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A Chama Violeta (The Violet Flame)

Sítio dedicado à filosofia humana, ao estudo e conhecimento da verdade, assim como à investigação. ~A Luz está a revelar a Verdade, e a verdade libertar-nos-á! ~A Chama Violeta da Transmutação

21.10.15


Revelação Templária CAPÍTULO X ADIVINHANDO A CORRENTE SECRETA.

 Lynn Picknett e Clive Prince.

Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch



A ruiva Madalena e o Graal

CAPÍTULO X – ADIVINHANDO A CORRENTE SECRETA 

Neste ponto da nossa investigação, fomos notavelmente confrontados com a aparente importância de Maria Madalena para uma rede secreta e herética. Fora daqui que tínhamos partido, com o astucioso e subliminar simbolismo da «Senhora M» da Ultima Ceia de Leonardo.

Contudo, nos anos que tinham decorrido desde que nos tínhamos sentido atraídos pelo mundo misterioso da heresia europeia, tínhamos percorrido muito terreno, em todas as acepções da palavra. Era tempo de fazer uma avaliação: o que tínhamos descoberto?

Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch

Capítulo 10 – ADIVINHANDO A CORRENTE SECRETA – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.


CAPÍTULO X – ADIVINHANDO A CORRENTE SECRETA 

A «Senhora M», que interpretámos como sendo Maria Madalena, era claramente de grande importância para Leonardo Da Vinci, que, diz-se, foi grão-mestre do Priorado de Sião. Certamente, os nossos inesperados encontros com membros do atual Priorado tinham reforçado a nossa suspeita de que ela era muito importante para eles. E o mesmo se aplica a João Baptista – uma figura que dominou a obra de Leonardo e que o Priorado venera com especial devoção.


As nossas múltiplas viagens ao Sul de França revelaram que havia algum fundamento para tomar a sério as lendas que referiam Madalena como tendo ali vivido, mas as suas associações com o culto da Madona Negra apontam para uma ligação pagã ao sagrado feminino. Tudo na veneração de Madalena está carregado de sexualidade – uma coisa particularmente evidente na sua associação com o poema de amor erótico, o Cântico dos Cânticos.

Mas há um aparente paradoxo. Por um lado, há evidências de que Madalena fosse a esposa de Jesus – ou, no mínimo, sua amante – , mas, por outro, ela é persistentemente associada a deusas pagãs. Isto parece totalmente irracional – por que razão devia a esposa do Filho de Deus ser associada, deste modo, a figuras como Diana, a Caçadora, e à deusa egípcia do amor e da magia, ÍSIS? Foi uma pergunta que acompanhou as nossas pesquisas.

Ao longo desta investigação, encontramos indivíduos e grupos, como os Templários, S. Bernardo de Clairvaux e o abade Saunière, que giravam em torno do tema central do Divino Feminino. Embora, para alguns deles, este tema possa ter sido apenas um ideal filosófico, o próprio fato de lhe ter sido dado um rosto feminino reconhecível aponta para uma devoção mais específica. Ela era, se não Madalena, ÍSIS, a antiga rainha do Céu e consorte de Osíris, o deus que-morre-e-ressuscita. Certamente, esta cadeia de associações – Madalena/ Madona Negra/ÍSIS – foi sempre o objetivo do Priorado. Para eles, uma Madona Negra representava tanto Madalena como ÍSIS, simultaneamente. Contudo, isto é muito estranho, porque a primeira é uma santa cristã e a última uma deusa pagã: seguramente, não há nenhuma associação possível.

Como vimos, os cátaros pareciam defender idéias inaceitáveis e heterodoxas sobre Madalena: na verdade, toda a cidade de Béziers foi “passada à espada” pelos soldados a mando de Roma devido a esta heresia. Para eles, ela fora a concubina (e sacerdotisa) de Jesus – uma idé ia que, curiosamente, repercute a dos Evangelhos gnósticos, que a descrevem como a mulher que Jesus frequentemente beijava na boca, a quem amava acima de qualquer outra pessoa. Os cátaros acreditavam que isto era verdade, embora com a maior relutância, porque a sua própria versão do gnosticismo considerava todo o sexo e procriação como, no máximo, um mal necessário.

Esta ideia da relação de Madalena com Jesus não tivera origem nos seus precursores bogomilos, mas era, de fato, corrente no Sul de França – numa cultura que procurava elevar o Feminino em todos os aspectos, como revela o florescimento da tradição trovadoresca. E, como vimos, o panfleto da «irmã Catarina» revela que as idéias sobre Maria Madalena, reveladas nos Evangelhos gnósticos, tinham, de algum modo, sido transmitidas ao século XIV.

Curiosamente, descobrimos que aqueles que eram aparentemente os mais masculinos dos homens, os Cavaleiros Templários – ou, pelo menos, a sua ordem interna -, também estavam fortemente empenhados na elevação do Feminino. A intensidade da sua veneração pelas Madonas Negras não era ultrapassada por nenhuma outra, e a sua demanda cavaleiresca do amor transcendental foi a inspiradora das grandes lendas do santo Graal.

Os Templários eram ávidos pelo conhecimento e a sua demanda era a sua principal força impulsionadora. Aproveitavam conhecimento em qualquer parte que o encontrassem: com árabes aprenderam os princípios da geometria sagrada, e os seus aparentes contatos próximos com os cátaros acrescentaram uma aparência gnóstica extra às suas já heterodoxas idéias religiosas. Desde o princípio, os interesses desta ordem de cavaleiros foram, essencialmente, ocultistas e esotéricos. A história pouco convincente das suas origens, como protetores dos peregrinos cristãos da Terra Santa, apenas chama a atenção para as anomalias que rodeavam a ordem.

A maior concentração de propriedades templárias da Europa encontrava-se no Languedoc Roussillon, essa estranha região do Sudoeste de França que parece ter atuado como um ímã para muitos grupos heréticos. O catarismo, no seu auge, tornou-se virtualmente a religião de estado da área, e foi ali que nasceu e floresceu o movimento trovadoresco. E a investigação recente revelou que os Templários praticavam a alquimia. Os edifícios de várias cidades do Languedoc, como Alet-les-Bains, ainda ostentam complexos símbolos alquímicos e têm também fortes associações templárias.


Depois dos sinistros acontecimentos que rodearam a extinção oficial dos Templários, a ordem tornou-se secreta e continuou a exercer a sua influência sobre muitas outras organizações. Como conseguiram os Templários fazer isso, e quem herdou o seu conhecimento, nunca se soube com certeza até aos últimos dez anos. Gradualmente, foi-se sabendo que os Templários continuaram a existir secretamente como rosacruzes, e o conhecimento que eles tinham adquirido foi transmitido a estas sociedade.

Descobrimos que o exame cuidadoso destes grupos revelava as preocupações subjacentes e consistentes dos Templários. Uma delas é uma grande, talvez mesmo excessiva, veneração por um ou ambos os santos de nome João – João Evangelista (ou o Amado!) e João Batista. Isto é intrigante porque os próprios grupos que parecem considerá-los tão sagrados dificilmente são cristãos ortodoxos, e parecem mesmo olhar Jesus com alguma frieza. Um destes grupos é o Priorado de Sião, mas o mais espantoso, neste contexto, é o fato de que, embora o Priorado denomine «João» os seus sucessivos grão-mestres, Pierre Plantard de Saint-Clair afirma que o título do primeiro desta dinastia – «João I» – está «simbolicamente reservado para Cristo”. Não sabemos por que se prestaria uma honra a Jesus ao chamar-lhe João.

Talvez a resposta resida na idéia, partilhada por estas sociedades, de que Jesus transmitiu os seus ensinamentos secretos ao jovem S. João, e é esta tradição que é defendida tão zelosamente pelos Templários, rosacruzes e maçônicos. E parece que João Evangelista se confundiu, aparentemente, de forma deliberada, com o Batista.

O próprio conceito de ter existido um secreto Evangelho de João era comum entre os «heréticos», desde os cátaros do século XII ao Leivitikon. É curioso que este fio joanino atravesse todos estes grupos, de forma penetrante e consistente, porque ele é também o menos conhecido. Talvez isto se deva apenas ao manto de secretismo que teve tanto êxito ao escondê-lo dos olhos do mundo durante tanto tempo.

O outro tema importante, que é continuado pelos vários tributários da «corrente secreta» da heresia, é o da elevação do Princípio Feminino e, especificamente, o reconhecimento do sexo como sacramento. A Grande Obra dos alquimistas, por exemplo, tem evidentes paralelos com os ritos sexuais tântricos – embora fosse apenas recentemente que essas conotações fossem compreendidas. Ironicamente, foi apenas quando a nossa cultura tomou conhecimento do tantrismo que as práticas de muitas tradições ocidentais antigas foram, finalmente, compreendidas.

A sabedoria feminina foi sempre muito desejada, tanto no sentido filosófico como no que se julgava ser conferido magicamente através do ato sexual. Esta demanda da sabedoria feminina – Sophia – é o fio que une todos os grupos que investigamos: por exemplo, os primeiros grupos gnósticos e herméticos, os Templários e os seus sucessores da Maçonaria do Rito Escocês Retificado. O texto gnóstico, o Pistis Sophia, associa Sofia a Maria Madalena, e Sofia também estava intimamente associada a ÍSIS – talvez isto ajude a explicar a aparente confusão da santa com a deusa por parte do Priorado de Sião. Contudo, isto é apenas uma indicação; não é a resposta.

A continuada importância de Madalena não está em dúvida. Contudo, os seus restos mortais foram procurados – e, possivelmente, ainda continuam a ser procurados – com inexplicável fervor. No século XIII, Charles d’Anjou empreendeu a sua busca com zelo fanático, embora ficasse claramente desiludido porque o seu descendente, o mais famoso Réne d’Anjou, dois séculos mais tarde, ainda continuava a procurá-los. Mesmo no fim do século XIX, o mesmo desejo ardente – encontrar os restos mortais da sua dileta Madalena – parece ter consumido o abade Saunière de Rennes-le-Château.

De qualquer modo, Madalena detém a chave de um grande mistério, um mistério que foi guardado ciosa e implacavelmente durante séculos. E parte desse segredo envolve intimamente João Batista (e/ou talvez João Evangelista). Logo que compreendemos que esse segredo existia, desejamos sacudir as teias de aranha da história e lançar alguma luz sobre ele. Mas isso não foi tarefa fácil: os grupos e as organizações que guardaram este segredo, ao longo dos anos, criaram meios de manter os estranhos bem afastados da verdade.

Embora alguns deles nos tivessem dado indicações ou pistas, ninguém ia revelar-nos o segredo central. Tudo o que sabíamos era que toda a evidência apontava para que o mistério fosse elaborado sobre uma base que, essencialmente, incluía Sofia (SABEDORIA) e João. Estes temas eram centrais – mas não sabíamos porquê, embora se encontrasse uma indicação no fato de que, qualquer que fosse o segredo, certamente ele não iria reforçar a autoridade da Igreja. Na verdade, esta grande heresia desconhecida constituiria a maior ameaça, não só ao catolicismo mas ao cristianismo, tal como o conhecemos. Os grupos que guardavam o segredo consideravam-se como tendo sido os detentores de uma informação sobre as verdadeiras origens do cristianismo e mesmo sobre o próprio homem Jesus.


Seja qual for a natureza deste segredo, é evidente que era alguma coisa importante – e significativa – para os séculos XIX e XX. Em Rennes-le-Château, Sanière recebia não apenas representantes da alta sociedade parisiense, como Emma Calvé, mas políticos e membros de famílias imperiais. Atualmente, Pierre Plantard de Saint-Clair e o Priorado de Sião têm sido associados a figuras como Charles de Gaulle e Alain Poher, um destacado estadista francês que, por duas vezes, foi presidente provisório.

Recentemente, correram rumores que associavam o falecido presidente François Mitterrand a Pierre Plantard de Saint-Clair. Certamente, Mitterrand visitou Rennes-le-Château em 1981, quando foi fotografado na Torre de Magdala e junto da estátua de Asmodeus, no interior da igreja. Pode ser significativo que ele tivesse nascido em Jarnac, onde foi sepultado em cerimônia privada enquanto os líderes mundiais assistiam a um serviço religioso em Notre-Dame de Paris. Segundo os estatutos do Priorado de Sião de 1950, há muito que Jarnac era um dos seus centros.

Atribui-se ao Priorado verdadeira influência na política européia e mesmo mundial. Mas por que deveriam as questões que estávamos a investigar, embora interessantes sob uma perspectiva histórica e filosófica, ter importância? Estas questões estão ligadas ao «voltar da Cristandade de cima para baixo» prometido pela união do Priorado de Sião e da «Igreja de João», que já discutimos?

A única coisa que Maria Madalena e João Baptista tinham em comum era o fato de serem santos e, aparentemente, figuras históricas do Novo Testamento. O único caminho lógico para continuar a investigação era o exame minucioso das suas vidas e dos seus papéis, na esperança de que eles revelassem a razão do seu contínuo fascínio para as tradições heréticas secretas. Se tínhamos alguma esperança de conseguir compreender a sua suprema importância para os iniciados dos grupos esotéricos mais importantes e mais bem informados, tínhamos de começar a ler a Bíblia a sério.

FIM DA PRIMEIRA PARTE DO LIVRO

Links partes anteriores:


  1. http://thoth3126.com.br/o-codigo-secreto-de-leonardo-da-vinci/
  2. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-02a-no-mundo-secreto/
  3. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-02b-no-mundo-secreto/
  4. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-03a-no-rastro-de-madalena/
  5. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-03b-no-rastro-de-madalena/
  6. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-03c-no-rastro-de-madalena/
  7. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-4a-a-patria-da-heresia/
  8. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-4b-a-patria-da-heresia/
  9. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-5a-os-guardioes-do-graal/
  10. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-5b-os-guardioes-do-graal/




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www.thoth3126.com.br
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Posted by Thoth3126 on 21/10/2015
Agradecimentos a  http://wp.me/p2Fgqo-8xE




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21.10.15

Entrevista COBRA e Lynn / Richard

Perguntas e Repostas (Questionáro)

18.10.2015

Tradução: Melk Sales




As Crônicas da Divulgação - A Criação - Parte 1 Entrevista por Prepare for Change

Áudio em inglês:



Transcrição em português:


Bem-vindo Cobra ao nosso show # 2 nesta série. OK, então vamos começar com as perguntas de eventos atuais, Cobra. (ok)


Lynn - Ontem na segunda-feira 12 de outubro Benjamin Fulford informou que os militares dos EUA assumiram o Federal Reserve Board? Você pode verificar que este é um relatório verdadeiro?


COBRA - Não posso confirmar essa informação.


Lynn - OK. Se ele estiver correto. Eu estou feliz com isso.


COBRA - Eu não diria que isso é correto neste momento.


Lynn – Muitas mudanças no Oriente Médio este mês. Parece que os principais países patrocinadores terroristas do planeta tais como Israel, Arábia Saudita e Turquia estão sendo isolados. O poderio militar americano inteiro está se retirando do Médio Oriente e os russos parecem estar tomando conta de toda a área e esmagando o ISIL com força, matando seu líder dentro de 2 semanas a bombardeá-los. Por que toda essa mudança ocorreu de forma dramática?


COBRA - Foi planejado em segredo por algum tempo. E tinha que ser feito no momento certo e no momento certo veio e Putin foi capaz de entregar seu discurso na ONU para preparar o internacional. . . apoio silencioso para a sua missão. O longo planejamento da aliança oriental para fazer isso acontecer.


Lynn - Então, isso realmente não foi, de repente, foi planejado.


COBRA - Não foi de repente, foi uma parte do plano de longo prazo.


Lynn - OK. Ótimo. Pode dizer-nos qual é o propósito dos Dragões Brancos, estão relacionados com a libertação do planeta.


COBRA - Dragões Brancos é um termo genérico que descreve realmente várias facções Dragão. E cada uma das facções Dragão tem seu próprio papel no processo de libertação. Alguns deles são mais políticos, alguns deles estão preocupados com a criação da alternativa do sistema financeiro e alguns deles estão fazendo o trabalho mais espiritual na própria transformação.


Lynn - Eu tenho uma segunda pergunta sobre os dragões e é sobre os Dragões de Ouro e os Dragões Azuis. Você pode definir suas diferenças e suas funções específicas?


COBRA - Eu diria que os Dragões Azuis são o lado espiritual. Eles são os únicos que têm sido contactados pela rede Agartha muitas centenas de anos atrás, e seu poder espiritual que vem de conexão com a rede de Agartha. Os Dragões de Ouro, ou eu diria os Dragões Amarelos, são aqueles que estão tentando trazer mudanças positivas na estrutura política no Oriente e, gradualmente, com a sua conexão com os templários também no Ocidente.


Lynn - Obrigado. É verdade que os funcionários públicos que passaram agora a ajudar as Forças da Luz estão sendo substituídos por AI para manter a agenda da cabala em andamento?


COBRA - Não, não.


Lynn - Então, nada disso está correto.


COBRA - Não, não é correto.


Lynn - Maravilhoso. Ok. Como você definiria a clonagem?


COBRA - A clonagem é um processo onde você pode criar uma cópia genética exata de um determinado ser vivo, reproduzindo DNA e também a manipulação de DNA de uma forma que pode criar versão melhorada do original antigo. São ambos, é uma cópia exata e uma cópia melhorada do original.


Lynn - O clones têm "sentimentos" normais como 'curiosidade' e 'preocupações' como seres humanos "normais"tem?


COBRA - Clones não são muito diferentes dos humanos regulares, porque em um corpo clonado você precisa colocar uma alma, assim um corpo clonado sem alma é apenas um pedaço de carne estragada. Você tem que animar o clone, colocando a alma, um ser vivo naquele corpo.


Lynn - A clonagem é negativa ou positiva.


COBRA - Dependendo do propósito por trás dela. Pode ser ambos.


Lynn - Clones têm alma?


COBRA - Acabei de responder a esta pergunta.


Lynn - O que é uma alma artificial?


COBRA - Alma artificial não existe. Ultimamente houve muito medo baseado no material de propagação sobre AI Inteligência artificial, na realidade, não existe. É apenas um programa de computador que sempre tem sido operado a um determinado nível, por uma entidade consciente viva. Assim, na verdade AI é um termo que é uma contradição.


Lynn - Pode uma alma humana 'real' ser implantada forçada por tecnologia em um clone?


COBRA - Não é uma alma que é implantada, mas a personalidade que é animada está sendo implantada, vários corpos de energia podem ser implantados e, infelizmente, o corpo físico também pode ser implantado.


Lynn - Qual é a média de vida de clones?


COBRA - Dependendo da qualidade de um clone, mas não é menor que a qualidade de um ser na superfície do planeta.


Lynn - Você vai apontar as principais diferenças psicológicas, físicas e espirituais entre um ser humano normal com uma alma e um clone sem alma?


COBRA - Um clone sem alma não existe. Você sempre precisa colocar uma alma naquele corpo. O que as pessoas chamam de clones sem alma são realmente seres robóticos que já foram removidos da superfície do planeta e do subterrâneo.


Lynn - OK. Obrigado. Desde que a tecnologia de transplante de órgãos está tão avançada hoje em dia porque um 'cérebro' ou um 'coração' apenas não são transplantados para um clone dealguém para estender vida?


COBRA - Isso, claro, é possível com a medicina avançada, mas mesmo isso se torna redundante porque temos replicadores abaixo da superfície do planeta que podem realmente voltar a crescer o órgão original em perfeito estado.


Lynn - Wow. Se dizer que foi para um cérebro, você obteria de volta memória com um novo cérebro?


COBRA - Memória sobre um nível mais elevado não está associada com um cérebro. A memória é estratificado no corpo alma. O cérebro só transmite a memória do corpo alma no corpo físico. Assim, a memória no corpo alma está sempre completa. E, claro, você pode voltar a crescer o cérebro e reconectar o corpo físico com a memória.


Lynn - Eu tenho algumas perguntas sobre o país México. Qual é o plano das Forças de Luz para acabar com o tráfico de drogas em massa lá?


COBRA - É muito simples. É parte do plano para o Evento. Eles vão prender os agentes da cabala. Eles vão prender os jesuítas e o tráfico de drogas vai acabar.


Lynn - A próxima pergunta lida é: Porque que este país é tão corrupto e violento.


COBRA - Na verdade, o México, a muito tempo atrás era uma das principais fortalezas reptilianas no planeta.


Lynn - Então, houve razões "ocultas" por trás desta concentração incomum de mal neste país, além das questões de drogas óbvias?


COBRA - Basicamente, foi uma forte fixação reptiliana e os jesuítas têm usado de forma inapropriada e a influência jesuíta naquele país foi muito forte nos últimos, eu diria, 3 ou 4 séculos.


Lynn - Quando você ver o sistema de mudança e de viragem para o melhor benefício dessas pessoas?


COBRA - No momento do evento.


Lynn - OK. Eu sabia que você ia dizer isso. (Claro). Que conselho você daria para todas aquelas pessoas desesperadas que vivem no México e em todo o mundo para que a mudança possa acontecer mais cedo ou mais tarde?


COBRA - Gostaria de sugerir que elas se concentrem sobre a Luz, para trabalhar em si mesmos. Para fazer o que for possível para a liberação planetária e para estudar o processo de manifestação, porque se eles entendem o processo de manifestação, as leis da manifestação, eles podem melhorar suas vidas de forma significativa, independentemente das condições que têm neste momento. Universo está cheio de possibilidades infinitas e sempre é possível sair da situação atual, se você conhecer e compreender as leis da criação, as leis da manifestação.


Lynn - Maravilha. Quanta influência sobre nossas vidas os arcontes tem atualmente?


COBRA - Ainda bastante, porque eles controlam a mídia de massa, eles controlam a indústria de alimentos, eles controlam os níveis de energia em grande medida, mas o seu livre-arbítrio é sempre superior.


Lynn - Existem arcontes que tenham sido despertados recentemente para impedir o sucesso dos Trabalhadores da Luz e Guerreiros da Luz e para impedir a libertação planetária? Em outras palavras, há um aumento disso ultimamente?


COBRA - Como arcontes despertando. (Sim), para a Luz?


Lynn - É confuso. Eu iria interpretá-lo como se eles estão despertando e impedindo os Trabalhadores da Luz e os Guerreiros da Luz de serem bemsucedidos na libertação do planeta.


COBRA - Eles têm feito desde que vieram aqui há muitos milênios atrás, então isso não mudou.


Lynn - Então isso é coisa antiga.


COBRA - Está acontecendo o tempo todo. Agora temos que terminar isso, isso é tudo.


Lynn - Tendo que se deparar com arcontes físicos que vivem aqui na Terra, e a natureza positiva (chamados Guardiões), em outras palavras, trabalhando para a Luz. Há confusão e talvez mal-entendido que havia apenas 4 arcontes físicos da Nobreza italiana presentes atualmente na Terra. Isso não parece ser assim. Você pode nos dizer sobre estes arcontes Terrestres, especialmente os Guardiões?


COBRA - OK, está novamente confundindo várias coisas. Arcontes não são da Luz. Arcontes não são Guardiões. Existem ainda alguns arcontes físicos nas famílias da nobreza negra italiana, principalmente algumas delas são de famílias da Nobreza Negra alemã e de outras nações, mas eles estão perdendo poder diariamente.


Lynn - OK. Existe tal coisa como um verdadeiro terráqueo nascido? Nós todos sabemos sobre Sementes das Estrelas, Trabalhadores da Luz e Guerreiros da Luz que concordaram em encarnar aqui na Terra e ajudar o processo de Libertação do Planeta e Ascensão. Eles vêm aqui de outras estrelas, talvez, outras galáxias. Mas por que há essa enorme discrepância entre eles e o resto da humanidade?


COBRA - É simplesmente porque as pessoas das estrelas que vieram de outros sistemas estelares têm experimentado dimensões superiores antes onde, como a massa da humanidade nunca experimentou Ascensão. A massa da humanidade está crescendo para a Ascensão, pela primeira vez.


Lynn - Portanto, há tal coisa como um verdadeiro terráqueo nascido que não teve encarnações em outros lugares.


COBRA - A grande maioria das pessoas neste planeta estão nessa categoria.


Lynn - OK. Com todas as forças obscuras se unindo as Forças da Luz, como podemos confiar neles.



COBRA - OK, não é a humanidade superfície que está a fazer este processo de classificação. São Trabalhadores da Luz e Guerreiros da Luz muito hábeis das Forças de Luz a partir desta região da galáxia e eles podem ler os pensamentos, eles podem ler a aura e eles sabem exatamente quais as motivações desses que eram escuros anteriormente tem e suas motivações são completamente transparentes, para que não haja erros aqui.


Lynn - OK. Você pode nos dizer alguma coisa sobre este poderoso ser reptiliano supremo que é conhecido como a abelha rainha?


COBRA - O que você gostaria de saber?


Lynn - Eu acho que eles só querem uma descrição geral, a história deste ser reptiliano e qual é o seu propósito e qualquer coisa que você pode nos dizer sobre ele.


COBRA - Neste momento eu não iria liberar informações sobre determinados seres reptilianos por várias razões.


Lynn - OK. Parece que ha um grande número de reptilianos vivendo entre nós. Alguns, uma pequena maioria está aqui para nos ajudar, trabalhando para a Luz, mas grandes números no show biz, seja músicos ou atores parece ser reptilianos híbridos, Isso é verdade?


COBRA - Sim, isso é verdade.


Lynn - Há pessoas que querem saber sobre microchips, eu tenho certeza que isso está relacionado com implantes. Cobra, você pode nos dizer sobre o status atual dos microchips?


COBRA - OK. Microchip já não é um problema. Foi um grande problema décadas atrás. Na verdade a campanha para "microchipar"começou depois da Segunda Guerra Mundial, após a campanha de vacinação da OMS no final dos anos 40. 1940 e o Movimento de Resistência neutralizaram todos os microchips para que eles não estivessem mais ativos.


Lynn - Maravilhoso. Isso fará com que um monte de gente fique feliz. Há lugares ao redor do mundo onde as cidades foram construídas abaixo do nível do mar. Não temos uma chance de que essas cidades podem ser, em algum momento, engolidas pela água? É possível que nos será dada uma advertência antes que isso aconteça? Você pode nos dar uma atualização sobre as mudanças físicas na Terra?


COBRA - As forças da luz especialmente a Confederação Galáctica estabilizou as grades da Terra na medida em que não há mudanças drásticas esperadas na Terra, especialmente, não antes do Evento, as pessoas não precisam se preocupar com isso.


Lynn - Maravilha. Que esforços podem e devem ser feitos para manter contato com várias figuras públicas para facilitar a criação de uma aliança ou uma coalizão?


COBRA - É muito encorajador para as pessoas a tentar chegar a essas figuras públicas e espero que alguns deles vão responder porque isso seria muito poderoso no momento.


Lynn - Seria benéfico informar e importante chegar a essas pessoas no momento do Evento na esperanças deles ajudarem em relação à dispensação informação?


COBRA - Também, sim.


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Lynn - Eu queria acrescentar aqui que PFC.net está com uma parceria com uma empresa chamada COEO para ajudar a registar-se e ajudar as pessoas ao redor do mundo a encontrar grupos em sua área e encontrar-se com eles a se preparar para o evento e também para fazer a meditação semanal da liberação. Então, se as pessoas, forem para www.prepareforchange.net e derem uma olhada na área participar e se inscrevam.


Será que a mudança nos fundos médios Fed será cortado para as corporações prejudiciais da cabala?


COBRA - OK a mudança do Fed ainda não aconteceu. Quando a peneira do Fed irá acontecer, será o momento do reset financeiro.


Lynn - Ok Cobra. Isto é o fim das questões de eventos atuais. Agora eu vou ter Richard aqui fazendo as perguntas. (Ok)


Richard - Olá Cobra, prazer em conhecê-lo.


COBRA - Prazer em conhecê-lo também.


Richard - Muito obrigado. A minha primeira pergunta seria: O que é a Fonte?


COBRA - A Fonte é o campo da consciência universal, é o Uno.


Richard - O que é o Primeiro-Criador?


COBRA - O criador primordial é a fonte, é o campo de consciência de que cada um tem partes projetadas de si mesmo para a anomalia primária para compreendê-la e resolvê-la.


Richard - Qual é a diferença entre o Primeiro-Criador e Criação em si?


COBRA - A criação, para definir Universo como a criação é uma interação entre a Fonte e a anomalia primária. E a Fonte projetou partes de si mesma, faíscas de si para a criação afim de resolver e absorver a anomalia primária de volta para a fonte.


Richard - Como o Primeiro Criador veio a existir?


COBRA - O Um sempre existiu, nunca começou e sempre será.


Richard - Obrigado. Quais são os objetivos do Primeiro Criador?


COBRA - O objetivo do Um é curar a anomalia primária e todas as partes da consciência, para todas as centelhas divinas retornarem de volta para a Fonte.


Richard - O Primeiro Criador julga?


COBRA - Não.


Richard - Maravilhoso. Como é que o Criador Primordial cria?


COBRA - Na verdade, a palavra criador não é absolutamente correta, porque a Fonte não cria. A fonte interage. Ela projeta faíscas de consciência para a anomalia primária e esta fusão de dois elementos diferentes cria a criação.


Richard - Eu entendo, obrigado. Como podemos aprender a criar a realidade?


COBRA - Ao compreender as leis da criação e as leis da criação são muito simples. Criação ou manifestação é a precipitação de sua vontade através de várias dimensões em relação ao plano físico e se alinhar ou aspectos do seu ser com a sua vontade divina, que a vontade divina será manifestada no plano físico.


Richard - Isso é uma espécie de processo, você tem que passar por ele.


COBRA - Eu diria que o fogo elétrico de sua própria consciência.


Richard - Seres superiores podem criar a matéria através do pensamento?


COBRA - Exatamente.


Richard - Será que todos os seres humanos têm essa capacidade


COBRA - Todos seres ascensionados têm essa capacidade.


Richard - OK. Será que todos os seres humanos têm a capacidade de manifestar a realidade, para criar a realidade?


COBRA - Sim, mas essa capacidade não é plenamente manifestada. É apenas um potencial que precisa ser exercido.


Richard - Será que somos realmente a fonte na realidade física.


COBRA - Sim.


Richard - Sem entrar em muitos detalhes, como é que nos esquecemos que estávamos a fonte?


COBRA - Esquecemos porque foram submetidos a muito dessa anomalia primária e a exposição excessiva a anomalia primária nos fez esquecer.


Richard - Eu entendo. Como nos tornamos a Fonte novamente. Como é que vamos recuperar essas habilidades físicas e as memórias?


COBRA - Ao conectar o nosso eu superior com a nossa própria alma e essa ligação irá recriar o nosso link diretamente com a Fonte.


Richard - Obrigado - responde a minha próxima pergunta: Qual é a melhor maneira de se conectar com o espírito / Fonte, para melhor e construir um relacionamento? Isso seria se conectar com o seu espírito, sim?


COBRA - Cada pessoa tem o próprio modo individual para se conectar, mas há alguns princípios universais que é focando sobre a Luz, ligação com a beleza e usando a sua própria vontade, a sua própria vontade para tomar uma decisão para ter essa conexão com o seu próprio eu, com sua própria alma.


Richard - Obrigado. É verdade que todo o espírito é uma parte da Fonte principal?


COBRA - Sim


Richard - Qual é o propósito do espírito?


COBRA - O objectivo do espírito é o mesmo que o efeito do Uno, da Fonte.


Richard - Eu entendo. Quando você tem uma conexão com seu espírito o que isso que permite que você faça física e mentalmente?


COBRA - Quando você tem a conexão com o espírito você é capaz de viver a sua vida de acordo com as leis da manifestação. Você pode moldar sua vida de acordo com isso e você pode fazer a sua missão, você pode fazer sua parte no processo de libertação planetária.


Richard - Muito obrigado. Será que o espírito torná-o mais inteligente ou ele dar-lhe informações?


COBRA - Faz você mais sábio, não apenas mais esperto. Ele aumenta sua inteligência, mas não no forro de maneira única. Ela estimula toda a sua criatividade, todos os seus talentos e torna mais fácil para que você possa continuar com sua missão.


Richard - Maravilha. Muito obrigado. Como você pode dizer quando você tem uma conexão de espírito?


COBRA - Quando você tem sua conexão de espírito você manifesta aspectos do espírito como a beleza, amor, força interior e luz e muitos outros atributos do espírito.


Richard - Eu entendo, obrigado. O que é o mundo espiritual?


COBRA - O mundo espiritual é uma manifestação dos princípios que acabo de mencionar.


Richard - OK. Será que o mundo espiritual é considerado o "Paraíso".


COBRA - Sim.


Richard - Obrigado. O espíritos são malignos? Ou eles são almas dos bons espíritos que ainda precisam crescer?


COBRA - O mal é um livre arbítrio que optou por se opor a beleza, se opõem ao amor, isso é o livre-arbítrio que se transformou em outro lado. O livre-arbítrio que optou por expandir e ampliar a anomalia primária. O livre arbítrio pode fazer isso somente quando a conexão com a alma está perdida.


Richard - Como podemos equilibrar a energia masculina e feminina dentro de nós mesmos?


COBRA - Ao conectar com ambos e tê-los interagindo com você.


Richard - O que é a iluminação?


COBRA - A é um processo de reconexão com a sua própria centelha divina. (Conectando com o seu próprio espírito) Com a sua própria centelha divina sua, própria alma e aspectos ainda mais profundos e mais elevados de si mesmo.


Richard - Quais são os sinais de iluminação?


COBRA - Iluminação tem um dos sinais mais importantes, é que você sabe quem você é. Você não tem a pergunta "Quem sou eu", porque você sabe de que conhecimento você pode criar todo o resto.


Richard - OK. Qual é a diferença entre a criação física e a criação espiritual?


COBRA - A criação física como você sabe que é a última manifestação das idéias que nasceram nos planos superiores. A criação espiritual é a manifestação das mesmas idéias sobre os planos espirituais.


Richard - Muito obrigado. Existem 4 leis da criação? Você se importaria de explicá-los para nós, se você puder.


COBRA - Esta é apenas uma descrição arbitrária de como as pessoas entendem as leis da criação. Você pode condensar isso em uma lei, 2 ou 3 leis, no entanto você deseja, por isso não vou dar idéias mentais aqui de como interpretar isso. Vou apenas dizer que as pessoas precisam se concentrar em sua própria experiência direta, por meio de sua própria iluminação, a sua própria experiência de sua presença EU SOU e tudo o mais virá a partir deste.


Richard - Obrigado. (Por nada!) O que é o universo?


COBRA - É o total de todas as criações que se manifestam em todas as dimensões.


Richard - Todos os Universos são a mesma coisa?


COBRA - Na verdade, existem bolhas do espaço-tempo que estão emergindo do vórtice de interação entre a Fonte e a anomalia primária.


Richard - O que é uma galáxia?


COBRA - Uma galáxia é um vórtice que está crescendo fora do portal central que é o sol central galáctico.


Richard - Quantos planetas existem geralmente em um sistema solar?


COBRA - Normalmente existem cerca de 10 planetas no sistema solar em média mais ou menos.


Richard - OK. Será que todos os planetas têm um sol ou poderia haver mais.


COBRA - Eu diria que os sistemas de estrelas duplas ou mesmo triplas são bastante comuns em todas as galáxias.


Richard - Você pode descrever em que os outros planetas e civilizações avançadas seriam semelhantes?


COBRA - Eles têm composições semelhantes ao que temos neste sistema solar. Um planeta menor tende a ser mais sólido. Alguns deles têm oceanos, água líquida. A maioria deles são rochosos. Os planetas maiores são geralmente gigantes de gás, semelhante ao que temos neste sistema solar.


