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A Chama Violeta (The Violet Flame)

Sítio dedicado à filosofia humana, ao estudo e conhecimento da verdade, assim como à investigação. ~A Luz está a revelar a Verdade, e a verdade libertar-nos-á! ~A Chama Violeta da Transmutação

13.10.15

Revelação Templária – 9B  

Um Curioso Tesouro 

(Rennes-le-Chateau) 

Por Lynn Picknett e Clive Prince

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com 

 Publicado anteriormente a 08/05/2015

CAPÍTULO IX 

 UM CURIOSO TESOURO – 9B


Recentemente, muitos investigadores encontraram indicações intrigantes sobre os verdadeiros interesses e motivações de Saunière, espalhados pelo seu domaine. Durante uma das nossas visitas à área, em 1996, fomos acompanhados por Lucien Morgan, um apresentador de televisão e autoridade em tantrismo, que ficou espantado por descobrir que a Torre de Magdala e os baluartes eram construídos segundo os antigos princípios de um certo tipo de rito sexual. Ele acredita que Saunière e o seu círculo secreto praticavam rituais sexuais ocultistas, destinados a facilitar a clarividência, pô-los em contato com os “deuses” – realizando, efetivamente, a Grande Obra dos velhos alquimistas – e assegurar poder e influência materiais.

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 09A – UM CURIOSO TESOURO – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO IX – UM CURIOSO TESOURO – 9B

Outros reconheceram indicações de magia sexual: os autores britânicos Lionel e Patrícia Fanthrorpe citam o perito ocultista Bremna Agostini, que afirma que Saunière realizava um ritual mágico sexual conhecido por «Convocação de Vênus», em que participavam Marte Dénarnaud e Emma Calvé. No que respeita a esta investigação, a questão verdadeiramente importante de todas as edificações de Saunière em Rennes-le-Château é a importância que ele atribui a Maria Madalena (representante do feminino sagrado e divino).



Na verdade, a igreja já lhe fora dedicada muito antes de Saunière nascer, mas isso não era mera coincidência, porque ela fora a capela da família local dominante – a de Marie de Nègre. Dada a íntima associação desta família com o Rito Escocês Retificado, a dedicação da igreja parecia ser significativa. Saunière também dera o nome de Madalena à sua torre da biblioteca, e denominou a sua casa segundo aquela em que, de acordo com uma interpretação dos acontecimentos do Novo Testamento, ela vivera com seu irmão Lázaro e a sua irmã Marta. E, de todas as decorações da igreja, foi o baixo-relevo do frontal do altar, representando Madalena, que ele decidiu ser ele mesmo a pintar.

Descobrimos que também mandara fazer uma pequena estátua em bronze de Madalena, que ele colocou no exterior da gruta, junto à igreja. A estátua media menos de um metro e pesava cerca de oitenta e cinco quilos, e era a imagem invertida do baixo-relevo, mas, sob outros aspectos, idêntica. Esta estátua desapareceu há muito tempo, mas André Galaup, um jornalista reformado, de Limoux, tem fotografias dela.

A legenda «Terribilis est locus iste» destaca-se por cima da porta da igreja. Como Keith Prince nos indicou, a frase é do Gênesis 29:17 e relata que Jacob sonha com uma escada pela qual os anjos sobem e descem. Ao acordar, Jacob pronuncia estas palavras. Passa a designar aquele lugar por Betel, significando Casa de Deus. Mas, no Antigo Testamento, Betel transforma-se num centro de poder rival de Jerusalém – dando ao conceito de Betel a conotação de centro religioso alternativo ou rival do «oficial».

Mas na França a implicação é mais óbvia: um dicionário francês define «Betel» como um templo de uma seita dissidente. Poderia ser isto que Saunière estava a tentar comunicar? Curiosamente, os Dossiers Secrets reclamam que Saunière, nos seus últimos anos, planejava implantar «uma nova religião» e empreender uma cruzada por toda a área. A última edificação planejada para o seu «domaine» – a grande torre e o batistério exterior – faziam parte desta ambição.

Decidimos concentrar-nos no que Saunière encontrara quando chegou a Rennes-le-Château e no que pode ter inspirado as suas pesquisas. Pondo de parte a falsa pista dos pergaminhos, a aparente contradição do comportamento de Saunière chamou-nos a atenção. Muitas pessoas pensam que ele tentava deixar indicações na decoração da sua igreja. Contudo, também se sabe que ele destruiu cuidadosamente certas coisas que lá encontrou – especificamente, as inscrições das duas pedras que assinalavam a sepultura de Marie de Nègre. Também as removeu da sepultura, o que sugere que ele desejava obscurecer a sua localização exata.

Como vimos, estas pedras – a pedra vertical e a placa horizontal – foram colocadas na sepultura de Marie de Nègre pelo abade Antoine Bigou, cerca de cem anos antes de Saunière chegar. Mas uma coisa estranha já estava implicada: Bigou erigiu as pedras em 1791 – dez anos depois da morte da mulher que, supostamente, estava na sepultura – ao mesmo tempo que mandava voltar ao contrário a «Pedra do Cavaleiro» da igreja. (O levantamento desta pedra parece ter sido um passo importante da pesquisa de Saunière.)



Há ainda outro indicador de que Saunière estava, de algum modo, seguindo as pegadas de Bigou: antes de ser pároco de Rennes, Bigou exercera o cargo em Le Clat, uma pequena aldeia de montanha, a vinte quilômetros de Rennes. Saunière também fora sacerdote de Le Clat, imediatamente antes de vir para Rennes-le-Château. Poderia Saunière estar procurando alguma coisa relacionada com Bigou e, portanto, com as famílias d’Hautpoul ou de Nègre?

O trabalho de Bigou na sepultura de Marie pode ter sido inspirado pelos acontecimentos na França, que ocorreram entre a morte de Marie e 1791 – o ano que marcou o princípio do terror da Revolução Francesa. Os revolucionários eram hostis à Igreja Católica, e muitas relíquias, ícones e decorações foram destruídos ou saqueados neste período. Curiosamente, pouco depois do seu trabalho em Rennes-le-Château, Bigou, que era contrário à República, atravessou a fronteira e fugiu para Espanha, onde morreu em 1793.

Havia outra coisa estranha no sepultamento de Marie de Nègre. Os senhores de Rennes, a família d’Hautpoul, eram tradicionalmente sepultados na cripta da família, que se diz existir por debaixo da igreja. Então, por que razão o sepultamento de Marie não seguiu esta tradição? Sabemos que a cripta existia, porque ela é referida num registro paroquial que abrange os anos 1694-1726 e que está exposto no museu. Segundo este registro, a entrada para a cripta situa-se no interior da igreja. Contudo, a entrada já desapareceu, embora pareça certo que Saunière a descobriu; talvez os documentos que ele encontrou lhe indicassem o lugar onde devia procurá-la.

Segundo o relato da história de Saunière, registrado pelos irmãos Antoine e Marcel Captier e baseado nas memórias da família, o sacerdote descobrira a entrada para a cripta, por debaixo da Pedra do Cavaleiro, e tinha, de fato, entrado nela. Mas voltara, depois, a ocultar a entrada sob o novo pavimento da igreja, presumivelmente porque não queria que a sua localização fosse conhecida. Antoine Bigou devia ter tido a mesma preocupação, porque foi ele, em 1791 quem mandou voltar a Pedra do Cavaleiro ao contrário. Por que estariam os dois sacerdotes, separados por um século, tão interessados em que mais ninguém entrasse na cripta dos senhores de Rennes-le-Château?

