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A Chama Violeta (The Violet Flame)

Sítio dedicado à filosofia humana, ao estudo e conhecimento da verdade, assim como à investigação. ~A Luz está a revelar a Verdade, e a verdade libertar-nos-á! ~A Chama Violeta da Transmutação

21.10.15


Revelação Templária CAPÍTULO X ADIVINHANDO A CORRENTE SECRETA.

 Lynn Picknett e Clive Prince.

Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch



A ruiva Madalena e o Graal

CAPÍTULO X – ADIVINHANDO A CORRENTE SECRETA 

Neste ponto da nossa investigação, fomos notavelmente confrontados com a aparente importância de Maria Madalena para uma rede secreta e herética. Fora daqui que tínhamos partido, com o astucioso e subliminar simbolismo da «Senhora M» da Ultima Ceia de Leonardo.

Contudo, nos anos que tinham decorrido desde que nos tínhamos sentido atraídos pelo mundo misterioso da heresia europeia, tínhamos percorrido muito terreno, em todas as acepções da palavra. Era tempo de fazer uma avaliação: o que tínhamos descoberto?

Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch

Capítulo 10 – ADIVINHANDO A CORRENTE SECRETA – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.


CAPÍTULO X – ADIVINHANDO A CORRENTE SECRETA 

A «Senhora M», que interpretámos como sendo Maria Madalena, era claramente de grande importância para Leonardo Da Vinci, que, diz-se, foi grão-mestre do Priorado de Sião. Certamente, os nossos inesperados encontros com membros do atual Priorado tinham reforçado a nossa suspeita de que ela era muito importante para eles. E o mesmo se aplica a João Baptista – uma figura que dominou a obra de Leonardo e que o Priorado venera com especial devoção.


As nossas múltiplas viagens ao Sul de França revelaram que havia algum fundamento para tomar a sério as lendas que referiam Madalena como tendo ali vivido, mas as suas associações com o culto da Madona Negra apontam para uma ligação pagã ao sagrado feminino. Tudo na veneração de Madalena está carregado de sexualidade – uma coisa particularmente evidente na sua associação com o poema de amor erótico, o Cântico dos Cânticos.

Mas há um aparente paradoxo. Por um lado, há evidências de que Madalena fosse a esposa de Jesus – ou, no mínimo, sua amante – , mas, por outro, ela é persistentemente associada a deusas pagãs. Isto parece totalmente irracional – por que razão devia a esposa do Filho de Deus ser associada, deste modo, a figuras como Diana, a Caçadora, e à deusa egípcia do amor e da magia, ÍSIS? Foi uma pergunta que acompanhou as nossas pesquisas.

Ao longo desta investigação, encontramos indivíduos e grupos, como os Templários, S. Bernardo de Clairvaux e o abade Saunière, que giravam em torno do tema central do Divino Feminino. Embora, para alguns deles, este tema possa ter sido apenas um ideal filosófico, o próprio fato de lhe ter sido dado um rosto feminino reconhecível aponta para uma devoção mais específica. Ela era, se não Madalena, ÍSIS, a antiga rainha do Céu e consorte de Osíris, o deus que-morre-e-ressuscita. Certamente, esta cadeia de associações – Madalena/ Madona Negra/ÍSIS – foi sempre o objetivo do Priorado. Para eles, uma Madona Negra representava tanto Madalena como ÍSIS, simultaneamente. Contudo, isto é muito estranho, porque a primeira é uma santa cristã e a última uma deusa pagã: seguramente, não há nenhuma associação possível.

Como vimos, os cátaros pareciam defender idéias inaceitáveis e heterodoxas sobre Madalena: na verdade, toda a cidade de Béziers foi “passada à espada” pelos soldados a mando de Roma devido a esta heresia. Para eles, ela fora a concubina (e sacerdotisa) de Jesus – uma idé ia que, curiosamente, repercute a dos Evangelhos gnósticos, que a descrevem como a mulher que Jesus frequentemente beijava na boca, a quem amava acima de qualquer outra pessoa. Os cátaros acreditavam que isto era verdade, embora com a maior relutância, porque a sua própria versão do gnosticismo considerava todo o sexo e procriação como, no máximo, um mal necessário.

Esta ideia da relação de Madalena com Jesus não tivera origem nos seus precursores bogomilos, mas era, de fato, corrente no Sul de França – numa cultura que procurava elevar o Feminino em todos os aspectos, como revela o florescimento da tradição trovadoresca. E, como vimos, o panfleto da «irmã Catarina» revela que as idéias sobre Maria Madalena, reveladas nos Evangelhos gnósticos, tinham, de algum modo, sido transmitidas ao século XIV.

Curiosamente, descobrimos que aqueles que eram aparentemente os mais masculinos dos homens, os Cavaleiros Templários – ou, pelo menos, a sua ordem interna -, também estavam fortemente empenhados na elevação do Feminino. A intensidade da sua veneração pelas Madonas Negras não era ultrapassada por nenhuma outra, e a sua demanda cavaleiresca do amor transcendental foi a inspiradora das grandes lendas do santo Graal.

Os Templários eram ávidos pelo conhecimento e a sua demanda era a sua principal força impulsionadora. Aproveitavam conhecimento em qualquer parte que o encontrassem: com árabes aprenderam os princípios da geometria sagrada, e os seus aparentes contatos próximos com os cátaros acrescentaram uma aparência gnóstica extra às suas já heterodoxas idéias religiosas. Desde o princípio, os interesses desta ordem de cavaleiros foram, essencialmente, ocultistas e esotéricos. A história pouco convincente das suas origens, como protetores dos peregrinos cristãos da Terra Santa, apenas chama a atenção para as anomalias que rodeavam a ordem.

A maior concentração de propriedades templárias da Europa encontrava-se no Languedoc Roussillon, essa estranha região do Sudoeste de França que parece ter atuado como um ímã para muitos grupos heréticos. O catarismo, no seu auge, tornou-se virtualmente a religião de estado da área, e foi ali que nasceu e floresceu o movimento trovadoresco. E a investigação recente revelou que os Templários praticavam a alquimia. Os edifícios de várias cidades do Languedoc, como Alet-les-Bains, ainda ostentam complexos símbolos alquímicos e têm também fortes associações templárias.


Depois dos sinistros acontecimentos que rodearam a extinção oficial dos Templários, a ordem tornou-se secreta e continuou a exercer a sua influência sobre muitas outras organizações. Como conseguiram os Templários fazer isso, e quem herdou o seu conhecimento, nunca se soube com certeza até aos últimos dez anos. Gradualmente, foi-se sabendo que os Templários continuaram a existir secretamente como rosacruzes, e o conhecimento que eles tinham adquirido foi transmitido a estas sociedade.

Descobrimos que o exame cuidadoso destes grupos revelava as preocupações subjacentes e consistentes dos Templários. Uma delas é uma grande, talvez mesmo excessiva, veneração por um ou ambos os santos de nome João – João Evangelista (ou o Amado!) e João Batista. Isto é intrigante porque os próprios grupos que parecem considerá-los tão sagrados dificilmente são cristãos ortodoxos, e parecem mesmo olhar Jesus com alguma frieza. Um destes grupos é o Priorado de Sião, mas o mais espantoso, neste contexto, é o fato de que, embora o Priorado denomine «João» os seus sucessivos grão-mestres, Pierre Plantard de Saint-Clair afirma que o título do primeiro desta dinastia – «João I» – está «simbolicamente reservado para Cristo”. Não sabemos por que se prestaria uma honra a Jesus ao chamar-lhe João.

Talvez a resposta resida na idéia, partilhada por estas sociedades, de que Jesus transmitiu os seus ensinamentos secretos ao jovem S. João, e é esta tradição que é defendida tão zelosamente pelos Templários, rosacruzes e maçônicos. E parece que João Evangelista se confundiu, aparentemente, de forma deliberada, com o Batista.

O próprio conceito de ter existido um secreto Evangelho de João era comum entre os «heréticos», desde os cátaros do século XII ao Leivitikon. É curioso que este fio joanino atravesse todos estes grupos, de forma penetrante e consistente, porque ele é também o menos conhecido. Talvez isto se deva apenas ao manto de secretismo que teve tanto êxito ao escondê-lo dos olhos do mundo durante tanto tempo.

O outro tema importante, que é continuado pelos vários tributários da «corrente secreta» da heresia, é o da elevação do Princípio Feminino e, especificamente, o reconhecimento do sexo como sacramento. A Grande Obra dos alquimistas, por exemplo, tem evidentes paralelos com os ritos sexuais tântricos – embora fosse apenas recentemente que essas conotações fossem compreendidas. Ironicamente, foi apenas quando a nossa cultura tomou conhecimento do tantrismo que as práticas de muitas tradições ocidentais antigas foram, finalmente, compreendidas.

A sabedoria feminina foi sempre muito desejada, tanto no sentido filosófico como no que se julgava ser conferido magicamente através do ato sexual. Esta demanda da sabedoria feminina – Sophia – é o fio que une todos os grupos que investigamos: por exemplo, os primeiros grupos gnósticos e herméticos, os Templários e os seus sucessores da Maçonaria do Rito Escocês Retificado. O texto gnóstico, o Pistis Sophia, associa Sofia a Maria Madalena, e Sofia também estava intimamente associada a ÍSIS – talvez isto ajude a explicar a aparente confusão da santa com a deusa por parte do Priorado de Sião. Contudo, isto é apenas uma indicação; não é a resposta.

A continuada importância de Madalena não está em dúvida. Contudo, os seus restos mortais foram procurados – e, possivelmente, ainda continuam a ser procurados – com inexplicável fervor. No século XIII, Charles d’Anjou empreendeu a sua busca com zelo fanático, embora ficasse claramente desiludido porque o seu descendente, o mais famoso Réne d’Anjou, dois séculos mais tarde, ainda continuava a procurá-los. Mesmo no fim do século XIX, o mesmo desejo ardente – encontrar os restos mortais da sua dileta Madalena – parece ter consumido o abade Saunière de Rennes-le-Château.

De qualquer modo, Madalena detém a chave de um grande mistério, um mistério que foi guardado ciosa e implacavelmente durante séculos. E parte desse segredo envolve intimamente João Batista (e/ou talvez João Evangelista). Logo que compreendemos que esse segredo existia, desejamos sacudir as teias de aranha da história e lançar alguma luz sobre ele. Mas isso não foi tarefa fácil: os grupos e as organizações que guardaram este segredo, ao longo dos anos, criaram meios de manter os estranhos bem afastados da verdade.