Richard - Muito obrigado. É verdade que a vida na Terra foi trazida de nosso universo; insetos, plantas, animais?


COBRA - Sim, a vida não nasceu aqui. A vida veio do além.


Richard - Do além. Obrigado. Você pode apenas dar-nos um exemplo da vida ET, como uma vida diária seria em outro planeta.


COBRA - Na verdade, agora como mais universo é libertado, a maioria dos seres experimentam o que eles fazem, eles fazem isso dessa frequência do amor divino. Eles originam todas as suas ações desta freqüência e, portanto, suas vidas estão cheias de alegria e beleza e harmonia e eles não experimentam este conflito intenso que temos aqui neste planeta. Para que suas vidas sejam muito, muito bonitas. O único problema que eles têm é quando olham para este planeta e eles querem ajudar, e eles sentem a agonia e o sofrimento de seres aqui. Por isso o foco principal e o grande problema neste universo agora é completamente resolver esta anomalia primária e esta situação de refém que temos neste planeta e, em seguida, todo o universo experimentará grande salto cósmico que todo mundo está olhando em direção.


Richard - Muito obrigado por isso. O que a maioria dos extraterrestres fazem? Será que eles têm empregos? Como eles passam o dia, além do que você acabou de dizer.


COBRA - Eles não precisam de ter empregos, porque eles podem criar tudo o que desejarem de sua tecnologia avançada. Eles se concentram em sua criatividade, eles se concentram em explorar o universo mais profundo. Eles avançam em sua ciência. Eles avançam em sua espiritualidade. Eles se conectam uns com os outros. Eles criam. Eles têm um bom tempo.


Richard - Isso é incrível. Muito obrigado.


COBRA - Eles não têm essa rotina de escravidão. Empregos neste planeta são parte de Orion. Isso não é algo que é normal. Não é considerado normal no resto do universo.


Richard - Por que eles só aparecem de vez em quando e se vão?


COBRA - Eles não podem simplesmente aparecer porque as bombas strangelet seriam acionadas o que levaria a consequências drásticas. As bombas stranglet seriam detonadas.


Richard - Quantas espécies ET têm o mesmo nível de consciência dos seres humanos?


COBRA - Eu diria que o nível é o mesmo, mas a qualidade não é porque essas espécies não estão expostas ao caos e a negatividade que temos neste planeta. Então eles têm uma qualidade muito maior de experiência de vida.


Richard - Quantas espécies de seres você diria que existem?


COBRA - Há poucos grandes arquétipos, mas há bilhões e bilhões de várias espécies de vida ET.


Richard - Como é criada a vida como a conhecemos, plantas e animais?


COBRA - É uma evolução guiada por seres angélicos e esta evolução não foi guiada sem tentativa e erro, porque a anomalia primária está envolvida no processo, infelizmente, em grande medida. Então houve muitos erros na evolução do passado. Mas agora o universo está ficando mais sábio e mais sábio e há cada vez menos desses erros e mais da sabedoria está presente, então as formas de vida que serão desenvolvidos no futuro serão muito mais perto da perfeição.


Richard - Uau, obrigado. Será que todos os seres vivos têm almas?


COBRA - Todos os seres têm alma, não há ser sem alma, até mesmo os animais e as plantas têm uma alma. É uma boa alma, e sim, eles têm uma certa presença maior. Sem a presença, a evolução não é possível.


Richard - Eu entendo. É o mesmo para os minerais, água e arroz e coisas assim?


COBRA - Há uma consciência de grupo, um grupo de alma sendo essência que aguarda o momento certo para esses minerais e água despertarem a um grau maior de evolução, ainda mais no plano, no reino animal e, em seguida, mais à frente.


Richard - Wow. Muito obrigado. O que se entende por co-criadores?


COBRA - Cada ser neste universo tem uma presença EU SOU que pode criar. E que a criação está sempre interagindo com outras vontades livres e que é chamado de co-criação.


Richard - Lindo! Obrigado. Qual é o objetivo do nosso Sol?


COBRA - O Sol neste sistema solar é um portal que conecta todo o sistema solar com o centro da galáxia e é a fonte de energia para o sistema solar.


Richard - O que é um sol galáctico?


COBRA - O centro galáctico é um portal que realmente traz força de vida para toda a galáxia e orienta a evolução dos fluxos de Luz nesta galáxia.


Richard - Qual é o nome do Sol galáctico da Terra?


COBRA - Do Sol galáctico (Sim). Eu não vou liberar esse nome ainda porque é um nome muito poderoso e é chamada de energia que muitas pessoas não estão prontos para isso ainda.


Richard - Isso soa incrível. Então, há um sol galáctico universal ou será que cada galáxia tem seu próprio sol central individual?


COBRA - Cada galáxia tem seu Sol Central Galáctico individual, mas existem até nós de natureza extra galáctico como temos aglomerados galácticos e geralmente há uma galáxia central que tem um sol central, que se conecta e abraça todas as galáxias no centro galáctico e o agrupamento galáctico e há o sol central universal que é conectado diretamente à Fonte.


Richard - O Sol Galáctico é de onde a onda de energia vai ser lançada para o ponto culminante do Evento?


COBRA - Sim.


Richard - Essas são todas as perguntas que eu tenho sobre o Universo e o Sol Galáctico.


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Richard - Esta são mais perguntas sobre o voluntariado e da consciência. Apenas uma pergunta rápida sobre si mesmo. Você é voluntário para esta missão?


COBRA - Eu sou voluntário para a missão há muitos milhares de anos atrás, mas eu não entendia no que eu estava me metendo. Eu não sabia o que isso seria.


Richard - Como vocêficou sabendo sobre esta missão aqui na Terra?


COBRA - Eu não consegui descobrir sobre esta missão aqui na terra. Eu sabia que tinha uma missão que nunca esqueci.


Richard - Houve uma chamada que saiu para o universo pedindo voluntários para vir à Terra para ajudar nas mudanças?


COBRA - Sim


Richard - Você pode entrar em detalhes sobre isso. De onde esta chamada veio e como ela saiu?


COBRA - Essa chamada foi de muitas fontes. Depois deles foi a consciência do próprio planeta, Gaia por si mesma, porque a certa altura as Forças da Luz não estavam indo como foi planejado e a chamada saiu para os vários sistemas estelares. O mais qualificados Trabalhadores da Luz e Guerreiros da Luz para ajudar na resolução desta situação. E sempre souberam que era uma missão arriscada, mas que nunca foi conhecido como exatamente isso seria.


Richard - Tenho outra pergunta. Você dizia que eu tinha muitas energias correndo através do meu corpo. Você pode me dizer o que são essas energias?


COBRA - Normalmente eu não estou respondendo a perguntas individuais sobre o desenvolvimento espiritual individual. A maioria das vezes as pessoas precisam fazer conexões internas e auto responder a essas perguntas.


Richard - Você realmente fez isso em outros planetas? Ou devo dizer que seu espírito fez isso muitas vezes, liberando, fazendo as mudanças que têm vindo aqui para fazer - a sua missão.


COBRA - Tenho estado envolvido muitas vezes na galáxia, mas nunca foi assim.


Richard - Eu entendo. Obrigado. Como você eleva a sua consciência?


COBRA - Você eleva sua consciência ao se conectarem com seu próprio Eu Superior e com a Fonte.


Richard - Há níveis de consciência?


COBRA - Sim, claro, há níveis de consciência e cada um deles corresponde a uma certa freqüência vibracional de seus vários corpos de energia.


Richard - O que é a consciência coletiva?


COBRA - Campo unificado de toda a consciência de cada pessoa envolvida e, geralmente, este termo é usado para a população da superfície deste planeta.


Richard - Então você também diria que cada espécie tem uma consciência coletiva?


COBRA - Sim.


Richard - Obrigado. O que é a evolução da alma?


COBRA - A evolução da alma é um processo através do qual a alma cresce e começa a entender mais a sua posição neste universo e sua relação com a fonte e para o próprio universo criativo.


Richard - OK. Como é que uma alma evolui?


COBRA - A alma evolui através da experiência e através de uma maior conexão com a Fonte.


Richard - Qual é o propósito da evolução da alma?


COBRA - O propósito da evolução da alma é retornar de volta para a Fonte.


Richard - O que é a ascensão?


COBRA - Eu não vou responder a essa pergunta ainda porque é uma questão muito profunda e eu preciso responde-la corretamente e quando for a hora certa eu vou liberar tal informação do processo de ascensão através do meu blog.


Richard - Obrigado. Eu estava tentando entender, como você se prepara para a ascensão?


COBRA - OK. Vou simplificar; conectar com sua alma. Essa é a resposta principal. A resposta principal não é para alterar o seu DNA, não é para ativar seu corpo de luz, mas é para se conectar à sua alma.


Richard - Obrigado, obrigado, muito obrigado por dizer isso. Existe mais de um processo de ascensão para a evolução da alma?


COBRA - Há um processo de ascensão e isso é suficiente.


Richard - Vivemos em dimensões mais baixas no momento. Qual seria o próximo grupo de dimensão? O que você faria lá. Quando chegarmos a nossa consciência, quando voltarmos nossa consciência plena e deixarmos este reino para o próximo reino, eu só estou querendo saber o que temos?


COBRA - OK. Vou descrever isso em detalhes quando eu for publicar informações sobre o processo de ascensão.


Richard - Obrigado. Como a alma progride, não podemos apenas ir para a vida humana ou nós vamos para a vida animal. Poderíamos viver como as outras espécies à medida que evoluímos?


COBRA - Quando você tiver progredido para a vida humana você nunca volta para a vida animal novamente e a maioria das pessoas das estrelas nunca experimentaram uma vida animal. Então, vamos apenas voltar para a nossa magnificência da nossa presença alma.


Richard - O que é pecado. Ou o pecado é algo que foi feito pela religião?


COBRA - O pecado é um conceito que tem sido inventado pelos arcontes para controlar e suprimir o desenvolvimento espiritual da população superfície.


Richard - O que é a freqüência vibracional?


COBRA - Freqüência Vibracional é a freqüência de rotação, eu diria, os átomos permanentes, como são chamados nos diversos órgãos espirituais de nossa constituição, de nosso ser.


Richard - OK. Qual é o propósito da freqüência vibracional?


COBRA - É apenas a descrição de um determinado processo físico. Quanto mais rápido esses átomos giram, quanto maior a freqüência vibracional, mais você está conectado à fonte.


Richard - Eu estou indo para o próximo grupo de perguntas que é sobre a nossa galáxia e mais detalhes de onde estamos agora. Como é criada uma galáxia?


COBRA - A galáxia emerge do portal do sol central galáctico. É como uma bolha de energia que explode no tempo-espaço e a matéria que está nascendo através do portal do sol central gira como um vórtice em torno desse centro. E quando a galáxia evolui, geralmente, evolui para uma galáxia espiral que é uma galáxia totalmente evoluída.


Richard - Os ETs acreditam no Primeiro-Criador?


COBRA - Os ETs não acreditam, eles sabem. Eles estão relacionados com a Fonte.


Richard - Existem bons e maus ETs?


COBRA - Nós todos experimentamos bom e mau do ET em nossas vidas.


Richard - OK. Para esses ETs negativos foi esta uma escolha de sua parte, é uma escolha que eles realmente fizeram?


COBRA - Sim, foi uma escolha de responder à anomalia primária.


Richard - De onde é que o mal vem?


COBRA - O mal veio de uma decisão de opor-se a Luz. É uma decisão do livre-arbítrio que é feito como resultado da interação entre livre-arbítrio e a anomalia primária como acabo de descrever isso.


Richard - Por que as pessoas sofrem?


Cobra - As pessoas sofrem porque estão expostas a anomalia primária e porque elas estão expostas às condições que são um resultado e conseqüência da soma das massas de todas as decisões negativas que foram feitas neste planeta.


Richard - Eu entendo. Antes de vir a este tempo de vida, nós escolhemos quem nós somos, nós escolhemos a nossa vida, nós escolhemos onde vamos estar, o que vamos experimentar?


COBRA - Fizemos nossa escolha inicial para vir para esta área, mas quando chegamos aqui estávamos realmente prisioneiros e nossas opções foram bastante limitadas. Tivemos algumas palavras em nossas encarnações, onde estaremos, mas a grande maioria das escolhas foram feitas pelos arcontes. Eles nos deram um escopo limitado de opções e eles têm forçado muitas condições que nós nunca teríamos concordado. (Nota do Gabriel: Quando se está com baixa vibração somos facilmente manipulados por qualquer entidade negativa)


Richard - Quais são chakras?


Cobra - Chakras são vórtices de energias que realmente transmitem fluxo do prana em vários corpos de energia.


Richard - Obrigado. Será que precisamos de chakras?


COBRA - Sim.


Richard - Qual é a sua finalidade?


COBRA - Como eu já disse, o seu objectivo é transmitir prana. Eles atuam como portais e cada chakra é um portal que nos conecta com uma certa freqüência vibracional específica que é necessário para a parte do corpo energia funcionar.


Richard - Como é que vamos limpar nossos chakras ou o que é recomendado?


COBRA - Existem várias técnicas, eu não vou entrar em detalhes aqui. Mas geralmente você pode purificá-los com a chama violeta do Mestre St. Germain.


Richard - Há um monte de confusão. Será que realmente ativamos nossos chakras? Ou eles já estão ativos e nós precisamos aprender como usá-los?


COBRA - Há uma maneira de ajudar na ativação do chakra. Um dos aspectos desta é remover os bloqueios e distorções do chakra e o outro aspecto é permitir que a nossa consciência ajude o chakra a operar corretamente. Mas isso é bastante avançado e a maioria das pessoas tem lido um monte de desinformação na internet sobre isso. Não há muitos profissionais qualificados que sabem como ajudar as pessoas a ativar seus chakras de forma adequada.


Richard - Quais são as melhores maneiras de perder o medo?


COBRA - As melhores maneiras de perder o medo é ir além de sua zona de conforto. Portanto, se seu medo é medo de altura, exponha-se um pouco mais disso. Se você tem medo de voar de avião, expondo-se gradualmente a isto. Ao conquistar o seu medo você está se tornando mais forte. Não negue o seu medo. Reconheça-o, mas, em seguida, vá além dele.


Richard - Como podemos perder a dúvida em nós mesmos?


COBRA - Ao conhecer-se. Ao conhecer suas motivações, sendo sincero com você mesmo e integrando partes de si mesmo.


Richard - Qual é a melhor maneira de perder raiva e ódio?


COBRA - A raiva é inspiração frustrada. Você está com raiva porque você quer fazer algo e alguém o está impedindo de fazê-lo. Então, se você canalizar essa raiva de forma construtiva, pode ser uma ferramenta muito poderosa para a libertação planetária.


Richard - Como podemos trabalhar em nosso julgamento em relação a outros povos e para a situação?


COBRA - Simplesmente por entender que eles passaram por momentos difíceis em algum lugar no passado e eles simplesmente não sabem como se comportar melhor.


Richard - Obrigado. Como podemos trabalhar em perder ciúme e inveja?


COBRA - Simplesmente por entender que cada pessoa tem sua própria missão, a sua própria posição na vida e sua própria posição na sociedade humana e ninguém pode substituir ninguém.


Richard - Cobra, qual é o propósito da vida?


COBRA - O propósito da vida é encontrar um caminho de volta para o Uno.


Richard - O que é o reino etérico?


COBRA - O plano etérico é o plano de criação, que é menos denso do que o físico, mas um pouco mais do que o astral. É o plano energético.


Richard - O que é o plano astral?


COBRA - O plano astral é o plano que é um pouco menos denso do que o plano etérico. É emocional. É um campo de energia emocional.


Richard - Como os mestres ascensionados são capazes de trabalhar conosco?


COBRA - A maioria deles trabalha com nossa consciência. Eles nos inspiram para se conectar com nossa alma e nos apoiar nesse crescimento, enviando-nos as energias do Amor, apoio, iluminação e capacitando-nos a tornar-se mais de quem realmente somos.


Richard - Isso foi lindo. Obrigado. Como podemos trabalhar com esses mestres ascensos?


COBRA - Dirigindo-se a eles. Ao comunicar-se com eles em nossa consciência assim como seria se comunicar com um bom amigo.


Richard - Muito obrigado Cobra. Essa é a última das minhas perguntas. Muito obrigado pelo seu tempo.


COBRA - Por nada!

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Lynn - Muito obrigado Cobra por todas as respostas que você forneceu hoje. Vamos continuar com a parte 2 de em nossa próxima série. Nós pedimos perguntas de nossa audiência e elas podem ser enviadas para o web-site e vou postar essa antes da próxima entrevista.


COBRA - OK. Muito bem.


Lynn - Cobra, Existe alguma coisa que você gostaria de dizer para encerrar.


COBRA - Sim- eu gostaria de colocar isso de novo. É muito importante agora para todos que querem ter este planeta liberado para juntarmos nossas forças. Este é um dos elementos críticos da libertação planetária.


Lynn - Eu concordo. Muito obrigada!


COBRA - Obrigado pela entrevista.


Lynn - Muito bom, Até a próxima vez.


Richard - Cobra, muito obrigado. (Bye Bye)


Fonte: Prepare for Change / Portal 2012



Agradecimentos a Sementes das Estrelas



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13.10.15

Revelação Templária – 9B  

Um Curioso Tesouro 

(Rennes-le-Chateau) 

Por Lynn Picknett e Clive Prince

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com 

 Publicado anteriormente a 08/05/2015

CAPÍTULO IX 

 UM CURIOSO TESOURO – 9B


Recentemente, muitos investigadores encontraram indicações intrigantes sobre os verdadeiros interesses e motivações de Saunière, espalhados pelo seu domaine. Durante uma das nossas visitas à área, em 1996, fomos acompanhados por Lucien Morgan, um apresentador de televisão e autoridade em tantrismo, que ficou espantado por descobrir que a Torre de Magdala e os baluartes eram construídos segundo os antigos princípios de um certo tipo de rito sexual. Ele acredita que Saunière e o seu círculo secreto praticavam rituais sexuais ocultistas, destinados a facilitar a clarividência, pô-los em contato com os “deuses” – realizando, efetivamente, a Grande Obra dos velhos alquimistas – e assegurar poder e influência materiais.

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 09A – UM CURIOSO TESOURO – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO IX – UM CURIOSO TESOURO – 9B

Outros reconheceram indicações de magia sexual: os autores britânicos Lionel e Patrícia Fanthrorpe citam o perito ocultista Bremna Agostini, que afirma que Saunière realizava um ritual mágico sexual conhecido por «Convocação de Vênus», em que participavam Marte Dénarnaud e Emma Calvé. No que respeita a esta investigação, a questão verdadeiramente importante de todas as edificações de Saunière em Rennes-le-Château é a importância que ele atribui a Maria Madalena (representante do feminino sagrado e divino).



Na verdade, a igreja já lhe fora dedicada muito antes de Saunière nascer, mas isso não era mera coincidência, porque ela fora a capela da família local dominante – a de Marie de Nègre. Dada a íntima associação desta família com o Rito Escocês Retificado, a dedicação da igreja parecia ser significativa. Saunière também dera o nome de Madalena à sua torre da biblioteca, e denominou a sua casa segundo aquela em que, de acordo com uma interpretação dos acontecimentos do Novo Testamento, ela vivera com seu irmão Lázaro e a sua irmã Marta. E, de todas as decorações da igreja, foi o baixo-relevo do frontal do altar, representando Madalena, que ele decidiu ser ele mesmo a pintar.

Descobrimos que também mandara fazer uma pequena estátua em bronze de Madalena, que ele colocou no exterior da gruta, junto à igreja. A estátua media menos de um metro e pesava cerca de oitenta e cinco quilos, e era a imagem invertida do baixo-relevo, mas, sob outros aspectos, idêntica. Esta estátua desapareceu há muito tempo, mas André Galaup, um jornalista reformado, de Limoux, tem fotografias dela.

A legenda «Terribilis est locus iste» destaca-se por cima da porta da igreja. Como Keith Prince nos indicou, a frase é do Gênesis 29:17 e relata que Jacob sonha com uma escada pela qual os anjos sobem e descem. Ao acordar, Jacob pronuncia estas palavras. Passa a designar aquele lugar por Betel, significando Casa de Deus. Mas, no Antigo Testamento, Betel transforma-se num centro de poder rival de Jerusalém – dando ao conceito de Betel a conotação de centro religioso alternativo ou rival do «oficial».

Mas na França a implicação é mais óbvia: um dicionário francês define «Betel» como um templo de uma seita dissidente. Poderia ser isto que Saunière estava a tentar comunicar? Curiosamente, os Dossiers Secrets reclamam que Saunière, nos seus últimos anos, planejava implantar «uma nova religião» e empreender uma cruzada por toda a área. A última edificação planejada para o seu «domaine» – a grande torre e o batistério exterior – faziam parte desta ambição.

Decidimos concentrar-nos no que Saunière encontrara quando chegou a Rennes-le-Château e no que pode ter inspirado as suas pesquisas. Pondo de parte a falsa pista dos pergaminhos, a aparente contradição do comportamento de Saunière chamou-nos a atenção. Muitas pessoas pensam que ele tentava deixar indicações na decoração da sua igreja. Contudo, também se sabe que ele destruiu cuidadosamente certas coisas que lá encontrou – especificamente, as inscrições das duas pedras que assinalavam a sepultura de Marie de Nègre. Também as removeu da sepultura, o que sugere que ele desejava obscurecer a sua localização exata.

Como vimos, estas pedras – a pedra vertical e a placa horizontal – foram colocadas na sepultura de Marie de Nègre pelo abade Antoine Bigou, cerca de cem anos antes de Saunière chegar. Mas uma coisa estranha já estava implicada: Bigou erigiu as pedras em 1791 – dez anos depois da morte da mulher que, supostamente, estava na sepultura – ao mesmo tempo que mandava voltar ao contrário a «Pedra do Cavaleiro» da igreja. (O levantamento desta pedra parece ter sido um passo importante da pesquisa de Saunière.)



Há ainda outro indicador de que Saunière estava, de algum modo, seguindo as pegadas de Bigou: antes de ser pároco de Rennes, Bigou exercera o cargo em Le Clat, uma pequena aldeia de montanha, a vinte quilômetros de Rennes. Saunière também fora sacerdote de Le Clat, imediatamente antes de vir para Rennes-le-Château. Poderia Saunière estar procurando alguma coisa relacionada com Bigou e, portanto, com as famílias d’Hautpoul ou de Nègre?

O trabalho de Bigou na sepultura de Marie pode ter sido inspirado pelos acontecimentos na França, que ocorreram entre a morte de Marie e 1791 – o ano que marcou o princípio do terror da Revolução Francesa. Os revolucionários eram hostis à Igreja Católica, e muitas relíquias, ícones e decorações foram destruídos ou saqueados neste período. Curiosamente, pouco depois do seu trabalho em Rennes-le-Château, Bigou, que era contrário à República, atravessou a fronteira e fugiu para Espanha, onde morreu em 1793.

Havia outra coisa estranha no sepultamento de Marie de Nègre. Os senhores de Rennes, a família d’Hautpoul, eram tradicionalmente sepultados na cripta da família, que se diz existir por debaixo da igreja. Então, por que razão o sepultamento de Marie não seguiu esta tradição? Sabemos que a cripta existia, porque ela é referida num registro paroquial que abrange os anos 1694-1726 e que está exposto no museu. Segundo este registro, a entrada para a cripta situa-se no interior da igreja. Contudo, a entrada já desapareceu, embora pareça certo que Saunière a descobriu; talvez os documentos que ele encontrou lhe indicassem o lugar onde devia procurá-la.

Segundo o relato da história de Saunière, registrado pelos irmãos Antoine e Marcel Captier e baseado nas memórias da família, o sacerdote descobrira a entrada para a cripta, por debaixo da Pedra do Cavaleiro, e tinha, de fato, entrado nela. Mas voltara, depois, a ocultar a entrada sob o novo pavimento da igreja, presumivelmente porque não queria que a sua localização fosse conhecida. Antoine Bigou devia ter tido a mesma preocupação, porque foi ele, em 1791 quem mandou voltar a Pedra do Cavaleiro ao contrário. Por que estariam os dois sacerdotes, separados por um século, tão interessados em que mais ninguém entrasse na cripta dos senhores de Rennes-le-Château?

Há uma resposta simples. Se Saunière entrasse na cripta e encontrasse o túmulo de Marie de Nègre, onde, em primeiro lugar ele deveria estar, teria compreendido imediatamente que se passava uma coisa muito estranha: a mulher tinha duas sepulturas. Mas a segunda, a do cemitério, fora lá colocada por Bigou, dez anos depois da morte de Marie. Obviamente, Marie não estava enterrada no cemitério – nesse caso, quem, ou o quê, estava lá enterrado?

Uma hipótese aceitável é que Bigou, presumivelmente devido às convulsões sociais da Revolução de 1789, que o ameaçaram pessoalmente, escondera alguma coisa no cemitério de Rennes-le-Château antes de fugir para Espanha. Mas o que poderia ter sido – outro corpo, um objeto ou documentos de certa natureza? Talvez fosse alguma coisa que Bigou tivesse dificuldade em levar consigo para Espanha ou talvez fosse alguma coisa que, de fato, fazia parte de Rennes-le-Château. Podemos nunca saber, mas parece que Saunière soube, porque ele abriu a sepultura para a procurar. E ele tivera muito interesse em que a mensagem das duas pedras tumulares se perdesse – pelo menos, a da placa horizontal, cuja inscrição ele fez desaparecer. Podia a mensagem dar alguma indicação sobre o que a sepultura, de fato, encerraria?


ÍSIS, …

A inscrição da pedra principal da sepultura de Marie de Nègre apresenta muitos erros, que não podem ser apenas o resultado de um acabamento pouco cuidadoso. Há palavras com erros de grafia, letras suprimidas, espaços que são omitidos ou acrescentados onde não são necessários. Das vinte e cinco palavras da inscrição, nada menos de onze apresentam erros. Alguns parecem bastante inócuos, mas um, em particular, era tão grave que teria causado séria ofensa à família. As palavras finais deveriam apresentar-se como o convencional REQUESTA IN PACE – «descanse em paz» – mas aparecem como REQUIES CATIN PACE. A palavra francesa «catin» é a gíria para «prostituta».

E é reforçada por um erro do nome de família do marido de Marie: D’Hautpoul aparece como DHAUPOUL. Este erro pode não alterar muito o significado, mas consegue chamar a atenção para a palavra. E poule (galinha) é outra designação de prostituta, em gíria; de fato, hautpoul podia significar «grande prostituta» … Do mesmo modo, o nome inscrito na pedra tumular faz eco de temas importantes desta investigação. Chega a ser tentador pensar que Marie de Nègre apenas existiu como nome, e como código de alguma coisa absolutamente espantosa.

Porque Blanchefort, embora seja o nome de um posto de fronteira local, significa «torre branca» ou «branco forte» – um termo alquímico. E «Marie de Nègre» evoca as Madonas Negras, com as suas associações a Maria Madalena, o que é reforçado pela referência de hautpoul a «alta prostituição», a sabedoria da prostituta. Encontramos, novamente, aparentes associações que são sugestivas da sexualidade (do feminino) sagrada e talvez – no contexto de rumores de «tesouro» – dos aspectos sexuais da Grande Obra alquímica. E, ainda mais relevante talvez, há outro erro de grafia na pedra tumular: D’ABLES é representado como D’ARLES. Se é, como suspeitamos, uma referência à cidade de Arles, na Provença, pode evocar o fato de que ela foi um antigo centro do culto de ÍSIS. Seja como for, Arles fica muito próximo de Saintes-Maries-de-la- Mer.

O desenho da segunda pedra da sepultura de Marie de Nègre, a placa horizontal, é mais polêmico porque existem algumas discrepâncias nos vários relatos do desenho, que foram publicados. Segundo a maioria das versões, ele ostenta duas inscrições: a frase – em latim, mas curiosamente inscrita em caracteres gregos – Et in Arcadia ego – e quatro palavras latinas: Reddis Regis Cellis Arcis, cruzando a pedra. O significado da última inscrição não é claro e tem sido tema de várias interpretações diferentes, mas parece referir-se a uma cripta ou túmulo real, talvez associado a Rhedae e/ou à aldeia de Arques. (A palavra Arcis tem muitos significados possíveis, desde palavras relacionadas com a inglesa «arco» a palavras que signifiquem «fechado» ou «interior», ou podia ser simplesmente uma alusão a Arques, quer o seu antigo nome de Archis quer uma transcrição fonética do nome moderno.)

O mote Et in Arcadia ego também se encontra no túmulo do quadro de Nicolas Poussin (1593-1665), Os Pastores de Arcádia, o qual é notavelmente semelhante ao que parece sempre ter existido – sob uma forma ou outra – junto da estrada que, de Rennes-le-Château e de Couiza, conduz a Arques. (A mais recente versão foi dinamitada em 1998, porque o agricultor da terra em que ele se encontrava já não estava disposto a tolerar centenas de turistas que violavam a sua propriedade. Infelizmente, esta medida drástica foi em vão: agora os turistas vêm tirar fotografias do local onde o túmulo se costumava encontrar.)


Nicolas Poussin (Les Andelys, Normandia, França, 15 de Junho de 1594 – Roma, 19 de Novembro de 1665) foi um pintor francês, mas por seu espírito e sensibilidade, um romano por adoção. É um dos maiores representantes do classicismo do século XVII. Trabalhou quase que exclusivamente em Roma. Um dos trabalhos mais famosos de Poussin é Os Pastores de Arcádia, uma pintura que retrata um túmulo com uma lápide enorme, onde se lê Et in Arcadia ego. O túmulo da pintura, anos após a morte de Poussin, foi encontrado nas redondezas de Rennes-le-Château, um vilarejo no sudeste da França, que fora habitado pelos visigodos e merovíngios.

Diz-se que Saunière trouxera de Paris reproduções de certas pinturas, uma das quais era Os Pastores de Arcádia de Poussin. Esta pintura, datando de cerca de 1640, representa um grupo de três pastores examinando um túmulo, observados por uma mulher que é geralmente considerada como sendo uma pastora. O túmulo ostenta a inscrição latina Et in Arcádia ego, uma frase estranhamente não gramatical que tem sido interpretada de várias maneiras, mas que, geralmente, se considera representar um memento mori, uma reflexão sobre a mortalidade: mesmo na terra paradisíaca da Arcádia, a morte está presente.

Este mote tem uma estreita ligação com a história do Priorado de Sião e figura no brasão da família de Plantard de Saint-Clair. Também se diz, como vimos, que ele foi incorporado na decoração da pedra horizontal da sepultura de Marie de Nègre. O tema da pintura não foi inventado por Poussin, sendo a primeira versão conhecida a de Giovanni Francesco Guercino, cerca de vinte anos antes. Contudo, o homem que encomendou a versão de Poussin, o cardeal Rospigliosi, parece também ter sugerido o tema a Guercino. E a primeira aparição artística da frase é numa gravura alemã do século XVI intitulada O Rei da Nova Sião destronado depois de ter inaugurado a Idade de Ouro… Ao discutir Poussin, é interessante considerar uma carta que o abade Louis Fouquet escreveu, de Roma, a seu irmão Nicolas, superintendente de Finanças de Luís XIV, em Abril de 1656:


[Poussin] e eu planejamos certas coisas de que te falarei em pormenor, brevemente, [e] que te darão, por intermédio de M. Poussin, vantagens que reis teriam grande dificuldade em obter dele, e que, depois dele, talvez ninguém dos séculos vindouros conseguirá recuperar; e o que é mais, seria sem grande despesa mas daria lucro, e estas coisas são tão difíceis de encontrar que ninguém desta terra podia ter agora uma fortuna melhor, nem talvez igual.

Curiosamente, foi Charles Fouquet, irmão de Louis e de Nicolas que, mais tarde, como bispo de Narbonne, assumiu o controle exclusivo da catedral de Notre-Dame de Marceilles durante um período de catorze anos.

A pintura de Poussin tem interesse para os investigadores de Rennes porque a paisagem representada na pintura é muito semelhante à da área que rodeia o lugar do túmulo de Arques, e a própria Rennes-le-Château avista-se à distância. Mas a paisagem, embora semelhante, não é idêntica, o que é considerado por algumas pessoas como prova de que a semelhança é uma coincidência. Mas, na nossa opinião, a paisagem representada por Poussin é suficientemente próxima do original para admitir a possibilidade de ele tentar reproduzir a área circundante de Rennes.



Mas a intriga adensa-se: sabe-se que o túmulo de Arques data apenas dos primeiros anos do século XX. Foi construído em 1903 pelo proprietário de uma fábrica local, Jean Galibert, e vendido depois a um americano chamado Lawrence. No entanto, segundo alguns rumores, este túmulo limitou-se a substituir uma versão anterior que existira no mesmo lugar, a qual, por sua vez, substituíra a que existia anteriormente. O nosso amigo John Stephenson, que vivia há muitos anos nesta área, confirmou que os habitantes locais dizem que «sempre existiu um túmulo naquele lugar».

Assim, é possível que Poussin se tivesse limitado a pintar o que vira naquele lugar. John Stephenson também nos informou de que a ligação com a pintura de Poussin era conhecida na área, há muito tempo, o que certamente contraria a ideia dos céticos de que essa associação foi uma invenção dos anos 60 ou 70. O lugar foi sempre considerado muito importante para estudiosos do ocultismo e do feminino sagrado.

Também tem sido afirmado que o mote Arcadia foi adotado por Plantard de Saint-Clair e pelo Priorado de Sião apenas no século XX, tal como a suposta ligação com a pintura de Poussin e o túmulo de Marie de Nègre. Mas a frase já fora associada à área, muito antes da época de Saunière. Em 1832, um certo Auguste de Labouïse-Rochefort escreveu um livro intitulado Voyage à Rennes-le-Bains, que incluía referências a um tesouro oculto, associado a Rennes-le-Château e a Blanchefort. Labouïse-Rochefort escreveu outro livro, Les Amants, à Èléonore (Os Amantes, para Eleonore), que incluía a frase Et in Arcádia ego na página do título.

Localmente, o túmulo é conhecido por «túmulo de Arques», o que, embora seja mais exato que «túmulo de Poussin», ainda não é exatamente verdadeiro, porque a aldeia de Arques fica a três quilômetros, para leste, na estrada principal. Embora o túmulo esteja muito mais próximo da aldeia de Serres, a palavra Arques é demasiado semelhante a Arcádia para não ser explorada.

Segundo Deloux e Brétigny, no seu livro Rennes-le-Château: capitale secrète de l’histoire de France, a placa da pedra tumular de Marie de Nègre foi, de fato, colocada na sua sepultura pelo abade Bigou, retirada de uma versão anterior do túmulo de Arques. Admitindo que sim, isto cria uma possibilidade intrigante. Poderia Poussin ter pintado simplesmente uma coisa que, ele de fato, vira comseus próprios olhos – um túmulo com as palavras Et in Arcadia ego nele inscritas?

John Stephenson relatou-nos uma lenda local espantosa, relacionada com o túmulo de Arques: que ele era ou a sepultura de Maria Madalena ou serviria, de algum modo, de marco ou indicador dela – a inscrição na pedra horizontal de Marie de Nègre tinha, de fato, uma seta que partia do centro. Mas, infelizmente, a pedra fora removida, por isso já não sabemos em que direção a seta apontava originariamente.