Há uma resposta simples. Se Saunière entrasse na cripta e encontrasse o túmulo de Marie de Nègre, onde, em primeiro lugar ele deveria estar, teria compreendido imediatamente que se passava uma coisa muito estranha: a mulher tinha duas sepulturas. Mas a segunda, a do cemitério, fora lá colocada por Bigou, dez anos depois da morte de Marie. Obviamente, Marie não estava enterrada no cemitério – nesse caso, quem, ou o quê, estava lá enterrado?

Uma hipótese aceitável é que Bigou, presumivelmente devido às convulsões sociais da Revolução de 1789, que o ameaçaram pessoalmente, escondera alguma coisa no cemitério de Rennes-le-Château antes de fugir para Espanha. Mas o que poderia ter sido – outro corpo, um objeto ou documentos de certa natureza? Talvez fosse alguma coisa que Bigou tivesse dificuldade em levar consigo para Espanha ou talvez fosse alguma coisa que, de fato, fazia parte de Rennes-le-Château. Podemos nunca saber, mas parece que Saunière soube, porque ele abriu a sepultura para a procurar. E ele tivera muito interesse em que a mensagem das duas pedras tumulares se perdesse – pelo menos, a da placa horizontal, cuja inscrição ele fez desaparecer. Podia a mensagem dar alguma indicação sobre o que a sepultura, de fato, encerraria?


ÍSIS, …

A inscrição da pedra principal da sepultura de Marie de Nègre apresenta muitos erros, que não podem ser apenas o resultado de um acabamento pouco cuidadoso. Há palavras com erros de grafia, letras suprimidas, espaços que são omitidos ou acrescentados onde não são necessários. Das vinte e cinco palavras da inscrição, nada menos de onze apresentam erros. Alguns parecem bastante inócuos, mas um, em particular, era tão grave que teria causado séria ofensa à família. As palavras finais deveriam apresentar-se como o convencional REQUESTA IN PACE – «descanse em paz» – mas aparecem como REQUIES CATIN PACE. A palavra francesa «catin» é a gíria para «prostituta».

E é reforçada por um erro do nome de família do marido de Marie: D’Hautpoul aparece como DHAUPOUL. Este erro pode não alterar muito o significado, mas consegue chamar a atenção para a palavra. E poule (galinha) é outra designação de prostituta, em gíria; de fato, hautpoul podia significar «grande prostituta» … Do mesmo modo, o nome inscrito na pedra tumular faz eco de temas importantes desta investigação. Chega a ser tentador pensar que Marie de Nègre apenas existiu como nome, e como código de alguma coisa absolutamente espantosa.

Porque Blanchefort, embora seja o nome de um posto de fronteira local, significa «torre branca» ou «branco forte» – um termo alquímico. E «Marie de Nègre» evoca as Madonas Negras, com as suas associações a Maria Madalena, o que é reforçado pela referência de hautpoul a «alta prostituição», a sabedoria da prostituta. Encontramos, novamente, aparentes associações que são sugestivas da sexualidade (do feminino) sagrada e talvez – no contexto de rumores de «tesouro» – dos aspectos sexuais da Grande Obra alquímica. E, ainda mais relevante talvez, há outro erro de grafia na pedra tumular: D’ABLES é representado como D’ARLES. Se é, como suspeitamos, uma referência à cidade de Arles, na Provença, pode evocar o fato de que ela foi um antigo centro do culto de ÍSIS. Seja como for, Arles fica muito próximo de Saintes-Maries-de-la- Mer.

O desenho da segunda pedra da sepultura de Marie de Nègre, a placa horizontal, é mais polêmico porque existem algumas discrepâncias nos vários relatos do desenho, que foram publicados. Segundo a maioria das versões, ele ostenta duas inscrições: a frase – em latim, mas curiosamente inscrita em caracteres gregos – Et in Arcadia ego – e quatro palavras latinas: Reddis Regis Cellis Arcis, cruzando a pedra. O significado da última inscrição não é claro e tem sido tema de várias interpretações diferentes, mas parece referir-se a uma cripta ou túmulo real, talvez associado a Rhedae e/ou à aldeia de Arques. (A palavra Arcis tem muitos significados possíveis, desde palavras relacionadas com a inglesa «arco» a palavras que signifiquem «fechado» ou «interior», ou podia ser simplesmente uma alusão a Arques, quer o seu antigo nome de Archis quer uma transcrição fonética do nome moderno.)

O mote Et in Arcadia ego também se encontra no túmulo do quadro de Nicolas Poussin (1593-1665), Os Pastores de Arcádia, o qual é notavelmente semelhante ao que parece sempre ter existido – sob uma forma ou outra – junto da estrada que, de Rennes-le-Château e de Couiza, conduz a Arques. (A mais recente versão foi dinamitada em 1998, porque o agricultor da terra em que ele se encontrava já não estava disposto a tolerar centenas de turistas que violavam a sua propriedade. Infelizmente, esta medida drástica foi em vão: agora os turistas vêm tirar fotografias do local onde o túmulo se costumava encontrar.)


Nicolas Poussin (Les Andelys, Normandia, França, 15 de Junho de 1594 – Roma, 19 de Novembro de 1665) foi um pintor francês, mas por seu espírito e sensibilidade, um romano por adoção. É um dos maiores representantes do classicismo do século XVII. Trabalhou quase que exclusivamente em Roma. Um dos trabalhos mais famosos de Poussin é Os Pastores de Arcádia, uma pintura que retrata um túmulo com uma lápide enorme, onde se lê Et in Arcadia ego. O túmulo da pintura, anos após a morte de Poussin, foi encontrado nas redondezas de Rennes-le-Château, um vilarejo no sudeste da França, que fora habitado pelos visigodos e merovíngios.

Diz-se que Saunière trouxera de Paris reproduções de certas pinturas, uma das quais era Os Pastores de Arcádia de Poussin. Esta pintura, datando de cerca de 1640, representa um grupo de três pastores examinando um túmulo, observados por uma mulher que é geralmente considerada como sendo uma pastora. O túmulo ostenta a inscrição latina Et in Arcádia ego, uma frase estranhamente não gramatical que tem sido interpretada de várias maneiras, mas que, geralmente, se considera representar um memento mori, uma reflexão sobre a mortalidade: mesmo na terra paradisíaca da Arcádia, a morte está presente.

Este mote tem uma estreita ligação com a história do Priorado de Sião e figura no brasão da família de Plantard de Saint-Clair. Também se diz, como vimos, que ele foi incorporado na decoração da pedra horizontal da sepultura de Marie de Nègre. O tema da pintura não foi inventado por Poussin, sendo a primeira versão conhecida a de Giovanni Francesco Guercino, cerca de vinte anos antes. Contudo, o homem que encomendou a versão de Poussin, o cardeal Rospigliosi, parece também ter sugerido o tema a Guercino. E a primeira aparição artística da frase é numa gravura alemã do século XVI intitulada O Rei da Nova Sião destronado depois de ter inaugurado a Idade de Ouro… Ao discutir Poussin, é interessante considerar uma carta que o abade Louis Fouquet escreveu, de Roma, a seu irmão Nicolas, superintendente de Finanças de Luís XIV, em Abril de 1656:


[Poussin] e eu planejamos certas coisas de que te falarei em pormenor, brevemente, [e] que te darão, por intermédio de M. Poussin, vantagens que reis teriam grande dificuldade em obter dele, e que, depois dele, talvez ninguém dos séculos vindouros conseguirá recuperar; e o que é mais, seria sem grande despesa mas daria lucro, e estas coisas são tão difíceis de encontrar que ninguém desta terra podia ter agora uma fortuna melhor, nem talvez igual.