Embora alguns deles nos tivessem dado indicações ou pistas, ninguém ia revelar-nos o segredo central. Tudo o que sabíamos era que toda a evidência apontava para que o mistério fosse elaborado sobre uma base que, essencialmente, incluía Sofia (SABEDORIA) e João. Estes temas eram centrais – mas não sabíamos porquê, embora se encontrasse uma indicação no fato de que, qualquer que fosse o segredo, certamente ele não iria reforçar a autoridade da Igreja. Na verdade, esta grande heresia desconhecida constituiria a maior ameaça, não só ao catolicismo mas ao cristianismo, tal como o conhecemos. Os grupos que guardavam o segredo consideravam-se como tendo sido os detentores de uma informação sobre as verdadeiras origens do cristianismo e mesmo sobre o próprio homem Jesus.


Seja qual for a natureza deste segredo, é evidente que era alguma coisa importante – e significativa – para os séculos XIX e XX. Em Rennes-le-Château, Sanière recebia não apenas representantes da alta sociedade parisiense, como Emma Calvé, mas políticos e membros de famílias imperiais. Atualmente, Pierre Plantard de Saint-Clair e o Priorado de Sião têm sido associados a figuras como Charles de Gaulle e Alain Poher, um destacado estadista francês que, por duas vezes, foi presidente provisório.

Recentemente, correram rumores que associavam o falecido presidente François Mitterrand a Pierre Plantard de Saint-Clair. Certamente, Mitterrand visitou Rennes-le-Château em 1981, quando foi fotografado na Torre de Magdala e junto da estátua de Asmodeus, no interior da igreja. Pode ser significativo que ele tivesse nascido em Jarnac, onde foi sepultado em cerimônia privada enquanto os líderes mundiais assistiam a um serviço religioso em Notre-Dame de Paris. Segundo os estatutos do Priorado de Sião de 1950, há muito que Jarnac era um dos seus centros.

Atribui-se ao Priorado verdadeira influência na política européia e mesmo mundial. Mas por que deveriam as questões que estávamos a investigar, embora interessantes sob uma perspectiva histórica e filosófica, ter importância? Estas questões estão ligadas ao «voltar da Cristandade de cima para baixo» prometido pela união do Priorado de Sião e da «Igreja de João», que já discutimos?

A única coisa que Maria Madalena e João Baptista tinham em comum era o fato de serem santos e, aparentemente, figuras históricas do Novo Testamento. O único caminho lógico para continuar a investigação era o exame minucioso das suas vidas e dos seus papéis, na esperança de que eles revelassem a razão do seu contínuo fascínio para as tradições heréticas secretas. Se tínhamos alguma esperança de conseguir compreender a sua suprema importância para os iniciados dos grupos esotéricos mais importantes e mais bem informados, tínhamos de começar a ler a Bíblia a sério.

FIM DA PRIMEIRA PARTE DO LIVRO

Links partes anteriores:


  1. http://thoth3126.com.br/o-codigo-secreto-de-leonardo-da-vinci/
  2. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-02a-no-mundo-secreto/
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  4. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-03a-no-rastro-de-madalena/
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  7. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-4a-a-patria-da-heresia/
  8. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-4b-a-patria-da-heresia/
  9. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-5a-os-guardioes-do-graal/
  10. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-5b-os-guardioes-do-graal/




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Posted by Thoth3126 on 21/10/2015
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13.10.15

Revelação Templária – 9B  

Um Curioso Tesouro 

(Rennes-le-Chateau) 

Por Lynn Picknett e Clive Prince

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com 

 Publicado anteriormente a 08/05/2015

CAPÍTULO IX 

 UM CURIOSO TESOURO – 9B


Recentemente, muitos investigadores encontraram indicações intrigantes sobre os verdadeiros interesses e motivações de Saunière, espalhados pelo seu domaine. Durante uma das nossas visitas à área, em 1996, fomos acompanhados por Lucien Morgan, um apresentador de televisão e autoridade em tantrismo, que ficou espantado por descobrir que a Torre de Magdala e os baluartes eram construídos segundo os antigos princípios de um certo tipo de rito sexual. Ele acredita que Saunière e o seu círculo secreto praticavam rituais sexuais ocultistas, destinados a facilitar a clarividência, pô-los em contato com os “deuses” – realizando, efetivamente, a Grande Obra dos velhos alquimistas – e assegurar poder e influência materiais.

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 09A – UM CURIOSO TESOURO – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO IX – UM CURIOSO TESOURO – 9B

Outros reconheceram indicações de magia sexual: os autores britânicos Lionel e Patrícia Fanthrorpe citam o perito ocultista Bremna Agostini, que afirma que Saunière realizava um ritual mágico sexual conhecido por «Convocação de Vênus», em que participavam Marte Dénarnaud e Emma Calvé. No que respeita a esta investigação, a questão verdadeiramente importante de todas as edificações de Saunière em Rennes-le-Château é a importância que ele atribui a Maria Madalena (representante do feminino sagrado e divino).



Na verdade, a igreja já lhe fora dedicada muito antes de Saunière nascer, mas isso não era mera coincidência, porque ela fora a capela da família local dominante – a de Marie de Nègre. Dada a íntima associação desta família com o Rito Escocês Retificado, a dedicação da igreja parecia ser significativa. Saunière também dera o nome de Madalena à sua torre da biblioteca, e denominou a sua casa segundo aquela em que, de acordo com uma interpretação dos acontecimentos do Novo Testamento, ela vivera com seu irmão Lázaro e a sua irmã Marta. E, de todas as decorações da igreja, foi o baixo-relevo do frontal do altar, representando Madalena, que ele decidiu ser ele mesmo a pintar.

Descobrimos que também mandara fazer uma pequena estátua em bronze de Madalena, que ele colocou no exterior da gruta, junto à igreja. A estátua media menos de um metro e pesava cerca de oitenta e cinco quilos, e era a imagem invertida do baixo-relevo, mas, sob outros aspectos, idêntica. Esta estátua desapareceu há muito tempo, mas André Galaup, um jornalista reformado, de Limoux, tem fotografias dela.

A legenda «Terribilis est locus iste» destaca-se por cima da porta da igreja. Como Keith Prince nos indicou, a frase é do Gênesis 29:17 e relata que Jacob sonha com uma escada pela qual os anjos sobem e descem. Ao acordar, Jacob pronuncia estas palavras. Passa a designar aquele lugar por Betel, significando Casa de Deus. Mas, no Antigo Testamento, Betel transforma-se num centro de poder rival de Jerusalém – dando ao conceito de Betel a conotação de centro religioso alternativo ou rival do «oficial».

Mas na França a implicação é mais óbvia: um dicionário francês define «Betel» como um templo de uma seita dissidente. Poderia ser isto que Saunière estava a tentar comunicar? Curiosamente, os Dossiers Secrets reclamam que Saunière, nos seus últimos anos, planejava implantar «uma nova religião» e empreender uma cruzada por toda a área. A última edificação planejada para o seu «domaine» – a grande torre e o batistério exterior – faziam parte desta ambição.

Decidimos concentrar-nos no que Saunière encontrara quando chegou a Rennes-le-Château e no que pode ter inspirado as suas pesquisas. Pondo de parte a falsa pista dos pergaminhos, a aparente contradição do comportamento de Saunière chamou-nos a atenção. Muitas pessoas pensam que ele tentava deixar indicações na decoração da sua igreja. Contudo, também se sabe que ele destruiu cuidadosamente certas coisas que lá encontrou – especificamente, as inscrições das duas pedras que assinalavam a sepultura de Marie de Nègre. Também as removeu da sepultura, o que sugere que ele desejava obscurecer a sua localização exata.

Como vimos, estas pedras – a pedra vertical e a placa horizontal – foram colocadas na sepultura de Marie de Nègre pelo abade Antoine Bigou, cerca de cem anos antes de Saunière chegar. Mas uma coisa estranha já estava implicada: Bigou erigiu as pedras em 1791 – dez anos depois da morte da mulher que, supostamente, estava na sepultura – ao mesmo tempo que mandava voltar ao contrário a «Pedra do Cavaleiro» da igreja. (O levantamento desta pedra parece ter sido um passo importante da pesquisa de Saunière.)



Há ainda outro indicador de que Saunière estava, de algum modo, seguindo as pegadas de Bigou: antes de ser pároco de Rennes, Bigou exercera o cargo em Le Clat, uma pequena aldeia de montanha, a vinte quilômetros de Rennes. Saunière também fora sacerdote de Le Clat, imediatamente antes de vir para Rennes-le-Château. Poderia Saunière estar procurando alguma coisa relacionada com Bigou e, portanto, com as famílias d’Hautpoul ou de Nègre?

O trabalho de Bigou na sepultura de Marie pode ter sido inspirado pelos acontecimentos na França, que ocorreram entre a morte de Marie e 1791 – o ano que marcou o princípio do terror da Revolução Francesa. Os revolucionários eram hostis à Igreja Católica, e muitas relíquias, ícones e decorações foram destruídos ou saqueados neste período. Curiosamente, pouco depois do seu trabalho em Rennes-le-Château, Bigou, que era contrário à República, atravessou a fronteira e fugiu para Espanha, onde morreu em 1793.

Havia outra coisa estranha no sepultamento de Marie de Nègre. Os senhores de Rennes, a família d’Hautpoul, eram tradicionalmente sepultados na cripta da família, que se diz existir por debaixo da igreja. Então, por que razão o sepultamento de Marie não seguiu esta tradição? Sabemos que a cripta existia, porque ela é referida num registro paroquial que abrange os anos 1694-1726 e que está exposto no museu. Segundo este registro, a entrada para a cripta situa-se no interior da igreja. Contudo, a entrada já desapareceu, embora pareça certo que Saunière a descobriu; talvez os documentos que ele encontrou lhe indicassem o lugar onde devia procurá-la.