As provas sugerem que Saunière acreditava que o corpo de Maria Madalena se encontrava em qualquer parte; ou estava nas proximidades de Rennes-le-Château, ou a aldeia proporcionava algum gênero de indicação sobre o seu paradeiro. O que estava escondido no segundo túmulo de Marie de Nègre? A inscrição codificada que, aparentemente, se referia a uma «grande prostituta» indicava, de fato, Madalena? (Talvez o termo pudesse ser interpretado como «Grande-Sacerdotisa», associando, deste modo, o conceito de sexualidade sagrada a práticas ocultistas antigas, e não modernas).

Saunière, certamente, parecia andar em busca de alguma coisa especial e poderosa, alguma coisa preciosa que estava relacionada com a sua dileta Maria Madalena – e que podia haver mais precioso que os seus restos mortais? É evidente que isto podia ter sido apenas uma obsessão pessoal da sua parte e talvez ele imaginasse que as relíquias ainda não tinham sido encontradas. Por outro lado, como vimos, Saunière trabalhava para uma mais vasta e misteriosa organização, a qual, provavelmente, o financiava. Esta organização estaria igualmente iludida? Talvez não. A evidência sugere que o sacerdote trabalhava baseado em informação secreta acerca de um objeto real.


A Pomba Branca, simbolo de pureza e da paz, a ruiva Madalena (cabelos ruivos é o símbolo da Sacerdotisa) e o santo Graal …

A medida que a nossa investigação prosseguia, estávamos cada vez mais convencidos desta hipótese de Madalena, mas depressa descobrimos que – pelo menos, entre os investigadores britânicos deste tema – estávamos sozinhos. Assim, foi encorajador saber que investigadores franceses estavam a seguir a mesma orientação. Para eles, bem como para nós, não era inconcebível que Saunière e os seus misteriosos apoiantes andassem em busca da própria Maria Madalena.

Durante uma das nossas viagens a esta área, na Primavera de 1996, Nicole Dawe organizou um jantar para que conhecêssemos Antoine e Claire Captier, juntamente com Charles Bywaters. Antoine, neto do sineiro que encontrou os documentos que entregou a Saunière, viveu toda a vida com este mistério, assim como Claire, que é filha de Noël Corbu.

Antoine foi franco: não tinha interesse em adensar ainda mais o mistério. «Não vou dizer- lhes o que não sei», era esta a sua maneira de começar a discussão. Afirmou que considerava improvável que lhe fizéssemos alguma pergunta diferente, mas ficou surpreendido quando o interrogamos sobre a possível associação de Saunière ao culto de Madalena – porque este fora um ângulo que tinha sido ignorado até recentemente, mas o nosso interesse nele igualava estranhamente o de certos investigadores franceses.

Antoine informou-nos de que Saunière tinha investigado a lenda de Madalena, tendo, por exemplo, visitado Aix-en-Provence e a área circundante. Esta informação estava prestes a surgir na revista Cep d’Or de Pyla, publicada por André Douzet – o homem que encontrou a maquete já discutida no capítulo anterior – que reside em Narbonne. Douzet e o seu círculo são entusiásticos e competentes investigadores da história esotérica da França. Antoine disse que a próxima edição da revista «será interessante para vós… porque encontrarão alguma coisa mais profunda relativamente a Madalena».

De novo graças a Nicole, conhecemos André Douzet, que nos informou de que ele e outros, especialmente Antoine Bruzeau, tinham começado a investigar o interesse de Saunière por Madalena – mas parecia que a chave do mistério se encontrava a alguma distância de Rennes-le-Château. André não fora, inicialmente, atraído pelo mistério de Saunière, mas chegara até ele por um caminho indireto: certos lugares que o interessavam, na sua cidade natal de Lyons, tinham-no conduzido até ali.

A associação remonta a Gérard de Roussillon – que no século IX fundara a abadia de Vézelay, na Borgonha, para onde, foi afirmado mais tarde, levara o corpo de Maria Madalena. Lembramos (consultar o Capítulo III) que esta reivindicação foi ultrapassada, mais tarde, por St. Maximin da Provença, quando os monges de Vézelay não conseguiram apresentar as relíquias. Também recordemos que este acontecimento levou Charles II d’Anjou a empreender uma busca febril, convencido de que os restos mortais de Madalena ainda se encontravam em qualquer parte da Provença.

Gérard de Roussillon era conde de Barcelona, de Narbonne e da Provença – uma vasta região. A sua família também tinha propriedades na região de Le Pilat – agora, o Parque Nacional de Le Pilat -, a sul de Lyons. Eram fervorosos devotos de Madalena, e a área era um centro do seu culto. (Uma capela de Sainte-Madaleine, na região de Le Pilat, conservava as supostas relíquias de Lázaro.)

No século XIII, o conde reinante, Guillaume de Roussillon, morreu nas Cruzadas e a sua pesarosa viúva, Béatrix, retirou-se para as colinas de Le Pilat, onde fundou um mosteiro cartuxo, Sainte-Croix-en-Jarez, onde viveu o resto da sua vida. Mas, depois disso, o mosteiro parecia ter uma estranha associação com Maria Madalena.


Cristo e Madalena

Antoine Bruzeau afirma que a família possuíra as verdadeiras relíquias de Maria Madalena e que Béatrix as levara para Sainte-Croix. (Ou talvez ela tivesse simplesmente confiado à abadia o segredo da sua localização.) Ele também sugere que o verdadeiro lugar do desembarque de Madalena em França não foi a Carmargue, mas a costa do Roussillon, num lugar ainda chamado Mas de La Madaleine. De acordo com a sua teoria, ela não vivera o resto da sua vida na Provença, mas no hoje Languedoc-Roussillon - em redor da área de Rennes-le-Château.

Por alguma razão, a família Roussillon sentiu que era seu dever não só conservar as relíquias mas também mantê-las secretas. Isto é muito estranho, numa época em que as relíquias eram tão lucrativas, e sugere que eles tinham motivos diferentes da simples veneração de uma santa do Novo Testamento. Talvez fosse alguma coisa relacionada com o verdadeiro papel de Madalena na vida de Jesus Cristo.

No século XIV, um curioso mural foi acrescentado à abadia de Sainte-Croix, representando Jesus sendo crucificado em madeira viva. Mais tarde, este mural foi coberto de estuque, mas foi redescoberto em 1896 – pouco tempo antes de Saunière, pessoalmente, ter pintado o baixo-relevo do seu altar, representando Madalena a contemplar uma cruz feita de madeira ainda em crescimento.

Mais tarde, no século XVII, um dos frades de Sainte-Croix, Dom Polycarpe de La Rivière, um famoso erudito, empreendeu a recuperação do mosteiro, e talvez tenha descoberto alguma coisa. Ele estava particularmente interessado em Madalena – escreveu um livro acerca dela que, infelizmente, se perdeu, além de um outro sobre a área em redor de Aix-en-Provence, de St. Maximin e de Sainte-Baume, que o Vaticano suprimiu. De la Rivière também estava relacionado com Nicolas Poussin, e a investigação de Bruzeau sugere que ambos faziam parte de uma sociedade secreta conhecida por «Societé Angelique».

Nas colinas de Le Pilat, uma antiga estrada sobe o Mont Pilat até uma capela dedicada a Maria Madalena. A estrada começa na aldeia de Malleval, cuja igreja contém estátuas de St. António de Pádua e de St. Germain, que são idênticas às de Rennes-le-Château. O caminho passa por uma capela dedicada a St. Antônio Eremita – outro santo venerado na igreja de Saunière (e cuja festividade é em 17 de Janeiro). E na capela de Madalena existe um quadro, representando a santa na sua gruta, que é espantosamente semelhante ao de Rennes-le-Château. Bruzeau observa que, no fundo do retábulo de Saunière, há um arco com coluna: em céltico, o primeiro é Pyla; em latim, o segundo é pilla – apontando, foneticamente, para a área de Le Pilat. E os picos representados no horizonte parecem ser os da área circundante de Mont Pilat.

Sempre nos pareceu estranho que, no seu baixo-relevo, Saunière tivesse excluído o elemento mais característico da iconografia de Maria Madalena – o seu vaso de bálsamo santo ou Sainte Baume… Podia ser esta a sua maneira de dizer que as verdadeiras relíquias de Maria Madalena, afinal, não estavam em St. Maximin-le-Sainte-Baume da Provença?

Certamente, a julgar pelas faturas do aluguel de carruagem e cavalos na área de Lyons, em 1898 e 1899, parece que Saunière explorou a área de Le Pilat em busca do que restava da sua dileta Maria Madalena.

A questão primordial é saber por que razão alguém se esforçaria tanto para encontrar o que seria, essencialmente, apenas uma caixa com ossos. Porque, embora os católicos sempre tivessem a mórbida predileção por cadáveres de santos, deve-se recordar que muitos dos que, aparentemente, procuravam os restos mortais de Madalena eram ocultistas ou católicos rebeldes em relação a igreja romana. De qualquer modo, não parecem ter sido pessoas sentimentais e a época das relíquias como grande negócio já passara, há muito tempo – então, por que dedicaram tanto tempo e esforço a esta busca?


As colinas de Le Pilat, no maciço do mesmo nome.

Talvez não fosse simplesmente um esqueleto que eles procuravam: talvez julgassem que o caixão, ou túmulo, continha algum segredo, quer alguma coisa relacionada com o próprio corpo quer alguma coisa que estava com ele. Henry Lincoln, presumivelmente com ironia, sugeriu à imprensa francesa que esta «alguma coisa» podia ser a certidão de casamento de Jesus e Maria Madalena.

Falando mais seriamente, o segredo tem de ser alguma coisa semelhante a isso – uma coisa comprovativa e inequívoca que, uma vez tornada pública, causaria um enorme furor e muitos problemas para a igreja de Roma.

Dado o interesse destes grupos específicos, que temos estado a investigar, o segredo tem de ser alguma coisa herética cuja natureza se revelaria profundamente inquietante para a Igreja oficializada. Mas o que teria a possibilidade de provocar esta ameaça? Por que razão uma coisa que tem – presumivelmente – 2000 anos, deveria ter alguma relação importante com a sociedade moderna?


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Posted by Thoth3126 on 08/05/2015

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12.10.15

A Revelação Templária – 8B 

 Este é um lugar terrível 

(Rennes le Chateau)

 Templários, os Guardiões Secretos da Verdadeira Identidade de Cristo

Por Lynn Picknett e Clive Prince

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Publicado anteriormente 30/09/2015






A Revelação Templária – 8B 

 Este é um lugar terrível (Terribilis est locus iste) 

 Templários, os Guardiões Secretos da Verdadeira Identidade de Cristo


Mas, se o sacerdote não encontrou pergaminhos, talvez encontrasse algum tipo de tesouro - como muitas pessoas firmemente acreditam. Encontrou, certamente, um pequeno esconderijo de moedas e jóias antigas, na igreja, mas, como toda a área é rica em achados arqueológicos, tal descoberta dificilmente teria despertado o interesse que rodeou a história de Saunière. Muitas pessoas acreditam que ele descobriu uma verdadeira caverna de Saladino, com um suntuoso tesouro, que nem ele nem os seus simpáticos amigos conseguiram esbanjar, e que parte dele ainda ali se encontra, à espera de ser descoberto por algum investigador com iniciativa.

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 08 B – ESTE É UM LUGAR TERRÍVEL – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO VIII - B - "ESTE É UM LUGAR TERRÍVEL" 
(Terribilis est locus iste)

Foi sugerido que o complicado simbolismo da igreja, juntamente com as várias mensagens codificadas, como a das «Maçãs Azuis», se destinavam a dar pistas ao investigador com iniciativa quanto ao lugar onde se encontrava o resto do tesouro.

Embora esta noção possa ser romântica, ela é absurda. Em primeiro lugar, este cenário não consegue explicar os seus recorrentes problemas de liquidez; em segundo lugar, ele elaborava os chamados mapas de tesouro - o simbolismo da igreja -, o que não era uma atitude muito inteligente, se ele tencionava reservar a riqueza para si. Por último, se a igreja é, essencialmente, um enorme mapa do tesouro, então o simbolismo usado é extremamente bizarro e esotérico.




As duas torres de Sauniere em Rennes Le Chateau, à direita a Torre Magdala. Ben Hammott © 2008

Se ele queria reservar o dinheiro para si, dificilmente teria desenhado um mapa (embora fosse arcano) do tesouro, para consumo público, e se ele queria que apenas certas pessoas o encontrassem, então por que não as informou? E o fato de ter encontrado o tesouro dificilmente explicaria a razão por que as pessoas ricas e influentes o desejavam visitar na sua remota paróquia, na encosta da colina.

Segundo tudo indica, parece que Saunière estava sendo pago por alguém, por alguma coisa - algum serviço que implicava a sua estada em Rennes-le-Château, onde ele insistia em viver, mesmo depois de receber ordens para se afastar. As suas atividades revelam que ele procurava, definitivamente, alguma coisa: as suas escavações noturnas no cemitério, os demorados passeios pelas imediações e mesmo as viagens mais demoradas a lugares mais afastados, que duravam vários dias seguidos.

Mas era tão importante que o julgassem ainda em Rennes-le-Château que, durante as suas ausências, Marie Dénarnaud enviava regularmente cartas já preparadas em resposta à correspondência recebida, insinuando que ele estava apenas demasiado ocupado, naquele momento, para responder pessoalmente. (Após a sua morte, foram encontradas algumas destas respostas em série entre os seus papéis pessoais.)

Um novo aditamento à história de Saunière surgiu em 1995, quando o esoterista André Douzet apresentou uma maquete, ou modelo em estuque, representando uma paisagem em relevo, que Saunière supostamente lhe encomendara pouco tempo antes da sua morte. O modelo apresenta colinas e vales, atravessados pelo que parecem ser estradas ou rios. Há um único edifício quadrado na encosta de uma colina. Aparentemente, ela representa a área em redor de Jerusalém, porque são indicados lugares bíblicos, como o jardim de Getsemani e o Gólgota. Contudo, a paisagem da maquete não corresponde, de modo algum, à de Jerusalém: talvez represente, de fato, a área que circunda Rennes-le-Château. Teria Saunière planejado transformar a sua terra natal na Nova Jerusalém?




Ruínas de castelo de Coustaussa, com Rennes-le-Chateau ao fundo

É possível passar uma vida inteira a estudar as possibilidades do mistério de Rennes-le-Château: na verdade, talvez seja essa a sua função - ser uma famosa pista falsa. Porque, apesar da sua indubitável importância, ela desvia a atenção das implicações de outras pistas, igualmente sugestivas, da área circundante.

Outros sacerdotes das paróquias vizinhas estavam implicados no caso, incluindo o superior de Saunière, Félix-Arsène Billard, bispo de Carcassonne. Alegadamente, ele enviou Saunière a Paris e fingiu ignorar o seu comportamento excêntrico e escandaloso. (Foi depois da morte de Billard, em 1902, e da nomeação do seu sucessor, que foi instaurado um processo contra Saunière.) E o próprio Billard estava envolvido em algumas transações financeiras duvidosas.

O mais famoso deste grupo de sacerdotes que rodeavam Saunière é o abade Henri Boudet (1837-1915), que era pároco de Rennes-le-Château desde 1872. Um homem sensato, erudito e reservado - temperamentalmente, o verdadeiro oposto de Saunière -, também ele se entregava a estranhas atividades. Em 1886, publicou um livro bizarro, Le vraie langue celtique et le cromleck de Rennes-les-Bains (A Verdadeira Língua Celta e o Cromlech de Rennes-les-Bains), que sempre deixou os investigadores perplexos.

Aparentemente, o livro trata dois temas: uma perversa teoria de que muitas línguas antigas - céltico, hebraico, etc. - derivam do anglo-saxônico, incluindo exemplos absurdos de topônimos das imediações de Rennes-les-Bains que, segundo ele, provinham de radicais ingleses; e uma descrição de vários monumentos megalíticos da área. Boudet era um respeitado historiador e antiquário local, e as teorias que ele propunha eram tão inverossímeis que muitas pessoas concluíram que elas deviam esconder uma mensagem mais profunda e secreta - uma contrapartida literária da decoração da igreja de Saunière.



Segundo algumas sugestões, as duas completavam-se e, quando reunidas, codificavam as instruções para encontrar o «tesouro». Se é assim, ninguém chegou a uma decifração satisfatória e o livro de Boudet é tão intrigante agora como quando foi publicado. Mas as suas outras atividades também decorrem paralelas às de Saunière, porque se sabe que ele alterou inscrições das sepulturas do cemitério da sua paróquia e mudou a posição dos marcos limítrofes da área.

Algumas pessoas consideram Boudet como o mestre que inspirou a construção dos edifícios de Saunière, e têm surgido sugestões, como a de Pierre Plantard de Saint-Clair - até agora não provada -, de que Boudet era o «pagador» de Saunière. Mas Boudet é também significativo para outro protagonista importante deste complexo mistério: o próprio Pierre Plantard de Saint-Clair escreveu o prefácio de uma edição fac-similada (1978) de Le vraie langue celtique et le cromleck de Rennes-les-Bains e possui terras próximas de Rennes-les-Bains. Também se pode ver, no cemitério da velha igreja de Boudet, uma placa indicadora do talhão que Plantard de Saint-Clair reservou para si.

O outro clérigo contemporâneo de Saunière era o abade Antoine Gélis, que era pároco da aldeia de Constassa, situada defronte de Rennes-le-Château, na outra margem do rio Sals. A 1o de Novembro de 1897, o velho Gélis (então com 70 anos) foi encontrado selvaticamente assassinado, tendo morrido devido a repetidas e graves pancadas na cabeça, aparentemente desferidas por um assaltante que ele deixara entrar no presbitério e com o qual estava a conversar. Gélis era amigo de Saunière - este regista um encontro com ele e com várias pessoas, no seu diário de 29 de Setembro de 1891, apenas oito dias depois do registo relativo à «descoberta de um túmulo».

No período que antecedeu o seu assassinato, Gélis, aparentemente, vivia com medo, mantendo a porta fechada à chave e recebendo apenas a sobrinha, que lhe trazia as refeições. Recentemente, recebera uma grande soma de dinheiro - $ 14.000 francos -, que ninguém soube explicar. Escondera-o em sua casa e na igreja e encontraram-se papéis pessoais que revelaram os esconderijos. Virtualmente, no entanto, todo o dinheiro se encontrava ali depois do seu assassinato. O criminoso - que nunca foi descoberto - deixara ficar quase $ 800 francos, que se encontravam em casa. Mais estranho ainda, ele amortalhou ritualmente o corpo, cruzando-lhe os braços sobre o peito e deixando um pedaço de papel em que estavam escritas as palavras: «Viva Angelina.» Nunca se descobriu o motivo para este crime.

Há dois elementos particularmente estranhos entrelaçados no assassinato de Gélis. A sua pedra tumular, no cemitério de Constassa, fora colocada - a única de todas as sepulturas - de modo a ficar voltada para Rennes-le-Château, que é claramente visível na encosta da colina fronteira. E, embora este brutal assassinato de um idoso e frágil sacerdote chocasse a população local, a diocese parecia querer que o assunto fosse esquecido tão depressa quanto possível. Quando Gérard de Sède tentou investigá-lo, no princípio dos anos 60, não encontrou nenhum registo do crime nos arquivos diocesanos de Carcassonne. Apenas em 1975, dois advogados reconstituíram a história a partir dos registos da Polícia e do Tribunal locais.

Foi mesmo sugerido que Saunière era responsável pela morte de Gélis, mas isso é mera especulação. Parece, no entanto, que se passava alguma coisa sinistra na região que envolvia os sacerdotes locais e que ultrapassava os limites de Rennes-le-Château.

Sem dúvida que a aldeia de Rennes-le-Château é importante por si mesma, mas talvez lhe tenha sido atribuída demasiada importância porque toda a região circundante está também impregnada de mistério. A maioria dos investigadores reconhecem o fato de existirem outros lugares igualmente fascinantes e estranhos nas imediações, mas têm tendência a considerá-los como um pano de fundo para a história de Saunière. Mas, se ele fez uma descoberta, há muitos lugares onde a podia ter feito. Além das suas várias e prolongadas ausências da aldeia, por vezes durante dias ou mesmo semanas, ele também era conhecido por dar longos passeios pelas redondezas. (E as suas entusiásticas excursões de caça e pesca também podiam encobrir outras atividades.)




Em Rennes Le Chateau a essência do segredo descoberto por Sauniere é sobre o Sagrado Feminino...

Os Dossiers secrets informam apenas que Saunière estivera trabalhando para o Priorado de Sião, mas há alguma prova da influência deste na área circundante? Vimos que Pierre Plantard de Saint-Clair possui terras nas proximidades de Rennes-le-Château e que comprou ali um talhão do cemitério, mas as aparentes preocupações da organização refletem-se, de fato, na área? Dada a extraordinária cultura cruzada de sociedades secretas do Languedoc, seria extraordinário que não se refletissem.

De fato, um estudo da área próxima de Rennes-le-Château fornece indicações não só quanto ao Priorado mas também sobre uma tradição secreta, mais vasta - aquela que suspeitávamos que podia existir. Iríamos verificar que o que se podia chamar a Grande Heresia européia - a extrema veneração, mesmo o culto disfarçado de Maria Madalena e de João Batista - está aqui bem representado.

Há uma notável proliferação de igrejas dedicadas a João Batista nesta região. Muitas vezes, encontram-se em grupos - por exemplo, há três igrejas de «Jogo» na pequena área de Belvèdere-du-Razès. (Curiosamente, uma grande parte desta área denomina-se La Magdalene.)

Também é interessante que a atual igreja de «Madalena» de Rennes-le-Château fosse, outrora, apenas a capela do castelo, enquanto outra igreja embelezava a aldeia - e que era dedicada a João Batista. Esta foi destruída no século XIV, quando Rennes-le-Château foi tomada pelas tropas de um nobre espanhol, sendo demolida pedra por pedra, na convicção de que algum tesouro estivesse escondido no seu interior.

Um volte-face inexplicável ocorreu na vizinha Arques, quando a primitiva igreja de S. João Batista foi novamente dedicada a Santa Ana; fato particularmente estranho, porque ela ainda conserva uma relíquia de Batista.

Arques e Couiza - onde existe outra igreja de «João» - foram propriedade da família de Joyeuse até 1646, quando Heuriette-Catherine de Joyeuse vendeu todas as suas terras do Languedoc à monarquia francesa. Curiosamente, ela era viúva de Charles, duque de Guise, cujo preceptor fora Robert Fludd - que fora mandado vir da Inglaterra especialmente para desempenhar esse cargo.




A Montanha Bugarach é parte do mistério de Rennes-le-Château, uma aldeia situada ao lado da montanha, é uma atração turística bastante conhecida e recebe milhares de visitantes todos os anos. O Tesouro dos Templários, o Santo Graal, a tumba de Madalena, alguns dizem estar escondidos em um dos castelos cátaros que dominam a paisagem, geralmente no cimo de afloramentos rochosos espetaculares. Considerado como hereges pela Igreja Católica, os cátaros foram exterminados pela Cruzada Albigense liderada pelo Papa Inocêncio III. Quando um general perguntoucomo distinguir entre cátaros e católicos, a resposta foi ''Matem todos eles, Deus vai receber os seus''.

Outrora, em Couiza, ou em Arques, existira uma Madona Negra, conhecida por Notre- Dame de la Paix, que fora levada para Paris, em 1576, pela família de Joyeuse, onde ainda se encontra, na igreja das Irmãs do Sagrado Coração. Estranhamente, Saunière correspondia-se com a superiora desta ordem, para a qual ele era alguém verdadeiramente especial. Numa carta que a irmã Augustine-Marie, secretária da ordem, lhe enviou, datada de 5 de Fevereiro de 1903, ela pede-lhe para celebrar missas, especificamente em honra da sua Madona Negra, oferece-se para lhe vender uma estátua do Pequeno Jesus de Praga (que ainda se encontra na Vila Betânia) - e, um tanto misteriosamente, agradece-lhe «a devoção que consagra ao nosso bom rei».

Pode ser uma referência a algum pretendente ao trono francês ou a Jesus Cristo, embora, como veremos, existisse outro «rei» que era venerado por grupos heterodoxos. Contudo, há a sugestão de um significado diferente, talvez codificado, nas palavras da irmã Augustine-Marie, e a curiosa insinuação de que havia alguma coisa especial na paróquia (e nos paroquianos) de Rennes-le-Château.

A família de Joyeuse também mandou edificar a igreja de João Batista de Arques, que foi construída a partir das ruínas do antigo castelo que fora destruído pelos soldados de Simon de Monfort. De fato, a atual torre do sino e a parede principal faziam parte da igreja que foi outrora dedicada a João Batista mas que é agora dedicada a Santa Ana - embora nem o próprio presidente do município de Arques nos soubesse explicar a razão que motivara a alteração.

O seu antecessor, nos anos 30 e 40, foi Déodat Roché, um grande estudioso da história esotérica da área, que foi o inspirador de uma das mais sérias tentativas de restaurar uma igreja cátara naquela área. Um dos tios de Roché era o médico pessoal de Saunière, e outro era o seu notário.

A meio caminho entre Rennes-le-Château e Limoux, encontra-se a cidade que é a estância termal de Alet-les-Bains. Antiga sede do bispado local (antes de ser transferida para Carcassonne), Alet era, na Idade Média, um famoso centro alquímico. A família de Nostradamus era oriunda desta cidade, e é possível que o famoso visionário tivesse lá vivido durante algum tempo. A cidade tem conexões com a Ordem dos Cavaleiros Templários que remontam aos primeiros anos dos Templários - vários decretos importantes que lhes concediam terras foram assinados em Alet, em anos posteriores a 1.130 - e ainda se vêem símbolos templários gravados nas madeiras de algumas das pitorescas casas medievais; na realidade, o brasão da cidade ostenta uma cruz templária.



A importante igreja de Santo André tem uma curiosa ligação com a Ordem dos Cavaleiros Templários. O escritor e investigador Franck Marie demonstrou que o seu desenho (assim como o da Capela Rosslyn) é baseado na geometria da cruz templária, a mesma do Templo de Jerusalém construído por Salomão - contudo, a igreja foi edificada no final do século XIV, depois da extinção da Ordem dos Cavaleiros Templários. O edifício também é notável pelas janelas que ostentam o símbolo da estrela de seis pontas, a Estrela de David. Além das óbvias associações judaicas (que são, no mínimo, extremamente invulgares numa igreja medieval), o símbolo também tem conotações mágicas tradicionais - simbolizando a união dos princípios divinos masculino e feminino.

A rua principal de Alet-les-Bains é a Avenida Nicolas Pavillon, o nome do seu mais famoso bispo (cuja incumbência se manteve desde 1637 até 1677). Pavillon foi uma figura importante, que esteve envolvida em acontecimentos relacionados com o Priorado de Sião. Pavillon, juntamente com dois outros clérigos, o famoso S. Vicente de Paulo e Jean- Jacques Olier (que edificou St. Sulpice) foram as forças que inspiraram a Companhia do Santo-Sacramento, também conhecida entre os seus membros por «a cabala do Devoto».

Considerada uma organização caritativa, é agora reconhecida pelos historiadores como tendo sido uma sociedade secreta político-religiosa que manipulou proeminentes chefes políticos da época e que tinha mesmo influência sobre o monarca francês. A companhia escondeu tão bem os seus verdadeiros interesses que os historiadores ainda não estão de acordo quanto à sua verdadeira natureza - por vezes, parecem ser essencialmente católicos, mas, noutros casos, completamente heréticos. Tem sido afirmado que ela era, de fato, uma fachada para o Priorado de Sião. Como vimos, a sua sede era no Seminário de St. Sulpice, em Paris.

Um destes conspiradores, o misterioso S. Vicente de Paulo (c. 1580-1660) - que afirmava, bizarramente, ter estudado alquimia -, é venerado noutro lugar, que é considerado um dos mais enigmáticos do Languedoc. É a basílica de Notre-Dame de Marceilles, situado ao norte de Limoux, muito próximo da cidade. Uma estátua de S. Vicente ergue-se no seu recinto, para assinalar o fato de ser ele o fundador da Ordem dos Padres Lazaristas, que, desde 1876, têm sido responsáveis pela basílica. (Curiosamente, o padre lazarista de Notre-Dame de Marceilles destacava-se entre os convidados de Saunière para as cerimônias de inauguração de várias partes do seu domaine.)

Este lugar tem muitas ligações intrigantes com as «heresias» que estamos a investigar. Para começar, apesar da diferença de grafia, esta «Marceilles» (cuja origem é desconhecida) evoca Madalena através da ligação com «Marseilles». A basílica foi edificada no local de um antigo santuário pagão, centrado numa fonte, famosa pelas suas propriedades terapêuticas, especialmente para os olhos. O nome da basílica tem origem numa Madona Negra do século XI, que ainda está exposta no interior da igreja e que esta associada a muitos milagres. Talvez, com aquele antecedente, não seja surpresa descobrir que aquele lugar pertencera aos Cavaleiros Templários. Durante séculos, foi um centro de peregrinação de devotos em busca de cura.



Ao longo dos anos, por qualquer razão, sempre existiram lutas entre várias organizações religiosas pelo controle do lugar. Pertenceu, originariamente, à vizinha abadia beneditina de St. Hilaire, a qual, durante a Cruzada dos Albigenses (Cátaros), provocou comentários hostis devido à sua política de neutralidade face aos cátaros. (Toda a população de Limoux foi excomungada, na mesma ocasião, por lhes dar proteção.) No século XIII, a luta travou-se entre o arcebispo de Narbonne, a Ordem Beneditina e os Dominicanos. Mais tarde, o rei teve de intervir numa disputa pela posse do lugar entre o arcebispo, o senhor de Limoux e Guillaume de Voisins, senhor de Rennes-le-Château.

A 14 de Março de 1.344 (o centésimo aniversário da misteriosa cerimônia cátara na fortaleza de Montségur, na última noite, antes de eles se entregarem às chamas), o papa Clemente VI entregou a igreja ao colégio de Narbonne, em Paris, em cuja posse se manteve até meados do século XVII, quando passou para o controle do bispo de Alet-les-Bains. (Curiosamente, a principal fonte de receita do colégio de Narbonne provinha da igreja de Maria Madalena de Azille, no Aude.) Durante a Revolução, a igreja e as terras foram vendidas, mas a Madona Negra foi escondida por membros dum priorado da Ordem dos Penitentes Azuis, um curioso grupo que tem ligações com os maçônicos do Rito Escocês Retificado e com a família Chefdebien - que, como veremos, são protagonistas importantes deste drama. Em 1795, a Igreja foi reintegrada como lugar de culto.

Outra disputa surgiu, no entanto, durante a época de Saunière e envolveu o seu superior, Monsenhor Billard, bispo de Carcassonne. O lugar pertencia, então, a vários proprietários, mas, através de uma série de argutas - e nem sempre éticas - jogadas, o bispo usou os serviços de um banqueiro, como estando «interessado na compra», para adquirir todas as ações. Estranhamente, a venda teve lugar a 17 de Janeiro de 1893 (embora Bilard tivesse conseguido apoderar-se da Madona Negra, que estivera guardada em Limoux, durante um curto espaço de tempo). Em menos de quatro meses, o novo proprietário vendera a terra ao bispado e Bilard detinha o desejado controle total sobre o local.

Em 1912, o papa Pio X decretou que a igreja fosse elevada à categoria de basílica, uma honra rara e completamente inexplicável para um lugar relativamente modesto. A categoria de basílica, geralmente, é apenas atribuída a igrejas de significado especial - como é o caso da Igreja de St. Maximin, na Provença, que contém as (alegadas) relíquias de Maria Madalena.

A área circundante de Notre-Dame de Marceilles é também notável por ter sido, até muito recentemente, um lugar de particular interesse para os ciganos, que costumavam ter um acampamento no terreno entre a igreja e o rio Aude, que corre a alguns metros para ocidente.

A basílica Notre-Dame de Marceilles é especialmente mencionada no enigmático livro do abade Boudes Le vraie Langue Celtique et le Cromleck de Rennes-les-Bains, e foi essa referência que trouxe o falecido investigador belga Jos Bertaulet a este lugar. Ele fez uma interessante descoberta: nas antigas terras da igreja, agora em mãos privadas, nas margens do rio Aude, existe uma cripta subterrânea. Esta cripta é formada por duas grandes câmaras que datam do fim do período romano ou do princípio do período do reino visigótico (século III-IV).




A Basílica de Nossa Senhora de Marceille igreja de estilo Gothico ( séculos XIV e XV ) dedicado a Maria (ao Feminino Sagrado), localizado na cidade de Limoux. Sua Madonna Negra atraiu uma peregrinação que foi muito popular localmente. Existe uma fonte milagrosa, supostamente para curar a dor nos olhos, que esta associada a ela.

A cripta com cerca de seis metros de altura, a primeira destas câmaras tem uma abertura de ventilação no teto abobadado, mas a única entrada é um túnel estreito, com a altura de um metro, aparentemente construído depois e que estava oculto numa pequena casa, agora em ruínas (que parece ter sido construída expressamente para esse fim). Desconhece-se a função da cripta. Tem-se especulado que ela servia de câmara funerária - apesar de estar agora vazia - ou de lugar de iniciação para alguma escola de mistério.

Qualquer que fosse a sua função, há algumas provas de que ela foi utilizada até à primeira parte do século XX, embora a sua existência fosse tão secreta que - como iríamos descobrir em circunstâncias traumáticas - nem os sacerdotes da basílica conheciam a sua existência. Talvez fosse desta curiosa câmara subterrânea que Billard estava tão interessado em se apoderar.

Durante uma viagem de investigação a França, no Verão de 1995, Clive Prince visitou a área acompanhado por seu irmão Keith. Tínhamos sido informados sobre a cripta, incluindo as instruções para a encontrar - o que se mostrou precioso, porque a entrada estava coberta por um enorme matagal de ervas daninhas -, pelo investigador belga Filipe Coppens. Jos Bertaulet tinha tapado, parcialmente, a abertura do teto com placas de pedra para evitar acidentes. Havia, iríamos descobrir por experiência própria, uma queda abrupta de seis metros de altura.

Keith, tendo entrado na primeira câmara, descendo por uma corda (quaisquer escadas de madeira que outrora houvesse tinham apodrecido há muito tempo), tropeçou nos pedaços de pedras que cobriam o chão e caiu pesadamente. Caiu no escuro, entre os detritos acumulados pelo tempo; a princípio, pareceu que tinha quebrado uma perna, depois descobriu-se que tinha torcido apenas um ligamento: não podia levantar-se e muito menos trepar pela corda e sair da cripta.

Clive não teve outra opção senão chamar os serviços de emergência para socorre-los (que chegaram em tão grande número, que parecia que o acidente de Keith era a coisa mais excitante que acontecia em Limoux desde há muito tempo). Depois de quatro horas, uma equipe de socorro içou-o para fora do subterrâneo, finalmente, através da abertura do teto e transportou-o para o hospital de Carcassonne. (Este episódio revelou uma coisa: quando Clive foi pedir auxílio à basílica, os funcionários que lá se encontravam desconheciam a existência da cripta.)




A Basílica de Nossa Senhora de Marceille: é uma basílica estilo gótica do Languedoc cuja data de construção é a partir do século XIV. Ela está localizada a poucos quilômetros de Limoux. Você tem que subir uma pequena estrada para descobri-la no topo de uma colina, escondida na vegetação. Foi construída no local de um antigo culto (megalítico) pagão ao feminino sagrado, possui uma fonte de águas milagrosas.