Curiosamente, foi Charles Fouquet, irmão de Louis e de Nicolas que, mais tarde, como bispo de Narbonne, assumiu o controle exclusivo da catedral de Notre-Dame de Marceilles durante um período de catorze anos.

A pintura de Poussin tem interesse para os investigadores de Rennes porque a paisagem representada na pintura é muito semelhante à da área que rodeia o lugar do túmulo de Arques, e a própria Rennes-le-Château avista-se à distância. Mas a paisagem, embora semelhante, não é idêntica, o que é considerado por algumas pessoas como prova de que a semelhança é uma coincidência. Mas, na nossa opinião, a paisagem representada por Poussin é suficientemente próxima do original para admitir a possibilidade de ele tentar reproduzir a área circundante de Rennes.



Mas a intriga adensa-se: sabe-se que o túmulo de Arques data apenas dos primeiros anos do século XX. Foi construído em 1903 pelo proprietário de uma fábrica local, Jean Galibert, e vendido depois a um americano chamado Lawrence. No entanto, segundo alguns rumores, este túmulo limitou-se a substituir uma versão anterior que existira no mesmo lugar, a qual, por sua vez, substituíra a que existia anteriormente. O nosso amigo John Stephenson, que vivia há muitos anos nesta área, confirmou que os habitantes locais dizem que «sempre existiu um túmulo naquele lugar».

Assim, é possível que Poussin se tivesse limitado a pintar o que vira naquele lugar. John Stephenson também nos informou de que a ligação com a pintura de Poussin era conhecida na área, há muito tempo, o que certamente contraria a ideia dos céticos de que essa associação foi uma invenção dos anos 60 ou 70. O lugar foi sempre considerado muito importante para estudiosos do ocultismo e do feminino sagrado.

Também tem sido afirmado que o mote Arcadia foi adotado por Plantard de Saint-Clair e pelo Priorado de Sião apenas no século XX, tal como a suposta ligação com a pintura de Poussin e o túmulo de Marie de Nègre. Mas a frase já fora associada à área, muito antes da época de Saunière. Em 1832, um certo Auguste de Labouïse-Rochefort escreveu um livro intitulado Voyage à Rennes-le-Bains, que incluía referências a um tesouro oculto, associado a Rennes-le-Château e a Blanchefort. Labouïse-Rochefort escreveu outro livro, Les Amants, à Èléonore (Os Amantes, para Eleonore), que incluía a frase Et in Arcádia ego na página do título.

Localmente, o túmulo é conhecido por «túmulo de Arques», o que, embora seja mais exato que «túmulo de Poussin», ainda não é exatamente verdadeiro, porque a aldeia de Arques fica a três quilômetros, para leste, na estrada principal. Embora o túmulo esteja muito mais próximo da aldeia de Serres, a palavra Arques é demasiado semelhante a Arcádia para não ser explorada.

Segundo Deloux e Brétigny, no seu livro Rennes-le-Château: capitale secrète de l’histoire de France, a placa da pedra tumular de Marie de Nègre foi, de fato, colocada na sua sepultura pelo abade Bigou, retirada de uma versão anterior do túmulo de Arques. Admitindo que sim, isto cria uma possibilidade intrigante. Poderia Poussin ter pintado simplesmente uma coisa que, ele de fato, vira comseus próprios olhos – um túmulo com as palavras Et in Arcadia ego nele inscritas?

John Stephenson relatou-nos uma lenda local espantosa, relacionada com o túmulo de Arques: que ele era ou a sepultura de Maria Madalena ou serviria, de algum modo, de marco ou indicador dela – a inscrição na pedra horizontal de Marie de Nègre tinha, de fato, uma seta que partia do centro. Mas, infelizmente, a pedra fora removida, por isso já não sabemos em que direção a seta apontava originariamente.

As provas sugerem que Saunière acreditava que o corpo de Maria Madalena se encontrava em qualquer parte; ou estava nas proximidades de Rennes-le-Château, ou a aldeia proporcionava algum gênero de indicação sobre o seu paradeiro. O que estava escondido no segundo túmulo de Marie de Nègre? A inscrição codificada que, aparentemente, se referia a uma «grande prostituta» indicava, de fato, Madalena? (Talvez o termo pudesse ser interpretado como «Grande-Sacerdotisa», associando, deste modo, o conceito de sexualidade sagrada a práticas ocultistas antigas, e não modernas).

Saunière, certamente, parecia andar em busca de alguma coisa especial e poderosa, alguma coisa preciosa que estava relacionada com a sua dileta Maria Madalena – e que podia haver mais precioso que os seus restos mortais? É evidente que isto podia ter sido apenas uma obsessão pessoal da sua parte e talvez ele imaginasse que as relíquias ainda não tinham sido encontradas. Por outro lado, como vimos, Saunière trabalhava para uma mais vasta e misteriosa organização, a qual, provavelmente, o financiava. Esta organização estaria igualmente iludida? Talvez não. A evidência sugere que o sacerdote trabalhava baseado em informação secreta acerca de um objeto real.


A Pomba Branca, simbolo de pureza e da paz, a ruiva Madalena (cabelos ruivos é o símbolo da Sacerdotisa) e o santo Graal …

A medida que a nossa investigação prosseguia, estávamos cada vez mais convencidos desta hipótese de Madalena, mas depressa descobrimos que – pelo menos, entre os investigadores britânicos deste tema – estávamos sozinhos. Assim, foi encorajador saber que investigadores franceses estavam a seguir a mesma orientação. Para eles, bem como para nós, não era inconcebível que Saunière e os seus misteriosos apoiantes andassem em busca da própria Maria Madalena.

Durante uma das nossas viagens a esta área, na Primavera de 1996, Nicole Dawe organizou um jantar para que conhecêssemos Antoine e Claire Captier, juntamente com Charles Bywaters. Antoine, neto do sineiro que encontrou os documentos que entregou a Saunière, viveu toda a vida com este mistério, assim como Claire, que é filha de Noël Corbu.

Antoine foi franco: não tinha interesse em adensar ainda mais o mistério. «Não vou dizer- lhes o que não sei», era esta a sua maneira de começar a discussão. Afirmou que considerava improvável que lhe fizéssemos alguma pergunta diferente, mas ficou surpreendido quando o interrogamos sobre a possível associação de Saunière ao culto de Madalena – porque este fora um ângulo que tinha sido ignorado até recentemente, mas o nosso interesse nele igualava estranhamente o de certos investigadores franceses.

Antoine informou-nos de que Saunière tinha investigado a lenda de Madalena, tendo, por exemplo, visitado Aix-en-Provence e a área circundante. Esta informação estava prestes a surgir na revista Cep d’Or de Pyla, publicada por André Douzet – o homem que encontrou a maquete já discutida no capítulo anterior – que reside em Narbonne. Douzet e o seu círculo são entusiásticos e competentes investigadores da história esotérica da França. Antoine disse que a próxima edição da revista «será interessante para vós… porque encontrarão alguma coisa mais profunda relativamente a Madalena».