Segundo o relato da história de Saunière, registrado pelos irmãos Antoine e Marcel Captier e baseado nas memórias da família, o sacerdote descobrira a entrada para a cripta, por debaixo da Pedra do Cavaleiro, e tinha, de fato, entrado nela. Mas voltara, depois, a ocultar a entrada sob o novo pavimento da igreja, presumivelmente porque não queria que a sua localização fosse conhecida. Antoine Bigou devia ter tido a mesma preocupação, porque foi ele, em 1791 quem mandou voltar a Pedra do Cavaleiro ao contrário. Por que estariam os dois sacerdotes, separados por um século, tão interessados em que mais ninguém entrasse na cripta dos senhores de Rennes-le-Château?

Há uma resposta simples. Se Saunière entrasse na cripta e encontrasse o túmulo de Marie de Nègre, onde, em primeiro lugar ele deveria estar, teria compreendido imediatamente que se passava uma coisa muito estranha: a mulher tinha duas sepulturas. Mas a segunda, a do cemitério, fora lá colocada por Bigou, dez anos depois da morte de Marie. Obviamente, Marie não estava enterrada no cemitério – nesse caso, quem, ou o quê, estava lá enterrado?

Uma hipótese aceitável é que Bigou, presumivelmente devido às convulsões sociais da Revolução de 1789, que o ameaçaram pessoalmente, escondera alguma coisa no cemitério de Rennes-le-Château antes de fugir para Espanha. Mas o que poderia ter sido – outro corpo, um objeto ou documentos de certa natureza? Talvez fosse alguma coisa que Bigou tivesse dificuldade em levar consigo para Espanha ou talvez fosse alguma coisa que, de fato, fazia parte de Rennes-le-Château. Podemos nunca saber, mas parece que Saunière soube, porque ele abriu a sepultura para a procurar. E ele tivera muito interesse em que a mensagem das duas pedras tumulares se perdesse – pelo menos, a da placa horizontal, cuja inscrição ele fez desaparecer. Podia a mensagem dar alguma indicação sobre o que a sepultura, de fato, encerraria?


ÍSIS, …

A inscrição da pedra principal da sepultura de Marie de Nègre apresenta muitos erros, que não podem ser apenas o resultado de um acabamento pouco cuidadoso. Há palavras com erros de grafia, letras suprimidas, espaços que são omitidos ou acrescentados onde não são necessários. Das vinte e cinco palavras da inscrição, nada menos de onze apresentam erros. Alguns parecem bastante inócuos, mas um, em particular, era tão grave que teria causado séria ofensa à família. As palavras finais deveriam apresentar-se como o convencional REQUESTA IN PACE – «descanse em paz» – mas aparecem como REQUIES CATIN PACE. A palavra francesa «catin» é a gíria para «prostituta».

E é reforçada por um erro do nome de família do marido de Marie: D’Hautpoul aparece como DHAUPOUL. Este erro pode não alterar muito o significado, mas consegue chamar a atenção para a palavra. E poule (galinha) é outra designação de prostituta, em gíria; de fato, hautpoul podia significar «grande prostituta» … Do mesmo modo, o nome inscrito na pedra tumular faz eco de temas importantes desta investigação. Chega a ser tentador pensar que Marie de Nègre apenas existiu como nome, e como código de alguma coisa absolutamente espantosa.

Porque Blanchefort, embora seja o nome de um posto de fronteira local, significa «torre branca» ou «branco forte» – um termo alquímico. E «Marie de Nègre» evoca as Madonas Negras, com as suas associações a Maria Madalena, o que é reforçado pela referência de hautpoul a «alta prostituição», a sabedoria da prostituta. Encontramos, novamente, aparentes associações que são sugestivas da sexualidade (do feminino) sagrada e talvez – no contexto de rumores de «tesouro» – dos aspectos sexuais da Grande Obra alquímica. E, ainda mais relevante talvez, há outro erro de grafia na pedra tumular: D’ABLES é representado como D’ARLES. Se é, como suspeitamos, uma referência à cidade de Arles, na Provença, pode evocar o fato de que ela foi um antigo centro do culto de ÍSIS. Seja como for, Arles fica muito próximo de Saintes-Maries-de-la- Mer.

O desenho da segunda pedra da sepultura de Marie de Nègre, a placa horizontal, é mais polêmico porque existem algumas discrepâncias nos vários relatos do desenho, que foram publicados. Segundo a maioria das versões, ele ostenta duas inscrições: a frase – em latim, mas curiosamente inscrita em caracteres gregos – Et in Arcadia ego – e quatro palavras latinas: Reddis Regis Cellis Arcis, cruzando a pedra. O significado da última inscrição não é claro e tem sido tema de várias interpretações diferentes, mas parece referir-se a uma cripta ou túmulo real, talvez associado a Rhedae e/ou à aldeia de Arques. (A palavra Arcis tem muitos significados possíveis, desde palavras relacionadas com a inglesa «arco» a palavras que signifiquem «fechado» ou «interior», ou podia ser simplesmente uma alusão a Arques, quer o seu antigo nome de Archis quer uma transcrição fonética do nome moderno.)

O mote Et in Arcadia ego também se encontra no túmulo do quadro de Nicolas Poussin (1593-1665), Os Pastores de Arcádia, o qual é notavelmente semelhante ao que parece sempre ter existido – sob uma forma ou outra – junto da estrada que, de Rennes-le-Château e de Couiza, conduz a Arques. (A mais recente versão foi dinamitada em 1998, porque o agricultor da terra em que ele se encontrava já não estava disposto a tolerar centenas de turistas que violavam a sua propriedade. Infelizmente, esta medida drástica foi em vão: agora os turistas vêm tirar fotografias do local onde o túmulo se costumava encontrar.)


Nicolas Poussin (Les Andelys, Normandia, França, 15 de Junho de 1594 – Roma, 19 de Novembro de 1665) foi um pintor francês, mas por seu espírito e sensibilidade, um romano por adoção. É um dos maiores representantes do classicismo do século XVII. Trabalhou quase que exclusivamente em Roma. Um dos trabalhos mais famosos de Poussin é Os Pastores de Arcádia, uma pintura que retrata um túmulo com uma lápide enorme, onde se lê Et in Arcadia ego. O túmulo da pintura, anos após a morte de Poussin, foi encontrado nas redondezas de Rennes-le-Château, um vilarejo no sudeste da França, que fora habitado pelos visigodos e merovíngios.

Diz-se que Saunière trouxera de Paris reproduções de certas pinturas, uma das quais era Os Pastores de Arcádia de Poussin. Esta pintura, datando de cerca de 1640, representa um grupo de três pastores examinando um túmulo, observados por uma mulher que é geralmente considerada como sendo uma pastora. O túmulo ostenta a inscrição latina Et in Arcádia ego, uma frase estranhamente não gramatical que tem sido interpretada de várias maneiras, mas que, geralmente, se considera representar um memento mori, uma reflexão sobre a mortalidade: mesmo na terra paradisíaca da Arcádia, a morte está presente.

Este mote tem uma estreita ligação com a história do Priorado de Sião e figura no brasão da família de Plantard de Saint-Clair. Também se diz, como vimos, que ele foi incorporado na decoração da pedra horizontal da sepultura de Marie de Nègre. O tema da pintura não foi inventado por Poussin, sendo a primeira versão conhecida a de Giovanni Francesco Guercino, cerca de vinte anos antes. Contudo, o homem que encomendou a versão de Poussin, o cardeal Rospigliosi, parece também ter sugerido o tema a Guercino. E a primeira aparição artística da frase é numa gravura alemã do século XVI intitulada O Rei da Nova Sião destronado depois de ter inaugurado a Idade de Ouro… Ao discutir Poussin, é interessante considerar uma carta que o abade Louis Fouquet escreveu, de Roma, a seu irmão Nicolas, superintendente de Finanças de Luís XIV, em Abril de 1656:


[Poussin] e eu planejamos certas coisas de que te falarei em pormenor, brevemente, [e] que te darão, por intermédio de M. Poussin, vantagens que reis teriam grande dificuldade em obter dele, e que, depois dele, talvez ninguém dos séculos vindouros conseguirá recuperar; e o que é mais, seria sem grande despesa mas daria lucro, e estas coisas são tão difíceis de encontrar que ninguém desta terra podia ter agora uma fortuna melhor, nem talvez igual.

Curiosamente, foi Charles Fouquet, irmão de Louis e de Nicolas que, mais tarde, como bispo de Narbonne, assumiu o controle exclusivo da catedral de Notre-Dame de Marceilles durante um período de catorze anos.

A pintura de Poussin tem interesse para os investigadores de Rennes porque a paisagem representada na pintura é muito semelhante à da área que rodeia o lugar do túmulo de Arques, e a própria Rennes-le-Château avista-se à distância. Mas a paisagem, embora semelhante, não é idêntica, o que é considerado por algumas pessoas como prova de que a semelhança é uma coincidência. Mas, na nossa opinião, a paisagem representada por Poussin é suficientemente próxima do original para admitir a possibilidade de ele tentar reproduzir a área circundante de Rennes.



Mas a intriga adensa-se: sabe-se que o túmulo de Arques data apenas dos primeiros anos do século XX. Foi construído em 1903 pelo proprietário de uma fábrica local, Jean Galibert, e vendido depois a um americano chamado Lawrence. No entanto, segundo alguns rumores, este túmulo limitou-se a substituir uma versão anterior que existira no mesmo lugar, a qual, por sua vez, substituíra a que existia anteriormente. O nosso amigo John Stephenson, que vivia há muitos anos nesta área, confirmou que os habitantes locais dizem que «sempre existiu um túmulo naquele lugar».

Assim, é possível que Poussin se tivesse limitado a pintar o que vira naquele lugar. John Stephenson também nos informou de que a ligação com a pintura de Poussin era conhecida na área, há muito tempo, o que certamente contraria a ideia dos céticos de que essa associação foi uma invenção dos anos 60 ou 70. O lugar foi sempre considerado muito importante para estudiosos do ocultismo e do feminino sagrado.

Também tem sido afirmado que o mote Arcadia foi adotado por Plantard de Saint-Clair e pelo Priorado de Sião apenas no século XX, tal como a suposta ligação com a pintura de Poussin e o túmulo de Marie de Nègre. Mas a frase já fora associada à área, muito antes da época de Saunière. Em 1832, um certo Auguste de Labouïse-Rochefort escreveu um livro intitulado Voyage à Rennes-le-Bains, que incluía referências a um tesouro oculto, associado a Rennes-le-Château e a Blanchefort. Labouïse-Rochefort escreveu outro livro, Les Amants, à Èléonore (Os Amantes, para Eleonore), que incluía a frase Et in Arcádia ego na página do título.

