa Leste do Brasil

5. Não é possível fixar exatamente a data mais antiga em que esse trabalho poderia ter sido feito, embora pareça que o litoral da Terra da Rainha Maud pode ter permanecido em condições estáveis, sem glaciação, pelo menos durante 9.000 anos antes que a calota polar em expansão a engolisse inteiramente.

6. A história não conhece civilização que tivesse capacidade ou necessidade de efetuar o levantamento topográfico da linha costeira no período relevante, entre os anos 13000 a.C. e 4000 a.C.

Em outras palavras, o verdadeiro enigma desse mapa de 1513 não está tanto no fato de ter incluído um continente que só foi descoberto em 1818, mas em mostrar parte da linha costeira desse mesmo continente em condições de ausência de gelo, que terminaram há 6.000 anos e que desde então não se repetiram. De que maneira podem ser explicados esses fatos? Piri Reis, cortesmente, fornece–nos a resposta em uma série de notas escritas do próprio punho, no próprio mapa.

Confessa ele que não foi o responsável pelo trabalho inicial de levantamento topográfico e pela cartografia. Muito ao contrário, admite que seu papel foi simplesmente o de compilador e copista e que o mapa baseia-se em grande número de mapas básicos. Alguns deles foram desenhados por exploradores contemporâneos ou quase contemporâneos (incluindo Cristóvão Colombo) que, por essa época, haviam chegado à América do Sul e ao Caribe, embora outros fossem documentos cujas datas retroagiam ao século IV a.C. ou mesmo antes.

Piri Reis não deixou qualquer sugestão sobre a identidade dos cartógrafos que haviam produzido os mapas mais antigos.

Em 1963, contudo, o professor Hapgood propôs uma solução nova e instigante para o problema. Argumentou ele que alguns mapas básicos que o almirante usara em especial os que se supunha terem sido produzidos no século IV a.C., haviam se baseado em fontes ainda mais antigas, que, por seu lado, teriam se baseado em fontes básicas de uma época ainda mais recuada na antiguidade. Havia, afirmou ele, prova irrefutável de que a terra fora extensamente mapeada, antes do ano 4000 a.C., por uma civilização até então desconhecida e ainda não descoberta, dotada de alto grau de progresso tecnológico.

Parece [concluía ele] que informações exatas foram transmitidas de um povo a outro. Ao que tudo indica, as cartas tiveram forçosamente origem em um povo desconhecido, tendo sido passadas adiante, talvez pelos minoanos e os fenícios, famosos, durante mil anos ou mais, como os maiores navegadores do mundo antigo. Temos prova de que, reunidos e estudados na grande biblioteca de Alexandria [Egito], compilações dos mesmos foram feitas por geógrafos que lá estudaram.

Com início em Alexandria, de acordo com a reconstrução de Hapgood, cópias dessas compilações e alguns mapas básicos originais foram levados para outros centros de saber – notadamente Constantinopla. Finalmente, quando Constantinopla foi ocupada pelos venezianos durante a IV Cruzada, em 1.204, os mapas começaram a chegar às mãos de marinheiros e aventureiros europeus.

A maioria desses mapas era do Mediterrâneo e do mar Negro. Sobreviveram, porém, mapas de outras áreas. Incluíam eles mapas das Américas e dos oceanos Ártico e Antártico. Torna-se claro que os antigos exploradores viajavam de um pólo a outro. Inacreditável como possa parecer, a prova, ainda assim, indica que alguns povos antigos exploraram a Antártida quando suas costas estavam livres de gelo. É claro, também, que dispunham de um instrumento de navegação para determinar acuradamente as longitudes que era imensamente superior a qualquer coisa possuída pelos povos dos tempos antigos, medieval ou moderno até a segunda metade do século XVIII.

Essa prova, de que houve uma tecnologia desaparecida, sustenta e dá credibilidade a numerosas outras hipóteses sobre uma civilização perdida, em tempos remotos. Estudiosos conseguiram refutar a maioria das alegadas provas, mostrando que eram apenas mitos, mas aqui temos prova que não pode ser refutada. A prova requer que todas as demais provas apresentadas no passado sejam reexaminadas com mente aberta.



O mapa mostra a costa ocidental da África, a costa oriental da América do Sul, parte do Caribe e a costa norte da Antártida e suas ilhas.