De novo graças a Nicole, conhecemos André Douzet, que nos informou de que ele e outros, especialmente Antoine Bruzeau, tinham começado a investigar o interesse de Saunière por Madalena – mas parecia que a chave do mistério se encontrava a alguma distância de Rennes-le-Château. André não fora, inicialmente, atraído pelo mistério de Saunière, mas chegara até ele por um caminho indireto: certos lugares que o interessavam, na sua cidade natal de Lyons, tinham-no conduzido até ali.

A associação remonta a Gérard de Roussillon – que no século IX fundara a abadia de Vézelay, na Borgonha, para onde, foi afirmado mais tarde, levara o corpo de Maria Madalena. Lembramos (consultar o Capítulo III) que esta reivindicação foi ultrapassada, mais tarde, por St. Maximin da Provença, quando os monges de Vézelay não conseguiram apresentar as relíquias. Também recordemos que este acontecimento levou Charles II d’Anjou a empreender uma busca febril, convencido de que os restos mortais de Madalena ainda se encontravam em qualquer parte da Provença.

Gérard de Roussillon era conde de Barcelona, de Narbonne e da Provença – uma vasta região. A sua família também tinha propriedades na região de Le Pilat – agora, o Parque Nacional de Le Pilat -, a sul de Lyons. Eram fervorosos devotos de Madalena, e a área era um centro do seu culto. (Uma capela de Sainte-Madaleine, na região de Le Pilat, conservava as supostas relíquias de Lázaro.)

No século XIII, o conde reinante, Guillaume de Roussillon, morreu nas Cruzadas e a sua pesarosa viúva, Béatrix, retirou-se para as colinas de Le Pilat, onde fundou um mosteiro cartuxo, Sainte-Croix-en-Jarez, onde viveu o resto da sua vida. Mas, depois disso, o mosteiro parecia ter uma estranha associação com Maria Madalena.


Cristo e Madalena

Antoine Bruzeau afirma que a família possuíra as verdadeiras relíquias de Maria Madalena e que Béatrix as levara para Sainte-Croix. (Ou talvez ela tivesse simplesmente confiado à abadia o segredo da sua localização.) Ele também sugere que o verdadeiro lugar do desembarque de Madalena em França não foi a Carmargue, mas a costa do Roussillon, num lugar ainda chamado Mas de La Madaleine. De acordo com a sua teoria, ela não vivera o resto da sua vida na Provença, mas no hoje Languedoc-Roussillon - em redor da área de Rennes-le-Château.

Por alguma razão, a família Roussillon sentiu que era seu dever não só conservar as relíquias mas também mantê-las secretas. Isto é muito estranho, numa época em que as relíquias eram tão lucrativas, e sugere que eles tinham motivos diferentes da simples veneração de uma santa do Novo Testamento. Talvez fosse alguma coisa relacionada com o verdadeiro papel de Madalena na vida de Jesus Cristo.

No século XIV, um curioso mural foi acrescentado à abadia de Sainte-Croix, representando Jesus sendo crucificado em madeira viva. Mais tarde, este mural foi coberto de estuque, mas foi redescoberto em 1896 – pouco tempo antes de Saunière, pessoalmente, ter pintado o baixo-relevo do seu altar, representando Madalena a contemplar uma cruz feita de madeira ainda em crescimento.

Mais tarde, no século XVII, um dos frades de Sainte-Croix, Dom Polycarpe de La Rivière, um famoso erudito, empreendeu a recuperação do mosteiro, e talvez tenha descoberto alguma coisa. Ele estava particularmente interessado em Madalena – escreveu um livro acerca dela que, infelizmente, se perdeu, além de um outro sobre a área em redor de Aix-en-Provence, de St. Maximin e de Sainte-Baume, que o Vaticano suprimiu. De la Rivière também estava relacionado com Nicolas Poussin, e a investigação de Bruzeau sugere que ambos faziam parte de uma sociedade secreta conhecida por «Societé Angelique».

Nas colinas de Le Pilat, uma antiga estrada sobe o Mont Pilat até uma capela dedicada a Maria Madalena. A estrada começa na aldeia de Malleval, cuja igreja contém estátuas de St. António de Pádua e de St. Germain, que são idênticas às de Rennes-le-Château. O caminho passa por uma capela dedicada a St. Antônio Eremita – outro santo venerado na igreja de Saunière (e cuja festividade é em 17 de Janeiro). E na capela de Madalena existe um quadro, representando a santa na sua gruta, que é espantosamente semelhante ao de Rennes-le-Château. Bruzeau observa que, no fundo do retábulo de Saunière, há um arco com coluna: em céltico, o primeiro é Pyla; em latim, o segundo é pilla – apontando, foneticamente, para a área de Le Pilat. E os picos representados no horizonte parecem ser os da área circundante de Mont Pilat.

Sempre nos pareceu estranho que, no seu baixo-relevo, Saunière tivesse excluído o elemento mais característico da iconografia de Maria Madalena – o seu vaso de bálsamo santo ou Sainte Baume… Podia ser esta a sua maneira de dizer que as verdadeiras relíquias de Maria Madalena, afinal, não estavam em St. Maximin-le-Sainte-Baume da Provença?

Certamente, a julgar pelas faturas do aluguel de carruagem e cavalos na área de Lyons, em 1898 e 1899, parece que Saunière explorou a área de Le Pilat em busca do que restava da sua dileta Maria Madalena.

A questão primordial é saber por que razão alguém se esforçaria tanto para encontrar o que seria, essencialmente, apenas uma caixa com ossos. Porque, embora os católicos sempre tivessem a mórbida predileção por cadáveres de santos, deve-se recordar que muitos dos que, aparentemente, procuravam os restos mortais de Madalena eram ocultistas ou católicos rebeldes em relação a igreja romana. De qualquer modo, não parecem ter sido pessoas sentimentais e a época das relíquias como grande negócio já passara, há muito tempo – então, por que dedicaram tanto tempo e esforço a esta busca?


As colinas de Le Pilat, no maciço do mesmo nome.

Talvez não fosse simplesmente um esqueleto que eles procuravam: talvez julgassem que o caixão, ou túmulo, continha algum segredo, quer alguma coisa relacionada com o próprio corpo quer alguma coisa que estava com ele. Henry Lincoln, presumivelmente com ironia, sugeriu à imprensa francesa que esta «alguma coisa» podia ser a certidão de casamento de Jesus e Maria Madalena.

Falando mais seriamente, o segredo tem de ser alguma coisa semelhante a isso – uma coisa comprovativa e inequívoca que, uma vez tornada pública, causaria um enorme furor e muitos problemas para a igreja de Roma.

Dado o interesse destes grupos específicos, que temos estado a investigar, o segredo tem de ser alguma coisa herética cuja natureza se revelaria profundamente inquietante para a Igreja oficializada. Mas o que teria a possibilidade de provocar esta ameaça? Por que razão uma coisa que tem – presumivelmente – 2000 anos, deveria ter alguma relação importante com a sociedade moderna?


