17.10.23
RESPONSABILIDADE SAGRADA
Por Gurujima
Tradução: Regina Drumond
a 17 de outubro de 2023
Caminhamos para um tempo em que a harmonia divina não exigirá a tal ponto a presença de estruturas e instituições que nos protejam do domínio ou do interesse próprio exclusivo de alguns. Estamos caminhando para um tempo em que a orientação divina e a Presença divina se tornarão o princípio orientador de cada ser humano.
A responsabilidade sagrada é parte daquilo que mantemos dentro de nós mesmos como seres humanos que são encarnações do Divino. Como tal, existimos em um relacionamento contínuo com os outros e com o nosso ambiente como parte de nós mesmos. Desta unidade surge a responsabilidade de cuidar de tudo o que encontramos, tanto humanos como não-humanos, grandes e pequenos. Devemos existir em harmonia divina com o nosso ambiente, uns com os outros e com o corpo planetário.
Este aspecto de ser uma expressão divina tem múltiplas camadas. Por um lado, somos responsáveis por manter a nossa própria consciência de uma forma positiva, de uma forma que apoie os propósitos da nossa própria encarnação, bem como os propósitos do Todo maior do qual fazemos parte. Somos responsáveis por monitorar a nossa consciência, nossos pensamentos, sentimentos, motivações e impulsos para que isso aconteça. Por outro lado, somos responsáveis por preservar em um estado de harmonia o nosso ambiente pessoal, as nossas casas e espaços de trabalho, mas também a sociedade em que vivemos e a Terra com quem partilhamos um só corpo. Reconhecemos esta responsabilidade não porque somos obedientes ou obrigados a fazê-lo, mas porque é uma extensão natural do nosso estado de unidade com todos. Cuidemos da Terra mantendo em confiança sagrada a manutenção dos seus habitats, das suas espécies, da sua atmosfera, do seu solo e das suas águas, e da sua capacidade de produzir vida abundante para todas as pessoas.
Cuidemos da nossa sociedade mantendo a consciência dos elementos, tanto tangíveis como intangíveis, que preservam o estado de unidade e harmonia entre as pessoas, criando benefícios que revertem para todos e não apenas para alguns. Esta perspectiva está implícita nos documentos fundadores dos Estados Unidos, expressa inicialmente na Declaração de Independência, que reconhece o direito de cada indivíduo à vida, à liberdade e à busca da felicidade. Tal direito só pode ser manifestado se vivermos em harmonia uns com os outros, cuidando de todos, sem excluir ninguém, medindo as nossas ações em termos de se elas aumentam ou diminuem estes direitos inalienáveis. A preservação da harmonia a um nível individual exige que continuemos responsáveis, em alto grau, pelas nossas relações pessoais com a família, os amigos, conosco e com o nosso próprio corpo.
A preservação da harmonia a nível social significa que aceitamos a responsabilidade de manter uma consciência ativa da nossa relação com o órgão governante da nossa terra, com as suas políticas e práticas, e que atendemos às necessidades de todos, pedindo àqueles que governam e da estrutura do governo que preserva e protege sempre os direitos de todas as pessoas à vida, à liberdade e à busca da felicidade.
Quando cada indivíduo de uma sociedade se sintoniza com o mandato divino de cuidar e atender às necessidades do Todo maior, então o governo pode verdadeiramente refletir a vontade do povo e pode verdadeiramente servi-lo em vez de ser servido por ele. Contudo, para que isso aconteça, cada indivíduo que compõe essa sociedade deve aceitar a responsabilidade pela sua própria relação única com o processo de governar, e não deve renunciar a esta consciência sagrada como uma prioridade inferior, influenciado pela ideia de que uma pessoa não tem importância. Além do ato sagrado de votar de vez em quando, deve-se ter a consciência de que também se vota com a própria consciência e como ela é mantida no dia a dia, e não apenas ao votar. A nossa consciência em cuidar de todos, tanto a nível individual como a nível governamental, com base na vida divina que existe em ambas as esferas, é o que torna possível a harmonia divina.
Os documentos fundadores deste país foram escritos em um tempo em que era necessário criar estruturas que garantissem que os direitos inalienáveis de todas as pessoas pudessem ser mantidos e que ninguém teria legitimado a superioridade ou o domínio sobre os outros. Isto foi muito necessário em uma época em que as necessidades do ego das pessoas ou dos grupos podiam facilmente criar permissão para agir por si mesmos, sozinhos. Para evitar este comportamento egocêntrico e excludente, quer por parte da “maioria” na sua vontade de ignorar os direitos das minorias, quer por grupos seletivos menores, foram criadas estruturas e leis escritas para a proteção e preservação dos direitos e liberdades de todos.
Contudo, estamos avançando para uma época em que a harmonia divina não exigirá a tal ponto a presença de estruturas e instituições que nos protejam do domínio ou do interesse próprio exclusivo de alguns. Estamos caminhando para um tempo em que a orientação e a Presença divina se tornarão o princípio orientador de cada ser humano, o que naturalmente e sem coerção externa levará cada um a um estado de ser capaz de colaborar e unir-se com outros para atender às necessidades mútuas. Isto acontecerá através da percepção do Divino dentro de cada ser, tornando isto possível para todos.
Este é o futuro da humanidade e é o impulso divino por trás daquilo que surgiu como os Estados Unidos da América há tanto tempo. Embora esta corrente divina não pudesse ser posta em prática plenamente naquela época, ela foi tida como uma semente de potencial na visão dos criadores desta nova República, e será o futuro não apenas a que podemos aspirar, mas o futuro que nos tornaremos.