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A Chama Violeta

Sítio dedicado à filosofia humana, ao estudo e conhecimento da verdade, assim como à investigação. ~A Luz está a revelar a Verdade, e a verdade libertar-nos-á! ~A Chama Violeta da Transmutação

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Outubro 17, 2020

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Autoconhecimento – uma jornada

Por Juliana Meyer Luzio.

16 de outubro de 2020

 

 
 
 
O que é autoconhecimento? Ouvimos muito essa palavra e possivelmente acreditamos que nos conhecemos e que sabemos exatamente quem somos.
 
Por um lado, de fato sabemos algumas coisas sobre nós, temos informações concretas sobre nossa vida, nossa história e portanto sobre quem somos.
 
Eu por exemplo sou a Juliana, tenho 43 anos, gosto de viajar, ler, trabalhar, sou curiosa e tenho uma vida agitada com dois filhos, três cachorros e um marido. E posso passar um tempo grande falando sobre minha história e o que sei de mim. O mesmo acontece com você.
 
Sabemos várias coisas sobre nós e podemos dizer que isso é autoconhecer-se. Porém, existem tantas outras que preferimos NÃO saber a nosso respeito ou que estão tão guardadas que raramente acessamos e ainda há aquelas que só descobrimos diante de situações que acontecem em nossa vida.
 
Encontramos assim uma nuance do autoconhecimento que pede um saber mais refinado, que requer observação, acolhimento e não julgamento. Nesta via o autoconhecer-se é ser íntimo das emoções que sentimos, perceber como cada uma delas nos afeta e como reagimos diante de suas manifestações.
 
Eternal Happiness / Pexels
 
Contudo aprendemos a fugir do que sentimos, esconder aquilo que socialmente entendemos como ruim e errado, mas que nos constitui, não tem jeito! Somos seres em evolução, imperfeitos, vulneráveis, impermanentes, inconstantes e nos deparar com isso requer generosidade e compaixão por nós mesmos.
 
Considero essa nuance do autoconhecimento uma jornada – o que é diferente de uma caminhada, uma viagem ou um passeio. Não é apenas trilhar um caminho que já existe, seguir as placas e chegar ao destino, ela requer observação, exploração, atenção, compreensão do todo ao redor, silêncio, cálculos.
 
Nos exige esforço, coragem e dá trabalho. Nos pede flexibilidade, disponibilidade, desprendimento, desapego, pois mudanças acontecerão, coisas ficarão para trás, se quebrarão e ainda, sim, precisaremos continuar limpando e removendo os obstáculos.
 
Nessa jornada adentramos nossa floresta interior, podamos e às vezes arrancamos grandes árvores, cortamos todo o mato e a erva daninha. Teremos que enfrentar fantasmas, medos, monstros e destituí-los do poder que têm sobre nós. Esbarraremos em pedras, buracos, armadilhas, terra ressecada, plantas venenosas e será imprescindível removê-las e ultrapassá-las.
 
Somente após um extenuante e doloroso percurso conseguiremos ter vislumbres de luz e clareiras, avistaremos boas raízes, brotos, flores e conseguiremos semear novas sementes.
 
Conhecer-se não é só um passeio por estradas panorâmicas, planas e com lindos horizontes.
 
Conhecer-se é também mergulhar no escuro, nadar contra a maré, sentir-se triste, decepcionado e cansado, mas reencontrar-se mais forte, seguro e belo na outra margem.
 
Autoconhecimento significa conhecer nossa luz e nossa sombra, reconhecer as repetições familiares que vivemos, as máscaras que vestimos, as fantasias e narrativas que construímos no ambiente em que vivemos. Significa saber de nossa singularidade e dar espaço e visibilidade para simplesmente sermos quem somos neste instante.
 
Quando estamos num processo de autoconhecimento, aprendemos a validar o que temos de diferente, de único, aprendemos a valorizar nossos dons e nossa maneira ímpar de ver e sentir a vida. Sem julgar se somos melhores ou piores do que os outros.
 