Infelizmente, devido a este incidente, foi impossível continuar a investigação das câmaras subterrâneas. Talvez uma consequência mais grave fosse a ameaça das autoridades de mandar fechar as câmaras, para evitar futuros acidentes. Foi um alívio descobrir que isso, de fato, não acontecera, embora as entradas tivessem sido fechadas, quando lá voltamos com Charles Bywaters, na Primavera de 1996. Nesta ocasião, embora não fizéssemos nenhuma tentativa para explorar as câmaras principais, investigamos o túnel que lhes dava acesso - e fizemos uma descoberta muito importante.

O túnel parecia partir de uma parede vazia, mas, seguindo uma sugestão de Filip Coppens, examinamos a parede e verificamos que, outrora, ela fora uma porta. Fora deliberadamente selada - aparentemente, há relativamente pouco tempo - e as barras de ferro, que estão inseridas na pedra, podem ter servido de puxadores da porta. A julgar pela manifesta ignorância das autoridades locais quanto à existência da cripta, não podiam ter sido elas a mandar selar esta porta. Então, quem mandou - e, em todo o caso, porquê mandar fechar, deste modo, apenas uma das câmaras?

Pelo estado das barras de ferro, calculamos que a entrada da porta fora tapada aproximadamente há cem anos, quando Billard detinha o controle único da propriedade. Escondeu ele alguma coisa atrás daquela porta fechada com tijolos? Talvez escondesse, mas os seus atos revelavam um desespero virtual em se apoderar daquele determinado lugar, o que sugere que ele não andava a esconder, mas a procurar alguma coisa. E, fosse o que fosse que ele procurasse, ainda devia haver, no mínimo, algumas pistas quanto à sua natureza naquele lugar úmido e secreto, porque ele se esforçou para o selar.

Pouco tempo antes de morrer, vítima de cancer, em 1995, José Bertaulet afirmou ter descodificado a estranha obra de Boudet Le vraie langue celtique et le cromleck de Rennes- les-Bains e concluiu que ela referia que um relicário, contendo a cabeça de um «rei sagrado», estava escondido naquela cripta subterrânea. E acrescentou que Boudes associara esta câmara às lendas do Santo Graal. Como vimos, o tema dos reis sagrados decapitados atravessa estas histórias (e Saunière recebera agradecimentos pela devoção que consagrara ao «nosso bom rei», enviados pelas Irmãs do Sagrado Coração de Paris). E, curiosamente, Notre-Dame de Marceilles foi, outrora, propriedade dos Cavaleiros Templários.

Futuras investigações dependem da passagem pela porta selada, e parece improvável - no momento em que escrevemos - que a autorização para essa passagem seja concedida. Mas muitos temas que são centrais para esta investigação parecem reunir-se neste lugar: veneração ao feminino divino, Madonas Negras, os Cavaleiros Templários, Madalena e as lendas do Graal. E a história de uma cabeça decepada numa área tão repleta de igrejas, que lhe são dedicadas, seguramente evoca a figura de João Batista. É evidente que a região, em geral, e o lugar de Notre-Dame de Marceilles, em particular, ainda guarda um segredo profundo.



É difícil compreender a maneira como Saunière se integra neste quadro, mas também parece que ele tinha de fazer parte dele. É muito provável que ele encontrasse alguma coisa de grande importância, mas é impossível saber, com alguma certeza, o que foi encontrado. Contudo, a nossa investigação conseguiu várias pistas significativas a partir do gênero de pessoas com quem convivia e dos contatos que deliberadamente estabelecia.

De fato, as provas que laboriosamente reconstituímos, relativas às verdadeiras filiações de Saunière, mudam radical e definitivamente a clássica imagem do modesto sacerdote rural que se depara com um tesouro. Qualquer coisa em que estivesse, de fato, envolvido, a sua importância ultrapassa muito os limites da curiosa aldeia de Rennes-le-Château.
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06.10.15


Revelação Templária – 9A 

 Um Curioso Tesouro 

(Rennes-le-Chateau)

 Lynn Picknett e Clive Prince

Publicado anteriormente a 05/05/2015

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

 

CAPÍTULO IX – UM CURIOSO TESOURO


Os céticos afirmam que não existe nenhum mistério em Rennes-le-Château. Para eles, Saunière ganhou dinheiro apenas com o tráfico de missas – ou, talvez, com outros negócios duvidosos – e a história do tesouro foi cinicamente inventada como atração turística. Quanto à importância que os Dossiers Secrets do Priorado de Sião atribuem à aldeia e ao seu mito, isso, dizem eles, é simplesmente o Priorado revestindo-se de um ar de mistério. Além disso, a história, tal como a conhecemos, remonta apenas a 1956, quando Noël Corbu abordou um assunto que se destinava a entreter os hóspedes da Vila Betânia, que ele transformara num hotel-restaurante …

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 09A – UM CURIOSO TESOURO – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO IX – UM CURIOSO TESOURO – 9A


… Contudo, a investigação mostra que existe um mistério: na verdade, a aldeia era claramente um centro de interesse para os investigadores esotéricos antes dessa data. Por exemplo, em 1969, alguém foi lá especificamente para procurar o imaginário tesouro dos cátaros, que ele acreditava ter sido levado da fortaleza de Montsegur para Rennes-le-Château. Talvez isto também explique a presença, que, de outro modo seria estranha, de oficiais alemães nazistas na Vila Betânia, onde ficaram alojados, durante a segunda guerra mundial.

Como muitas pessoas já sabem, os nazistas tinham uma obsessão por artefatos ocultistas, alquímicos, esotéricos e religiosos e passaram muitos meses, durante a guerra, a fazer escavações em Montségur e na região de Rennes-le-Château. Diz-se que eles procuravam o Santo Graal: certamente, Otto Rahn, o arqueólogo nazista, concentrara os seus esforços para o encontrar naquela área, nos anos 30.


A pequena e misteriosa vila de Rennes-le-Chateau

Noël Corbu é um protagonista importante na história de Rennes-le-Château. O seu papel ultrapassa o de um hoteleiro local e de contador de histórias fantásticas – como se pode deduzir da sua participação na publicação dos famosos pergaminhos codificados. Como vimos, estes surgiram, pela primeira vez, num livro de Gérard de Sède publicado em 1967, mas, mais tarde, um colega de Pierre Plantard de Saint-Clair e membro do Priorado de Sião, Philippe de Chérisey, confessou tê-los forjado.

No seu mais recente livro sobre o caso de Rennes-le-Château, em 1988, Gérard de Sède declara que publicou os textos de boa-fé, tendo-lhe estes sido entregues por alguém relacionado com Rennes-le-Château que afirmava serem cópias que Saunière entregara ao presidente do município da aldeia antes de levar os originais para Paris. Mas De Sède tem o cuidado de evitar nomear este «alguém».

No entanto, a sua identidade é revelada na obra de Jean Robin: era Noël Corbu. Isto é importante porque se De Chérisey forjou os pergaminhos, então Corbu apenas podia obtê- los através do contato com o Priorado de Sião.

Quanto mais se investigam as circunstâncias em que Corbu veio a adquirir o domaine de Saunière mais intrigantes elas se tornam. Segundo a história usual, Corbu encontrava-se casualmente na aldeia, durante a segunda guerra mundial, tornou-se amigo da idosa Marie Dénarnaud e concluiu que a vila daria uma boa residência. Mas a verdadeira história parece ser que ele já estava interessado na história de Saunière desde há algum tempo, e, no princípio dos anos 40, fez o possível para estabelecer relações de amizade com Marie para obter mais informações.

A intriga adensa-se: a igreja romana, por qualquer razão, também sempre estivera muito interessada em se apoderar da antiga propriedade de Saunière, mas estava igualmente ansiosa por adquiri-la discretamente. De fato, fez várias tentativas para convencer Marie a vendê-la, mas ela se recusava. Parece que, por intermédio de um sacerdote, chamado abade Gau, a Igreja convenceu Corbu a atuar em seu nome, tendo acordado, presumivelmente, que, quando Marie lhe vendesse a propriedade, ele lha transferisse. Alguma coisa parece ter corrido mal: talvez Corbu renegasse o acordo feito com a igreja romana.



Mais tarde, ele solicitou diretamente uma concessão do Vaticano, que foi obviamente considerada de invulgar importância, porque o Vaticano enviou o embaixador papal, em pessoa, para Carcassonne para obter da diocese as informações necessárias. E este embaixador não era outro senão o cardeal Roncali – futuro papa João XXIII (que, segundo The Holy Blood and The Holy Grail (no Brasil, “O Santo Graal e a Linhagem Sagrada“), poderia ter sido um homem membro do Priorado de Sião). A diocese, aparentemente, deu um parecer negativo e recomendou que a concessão fosse recusada. Mas, estranhamente, o Vaticano concedeu-lha.

É evidente que a relação com Corbu é muito importante para a compreensão da história de Rennes-le-Château: o mistério não terminou com a morte de Saunière. E, como Corbu viveu com Marie durante sete anos, estava em boa posição para descobrir o segredo. Qualquer que ele fosse, Corbu não o inventou. (Curiosamente, tem-se afirmado que Corbu, com Pierre Plantard de Saint-Clair, foi inspirador do aparecimento do Priorado aos olhos do público, nos anos 60, mas estes rumores nunca foram confirmados.)

Vimos, no capítulo anterior, que Saunière foi apenas um indivíduo implicado num mistério muito vasto da área onde se situa a aldeia de Rennes-le-Château – em acontecimentos que envolviam grandes somas de dinheiro e que levaram algumas pessoas a recorrer ao assassínio.

Sem dúvida que o mistério também envolvia grupos de Paris, com os quais Saunière estava em contato. Mas é interessante que muitas das figuras principais dos círculos que rodeavam Emma Calvé fossem – como a própria Emma – de origem languedoquiana. Foi referido que não era, de fato, necessário que Saunière se tivesse deslocado a Paris para conhecer a maioria dessas pessoas, porque elas visitavam com frequência Toulouse, o «berço do seu círculo». A pista conduz-nos, de novo, a pessoas e grupos cujos nomes já são familiares desta investigação.

Estas relações são excepcionalmente relevantes: não só lançam alguma luz, muito necessária, sobre o próprio Saunière mas também revelam que a história de Rennes-le- Château faz parte, de fato, desta investigação. Seguir o rasto do sacerdote até à complicada «árvore genealógica» dos grupos ocultistas, que já discutimos, iria oferecer-nos conhecimentos e revelações completamente inesperados sobre a verdadeira natureza do mais divulgado mistério do Languedoc, o qual, que saibamos, nunca foi publicado na Inglaterra.

Estranhamente, considerando todo o tempo e trabalho que foram investidos para tentar esclarecer o mistério, algumas das respostas saltam literalmente aos olhos do investigador. Indicações sobre a filiação particular de Saunière encontram-se na própria igreja de Rennes-le-Château. Apesar de os céticos terem sugerido que toda a decoração aparatosa e peculiar podia ser atribuída ao mau gosto ou a uma aberração mental de Saunière, outra investigação mostra que há mais, muito mais, e não menos, mistérios naquele «terrível» lugar.

Suspeitávamos de que a igreja e os seus arredores imediatos tinham sido planejados e projetados segundo um plano arcano (ocultista) muito específico. Os seus motivos dominantes parecem ter sido a inversão, imagens invertidas e o equilíbrio dos opostos: por exemplo, a contrapartida da Torre de Magdala é a estufa, na outra extremidade dos baluartes. Enquanto a primeira é construída de pedra sólida e tem vinte e dois degraus, que conduzem ao topo do torreão, a segunda é de material insubstancial e os seus vinte e dois degraus conduzem a uma sala situada em baixo. E a disposição do jardim e o calvário, no exterior da igreja, configuram um padrão geométrico preconcebido – e, presumivelmente, significativo.

Estas nossas observações foram confirmadas por Alain Féral, um famoso artista que vive na aldeia – e que era protegido de Jean Cocteau. Féral, que vive na aldeia desde o princípio dos anos 80, fez as mais pormenorizadas medições dos planos da igreja e dos edifícios circundantes e concluiu que eles revelam temas recorrentes. (Pode não ter sido, evidentemente, o próprio Saunière o responsável por isso – pode ter sido Henri Boudet ou o arquitecto que ele encarregou de fazer a obra ou mesmo os superiores de qualquer grupo com que Saunière podia estar envolvido.)


A localização de Rennes-Le-Chateau, na região do Languedoc-Roussillon, na França.

Reforçando a nossa ideia do tema das imagens refletidas, Féral refere que o pilar visigodo (que, anteriormente, sustentava o altar) ostenta uma cruz esculpida, que Saunière colocou ao contrário, no exterior da igreja. Também cita o significado do número vinte e dois: além das escadas da torre e da estufa, o número aparece em toda a parte do domaine. Dois lances de escadas conduzem do jardim ao terraço, cada um deles com onze degraus. As duas inscrições da igreja que mais atraíram a atenção – “Terribilis est locus iste”, acima do pórtico, e “Par ce signe tu le vaincras”, acima da pia da água-benta – são ambas formadas por vinte e duas letras. (A frase latina, que é mais usualmente transcrita como Terribilis est locus iste, e o le que é estranho à frase francesa parecem ter sido imaginadas para dar a cada uma delas vinte e duas letras. ) Há uma boa razão para a importância de onze e do vinte e dois: estes números são ambos «números básicos (mestres)» do ocultismo. Têm particular significado nos estudos cabalísticos.

Assim, há um curioso padrão heterodoxo criado por quatro objetos, dois no interior e dois no exterior da igreja: o confessionário, que está diretamente voltado para o altar; o próprio altar; a estátua de Notre-Dame de Lourdes (com a inscrição de «Penitência! Penitência!»), no exterior da igreja, sobre o pilar visigodo invertido, e o «calvário» do pequeno jardim, que o próprio Saunière construiu com todo o esmero. Estes quatro elementos não só formam um quadrado perfeito como também transmitem uma mensagem simbólica.

O confessionário e a inscrição «penitência» referem-se ambos a arrependimento e defrontam, respectivamente, o altar e o calvário, ambos simbólicos de salvação da Alma. Assim, cada grupo de pares parece simbolizar uma jornada, caminho ou iniciação espiritual – do arrependimento ao perdão e daí à salvação. Isto foi tão cuidadosamente concebido que devia ter transmitido alguma mensagem especial e oculta. Saunière está tentando dizer que o perdão e a salvação também se encontram fora da Igreja? E há aqui mais alguma indicação, alguma coisa relacionada com figuras que representem arrependimento e penitência – João Batista e Maria Madalena?

A frase «Penitência! Penitência!» foi a que, supostamente, a Virgem Maria proferiu durante as aparições de La Salette. Dos dois jovens visionários, um era uma pastora, Melanie Calvet, que era parente de Emma Calvé. (Emma alterou a grafia do seu nome quando se tornou cantora de ópera.) Durante algum tempo, a visão de La Salette ameaçou rivalizar com a de Lourdes, mas a Igreja Católica concluiu que ela era apenas uma mistificação. A visão de La Salette, no entanto, foi defendida pelo movimento joanino/Naündorff/Vintras (consultar o Capítulo 7). Saunière também escreveu em defesa das visões de La Salette.

Como vimos, é pouco provável que as célebres decorações da igreja sejam sinais indicadores da localização de algum grande tesouro. Se Saunière tivesse encontrado alguma coisa que o tornasse muito rico, dificilmente iria decorar a sua igreja com instruções codificadas que conduzissem ao lugar onde ela se encontrava. É mais provável que as decorações tentem esconder alguma coisa ou, no mínimo, fazer uma comunicação que seria óbvia apenas para um iniciado.

A melhor analogia – e, nas circunstâncias, a mais apropriada – é com um espaço de uma loja maçônica. Para um não-iniciado, os vários símbolos empreguados nesses templos – os compassos, os esquadros e outras insígnias – não podem ser «decodificados» para revelar qualquer quadro coerente das intenções dos maçônicos. É preciso conhecer a filosofia, a história e os segredos subjacentes que eles simbolizam, para compreender a sua real função ali.


Uma das duas inscrições da igreja que mais atraíram a atenção – “Terribilis est locus iste”, esta gravada acima do pórtico de entrada da igreja.

Muitos observadores identificam símbolos de várias sociedades secretas e ocultistas – os rosacruzes, os Cavaleiros Templários e os maçônicos – na decoração da igreja. As rosas e as cruzes do tímpano referem-se claramente aos rosacruzes. Uma das anomalias das Estações da Via Sacra, que é citada com maior frequência, é a da Oitava Estação, em que Jesus (carregando a cruz sem esforço) encontra uma mulher que usa o que parece ser um véu de viúva e que tem o braço em volta de um rapazinho envolto no que parece ser um manto axadrezado.

Isto é tomado como uma referência aos maçônicos, que se auto-intitulam os «Filhos da Viúva». (E talvez haja algum significado no fato de a Oitava Casa astrológica reger os mistérios do sexo, da morte e da reencarnação – e do oculto.) O pavimento da igreja, os quadrados brancos e pretos, e o teto azul, com as suas estrelas douradas acima do altar, evocam as decorações habituais de uma loja maçônica.

Em nossa opinião, um dos elementos mais importantes de toda a igreja é o primeiro com que o visitante depara ao entrar nela. O demônio, recentemente vandalizado, foi sempre designado por «Asmodeus», aquele que tradicionalmente guarda tesouros escondidos – embora não haja nada nesta estátua que a associe explicitamente ao demônio daquele nome.

Discutimos esta questão com Robert Howells, que, como gerente de uma das mais famosas livrarias ocultistas de Londres, tem um conhecimento extraordinariamente vasto do simbolismo esotérico e cujas investigações sobre o mistério de Rennes-le-Château são doutas, sensatas e de grande importância. Referiu a existência de uma antiga lenda judaica acerca da construção do Templo de Salomão em Jerusalém, segundo a qual o rei impediu vários demônios de interferir na obra, de várias maneiras diferentes – um deles, Asmodeus, foi «submetido» obrigando-o a transportar água, o único elemento que podia ser usado para o controlar.

É significativo que estas lendas tivessem sido incorporadas no saber maçônico, e não é coincidência encontrar este quadro na igreja de Saunière, onde Asmodeus está a ser controlado, carregando água, sob as palavras «Por este sinal tu o vencerás». E as decorações da pia da água-benta – anjos, salamandras, pia da água e demônio – representam os quatro elementos clássicos em alquimia e ocultismo, saber, do ar, fogo, água e da terra, que são essenciais em qualquer obra ocultista.

Se o elo de ligação com Asmodeus está correto, então é muito curioso, porque o quadro do demônio e o de Jesus estão claramente destinados a ser considerados em conjunto. Como o demônio está sendo subjugado pela água, está acontecendo a mesma coisa quando João derrama água sobre Jesus durante o batismo do mesmo? Há também uma peculiar inversão da ordem habitual das duas letras gregas alfa e ômega, a primeira e a última, que são associadas a Deus e Jesus. Seria de esperar que alfa estivesse representado sob João – o alegado precursor – e ômega sob Jesus, a culminação. Mas, aqui, verifica-se o inverso.



A prevalência de imagens que sugerem o Templo de Salomão, tanto no interior como no exterior da igreja, podiam referir-se aos maçônicos ou aos Cavaleiros Templários. O fato de as letras anômalas da citação errada “Par ce signe tu le vaincras”, que se encontra entre os quatro anjos e o demônio, serem a décima terceira e a décima quarta (o «le» é completamente supérfluo e altera o significado da frase) tem sido considerado como evocativo do ano de 1.314, quando Jacques de Molay, o último Grão Mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários foi queimado na fogueira em Paris.

Todo este simbolismo ocultista tem sido laboriosamente analisado por dúzias de investigadores competentes, ao longo dos anos, e os resultados têm sido outras tantas interpretações diversas. Mas as respostas podem ser muito simples e desanimadoramente óbvias. De fato, o simbolismo da igreja de Rennes-le-Château nunca foi um mistério para os que são versados no conhecimento maçônico.

É simplesmente a indicação da filiação particular de Saunière, que era maçônica. Isto é confirmado pela sua escolha do escultor para as Estações da Via Sacra e das outras estátuas – um certo Giscard, que vivia em Toulouse e cuja casa e estúdio, bizarramente decorados, ainda se conservam na Avenue de la Colonne daquela cidade. Giscard era um conhecido maçônico, embora reconhecidamente se especializasse em decorações de igrejas e outros exemplos da sua obra se encontrem por todo o Languedoc.

Curiosamente, na igreja de João Batista, em Couiza, situada no sopé da colina abaixo de Rennes, encontram-se idênticas Estações da Via Sacra, que foram obra de Giscard – mas estas são versões monocromáticas e as anomalias, tão visíveis na igreja de Saunière, estão ausentes. É quase como se as duas igrejas, separadas apenas por dois quilômetros, se destinassem a ser comparadas para pôr em relevo as excentricidades da versão de Saunière.

Jean Robin, no seu livro sobre Rennes-le-Château, afirma que as filiações maçônicas de Saunière são confirmadas pelos registros dos arquivos da diocese. Como vimos, no entanto, a Maçonaria consiste em várias “tradições” distintas. A qual delas pertencia Saunière? Também neste ponto, investigadores franceses bem informados estão de acordo: a sua filiação era no Rito Escocês Retificado, o ramo da Maçonaria «ocultista» que, especificamente, se reclama descendente da Ordem dos Cavaleiros Templários.

Antoine Captier, neto do sineiro de Saunière, que atua como foco de investigação sobre Rennes-le-Château e o caso Saunière, disse-nos: «Sabíamos que ele pertencia a uma loja maçônica. Foi enviado para um lugar onde havia alguma coisa [importante]. Ele encontrou certas coisas. Mas, mais uma vez, ele não estava sozinho. Ele não trabalhava sozinho.» Mais tarde, no decorrer da conversa, Captier foi mais preciso: as ligações de Saunière eram com o Rito Escocês Retificado; mas acrescentou: «Não é segredo.» Foi esta também a conclusão a que chegou Gérard de Sède, que investigou o caso durante trinta anos. De fato, De Sède pensa que algum do simbolismo da Nona Estação da Via Sacra evoca o grau de Chevalier Bienfaisant de la Cité Sainte – um eufemismo para «Cavaleiro Templário».


Sauniere ao lado da estátua de Maria Madalena.

Há outra indicação da possível filiação de Saunière. A sua escolha das estátuas dos santos da sua igreja, à exceção das Madalenas, tem sido vivamente debatida pelos investigadores: St. Germaine, St. Roch, dois Antônios – de Pádua e o Eremita – e, por cima do púlpito, S. Lucas. Alain Féral observou que, se as estátuas forem dispostas com a forma M sobre o pavimento da igreja as suas iniciais formam a palavra Graal.

Com os símbolos da Rosacruz nos tímpanos e a predominância de imagens do Templo de Salomão, isto aponta na direção da Ordem da Rosacruz, do Templo e do Graal – uma ordem fundada em Toulouse, por volta de 1850, mais tarde presidida pelo próprio Joséphin Péladan, o padrinho dos grupos ocultistas eróticos da época.

No princípio da nossa investigação, tínhamos pensado que a tendência de muitos investigadores para acreditar que todos os caminhos conduziam a Rennes-le-Château era errada. Mas, em certo sentido, eles têm razão, embora por motivos equivocados. Certamente, foi espantoso descobrir a intrincada rede de grupos ocultistas e maçônicos, que já discutimos, e seguir o seu rastro até Saunière e à sua aldeia. Isto não é coincidência: faz parte de um complicado e meticuloso plano que já estava bem implantado antes de Saunière nascer e que continua até hoje.

Vimos que Saunière revelava grande interesse pelo túmulo de Marie de Nègre d’Ables, senhora d’Hautpoul de Blanchefort, que foi erigido por Antoine Bigou, pároco de Rennes- le-Château, em 1791. Marie foi a última da descendência direta que detinha o título de Rennes-le-Château, embora outros ramos da família tivessem continuidade. Marie de Nègre d’Ables casara, em 1732, com o último marquês de Blanchefort, cujo nome derivava do vizinho «château» (embora ele pareça ter sido apenas um gênero de torre) de Blanchefort, cujas ruínas ainda existem.

A família de Marie, no entanto, tinha algumas ligações muito interessantes. Já discutimos o influente Rito de Mênfis da maçonaria, que, mais tarde, se fundiu com o de Misraïm. Este foi fundado em 1838, por Jacques-Étiennes Marconis de Nègre, que era da mesma família da Marie da história de Rennes-le-Château. E foi um dos Hautpouls – Jean-Mane Alexandré – que contribuiu para a criação do grau de Chevalier Bienfaisant de la Cité Sainte, o eufemismo de Cavaleiros Templários do Rito Escocês Retificado, em 1778.

Alguns membros da mesma família tiveram um lugar de relevo na loja maçônica La Sagesse, que teve origem na Ordem da Rosacruz, do Templo e do Graal. O sobrinho e herdeiro de Marie de Nègre, Armand d’Hautpoul, estava relacionado com indivíduos ligados ao Priorado, incluindo Charles Nodier, que foi grão-mestre entre 1801-1844. Armand d’Hautpoul também foi preceptor do conde de Chambord, cuja viúva foi tão generosa para Saunière.

O Rito de Mênfis da maçonaria de Marconis de Nègre estava intimamente ligado à sociedade conhecida por Os Filadelfianos, que fora criada pelo marquês de Chefdebien – um Rito Escocês Retificado maçônico – em Narbonne, em 1780. Esta é outra das sociedades maçônicas templaristas influenciada pelas ideias do barão Von Hund: Chefdebien assistira à famosa Convenção de Wilhelmsbad de 1872, que tentara resolver definitivamente a questão das origens templárias dos maçônicos. Os filadelfianos, como o Rito de Mênfis, estavam primordialmente interessados na aquisição de conhecimento ocultista – ambos tinham graus dedicados unicamente a esta missão.



Os filadelfianos, além disso, pretendiam tentar esclarecer a complicada história da maçonaria, com a sua proliferação de hierarquias, graus e ritos rivais, numa tentativa de descobrir o seu objetivo e segredos originais. Eles transformaram-se num repositório de informação sobre a maçonaria e sociedades similares, que lhes foi transmitida de boa-fé ou que foi obtida através de infiltração. Assim, é significativo que o irmão de Saunière, Alfred (também sacerdote), fosse preceptor da família – e que fosse despedido por ter roubado parte dos seus arquivos.

Alfred Saunière é, indubitavelmente, uma figura-chave dos estranhos acontecimentos em que o seu irmão mais velho – e mais famoso – estava envolvido e merecia maior investigação. Contudo, é difícil descobrir muita coisa a seu respeito, embora se saiba que foi amante da ocultista marquesa de Bourg de Bozas, uma das pessoas que visitavam a Vila Betânia em Rennes-le-Château. Alfred morreu em 1905, vítima de alcoolismo, após ter sido excomungado.

Depois da morte de Alfred, Saunière, numa carta ao seu bispo, referia-se a um sentimento local de que «devia expiar os erros do meu irmão, o abade, que morreu demasiado cedo». Logo que tivemos conhecimento das ligações de Saunière com a maçonaria do Rito Escocês, grande parte do quadro mais vasto começou a tornar-se mais claro. E, longe de ser uma obsessão pessoal, a deferência especial de Saunière pela Madalena emergia verdadeiramente como fazendo parte da Grande Heresia europeia. A chave destas filiações residia nas pessoas que ele conhecia.

De fato, é possível ir mais longe e associar Saunière a Pierre Plantard de Saint-Clair, por intermédio de um só homem: George Monti. Também conhecido sob os pseudônimos de conde Israel Monti e Marcus Vella, ele é uma das mais implacáveis e poderosas figuras das sociedades secretas do século XX – embora, de modo algum, a mais conhecida. À maneira clássica destes “magos”, ele preferia exercer a sua influência na sombra, em vez de procurar popularidade, ao estilo do seu associado Aleister Crowley.

Ao longo da vida, subiu nas hierarquias de muitas sociedades ocultistas, mágicas e maçônicas, por vezes para se infiltrar nelas por conta de outros. Foi também um agente duplo dos Serviços Secretos franceses e alemães; como no caso de John Dee e, possivelmente, também de Leonardo, os dois mundos da espionagem e do ocultismo andam frequentemente de mãos dadas. Monti levou uma vida tão complexa que é impossível determinar onde residia a sua fidelidade. Muito provavelmente, apenas nele próprio e no seu amor pela intriga e pelo poder pessoal.

Quaisquer que fossem os verdadeiros motivos de Monti, ele teve um êxito espantoso na sua vida secreta, ocupando, por vezes, altos cargos em sociedades que eram mutuamente hostis, ou porque uma desconhecia a existência das outras ou porque cada uma acreditava que ele se infiltrara noutros grupos em seu favor. Por exemplo, embora alguns desses grupos fossem, como Monti, nitidamente anti-semitas, ele também conseguiu ocupar uma alta posição na B’nai B’rith, uma fechada sociedade secreta judaica, fundada nos EUA – tendo-se mesmo convertido ao judaísmo com essa finalidade.


As duas torres de Sauniere em Rennes Le Chateau, à direita a Torre Magdala. Ben Hammott © 2008

Monti nasceu em Toulouse em 1880, tendo sido abandonado pelos seus pais italianos e educado pelos jesuítas. Desde muito cedo interessou-se pelo mundo misterioso das sociedades secretas ocultistas. Viajou muito pela Europa e passou algum tempo no Egito e na Argélia. Entre as muitas sociedades a que aderiu, contava-se a Holy Vehm, uma organização alemã especializada em assassinatos políticos. Também se diz que ele «detinha a chave» da maçonaria italiana. Entre as muitas pessoas que conhecia encontrava-se Aleister Crowley – de fato, ele fora descrito como o «representante francês» de Crowley e foi membro da O.T.O.(Ordo Templi Orientis), quando o excêntrico inglês era grão-mestre. Não é surpreendente que a vida duvidosa de Monti, eventualmente, o comprometesse e ele fosse envenenado em Paris, em Outubro de 1936.

Ele figura nesta investigação porque a sua primeira função no mundo ocultista parisiense foi a de secretário de Joséphin Péladan e, por conseguinte, íntimo do círculo de Emma Calvé. Como vimos, Saunière era conhecido por ter ligações com Péladan e o seu grupo e por ter conhecido Emma Calvé, portanto, devia ter conhecido Monti. Além disso, este era do Languedoc e vivera, por vezes, em Toulouse ou em qualquer outro lugar do Midi (Sul da França).

Em 1934, Monti fundou a Ordem Alpha-Galates, da qual Pierre Plantard de Saint-Clair se tornou grão-mestre em 1942, com a idade imatura – mas talvez significativa – de 22 anos. E, embora Plantard tivesse apenas 16 anos quando Monti morreu, ele conhecia-o. Anne Léa Hisler, ex-mulher de Plantard, num artigo de 1960, escreveu inequivocamente que ele «conhecia bem o conde Georges Monti». Monti pode mesmo ter sido o seu professor e mentor ocultista.

Assim, parece que existia um claro elo de ligação entre Saunière e Plantard de Saint-Clair, sob a forma de Georges Monti, talvez representando a continuação de uma certa tradição secreta.

Então, que conclusão podemos tirar da história de Saunière? Eliminar todas as ofuscações, mitos e conjecturas não é tarefa fácil, mas parece que o sacerdote andara a procurar alguma coisa e que não agia sozinho. As provas apontam para a existência de um patrocinador secreto, muito possivelmente ligado às influentes sociedades ocultistas de Paris e ao Languedoc. Esta não é apenas a explicação mais lógica, é também a que o próprio Saunière apresentou. Quando o sucessor de Billard, como bispo de Carcassonne, exigiu que Saunière explicasse a sua extravagante maneira de viver, o sacerdote respondeu vivamente:


Não sou obrigado… a divulgar os nomes dos meus doadores. Torná-los públicos, sem autorização, correria o risco de trazer a discórdia a certas famílias ou casas… CUJOS membros fizeram doações sem o conhecimento dos seus maridos, filhos ou herdeiros.


Em Rennes Le Chateau a essência do segredo descoberto por Sauniere é sobre o Sagrado Feminino…

Mais tarde, ele disse ao bispo que lhe revelaria os nomes dos seus doadores – mas apenas em segredo de confissão. A redação de uma carta de apoio, escrita a Saunière por um amigo íntimo, em 1910, emprega uma linguagem mais sugestiva:


Recebeste o dinheiro. Não é qualquer pessoa que pode penetrar no segredo que guardas… Se alguém te deu o dinheiro, sob o compromisso de natural segredo, és obrigado a guardá- lo, e nada te pode libertar de guardar este segredo…

Parece que Alfred, o irmão de Saunière, também conhecia o segredo. Ao ser interrogado pelas autoridades sobre a sua extravagância, Saunière respondeu:


O meu irmão, sendo pregador, tinha numerosos contatos. Servia de intermediário a estas almas generosas.

Mas, embora a região de Rennes-le-Château possa ter sido o ponto de partida da misteriosa investigação de Saunière – a qual, parece, foi empreendida em nome destes ilusórios desconhecidos -, parece que o objeto da pesquisa podia encontrar-se em outro lugar.

Continua …

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Posted by Thoth3126 on 05/05/2015



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23.09.15

A Revelação Templária – 8A 

 Este é um lugar terrível 

(Rennes le Chateau)

Publicado anteriormente a 10/04/2015

rennes-le-chateau-torre-magdala


A Revelação Templária - 8A 

 Este é um lugar terrível (Terribilis est locus iste) 

 Templários, os Guardiões Secretos da Verdadeira Identidade de Cristo


Rennes-le-Château, no Languedoc-Roussillon é um lugar-comum esotérico e ocultista, quase – atualmente – na mesma «linha» do próprio Graal e igualmente elusivo. Contudo, é uma localidade real, e foi ali que nos encontramos no desenrolar da nossa investigação. Este lugar pode ser comparado a Glastonbury, na Inglaterra, porque ambos parecem guardar profundos mistérios, apesar de ambos os locais terem dado origem aos mais absurdos, mas muito divulgados, mitos e suposições.

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 08 A – ESTE É UM LUGAR TERRÍVEL – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO VIII – A – “ESTE É UM LUGAR TERRÍVEL” (Terribilis est locus iste)

Rennes-le-Château situa-se no departamento do Languedoc, conhecido por Aude, próximo da cidade de Limoux, que dá o seu nome ao famoso blanquette, ou vinho espumante, da área que, nos séculos XVIII e XIX, era conhecido por Razès. A partir da pequena cidade de Couiza, grandes letreiros indicam uma estrada secundária, anunciando o Domaine de Abbé Saunière. Seguindo estas indicações, os automobilistas encontram-se numa curiosa estrada em espiral que conduz à aldeia de Rennes-le-Château, situada no topo da colina.

Para nós, como para tantas pessoas, hoje em dia, esta é uma viagem excitante. Graças, principalmente, ao livro The Holy Blood and the Holy Grail (em português: O santo Graal e a Linhagem Sagrada), mas também à lenda oral, esta simples subida de uma colina francesa rapidamente adquire a sensação de uma iniciação. Mas o lugar, onde os visitantes geralmente param, é muito prosaico.


A pequena vila de Rennes-le-Château situa-se no departamento do Languedoc, conhecido por Aude, próximo da cidade de Limoux

A estrada de acesso conduz inevitavelmente ao solitário parque de estacionamento, através de uma estreita «grand rue», onde não existe nenhuma estação dos correios nem mesmo uma loja que vende de tudo – mas que exibe uma livraria esotérica, um bar-restaurante, o castelo em ruínas, que dá o nome à aldeia, e ruas estreitas que conduzem à famosa igrejinha e ao presbitério.