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Posted by Thoth3126 on 08/05/2015

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06.10.15


Revelação Templária – 9A 

 Um Curioso Tesouro 

(Rennes-le-Chateau)

 Lynn Picknett e Clive Prince

Publicado anteriormente a 05/05/2015

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

 

CAPÍTULO IX – UM CURIOSO TESOURO


Os céticos afirmam que não existe nenhum mistério em Rennes-le-Château. Para eles, Saunière ganhou dinheiro apenas com o tráfico de missas – ou, talvez, com outros negócios duvidosos – e a história do tesouro foi cinicamente inventada como atração turística. Quanto à importância que os Dossiers Secrets do Priorado de Sião atribuem à aldeia e ao seu mito, isso, dizem eles, é simplesmente o Priorado revestindo-se de um ar de mistério. Além disso, a história, tal como a conhecemos, remonta apenas a 1956, quando Noël Corbu abordou um assunto que se destinava a entreter os hóspedes da Vila Betânia, que ele transformara num hotel-restaurante …

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 09A – UM CURIOSO TESOURO – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

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CAPÍTULO IX – UM CURIOSO TESOURO – 9A


… Contudo, a investigação mostra que existe um mistério: na verdade, a aldeia era claramente um centro de interesse para os investigadores esotéricos antes dessa data. Por exemplo, em 1969, alguém foi lá especificamente para procurar o imaginário tesouro dos cátaros, que ele acreditava ter sido levado da fortaleza de Montsegur para Rennes-le-Château. Talvez isto também explique a presença, que, de outro modo seria estranha, de oficiais alemães nazistas na Vila Betânia, onde ficaram alojados, durante a segunda guerra mundial.

Como muitas pessoas já sabem, os nazistas tinham uma obsessão por artefatos ocultistas, alquímicos, esotéricos e religiosos e passaram muitos meses, durante a guerra, a fazer escavações em Montségur e na região de Rennes-le-Château. Diz-se que eles procuravam o Santo Graal: certamente, Otto Rahn, o arqueólogo nazista, concentrara os seus esforços para o encontrar naquela área, nos anos 30.


A pequena e misteriosa vila de Rennes-le-Chateau

Noël Corbu é um protagonista importante na história de Rennes-le-Château. O seu papel ultrapassa o de um hoteleiro local e de contador de histórias fantásticas – como se pode deduzir da sua participação na publicação dos famosos pergaminhos codificados. Como vimos, estes surgiram, pela primeira vez, num livro de Gérard de Sède publicado em 1967, mas, mais tarde, um colega de Pierre Plantard de Saint-Clair e membro do Priorado de Sião, Philippe de Chérisey, confessou tê-los forjado.

No seu mais recente livro sobre o caso de Rennes-le-Château, em 1988, Gérard de Sède declara que publicou os textos de boa-fé, tendo-lhe estes sido entregues por alguém relacionado com Rennes-le-Château que afirmava serem cópias que Saunière entregara ao presidente do município da aldeia antes de levar os originais para Paris. Mas De Sède tem o cuidado de evitar nomear este «alguém».

No entanto, a sua identidade é revelada na obra de Jean Robin: era Noël Corbu. Isto é importante porque se De Chérisey forjou os pergaminhos, então Corbu apenas podia obtê- los através do contato com o Priorado de Sião.

Quanto mais se investigam as circunstâncias em que Corbu veio a adquirir o domaine de Saunière mais intrigantes elas se tornam. Segundo a história usual, Corbu encontrava-se casualmente na aldeia, durante a segunda guerra mundial, tornou-se amigo da idosa Marie Dénarnaud e concluiu que a vila daria uma boa residência. Mas a verdadeira história parece ser que ele já estava interessado na história de Saunière desde há algum tempo, e, no princípio dos anos 40, fez o possível para estabelecer relações de amizade com Marie para obter mais informações.

A intriga adensa-se: a igreja romana, por qualquer razão, também sempre estivera muito interessada em se apoderar da antiga propriedade de Saunière, mas estava igualmente ansiosa por adquiri-la discretamente. De fato, fez várias tentativas para convencer Marie a vendê-la, mas ela se recusava. Parece que, por intermédio de um sacerdote, chamado abade Gau, a Igreja convenceu Corbu a atuar em seu nome, tendo acordado, presumivelmente, que, quando Marie lhe vendesse a propriedade, ele lha transferisse. Alguma coisa parece ter corrido mal: talvez Corbu renegasse o acordo feito com a igreja romana.



Mais tarde, ele solicitou diretamente uma concessão do Vaticano, que foi obviamente considerada de invulgar importância, porque o Vaticano enviou o embaixador papal, em pessoa, para Carcassonne para obter da diocese as informações necessárias. E este embaixador não era outro senão o cardeal Roncali – futuro papa João XXIII (que, segundo The Holy Blood and The Holy Grail (no Brasil, “O Santo Graal e a Linhagem Sagrada“), poderia ter sido um homem membro do Priorado de Sião). A diocese, aparentemente, deu um parecer negativo e recomendou que a concessão fosse recusada. Mas, estranhamente, o Vaticano concedeu-lha.

É evidente que a relação com Corbu é muito importante para a compreensão da história de Rennes-le-Château: o mistério não terminou com a morte de Saunière. E, como Corbu viveu com Marie durante sete anos, estava em boa posição para descobrir o segredo. Qualquer que ele fosse, Corbu não o inventou. (Curiosamente, tem-se afirmado que Corbu, com Pierre Plantard de Saint-Clair, foi inspirador do aparecimento do Priorado aos olhos do público, nos anos 60, mas estes rumores nunca foram confirmados.)

Vimos, no capítulo anterior, que Saunière foi apenas um indivíduo implicado num mistério muito vasto da área onde se situa a aldeia de Rennes-le-Château – em acontecimentos que envolviam grandes somas de dinheiro e que levaram algumas pessoas a recorrer ao assassínio.

Sem dúvida que o mistério também envolvia grupos de Paris, com os quais Saunière estava em contato. Mas é interessante que muitas das figuras principais dos círculos que rodeavam Emma Calvé fossem – como a própria Emma – de origem languedoquiana. Foi referido que não era, de fato, necessário que Saunière se tivesse deslocado a Paris para conhecer a maioria dessas pessoas, porque elas visitavam com frequência Toulouse, o «berço do seu círculo». A pista conduz-nos, de novo, a pessoas e grupos cujos nomes já são familiares desta investigação.

Estas relações são excepcionalmente relevantes: não só lançam alguma luz, muito necessária, sobre o próprio Saunière mas também revelam que a história de Rennes-le- Château faz parte, de fato, desta investigação. Seguir o rasto do sacerdote até à complicada «árvore genealógica» dos grupos ocultistas, que já discutimos, iria oferecer-nos conhecimentos e revelações completamente inesperados sobre a verdadeira natureza do mais divulgado mistério do Languedoc, o qual, que saibamos, nunca foi publicado na Inglaterra.

Estranhamente, considerando todo o tempo e trabalho que foram investidos para tentar esclarecer o mistério, algumas das respostas saltam literalmente aos olhos do investigador. Indicações sobre a filiação particular de Saunière encontram-se na própria igreja de Rennes-le-Château. Apesar de os céticos terem sugerido que toda a decoração aparatosa e peculiar podia ser atribuída ao mau gosto ou a uma aberração mental de Saunière, outra investigação mostra que há mais, muito mais, e não menos, mistérios naquele «terrível» lugar.

Suspeitávamos de que a igreja e os seus arredores imediatos tinham sido planejados e projetados segundo um plano arcano (ocultista) muito específico. Os seus motivos dominantes parecem ter sido a inversão, imagens invertidas e o equilíbrio dos opostos: por exemplo, a contrapartida da Torre de Magdala é a estufa, na outra extremidade dos baluartes. Enquanto a primeira é construída de pedra sólida e tem vinte e dois degraus, que conduzem ao topo do torreão, a segunda é de material insubstancial e os seus vinte e dois degraus conduzem a uma sala situada em baixo. E a disposição do jardim e o calvário, no exterior da igreja, configuram um padrão geométrico preconcebido – e, presumivelmente, significativo.