Localmente, o túmulo é conhecido por «túmulo de Arques», o que, embora seja mais exato que «túmulo de Poussin», ainda não é exatamente verdadeiro, porque a aldeia de Arques fica a três quilômetros, para leste, na estrada principal. Embora o túmulo esteja muito mais próximo da aldeia de Serres, a palavra Arques é demasiado semelhante a Arcádia para não ser explorada.

Segundo Deloux e Brétigny, no seu livro Rennes-le-Château: capitale secrète de l’histoire de France, a placa da pedra tumular de Marie de Nègre foi, de fato, colocada na sua sepultura pelo abade Bigou, retirada de uma versão anterior do túmulo de Arques. Admitindo que sim, isto cria uma possibilidade intrigante. Poderia Poussin ter pintado simplesmente uma coisa que, ele de fato, vira comseus próprios olhos – um túmulo com as palavras Et in Arcadia ego nele inscritas?

John Stephenson relatou-nos uma lenda local espantosa, relacionada com o túmulo de Arques: que ele era ou a sepultura de Maria Madalena ou serviria, de algum modo, de marco ou indicador dela – a inscrição na pedra horizontal de Marie de Nègre tinha, de fato, uma seta que partia do centro. Mas, infelizmente, a pedra fora removida, por isso já não sabemos em que direção a seta apontava originariamente.

As provas sugerem que Saunière acreditava que o corpo de Maria Madalena se encontrava em qualquer parte; ou estava nas proximidades de Rennes-le-Château, ou a aldeia proporcionava algum gênero de indicação sobre o seu paradeiro. O que estava escondido no segundo túmulo de Marie de Nègre? A inscrição codificada que, aparentemente, se referia a uma «grande prostituta» indicava, de fato, Madalena? (Talvez o termo pudesse ser interpretado como «Grande-Sacerdotisa», associando, deste modo, o conceito de sexualidade sagrada a práticas ocultistas antigas, e não modernas).

Saunière, certamente, parecia andar em busca de alguma coisa especial e poderosa, alguma coisa preciosa que estava relacionada com a sua dileta Maria Madalena – e que podia haver mais precioso que os seus restos mortais? É evidente que isto podia ter sido apenas uma obsessão pessoal da sua parte e talvez ele imaginasse que as relíquias ainda não tinham sido encontradas. Por outro lado, como vimos, Saunière trabalhava para uma mais vasta e misteriosa organização, a qual, provavelmente, o financiava. Esta organização estaria igualmente iludida? Talvez não. A evidência sugere que o sacerdote trabalhava baseado em informação secreta acerca de um objeto real.


A Pomba Branca, simbolo de pureza e da paz, a ruiva Madalena (cabelos ruivos é o símbolo da Sacerdotisa) e o santo Graal …

A medida que a nossa investigação prosseguia, estávamos cada vez mais convencidos desta hipótese de Madalena, mas depressa descobrimos que – pelo menos, entre os investigadores britânicos deste tema – estávamos sozinhos. Assim, foi encorajador saber que investigadores franceses estavam a seguir a mesma orientação. Para eles, bem como para nós, não era inconcebível que Saunière e os seus misteriosos apoiantes andassem em busca da própria Maria Madalena.

Durante uma das nossas viagens a esta área, na Primavera de 1996, Nicole Dawe organizou um jantar para que conhecêssemos Antoine e Claire Captier, juntamente com Charles Bywaters. Antoine, neto do sineiro que encontrou os documentos que entregou a Saunière, viveu toda a vida com este mistério, assim como Claire, que é filha de Noël Corbu.

Antoine foi franco: não tinha interesse em adensar ainda mais o mistério. «Não vou dizer- lhes o que não sei», era esta a sua maneira de começar a discussão. Afirmou que considerava improvável que lhe fizéssemos alguma pergunta diferente, mas ficou surpreendido quando o interrogamos sobre a possível associação de Saunière ao culto de Madalena – porque este fora um ângulo que tinha sido ignorado até recentemente, mas o nosso interesse nele igualava estranhamente o de certos investigadores franceses.

Antoine informou-nos de que Saunière tinha investigado a lenda de Madalena, tendo, por exemplo, visitado Aix-en-Provence e a área circundante. Esta informação estava prestes a surgir na revista Cep d’Or de Pyla, publicada por André Douzet – o homem que encontrou a maquete já discutida no capítulo anterior – que reside em Narbonne. Douzet e o seu círculo são entusiásticos e competentes investigadores da história esotérica da França. Antoine disse que a próxima edição da revista «será interessante para vós… porque encontrarão alguma coisa mais profunda relativamente a Madalena».

De novo graças a Nicole, conhecemos André Douzet, que nos informou de que ele e outros, especialmente Antoine Bruzeau, tinham começado a investigar o interesse de Saunière por Madalena – mas parecia que a chave do mistério se encontrava a alguma distância de Rennes-le-Château. André não fora, inicialmente, atraído pelo mistério de Saunière, mas chegara até ele por um caminho indireto: certos lugares que o interessavam, na sua cidade natal de Lyons, tinham-no conduzido até ali.

A associação remonta a Gérard de Roussillon – que no século IX fundara a abadia de Vézelay, na Borgonha, para onde, foi afirmado mais tarde, levara o corpo de Maria Madalena. Lembramos (consultar o Capítulo III) que esta reivindicação foi ultrapassada, mais tarde, por St. Maximin da Provença, quando os monges de Vézelay não conseguiram apresentar as relíquias. Também recordemos que este acontecimento levou Charles II d’Anjou a empreender uma busca febril, convencido de que os restos mortais de Madalena ainda se encontravam em qualquer parte da Provença.

Gérard de Roussillon era conde de Barcelona, de Narbonne e da Provença – uma vasta região. A sua família também tinha propriedades na região de Le Pilat – agora, o Parque Nacional de Le Pilat -, a sul de Lyons. Eram fervorosos devotos de Madalena, e a área era um centro do seu culto. (Uma capela de Sainte-Madaleine, na região de Le Pilat, conservava as supostas relíquias de Lázaro.)

No século XIII, o conde reinante, Guillaume de Roussillon, morreu nas Cruzadas e a sua pesarosa viúva, Béatrix, retirou-se para as colinas de Le Pilat, onde fundou um mosteiro cartuxo, Sainte-Croix-en-Jarez, onde viveu o resto da sua vida. Mas, depois disso, o mosteiro parecia ter uma estranha associação com Maria Madalena.


Cristo e Madalena

Antoine Bruzeau afirma que a família possuíra as verdadeiras relíquias de Maria Madalena e que Béatrix as levara para Sainte-Croix. (Ou talvez ela tivesse simplesmente confiado à abadia o segredo da sua localização.) Ele também sugere que o verdadeiro lugar do desembarque de Madalena em França não foi a Carmargue, mas a costa do Roussillon, num lugar ainda chamado Mas de La Madaleine. De acordo com a sua teoria, ela não vivera o resto da sua vida na Provença, mas no hoje Languedoc-Roussillon - em redor da área de Rennes-le-Château.

Por alguma razão, a família Roussillon sentiu que era seu dever não só conservar as relíquias mas também mantê-las secretas. Isto é muito estranho, numa época em que as relíquias eram tão lucrativas, e sugere que eles tinham motivos diferentes da simples veneração de uma santa do Novo Testamento. Talvez fosse alguma coisa relacionada com o verdadeiro papel de Madalena na vida de Jesus Cristo.

No século XIV, um curioso mural foi acrescentado à abadia de Sainte-Croix, representando Jesus sendo crucificado em madeira viva. Mais tarde, este mural foi coberto de estuque, mas foi redescoberto em 1896 – pouco tempo antes de Saunière, pessoalmente, ter pintado o baixo-relevo do seu altar, representando Madalena a contemplar uma cruz feita de madeira ainda em crescimento.

Mais tarde, no século XVII, um dos frades de Sainte-Croix, Dom Polycarpe de La Rivière, um famoso erudito, empreendeu a recuperação do mosteiro, e talvez tenha descoberto alguma coisa. Ele estava particularmente interessado em Madalena – escreveu um livro acerca dela que, infelizmente, se perdeu, além de um outro sobre a área em redor de Aix-en-Provence, de St. Maximin e de Sainte-Baume, que o Vaticano suprimiu. De la Rivière também estava relacionado com Nicolas Poussin, e a investigação de Bruzeau sugere que ambos faziam parte de uma sociedade secreta conhecida por «Societé Angelique».

Nas colinas de Le Pilat, uma antiga estrada sobe o Mont Pilat até uma capela dedicada a Maria Madalena. A estrada começa na aldeia de Malleval, cuja igreja contém estátuas de St. António de Pádua e de St. Germain, que são idênticas às de Rennes-le-Château. O caminho passa por uma capela dedicada a St. Antônio Eremita – outro santo venerado na igreja de Saunière (e cuja festividade é em 17 de Janeiro). E na capela de Madalena existe um quadro, representando a santa na sua gruta, que é espantosamente semelhante ao de Rennes-le-Château. Bruzeau observa que, no fundo do retábulo de Saunière, há um arco com coluna: em céltico, o primeiro é Pyla; em latim, o segundo é pilla – apontando, foneticamente, para a área de Le Pilat. E os picos representados no horizonte parecem ser os da área circundante de Mont Pilat.

Sempre nos pareceu estranho que, no seu baixo-relevo, Saunière tivesse excluído o elemento mais característico da iconografia de Maria Madalena – o seu vaso de bálsamo santo ou Sainte Baume… Podia ser esta a sua maneira de dizer que as verdadeiras relíquias de Maria Madalena, afinal, não estavam em St. Maximin-le-Sainte-Baume da Provença?

Certamente, a julgar pelas faturas do aluguel de carruagem e cavalos na área de Lyons, em 1898 e 1899, parece que Saunière explorou a área de Le Pilat em busca do que restava da sua dileta Maria Madalena.