Este lugar tem uma história sinistra e uma reputação ainda mais sombria, embora um tanto vaga. Em resumo, segundo a lenda, François Bèrenger Saunière (1852-1917), um vulgar sacerdote, nascido e criado na aldeia de Montazels, apenas a três quilômetros de Rennes-le- Château, fez uma descoberta de certa natureza durante as obras de renovação da sua delapidada igreja paroquial do século X, exatamente há cem anos. Em resultado dessa descoberta – ou devido ao seu valor intrínseco ou porque o conduziu a algo que podia ser transformado em vantagem financeira -, ele tornou-se imensamente rico.

A especulação tem variado, ao longo dos anos, quanto à verdadeira natureza da descoberta de Saunière: muito prosaicamente, tem sido sugerido que ele encontrou uma horda de tesouros, enquanto outros acreditam que foi alguma coisa muito mais assombrosa, como a Arca da Aliança, o tesouro do Templo de Jerusalém, o Santo Graal – ou mesmo o túmulo de Cristo, uma ideia que encontrou a sua mais recente expressão em The Tomb of God de Richard Andrews e Paul Schellenberger (1996). (Para a nossa discussão da teoria destes autores, consultar o II Apêndice).

Tivemos de ir a Rennes-le-Château porque, segundo os Dossiers secrets e o livro The Holy Blood and the Holy Grail, o lugar tem particular importância para o Priorado de Sião – embora a razão exata dessa importância permanecesse obscura. O Priorado afirma que Saunière descobriu pergaminhos, contendo informação genealógica que prova a sobrevivência da dinastia merovíngia (descendente de Jesus e Madalena), e afirma que certos indivíduos têm direito a reclamar o trono da França – tal como Pierre Plantard de Saint-Clair. Contudo, ninguém à margem do Priorado viu, de fato, esses pergaminhos, e toda a ideia da continuidade da dinastia merovíngia é dúbia, para não dizer mais, e há poucas razões para atribuir grande importância a esta pretensão de uma herança messiânica para o trono da França.

Há ainda outra importante falha, uma inconsistência flagrante, na história do Priorado. Se eles existiram realmente, durante tantos séculos, unicamente para proteger os descendentes merovíngios, é curioso que tenham acolhido bem a informação que lhes indicava quem eram esses descendentes. Seguramente, eles conheciam aqueles que tinham jurado proteger – caso contrário, dificilmente teriam o tipo de zelo fanático que, ao longo dos séculos, mantivera a sua organização durante tanto tempo! Depender – aparentemente – do que é essencialmente uma raison d’être retrospectiva é suspeito, para dizer o mínimo.

Contudo, ficamos intrigados pela importância investida na aldeia pelo Priorado. Há duas razões possíveis para isso: uma é que a aldeia é, na verdade, importante, mas não pelas razões apresentadas nos Dossiers – a outra é que a história do padre Saunière não tem qualquer verdadeira relação com o Priorado e que este se apoderou do mistério para servir os seus propósitos. Tínhamos de descobrir qual destas alternativas estava mais próxima da verdade.


A comuna de Rennes Le Chateau com a Torre Magdala ao centro

Chegando ao parque de estacionamento da aldeia, somos confrontados com uma vista espantosa dos picos dos Pireneus, coroados de neve, para lá do Vale do rio Aude. É fácil compreender a razão por que, no passado, esta aldeola, aparentemente insignificante, era considerada de grande importância estratégica, porque, certamente, a observação de quaisquer aproximações inimigas teria sido difícil de igualar.

É esta a razão por que Rennes-le-Château foi outrora, uma importante fortaleza para os reis Visigodos: alguns vão a ponto de a identificar com a cidade perdida de Rhedae, que era semelhante a Carcassonne e Narbonne – embora seja difícil imaginar uma cidade tão movimentada no atual aglomerado de casas, particularmente deserto. Mas o lugar ainda exerce uma influência magnética: menos de cem pessoas vivem agora em Rennes-le-Château, mas a aldeia recebe mais de 25 000 visitantes por ano.

A torre do reservatório de água, que emerge do próprio parque de estacionamento, ostenta os signos do Zodíaco – um tema que se repete acima das portas de algumas das pequenas casas. Mas todos os olhos se voltam para o bizarro edifício, semelhante a um pavilhão, que parece erguer-se da extremidade rochosa da aldeia, suspenso sobre o precipício. O edifício era a biblioteca e o gabinete de trabalho particular de Saunière, conhecido por Tour Magdala (a Torre de Magdala). Faz parte do seu domaine, recentemente aberto ao público. Semelhante a um pequeno torreão medieval, de um lado, a torre dá para os extensos baluartes que conduzem à estufa agora abandonada.

Nas salas situadas abaixo dos baluartes, existe agora um museu, dedicado à vida de Saunière e ao mistério que o rodeia. Um jardim separa a torre da imponente casa que ele mandou construir com a sua riqueza inexplicável, a Vila Betânia; algumas das suas salas estão abertas ao público. Do outro lado, junto de um caminho de saibro, encontra-se uma pequena gruta, construída pelo próprio sacerdote com pedras trazidas especialmente de um vale vizinho e, presumivelmente, com grande esforço. Depois, chega-se ao cemitério da aldeia e à delapidada igreja. Esta é dedicada a Santa Maria Madalena.

Dada a fama da igreja, é espantoso verificar que ela é tão pequena, mas qualquer decepção é compensada pelo carácter bizarro e justamente famoso da decoração interna feita pelo abade Saunière. Nesta, pelo menos, o abade ainda consegue surpreender. Sobre o pórtico, com os seus quase ridículos pássaros de estuque branco, de segunda qualidade, e com as telhas amarelas quebradas, estão gravadas as palavras:


Terribilis est locus iste («Este é um lugar terrível»),

uma citação do Livro do Gênesis (28:17) completada em latim sobre o arco do pórtico: «É a casa de Deus e a Porta do Céu.»


A Tour Magdala (a Torre de Magdala) em Rennes Le Chateau

Uma estátua de Maria Madalena ocupa um lugar de relevo sobre a porta, enquanto o espaço entre as cornijas está decorado com triângulos equiláteros e esculturas de rosas com uma cruz. Mas muito mais surpreendente é a visão de um demônio em estuque, horrivelmente contorcido, parecendo guardar a porta, do lado interior do pórtico. Com chifres e caricato, inclina-se de modo significativo enquanto carrega sobre os ombros a pia da água benta. Esta é encimada por quatro anjos, cada um deles fazendo um dos gestos implicados no sinal da cruz, enquanto, por debaixo deles, estão inscritas as palavras:


Par ce signe tu le vaincras («Por este sinal tu o vencerás»).

Na parede do fundo vê-se um quadro que representa o batismo de Jesus – que está representado numa posição que é exatamente a imagem refletida do Demônio. Tanto o Demônio como Jesus olham para uma parte específica do pavimento, desenhado como um tabuleiro de xadrez. No quadro, João Baptista eleva-se acima de Jesus, derramando sobre ele a água de uma concha, repetindo, assim, o tema da pia da água benta, em forma de concha, que está colocada sobre o Diabo. É evidente que se encontra algum paralelo entre os dois conjuntos de imagens, entre o Demônio e o batismo de Jesus. (Em Abril de 1996, num dos muitos atos de vandalismo a que a igreja está sujeita, a cabeça do Demônio foi cortada – e roubada – por um atacante desconhecido.)

Cobrindo este pavimento, exitem os quadrados brancos e pretos, e olhando em redor desta pequena igreja paroquial de Santa Maria Madalena, ela parece, à primeira vista, bastante típica da sua época e lugar. Excessivamente ornamentada com vistosos santos de estuque – como St.º Antonio, o Eremita e St. Roche -, ela contém a quota habitual de ornamentos eclesiásticos. Mas estes merecem um escrutínio mais cuidadoso, porque a maioria deles tem um toque, no mínimo, idiossincrático. Por exemplo, as estações da Via Sacra, invulgarmente, prosseguem em sentido contrário ao dos ponteiros do relógio e incluem um rapaz, que enverga um saiote escocês, e uma pequena criança negra. E o dossel que encima o púlpito tem a forma do Templo de Salomão.



O baixo-relevo do frontal do altar era, dizem, o orgulho e a alegria de Saunière: ele próprio lhe dera os últimos retoques. Representa uma Madalena revestida de ouro, de joelhos, em oração, com um livro aberto à sua frente e uma caveira sobre os joelhos. Os dedos estão curiosamente entrelaçados, do modo que é geralmente descrito como latté.

Uma cruz, aparentemente feita de uma delgada árvore verde – com um rebento a meio da haste – ergue- se em frente dela, e para além da gruta rochosa, onde está ajoelhada, vê-se a forma nítida de edifícios recortados contra a linha do horizonte. Curiosamente, embora o livro e a caveira sejam elementos tradicionais da iconografia de Madalena, o usual vaso de unguento de nardo não se vê aqui.

Ela também surge nos vitrais, por cima do altar, onde é representada ajoelhada junto de uma mesa, para ungir os pés de Jesus com o precioso unguento. Ao todo, há quatro imagens de Madalena nesta igreja, o que, apesar da sua condição de santa padroeira, podia parecer excessivo para um edifício tão pequeno. O comprometimento de Saunière com ela é reforçado pela designação da sua biblioteca – a Torre de Magdala – e da sua casa – a Vila Betânia. Betânia era a residência bíblica da família que incluía Lázaro, Marta e Maria.

Há um quarto secreto, oculto por detrás de um armário da sacristia, mas este raramente é visitado pelo público. A sua única janela, que não se distingue claramente do exterior, parece representar, nos vitrais, a habitual cena da crucificação. Mas, como virtualmente tudo o mais neste «terrível lugar», esta cena não é exatamente o que parece (assim como tudo o mais). O olhar é atraído para a paisagem distante, que se avista sob os braços do homem crucificado; claramente, é ela o verdadeiro foco do quadro. Mais uma vez, ali está o Templo de Salomão.


O padre Saunière em pé ao lado do Pilar do Altar com a imagem de Maria Madalena colocado de cabeça para baixo no jardim da igreja

Mesmo a entrada para o cemitério é invulgar: a arcada está decorada com uma caveira e dois ossos metálicos cruzados, um emblema dos Cavaleiros Templários – embora o toque bizarro seja dado pelo esgar que descobre vinte e dois dentes. As sepulturas, ornamentadas com complicados tributos florais e fotografias dos falecidos, como em tantos outros cemitérios franceses, incluem as da família Bonhommes. Em qualquer outro lugar, talvez isto não provocasse comentários mas aqui esta evocação linguística dos cátaros – Les Bonhommes – parece particularmente pungente. A sepultura de Saunière, com o seu perfil em baixo-relevo – levemente danificado pelo vandalismo dos tempos recentes – está situada junto à parede que separa o cemitério do seu antigo domaine. Marie Dénarnaud, sua fiel governanta (se não bastante mais do que isso), está enterrada a seu lado.

Não é nosso objetivo rever, em pormenor, o que se transformou numa história banal. Mas, ao suspeitar de que o mistério de Rennes le Chateau podia fornecer algumas pistas sobre a continuação da tradição secreta, não estávamos enganados nem ficamos decepcionados. Como vimos, encontramos provas de uma complicada série de ligações que remontavam a uma tradição gnóstica da região, uma zona que foi sempre famosa pelos seus heréticos, sejam eles cátaros, Templários ou as chamadas «bruxas». Desde o trauma da Cruzada dos Albigenses (perseguição pela igreja romana ao movimento gnóstico dos Cátaros), os habitantes locais nunca mais confiaram totalmente no Vaticano, de modo que, a região constituiu o refúgio perfeito para ideias heterodoxas e também para aqueles que tinham interesses políticos minoritários. No Languedoc, com as suas longas e amargas memórias, a heresia e a política andaram sempre de mão dada, como talvez ainda andem.

Em Saunière, encontramos um sacerdote extrovertido e rebelde. Dificilmente podia ser considerado um típico pároco de aldeia, conhecia bem o grego e o latim e foi um assinante regular de um jornal alemão contemporâneo. Se ele descobriu, ou não, um tesouro ou um segredo, e improvável que todo o «caso Rennes» seja uma completa invenção. Há, no entanto, várias razões para pensar que a história, tal como é contada, foi muito mal interpretada ou muito mal “entendida”.

A sequência exata dos acontecimentos é notavelmente difícil de reconstituir, porque ela se apoia mais nas memórias dos aldeões do que em provas documentais. Saunière aceitou o seu cargo de pároco no princípio de Junho de 1885. Passados alguns meses, teve problemas por ter pregado do seu púlpito um veemente sermão anti-republicano (durante as eleições francesas daquele ano) e foi temporariamente suspenso do seu cargo. Reintegrado no Verão de 1886, recebeu uma doação de $ 300 francos, feita pela condessa de Chámbord, viúva de um pretendente ao trono francês – Henri de Bourbon, que reclamava o título de Henrique V -, em reconhecimento dos serviços prestados à causa monárquica.


Pilar visigótico original do Altar com o orifício onde foram encontrados os pergaminhos, que agora reside no Museu Saunière em Rennes-le-Chateau

Aparentemente, Saunière usou o dinheiro para recuperar a sua antiga igreja e, segundo a maioria dos relatos, foi então que o pilar visigótico, que sustentava o altar, foi removido – dentro do qual, segundo se diz, ele encontrou certos pergaminhos com segredos codificados. Mas isto parece pouco provável, porque o seu comportamento excêntrico e projetos ambiciosos apenas começaram em 1891. Foi nessa altura que o sineiro, Antoine Captier, encontrou uma coisa importante. Segundo alguns era um cilindro de madeira, enquanto outros afirmam que era um frasco de vidro: fosse o que fosse, julga-se que ele continha um rolo de pergaminhos ou de documentos, que ele entregou a Saunière. E parece ter sido esta descoberta que deu origem aos atos peculiares do sacerdote e sua consequente e posterior riqueza.

Segundo a versão usual, Saunière apresentou os pergaminhos ao bispo de Carcassonne, Félix-Arsène Billard, o que precipitou uma viagem a Paris. Dizem que Saunière fora aconselhado a mandar descodificar os documentos por um perito, Émile Hoffet, então um rapaz que se preparava para o sacerdócio, mas já possuía um conhecimento profundo do ocultismo e do mundo das sociedades secretas. (Mais tarde, ensinou na igreja de Notre-Dame de Lumières, em Goult, um lugar da Madona Negra, especialmente importante para o Priorado de Sião.) O tio de Hoffet era diretor do seminário de Saint-Sulpice de Paris.

A igreja de St. Sulpice distingue-se pelo fato de o meridiano de Paris – que passa próximo de Rennes-le-Château – estar marcado por uma linha de cobre traçada sobre o pavimento. Construída sobre os alicerces de um antigo templo de ÍSIS, em 1645, foi fundada por Jean-Jacques Olier, que a mandou desenhar segundo o Meio Termo Ideal da geometria sagrada. Recebeu o nome de um bispo de Bourges, da época do rei merovíngio Dagobert II, e a sua festividade é comemorada a 17 de Janeiro – uma data recorrente dos mistérios de Rennes-le-Château e do Priorado de Sião.

Grande parte do romance satânico de J. K. Hysmans Là-Bas decorre em St. Sulpice, e o seminário, que lhe é anexo, foi notório pela heterodoxia (para dizer o mínimo) do final do século XIX. Também serviu de quartel-general à misteriosa sociedade secreta do século XVII denominada Companhia do Santo Sacramento que, segundo tem sido sugerido, servia de fachada ao Priorado de Sião.

Durante a estada de Saunière em Paris – que aconteceu no Verão de 1891 ou na Primavera de 1892 – Hoffet introduziu-o na florescente sociedade ocultista, centrada em Emma Calvé e que incluía figuras como Joséphin Péladan, Stanislas de Guaïta, Jules Bois e Papas (Encausse). Segundo um rumor persistente, Saunière e Emma tornaram-se amantes. Diz-se que Saunière visitou a igreja de Saint Surpice e estudou algumas das suas pinturas e – de acordo com a história habitual – comprou reproduções de pinturas específicas no Louvre (que serão discutidas mais tarde). Depois de regressar a Rennes-le-Château, começou a decoração da sua igreja e a construção do seu domaine.



A visita a Paris é uma parte crucial do mistério de Saunière e tem sido sempre objeto de intenso escrutínio por parte dos investigadores. Não há prova direta de que ela tivesse acontecido. Uma fotografia de Saunière, que ostenta o nome de um estúdio de Paris, durante muito tempo tomada como prova da viagem, revelou, recentemente, ser uma fotografia do irmão mais novo, Alfred (também sacerdote). Também foi afirmado que a assinatura de Saunière surge no livro das missas, em Saint-Sulpice, mas isso nunca foi confirmado.

O escritor Gérard de Sède, que possuiu alguns dos documentos de Émile Hoffet, afirma que eles contêm uma nota de um encontro com Saunière, em Paris (sem data, infelizmente), mas, tanto quanto sabemos, não há corroboração independente desse encontro. Como grande parte desta história, ele assenta nas memórias e testemunhos dos aldeões e de outras pessoas. Por exemplo, Claire Captier, filha de Corbu, o homem que comprou a Marie Dénarnaud o domaine de Saunière, em 1916 – esta continuou a viver com os Corbu até à sua morte, em 1953 -, afirma categoricamente que a viagem a Paris se realizou.

O que Saunière encontrou parece tê-lo tornado extrema e rapidamente rico. Quando assumiu o seu cargo, o seu estipêndio era de $ 75 francos por mês. Contudo, entre 1896 e a sua morte, em 1917, ele gastou uma larga soma de dinheiro – talvez não os $ 23 milhões de francos, que alguns pretendem, mas, certamente, não menos de $ 160 mil francos por mês. Tinha contas bancárias em Paris, Perpignan, Toulouse e Budapeste e investiu fortemente em ações e títulos do Estado – não era a habitual situação financeira de um sacerdote da província.

Alega-se que ele ganhou o dinheiro com o tráfico de missas (cobrando para celebrar missas que, supostamente, perdoavam ao pagador vários anos de Purgatório), mas, embora ele certamente procedesse deste modo, como afirma o historiador francês René Descadeillas – considerado o principal critico do caso Saunière -, isso não podia ter «rendido somas suficientes para lhe permitir edificar essas construções e, ao mesmo tempo, viver tão luxuosamente. Por conseguinte, havia qualquer coisa mais». Em qualquer caso, poder-se-ia perguntar por que razão tantas pessoas teriam desejado que as missas fossem celebradas por Saunière – um insignificante sacerdote rural de uma paróquia remota.

Ele e Maria provocaram criticas devido à sua luxuosa maneira de viver: ela vestia sempre as últimas modas de Paris (diz-se que foi essa a razão da sua alcunha de «La Madonne», e ofereciam recepções, em escala completamente desproporcionada com o seu rendimento ou posição social. Além disso, os ricos e famosos faziam a viagem, incrivelmente difícil, para Rennes-le-Château para os visitar. (Por alguma estranha razão, no entanto, Saunière apenas recebia visitas na Vila Betânia, preferindo viver no velho presbitério anexo à igreja.) Os visitantes incluíram um príncipe de Habsburgo – que tinha o nome, curiosamente sugestivo, de Johann Salvator von Habsgurg – um ministro do Governo e Emma Calvé.

Mas não foi apenas o fausto da sua hospitalidade que provocou hostilidade: Saunière e Marie começaram a cavar no cemitério durante a noite. Embora, de modo geral, o que eles procuravam fosse matéria para especulação, é certo que eles apagaram as inscrições da pedra vertical e da placa que cobria a sepultura que ostentava o sugestivo nome de Marie de Nègre d’Ables – uma mulher nobre da região, falecida a 17 de Janeiro de 1781 -, presumivelmente para destruir a informação que ela continha. Mas eles não sabiam que todo este esforço era inútil – já existia uma cópia da inscrição graças a visitantes, membros de uma sociedade de antiquários locais. Mas, como veremos, a ansiedade de Saunière de destruir a inscrição tem grande importância para a nossa investigação.


Um poço (uma cripta) que fica abaixo da igreja de Rennes-le-Château – Diário de Rennes-le-Château ©

Na época da alegada viagem a Paris, Saunière também encontrou a «Pedra do Cavaleiro», mas voltada para baixo, junto do altar, uma laje gravada, datando da época do reino visigodo e que representa um cavaleiro acompanhado por uma criança. Parecia que ele tinha encontrado alguma coisa de grande importância – talvez outro esconderijo de documentos ou artefatos ou a entrada para uma cripta. Ninguém sabe, ao certo, porque Saunière mandou substituir o pavimento, mas o seu diário apresenta o enigmático registo, a 23 de Setembro de 1891: «Carta de Granès. Descoberta de um túmulo. Choveu.»

As escavações noturnas de Saunière provocaram um escândalo local, mas foi o seu tráfico de missas que, eventualmente, despertou a ira das autoridades da Igreja, a ponto dele ser privado do seu cargo eclesiástico. Foi mesmo transferido para outra paróquia, mas recusou categoricamente em obedecer, e continuou a viver em Rennes-le-Château com Marie. Quando a Igreja enviou outro sacerdote para a aldeia, Saunière celebrava missa, sem caráter oficial, para os aldeões, que se lhe mantinham fiéis.

De todos os mistérios que rodearam Saunière, talvez um dos mais persistentes seja aquele que se seguiu à sua morte. Adoeceu a 17 de Janeiro de 1917; morreu cinco dias depois e o seu corpo foi colocado numa cadeira, sentado direito, nos baluartes do terraço do seu domaine, enquanto os aldeões – e outros, que já tinham feito viagens mais longas – desfilavam, arrancando pompons vermelhos do seu manto. A sua última confissão foi ouvida pelo sacerdote da vizinha aldeia de Espéraza, e o que foi dito teve nele um efeito tão profundo, que René Descadeillas afirma: «[… ] a partir desse dia, o velho sacerdote nunca mais foi o mesmo homem; era evidente que ele recebera um choque» com a confissão de Sauniere.

Depois da sua morte, a fiel Marie Dénarnaud continou a viver na Vila Betânia. Saunière, que, como sacerdote, não podia possuir bens, comprara todas as terras em nome dela. Marie tornou-se cada vez mais solitária e ganhou fama de irascível, resistindo às múltiplas tentativas para a convencer a vender o domaine, cada vez mais abandonado. Finalmente, em 1946, no dia da festividade de Maria Madalena, ela vendeu-o a Noël Corbu, um homem de negócios, na condição de poder lá viver o resto dos seus dias.


Interior da igreja dedicada a Maria Madalena em Rennes Le Chateau

A filha de Corbu, Claire Captier, recorda-se de viver lá quando era criança. Segundo Claire, Marie visitava a sepultura de Saunière todos os dias – e a meio de todas as noites. Marie relatou à jovem Claire um fenômeno que acompanhava algumas dessas visitas. Costumava dizer: «Esta noite, fui seguida pelos fogos-fátuos do cemitério». Quando lhe perguntavam se tinha medo, Marie respondia: «Estou habituada… Se caminho lentamente, eles seguem-me… quando paro, eles também param, e quando fecho o portão do cemitério, desaparecem sempre.» Claire Captier também recorda que Marie dizia: «Com o que Monsieur le Curé (Sauniere) deixou, podia alimentar toda a Rennes durante cem anos, e ainda sobraria.»

E, quando lhe perguntavam por que vivia como pobre, se tinha herdado tanto dinheiro, ela respondia: «Não lhe posso tocar.» Em 1949, quando soube que o negócio de Corbu corria mal, Marie disse-lhe: «Não se preocupe tanto, meu caro Noël… um dia, revelar-lhe-ei um segredo que fará de si um homem rico… muito rico!» Infelizmente, nos meses que precederam a sua morte, provocada por um ataque súbito, em Janeiro de 1953, ela tornou-se senil, e o segredo morreu com ela.

A que dizia respeito a história de Saunière? Certamente, parece que ele estava sendo muito bem pago por um agente exterior para continuar a viver na aldeia (mesmo quando já era rico e já não era pároco, ele preferiu continuar lá residindo), embora os pagamentos pareçam ter sido irregulares. A sua riqueza não consistia numa grande quantia, recebida de uma só vez, como alguns sugeriram, porque a sua liquidez monetária era variável. Por vezes, passava por períodos de carência, mas retomava a sua vida luxuosa numa questão de meses.

Na época da sua morte, estava empenhado em novos e ambiciosos projetos, que custariam, no mínimo, mais $ 8 milhões de francos – construir uma boa estrada de acesso à aldeia, para o automóvel que tencionava comprar, canalizar água para todas as casas, criar uma pia batismal exterior e erigir uma torre com setenta metros de altura, da qual tencionava chamar os fiéis à oração.

Fortes candidatos ao papel de pagador são os monarquistas, mas, nesse caso, há um mistério diferente. Que possíveis serviços poderia Saunière ter-lhes prestado que resultassem em pagamentos em tão grande escala? Podia a sua obsessão com Madalena sugerir, de algum modo, a razão subjacente às generosas recompensas dos monarquistas? Certamente que a sua riqueza significava mais do que um envolvimento numa intriga política. E os seus poucos livros de memórias, nas palavras de Gérard de Sède, revelam:


Uma curiosa devoção à Bona Dea, ao princípio divino do eterno feminino, que, na boca de Béranger [Saunière], parece transcender a crença e a fé.


Maat e ÍSIS

Mais uma vez, encontramos segredos que rodeiam o Princípio Feminino Divino, personificados em Maria Madalena… e uma clara ligação com o Priorado de Sião, que declara venerar as Madonas Negras e ÍSIS. E, como veremos, a área circundante de Rennes-le-Château contém múltiplas pistas da continuação desta forma de culto da deusa, do culto ao Princípio Feminino Divino.

E quanto aos famosos pergaminhos, supostamente encontrados por Saunière (segundo as fontes do Priorado)? Dizem que consistiam em duas genealogias, relativas à sobrevivência da dinastia merovíngia, e em dois extratos dos Evangelhos, nos quais certas letras, que estão destacadas, transmitem mensagens codificadas. Os pergaminhos nunca foram tornados públicos, mas alegadas cópias dos textos codificados foram largamente publicados, surgindo, pela primeira vez, em 1967, em L’or de Rennes de Gérard Séde e de sua mulher, Sophie. (De fato, embora ele não seja considerado como tal, Pierre Plantard da Saint-Claire declarou que fora co-autor deste livro.)

Estes textos foram tema de milhares de palavras e de constante especulação. A partir do relato do Novo Testamento, acerca de Jesus e dos discípulos na seara, ao sábado, as letras destacadas, quando lidas por ordem, formam as seguintes palavras:


A DAGOBERT II ROI ET A SION EST CE TRESOR ET IL EST LA MORT

PARA DAGOBERTO II REI E PARA SIÃO É ESTE TESOURO E ELE É A MORTE

O outro texto descreve, de forma evidente, a unção de Jesus por Maria de (Madalena) Betânia, e a versão descodificada é apresentada como:


BERGÈRE PAS DE TENTATION QUE POUSSIN TENIERS GARDENT LA CLEF PAX 681 PAR LA CROIX ET CE CHEVAL DE DIEU J’ACHEVE CE DAEMON DE GUARDIEN A MIDI POMMES BLEUS

PASTORA NADA DE TENTAÇÃO QUE POUSSIN TENIERS GUARDA A CHAVE PAZ 681 PELA CRUZ E ESTE CAVALO DE DEUS EU COMPLETO [OU MATO] ESTE DEMÔNIO GUARDIÃO AO MEIO-DIA [OU NO SUL] MAÇÃS AZUIS

A decifração deste código foi muito mais complexa do que a primeira frase. Pela leitura das letras destacadas neste caso, obtemos «REX MUNDI» «Rei do Mundo», em latim – uma designação gnóstica do rei deste mundo, que foi usada pelos cátaros), mas também foram acrescentadas 140 letras estranhas, tornando muito tortuoso o processo de descodificação para obter a mensagem «Pastora nada de tentação». (Curiosamente, este sistema fora criado pelo alquimista francês Blaise de Vignière, que fora secretário de Lorenzo de Medici.) A mensagem final é um perfeito anagrama da inscrição da pedra tumular de Marie de Nègre (que será discutida no capítulo seguinte).


Maat, um dos princípios criadores divinos do feminino sagrado

Embora haja poucas dúvidas de que a descodificação da mensagem seja exata, tem havido muitas tentativas engenhosas – e muito imaginativas – para a explicar ou para a compreender. Nenhuma delas foi completamente satisfatória. (A mais recente, de Andrews e de Schellenberger, é discutida no I Apêndice.)

O problema destes pergaminhos é que Philippe Chérisey, associado de Pierre Plantard de Saint-Claire (e seu provável sucessor, como grão-mestre do Priorado de Sião, em 1984), admitiu, mais tarde, que os forjara, nos anos 60. (Quando confrontado com a confissão de Chérisey, pelos autores de The Holy Blood and The Holy Grail, Plantard alegou que Chérisey simplesmente os copiara, o que não é inteiramente convincente.)

Seja qual for a maneira de se considerar estes pergaminhos, tem de se admitir que eles têm grande êxito como passatempo clássico e que são demasiado duvidosos para apresentar diretrizes importantes para uma investigação da história de Saunière.

Continua …


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Posted by Thoth3126 on 10/04/2015

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17.09.15

A Revelação Templária – 7C 

 Sexo o Sacramento Final


Publicado anteriormente a 28/03/2015

A Revelação Templária – 7C – Sexo o Sacramento Final



Um outro movimento fundiu-se com a Igreja do Carmelo, mas fora fundado mais cedo, em 1838. Eram os irmãos da Doutrina Cristã, movimento instituído pelos três irmãos Baillard, todos sacerdotes.


Fundaram duas casas religiosas – também considerando-se católicos – nas montanhas: St. Odile, na Alsácia, e Sion-Vaudémont, na Lorena. Ambos eram lugares importantes nas suas regiões, e é um mistério o modo como os irmãos Baillard conseguiram adquiri-los.


Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 07C – SEXO: O SACRAMENTO FINAL – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

Capítulo VII C – SEXO: O SACRAMENTO FINAL


Sion-Vaudémont era um importante lugar pagão da antiguidade, consagrado à deusa Rosamerta, e – como se deduz do seu nome – tem uma longa associação ao Priorado de Sião. De fato, uma Ordem de Notre-Dame de Sion, historicamente reconhecida, foi ali instituída, no século XIV, por Ferri de Vandémont, cujo alvará a ligava à abadia do monte Sião de Jerusalém – do qual o Priorado reivindica a origem do nome que adotou.


O filho de Ferri casou com Iolande de Bar, grã-mestra do Priorado entre 1480-1483, filha de René d’Anjou, o anterior grão-mestre. Iolande promoveu Sion-Vaudémont a importante centro de peregrinação, focando a veneração na sua Madona Negra. A estátua foi destruída durante a Revolução e substituída por uma Virgem medieval – não negra, retirada da igreja de Vaudémont, que é dedicada a João Batista.





O monte de Sião ou Colina de Sion-Vaudemont, é uma colina localizada no país de Saintois , no sul do departamento de Meurthe-et-Moselle , na região de Lorraine na França. Esta situado a uma altitude de 540 metros.


Assim, parece ser significativo que uma das novas igrejas dos irmãos Baillard estivesse situada naquele lugar. Estes tinham ideias semelhantes às de Vintras, incluindo a insistência na futura era do Espírito Santo e na sexualidade sagrada, portanto não é surpreendente que elas tivessem a mesma origem. O movimento dos Baillard recebeu grande apoio, incluindo o da Casa de Habsburgo. Mas, em 1852, também foi eliminado.


Depois da morte de Vintras, em 1875, o movimento foi entregue à direção do abade Joseph Boullan (1824-1893) – uma figura ainda mais polêmica. Anteriormente, Boullan seduzira uma jovem freira do convento de La Salette, Adèle Chevalier, e os dois fundaram a Sociedade para Reparação das Almas, em 1859. Esta sociedade era definitivamente baseada em ritos sexuais, a sua filosofia global era a de que a Humanidade encontraria a redenção através do sexo, se a energia fosse usada como sacramento sagrado. Apesar da ideia, em si, parecer de pura natureza alquímica, Boullan, infelizmente, estendeu os benefícios deste rito ao reino animal.


Diz-se que Boullan e Adèle Chevalier sacrificaram o seu filho, ainda criança, durante uma missa negra, em 1860. Embora isto seja apresentado como um fato em toda a literatura moderna, é impossível confirmá-lo junto de uma fonte credível. Se Boullan era conhecido por ter cometido este crime, parece ter escapado à acusação. É verdade que, nesse ano, ele foi suspenso das suas funções de sacerdote, mas a suspensão foi revogada alguns meses depois. Em 1861, ele e Adèle foram presos por fraude (talvez a maneira mais habitual de as autoridades tratarem aqueles que detestam, mas a quem não podem acusar de nada). Ao ser condenado, Boullan foi novamente suspenso dos seus deveres sacerdotais, mas, mais uma vez, a decisão foi revogada. Depois de ser libertado da prisão, apresentou-se voluntariamente ao Santo Ofício (na época, o nome oficial da Inquisição) em Roma, que o declarou não culpado e lhe permitiu regressar a Paris.


Enquanto esteve em Roma, Boullan registou as suas doutrinas num caderno (conhecido por cahier rose, notoriamente pela cor da sua capa), que foi descoberto pelo escritor J. K. Huysmans entre os seus papéis, depois da sua morte, em 1893. Os pormenores precisos do conteúdo são desconhecidos – embora tivesse sido descrito como um «documento chocante» – e o caderno está agora fechado à sete chaves na Biblioteca do Vaticano. Todos os pedidos para o consultar são recusados. É evidente que a história de Boullan tem mais importância do que parece. Superficialmente, parece uma história de um clube de pervertidos.


Contudo, parece que a Igreja o protegeu, até certo ponto. Por exemplo, emitiu instruções para que ele não fosse molestado, e há indicações de que ele estava na posse de algum tipo de segredo, que o protegia. A história de Boullan adapta-se ao padrão clássico do agent provocateur, que se infiltra numa organização com o fim deliberado de a desacreditar – em benefício de outro grupo diferente. Isso explicaria as flagrantes discrepâncias da sua vida e das atitudes oficiais em relação a ele.





Depois de regressar de Roma, Boullan ingressou na Igreja do Carmelo de Vintras e tornou- se seu chefe. A sua liderança provocou um cisma: os membros do culto, que o aceitaram, acompanharam-no a Lyons, onde estabeleceram o seu quartel-general. Seguiram-se cenas loucas de licenciosidade sexual – que, mais uma vez, parecem estar notavelmente em desacordo com a declaração de Boullan: a de que ele era a reencarnação de João Batista.


Essa ideia pode ter inspirado, pelo menos, o nome escolhido por J. K. Huysmans (um devoto do culto da Madona Negra), que usou Boullan como modelo do «Dr. Johannès» (um dos pseudônimos de Boullan) do seu romance sobre o satanismo de Paris, Lá-Bas (Lá em Baixo) (1891). No entanto, seria um erro tirar a conclusão óbvia – o Dr. Johannes era retratado como um sacerdote que praticava magia para contra-atacar o satanismo e que foi mal interpretado pela Igreja, a qual condenava toda a magia como sendo diabólica. Huysmans protegeu Boullan e passou algum tempo com ele, em Lyons, enquanto fazia pesquisas para o seu romance, mas, apesar de ser muito versado em magia, teoricamente, pelo menos, manteve-se sempre um verdadeiro filho da Igreja.