Priscilla Du Preez / Unsplash
 
Aliás quando entramos nesse processo e topamos percorrê-lo com afinco, descobrimos que justamente por sermos únicos no olhar, no sentir e no expressar entendemos de verdade que somos um a mais no centro e que todos os outros têm seus valores, sua história e forma de ser, sentir, olhar e expressar. Isso nos tira um peso imenso, o peso da ilusão de ter que ser o melhor.
 
Autoconhecer-se é saber que diante de mim há um outro tão importante, tão singular e tão valioso quanto eu e que ambos, eu e esse outro, nos transformamos diariamente nessa relação e que portanto não corremos risco ao seu lado, ao contrário, a cada dia temos a oportunidade de aprender com ele, aprender mais sobre quem somos diante de cada acontecimento, sentimento e ação que o outro nos provoca.
 
Essa jornada requer principalmente confiança, uma vez que ao começá-la não sabemos onde é o seu fim nem se é possível chegar até ele.
 
Afinal, somos seres humanos e estamos em constante transformação. Somos afetados direta e diariamente pelo meio em que vivemos, o que torna nossa jornada de autoconhecimento algo contínuo.
 
Candice Picard / Unsplash
 
Se temos toda uma carga ancestral que num certo grau nos constitui e temos uma história que foi marcando e orientando nosso modus operandi, temos também o agora e o instante seguinte que chamamos de futuro e que gerarão novas marcas, que nos convocarão a novas maneiras de sentir e novas experiências.
 
Assim autoconhecer-se é algo infinito, contínuo e uma longa jornada!
 
Mas que vale cada passo porque nos liberta da pequenez e do isolamento que supomos sobre nós mesmos e nos conecta com o mistério da vida, do tempo e do pertencer a esse mistério de forma única e complementar.
 
 
Juliana Meyer Luzio
 
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Setembro 30, 2020

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Irmãos?

Por Juliana Meyer Luzio.

30 de setembro de 2020

 
 
 
Faz um tempo que tenho reparado nas relações entre irmãos e em toda a riqueza de sentimentos envolvidos nesse convívio.
 
Assim como a maternidade, a irmandade também vem carregada de emoções idealizadas e quase sacras, só que em ambas o cotidiano é bem mais trágico, difícil e complexo do que nos ensinam.
 
Ter um irmão é devastador porque se somos filhos únicos, ele já chega nos tirando/roubando um lugar, olhares e atenções antes só nossas. Então, num primeiro momento, este ser que adentra nossa casa e nosso espaço é antes de tudo o destruidor de um sistema emocional e físico, já estabelecido e equilibrado.
 
Se somos filhos do meio, vivemos o dilema entre ser comparado com o mais velho e, portanto, aquele que sabe, que é o primogênito. E o mais novo que vem, como dito acima, nos roubar o lugar de caçula e demandar os olhares, amores e cuidados antes destinados a nós e divididos com apenas mais um. Essa posição de filho do meio muitas vezes nos deixa de escanteio, com as sobras do que foi dado ao mais velho e ao mais novo, exigindo de nós um esforço extra para sermos notados.
 
Jessica West | Pexels
 
 
Já os caçulas, embora não sofram com a chegada de um irmão intruso, desde de sempre vivem com os brinquedos, roupas e objetos como carrinho, banheira, berço, entre outros, que eram dos mais velhos. Vivendo sob comparações e à sombra dos que vieram antes.
 
Parece pesado e muito ruim os parágrafos acima, mas talvez eles só se tornem fontes de sofrimento se forem ignorados e não considerados e falados entre os familiares. É preciso poder dizer o quanto é chato dividir o que é nosso, principalmente o amor, o olhar, a atenção e o carinho do nosso pai e da nossa mãe.
 
É preciso poder dizer que os irmãos nos incomodam, nos atrapalham e nos magoam para então conseguirmos sentir ternura e irmos construindo no dia a dia os laços que possibilitarão um compartilhar amoroso, gentil e verdadeiro.
 