Estas nossas observações foram confirmadas por Alain Féral, um famoso artista que vive na aldeia – e que era protegido de Jean Cocteau. Féral, que vive na aldeia desde o princípio dos anos 80, fez as mais pormenorizadas medições dos planos da igreja e dos edifícios circundantes e concluiu que eles revelam temas recorrentes. (Pode não ter sido, evidentemente, o próprio Saunière o responsável por isso – pode ter sido Henri Boudet ou o arquitecto que ele encarregou de fazer a obra ou mesmo os superiores de qualquer grupo com que Saunière podia estar envolvido.)


A localização de Rennes-Le-Chateau, na região do Languedoc-Roussillon, na França.

Reforçando a nossa ideia do tema das imagens refletidas, Féral refere que o pilar visigodo (que, anteriormente, sustentava o altar) ostenta uma cruz esculpida, que Saunière colocou ao contrário, no exterior da igreja. Também cita o significado do número vinte e dois: além das escadas da torre e da estufa, o número aparece em toda a parte do domaine. Dois lances de escadas conduzem do jardim ao terraço, cada um deles com onze degraus. As duas inscrições da igreja que mais atraíram a atenção – “Terribilis est locus iste”, acima do pórtico, e “Par ce signe tu le vaincras”, acima da pia da água-benta – são ambas formadas por vinte e duas letras. (A frase latina, que é mais usualmente transcrita como Terribilis est locus iste, e o le que é estranho à frase francesa parecem ter sido imaginadas para dar a cada uma delas vinte e duas letras. ) Há uma boa razão para a importância de onze e do vinte e dois: estes números são ambos «números básicos (mestres)» do ocultismo. Têm particular significado nos estudos cabalísticos.

Assim, há um curioso padrão heterodoxo criado por quatro objetos, dois no interior e dois no exterior da igreja: o confessionário, que está diretamente voltado para o altar; o próprio altar; a estátua de Notre-Dame de Lourdes (com a inscrição de «Penitência! Penitência!»), no exterior da igreja, sobre o pilar visigodo invertido, e o «calvário» do pequeno jardim, que o próprio Saunière construiu com todo o esmero. Estes quatro elementos não só formam um quadrado perfeito como também transmitem uma mensagem simbólica.

O confessionário e a inscrição «penitência» referem-se ambos a arrependimento e defrontam, respectivamente, o altar e o calvário, ambos simbólicos de salvação da Alma. Assim, cada grupo de pares parece simbolizar uma jornada, caminho ou iniciação espiritual – do arrependimento ao perdão e daí à salvação. Isto foi tão cuidadosamente concebido que devia ter transmitido alguma mensagem especial e oculta. Saunière está tentando dizer que o perdão e a salvação também se encontram fora da Igreja? E há aqui mais alguma indicação, alguma coisa relacionada com figuras que representem arrependimento e penitência – João Batista e Maria Madalena?

A frase «Penitência! Penitência!» foi a que, supostamente, a Virgem Maria proferiu durante as aparições de La Salette. Dos dois jovens visionários, um era uma pastora, Melanie Calvet, que era parente de Emma Calvé. (Emma alterou a grafia do seu nome quando se tornou cantora de ópera.) Durante algum tempo, a visão de La Salette ameaçou rivalizar com a de Lourdes, mas a Igreja Católica concluiu que ela era apenas uma mistificação. A visão de La Salette, no entanto, foi defendida pelo movimento joanino/Naündorff/Vintras (consultar o Capítulo 7). Saunière também escreveu em defesa das visões de La Salette.

Como vimos, é pouco provável que as célebres decorações da igreja sejam sinais indicadores da localização de algum grande tesouro. Se Saunière tivesse encontrado alguma coisa que o tornasse muito rico, dificilmente iria decorar a sua igreja com instruções codificadas que conduzissem ao lugar onde ela se encontrava. É mais provável que as decorações tentem esconder alguma coisa ou, no mínimo, fazer uma comunicação que seria óbvia apenas para um iniciado.

A melhor analogia – e, nas circunstâncias, a mais apropriada – é com um espaço de uma loja maçônica. Para um não-iniciado, os vários símbolos empreguados nesses templos – os compassos, os esquadros e outras insígnias – não podem ser «decodificados» para revelar qualquer quadro coerente das intenções dos maçônicos. É preciso conhecer a filosofia, a história e os segredos subjacentes que eles simbolizam, para compreender a sua real função ali.


Uma das duas inscrições da igreja que mais atraíram a atenção – “Terribilis est locus iste”, esta gravada acima do pórtico de entrada da igreja.

Muitos observadores identificam símbolos de várias sociedades secretas e ocultistas – os rosacruzes, os Cavaleiros Templários e os maçônicos – na decoração da igreja. As rosas e as cruzes do tímpano referem-se claramente aos rosacruzes. Uma das anomalias das Estações da Via Sacra, que é citada com maior frequência, é a da Oitava Estação, em que Jesus (carregando a cruz sem esforço) encontra uma mulher que usa o que parece ser um véu de viúva e que tem o braço em volta de um rapazinho envolto no que parece ser um manto axadrezado.

Isto é tomado como uma referência aos maçônicos, que se auto-intitulam os «Filhos da Viúva». (E talvez haja algum significado no fato de a Oitava Casa astrológica reger os mistérios do sexo, da morte e da reencarnação – e do oculto.) O pavimento da igreja, os quadrados brancos e pretos, e o teto azul, com as suas estrelas douradas acima do altar, evocam as decorações habituais de uma loja maçônica.

Em nossa opinião, um dos elementos mais importantes de toda a igreja é o primeiro com que o visitante depara ao entrar nela. O demônio, recentemente vandalizado, foi sempre designado por «Asmodeus», aquele que tradicionalmente guarda tesouros escondidos – embora não haja nada nesta estátua que a associe explicitamente ao demônio daquele nome.

Discutimos esta questão com Robert Howells, que, como gerente de uma das mais famosas livrarias ocultistas de Londres, tem um conhecimento extraordinariamente vasto do simbolismo esotérico e cujas investigações sobre o mistério de Rennes-le-Château são doutas, sensatas e de grande importância. Referiu a existência de uma antiga lenda judaica acerca da construção do Templo de Salomão em Jerusalém, segundo a qual o rei impediu vários demônios de interferir na obra, de várias maneiras diferentes – um deles, Asmodeus, foi «submetido» obrigando-o a transportar água, o único elemento que podia ser usado para o controlar.

É significativo que estas lendas tivessem sido incorporadas no saber maçônico, e não é coincidência encontrar este quadro na igreja de Saunière, onde Asmodeus está a ser controlado, carregando água, sob as palavras «Por este sinal tu o vencerás». E as decorações da pia da água-benta – anjos, salamandras, pia da água e demônio – representam os quatro elementos clássicos em alquimia e ocultismo, saber, do ar, fogo, água e da terra, que são essenciais em qualquer obra ocultista.