A página 183 do livro Lá-Bas continua a ser evocada, sobretudo pela sua chocante descrição de uma missa negra, que parece ser o relato de uma testemunha ocular. Contudo, os verdadeiros vilões da peça são os rosacruzes, devido à notória batalha mágica entre Boullan e membros de certas Ordens rosacruzes que floresciam na França dessa época. Podia parecer incongruente que fossem os rosacruzes os grandes adversários de Boullan e de tudo o que ele representava. É evidente que o conflito possa ter sido apenas um daqueles choques de personalidade que habitualmente atingem estes movimentos – mas talvez certos rosacruzes estivessem alarmados com a falta de reserva de Boullan relativamente aos seus segredos.


A França tornara-se o refúgio de numerosas lojas ocultistas por este tempo. Várias Ordens rosacruzes representavam uma continuação da fusão de movimentos templaristas – maçônicos – rosacruzes do sudoeste de França. Embora não fossem estritamente Ordens maçônicas, eram, de certo, aliadas dos sistemas maçônicos ocultistas, como o Rito Escocês Retificado e os ritos egípcios. Tanto os grupos maçônicos como os rosacruzes adotaram a filosofia martinista – os ensinamentos ocultistas de Louis Claude de Saint-Martin. De fato, a importância do martinismo não deve ser facilmente subestimada: os maçônicos do Rito Escocês Rectificado atual recrutam os seus membros exclusivamente entre os martinistas


A primeira destas organizações rosacruzes parece ter sido uma ramificação de uma loja maçônica, algo irregular, conhecida por La Sagessa (Sabedoria ou Sophia) de Toulouse. Em 1850, um dos seus membros, o visconde de Lapasse (1792-1867), respeitável médico e alquimista, fundou a Ordem de La Rose-Croix, du Temple et du Graal (Ordem da Rosacruz, do Templo e do Graal). Um subsequente dirigente desta ordem foi Joséphin Péladan (1859-1918), que também era de Toulouse e se transformou no que se podia designar por padrinho das sociedades rosacruzes francesas daquela época.





Péladan era um grande perito em ocultismo, tendo sido inspirado pelo escritor francês Eliphas Lévi (o seu verdadeiro nome era Alphonse Louis Constant, (1810-1875). Péladan criou um sistema de magia que foi descrito como «catolicismo erótico-mágico» e organizou o popular Salon de La Rose + Croix. (Curiosamente, foi num cartaz que anunciava uma destas reuniões que Dante foi retratado como Hugues de Payens, primeiro grão-mestre dos Templários, e Leonardo é representado como guardião do Graal). Péladan pensava que a Igreja Católica era um repositório de conhecimento, que ela própria esquecera, e estava particularmente interessado no Evangelho de João. Também estava avançado, em relação à escolaridade moderna, ao ter a percepção de que os fidele d’amore eram uma sociedade esotérica, que ele associava especificamente aos rosacruzes do século XVII.


Péladan conheceu outro ocultista, Stanislas de Guaïta (1861-1898), e os dois fundaram a Ordre Kabbalistique de La Rose-Croix (Ordem Cabalística da Rosacruz), em 1888. Foi Guaïta quem se infiltrou na Igreja do Carmelo de Boullan e, juntamente com Oswald Wirth, um decepcionado membro daquele culto, escreveu o livro O Templo de Satã, que denunciava o movimento como sendo diabólico. Esta denúncia provocou um combate de mágicos, no qual Boullan e Guaïta se acusaram mutuamente de usar meios mágicos para assassinar o outro.


Lamentavelmente, Boullan parece ter morrido de causas naturais, mas, inevitavelmente, a contenda provocou dois verdadeiros duelos, um entre Guaïta e um dos discípulos de Boullan, Jules Bois, e o outro entre o último e um dos rosacruzes, Gérard Encausse (mais conhecido por Papus). Os dois duelos terminaram em empates.


Este episódio é um dos favoritos dos autores que escrevem sobre ocultismo, mas nunca foi satisfatoriamente explicado. Por que deveriam Guaïta e os rosacruzes intentar uma vendeta contra Boullan? (Lembremos que, neste contexto, temos apenas a palavra de Guaïta e de Wirth, relativamente às alegadas provocações cometidas por Boullan e pelos seus adeptos.) Em face disto, não existe uma verdadeira ligação, ou razões para disputa, entre as lojas ocultistas e a Ordem de Boullan, essencialmente religiosa.


Contudo, um maior aprofundamento revela o motivo: De Guaïta e um tribunal rosacruciano já tinham condenado Boullan por «profanar» e revelar «segredos cabalísticos» – isto é, os ensinamentos que eram considerados domínio dos rosacruzes. (E a condenação ocorrera a 23 de Maio de 1887, antes de Guaïta se ter infiltrado no grupo de Boullan). Esta foi a verdadeira razão que os levou a sentir que Boullan tinha de ser obrigado a deter-se.


Parece que outros comentadores não notaram as implicações deste fato: se os ritos de Boullan fossem considerados como algo que pertencia aos rosacruzes, então, também eles deviam ter praticado ritos sexuais. O erro de Boullan, a seus olhos, residia no fato de tornar os ritos públicos.


A Paris do final do século XIX era centro de grande divulgação de ocultismo e de filosofia – refletindo, talvez, a demanda de fin de siècle da busca de um significado mais profundo da vida. Atraía todo o gênero de pensadores e artistas, como Oscar Wilde, Debussy e W. B. Keats. (Como sempre, a verdadeira união europeia era uma irmandade secreta.) Os salões estavam cheios de caras famosas, que estavam tão ansiosas de aprender fórmulas mágicas como de tomar conhecimento de boatos, como Marcel Proust, Maurice Maeterlink e a cantora de ópera, Emma Calvé (1858-1942).





O EQUILÍBRIO entre o masculino e o feminino no mesmo ser é fundamental no processo evolutivo humano.


Uma famosa beldade, Emma eventualmente organizava as suas próprias soirées para todos os que tivessem alguma coisa interessante para partilhar – de preferência, algum grande segredo oculto. Estes círculos também incluíam pessoas como Joséphin Péladan, Papus e Jules Bois (um dos muitos amantes de Emma Calvé).


Muitas das principais figuras destes círculos eram oriundas do Languedoc, incluindo a própria Emma Calvé. (O misticismo não lhe era desconhecido: fora uma sua parente, Melanie Calvet, que tivera a famosa visão de La Salette. E, curiosamente, Adèle Chevalier, a freira que fora seduzida por Boullan e se tornara sua companheira, era uma das amigas de Melanie.) Era Emma Calvé que iria desempenhar um importante papel na complicada história do abade Saunière, pároco da aldeia do Languedoc, na pequena vila de Rennes-le-Château, que discutiremos mais tarde.


Sugestivamente, em 1894, Emma comprou o castelo de Cabrières (Aveyron), próximo da sua terra natal, Millau, que, segundo se dizia, servira de esconderijo ao muito procurado livro do judeu Abraão e que fora usado por Nicolas Flamel para realizar a Grande Obra. Na sua autobiografia, Calvé registra que o castelo «era o refúgio de um certo grupo de Cavaleiros Templários», mas, infelizmente, não acrescenta mais pormenores.


Outros importantes grupos ocultistas tinham surgido no Languedoc e vieram a relacionar-se com as sociedades rosacruzes. Estas foram influenciadas pela Maçonaria da Estrita Observância Templária do Barão von Hund, embora a maior influência surgisse por intermédio do conde Cagliostro (1743-1795), uma figura muito difamada.


Geralmente conhecido como charlatão, este natural exibicionista era um genuíno investigador do conhecimento ocultista. Nascido Giuseppe Bálsamo, adotou o título, pertencente a sua madrinha, de conde Alessandro Cagliostro. Foi iniciado no ocultismo aos 23 anos, durante uma visita a Malta, onde conheceu o grão-mestre dos Cavaleiros de Malta – alquimista e rosacruze. O próprio Cagliostro adquiriu o gosto pelo ocultismo e tornou- se alquimista e maçônico e foi muito influenciado pela Estrita Observância Templária de Hund. A sua introdução na Maçonaria ocorreu em Gerrad Street, no Soho de Londres, onde foi iniciado numa loja da Estrita Observância Templária, em Abril de 1777. Viajou por toda a Europa, mas passou a maior parte da vida na Alemanha, procurando especificamente o conhecimento perdido dos Templários. Também granjeou reputação de curandeiro.


Em 1789, depois de receber autorização do papa para visitar Roma, à chegada foi imediatamente entregue à Inquisição, sob a acusação de heresia e conspiração política – por ordem do papa – e condenado a prisão perpétua. Morreu nas masmorras da fortaleza de San Leo, em 1795.


Cagliostro instituíra o sistema de Maçonaria «Egípcia» (a loja-mãe foi fundada em 1782, em Lyons), que consistia em lojas masculinas e femininas, sendo as últimas dirigidas por sua esposa, Serafina. Lévi descreve este sistema como uma tentativa «para ressuscitar o misterioso culto de Ísis».





O Olho Esquerdo de Hórus, símbolo da escola iniciática FEMININA no antigo Egito.


Os frutos das investigações de Cagliostro sobre as sociedades ocultistas da Europa formavam um corpo de conhecimento conhecido por Arcana Arcanorum (Segredo dos Segredos) ou AA. Esta expressão foi extraída dos rosacruzes do original do século XVII, mas a sua coleção de escritos consiste em descrições de práticas mágicas que sublinham especialmente a «alquimia interna». Como vimos, estas são essencialmente técnicas sexuais, de caráter idêntico ao tantrismo – mas Cagliostro aprendera-as na Alemanha com os grupos rosacruzes.


Foi com autorização de Cagliostro que o Rito de Misraïm foi criado em Veneza, em 1788. Em 1810, os três irmãos Bédarride introduziram o sistema na França, onde foi incorporado na Maçonaria do Rito Escocês Retificado.


O Rito de Misraïm foi o antecedente direto do Rito de Mênfis (Egito) – que, como vimos, fora fundado por Jacques-Étienne Marconis de Nègre, ao qual o Priorado de Sião se associou. (Os dois sistemas unificaram-se como Rito de Mênfis-Misraïm, durante o grão-mestrado de Papus, que manteve a sua direção até à morte, em 1918.) O Rito de Mênfis também estava relacionado com uma sociedade secreta, os Filadelfianos, que fora fundada pelo marquês de Chefdebien, em 1780 – outra ramificação da Estrita Observância Templária de Hund, embora fosse especialmente destinada à aquisição de conhecimento ocultista. Marconis de Nègre reforçou a estreita ligação com os filadelfianos e denominou um dos graus do seu movimento «Os Filadelfos».


Nenhum dos ritos – de Mênfis ou Misraïm – era, por si mesmo, particularmente influente. Mas, em conjunto, como Mênfis-Misraïm, eram um poder a ter em consideração, e as suas influências se alastraram, como uma onde gigantesca, pelo secreto mundo do ocultismo europeu. Entre os seus membros encontravam-se celebridades misteriosas, como o ocultista britânico Aleister Crowley, e luminares místicos, como Rudolf Steiner. E também Karl Kellner, que, eventualmente, em conjunto com Theodore Reuss, iria fundar a Ordem dos Templários do Oriente, mais conhecida simplesmente por OTO.


Esta organização era – e é – explicitamente relativa à magia sexual. E, embora seja geralmente considerada como representação da ocidentalização do tantrismo, era também o desenvolvimento lógico dos segredos ensinados no Mênfis-Misraïm – os quais provinham do conhecimento transmitido a Cagliostro pelos grupos alquímicos rosacruzes da Alemanha e pelas lojas da Estrita Observância Templária.


Crowley abandonou o rito Mênfis-Misraïm para aderir à OTO, tendo-se tomado seu grão- mestre, e Rudolf Steiner foi outra figura influente que abandonou o primeiro para ingressar na OTO. Steiner foi mais famoso pelo seu gênero «puro» de misticismo – antroposofia – e, deliberadamente, minimizou a sua associação com a OTO, com tanto êxito que muitos dos seus ardentes seguidores modernos não têm conhecimento dela. Quando morreu, no entanto, foi enterrado com as suas insígnias da OTO.


Curiosamente, Theodore Reuss escreveu que a magia sexual da OTO era: «a CHAVE que abre todos os segredos maçônicos e herméticos […]». E acrescentou, sem rodeios, que a magia sexual era o segredo dos Cavaleiros Templários.


Outra ramificação do movimento Mênfis-Misraïm tomou forma em Inglaterra, no final do século XIX: a ordem hermética Golden Dawn, cujos membros incluíam o empresário teatral Bram Stoker, mais famoso por ser o autor de Drácula, Aleister Crowley, o poeta, patriota e místico W. B. Yeats e a sociável Constance Wilde, esposa do condenado Wilde. Fundada em 1888 por Macgregor Mathers e W. Wynn Westcott, a sua linha direta de descendência remonta à Cruz Ouro e Rosa, a Ordem da Estrita Observância Templária da Alemanha, discutida no último capítulo, e muitos dos seus graus e rituais têm a mesma origem.


A Golden Dawn também praticava ritos provenientes de Mênfis-Misraïm. Afinal, a ordem devia o seu patromónio ao barão Von Hund – em última análise, as influências alemã e francesas remontam a Von Hund e aos seus ritos templaristas. A Golden Dawn é muito mais conhecida no mundo de língua inglesa do que outros grupos europeus mais exóticos.





Tem reputação de grande integridade e parece, à primeira vista, ser uma sociedade de esotéricos, que gostam de vestir trajes de cerimônia e proferir encantamentos, mas que, basicamente, eram pouco mais do que ocultistas de altos ideais, que se reuniam depois de jantar. Contudo, entre os eruditos ocultistas franceses, a Golden Dawn tem uma reputação muito mais sinistra; quando inaugurou a sua filial parisiense, em 1891, admitiu muitas das figuras mais dúbias que já discutimos, incluindo o aparentemente ubíquo Jules Bois.


De fato, mesmo a Golden Dawn inglesa tinha um aspecto pouco conhecido e mais profundo. Efetivamente, eram duas ordens distintas: por um lado, tinha um rosto público conhecido e respeitável, por outro, existia uma ordem interna, denominada a Rosa de Rubi e a Cruz de Ouro, na qual a iniciação era feita apenas por convite. A ordem externa parece ter atuado como campo de recrutamento para o secreto círculo interno, cujas práticas incluíam ritos sexuais.


É certo que a Golden Dawn guardava bem os seus segredos. Durante anos, mesmo os escritores, como Katan Shu’al, que fazem parte do mundo ocultista apenas podiam especular sobre os ritos sexuais daquela ordem. Contudo, parece que eles existiam, de fato, embora as provas sejam fragmentadas. Na realidade, parece que os elementos sexuais estiveram presentes desde a fundação da ordem. A Golden Dawn desenvolveu-se a partir de uma outra sociedade, a Societas Rosicruciana de Anglia, que teve entre os seus fundadores um certo Hargrave Jennings (1817-1890), cujos escritos eram tão explícitos quanto os de um cavalheiro vitoriano podiam ser sobre o tema da magia sexual.


Na sua obra compacta The Rosicrucians: Their Rites and Mysteries (1870), Jennings, nas palavras do autor Peter Tompkins, «sugeria, o mais insistentemente possível, que estes ritos e mistérios eram de uma natureza fundamentalmente sexual». Por exemplo, ao discutir o simbolismo sexual dos triângulos interligados que formam o Selo de Salomão (ou a Estrela de David), Jennings acrescenta, explicitamente:


[…] a pirâmide indica o correspondente poder feminino, tumefato ou emergente – não submisso, mas correspondentemente sugestivo, sincronizado no clítoris anatômico […] esse minúsculo e excêntrico objeto, que significa tudo na anatomia rosacruz.


A 18 de Julho de 1921, Moina Mathers – uma das fundadoras da Golden Dawn (e irmã do filósofo Henri Bergson) – escreveu a Paul Foster Case, tutor da filial nova-iorquina da ordem, ao saber que ele estava ensinando ritos sexuais:


Lamento que alguma coisa sobre a questão sexual se tivesse registado no templo, nesta fase, porque nós apenas começamos a abordar diretamente questões sexuais, em graus bastante mais elevados […].





Depois, quando a escritora ocultista e membro da Golden Dawn, Dion Fortune (Violet Firth era o seu verdadeiro nome) escreveu artigos sobre sexo, Moina queria expulsá-la por trair os segredos da ordem. Mas, eventualmente, teve de reconhecer que Dion Fortune não os podia ter conhecido porque não atingira os graus necessários. Comentadores, como Mary K. Greer, admitem agora que há provas que apoiam a idéia de que a Golden Dawn praticava, na realidade, magia sexual, que é considerada demasiado poderosa e preciosa para ser desperdiçada com os mais recentes membros recrutados e com graus inferiores.


Indicações sobre os segredos internos da Golden Dawn também se encontram nas palavras que descrevem uma visão conjunta que Florence Farr e Elaine Simpson, duas adeptas daquele sistema, tiveram em 1890. A primeira, uma famosa atriz do teatro londrino, também era célebre pelos seus casos amorosos com vários homens, incluindo George Bernard Shaw e o irmão ocultista W. B. Yeats. Florence e Elaine, sua colega de magia, empreenderam, em conjunto, uma viagem astral – uma espécie de aventura geminada nos Planos Interiores ou uma alucinação partilhada. Este fenômeno é uma parte muito comum da preparação mágica e faz parte da «trajetória» cabalística, uma espécie de projeção ou associação de imagens astral que se enquadra na clássica estrutura da «Árvore da Vida».


Florence e Elaine partiram para visitar a «esfera de Vênus», na sua visão mental conjunta. O culminar da sua viagem astral revestiu a forma de um encontro com um surpreendente arquétipo feminino, que disse, com um sorriso:


“Sou a poderosa; a mais poderosa do mundo. Sou aquela que não combate, mas é sempre vitoriosa. Sou aquela Bela Adormecida que os homens sempre procuraram. Os caminhos que conduzem ao meu castelo estão rodeados de perigos e ilusões. Os que não me encontram adormecem; ou podem perseguir sempre a Fata Morgana, que desencaminha todos os que sentem influência ilusória. Eu elevo-me nas alturas e atraio os homens para mim. Sou o desejo do mundo, mas poucos me encontram. Quando o meu segredo for revelado, será o segredo do Santo Graal […]”


“Dei o meu coração ao mundo, que é a minha força. O Amor é a Mãe do Homem-Deus, dando a quinta-essência da sua vida para salvar a Humanidade da destruição e mostrar-lhe o caminho para a vida eterna. O Amor é a Mãe do Cristo-Espírito, e este Cristo é o amor supremo. Cristo é o coração do amor, o coração da Grande Mãe ÍSIS, a Ísis da Natureza. Ele está na expressão do poder dela. Ela é o Santo Graal, e Ele é o sangue vital do Espírito que se encontra na taça”.


Estas palavras eram acompanhadas de vivas imagens de uma taça que continha um fluido cor de rubi e uma cruz de três braços.


À primeira vista, isto pode parecer uma trapalhada, típica da «New Age», com Jesus e a deusa egípcia ÍSIS confundidos com a noção do santo Graal, simplesmente porque parece arcano e místico. Mas, como escreveu o falecido perito ocultista Francis X. King, há dois pontos importantes nesta visão: «O primeiro é a identificação da Virgem Maria, `Mãe do Homem-Deus’, com Vênus, deusa do amor – isto é, o amor sexual, eros, não ágape. O segundo é a identificação do Graal… com Vênus, o arquétipo do yoni ou órgão de reprodução feminino.”


Muitos leitores modernos talvez interpretassem cinicamente a visão conjunta destas senhoras como uma espécie de realização desejada, uma fantasia sexual conjunta, especialmente se considerarmos a colorida reputação de Florence Farr, a contrapartida britânica de Emma Calvé. Contudo, foi suposto que a visão tivesse revelado um segredo, que estava em harmonia com a filosofia mágica da Golden Dawn, e Francis X. King mostrou-se intrigado quanto à origem das imagens que as duas mulheres referiram, considerando que a sociedade não estava, supostamente, relacionada com qualquer tipo de rito sexual. Esta visão, no entanto, sugere fortemente que estava, embora também estes ritos pareçam estar destinados apenas aos iniciados nos mais altos graus, o círculo interno.





ÍSIS e MAAT


É significativo que a visão associe ÍSIS ao Graal e ao sexo, o que não teria sido estranho aos alquimistas, aos gnósticos ou aos trovadores. Que o Graal – considerado aqui como a taça tradicional – seja um símbolo feminino é facilmente compreendido pela nossa sociedade pós-freudiana, mas era ainda uma revelação para os que a antecederam. Mas, aqui, o fluido vermelho, o sangue que ele contém, é transportado por ÍSIS…


Curiosamente, o tema da Bela Adormecida, mencionada no relato da visão das duas mulheres, também figura largamente em Le serpent Rouge (A Serpente Vermelha), o texto-chave do Priorado de Sião. A busca da Bela Adormecida é um tema repetido e está entrelaçado com o da demanda da rainha de um reino perdido. Como vimos, esse documento também revela uma preocupação com Maria Madalena e ÍSIS, combinando as duas, de forma característica, na mesma figura.


A demanda de uma rainha é uma imagem alquímica, portanto não nos devíamos surpreender por encontrar estas personificações de sexualidade – Madalena e ÍSIS – como seu objeto. Curiosamente, embora, mesmo atualmente, o papel da sexualidade dos movimentos heréticos e ocultistas quase não seja reconhecido ou admitido, a sua importância dificilmente pode ser exagerada. O sexo nunca foi uma questão secundária ou um ponto fraco pessoal, mas esteve no âmago das mais poderosas organizações secretas.


A tradição que mais nos interessa, e que é o motivo desta investigação, está dependente, de fato, do conceito de sexualidade sagrada. Como vimos, esta tradição parece ser constituída por dois ramos principais – o da reverência pela Madalena e o da reverência por João Batista. Nesta fase da nossa investigação, encaramos a possibilidade de que Madalena fosse apenas uma figura simbólica, que representava a ideia de sexo sagrado, e que a sua imagem não estivesse relacionada com nenhuma personalidade histórica real. Em qualquer caso, a relação entre Maria Madalena e o sexo não é difícil de compreender e parece perfeitamente natural.


Mas não é assim, na realidade, quando consideramos o ramo de João Baptista e a ideia de sexualidade sagrada. O relato bíblico e a tradição cristã criaram a imagem duradoura e fascinante de um homem que era extremamente ascético – uma espécie de imagem de John Knox -, de moral intransigente e de inflexível celibato. Como podia, exatamente ele, ter sido importante para qualquer culto baseado em práticas sexuais? Superficialmente, parecia que não havia, e nunca poderia haver, semelhante relação – mas, repetidamente, a nossa investigação revelava que gerações de ocultistas, pelo menos, acreditavam que ela existia. E, como vimos no caso da Golden Dawn, as primeiras impressões dos grupos ocultistas podem ser muito enganadoras. A sua verdadeira raison d’être pode ter implicações surpreendentes.


Florence Farr e os seus colegas da Golden Dawn pertenciam a um vasto círculo de ocultistas internacionais, que incluíam Pèledan e Emma Calvé. As sociedades a que estavam ligados eram extremamente influentes e foi aquela rede de sociedades que constituiu a estrutura de um dos mais famosos mistérios de França; um mistério que tem uma relação particular com o Priorado de Sião.





O foco de todos os Dossiers Secrets e do material afim emanados do Priorado de Sião é, inequivocamente, o mistério de Rennes-le-Château. Por exemplo, Le serpent rouge fez repetidas alusões a lugares situados naquela aldeia e em seu redor. Dificilmente podíamos evitar voltar a nossa atenção para Rennes-le-Château, e encontramo-nos, mais uma vez, no Languedoc – a pátria da heresia.
Continua …
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09.09.15

A Revelação Templária – 7B 

 Sexo o Sacramento Final

Posted by Thoth3126 on 17/03/2015

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A Revelação Templária – 7B – Sexo o Sacramento Final

Originalmente publicado a 17/03/2015


Já vimos que as raízes da alquimia eram de natureza sexual e que o culto da rosa e do cavalheirismo praticado pelos trovadores, pode ser interpretado como a veneração de Eros, o deus do amor.

Constatamos que os construtores (os Cavaleiros Templários) das grandes catedrais, como a de Chartres, investiram fortemente no símbolo da rosa vermelha e ergueram santuários das Madonas Negras, com todas as suas poderosas associações pagãs.

Também podemos considerar que o Graal, como taça, é um símbolo feminino, e – numa atitude excepcionalmente gritante – , na história de Tristão e Isolda, o grande herói do Graal, Tristão, muda o seu nome para Tantris…

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 07B – SEXO: O SACRAMENTO FINAL – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

Capítulo VII B – SEXO: O SACRAMENTO FINAL


… De fato, o romancista Lindsay Clarke descreve a poesia amorosa dos trovadores como os «textos tântricos do Ocidente». Nas lendas do Graal, a maldição da Terra é devida à perda da potência sexual do rei, simbolizada, muitas vezes, por ter sido «ferido na coxa».


Em Parsifal de Wolfran, ela é mais explícita; a ferida é nos órgãos genitais. Isto tem sido considerado como uma resposta à repressão da sexualidade natural, por parte da Igreja de Roma“. A consequente estagnação espiritual só pode ser afastada por uma demanda do Graal, o qual, como vimos, está sempre especificamente associado às mulheres (ao PODER FEMININO). Uma pintura italiana do século XV, que representa os cavaleiros do Graal adorando Vênus (consultar a primeira secção de ilustrações), não deixa margem para dúvida quanto à verdadeira natureza dessa busca.





O que é sublinhado, nas lendas do Graal e na tradição do amor cortês dos trovadores, é a elevação espiritual das mulheres e o respeito por elas. É significativo, como sugerimos, que os dois ramos desta tradição tivessem, no mínimo, algumas das suas raízes no sudoeste da França, a região da heresia Gnóstica dos Cátaros.


A maior parte dos investigadores modernos pensam que o tantrismo chegou à Europa através do contato com a seita mística (Pérsia) islâmica dos sufis, que introduziram ideias da sexualidade sagrada nas suas crenças e práticas. É inegável que há um estreito paralelo entre as formas de linguagem usada pelos trovadores e pelos sufis para expressar estas ideias. Mas o tantrismo enraizou-se na Provença e no Languedoc porque já existia uma tradição semelhante naquela área? Já vimos que o Languedoc tinha a tradição de apoiar a igualdade das mulheres.


E quando a mania da bruxaria lançou a sua primeira sombra em Toulouse, o que se esperava, de fato, erradicar? De novo nos confrontamos com a personificação daquele culto do amor – Maria Madalena. Outra mulher que avaliou o potencial místico do sexo foi a católica Santa Hildegard de Bingen (1098- 1179), relativamente desconhecida, até há pouco tempo. Como escrevem Mann e Lyle:


Grande visionária, Hildegard escreveu acerca de uma figura feminina, uma imagem inconfundível da deusa, que lhe surgiu durante uma profunda meditação:


“Então, pareceu- me ver uma jovem de incomparável beleza, cujo rosto irradiava um brilho tão esplendoroso que não pude contemplá-lo integralmente. Usava um manto mais branco que a neve, mais brilhante que as estrelas, e os sapatos eram de ouro puro. Na mão direita sustentava o Sol e a Lua, e acariciava-os com amor. No peito, tinha uma placa de marfim, na qual, em tons de safira, estava representada a imagem de um homem. E toda a criação chamava esta rapariga de senhora soberana.


A rapariga começou a falar para a imagem que tinha sobre o peito: «Estava contigo desde o princípio, no alvorecer de tudo o que é sagrado, dei-te à luz antes do nascer do dia.» E ouvi uma voz que me dizia: «A jovem que tu contemplas é o Amor; a sua morada é na Eternidade.» Hildegard, como todos os amantes corteses medievais, acreditava que os homens e as mulheres podiam atingir a divindade através do amor recíproco, de modo que «toda a Terra se assemelhasse a um único jardim de amor». E este amor deveria ser total, uma expressão completa de união que envolvia o corpo, alma e espírito, porque, segundo as suas palavras: «É o poder da própria eternidade que criou a união física e decretou que dois seres humanos se transformassem fisicamente num só.»


Hildegard era uma mulher notável: imensamente instruída, especialmente em assuntos médicos. O seu grau de educação é inexplicável – ela própria o atribuiu às suas visões. Talvez seja uma alusão velada a alguma escola de mistério ou a um idêntico repositório de conhecimento. Curiosamente, muitos dos seus escritos revelam familiaridade com a filosofia hermética.





Esta famosa abadessa também escreveu descrições pormenorizadas – e exatas – do orgasmo feminino, incluindo contrações uterinas. Parece que o seu conhecimento era mais do que teórico, o qual, segundo se afirma, era invulgar numa santa. Quaisquer que fossem os segredos da sua formação interior, ela teve uma grande influência em S. Bernardo de Clairvaux, patrono e inspirador da Ordem dos Cavaleiros Templários.


Estes monges guerreiros podiam parecer constituir uma forte objeção à ideia de uma continuada tradição secreta de um culto herético do amor. Ostensivamente celibatários (embora existissem persistentes rumores de uma larga prática de homossexualidade templária), parece improvável que eles fossem, no mínimo, expoentes práticos de uma filosofia que celebrava a sexualidade feminina. Mas existem claras indicações dessa ligação na obra de um dos seus mais devotados apoiantes – o grande poeta florentino Dante Alighieri (1265-1321).


Há muito que se reconheceu que os seus escritos contêm temas gnósticos e herméticos – por exemplo, no século passado, Eliphas Lévi descreveu o Inferno de Dante como sendo «joanino e gnóstico». O poeta foi diretamente inspirado pelos trovadores do sul da França e foi membro de uma sociedade de poetas, que se intitulavam os fidele d’amore – «os fiéis seguidores do amor». Considerados, durante muito tempo, um círculo estético, os “eruditos modernos” começaram a descobrir que eles foram inspirados por motivações mais secretas e esotéricas.


O respeitado acadêmico William Anderson, no seu estudo Dante The Maker, descreve os fidele d’amore como uma irmandade (sociedade) secreta, empenhada em alcançar a harmonia entre o lado sexual e emocional das suas naturezas e as suas aspirações intelectuais e místicas. Anderson apoia-se nas investigações de eruditos franceses e italianos, que concluíram que «as damas que todos estes poetas veneravam não eram mulheres de carne e osso, mas que todas elas eram máscaras do ideal feminino, Sapientia ou Sabedoria (Sophia) Sagrada» e que a Senhora destes poemas era… uma alegoria da Sabedoria (Sophia) Divina, que também era desejada.


Anderson – assim como seu colega Henry Corbin – considera o caminho espiritual de Dante como a busca da iluminação através do misticismo sexual, tal como fizeram os trovadores. Henry Corbin afirma:


Os fidele d’amore, companheiros de Dante, professam uma religião secreta […] a união que conjuga o possível intelecto da alma humana com a Inteligência Ativa […] Anjo de conhecimento, ou Sophia-Sabedoria, é visualizada e experimentada como uma união de amor.


Mais notável, no entanto, é a ligação que Dante e os seus colegas místicos apresentam com os Cavaleiros Templários. Foi um dos seus mais entusiásticos apoiantes, mesmo após a sua extinção, quando era desaconselhável estar ligado a eles. Na sua Divina Comédia, Dante estigmatiza Filipe, o Belo, como o «novo Pilatos», pelos seus atos contra a Ordem dos Cavaleiros Templários. O próprio Dante é considerado como tendo sido membro de uma ordem Templária terciária, denominada La Fede Santa. Estas ligações são demasiado sugestivas para serem ignoradas – talvez Dante não fosse a exceção, mas a regra, dos Templários, que estavam envolvidos num culto do amor. Anderson afirma:


Em face disto, os Templários, como ordem militar celibatária, pareceriam ser o canal de comunicação mais improvável para os temas dedicados a louvar as belas damas. Por outro lado, os Templários estavam impregnados da cultura do Oriente e muitos podem ter contatado com as escolas dos místicos e esotéricos sufis […]





A ruiva Madalena,o Graal (Taça) e a pomba, o simbolo católico para o “Espirito Santo”…


Anderson passa a resumir as conclusões de Henry Corbin:


A ligação entre Sapientia [Sabedoria-Sophia] e as imagens do Templo de Salomão, juntamente com as suas associações com a peregrinação do Grande Círculo, levam a colocar a hipótese de uma ligação entre os Fidele d’Amore e os Cavaleiros Templários, a ponto de os considerar uma confraria leiga da Ordem.


Juntamente com as provas revolucionárias descobertas por investigadores como Niven Sinclair, Charles Bywaters e Nicole Dawe, isto sugere insistentemente que, no mínimo, a ordem interna dos Cavaleiros Templários fazia parte de uma tradição secreta que venerava o Princípio Feminino da divindade.


Do mesmo modo, o controverso ramo dos Templários – o Priorado de Sião – sempre teve membros femininos, e a lista dos seus grão-mestres inclui quatro mulheres, o que é particularmente estranho no período medieval, quando se esperaria que o sexismo estivesse no seu auge. Como grão-mestres, estas mulheres teriam possuído um verdadeiro poder – e, sem dúvida, este papel exigia alto nível de integridade e a capacidade para conciliar interesses e egos contraditórios, a vários níveis. Embora pareça estranho que as mulheres tenham estado ao leme de uma organização supostamente tão poderosa numa época em que a literacia feminina não era, de modo algum, comum parece menos peculiar no contexto de uma tradição secreta de adoradores da deusa, do princípio feminino da divindade.


Servindo de base a muitas das escolas de mistério posteriores, se encontram os rosacruzes, cujo interesse no misticismo sexual está presente no seu próprio nome: a conjugação da cruz fálica e da rosa feminina. Este símbolo de união sexual evoca a antiga cruz fendida dos egípcios (ankh): sendo a vertical o falo, e a fenda, em forma de amêndoa, a vulva. Os rosacruzes, com o seu misto de sabedoria alquímica e gnóstica, compreenderam inteiramente os princípios subjacentes, como explicava o rosacruz do século XVII, o alquimista Thomas Vaughan: «[…] a própria vida (universal) não é mais do que uma união dos princípios masculino e feminino, e aquele que compreender perfeitamente este segredo sabe… “usar” a sua esposa…» (Recordemos a enorme rosa, aos pés da cruz, no mural de Cocteau, em Londres – uma clara alusão rosacruz.


E, curiosamente, a imagem rosacruz encontra-se no túmulo templário de Sir William St. Clair… ) Mesmo que existam, como vimos, evidências de que os Templários, os alquimistas e o Priorado de Sião fossem especiais devotos de um culto do amor pelo feminino divino, parece haver poucas possibilidades de que esta linha de filósofos herméticos, decididamente masculina, tivesse qualquer ligação com uma organização feminina – ou talvez feminista. Aqui, também a sua imagem superficial é enganadora.


O próprio Leonardo tem sido considerado como um misógino homossexual, e é verdade que ele manifestou pouco amor pelas mulheres, tanto quanto sabemos. A mãe, a misteriosa Catarina, parece tê-lo abandonado na primeira infância, embora, muitos anos mais tarde, tenha vivido junto dele, até ao fim da vida – é certo que Leonardo tinha uma governanta, a quem se referia, ironicamente, por «La Caterina» e cujo funeral ele pagou. Leonardo pode ter sido homossexual, mas isso nunca impediu a adoração dos homens pelo Princípio Feminino – muitas vezes, é exatamente o contrário.





ÍSIS negra, a MÃE de todos os SÓIS …


Os ícones homossexuais são, classicamente, mulheres fortes e enérgicas, que tiveram vidas traumáticas – tal como Maria Madalena e a própria ÍSIS. Além disso, sabe-se que Leonardo era muito íntimo de Isabella d’Este, uma mulher inteligente e educada. Embora seja levar a especulação demasiado longe, sugerir que ela fosse membro do Priorado ou de alguma escola secreta «feminista», essa familiaridade pode implicar que, no mínimo, Leonardo aprovava a literacia feminina.