“A despeito do respeitado endosso de Albert Einstein (ver a seguir) e não obstante o reconhecimento posterior de John Wright, presidente da Sociedade Geográfica Americana, de que Hapgood “formulou hipóteses que exigem mais exames”, nenhuma pesquisa científica ulterior foi realizada sobre esses antigos e estranhos mapas.

Além do mais, longe de ser aplaudido por dar uma nova e séria contribuição ao debate sobre a antiguidade da civilização humana, Hapgood, até sua morte, foi esnobado pela maioria de seus colegas, que vazaram a discussão a que lhe submeteram a obra no que alguém descreveu acuradamente, como “sarcasmo flagrante e injustificado, escolhendo aspectos banais e fatores não suscetíveis de verificação como bases para condenação, procurando, dessa maneira, evitar as questões básicas”.

Um Homem à frente de seu Tempo

O falecido Charles Hapgood ensinou história da ciência no Keene College, New Hampshire, Estados Unidos. Ele não era geólogo nem historiador da antiguidade. É possível, no entanto, que gerações futuras lembrem-se dele como o homem que abalou os alicerces da história mundial – e também de um grande pedaço da geologia. Albert Einstein foi um dos primeiros a compreender esse fato, quando deu o passo sem precedentes de contribuir com o prefácio para um livro de Hapgood escrito em 1953, alguns anos antes de ele iniciar a investigação do mapa de Piri Reis:

“Freqüentemente, recebo comunicações de pessoas que querem me consultar sobre idéias suas ainda inéditas [escreveu Einstein]. Dispensa dizer que só raramente tais idéias têm validade científica. A primeira comunicação que recebi do Sr. Charles Hapgood, porém, deixou-me eletrizado. Sua idéia é original, de grande simplicidade e – se continuar a ser provado que tem validade – de grande importância para tudo aquilo que se relaciona com a história da superfície da terra.”

A “idéia” expressada no livro de 1953 de Hapgood é uma teoria geológica global, que explica elegantemente como e por que grandes regiões da Antártida permaneceram livres de gelo até o ano 4000 a.C., juntamente com numerosas outras anomalias encontradas na ciência da Terra. O argumento, em suma, é o seguinte:

Durante esse suposto movimento da Antártida na direção sul, ocasionado pelo deslocamento da crosta terrestre, o continente tornou-se gradualmente mais frio, formando-se uma calota polar que se expandiu irresistivelmente durante milhares de anos, até chegar às atuais dimensões.

Detalhes adicionais da prova que sustenta essas idéias radicais constam da Parte VIII deste livro. Geólogos ortodoxos, no entanto, permanecem relutantes em aceitar a teoria de Hapgood (embora ninguém tenha provado que ela estava errada). E a teoria provoca numerosas perguntas.

Entre elas, a mais importante é a seguinte: que mecanismo concebível poderia exercer uma força suficiente sobre a litosfera para precipitar um fenômeno de tal magnitude, como o deslocamento da crosta?

Ninguém melhor como guia do que Einstein para sumariar as descobertas de Hapgood:

Nas regiões polares, há uma acumulação constante de gelo, mas não distribuída simetricamente em torno do pólo. A rotação da terra atua sobre essas massas assimetricamente depositadas e produz momento centrífugo, que é transmitido à crosta rígida da terra. O momento centrífugo, em aumento constante, produzido dessa maneira, dará origem, quando atingir um certo ponto, a movimento da crosta da terra por cima do resto do corpo do planeta …

O mapa de Piri Reis parece conter prova adicional surpreendente em apoio da tese de uma glaciação geologicamente recente de partes da Antártida, em seguida a um súbito deslocamento (ele realmente aconteceu, com cerca de três mil quilômetros), na direcão sul, da crosta terrestre. Além do mais, uma vez que esse mapa só poderia ter sido desenhado antes do ano 4000 a.C., são notáveis suas implicações para a história da civilização humana. Supostamente, antes do ano 4000 a.C. não havia qualquer civilização segundo todos os eruditos de todas as disciplinas ensinadas em todas as universidades do planeta!!. Correndo algum risco de uma simplificação excessiva, o consenso acadêmico (e imbecilizante) é, em termos gerais, o seguinte:

– A civilização atual desenvolveu-se inicialmente no Crescente Fértil do Oriente Médio.