A questão primordial é saber por que razão alguém se esforçaria tanto para encontrar o que seria, essencialmente, apenas uma caixa com ossos. Porque, embora os católicos sempre tivessem a mórbida predileção por cadáveres de santos, deve-se recordar que muitos dos que, aparentemente, procuravam os restos mortais de Madalena eram ocultistas ou católicos rebeldes em relação a igreja romana. De qualquer modo, não parecem ter sido pessoas sentimentais e a época das relíquias como grande negócio já passara, há muito tempo – então, por que dedicaram tanto tempo e esforço a esta busca?


As colinas de Le Pilat, no maciço do mesmo nome.

Talvez não fosse simplesmente um esqueleto que eles procuravam: talvez julgassem que o caixão, ou túmulo, continha algum segredo, quer alguma coisa relacionada com o próprio corpo quer alguma coisa que estava com ele. Henry Lincoln, presumivelmente com ironia, sugeriu à imprensa francesa que esta «alguma coisa» podia ser a certidão de casamento de Jesus e Maria Madalena.

Falando mais seriamente, o segredo tem de ser alguma coisa semelhante a isso – uma coisa comprovativa e inequívoca que, uma vez tornada pública, causaria um enorme furor e muitos problemas para a igreja de Roma.

Dado o interesse destes grupos específicos, que temos estado a investigar, o segredo tem de ser alguma coisa herética cuja natureza se revelaria profundamente inquietante para a Igreja oficializada. Mas o que teria a possibilidade de provocar esta ameaça? Por que razão uma coisa que tem – presumivelmente – 2000 anos, deveria ter alguma relação importante com a sociedade moderna?


Links partes anteriores:
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Posted by Thoth3126 on 08/05/2015

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12.10.15

A Revelação Templária – 8B 

 Este é um lugar terrível 

(Rennes le Chateau)

 Templários, os Guardiões Secretos da Verdadeira Identidade de Cristo

Por Lynn Picknett e Clive Prince

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Publicado anteriormente 30/09/2015






A Revelação Templária – 8B 

 Este é um lugar terrível (Terribilis est locus iste) 

 Templários, os Guardiões Secretos da Verdadeira Identidade de Cristo


Mas, se o sacerdote não encontrou pergaminhos, talvez encontrasse algum tipo de tesouro - como muitas pessoas firmemente acreditam. Encontrou, certamente, um pequeno esconderijo de moedas e jóias antigas, na igreja, mas, como toda a área é rica em achados arqueológicos, tal descoberta dificilmente teria despertado o interesse que rodeou a história de Saunière. Muitas pessoas acreditam que ele descobriu uma verdadeira caverna de Saladino, com um suntuoso tesouro, que nem ele nem os seus simpáticos amigos conseguiram esbanjar, e que parte dele ainda ali se encontra, à espera de ser descoberto por algum investigador com iniciativa.

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 08 B – ESTE É UM LUGAR TERRÍVEL – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO VIII - B - "ESTE É UM LUGAR TERRÍVEL" 
(Terribilis est locus iste)

Foi sugerido que o complicado simbolismo da igreja, juntamente com as várias mensagens codificadas, como a das «Maçãs Azuis», se destinavam a dar pistas ao investigador com iniciativa quanto ao lugar onde se encontrava o resto do tesouro.

Embora esta noção possa ser romântica, ela é absurda. Em primeiro lugar, este cenário não consegue explicar os seus recorrentes problemas de liquidez; em segundo lugar, ele elaborava os chamados mapas de tesouro - o simbolismo da igreja -, o que não era uma atitude muito inteligente, se ele tencionava reservar a riqueza para si. Por último, se a igreja é, essencialmente, um enorme mapa do tesouro, então o simbolismo usado é extremamente bizarro e esotérico.




As duas torres de Sauniere em Rennes Le Chateau, à direita a Torre Magdala. Ben Hammott © 2008

Se ele queria reservar o dinheiro para si, dificilmente teria desenhado um mapa (embora fosse arcano) do tesouro, para consumo público, e se ele queria que apenas certas pessoas o encontrassem, então por que não as informou? E o fato de ter encontrado o tesouro dificilmente explicaria a razão por que as pessoas ricas e influentes o desejavam visitar na sua remota paróquia, na encosta da colina.

Segundo tudo indica, parece que Saunière estava sendo pago por alguém, por alguma coisa - algum serviço que implicava a sua estada em Rennes-le-Château, onde ele insistia em viver, mesmo depois de receber ordens para se afastar. As suas atividades revelam que ele procurava, definitivamente, alguma coisa: as suas escavações noturnas no cemitério, os demorados passeios pelas imediações e mesmo as viagens mais demoradas a lugares mais afastados, que duravam vários dias seguidos.

Mas era tão importante que o julgassem ainda em Rennes-le-Château que, durante as suas ausências, Marie Dénarnaud enviava regularmente cartas já preparadas em resposta à correspondência recebida, insinuando que ele estava apenas demasiado ocupado, naquele momento, para responder pessoalmente. (Após a sua morte, foram encontradas algumas destas respostas em série entre os seus papéis pessoais.)

Um novo aditamento à história de Saunière surgiu em 1995, quando o esoterista André Douzet apresentou uma maquete, ou modelo em estuque, representando uma paisagem em relevo, que Saunière supostamente lhe encomendara pouco tempo antes da sua morte. O modelo apresenta colinas e vales, atravessados pelo que parecem ser estradas ou rios. Há um único edifício quadrado na encosta de uma colina. Aparentemente, ela representa a área em redor de Jerusalém, porque são indicados lugares bíblicos, como o jardim de Getsemani e o Gólgota. Contudo, a paisagem da maquete não corresponde, de modo algum, à de Jerusalém: talvez represente, de fato, a área que circunda Rennes-le-Château. Teria Saunière planejado transformar a sua terra natal na Nova Jerusalém?




Ruínas de castelo de Coustaussa, com Rennes-le-Chateau ao fundo

É possível passar uma vida inteira a estudar as possibilidades do mistério de Rennes-le-Château: na verdade, talvez seja essa a sua função - ser uma famosa pista falsa. Porque, apesar da sua indubitável importância, ela desvia a atenção das implicações de outras pistas, igualmente sugestivas, da área circundante.

Outros sacerdotes das paróquias vizinhas estavam implicados no caso, incluindo o superior de Saunière, Félix-Arsène Billard, bispo de Carcassonne. Alegadamente, ele enviou Saunière a Paris e fingiu ignorar o seu comportamento excêntrico e escandaloso. (Foi depois da morte de Billard, em 1902, e da nomeação do seu sucessor, que foi instaurado um processo contra Saunière.) E o próprio Billard estava envolvido em algumas transações financeiras duvidosas.

O mais famoso deste grupo de sacerdotes que rodeavam Saunière é o abade Henri Boudet (1837-1915), que era pároco de Rennes-le-Château desde 1872. Um homem sensato, erudito e reservado - temperamentalmente, o verdadeiro oposto de Saunière -, também ele se entregava a estranhas atividades. Em 1886, publicou um livro bizarro, Le vraie langue celtique et le cromleck de Rennes-les-Bains (A Verdadeira Língua Celta e o Cromlech de Rennes-les-Bains), que sempre deixou os investigadores perplexos.

Aparentemente, o livro trata dois temas: uma perversa teoria de que muitas línguas antigas - céltico, hebraico, etc. - derivam do anglo-saxônico, incluindo exemplos absurdos de topônimos das imediações de Rennes-les-Bains que, segundo ele, provinham de radicais ingleses; e uma descrição de vários monumentos megalíticos da área. Boudet era um respeitado historiador e antiquário local, e as teorias que ele propunha eram tão inverossímeis que muitas pessoas concluíram que elas deviam esconder uma mensagem mais profunda e secreta - uma contrapartida literária da decoração da igreja de Saunière.



Segundo algumas sugestões, as duas completavam-se e, quando reunidas, codificavam as instruções para encontrar o «tesouro». Se é assim, ninguém chegou a uma decifração satisfatória e o livro de Boudet é tão intrigante agora como quando foi publicado. Mas as suas outras atividades também decorrem paralelas às de Saunière, porque se sabe que ele alterou inscrições das sepulturas do cemitério da sua paróquia e mudou a posição dos marcos limítrofes da área.

Algumas pessoas consideram Boudet como o mestre que inspirou a construção dos edifícios de Saunière, e têm surgido sugestões, como a de Pierre Plantard de Saint-Clair - até agora não provada -, de que Boudet era o «pagador» de Saunière. Mas Boudet é também significativo para outro protagonista importante deste complexo mistério: o próprio Pierre Plantard de Saint-Clair escreveu o prefácio de uma edição fac-similada (1978) de Le vraie langue celtique et le cromleck de Rennes-les-Bains e possui terras próximas de Rennes-les-Bains. Também se pode ver, no cemitério da velha igreja de Boudet, uma placa indicadora do talhão que Plantard de Saint-Clair reservou para si.

O outro clérigo contemporâneo de Saunière era o abade Antoine Gélis, que era pároco da aldeia de Constassa, situada defronte de Rennes-le-Château, na outra margem do rio Sals. A 1o de Novembro de 1897, o velho Gélis (então com 70 anos) foi encontrado selvaticamente assassinado, tendo morrido devido a repetidas e graves pancadas na cabeça, aparentemente desferidas por um assaltante que ele deixara entrar no presbitério e com o qual estava a conversar. Gélis era amigo de Saunière - este regista um encontro com ele e com várias pessoas, no seu diário de 29 de Setembro de 1891, apenas oito dias depois do registo relativo à «descoberta de um túmulo».

No período que antecedeu o seu assassinato, Gélis, aparentemente, vivia com medo, mantendo a porta fechada à chave e recebendo apenas a sobrinha, que lhe trazia as refeições. Recentemente, recebera uma grande soma de dinheiro - $ 14.000 francos -, que ninguém soube explicar. Escondera-o em sua casa e na igreja e encontraram-se papéis pessoais que revelaram os esconderijos. Virtualmente, no entanto, todo o dinheiro se encontrava ali depois do seu assassinato. O criminoso - que nunca foi descoberto - deixara ficar quase $ 800 francos, que se encontravam em casa. Mais estranho ainda, ele amortalhou ritualmente o corpo, cruzando-lhe os braços sobre o peito e deixando um pedaço de papel em que estavam escritas as palavras: «Viva Angelina.» Nunca se descobriu o motivo para este crime.