O hermético florentino Pico della Mirandola dedicou muitas palavras ao tema do poder feminino. O seu livro La Strega (A Bruxa) narra a história de um culto italiano baseado em orgias sexuais e presidido por uma deusa. E, o que é mais significativo, ele compara esta deusa à «Mãe de Deus». Mesmo Giordano Bruno, notoriamente masculino, estava profundamente envolvido com o feminino.


Durante a sua estada na Inglaterra, entre 1583 e 1585, Mirandola publicou vários livros que delineavam a filosofia hermética que se encontra em qualquer compêndio de História. Contudo, o que é habitualmente ignorado é o fato de ele também ter publicado um livro de apaixonada poesia amorosa intitulado De Gli Eroico Furori (Do Furor Heróico), dedicado ao seu amigo e patrono Sir Philip Sidney. Não é um hino a um entusiasmo passageiro nem um mero vislumbre da vida secreta, até então desconhecida, de um galanteador. Embora se reconheça que esta poesia tem um nível mais profundo, muitas autoridades consideram que ela é apenas uma expressão alegórica de vivência hermética. Na realidade, o amor expresso (pelo princípio feminino) nestas obras não era alegórico, mas literal.


O Furori do título é, para citar Frances Yates: «Uma experiência que torna o amor “divino e heróico” e que se pode comparar ao transe do furor do amor apaixonado.» Por outras palavras o que observamos, mais uma vez, é um conhecimento dos poderes transmutacionais do sexo sagrado.


Nestes poemas, Bruno referia-se a um estado alterado de conhecimento consciente, no qual o hermético se apercebe da sua potencial divindade. Esta percepção é expressa como o êxtase da completa união com a outra metade. Como afirma Dame Frances: «[…] penso que o verdadeiro objetivo da vivência religiosa de Eroici furori é a gnose hermética, é a poesia de amor místico do homem mago, que foi criado divino, com poderes divinos, em vias de voltar a ser divino, com poderes divinos».

Contudo, considerando a tradição que Giordano Bruno seguia, é evidente que estes sentimentos não eram apenas metafóricos. Esta insistência na iluminação através do sexo sagrado era parte integral da filosofia e da prática herméticas. O conceito de sexualidade sagrada está totalmente de acordo com as palavras do próprio Hermes Trismegisto, em Corpus Hermeticum:


“Se odiares o teu corpo, meu filho, não te podes amar a ti mesmo”.

Herméticos, como Marsilio Ficino, identificaram quatro estados de conhecimento alterado, nos quais a alma se reúne com o Divino, cada um deles associado a uma figura mitológica: a inspiração poética, sob a proteção das musas; o entusiasmo religioso, associado a Dionísio; o transe profético, sob a proteção de Apolo; e todas as formas de amor intenso, sob a proteção de Vênus. Este último é o clímax, em todos os sentidos, porque é nele que a alma, na realidade, alcança a reunião com o Divino.


Curiosamente, os historiadores sempre interpretaram literalmente os primeiros três destes estados alterados, mas optaram por interpretar o último, o rito de Vénus, como simples alegoria ou um gênero de amor impessoal ou espiritual. Mas, se fosse esse o caso, os herméticos dificilmente o associariam a Vênus! O aparente recato dos historiadores, relativamente a este ponto, deve-se à ignorância generalizada da tradição secreta. Este é outro exemplo de conceitos, outrora considerados obscuros e que se tornam claros como cristal logo que a ideia de sexualidade sagrada é tomada em consideração.


O grande mágico hermético Cornélio Agripa (1486-1535) torna a questão mais explícita. Na sua obra clássica “De Oculta Philosophia”, Agripa escreveu: «Quanto ao quarto furor, proveniente de Vênus, transforma e transmuta o espírito do homem num deus, pelo ardor do amor, e torna-o inteiramente semelhante a Deus, como verdadeira imagem de Deus.» É de notar o uso do termo alquímico transmuta, que é geralmente tomado como referência à preocupação tola e fútil de tentar transformar chumbo em ouro.





ÍSIS e MAAT

Aqui, no entanto, o que se procura é um bem precioso, de gênero muito diferente. Agripa também sublinha que a união sexual está «cheia de dons mágicos». O lugar de Agripa, nesta tradição herética, não devia ser subestimado. O seu tratado De Nobilitate et Praecellentia Foeminei Sexus (Da Nobreza e Superioridade do Sexo Feminino), que foi publicado em 1529, mas baseado na sua dissertação de vinte anos antes, é muito mais que um apelo, notavelmente moderno, aos direitos das mulheres.

Esta espantosa obra de Agripa foi menosprezada, até há muito pouco tempo, por uma razão lamentavelmente previsível. Porque advogava a igualdade de sexos – defendendo mesmo a ordenação de mulheres -, foi interpretada como sátira! É uma mancha sinistra na nossa cultura que esta obra veemente, a favor das mulheres, fosse considerada como um gracejo. Mas parece claro que Agripa não estava gracejando.


Não defendia apenas a causa do que chamaríamos os direitos das mulheres – que o seu estatuto político fosse redefinido -, mas tentava transmitir o princípio que inspirou essa campanha. A professora Barbara Newman, da Universidade de Northwest, Pensilvânia, no seu estudo deste panfleto, escreve:


[…] mesmo um leitor compreensivo não podia ter a certeza se Agripa apelava a uma Igreja sem discriminação de sexos e com igualdade de oportunidades ou a uma forma de culto do feminino.

Newman e outros eruditos investigaram as várias raízes da inspiração de Agripa, as quais incluíam a cabala, a alquimia, o hermetismo, o neoplatonismo e a tradição trovadoresca. E, de novo, a busca de Sophia (Sabedoria) é citada como sendo uma influência importante. Seria um erro pensar que Agripa apenas defendia o respeito e a igualdade das mulheres. Ele foi muito mais longe. Na sua perspectiva, a mulher devia ser literalmente venerada:


Ninguém, que não seja completamente cego, pode deixar de ver que Deus reuniu toda a beleza de que o mundo inteiro é capaz na mulher, de modo a que toda a Criação ficasse deslumbrada com ela, a amasse e venerasse, sob muitos nomes.


(E é curioso que Agripa, tal como os alquimistas, acreditasse que o sangue menstrual tivesse uma particular aplicação prática e mística. Acreditavam que ele continha um elixir, ou produto químico, único, que, ingerido de determinado modo, usando técnicas antigas, garantia o rejuvenescimento físico e conferia sabedoria. É evidente que nada podia estar mais longe da atitude da Igreja e da verdade.)


Agripa não era um simples teórico, e também não era covarde. Não só casou três vezes como conseguiu o que podia ter parecido impossível: defendeu uma mulher acusada de bruxaria – e ganhou.


Vaughan, Giordano Bruno e Agripa eram homens, e é tentador suspeitar de que eles desfrutavam desta felicidade sexual apenas em benefício próprio, mesmo que fosse profundamente espiritual. Contudo, embora se possa afirmar que alguma mulher que ousasse escrever sobre estes temas seria presa por bruxaria, também é verdade que apenas se considerava que o rito de Vênus teria «resultado» se os dois parceiros tivessem alcançado os mesmos objetivos (evolutivos). A ideia era a dos opostos e iguais, em harmonia procurando o mesmo objetivo e recebendo a mesma iluminação, como parceiros, tal como na ideia chinesa de o ser total ser composto de yin e yang.





O EQUILÍBRIO entre opostos complementares, masculino e feminino e a BALANÇA da justiça…


Giordano Bruno não era homem para esconder as suas crenças. Nas suas últimas obras publicadas, empregou imagens sexuais ainda mais explícitas – mas mesmo estas foram ignoradas pelos historiadores; se são mencionadas em obras de referência, geralmente são explicadas como sendo alegóricas. Não só estas mas também outras referências explícitas – e associadas – das suas obras são, por hábito, ignoradas. Quando Bruno se refere a uma «deusa» como a dama anônima, a quem a sua poesia lírica é dedicada, essa referência é interpretada como sendo um epíteto afetuoso. E, mais tarde, quando fez a sua palestra de despedida na Alemanha, afirmando, sem rodeios, que a deusa Minerva era Sofia (a “sabedoria”), esta afirmação foi tomada por outra alegoria. Mas as suas verdadeiras palavras foram, inequivocamente, as de um praticante do culto da deusa:


Amei-a e procurei-a, desde a minha juventude, e desejei-a para minha esposa, e tornei-me amante da sua forma… e supliquei… que ela fosse enviada para habitar comigo, e trabalhar comigo, para que eu pudesse conhecer o que ela me faltava […]


Mais fascinante, no entanto, é o fato de na sua dedicatória de Eroici Furori ele o comparar ao Cântico dos Cânticos”. Novamente, somos confrontados com o culto da Madona Negra e, por associação, com o de Madalena. (Outro grande escritor hermético/rosacruz da época, que era conhecido por William Shakespeare -Francis Bacon, dedicou os seus sonetos a uma misteriosa Dama Negra cuja identidade tem alimentado intermináveis debates de gerações de críticos. Embora pudesse acontecer que ela fosse uma mulher verdadeira – ou mesmo um homem -, também é verosímil que ela representasse, ao fundo, a Madona Negra, a deusa negra (ÍSIS). Na verdade, os herméticos simbolizavam um determinado estado alterado – um gênero de transe especializado – como a dama de pele negra.)


Os fortes ataques de Bruno à crença católica conduziram-no a uma morte terrível condenadopor heresia pela “santa” igreja romana e serviram de aviso a outras pretensas almas corajosas. O atroz holocausto dos julgamentos de bruxaria, como vimos, também reforçou, entre os «heréticos», a necessidade de circunspecção (e devemos recordar que, embora as mortes pelo fogo tivessem terminado há muito, a última acusação de uma mulher, ao abrigo da lei da Feitiçaria no Reino Unido, ocorreu apenas em 1944). Mas o conhecimento transcendental, como segredo específico do mundo secreto ocultista, não estava limitado aos indivíduos e não se extinguiu com eles.


Existe alguma dificuldade de reconstituir uma tradição direta da sexualidade sagrada da Europa, devido ao antagonismo e perseguição da Igreja romana, face a essa tradição e à subsequente necessidade de segredo entre os guardiães deste conhecimento. No entanto, nos séculos XVII e XVIII, a Alemanha parece ter-se transformado na pátria desta tradição, embora, até recentemente, ela tivesse sido muito pouco investigada. Segundo os modernos investigadores franceses – como Denis Labouré -, a prática da «alquimia interna» centralizou-se na Alemanha, em várias sociedades ocultistas e/ou secretas. Outra investigação recente, incluindo a do Dr. Stephan E. Flowers, confirmou que o ocultismo alemão deste período era essencialmente de natureza sexual.


Um problema para os investigadores desta área é que as provas de cultos sexuais tendem a provir da Igreja, ou, no mínimo, daqueles que consideravam satanismo tudo o que estava relacionado com o sexo. Quando estes movimentos se vêem perseguidos, os seus regisrtos são destruídos ou censurados e tudo o que resta é a versão dos acontecimentos relatada pelos seus inimigos. Isto aconteceu aos cátaros e aos Cavaleiros Templários e atingiu o seu terrível auge nos julgamentos de bruxaria pelaInquisição. Vemos que este processo se verifica sempre que se expressam ideias sobre a sexualidade sagrada – como voltou a acontecer em França no século XIX.


Nessa época, surgiram vários movimentos interligados que – embora florescessem no seio da Igreja Católica e se centrassem em pessoas que se consideravam bons católicos – incluíam conceitos de sexualidade sagrada e da elevação do Feminino (geralmente, sob a forma exterior da Virgem Maria) e estavam associados a uma misteriosa sociedade «joanina» – desta vez, especificamente relacionada com João Batista.


Esta série de acontecimentos é muito difícil de esclarecer, principalmente porque, além das ideias heterodoxas e dos conceitos de sexualidade sagrada, que levaram o movimento a ser declarado imoral, eles também estavam ligados a causas políticas que despertaram a hostilidade das autoridades. Por conseguinte, quase todos os relatos de que dispomos provêm dos seus inimigos.





Giordano Bruno, queimado pela igreja romana por heresia…


Os motivos políticos destes grupos estão fora do âmbito da presente investigação, embora fossem muito importantes para as pessoas envolvidas nessa época. É suficiente dizer que elas apoiavam as pretensões de um certo Charles Guillaume Naündorff (1785-1845), que se vangloriava de ser Luís XVII (que se pensava ter sido morto em criança, juntamente com seu pai, Luís XVI, durante a Revolução Francesa).


Um destes grupos era a Igreja do Carmelo, também conhecida por Oeuvre de la Misericorde (Obra de Misericórdia), instituída em meados do século XIX por um certo Eugène Vintras (1807-1875). Um pregador carismático e fascinante, Vintras atraiu a nata de alta sociedade para o seu movimento, o qual, não obstante, depressa se tornou foco de acusações de diabolismo. Sem dúvida que os seus rituais tinham um conteúdo de natureza sexual, no qual (segundo as palavras de Ean Begg) «o maior sacramento era o ato sexual».


Para agravar a situação, no que dizia respeito às autoridades, Vintras e Naündorff passavam a responsabilidade um ao outro. Assim, inevitavelmente, Vintras viu-se envolvido num julgamento espectacular. Acusado de fraude – embora as alegadas vítimas negassem que existira qualquer crime -, foi condenado a cinco anos de prisão, em 1842. Quando foi libertado, partiu para Londres e foi então que um antigo membro da sua Igreja – um sacerdote chamado Gozzoli – escreveu um panfleto acusando-o de todo o género de orgias sexuais.


Embora o panfleto possa ser considerado produto de uma imaginação exaltada, algumas das acusações podem ter sido baseadas em fatos. Depois, em 1848, a seita foi declarada herética pelo papa e todos os seus membros foram excomungados. Como resultado, a seita tornou-se independente e exibiu sacerdotes masculinos e femininos – tal como os cátaros, embora não seja claro que o culto de Vintras seguisse os nobres princípios dos primeiros.


A apoiar Vintras e Naündorff encontrava-se uma seita misteriosa, conhecida por «Os Salvadores de Luís XVII» ou os Joaninos. Este grupo remonta a 1770 e parece ter participado na agitação civil que precedeu a Revolução. Ao contrário dos joaninos «maçônicos», já discutidos, este grupo não tinha dúvidas quanto ao S. João que venerava – era o Batista. Depois da Revolução, os joaninos interessaram-se pela restauração da monarquia. Foram os grandes responsáveis pela promoção de Naündorff a pretendente ao trono e também apoiaram movimentos «proféticos» como o de Vintras.


Outro auto-intitulado «guru» da época – Thomas Martin, que, meteoricamente, ascendeu de camponês a conselheiro do rei – foi apoiado pelos joaninos que, além disso, parecem ter «encenado» certas aparições da Virgem – como as de La Salette, no sopé dos Alpes ocidentais, em 1846. É difícil dizer com exatidão o que estava acontecendo, mas é possível identificar os fios mais importantes que atravessam certos acontecimentos, aparentemente associados.


Em primeiro lugar, foi feita uma tentativa para regenerar o catolicismo, a partir do seu seio, o que implicava a substituição do dogma oficial – baseado na autoridade de Pedro (portanto patriarcal) – por um cristianismo místico e esotérico, uma crença de que estava a alvorecer era uma em que o Espírito Santo estaria em ascenção. Uma característica deste movimento era a elevação do Sagrado Feminino, sob a forma exterior da Virgem Maria, mas que não tardou a adquirir um caráter abertamente sexual e começou a parecer fortemente hostil à Igreja. A visão de La Salette – que foi condenada pela Igreja – era central para este plano. E, de algum modo, o papel de João Batista nestes acontecimentos era crucial.


O movimento também estava ligado à tentativa de fazer reconhecer Naündorff como legítimo rei de França, provavelmente porque, se tivesse êxito, Naündorff teria sido favorável a esta nova forma de religião (tendo já apoiado Vintras). Curiosamente, Melanie Calvet, a rapariga que teve a visão de La Salette, tinha-se declarado favorável a Naündorff. E é interessante que a Igreja tivesse reagido enviando-a para um convento de Darlington, no noroeste de Inglaterra, onde não podia causar mais danos. A atuação combinada da Igreja e do Estado impediram que se realizasse o grande plano do movimento, e tudo o que aconteceu, de fato, está agora soterrado por uma avalanche de escândalos e de insinuações.





Mas, indubitavelmente, é significativo que a reação da Igreja a esta ameaça fosse proclamar a Imaculada Conceição de Maria um artigo de fé, em 1854. (Esta doutrina iria ser convenientemente endossada pela própria Virgem Maria, quando apareceu a uma rapariga camponesa, Bernardette Soubirou, em Lourdes, quatro anos depois, embora a rapariga, de início, descrevesse a sua visão simplesmente como «aquela coisa».)


Profetas, como Martin e Vintras, parecem ter sido «manipulados» pelos joaninos e não fizeram, na realidade, parte da seita. O elo de ligação entre eles e Vintras foi a mentora deste, uma certa Madame Bouche, que residia em Paris, na Place St. Sulpice, e que tinha o nome, esplendidamente sugestivo, de «irmã Salomé». (A Igreja do Carmelo de Vintras ainda estava em atividade em Paris nos anos 40, e constava que existia um grupo em Londres, nos anos 60 deste século.)

Continua …
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02.09.15

A Revelação Templária – 7A 

 Sexo o Sacramento Final

Posted by Thoth3126 on 09/03/2015

Santo-graal

CAPÍTULO VII – SEXO O SACRAMENTO FINAL

Os velhos textos alquímicos estão cheios de imagens confusas e complicadas – de forma  deliberada, porque se destinavam a desencorajar os não-iniciados de descobrirem os seus  segredos. 
No entanto, como vimos, a alquimia, no seu nível mais profundo, estava  interessada na transformação pessoal, espiritual e sexual, e os seus segredos estavam  relacionados com as técnicas destinadas à realização desta «Grande Obra». 
Na verdade,  reconhecendo as profundas preocupações não materiais e sexuais da alquimia, o psicólogo C. Gustav Jung considerou-a a precursora da psicanálise…
Edição e imagens:  Thoth3126@gmail.com

Capítulo 07A – SEXO: O SACRAMENTO FINAL  – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de  Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

Capítulo VII A – SEXO: O SACRAMENTO FINAL

… Como vimos, a «Grande Obra» do alquimista era uma experiência rara e transformadora de  vida e ninguém sabe, ao certo, a forma de que ela se revestia. Contudo, Nicholas Flamel (suposto  grão-mestre do Priorado de Sião), que obteve este brilhante galardão, a 17 de Janeiro de  1382, em Paris, sublinhou que o conseguira em companhia da sua mulher, Perenelle.  
Parece que eles constituíam um casal muito dedicado: segundo parece, Perenelle também  era alquimista – muitas mulheres o eram, em segredo. Mas Flamel sublinhou a sua  presença, naquele dia fatídico, como indicação da verdadeira natureza da Grande Obra? Há  uma sugestão de que ela revestia a forma de algum gênero de rito sexual?

alquimia
A Alquimia dos quatro elementos …
Não há dúvida quanto à existência de, pelo menos, uma componente sexual na prática de  alquimia, como revela o clássico texto alquímico A Coroa da Natureza, citado em Alchemy  de Johannes Fabricius:

A dama de pele branca, amorosamente unida a seu marido, de membros de cor rosa,  envolvidos nos braços um do outro, na felicidade da união conjugal. Fundem-se e diluem-se quando atingem a meta da perfeição. Os dois tornam-se um só, como se fossem um só  corpo.

Significativamente, existem duas disciplinas orientais que sublinham a transcendência  religiosa e espiritual da sexualidade: o tantra indiano e o taoísmo chinês. Ambos são  disciplinas antigas – e muito respeitadas nas suas culturas – e realçam o potencial de certas práticas sexuais para atingir o conhecimento místico, a regeneração física, a longevidade e a unidade com Deus.  Atualmente, muitas destas ideias são largamente conhecidas, mas o que não é  reconhecido, para além dos próprios grupos de iniciados, é que, surpreendentemente, tanto  o tantra como o taoísmo têm um ramo alquímico. Como veremos, isso harmoniza-se com a  verdadeira natureza da alquimia ocidental.

Por exemplo, no tantrismo, a terminologia «química» é interpretada como representação de  práticas sexuais. Como afirma Benjamin Walker, um escritor ocultista, em Man, Myth and  Magic:
Embora ostensivamente (aparentemente) interessada na transmutação dos metais mais vis em ouro, nas retortas, instrumentos e aparelhos da atividade, e nos gestos rituais do alquimista, na sua  sala de trabalho, esta alquimia ocorre, de fato, no interior do próprio corpo humano.
Ironicamente, os elementos sexuais da alquimia ocidental têm sido interpretados como  metáfora dos processos químicos! Como comenta Brian Innes, no seu artigo de The  Unexplained, acerca da alquimia sexual tântrica e taoísta:
A estreita semelhança das imagens – e das substâncias utilizadas – da alquimia de todas estas culturas é surpreendente. A grande diferença é igualmente surpreendente: a alquimia  medieval europeia não parece ter tido qualquer base sexual explícita.
Existia, no entanto, uma grande diferença entre as imagens públicas e os níveis de  aceitabilidade do Oriente e do Ocidente. Na China e na índia, a alquimia não era uma  ciência proibida, e as atitudes em relação ao sexo não eram tão neuróticas e reprimidas  como eram na Europa; por conseguinte, o trabalho era mais aberto e honesto.

Recentemente, a «sexualidade sagrada» foi «descoberta» pelo Ocidente. Essencialmente, é  a ideia de que a sexualidade é o sacramento mais nobre, conferindo não só júbilo mas  também a unidade com o Divino e o Universo. O sexo é considerado (uma, entre muitas) a ponte entre o Céu e a Terra, provocando a libertação de enorme energia criativa, além de revitalizar os amantes  de forma única – mesmo ao seu nível celular.

Alquimia-johfra
O conhecimento da sexualidade sagrada  significa que os velhos textos alquímicos podem, finalmente, ser inteiramente  compreendidos no Ocidente, embora (como habitualmente) sejam os investigadores  franceses que estejam mais empenhados na exploração deste seu aspecto. Dos poucos  escritores anglo-saxônicos  que não se mantêm afastados do tema, A. T. Mann e Jane Lyle escreveram no seu livro  Sacred Sexuality (1995):

É difícil duvidar que os ensinamentos alquímicos escondam segredos sexuais mágicos, que estavam estreitamente aliados ao conhecimento tântrico. Devido à sua complexidade e diversidade, a alquimia certamente envolveu outros mistérios em alegoria poética, a qual apenas, a mente e o CONHECIMENTO dos iniciados conseguia decifrar.
Um dos muitos autores franceses que escrevem sobre este tema, André Nataf, afirma que  «[…] o segredo que a maioria dos alquimistas perseguia era um segredo erótico […] a  alquimia é simplesmente a conquista do amor, uma “liga” de erótico e espiritual». Há muito que o tantrismo e o taoísmo são reconhecidos como as condutas da sexualidade  sagrada da tradição oriental, mas não existiu uma tradição tão bem definida e facilmente  detectável no Ocidente – a não ser que fosse conhecida simplesmente por alquimia.

As imagens sexuais dos textos alquímicos parecem demasiado banais a esta era pós- freudiana: a Lua diz ao seu esposo, o Sol: «Oh, Sol, não fazes nada sozinho, se eu não  estiver presente com a minha força, tal como um galo nada pode fazer sem uma galinha.»  As experiências químicas revestem a forma de «casamentos» ou «cópulas», tal como foi  denominado o panfleto The Chemical Wedding de Johann Valentin Andraea.

Certamente que estas imagens podiam ser simplesmente literais: sendo exatamente uma  «cópula» e não havendo nenhum segredo oculto no simbolismo alquímico. Contudo, as  palavras eram cuidadosamente escolhidas para transmitir instruções complexas, abrangendo  um significado tanto sexual como químico. Essencialmente, os textos alquímicos  continham lições de magia sexual e de química, simultaneamente.

Curiosamente, dado o óbvio tom sexual de grande parte da atividade, a ideia-padrão  histórica da alquimia era a de uma atividade apenas química e que todo o simbolismo era  apenas fantasia. Isto deve-se ao fato de não existir nenhuma organização onde enquadrar toda a  ideia da alquimia sexual, antes de os mistérios do Oriente serem mais largamente  divulgados. Atualmente, no entanto, não temos esse problema, e este conceito está  rapidamente a conquistar aceitação. Barbara Graal Waiker capta o significado subjacente da alquimia:

Parte do segredo é revelado pela preponderância do simbolismo sexual da literatura  alquímica. A «cópula de Atena e Hermes» podia significar misturar enxofre [sic] e  mercúrio numa retorta; ou podia significar a «atividade» sexual do alquimista e da sua namorada. As ilustrações dos livros alquímicos sugerem, com maior frequência, misticismo sexual. Mercúrio, ou Hermes, era o herói  alquímico que fertilizava o Vaso Sagrado, uma esfera ou ovo, em forma de ventre, do qual  nasceria o filium philosophorum. Este vaso pode ter sido real, um frasco ou uma retorta de  laboratório; com maior frequência, parecia ser um símbolo místico. Dizia-se que o Diadema  Real desta descendência aparecia no menstro meretricis, «no fluxo menstrual de uma  prostituta», a Grande Prostituta sendo um antigo epíteto da deusa [… o poder feminino]».

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Walker, no entanto, engana-se quando passa a sugerir que, na busca do vaso hermeticum – o  Vaso de Hermes -, os alquimistas o identificavam com o vaso spirituale, o Vaso ou Ventre  Espiritual, da Virgem Maria. Porque, qual é a outra Maria que, habitualmente, é  representada levando um vaso ou um jarro? Tradicionalmente, quem é representada  envergando um vestido escarlate ou envolta no seu longo cabelo ruivo? Que outra Maria  está associada à ideia de prostituição e sexualidade? Mais uma vez, encontramos a Virgem  Maria como disfarce do culto secreto de Maria Madalena.

Atualmente, falamos de «química sexual», mas para os alquimistas este conceito tinha um  significado muito mais profundo do que a mera ideia de atração sexual imediata. Na revista esotérica  francesa L’Originel, Denis Labouré, uma autoridade em ocultismo, discute a noção de  alquimia «interna» em oposição à alquimia «metálica» e o seu paralelismo com o tantrismo,  mas insiste em que ela faz parte de uma «herança tradicional ocidental» (o itálico é nosso) e  afirma:
Se a alquimia interna é bem conhecida do tantrismo ou do hinduísmo, os constrangimentos  históricos [isto é, a Igreja] obrigaram os autores ocidentais a usar da maior prudência. No  entanto, certos textos fazem claras alusões a esta alquimia.
Labouré passa a citar um tratado de Cesar della Riviera, datado de 1605, e acrescenta:
Na Europa, os rastos destes antigos ritos [sexuais] passam pelas escolas gnósticas, pelas correntes alquímicas e cabalísticas da Idade Média e da Renascença – quando numerosos textos alquímicos podiam ser lidos em dois níveis – até que os voltamos a encontrar nas organizações ocultistas, formadas e organizadas, sobretudo na Alemanha, no século XVII.
De fato, o uso do simbolismo «metalúrgico» remonta ao próprio começo da alquimia, na  Alexandria do 1.°-3.° século. Metáforas metalúrgicas sobre sexo encontram-se nos encantamentos mágicos e egípcios; os  alquimistas limitaram-se a adotar as imagens. Este é um exemplo de um encantamento  amoroso, atribuído a Hermes um Trismegisto, que remonta, no mínimo, ao 1.° século a.C.  e que se centra no forjamento simbólico de uma espada:
Tragam-ma [a espada], temperada com o sangue de Osíris, e coloquem-na na mão de ÍSIS […] que tudo o que se forja nesta fornalha de fogo seja instilado no coração e fígado, nos rins e ventre de [o nome da mulher]. Conduzi-a à casa de [o nome do homem] e que ela ponha na mão dele o que está na mão dela, na boca dele o que está na boca dela, no corpo dele o que está no corpo dela, no seu bastão o que está no ventre dela.
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A “ruiva” Madalena segurando o “vaso” de Alabastro …

A alquimia, tal como era praticada pela rede secreta medieval, nasceu no Egito dos  primeiros séculos da era cristã. ÍSIS desempenhava um papel importante na alquimia  daquela época. Num tratado intitulado ÍSIS, a Profetisa de seu filho Hórus, ÍSIS relata como  obteve «de um anjo e profeta» os segredos da alquimia, através dos seus ardis femininos.  Encorajou-o a alimentar o seu desejo por ela, até não poder ser contido, mas recusou entregar-se-lhe antes que ele lhe revelasse os seus segredos – uma clara referência à  natureza sexual da iniciação alquímica. (Evoca a história do papa Silvestre II e  Meridiana, discutida no Quarto Capítulo, em que ele obtém o seu conhecimento alquímico  através do ato sexual com este arquétipo de figura feminina.)

Outro tratado primitivo, atribuído a uma alquimista, de nome Cleópatra – uma iniciada da  escola fundada pela lendária Maria, a Judia -, contém imagens sexuais explícitas:  «Compreender a realização da arte na união da noiva e do noivo e na sua transformação  num único SER.» É notavelmente semelhante a um texto gnóstico contemporâneo, que regista o  seguinte:

Quando o homem atinge o momento supremo e a semente brota, nesse momento a mulher  recebe a força do homem, e o homem recebe a força da mulher […] É por este motivo que o  mistério da união corporal é praticado em segredo, para que a conjunção da natureza não  seja degradada por ter sido observada pela multidão que desprezaria a prática.

Os primitivos textos alquímicos estão saturados de simbolismo que sugere as técnicas  secretas da sexualidade sagrada, provavelmente provenientes do equivalente egípcio do  tantrismo e do taoísmo. A existência desta tradição é revelada no texto conhecido por  Papiro Erótico de Turim (onde ele agora se encontra), o qual há muito é considerado um exemplo  da pornografia egípcia. Novamente, no entanto, esta reação é um exemplo primordial da  má interpretação “acadêmica e erudita” do Ocidente: o que é considerado pornográfico era, de fato,  um rito religioso. Alguns dos mais sagrados ritos egípcios eram de natureza sexual – por  exemplo, uma observância religiosa diária do faraó e da sua consorte implicava, provavelmente, que ele fosse masturbado por ela.

Este ritual era a reencenação simbólica da  criação do Universo pelo deus Ptáh, a qual ele realizara por processos semelhantes. As  imagens religiosas dos palácios e dos templos representavam, de forma inequívoca, este  ato; no entanto, ele foi considerado tão ultrajante pelos arqueólogos e pelos historiadores  que apenas recentemente o seu significado foi reconhecido – e, mesmo assim, o tema ainda  é discutido em tons hesitantes e apologéticos. É evidente que o Ocidente tem um longo  caminho a percorrer até alcançar a total aceitação egípcia do sexo como um sacramento (sagrado).

Esta relutância em aceitar o significado que o sexo tinha para os antigos não é um  fenômeno novo. Para os eruditos do 1.º e 2.° séculos, o tema não era um problema, mas,  como observa Jack Lindsay, no século VII, o simbolismo sexual das obras alquímicas é  tratado de um «modo secretamente alusivo». Assim, desde o início, a alquimia ocidental tem uma faceta fortemente sexual. Devemos  acreditar que, na Idade Média, esta profunda e influente tradição se extinguira totalmente?

Algumas das primeiras seitas gnósticas – como os carpocratianos de Alexandria –  praticavam ritos sexuais. Não é surpreendente que fossem declarados degradantes e  repugnantes pelos padres da Igreja, e, na falta de registros menos hostis, não há maneira de  saber exatamente de que forma esses ritos se revestiam.

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Ao longo da história da Cristandade, surgiram seitas «heréticas» que incorporavam uma  atitude mais libertária relativamente ao sexo, mas foram invariavelmente condenadas e  eliminadas – por exemplo, dizia-se que os irmãos e irmãs do Egito Livre, também  conhecidos por adamitas, praticavam um «segredo sexual» que remontava aos séculos XIII  e XIV. A filosofia dos adamitas teve uma notável influência no panfleto Schwester  Katrai – que, como vimos, inclui provas de familiaridade com o retrato de Maria Madalena  esboçado pelos Evangelhos gnósticos -, e a autora parece ter sido membro desta seita.

Outro grupo implicado no misticismo erótico – embora não conhecido como seita religiosa –  era o dos trovadores, os famosos cantores do culto do amor do sudoeste da França (região que cultuava Madalena) cujos equivalentes alemães eram os  minnesingers – sendo Minne uma mulher idealizada ou deusa. O amor do cavaleiro  pela sua dama reflete uma devoção e uma reverência pelo Princípio Feminino. E o conteúdo dos poemas – um misto de «espiritualidade e carnalidade» – pode ser considerado uma série de alusões veladas à sexualidade sagrada. Mesmo a acadêmica  Barbara Newman, ao resumir esta tradição, não pôde fugir a usar uma linguagem evocativa  da sexualidade sagrada:
[…] um jogo erótico, com uma espantosa variedade de mudanças: o poeta podia  transformar-se na noiva de um deus ou no amante de uma deusa ou fundir-se totalmente com a amada e tomar-se divino […].
Grande parte da tradição do amor cortês implica a compreensão de técnicas específicas, por  exemplo, a da maithuna, a retenção deliberada do orgasmo, para induzir sensações de  beatitude e conhecimento místico. Como afirma Peter Redgrove, autor e poeta britânico:
É possível reconstituir toda uma tradição de maithuna (sexualidade visionária tântrica) na  literatura do conto medieval de cavalaria?
Os trovadores adotaram a rosa como símbolo, talvez porque o seu nome (em francês e em  inglês, rose) é um anagrama de Eros, o deus do amor erótico. Também existe a possibilidade de  que a sua «onipresente» senhora – aquela que devia ser obedecida, embora a casta  distância – se destinasse a ter outro significado, a nível esotérico, como sugere o nome  alemão de minnesinger.

O arquétipo desta senhora não podia ter sido a Virgem Maria porque, embora a rosa fosse  conhecida como seu símbolo, na Idade Média, o seu culto não precisava de se ocultar em  códigos. Além disso, a flor mais descritiva das suas qualidades não era a rosa erótica, mas o  mais sugestivo lírio do Oriente: belo, mas austero, sem nenhuma sugestão de carnalidade.  Então, quem mais podiam celebrar as canções dos trovadores? Quem mais era uma  «deusa», muito amada pelos grupos heréticos dessa época? Quem mais senão Maria  Madalena?

As grandes rosáceas das catedrais góticas estão sempre voltadas para Ocidente (leste,o nascer do SOL) – tradicionalmente, a direção consagrada às divindades femininas – e nunca estão longe  de um santuário da Madonna (minha senhora) Negra. E, como vimos, estas enigmáticas  estátuas são deusas pagãs, sob outra roupagem, uma personificação da antiga celebração da  sexualidade feminina.

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Além das rosáceas sagradas, as catedrais góticas também contêm outras imagens pagãs –  por exemplo, o simbolismo da teia de aranha/labirinto de Chartres e de outras catedrais é  uma referência direta à Grande Deusa, na sua manifestação de fiandeira e senhora do  destino da humanidade, mas muitas outras igrejas também contêm inúmeras imagens  femininas. Algumas delas são tão vivas que, uma vez interpretadas, podem alterar a  impressão que os cristãos têm das suas igrejas. Por exemplo, as grandes portas góticas, que  gerações de cristãos atravessaram tão inocentemente, representam, na realidade, a parte  mais íntima da deusa.