Se o elo de ligação com Asmodeus está correto, então é muito curioso, porque o quadro do demônio e o de Jesus estão claramente destinados a ser considerados em conjunto. Como o demônio está sendo subjugado pela água, está acontecendo a mesma coisa quando João derrama água sobre Jesus durante o batismo do mesmo? Há também uma peculiar inversão da ordem habitual das duas letras gregas alfa e ômega, a primeira e a última, que são associadas a Deus e Jesus. Seria de esperar que alfa estivesse representado sob João – o alegado precursor – e ômega sob Jesus, a culminação. Mas, aqui, verifica-se o inverso.



A prevalência de imagens que sugerem o Templo de Salomão, tanto no interior como no exterior da igreja, podiam referir-se aos maçônicos ou aos Cavaleiros Templários. O fato de as letras anômalas da citação errada “Par ce signe tu le vaincras”, que se encontra entre os quatro anjos e o demônio, serem a décima terceira e a décima quarta (o «le» é completamente supérfluo e altera o significado da frase) tem sido considerado como evocativo do ano de 1.314, quando Jacques de Molay, o último Grão Mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários foi queimado na fogueira em Paris.

Todo este simbolismo ocultista tem sido laboriosamente analisado por dúzias de investigadores competentes, ao longo dos anos, e os resultados têm sido outras tantas interpretações diversas. Mas as respostas podem ser muito simples e desanimadoramente óbvias. De fato, o simbolismo da igreja de Rennes-le-Château nunca foi um mistério para os que são versados no conhecimento maçônico.

É simplesmente a indicação da filiação particular de Saunière, que era maçônica. Isto é confirmado pela sua escolha do escultor para as Estações da Via Sacra e das outras estátuas – um certo Giscard, que vivia em Toulouse e cuja casa e estúdio, bizarramente decorados, ainda se conservam na Avenue de la Colonne daquela cidade. Giscard era um conhecido maçônico, embora reconhecidamente se especializasse em decorações de igrejas e outros exemplos da sua obra se encontrem por todo o Languedoc.

Curiosamente, na igreja de João Batista, em Couiza, situada no sopé da colina abaixo de Rennes, encontram-se idênticas Estações da Via Sacra, que foram obra de Giscard – mas estas são versões monocromáticas e as anomalias, tão visíveis na igreja de Saunière, estão ausentes. É quase como se as duas igrejas, separadas apenas por dois quilômetros, se destinassem a ser comparadas para pôr em relevo as excentricidades da versão de Saunière.

Jean Robin, no seu livro sobre Rennes-le-Château, afirma que as filiações maçônicas de Saunière são confirmadas pelos registros dos arquivos da diocese. Como vimos, no entanto, a Maçonaria consiste em várias “tradições” distintas. A qual delas pertencia Saunière? Também neste ponto, investigadores franceses bem informados estão de acordo: a sua filiação era no Rito Escocês Retificado, o ramo da Maçonaria «ocultista» que, especificamente, se reclama descendente da Ordem dos Cavaleiros Templários.

Antoine Captier, neto do sineiro de Saunière, que atua como foco de investigação sobre Rennes-le-Château e o caso Saunière, disse-nos: «Sabíamos que ele pertencia a uma loja maçônica. Foi enviado para um lugar onde havia alguma coisa [importante]. Ele encontrou certas coisas. Mas, mais uma vez, ele não estava sozinho. Ele não trabalhava sozinho.» Mais tarde, no decorrer da conversa, Captier foi mais preciso: as ligações de Saunière eram com o Rito Escocês Retificado; mas acrescentou: «Não é segredo.» Foi esta também a conclusão a que chegou Gérard de Sède, que investigou o caso durante trinta anos. De fato, De Sède pensa que algum do simbolismo da Nona Estação da Via Sacra evoca o grau de Chevalier Bienfaisant de la Cité Sainte – um eufemismo para «Cavaleiro Templário».


Sauniere ao lado da estátua de Maria Madalena.

Há outra indicação da possível filiação de Saunière. A sua escolha das estátuas dos santos da sua igreja, à exceção das Madalenas, tem sido vivamente debatida pelos investigadores: St. Germaine, St. Roch, dois Antônios – de Pádua e o Eremita – e, por cima do púlpito, S. Lucas. Alain Féral observou que, se as estátuas forem dispostas com a forma M sobre o pavimento da igreja as suas iniciais formam a palavra Graal.

Com os símbolos da Rosacruz nos tímpanos e a predominância de imagens do Templo de Salomão, isto aponta na direção da Ordem da Rosacruz, do Templo e do Graal – uma ordem fundada em Toulouse, por volta de 1850, mais tarde presidida pelo próprio Joséphin Péladan, o padrinho dos grupos ocultistas eróticos da época.

No princípio da nossa investigação, tínhamos pensado que a tendência de muitos investigadores para acreditar que todos os caminhos conduziam a Rennes-le-Château era errada. Mas, em certo sentido, eles têm razão, embora por motivos equivocados. Certamente, foi espantoso descobrir a intrincada rede de grupos ocultistas e maçônicos, que já discutimos, e seguir o seu rastro até Saunière e à sua aldeia. Isto não é coincidência: faz parte de um complicado e meticuloso plano que já estava bem implantado antes de Saunière nascer e que continua até hoje.

Vimos que Saunière revelava grande interesse pelo túmulo de Marie de Nègre d’Ables, senhora d’Hautpoul de Blanchefort, que foi erigido por Antoine Bigou, pároco de Rennes- le-Château, em 1791. Marie foi a última da descendência direta que detinha o título de Rennes-le-Château, embora outros ramos da família tivessem continuidade. Marie de Nègre d’Ables casara, em 1732, com o último marquês de Blanchefort, cujo nome derivava do vizinho «château» (embora ele pareça ter sido apenas um gênero de torre) de Blanchefort, cujas ruínas ainda existem.

A família de Marie, no entanto, tinha algumas ligações muito interessantes. Já discutimos o influente Rito de Mênfis da maçonaria, que, mais tarde, se fundiu com o de Misraïm. Este foi fundado em 1838, por Jacques-Étiennes Marconis de Nègre, que era da mesma família da Marie da história de Rennes-le-Château. E foi um dos Hautpouls – Jean-Mane Alexandré – que contribuiu para a criação do grau de Chevalier Bienfaisant de la Cité Sainte, o eufemismo de Cavaleiros Templários do Rito Escocês Retificado, em 1778.

Alguns membros da mesma família tiveram um lugar de relevo na loja maçônica La Sagesse, que teve origem na Ordem da Rosacruz, do Templo e do Graal. O sobrinho e herdeiro de Marie de Nègre, Armand d’Hautpoul, estava relacionado com indivíduos ligados ao Priorado, incluindo Charles Nodier, que foi grão-mestre entre 1801-1844. Armand d’Hautpoul também foi preceptor do conde de Chambord, cuja viúva foi tão generosa para Saunière.

O Rito de Mênfis da maçonaria de Marconis de Nègre estava intimamente ligado à sociedade conhecida por Os Filadelfianos, que fora criada pelo marquês de Chefdebien – um Rito Escocês Retificado maçônico – em Narbonne, em 1780. Esta é outra das sociedades maçônicas templaristas influenciada pelas ideias do barão Von Hund: Chefdebien assistira à famosa Convenção de Wilhelmsbad de 1872, que tentara resolver definitivamente a questão das origens templárias dos maçônicos. Os filadelfianos, como o Rito de Mênfis, estavam primordialmente interessados na aquisição de conhecimento ocultista – ambos tinham graus dedicados unicamente a esta missão.