Há dois elementos particularmente estranhos entrelaçados no assassinato de Gélis. A sua pedra tumular, no cemitério de Constassa, fora colocada - a única de todas as sepulturas - de modo a ficar voltada para Rennes-le-Château, que é claramente visível na encosta da colina fronteira. E, embora este brutal assassinato de um idoso e frágil sacerdote chocasse a população local, a diocese parecia querer que o assunto fosse esquecido tão depressa quanto possível. Quando Gérard de Sède tentou investigá-lo, no princípio dos anos 60, não encontrou nenhum registo do crime nos arquivos diocesanos de Carcassonne. Apenas em 1975, dois advogados reconstituíram a história a partir dos registos da Polícia e do Tribunal locais.

Foi mesmo sugerido que Saunière era responsável pela morte de Gélis, mas isso é mera especulação. Parece, no entanto, que se passava alguma coisa sinistra na região que envolvia os sacerdotes locais e que ultrapassava os limites de Rennes-le-Château.

Sem dúvida que a aldeia de Rennes-le-Château é importante por si mesma, mas talvez lhe tenha sido atribuída demasiada importância porque toda a região circundante está também impregnada de mistério. A maioria dos investigadores reconhecem o fato de existirem outros lugares igualmente fascinantes e estranhos nas imediações, mas têm tendência a considerá-los como um pano de fundo para a história de Saunière. Mas, se ele fez uma descoberta, há muitos lugares onde a podia ter feito. Além das suas várias e prolongadas ausências da aldeia, por vezes durante dias ou mesmo semanas, ele também era conhecido por dar longos passeios pelas redondezas. (E as suas entusiásticas excursões de caça e pesca também podiam encobrir outras atividades.)




Em Rennes Le Chateau a essência do segredo descoberto por Sauniere é sobre o Sagrado Feminino...

Os Dossiers secrets informam apenas que Saunière estivera trabalhando para o Priorado de Sião, mas há alguma prova da influência deste na área circundante? Vimos que Pierre Plantard de Saint-Clair possui terras nas proximidades de Rennes-le-Château e que comprou ali um talhão do cemitério, mas as aparentes preocupações da organização refletem-se, de fato, na área? Dada a extraordinária cultura cruzada de sociedades secretas do Languedoc, seria extraordinário que não se refletissem.

De fato, um estudo da área próxima de Rennes-le-Château fornece indicações não só quanto ao Priorado mas também sobre uma tradição secreta, mais vasta - aquela que suspeitávamos que podia existir. Iríamos verificar que o que se podia chamar a Grande Heresia européia - a extrema veneração, mesmo o culto disfarçado de Maria Madalena e de João Batista - está aqui bem representado.

Há uma notável proliferação de igrejas dedicadas a João Batista nesta região. Muitas vezes, encontram-se em grupos - por exemplo, há três igrejas de «Jogo» na pequena área de Belvèdere-du-Razès. (Curiosamente, uma grande parte desta área denomina-se La Magdalene.)

Também é interessante que a atual igreja de «Madalena» de Rennes-le-Château fosse, outrora, apenas a capela do castelo, enquanto outra igreja embelezava a aldeia - e que era dedicada a João Batista. Esta foi destruída no século XIV, quando Rennes-le-Château foi tomada pelas tropas de um nobre espanhol, sendo demolida pedra por pedra, na convicção de que algum tesouro estivesse escondido no seu interior.

Um volte-face inexplicável ocorreu na vizinha Arques, quando a primitiva igreja de S. João Batista foi novamente dedicada a Santa Ana; fato particularmente estranho, porque ela ainda conserva uma relíquia de Batista.

Arques e Couiza - onde existe outra igreja de «João» - foram propriedade da família de Joyeuse até 1646, quando Heuriette-Catherine de Joyeuse vendeu todas as suas terras do Languedoc à monarquia francesa. Curiosamente, ela era viúva de Charles, duque de Guise, cujo preceptor fora Robert Fludd - que fora mandado vir da Inglaterra especialmente para desempenhar esse cargo.




A Montanha Bugarach é parte do mistério de Rennes-le-Château, uma aldeia situada ao lado da montanha, é uma atração turística bastante conhecida e recebe milhares de visitantes todos os anos. O Tesouro dos Templários, o Santo Graal, a tumba de Madalena, alguns dizem estar escondidos em um dos castelos cátaros que dominam a paisagem, geralmente no cimo de afloramentos rochosos espetaculares. Considerado como hereges pela Igreja Católica, os cátaros foram exterminados pela Cruzada Albigense liderada pelo Papa Inocêncio III. Quando um general perguntoucomo distinguir entre cátaros e católicos, a resposta foi ''Matem todos eles, Deus vai receber os seus''.

Outrora, em Couiza, ou em Arques, existira uma Madona Negra, conhecida por Notre- Dame de la Paix, que fora levada para Paris, em 1576, pela família de Joyeuse, onde ainda se encontra, na igreja das Irmãs do Sagrado Coração. Estranhamente, Saunière correspondia-se com a superiora desta ordem, para a qual ele era alguém verdadeiramente especial. Numa carta que a irmã Augustine-Marie, secretária da ordem, lhe enviou, datada de 5 de Fevereiro de 1903, ela pede-lhe para celebrar missas, especificamente em honra da sua Madona Negra, oferece-se para lhe vender uma estátua do Pequeno Jesus de Praga (que ainda se encontra na Vila Betânia) - e, um tanto misteriosamente, agradece-lhe «a devoção que consagra ao nosso bom rei».

Pode ser uma referência a algum pretendente ao trono francês ou a Jesus Cristo, embora, como veremos, existisse outro «rei» que era venerado por grupos heterodoxos. Contudo, há a sugestão de um significado diferente, talvez codificado, nas palavras da irmã Augustine-Marie, e a curiosa insinuação de que havia alguma coisa especial na paróquia (e nos paroquianos) de Rennes-le-Château.

A família de Joyeuse também mandou edificar a igreja de João Batista de Arques, que foi construída a partir das ruínas do antigo castelo que fora destruído pelos soldados de Simon de Monfort. De fato, a atual torre do sino e a parede principal faziam parte da igreja que foi outrora dedicada a João Batista mas que é agora dedicada a Santa Ana - embora nem o próprio presidente do município de Arques nos soubesse explicar a razão que motivara a alteração.

O seu antecessor, nos anos 30 e 40, foi Déodat Roché, um grande estudioso da história esotérica da área, que foi o inspirador de uma das mais sérias tentativas de restaurar uma igreja cátara naquela área. Um dos tios de Roché era o médico pessoal de Saunière, e outro era o seu notário.

A meio caminho entre Rennes-le-Château e Limoux, encontra-se a cidade que é a estância termal de Alet-les-Bains. Antiga sede do bispado local (antes de ser transferida para Carcassonne), Alet era, na Idade Média, um famoso centro alquímico. A família de Nostradamus era oriunda desta cidade, e é possível que o famoso visionário tivesse lá vivido durante algum tempo. A cidade tem conexões com a Ordem dos Cavaleiros Templários que remontam aos primeiros anos dos Templários - vários decretos importantes que lhes concediam terras foram assinados em Alet, em anos posteriores a 1.130 - e ainda se vêem símbolos templários gravados nas madeiras de algumas das pitorescas casas medievais; na realidade, o brasão da cidade ostenta uma cruz templária.



A importante igreja de Santo André tem uma curiosa ligação com a Ordem dos Cavaleiros Templários. O escritor e investigador Franck Marie demonstrou que o seu desenho (assim como o da Capela Rosslyn) é baseado na geometria da cruz templária, a mesma do Templo de Jerusalém construído por Salomão - contudo, a igreja foi edificada no final do século XIV, depois da extinção da Ordem dos Cavaleiros Templários. O edifício também é notável pelas janelas que ostentam o símbolo da estrela de seis pontas, a Estrela de David. Além das óbvias associações judaicas (que são, no mínimo, extremamente invulgares numa igreja medieval), o símbolo também tem conotações mágicas tradicionais - simbolizando a união dos princípios divinos masculino e feminino.

A rua principal de Alet-les-Bains é a Avenida Nicolas Pavillon, o nome do seu mais famoso bispo (cuja incumbência se manteve desde 1637 até 1677). Pavillon foi uma figura importante, que esteve envolvida em acontecimentos relacionados com o Priorado de Sião. Pavillon, juntamente com dois outros clérigos, o famoso S. Vicente de Paulo e Jean- Jacques Olier (que edificou St. Sulpice) foram as forças que inspiraram a Companhia do Santo-Sacramento, também conhecida entre os seus membros por «a cabala do Devoto».

Considerada uma organização caritativa, é agora reconhecida pelos historiadores como tendo sido uma sociedade secreta político-religiosa que manipulou proeminentes chefes políticos da época e que tinha mesmo influência sobre o monarca francês. A companhia escondeu tão bem os seus verdadeiros interesses que os historiadores ainda não estão de acordo quanto à sua verdadeira natureza - por vezes, parecem ser essencialmente católicos, mas, noutros casos, completamente heréticos. Tem sido afirmado que ela era, de fato, uma fachada para o Priorado de Sião. Como vimos, a sua sede era no Seminário de St. Sulpice, em Paris.

Um destes conspiradores, o misterioso S. Vicente de Paulo (c. 1580-1660) - que afirmava, bizarramente, ter estudado alquimia -, é venerado noutro lugar, que é considerado um dos mais enigmáticos do Languedoc. É a basílica de Notre-Dame de Marceilles, situado ao norte de Limoux, muito próximo da cidade. Uma estátua de S. Vicente ergue-se no seu recinto, para assinalar o fato de ser ele o fundador da Ordem dos Padres Lazaristas, que, desde 1876, têm sido responsáveis pela basílica. (Curiosamente, o padre lazarista de Notre-Dame de Marceilles destacava-se entre os convidados de Saunière para as cerimônias de inauguração de várias partes do seu domaine.)

Este lugar tem muitas ligações intrigantes com as «heresias» que estamos a investigar. Para começar, apesar da diferença de grafia, esta «Marceilles» (cuja origem é desconhecida) evoca Madalena através da ligação com «Marseilles». A basílica foi edificada no local de um antigo santuário pagão, centrado numa fonte, famosa pelas suas propriedades terapêuticas, especialmente para os olhos. O nome da basílica tem origem numa Madona Negra do século XI, que ainda está exposta no interior da igreja e que esta associada a muitos milagres. Talvez, com aquele antecedente, não seja surpresa descobrir que aquele lugar pertencera aos Cavaleiros Templários. Durante séculos, foi um centro de peregrinação de devotos em busca de cura.