Recente mãe de dois, me peguei preocupada em como transmitir a importância de se ter e ser irmão. Fiquei me perguntando em como educar para ensiná-los a serem melhores amigos, companheiros e cuidadosos um com o outro. Um sentimento muito verdadeiro de querer que meus filhos se cuidem na minha ausência, se ajudem nos dissabores da vida e não construam uma relação de competição, inveja e distanciamento.
 
 
Jens Johnsson | Unsplash
 
 
E aí, observando o meu mais velho — hoje com cinco anos e dez meses — ao conhecer sua irmãzinha — hoje com um ano e três meses —, atenta aos seus gestos e comportamentos, me dei conta do quanto o espaço antes só dele, os pais antes só dele não existiam mais e, portanto, meu pequeno estava vivenciando um luto. Estava vendo seus pais, brinquedos e seu quarto serem tomados e invadidos.
 
E foi diante de uma cena de indignação dele que pude enxergar uma raiva e uma dor muita legítimas. Entendi ali, naquela hora, que eu — a mãe, a adulta da cena — precisava ajudá-lo a nomear sem julgamento o que estava sentindo. Sentei-me no chão ao seu lado e disse o quanto deveria estar sendo chato para ele tudo aquilo, que ter uma irmã mais nova estava atrapalhando o seu dia e que eu o entendia e lhe dava razão! Mas, podia lhe garantir que essa chatice um dia se transformaria e que assim que sua irmãzinha ficasse um pouco maior ela se tornaria uma companheira de brincadeiras e não apenas alguém que demanda tanto a minha atenção.
 
A partir desse momento, passei a considerar que talvez um caminho para transmitir a riqueza e a delícia de se ter irmãos é simplesmente reconhecer também seu lado ruim e falar abertamente sobre isso. Com delicadeza, cuidado e respeito, mas abrir espaço para que cada um dos meus filhos possa sentir sem culpa e sem pesar que às vezes é um saco ter irmão.
 
Percebi a importância de estar atenta às diferenças de cada um deles, no modo de cada um se relacionar, brincar, falar, sentir e compartilhar suas emoções e fortalecer essas maneiras. Me pareceu fundamental que cada um tenha seu espaço e alguns objetos/brinquedos pessoais. Que cada um tenha um tempo de atenção e companhia exclusivos com seus pais. Irmãos não precisam compartilhar tudo, pelo contrário, nós, pais, não podemos nos esquecer da individualidade de cada filho e se faz necessário que criemos e respeitemos seus universos particulares.
 
Cada qual em seu espaço, com seus amiguinhos, suas músicas e filmes preferidos propiciará uma vontade genuína de compartilhar e estar com o outro. Penso que é preciso que cada filho sinta para então saber que o amor não se divide, mas se multiplica e que a presença de um irmão para além de uma ameaça é uma oportunidade de trocas e inspirações.
 
Deixar que cada filho tenha seu espaço físico e emocional dentro da casa e da família lhe dará recursos para a construção de sua autoestima, de olhar para o outro não como ameaça, mas como uma outra pessoa assim como ele, rica em ideias, projetos, sonhos, sentimentos e que, portanto, também merecedora de atenção, afetos e consideração.
 
Olhar para cada um de nossos filhos como um ser singular, lhe proporcionar um ambiente de aceitação e validar suas emoções me parecem hoje atitudes fundamentais e que refletirão diretamente na construção de sua maneira de viver a vida e lidar com as questões que ela lhes trarão.
 
Não sei se agindo assim conseguirei criar uma relação de cumplicidade, amizade e amor entre meus pequenos, mas essa será minha aposta, e maternidade é sempre uma aposta, uma tentativa e uma transformação diária. Assim como a irmandade, um eterno tecer de confiança e cumplicidade. 
 
Juliana Meyer Luzio
 
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Setembro 14, 2020

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Destino, qual é o seu?