Os filadelfianos, além disso, pretendiam tentar esclarecer a complicada história da maçonaria, com a sua proliferação de hierarquias, graus e ritos rivais, numa tentativa de descobrir o seu objetivo e segredos originais. Eles transformaram-se num repositório de informação sobre a maçonaria e sociedades similares, que lhes foi transmitida de boa-fé ou que foi obtida através de infiltração. Assim, é significativo que o irmão de Saunière, Alfred (também sacerdote), fosse preceptor da família – e que fosse despedido por ter roubado parte dos seus arquivos.

Alfred Saunière é, indubitavelmente, uma figura-chave dos estranhos acontecimentos em que o seu irmão mais velho – e mais famoso – estava envolvido e merecia maior investigação. Contudo, é difícil descobrir muita coisa a seu respeito, embora se saiba que foi amante da ocultista marquesa de Bourg de Bozas, uma das pessoas que visitavam a Vila Betânia em Rennes-le-Château. Alfred morreu em 1905, vítima de alcoolismo, após ter sido excomungado.

Depois da morte de Alfred, Saunière, numa carta ao seu bispo, referia-se a um sentimento local de que «devia expiar os erros do meu irmão, o abade, que morreu demasiado cedo». Logo que tivemos conhecimento das ligações de Saunière com a maçonaria do Rito Escocês, grande parte do quadro mais vasto começou a tornar-se mais claro. E, longe de ser uma obsessão pessoal, a deferência especial de Saunière pela Madalena emergia verdadeiramente como fazendo parte da Grande Heresia europeia. A chave destas filiações residia nas pessoas que ele conhecia.

De fato, é possível ir mais longe e associar Saunière a Pierre Plantard de Saint-Clair, por intermédio de um só homem: George Monti. Também conhecido sob os pseudônimos de conde Israel Monti e Marcus Vella, ele é uma das mais implacáveis e poderosas figuras das sociedades secretas do século XX – embora, de modo algum, a mais conhecida. À maneira clássica destes “magos”, ele preferia exercer a sua influência na sombra, em vez de procurar popularidade, ao estilo do seu associado Aleister Crowley.

Ao longo da vida, subiu nas hierarquias de muitas sociedades ocultistas, mágicas e maçônicas, por vezes para se infiltrar nelas por conta de outros. Foi também um agente duplo dos Serviços Secretos franceses e alemães; como no caso de John Dee e, possivelmente, também de Leonardo, os dois mundos da espionagem e do ocultismo andam frequentemente de mãos dadas. Monti levou uma vida tão complexa que é impossível determinar onde residia a sua fidelidade. Muito provavelmente, apenas nele próprio e no seu amor pela intriga e pelo poder pessoal.

Quaisquer que fossem os verdadeiros motivos de Monti, ele teve um êxito espantoso na sua vida secreta, ocupando, por vezes, altos cargos em sociedades que eram mutuamente hostis, ou porque uma desconhecia a existência das outras ou porque cada uma acreditava que ele se infiltrara noutros grupos em seu favor. Por exemplo, embora alguns desses grupos fossem, como Monti, nitidamente anti-semitas, ele também conseguiu ocupar uma alta posição na B’nai B’rith, uma fechada sociedade secreta judaica, fundada nos EUA – tendo-se mesmo convertido ao judaísmo com essa finalidade.


As duas torres de Sauniere em Rennes Le Chateau, à direita a Torre Magdala. Ben Hammott © 2008

Monti nasceu em Toulouse em 1880, tendo sido abandonado pelos seus pais italianos e educado pelos jesuítas. Desde muito cedo interessou-se pelo mundo misterioso das sociedades secretas ocultistas. Viajou muito pela Europa e passou algum tempo no Egito e na Argélia. Entre as muitas sociedades a que aderiu, contava-se a Holy Vehm, uma organização alemã especializada em assassinatos políticos. Também se diz que ele «detinha a chave» da maçonaria italiana. Entre as muitas pessoas que conhecia encontrava-se Aleister Crowley – de fato, ele fora descrito como o «representante francês» de Crowley e foi membro da O.T.O.(Ordo Templi Orientis), quando o excêntrico inglês era grão-mestre. Não é surpreendente que a vida duvidosa de Monti, eventualmente, o comprometesse e ele fosse envenenado em Paris, em Outubro de 1936.

Ele figura nesta investigação porque a sua primeira função no mundo ocultista parisiense foi a de secretário de Joséphin Péladan e, por conseguinte, íntimo do círculo de Emma Calvé. Como vimos, Saunière era conhecido por ter ligações com Péladan e o seu grupo e por ter conhecido Emma Calvé, portanto, devia ter conhecido Monti. Além disso, este era do Languedoc e vivera, por vezes, em Toulouse ou em qualquer outro lugar do Midi (Sul da França).

Em 1934, Monti fundou a Ordem Alpha-Galates, da qual Pierre Plantard de Saint-Clair se tornou grão-mestre em 1942, com a idade imatura – mas talvez significativa – de 22 anos. E, embora Plantard tivesse apenas 16 anos quando Monti morreu, ele conhecia-o. Anne Léa Hisler, ex-mulher de Plantard, num artigo de 1960, escreveu inequivocamente que ele «conhecia bem o conde Georges Monti». Monti pode mesmo ter sido o seu professor e mentor ocultista.

Assim, parece que existia um claro elo de ligação entre Saunière e Plantard de Saint-Clair, sob a forma de Georges Monti, talvez representando a continuação de uma certa tradição secreta.

Então, que conclusão podemos tirar da história de Saunière? Eliminar todas as ofuscações, mitos e conjecturas não é tarefa fácil, mas parece que o sacerdote andara a procurar alguma coisa e que não agia sozinho. As provas apontam para a existência de um patrocinador secreto, muito possivelmente ligado às influentes sociedades ocultistas de Paris e ao Languedoc. Esta não é apenas a explicação mais lógica, é também a que o próprio Saunière apresentou. Quando o sucessor de Billard, como bispo de Carcassonne, exigiu que Saunière explicasse a sua extravagante maneira de viver, o sacerdote respondeu vivamente:


Não sou obrigado… a divulgar os nomes dos meus doadores. Torná-los públicos, sem autorização, correria o risco de trazer a discórdia a certas famílias ou casas… CUJOS membros fizeram doações sem o conhecimento dos seus maridos, filhos ou herdeiros.


Em Rennes Le Chateau a essência do segredo descoberto por Sauniere é sobre o Sagrado Feminino…

Mais tarde, ele disse ao bispo que lhe revelaria os nomes dos seus doadores – mas apenas em segredo de confissão. A redação de uma carta de apoio, escrita a Saunière por um amigo íntimo, em 1910, emprega uma linguagem mais sugestiva:


Recebeste o dinheiro. Não é qualquer pessoa que pode penetrar no segredo que guardas… Se alguém te deu o dinheiro, sob o compromisso de natural segredo, és obrigado a guardá- lo, e nada te pode libertar de guardar este segredo…

Parece que Alfred, o irmão de Saunière, também conhecia o segredo. Ao ser interrogado pelas autoridades sobre a sua extravagância, Saunière respondeu:


O meu irmão, sendo pregador, tinha numerosos contatos. Servia de intermediário a estas almas generosas.

Mas, embora a região de Rennes-le-Château possa ter sido o ponto de partida da misteriosa investigação de Saunière – a qual, parece, foi empreendida em nome destes ilusórios desconhecidos -, parece que o objeto da pesquisa podia encontrar-se em outro lugar.

Continua …

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Posted by Thoth3126 on 05/05/2015



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