Ao longo dos anos, por qualquer razão, sempre existiram lutas entre várias organizações religiosas pelo controle do lugar. Pertenceu, originariamente, à vizinha abadia beneditina de St. Hilaire, a qual, durante a Cruzada dos Albigenses (Cátaros), provocou comentários hostis devido à sua política de neutralidade face aos cátaros. (Toda a população de Limoux foi excomungada, na mesma ocasião, por lhes dar proteção.) No século XIII, a luta travou-se entre o arcebispo de Narbonne, a Ordem Beneditina e os Dominicanos. Mais tarde, o rei teve de intervir numa disputa pela posse do lugar entre o arcebispo, o senhor de Limoux e Guillaume de Voisins, senhor de Rennes-le-Château.

A 14 de Março de 1.344 (o centésimo aniversário da misteriosa cerimônia cátara na fortaleza de Montségur, na última noite, antes de eles se entregarem às chamas), o papa Clemente VI entregou a igreja ao colégio de Narbonne, em Paris, em cuja posse se manteve até meados do século XVII, quando passou para o controle do bispo de Alet-les-Bains. (Curiosamente, a principal fonte de receita do colégio de Narbonne provinha da igreja de Maria Madalena de Azille, no Aude.) Durante a Revolução, a igreja e as terras foram vendidas, mas a Madona Negra foi escondida por membros dum priorado da Ordem dos Penitentes Azuis, um curioso grupo que tem ligações com os maçônicos do Rito Escocês Retificado e com a família Chefdebien - que, como veremos, são protagonistas importantes deste drama. Em 1795, a Igreja foi reintegrada como lugar de culto.

Outra disputa surgiu, no entanto, durante a época de Saunière e envolveu o seu superior, Monsenhor Billard, bispo de Carcassonne. O lugar pertencia, então, a vários proprietários, mas, através de uma série de argutas - e nem sempre éticas - jogadas, o bispo usou os serviços de um banqueiro, como estando «interessado na compra», para adquirir todas as ações. Estranhamente, a venda teve lugar a 17 de Janeiro de 1893 (embora Bilard tivesse conseguido apoderar-se da Madona Negra, que estivera guardada em Limoux, durante um curto espaço de tempo). Em menos de quatro meses, o novo proprietário vendera a terra ao bispado e Bilard detinha o desejado controle total sobre o local.

Em 1912, o papa Pio X decretou que a igreja fosse elevada à categoria de basílica, uma honra rara e completamente inexplicável para um lugar relativamente modesto. A categoria de basílica, geralmente, é apenas atribuída a igrejas de significado especial - como é o caso da Igreja de St. Maximin, na Provença, que contém as (alegadas) relíquias de Maria Madalena.

A área circundante de Notre-Dame de Marceilles é também notável por ter sido, até muito recentemente, um lugar de particular interesse para os ciganos, que costumavam ter um acampamento no terreno entre a igreja e o rio Aude, que corre a alguns metros para ocidente.

A basílica Notre-Dame de Marceilles é especialmente mencionada no enigmático livro do abade Boudes Le vraie Langue Celtique et le Cromleck de Rennes-les-Bains, e foi essa referência que trouxe o falecido investigador belga Jos Bertaulet a este lugar. Ele fez uma interessante descoberta: nas antigas terras da igreja, agora em mãos privadas, nas margens do rio Aude, existe uma cripta subterrânea. Esta cripta é formada por duas grandes câmaras que datam do fim do período romano ou do princípio do período do reino visigótico (século III-IV).




A Basílica de Nossa Senhora de Marceille igreja de estilo Gothico ( séculos XIV e XV ) dedicado a Maria (ao Feminino Sagrado), localizado na cidade de Limoux. Sua Madonna Negra atraiu uma peregrinação que foi muito popular localmente. Existe uma fonte milagrosa, supostamente para curar a dor nos olhos, que esta associada a ela.

A cripta com cerca de seis metros de altura, a primeira destas câmaras tem uma abertura de ventilação no teto abobadado, mas a única entrada é um túnel estreito, com a altura de um metro, aparentemente construído depois e que estava oculto numa pequena casa, agora em ruínas (que parece ter sido construída expressamente para esse fim). Desconhece-se a função da cripta. Tem-se especulado que ela servia de câmara funerária - apesar de estar agora vazia - ou de lugar de iniciação para alguma escola de mistério.

Qualquer que fosse a sua função, há algumas provas de que ela foi utilizada até à primeira parte do século XX, embora a sua existência fosse tão secreta que - como iríamos descobrir em circunstâncias traumáticas - nem os sacerdotes da basílica conheciam a sua existência. Talvez fosse desta curiosa câmara subterrânea que Billard estava tão interessado em se apoderar.

Durante uma viagem de investigação a França, no Verão de 1995, Clive Prince visitou a área acompanhado por seu irmão Keith. Tínhamos sido informados sobre a cripta, incluindo as instruções para a encontrar - o que se mostrou precioso, porque a entrada estava coberta por um enorme matagal de ervas daninhas -, pelo investigador belga Filipe Coppens. Jos Bertaulet tinha tapado, parcialmente, a abertura do teto com placas de pedra para evitar acidentes. Havia, iríamos descobrir por experiência própria, uma queda abrupta de seis metros de altura.

Keith, tendo entrado na primeira câmara, descendo por uma corda (quaisquer escadas de madeira que outrora houvesse tinham apodrecido há muito tempo), tropeçou nos pedaços de pedras que cobriam o chão e caiu pesadamente. Caiu no escuro, entre os detritos acumulados pelo tempo; a princípio, pareceu que tinha quebrado uma perna, depois descobriu-se que tinha torcido apenas um ligamento: não podia levantar-se e muito menos trepar pela corda e sair da cripta.

Clive não teve outra opção senão chamar os serviços de emergência para socorre-los (que chegaram em tão grande número, que parecia que o acidente de Keith era a coisa mais excitante que acontecia em Limoux desde há muito tempo). Depois de quatro horas, uma equipe de socorro içou-o para fora do subterrâneo, finalmente, através da abertura do teto e transportou-o para o hospital de Carcassonne. (Este episódio revelou uma coisa: quando Clive foi pedir auxílio à basílica, os funcionários que lá se encontravam desconheciam a existência da cripta.)




A Basílica de Nossa Senhora de Marceille: é uma basílica estilo gótica do Languedoc cuja data de construção é a partir do século XIV. Ela está localizada a poucos quilômetros de Limoux. Você tem que subir uma pequena estrada para descobri-la no topo de uma colina, escondida na vegetação. Foi construída no local de um antigo culto (megalítico) pagão ao feminino sagrado, possui uma fonte de águas milagrosas.

Infelizmente, devido a este incidente, foi impossível continuar a investigação das câmaras subterrâneas. Talvez uma consequência mais grave fosse a ameaça das autoridades de mandar fechar as câmaras, para evitar futuros acidentes. Foi um alívio descobrir que isso, de fato, não acontecera, embora as entradas tivessem sido fechadas, quando lá voltamos com Charles Bywaters, na Primavera de 1996. Nesta ocasião, embora não fizéssemos nenhuma tentativa para explorar as câmaras principais, investigamos o túnel que lhes dava acesso - e fizemos uma descoberta muito importante.

O túnel parecia partir de uma parede vazia, mas, seguindo uma sugestão de Filip Coppens, examinamos a parede e verificamos que, outrora, ela fora uma porta. Fora deliberadamente selada - aparentemente, há relativamente pouco tempo - e as barras de ferro, que estão inseridas na pedra, podem ter servido de puxadores da porta. A julgar pela manifesta ignorância das autoridades locais quanto à existência da cripta, não podiam ter sido elas a mandar selar esta porta. Então, quem mandou - e, em todo o caso, porquê mandar fechar, deste modo, apenas uma das câmaras?

Pelo estado das barras de ferro, calculamos que a entrada da porta fora tapada aproximadamente há cem anos, quando Billard detinha o controle único da propriedade. Escondeu ele alguma coisa atrás daquela porta fechada com tijolos? Talvez escondesse, mas os seus atos revelavam um desespero virtual em se apoderar daquele determinado lugar, o que sugere que ele não andava a esconder, mas a procurar alguma coisa. E, fosse o que fosse que ele procurasse, ainda devia haver, no mínimo, algumas pistas quanto à sua natureza naquele lugar úmido e secreto, porque ele se esforçou para o selar.

Pouco tempo antes de morrer, vítima de cancer, em 1995, José Bertaulet afirmou ter descodificado a estranha obra de Boudet Le vraie langue celtique et le cromleck de Rennes- les-Bains e concluiu que ela referia que um relicário, contendo a cabeça de um «rei sagrado», estava escondido naquela cripta subterrânea. E acrescentou que Boudes associara esta câmara às lendas do Santo Graal. Como vimos, o tema dos reis sagrados decapitados atravessa estas histórias (e Saunière recebera agradecimentos pela devoção que consagrara ao «nosso bom rei», enviados pelas Irmãs do Sagrado Coração de Paris). E, curiosamente, Notre-Dame de Marceilles foi, outrora, propriedade dos Cavaleiros Templários.

Futuras investigações dependem da passagem pela porta selada, e parece improvável - no momento em que escrevemos - que a autorização para essa passagem seja concedida. Mas muitos temas que são centrais para esta investigação parecem reunir-se neste lugar: veneração ao feminino divino, Madonas Negras, os Cavaleiros Templários, Madalena e as lendas do Graal. E a história de uma cabeça decepada numa área tão repleta de igrejas, que lhe são dedicadas, seguramente evoca a figura de João Batista. É evidente que a região, em geral, e o lugar de Notre-Dame de Marceilles, em particular, ainda guarda um segredo profundo.



É difícil compreender a maneira como Saunière se integra neste quadro, mas também parece que ele tinha de fazer parte dele. É muito provável que ele encontrasse alguma coisa de grande importância, mas é impossível saber, com alguma certeza, o que foi encontrado. Contudo, a nossa investigação conseguiu várias pistas significativas a partir do gênero de pessoas com quem convivia e dos contatos que deliberadamente estabelecia.