Por Juliana Meyer Luzio.

13 de setembro de 2020

Mulher olhando para fora da janela segurando caneca de café 
 
 
 
 
 
 
Dias desses, participando de um grupo, fui convidada a escrever uma carta ao meu destino. Essa não foi a primeira vez que fiz isso, mas achei interessante transformar essa carta em um texto a ser publicado para quem sabe provocar em você que me lê uma certa curiosidade — o que será que você escreverá para o seu destino? O que você pedirá a ele?
 
O que você sentirá diante da simples possibilidade de “conversar” com ele e torná-lo, portanto, um tiquinho mais próximo de você?
 
Quem ou o que é o destino? Qual a sua relação com esse termo, essa palavra, com esse mistério?
 
Minha carta segue abaixo e fico aqui na torcida de poder saber um pouquinho de como foi a sua experiência. Se escreveu a carta e como essa relação entre você e seu destino está agora.
 
“Há quem diga que nosso destino é escrito por nós.
 
Outros acreditam que ele já vem traçado quando nascemos.
 
Annie Spratt/ Unsplash
 
 
 
Eu oscilo entre um e outro, pois sinto que existem coisas maiores e das quais não tenho nenhum poder. Mas também me faz sentido acreditar que está em minhas mãos muito do que me acontece. Então registro aqui e agora essa responsabilidade, essa escolha de tornar-me uma pessoa mais simples, leve, amorosa e que ao me transformar provoco ao meu redor mudanças também!
 
Quero ser mais simples, porque tenho aprendido que é na simplicidade que moram os mistérios da vida. Aprender o tempo do plantio e esperar a semeadura não requer fazer grandes cursos, obter títulos ou ter gastos exorbitantes. Basta olhar a natureza e aprender com ela, basta olhar e respeitar o meu tempo. Basta olhar e considerar o outro como humano, igual a mim. E essas são atitudes simples. Não fáceis! Mas simples.
 
Me desejo ser capaz de parar e observar um rio que corre, um sol que nasce, uma lua que marca o anoitecer e então vivenciar o tempo de outro lugar.
 
Eli Defaria/Unsplash
 
 
Quero ser mais leve porque tenho aprendido que menos é mais e que a transitoriedade é a única coisa permanente que de fato temos. E se tudo sempre muda para que carregar tantas dores, desamores, amarguras, ressentimentos, culpas e tantos outros pesos que impedem ou dificultam o caminhar? Quero aprender a ser leve e deixar fluir sentimentos e acontecimentos sem a necessidade do controle.
 
Me desejo o descontrole de quem confia na força da vida.
 
Quero ser mais amorosa comigo para saber e poder ser com meus filhos e então transmitir irmandade a eles. Quero ser capaz de ensiná-los que a parceria e o compartilhar são os tesouros que podemos usufruir em vida.
 
Me desejo estar íntegra e inteira em cada relação, tecendo amorosamente o estar, caminhar e aprender juntos.
 
Leon Biss/Unsplash
 
 
E assim, a cada dia, quero lembrar que sou muitas e que quero tantas coisas diferentes ao mesmo tempo e tudo bem, porque isso me permite e possibilita abertura para o vasto mundo e nossas idiossincrasias. Quero caminhar mais devagar, abraçar mais, encontrar mais os amigos, escrever e compartilhar sem medo do julgamento interno, pois ele é mais severo e rígido do que qualquer outro.
 
Quero ter coragem de apenas ser sem tantas crenças limitantes e quem sabe inspirar os que me rodeiam.
Quero todos os dias me lembrar que, sim, o mistério existe e coisas inesperadas acontecem, mas a maior parte do meu caminho sou eu que faço e que meus pensamentos afetam diretamente os meus passos.
 
Me desejo arregaçar as mangas, estar atenta aos autoboicotes e ao mesmo tempo construir e encontrar você, meu destino!”
 
Juliana Meyer Luzio
 
Juliana Meyer Luzio
 
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