Atraindo o crente as seu interior escuro e semelhante a um ventre, as  portas são esculpidas em arestas afuniladas e quase sempre ostentam um botão de rosa,  semelhante a um clítoris, no topo do arco. Uma vez no interior, o crente católico pára junto  a uma pia da água benta, quase sempre representada por uma concha gigantesca, símbolo  da natividade da deusa – como Botticelli, suposto grão-mestre do Priorado de Sião,  imediatamente antes de Leonardo, tão espantosamente a representou em O Nascimento de  Vênus. (E a concha de caurim, outrora símbolo dos peregrinos cristãos, é reconhecida como  sendo o símbolo clássico da vulva.).

Todos estes símbolos foram deliberadamente  empreguados pelos adeptos do Princípio Feminino, e, embora comuniquem algo a nível  subliminar, têm um efeito perturbador sobre o inconsciente. Aliados à grande sonoridade da  música, à luz das velas e ao aroma do incenso, não admira que, outrora, a ida à igreja  inspirasse um fervor tão peculiar!

Para os iniciados nos mistérios do oculto, o Feminino era um conceito carnal, místico e espiritual simultaneamente. A sua energia e poder provinham da sua sexualidade, e a sua sabedoria (Sophia) –  por vezes conhecida por «sabedoria da prostituta» – provinha de um conhecimento da  «rosa», eros.

Segundo o ditado, «saber é poder», segredos desta natureza exercem um poder sem igual, constituindo, por isso, uma ameaça única à existência da Igreja de Roma e a todos os matizes de opinião  católica. O sexo era – e, em muitos casos, ainda é – considerado aceitável apenas entre  aqueles cuja união tinha probabilidades de resultar em procriação. Por esta razão, não existe  conceito cristão de sexo apenas por prazer, para não referir a ideia – como no tantrismo ou  na alquimia – de que ele possa proporcionar iluminação espiritual. (E, enquanto a Igreja Católica notoriamente proíbe a contracepção, outros grupos vão mais longe: por exemplo,  os mórmons reprovam o sexo após a menopausa.)
O que todas estas regras inibitórias realmente pretendem, no entanto, é o controle das  mulheres (do poder feminino e assim da humanidade). Elas devem aprender a encarar o sexo com apreensão – ou porque é triste, é seu  dever conjugal e nada mais, ou porque conduz, inevitavelmente, às dores do parto. Esta ideia era central no  modo como as mulheres eram encaradas pela igreja, e pelos homens, em geral, ao longo  dos séculos: se as mulheres perdessem o receio do parto, sem dúvida que o caos se  instalaria.

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Um dos principais motivos que inspirou as atrocidades da caça às bruxas foi o ódio e o  medo das parteiras, cujo conhecimento do modo de aliviar as dores do parto era  considerado uma ameaça para a civilização “decente”: Kramer e Sprenger, autores do infame  Malleus Maleficarum – o manual dos caçadores de bruxas europeus – escolheram  particularmente as parteiras como sendo merecedoras do pior tratamento possível às suas  mãos. O terror da sexualidade feminina terminou com centenas de milhares de mortos, a  maioria das vítimas sendo de mulheres, ao longo de três séculos de julgamentos de feitiçaria, efetuados pela “santa igreja de Roma”.

Desde a época misógina dos primeiros padres da Igreja, quando ainda se duvidava de que  as mulheres tivessem alma, tudo foi feito para as fazer sentirem-se profundamente inferiores, em todos os níveis. Não lhes ensinavam apenas que eram pecaminosas, em si mesmas, mas que  também eram a maior – por vezes, a única – causa de pecado do homem. Aos homens era  ensinado que, ao sentirem genuíno desejo sexual, estavam apenas reagindo às artimanhas  diabólicas da mulher, que os enfeitiçava e os atraía para atos que, de outro modo, eles  nunca teriam considerado praticar.

Uma expressão extrema desta atitude encontra-se na ideia da  Igreja medieval de que uma mulher violada era responsável não só por provocar o ato  contra si mesma mas também pela perda da alma do violador – perda que a mulher teria de reparar no Dia do Juízo Final. Como escreve R. E. I. Masters:

Quase toda a culpa do horrível pesadelo que foi a mania das bruxas, e a maior parte da  responsabilidade pelo envenenamento da vida sexual do Ocidente, cabe inteiramente à  Igreja Católica romana.

A Inquisição – que fora criada para resolver o problema dos cátaros – adaptou-se facilmente  ao seu novo papel de caçadora de bruxas, torturadora e assassina, embora os protestantes  também aderissem com prazer a essa prática. É significativo que o primeiro julgamento por feitiçaria se realizasse em Toulouse, quartel-general da Inquisição anti-cátaros. Foi apenas rancor por  algum tipo de catarismo residual que conduziu a este julgamento crucial, ou foi um sintoma  do medo que as mulheres do Languedoc provocavam aos Inquisidores, obcecados pelo  sexo?

Subjacente ao ódio e ao medo das mulheres, estava o conhecimento de que elas tinham uma  capacidade única para sentir prazer sexual. Os homens medievais podiam não ter se beneficiado da atual educação anatômica,  mas a investigação pessoal não podia ter deixado de revelar a existência do órgão feminino do prazer, curiosamente ameaçador, o clítoris. Essa pequena protuberância, tão inteligentemente – embora subliminarmente – celebrada como o botão de rosa, no topo dos arcos góticos das igrejas, é o único órgão humano cuja função é unicamente dar prazer.

As implicações deste fato são, e sempre foram, enormes e estão no âmago de toda a supressão patriarcal, por um lado, e de todos os ritos sexuais tântricos e místicos, por outro. O clítoris, que ainda hoje não é considerado um tema adequado a discussão, revela que as mulheres se destinavam a ser  sexualmente extáticas, talvez ao contrário dos homens, cujo órgão sexual tem a dupla  função de urinário e reprodutor.

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Contudo, a tradição misógina do patriarcado judaico-cristão teve tanto sucesso que apenas  no século XX se tornou aceitável, no Ocidente, a ideia de que as mulheres têm prazer  sexual, e, ainda hoje, não é este o caso no que diz respeito à Igreja. Embora seja verdade  que a desigualdade sexual e a hipocrisia não sejam criações exclusivas das três grandes  religiões patriarcais, catolicismo, judaísmo e islamismo – basta observar o costume indiano  de queimar a esposa -, no entanto, a ideia de que o sexo é inerentemente sujo e vergonhoso é uma tradição meramente ocidental. E, em qualquer parte que esta atitude prevaleça, haverá sempre o  tipo de desejo reprimido e de culpa que, inevitavelmente, darão origem a crimes contra as  mulheres, talvez mesmo a manias de feitiçaria.
O ambiente puritano do Ocidente e o seu  ódio e medo do sexo deixaram um terrível legado até ao fim do milênio, sob a forma de  espancamento da esposa, pedofilia e violação. Porque, onde quer que o sexo seja olhado com desconfiança, o parto e as crianças também serão considerados intrinsecamente condenáveis, e os filhos serão vítimas de violência, tal como as mães. O contraditório e irascível Jeová do Antigo Testamento criou Eva – e, manifestamente,  teve ocasião de se arrepender.

Quase logo que «nasceu», ela revelou uma capacidade para pensar por si própria que  ultrapassava muito a de Adão. Eva e a «serpente» formaram uma equipe poderosa: o que  não é de admirar porque as serpentes eram o antigo símbolo de Sophia, representando a  sabedoria (conhecimento em oposição à ignorância) e não a maldade. Mas ficou Deus Jeová satisfeito porque a mulher que criara, mostrou iniciativa e autonomia ao comer da Árvore do Conhecimento – querendo aprender?

Depois  de ter revelado uma curiosa (e estúpida) falta de previsão, relativamente às capacidades de Eva, especialmente para um “onipotente e onisciente” criador de universos, Deus condenou-a a uma vida de sofrimento, começando, deve observar-se, com a maldição da costura… (Porque ela e o infeliz Adão tiveram de fazer tangas de folhas de figueira para cobrir a sua nudez.) Assim, Adão e Eva conheceram a ideia de vergonha dos seus corpos e da sua  sexualidade. Bizarramente, somos levados a concluir que foi próprio Deus que ficou  horrorizado com a visão da carne nua, o próprio Jeová.

Este mito simplista serviu de justificação  retrospectiva para a degradação das mulheres e desencorajou o alívio das agonias ginecológicas e do parto. Negou voz às mulheres durante milhares de anos – e aviltou,  degradou e mesmo diabolizou o ato sexual, que deveria ser jubiloso e mágico, pois preserva a perpetuação da própria espécie humana. Se substituiu assim o amor e o êxtase criativo pela vergonha e pela culpa e inculcou um medo neurótico de um Deus  masculino que, aparentemente, se odiou tanto que abominou a sua melhor criação – a  própria Humanidade.

Desta história perniciosa nasceu o conceito do pecado original, que condena até os recém- nascidos inocentes ao Purgatório; até recentemente, envolveu o espantoso milagre do  nascimento num manto de embaraço, ignorância e superstição e eliminou o poder único da mulher –  que, evidentemente, foi a razão pela qual, em primeiro lugar, esta história foi inventada.

Embora, na nossa cultura, ainda exista um medo e uma ignorância espantosos em relação  ao sexo, as coisas estão muito melhores do que estavam mesmo há dez anos atrás. Vários  livros importantes abriram novas perspectivas – ou talvez renovassem antigas perspectivas.  Entre eles encontram-se The Art of Sexual Ecstasy de Margo Anand (1990) e Sacred  Sexuality de A. T. Mann e Jane Lyle (1995); ambos celebram o sexo como meio de  iluminação e transformação espirituais.

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Como vimos, outras culturas não sofrem do mesmo problema (a não ser que fossem  contaminadas pelo pensamento ocidental). E, em certas culturas, o sexo era julgado  superior a uma arte: era considerado um sacramento – algo que habilitava os participantes a  identificarem-se com o Divino. É esta a raison d’être do tantrismo, o sistema místico de  união com os deuses, através de técnicas sexuais como a Karezza ou a obtenção da  felicidade, sem orgasmo. O tantrismo é a «arte marcial» da prática sexual, implicando uma  preparação espantosamente disciplinada e demorada, tanto para homens como para mulheres – sendo ambos considerados iguais.

A arte do tantrismo, no entanto, não é exclusiva do mundo exótico do Oriente.  Atualmente, surgem escolas de tantra em Londres, Paris e Nova Iorque, embora o extremo  rigor da arte afaste muitas pessoas; por exemplo, são necessários meses somente para aprender a  respirar de modo correto. Mas o uso do sexo, como sacramento, não é novo no Ocidente.
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25.07.15

CAPÍTULO VI 

 A HERANÇA DOS TEMPLÁRIOS


Posted by Thoth3126 on 26/02/2015

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Uma influência importante na convenção do Lyons – e no subsequente esoterismo francês –  foi o filósofo ocultista Louis Claude de Saint-Martin (1743-1804). Embora pareça que ele  se dedicou ao celibato, a sua filosofia centra-se numa veneração do Feminino, sob a forma  de Sophia, que ele considerava «a forma feminina do Grande Arquiteto». O «martinismo» foi a mais influente filosofia ocultista, não só sobre estas formas de Maçonaria ocultista mas também nas sociedades rosacruzes da França do século XIX,  que serão discutidas pormenorizadamente no próximo capítulo.

Edição e imagens:  Thoth3126@gmail.com

Capítulo 06C – A HERANÇA DOS TEMPLÁRIOS  – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de  Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO VI – A HERANÇA DOS TEMPLÁRIOS

Alguns anos após a reunião de Lyons, em 1782, realizou-se outra grande conferência  maçônica – desta vez com representantes de todos os grupos maçônicos da Europa – em  Hessen, sob a presidência do duque de Brunswick; o seu objetivo era sanar as profundas  divisões no seio da Maçonaria, resolvendo definitivamente a questão da relação entre a  Maçonaria e os Cavaleiros Templários. O resultado foi uma humilhação para o barão Von Hund, que defendeu a causa templária e foi,  efetivamente, o fim da Estrita Observância Templária. No entanto, os Templários  ganharam a guerra: a convenção concordou em reconhecer o Rito Escocês Retificado –  que era exatamente a Estrita Observância Templária sob outro nome.

Também importantes na Maçonaria ocultista são os sistemas conhecidos por «ritos  egípcios», que irão assumir importância no desenrolar da nossa investigação. Mas todos  eles derivam da dileta Estrita Observância Templária do barão Von Hund e estão, por  conseguinte, muito intimamente relacionados com o Rito Escocês Retificado. Ao contrário  da imagem habitual da Maçonaria, eles dão um realce especial ao Feminino (algumas  formas incluem ativas lojas femininas). Todos os maçônicos veneram o misterioso «filho  da viúva». Nos ritos egípcios, a «viúva» é ÍSIS.

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ÍSIS, a deusa “negra“, o princípio feminino da divindade, venerada pelos Templários, padroeira do Brasil ….

O Priorado de Sião, com a sua reconhecida insistência em venerar ÍSIS, afirma que começou como  um círculo interno da Ordem Templária e, naturalmente, desenvolveu-se, ao longo dos  anos, e adquiriu outras associações esotéricas, algumas das quais são, em si mesmas, muito  significativas. Uma forte influência parece ter sido Jacques-Étienne Marconis de Nègre  (1795-1865), que fundou um dos ritos egípcios da Maçonaria ocultista, em 1838, conhecido  por «Rito de Mênfis». Este rito também se afirmava descendente da tradição «templarista»  de Von Hund.

Marconis de Nègre esboçou um complicado «mito da fundação» para a sua organização,  fazendo a habitual afirmação pomposa de que o rito remontava à antiguidade, a um grupo  chamado a Sociedade dos Irmãos Rosacruzes do Oriente. Esta, por sua vez, fora fundada por  um sacerdote da antiga religião egípcia, que fora convertido ao cristianismo por S. Marcos  e cujos discípulos incluíam membros dos essênios.

O mito de Ormus sugere quatro influências: rosacruz, egípcia, esoterismo judaico,  como a cabala (certa ou erradamente, os essênios eram considerados como tendo sido  cabalistas), e cristã, talvez de um gênero herético.

O que realmente nos interessava neste mito era – como saberão os leitores de The Holy  Blood and the Holy Grail – o fato de o Priorado de Sião ter adotado o nome «Ormus»  como «subtítulo». E, viríamos a saber, a história de Ormus surgiu, pela primeira vez, em  ligação com a Ordem da Cruz Ouro e Rosa, quando, em 1770, ela se tornou uma Loja da  Estrita Observância Templária. Mas, como veremos, a história que inspirou este mito tinha implicações muito vastas no  que diz respeito a esta investigação.

Talvez não seja surpreendente que existam sociedades que se declarem sucessoras oficiais  dos Templários. A maioria delas (n.t. ou a sua totalidade) pode ser facilmente ignorada, embora a Antiga Ordem Militar do Templo de Jerusalém apresente  argumentos suficientemente convincentes para ser levada a sério. Atualmente, tem a sede  em Portugal, onde afirma dedicar-se a obras de caridade e à investigação histórica, embora  exista um grupo minoritário, que opera a partir de uma localidade da Suíça, com o  sugestivo nome de Sion. Mas as suas origens – na sua forma ressurgida – estavam em França.

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A Antiga Ordem Militar do Templo de Jerusalém foi fundada, em 1804, por um médico  com o imponente nome de Bernard Fabré-Palaprat, que alegava ter recebido a sua  autoridade da Carta de Transmissão de Armênio, geralmente conhecida por Carta de  Armênio. Se fosse verdade, contribuiria muito para determinar se Fabré-Palaprat era, na  verdade, da verdadeira linha templária, porque esta carta reivindicava ter sido escrita em  1324, por Marco Armênio, que fora nomeado grão-mestre pelo próprio Jacques de Molay.  Supostamente, o pergaminho apresenta as assinaturas de todos os subsequentes grão-mestres da Ordem dos Cavaleiros Templários, o que é significativo, porque, após a execução de Jacques de Molay,  supunha-se que não existia mais nenhum grão-mestre.

Como era de prever, os historiadores rejeitaram a carta como sendo uma falsificação.  Mesmo autores de espírito aberto, como Baigent e Leigh, concordaram que ela era uma  mistificação. Mas os críticos nunca a viram, de fato, e basearam as suas objecções  numa tradução do latim original, datada do século XIX. (O documento está escrito em  latim, que foi transcrito num código baseado na geometria da cruz templária). Uma das  razões por que a carta foi declarada uma falsificação é que o latim é demasiado bom para a  sua época – o latim medieval é notoriamente irregular -, mas, neste caso, o tradutor corrigira a gramática. Os críticos também rejeitaram a lista das declarações de grão-mestres porque a formulação das palavras de cada uma delas é a mesma – uma coisa  improvável, durante o espaço de tempo entre 1324 e 1804. Mas isso também se pode dever  ao fato de o copista as ter uniformizado: no original, elas eram diferentes. Assim, as duas  razões principais para rejeitar a Carta de Marco Armênio não são, de fato, válidas.

Outra razão por que a carta tem sido criticada é pelo fato de conter censuras contra «os  desertores Templários escoceses», os quais, declara Armênio, deviam ser  «excomungados» (juntamente com os Cavaleiros Hospitalários). Assumindo que estes  cismáticos eram maçônicos da Estrita Observância Templária de Von Hund, os  historiadores consideraram isso uma prova de que a carta era uma fraude – porque eles  pensavam que o barão inventara a «Transmissão Escocesa» por volta 1750. Mas, se ele estiver dizendo a verdade sobre as origens dos maçônicos, emerge um quadro radicalmente diferente.

De fato, a Antiga Ordem Militar do Templo afirma que a carta já existia, pelo menos cem  anos antes de Fabré-Palaprat a ter tornado pública, quando Filipe, duque de Orleãs – mais  tarde regente da França – a usou como texto para convocar uma assembléia de membros do  Templo em Versalhes. Se é verdade, então este acontecimento é, em si mesmo, a prova da  continuidade da presença templária na Europa. (Foi o mesmo duque de Orleãs que admitiu  o Cavaleiro Ramsey na Ordem de S. Lázaro.)

Além da Carta de Armênio, Fabré-Palaprat possuia outro documento importante – que  também foi rejeitado imediatamente pela maioria dos comentadores. Era o Levitikonuma  versão do Evangelho do Apóstolo João, com flagrantes implicações gnósticas -, que Palaprat afirma  ter encontrado num quiosque de livros em segunda mão. Mais uma vez, isto parece ser  demasiado simples, mas, se o documento for autêntico, ele lança uma luz sobre as  verdadeiras razões para conservar secreta grande parte do conhecimento gnóstico. Porque o  Levitikon, uma versão do Evangelho de S. João, que alguns críticos datam do século XI, conta uma história muito diferente da que se encontra no livro habitual do Novo Testamento, com o mesmo nome.

Fabré-Palaprat usou o Levitikon como base para fundar a sua Igreja Joanina Neotemplarista  de Paris, em 1828, na qual os seus adeptos foram devidamente iniciados, e após a sua  morte, dez anos mais tarde, sucedeu-lhe Sir William Sidney Smith, membro da alta  hierarquia maçônica e herói das Guerras Napoleônicas.

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O Levitikon, que fora traduzido de latim para grego, era formado por duas partes. A  primeira contém doutrinas religiosas que se destinam aos iniciados, incluindo rituais  relativos aos nove graus da Ordem Templária. Descreve a «Igreja de João» dos Templários  e explica o fato de se intitularem «joaninos» ou «cristãos originais».

A segunda parte é igual ao Evangelho oficial de João, exceto em algumas omissões  significativas. Faltam os capítulos 20 e 21, os dois últimos do Evangelho. Também elimina  todas as sugestões de milagre das histórias da transformação da água em vinho, do pão e  dos peixes e da ressurreição de Lázaro. São excluídas certas referências a S. Pedro,  incluindo a história de Jesus declarar «sobre esta pedra edificarei a minha Igreja».

Se isto causa perplexidade, o Levitikon também contém material surpreendente, mesmo  chocante: Jesus é apresentado como tendo sido iniciado nos mistérios de Osíris, o grande  deus egípcio da sua época.

Osíris era consorte da sua irmã, a bela deusa ÍSIS, que dominava o amor, a cura e a magia – entre muitos outros atributos. (Embora, atualmente, nos possa  parecer desagradável esta relação incestuosa, ela fazia parte da tradição faraônica e teria  parecido perfeitamente normal a qualquer crente do antigo Egito.) Set, o irmão de ambos,  desejava ÍSIS e planejou matar Osíris. Este foi surpreendido pelos sequazes de Set, que  desmembraram o seu corpo e espalharam os seus restos mortais. Terrivelmente desolada,  ÍSIS vagueou pelo mundo, procurando-os, sendo ajudada na sua busca pela deusa Néftis,  mulher de Set, que desaprovou este crime.

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OLHO esquerdo de HÓRUS, SÍMBOLO da escola iniciática do feminino sagrado…

As duas deusas encontraram todos os restos do  corpo de Osíris, exceto o falo. Reconstituindo-os, ÍSIS usou um falo artificial com o que “magicamente” concebeu o seu filho, Hórus. Em algumas versões desta história, ÍSIS teve uma  aventura amorosa com Set, embora os motivos de ÍSIS pareçam obscuros – parece haver um  elemento de vingança implicado nesta relação. Hórus, agora um jovem, ficou enfurecido  por esta união, que ele considerava uma traição à memória do seu pai, Osíris, e travou um duelo com Set, que resultou na morte do último e deixou Hórus apenas com um olho.  Curou-se e o Olho de Hórus transformou-se no talismã mágico favorito do Egito.

O Levitikon, além de fazer a extraordinária afirmação de que Jesus era um iniciado do culto  de Osíris, também declara que ele transmitiu este conhecimento esotérico a João, «o Discípulo Amado». O Levitikon também afirma que Paulo e os outros apóstolos podem ter  fundado uma Igreja cristã, mas que o fizeram sem nenhum conhecimento dos verdadeiros  ensinamentos de Jesus. Eles não faziam parte do círculo interno e Paulo (Saulo) sequer conheceu Jesus. Segundo Fabré-Palaprat, foram esses ensinamentos secretos, tal como foram revelados a João, o discípulo amado, que foram  preservados pelos Templários, e que, eventualmente, os influenciaram.

O Levitikon regista uma tradição que, alegadamente, foi transmitida ao longo das gerações,  acerca de uma seita, ou Igreja, de cristãos joanitas do Oriente Médio. Estes afirmavam-se  herdeiros dos «ensinamentos secretos» e da verdadeira história de Jesus, a quem eles se  referiam como «Yeshu, o Ungido». De fato, se esta seita existiu, a sua versão da história  de Jesus é tão heterodoxa que não sabemos por que razão se intitulavam «cristãos». Para  eles, não só Jesus era um iniciado de Osíris como era apenas um homem, não o (ÚNICO) “filho” de  Deus. Além disso, era filho ilegítimo de Maria – não se punha a questão de miraculoso  nascimento virginal. Atribuíam essas afirmações a uma engenhosa – embora indigna –  história de fachada, inventada pelos evangelistas para obscurecer a ilegitimidade de Jesus e  o fato de sua mãe não fazer nenhuma ideia da identidade do seu pai!

A seita joanina reconhecia que o título de «Cristo» não era único e exclusivo de Jesus: o grego original Christos apenas significava «o Ungido» – um termo que se podia se aplicar a muitos outros, incluindo reis e oficiais romanos. Assim, os  líderes joaninos sempre se intitulavam «Cristo», (Curiosamente, o Evangelho de Filipe de  Nag Hammadi aplica o termo «Cristo» a todos os iniciados gnósticos.

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O grupo era considerado uma seita gnóstica, que preservou vários segredos esotéricos,  incluindo os da cabala. Também conceberam um plano para se transformarem numa  organização secreta, que seria (nas palavras do escritor do século XIX Elias Levi) o único  repositório dos grandes segredos religiosos e sociais, elegeria reis e pontífices sem se expor à corrupção do poder – isto é, uma organização secreta que não estaria sujeita aos  caprichos e às incertezas das mudanças políticas e sociais no decurso dos anos. O seu  instrumento seria a Ordem dos Cavaleiros Templários, e Hugues de Payens e os restantes Cavaleiros fundadores foram, de fato, iniciados joanitas.

Contudo, os próprios Templários  se tornaram corruptos, devido ao seu amor pela riqueza e pelo poder, e foram  eventualmente extintos. O rei francês e o papa não podiam permitir que a verdadeira  natureza da ameaça templária se tornasse conhecida publicamente; portanto, inventaram as acusações de idolatria, heresia e imoralidade. Mas, antes da sua execução, Jacques de Molay, segundo as  palavras de Levi, «organizou e instituiu a Maçonaria Ocultista».

Admitindo que é verdadeira, só esta reivindicação altera dramaticamente a versão oficial da  história. Apresenta o elo de ligação direta e autorizada entre um tipo de Maçonaria e os  antigos Templários – e, assim, podia acontecer que estes mesmos maçônicos pudessem ter  alguma coisa a ensinar-nos sobre o conhecimento templário.

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OLHO direito de HÓRUS, SÍMBOLO da escola iniciática do masculino sagrado…

Como vimos, Eliphas Levi dedica uma seção da sua History of Magic à tradição joanina,  tal como ela é descrita no Levitikon. Já a tínhamos lido na tradução inglesa de A. E. Waite,  mas deparamos com outra tradução desta mesma seção, numa obra de Albert Pike, o  erudito intelectual maçônico e grão-mestre do Antigo e Reconhecido Rito Escocês da  América, Morals and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonary  (1871). Esta versão apresenta várias diferenças – mas qual delas era a autêntica?

Consultamos a edição francesa original da obra de Levi e verificamos que Pike fizera  certos aditamentos ou correções pessoais, provavelmente baseado na sua própria compreensão  desta tradição. Por exemplo, ele traduz a frase histórica, acima citada, como «Maçonaria  Ocultista, Hermética ou Escocesa». Também corrige as palavras de Levi relativamente  a uma ligação entre os Templários joaninos e os rosacruzes. Levi escreve (na fiel  tradução de A. E. Waite):

Os sucessores dos rosacruzes, modificando gradualmente os métodos austeros e hierárquicos dos seus precursores da iniciação, tinham-se transformado numa seita mística e adotado zelosamente as doutrinas mágicas dos  Templários, do que resultou eles considerarem-se os únicos depositários [sic] dos segredos  sugeridos pelo Evangelho segundo S. João.

De forma notável, Pike emenda as palavras em itálico para:

… Tinham-se associado com muitos Templários, confundindo-se o dogma dos dois…

As alterações de Pike são significativas porque, enquanto Levi era um observador e comentador do mundo ocultista e maçônico e, até certo ponto, um leigo, Pike conhecia bem  a questão. Achou adequado corrigir a versão de Levi, de modo que, em vez de falar dos  rosacruzes adotarem as «doutrinas templárias», ele fá-los, de fato, fundirem-se com os  grupos templários existentes.

Mas a correção mais significativa de Pike é algo inteiramente novo. Depois da frase sobre  o incitamento de Jacques de Molay à «Maçonaria Ocultista, Hermética ou Escocesa», Pike  acrescenta que esta ordem:

Adotou S. João Evangelista como um dos seus patronos, associando-se a ele, para não despertar as suspeitas de Roma aparentava venerar S. João Batista…

rosacruz-hermetica

Isto é curioso, para dizer o mínimo. Considerando que tanto João Evangelista como João  Batista são santos católicos reconhecidos, por que deveria a veneração de um deles ser  necessária como «cobertura» da veneração prestada ao outro? Contudo, não é provável que  Pike, o mais erudito dos intelectuais maçônicos, tenha inserido esta informação na  reprodução da passagens do livro de outro autor sem uma boa razão. Evidentemente que  precisávamos investigar ainda mais este tema joanino, no seio da tradição maçônica.

Como vimos, no último capítulo, A. E. Waite referira-se a uma «tradição joanina» que  influenciara as lendas do Graal e que, a princípio, parecia mistificadora. Mas agora  começava a fazer sentido: era evidente que a «tradição joanina» era algo relacionado com  João Evangelista ou com João Batista.

É claro que a história subjacente não é nova para esta investigação. A «tradição joanina»,  com a sua clara ligação a S. João, também é central para o Priorado de Sião – e, para eles,  como tínhamos discernido, é João Batista que é preeminente.

Como vimos no Capítulo II, o Priorado afirma que Godefroi de Bouillon conheceu  representantes de uma misteriosa «Igreja de João» – por outras palavras, os Irmãos de  Ormus – e, em consequência desse encontro, decidiu formar um «governo secreto». Os Cavaleiros  Templários e o Priorado de Sião foram criados como parte desse plano original. Nunca é demais salientar que, pelo menos, segundo esta história, tanto o Priorado como os Templários  foram criados para dar forma aos ideais desta misteriosa Igreja de João. À parte alguns  detalhes menores, esta história é idêntica à do Levitikon e, além disso, demonstra que o  moderno Priorado e os Templários fazem parte da mesma tradição.

O conceito dos Templários como uma organização secreta, com autoridade para eleger e depor reis, é igual ao dos Cavaleiros Templários do Graal de Parsifal de Wolfran  Eschenbach – certamente que há provas de que os Templários reivindicaram esse direito. O problema é que a maioria destas exóticas reivindicações de uma longa linhagem  histórica data apenas das organizações neotemplárias do século XIX. Mas elas podiam ser válidas, se pudessem ser corroboradas por provas independentes que ligassem os seus  movimentos a organizações que já existiam definitivamente há séculos, como a ligação  rosacruz – Maçonaria.

Outra dificuldade reside no fato de serem feitas duas reivindicações diferentes: uma delas  defende que certas formas de Maçonaria descendem diretamente dos Templários. De  acordo com a outra, os próprios Templários são uma continuação de uma tradição herética,  mais antiga, que remonta à época de Jesus. Infelizmente, provar a primeira não significa  automaticamente que a segunda seja verdadeira.

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Mas a importância atribuída à versão idiossincrática do Evangelho de João é excitante,  embora pareça haver alguma confusão entre João Evangelista e João Batista. A afirmação  de Albert Pike, segundo a qual os maçônicos adotaram Batista como cobertura para a sua  veneração secreta de João Evangelista, é, como vimos, absurda. Por que deveriam os  maçônicos querer esconder a sua veneração de qualquer dos santos, quando ambos são  perfeitamente aceitáveis para a Igreja? Tudo o que Pike conseguiu foi chamar a atenção  para os dois santos de nome João e envolvê-los numa aura de mistério e intriga. Talvez  fosse essa a sua REAL intenção. Noutra obra, A. E. Waite cita textos maçônicos, relativos à Maçonaria joanina, que reclamam uma ligação com um cristianismo joanino centrado em  Batista e que o considera o «único verdadeiro profeta».

Como já vimos, João Batista era santo patrono dos Cavaleiros Templários e dos  maçônicos. Na verdade, a Grande Loja de Inglaterra foi fundada a 24 de Junho – Dia de João Batista. E no pavimento de todos os templos maçônicos vêem-se duas linhas  paralelas: uma representa o bordão de João «Evangelista» (outra designação de João, o  Amado), enquanto a outra linha representa o bordão de Batista. É evidente que os dois «João» são de especial importância para a irmandade, embora seja o  mais velho que tenha precedência. Além disso, o juramento maçônico é prestado aos  «divinos santos João». Mas, atualmente, os maçónicos, como eles próprios admitem,  não sabem por que razão os dois santos de nome João são tão venerados.

Talvez estas  duas figuras bíblicas, ao longo dos anos, se tenham confundido e que o termo «joanino», que se julga referir aos discípulos do Amado(Cristo), também possa, de fato, se referir ao Batista.  Mas se é o João mais velho ou o mais novo – ou ambos – que é venerado pelos maçônicos,  há um nome que é conspícuo pela sua virtual ausência nas lojas maçônicas: o nome de  Jesus, de uma maneira geral, não surge. Supõe-se que esta ausência é devido ao fato de os  maçónicos não serem essencialmente uma organização cristã; é suficiente ser um teísta para  aderir às suas fileiras. Mas, nesse caso, por que devem tanta fidelidade aos santos cristãos  de nome João?

A ideia de que o Evangelho de João encerra segredos arcanos(n.T.Para quem tem “olhos para ver”…), ou de que existe uma outra  versão dele, recorre nesta investigação. Diz-se que os cátaros possuíam uma alternativa  herética, e Sir Isaac Newton ficou obcecado por ela. (Como escreve Graham Hancock: «[…]  apesar das suas firmes convicções religiosas, por vezes, parecia ter considerado Jesus Cristo mais  como um homem especialmente dotado [… ] do que, propriamente, o (n.t. Único) Filho de Deus.»

Assim, tanto os maçônicos do Rito Escocês como os Templários da «Transmissão de  Armênio» podem ter preservado os segredos templários originais e ambos seguem o rastro dos Templários até à «seita joanina». Embora não exista nada explicitamente joanino nos  ritos egípcios da Maçonaria, todos estes sistemas tiveram origem na Estrita Observância  Templária do Barão von Hund. E o Priorado de Sião associa-se a estes três sistemas.

Como vimos, Pierre Plantard de Saint-Clair descreveu o objetivo da Ordem do Templo  como sendo «os guerreiros da Igreja de João e os porta-bandeiras da primeira dinastia, as  armas que obedecem ao espírito de Sião».

O resultado deste grande plano deveria ser «um renascimento espiritual» que «voltaria a Igreja católica de Roma de cabeça para baixo». É evidente que isto não aconteceu – AINDA, embora as nossas investigações mostrem que a revelação que podia provocar esta modificação aguarda, nos  bastidores, o momento de fazer uma entrada dramática no cenário mundial, talvez sob a  forma do Priorado ou das escolas de mistério associadas, como as joaninas (n.T. ou com a revelação da VERDADEIRA história da vida do homem conhecido como Jesus…).

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Mas, seja como for, tínhamos conseguido uma coisa muito extraordinária: tínhamos partido  da aparente obsessão de Leonardo com João Batista, seguíramos a ligeira sugestão de que  o Priorado de Sião, de algum modo, também estava implicado com aquele santo.

Naquela fase, a implicação não tinha grande significado, mas, à medida que seguimos as  pistas dos Templários até os maçônicos, e depois prosseguimos até aos grupos ocultistas, uma  ligação muito mais convincente começou a tomar forma ante os nossos olhos. A heresia  joanina existia, sob os diversos aspectos do mundo secreto ocultista – e é a esta tradição que  o Priorado declara pertencer.

Embora muitas perguntas importantes continuem sem resposta, um quadro coerente começava a emergir, um quadro que, de algum modo, ligava João Batista a uma tradição  que, de forma complexa, se mantinha oculta. Mas isto era apenas uma parte do que emergia  como uma heresia composta por dois elementos, sendo o outro elemento (n.T. e o PRINCIPAL) a veneração  secreta de uma deusa, a veneração do princípio feminino de Deus.

É evidente que este último elemento é difícil de conciliar com as formas exteriores de  organizações, como os maçônicos, que parecem ter uma orientação excepcionalmente  masculina. Evidentemente que vale a pena possuir os segredos que estão por detrás destes  dois elementos – o Feminino e os temas joaninos – porque eles têm sido defendidos,  guardados e protegidos contra todas as eventualidades e parecem ter atraído a particular  hostilidade da Igreja de Roma. Isto não é surpreendente, porque o segundo elemento destes  antigos segredos esotéricos – a veneração do princípio feminino – revestiu a forma de magia  pagã transcendental, com todas as suas implicações do poder inerente do Feminino. (Final do capítulo VI)

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