– Esse desenvolvimento começou após o ano 4.000 a.C. e culminou no aparecimento das mais antigas civilizações autênticas (Suméria e Egito), por volta do ano 3.000 a.C., seguido logo depois por outras civilizações no vale do Indo e na China.

- Um dos calendários mais antigos é o do povo Hebreu que principia em setembro de 3.761 a.C., que marca o início da história do povo hebreu.

- Cerca de 1.500 a.C. a civilização decolou espontânea e independentemente (??) nas Américas.

– Desde o ano 3.000 a.C. no Velho Mundo (e mais ou menos no ano 1.500 no Novo Mundo), a civilização “evoluiu” ininterruptamente na direção de formas cada vez mais refinadas, complexas e produtivas.

Em conseqüência, e especialmente em comparação com a nossa, todas as civilizações antigas (e todas as suas obras) devem ser compreendidas como essencialmente primitivas (os astrônomos sumerianos sentiam pelos céus um respeito anti-científico e até as pirâmides do Egito e no Yucatan, no México, teriam sido construídas por “primitivos com conhecimentos tecnológicos”). A prova, sob a forma do mapa de Piri Reis, parece desmentir tudo isso.

Piri Reis e suas Fontes:

Nos seus dias, Piri Reis foi figura bem conhecida. Não há a menor dúvida sobre sua identidade histórica. Almirante na marinha de guerra dos turcos otomanos participou, em meados do século XVI, não raro no lado vencedor, de numerosas batalhas navais. Era, além disso, considerado especialista nas terras do Mediterrâneo, e escreveu um livro de navegação famoso, o Kitabi Bahriye, onde constava uma descrição completa das costas, ancoradouros, correntes, baixios, pontos de desembarque, baías e estreitos dos mares Egeu e Mediterrâneo. A despeito de uma carreira ilustre, caiu no desagrado de seus senhores e foi decapitado no ano 1554 ou 1555 d.C.

Os mapas básicos usados por ele para desenhar o mapa de 1513 estiveram, com toda probabilidade, arquivados inicialmente na Biblioteca Imperial, em Constantinopla, à qual se sabe que o almirante tinha acesso privilegiado. Essas fontes (que podem ter sido trazidas ou copiadas de centros de saber ainda mais antigos) não existem mais ou, pelo menos, não foram encontradas. Não obstante, foi na biblioteca do velho Palácio Imperial que, em data tão recente quanto 1929 alguém redescobriu o mapa de Piri Reis, pintado em pele de gazela e enrolado, em uma empoeirada prateleira.



Acima: Outro mapa de Piri Reis de 1513, com o Norte da África, Europa, Mar Mediterrâneo e suas ilhas, o Mar Negro, o Oriente Médio, o Mar Vermelho e parte da Ásia.

Legado de uma Civilização Perdida? Seria ATLÂNTIDA?

Como o confuso Ohlmeyer reconheceu na carta escrita a Charles Hapgood em 1960, o mapa de Piri Reis mostrava a topografia subglacial, o verdadeiro perfil da Terra da Rainha Maud, na Antártida, por baixo do gelo. Esse perfil permaneceu inteiramente oculto desde o ano 4000 a.C. (quando foi coberto pelo lençol de gelo em expansão) até ser revelado, mais uma vez, como resultado de extenso levantamento sísmico da região, efetuado em 1949 por uma equipe científica de reconhecimento britânico-sueca.

Se Piri Reis tivesse sido o único cartógrafo com acesso a essas informações anômalas, seria errôneo dar qualquer grande importância ao mapa. No máximo, poderíamos dizer: “Talvez ele seja importante, mas, também, talvez seja apenas uma coincidência”. O almirante turco, porém, não foi o único a ter acesso a esse conhecimento geográfico aparentemente impossível e inexplicável. Seria inútil especular ainda mais do que Hapgood já fez, isto é, se a “corrente subterrânea” poderia ter conduzido e preservado esse conhecimento através das idades, transmitindo fragmentos dele de uma cultura a outra, de uma época a outra.

Qualquer que tenha sido o mecanismo, o fato é que um bom número de outros cartógrafos aparentemente tomou conhecimento dos mesmos curiosos segredos. Seria possível que todos esses cartógrafos tivessem compartilhado, talvez sem saber, do abundante legado científico de uma civilização desaparecida?


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