De fato, as provas que laboriosamente reconstituímos, relativas às verdadeiras filiações de Saunière, mudam radical e definitivamente a clássica imagem do modesto sacerdote rural que se depara com um tesouro. Qualquer coisa em que estivesse, de fato, envolvido, a sua importância ultrapassa muito os limites da curiosa aldeia de Rennes-le-Château.
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06.10.15


Revelação Templária – 9A 

 Um Curioso Tesouro 

(Rennes-le-Chateau)

 Lynn Picknett e Clive Prince

Publicado anteriormente a 05/05/2015

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

 

CAPÍTULO IX – UM CURIOSO TESOURO


Os céticos afirmam que não existe nenhum mistério em Rennes-le-Château. Para eles, Saunière ganhou dinheiro apenas com o tráfico de missas – ou, talvez, com outros negócios duvidosos – e a história do tesouro foi cinicamente inventada como atração turística. Quanto à importância que os Dossiers Secrets do Priorado de Sião atribuem à aldeia e ao seu mito, isso, dizem eles, é simplesmente o Priorado revestindo-se de um ar de mistério. Além disso, a história, tal como a conhecemos, remonta apenas a 1956, quando Noël Corbu abordou um assunto que se destinava a entreter os hóspedes da Vila Betânia, que ele transformara num hotel-restaurante …

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 09A – UM CURIOSO TESOURO – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO IX – UM CURIOSO TESOURO – 9A


… Contudo, a investigação mostra que existe um mistério: na verdade, a aldeia era claramente um centro de interesse para os investigadores esotéricos antes dessa data. Por exemplo, em 1969, alguém foi lá especificamente para procurar o imaginário tesouro dos cátaros, que ele acreditava ter sido levado da fortaleza de Montsegur para Rennes-le-Château. Talvez isto também explique a presença, que, de outro modo seria estranha, de oficiais alemães nazistas na Vila Betânia, onde ficaram alojados, durante a segunda guerra mundial.

Como muitas pessoas já sabem, os nazistas tinham uma obsessão por artefatos ocultistas, alquímicos, esotéricos e religiosos e passaram muitos meses, durante a guerra, a fazer escavações em Montségur e na região de Rennes-le-Château. Diz-se que eles procuravam o Santo Graal: certamente, Otto Rahn, o arqueólogo nazista, concentrara os seus esforços para o encontrar naquela área, nos anos 30.


A pequena e misteriosa vila de Rennes-le-Chateau

Noël Corbu é um protagonista importante na história de Rennes-le-Château. O seu papel ultrapassa o de um hoteleiro local e de contador de histórias fantásticas – como se pode deduzir da sua participação na publicação dos famosos pergaminhos codificados. Como vimos, estes surgiram, pela primeira vez, num livro de Gérard de Sède publicado em 1967, mas, mais tarde, um colega de Pierre Plantard de Saint-Clair e membro do Priorado de Sião, Philippe de Chérisey, confessou tê-los forjado.

No seu mais recente livro sobre o caso de Rennes-le-Château, em 1988, Gérard de Sède declara que publicou os textos de boa-fé, tendo-lhe estes sido entregues por alguém relacionado com Rennes-le-Château que afirmava serem cópias que Saunière entregara ao presidente do município da aldeia antes de levar os originais para Paris. Mas De Sède tem o cuidado de evitar nomear este «alguém».

No entanto, a sua identidade é revelada na obra de Jean Robin: era Noël Corbu. Isto é importante porque se De Chérisey forjou os pergaminhos, então Corbu apenas podia obtê- los através do contato com o Priorado de Sião.

Quanto mais se investigam as circunstâncias em que Corbu veio a adquirir o domaine de Saunière mais intrigantes elas se tornam. Segundo a história usual, Corbu encontrava-se casualmente na aldeia, durante a segunda guerra mundial, tornou-se amigo da idosa Marie Dénarnaud e concluiu que a vila daria uma boa residência. Mas a verdadeira história parece ser que ele já estava interessado na história de Saunière desde há algum tempo, e, no princípio dos anos 40, fez o possível para estabelecer relações de amizade com Marie para obter mais informações.

A intriga adensa-se: a igreja romana, por qualquer razão, também sempre estivera muito interessada em se apoderar da antiga propriedade de Saunière, mas estava igualmente ansiosa por adquiri-la discretamente. De fato, fez várias tentativas para convencer Marie a vendê-la, mas ela se recusava. Parece que, por intermédio de um sacerdote, chamado abade Gau, a Igreja convenceu Corbu a atuar em seu nome, tendo acordado, presumivelmente, que, quando Marie lhe vendesse a propriedade, ele lha transferisse. Alguma coisa parece ter corrido mal: talvez Corbu renegasse o acordo feito com a igreja romana.



Mais tarde, ele solicitou diretamente uma concessão do Vaticano, que foi obviamente considerada de invulgar importância, porque o Vaticano enviou o embaixador papal, em pessoa, para Carcassonne para obter da diocese as informações necessárias. E este embaixador não era outro senão o cardeal Roncali – futuro papa João XXIII (que, segundo The Holy Blood and The Holy Grail (no Brasil, “O Santo Graal e a Linhagem Sagrada“), poderia ter sido um homem membro do Priorado de Sião). A diocese, aparentemente, deu um parecer negativo e recomendou que a concessão fosse recusada. Mas, estranhamente, o Vaticano concedeu-lha.

É evidente que a relação com Corbu é muito importante para a compreensão da história de Rennes-le-Château: o mistério não terminou com a morte de Saunière. E, como Corbu viveu com Marie durante sete anos, estava em boa posição para descobrir o segredo. Qualquer que ele fosse, Corbu não o inventou. (Curiosamente, tem-se afirmado que Corbu, com Pierre Plantard de Saint-Clair, foi inspirador do aparecimento do Priorado aos olhos do público, nos anos 60, mas estes rumores nunca foram confirmados.)

Vimos, no capítulo anterior, que Saunière foi apenas um indivíduo implicado num mistério muito vasto da área onde se situa a aldeia de Rennes-le-Château – em acontecimentos que envolviam grandes somas de dinheiro e que levaram algumas pessoas a recorrer ao assassínio.

Sem dúvida que o mistério também envolvia grupos de Paris, com os quais Saunière estava em contato. Mas é interessante que muitas das figuras principais dos círculos que rodeavam Emma Calvé fossem – como a própria Emma – de origem languedoquiana. Foi referido que não era, de fato, necessário que Saunière se tivesse deslocado a Paris para conhecer a maioria dessas pessoas, porque elas visitavam com frequência Toulouse, o «berço do seu círculo». A pista conduz-nos, de novo, a pessoas e grupos cujos nomes já são familiares desta investigação.

Estas relações são excepcionalmente relevantes: não só lançam alguma luz, muito necessária, sobre o próprio Saunière mas também revelam que a história de Rennes-le- Château faz parte, de fato, desta investigação. Seguir o rasto do sacerdote até à complicada «árvore genealógica» dos grupos ocultistas, que já discutimos, iria oferecer-nos conhecimentos e revelações completamente inesperados sobre a verdadeira natureza do mais divulgado mistério do Languedoc, o qual, que saibamos, nunca foi publicado na Inglaterra.

Estranhamente, considerando todo o tempo e trabalho que foram investidos para tentar esclarecer o mistério, algumas das respostas saltam literalmente aos olhos do investigador. Indicações sobre a filiação particular de Saunière encontram-se na própria igreja de Rennes-le-Château. Apesar de os céticos terem sugerido que toda a decoração aparatosa e peculiar podia ser atribuída ao mau gosto ou a uma aberração mental de Saunière, outra investigação mostra que há mais, muito mais, e não menos, mistérios naquele «terrível» lugar.

Suspeitávamos de que a igreja e os seus arredores imediatos tinham sido planejados e projetados segundo um plano arcano (ocultista) muito específico. Os seus motivos dominantes parecem ter sido a inversão, imagens invertidas e o equilíbrio dos opostos: por exemplo, a contrapartida da Torre de Magdala é a estufa, na outra extremidade dos baluartes. Enquanto a primeira é construída de pedra sólida e tem vinte e dois degraus, que conduzem ao topo do torreão, a segunda é de material insubstancial e os seus vinte e dois degraus conduzem a uma sala situada em baixo. E a disposição do jardim e o calvário, no exterior da igreja, configuram um padrão geométrico preconcebido – e, presumivelmente, significativo.

Estas nossas observações foram confirmadas por Alain Féral, um famoso artista que vive na aldeia – e que era protegido de Jean Cocteau. Féral, que vive na aldeia desde o princípio dos anos 80, fez as mais pormenorizadas medições dos planos da igreja e dos edifícios circundantes e concluiu que eles revelam temas recorrentes. (Pode não ter sido, evidentemente, o próprio Saunière o responsável por isso – pode ter sido Henri Boudet ou o arquitecto que ele encarregou de fazer a obra ou mesmo os superiores de qualquer grupo com que Saunière podia estar envolvido.)


A localização de Rennes-Le-Chateau, na região do Languedoc-Roussillon, na França.

Reforçando a nossa ideia do tema das imagens refletidas, Féral refere que o pilar visigodo (que, anteriormente, sustentava o altar) ostenta uma cruz esculpida, que Saunière colocou ao contrário, no exterior da igreja. Também cita o significado do número vinte e dois: além das escadas da torre e da estufa, o número aparece em toda a parte do domaine. Dois lances de escadas conduzem do jardim ao terraço, cada um deles com onze degraus. As duas inscrições da igreja que mais atraíram a atenção – “Terribilis est locus iste”, acima do pórtico, e “Par ce signe tu le vaincras”, acima da pia da água-benta – são ambas formadas por vinte e duas letras. (A frase latina, que é mais usualmente transcrita como Terribilis est locus iste, e o le que é estranho à frase francesa parecem ter sido imaginadas para dar a cada uma delas vinte e duas letras. ) Há uma boa razão para a importância de onze e do vinte e dois: estes números são ambos «números básicos (mestres)» do ocultismo. Têm particular significado nos estudos cabalísticos.

Assim, há um curioso padrão heterodoxo criado por quatro objetos, dois no interior e dois no exterior da igreja: o confessionário, que está diretamente voltado para o altar; o próprio altar; a estátua de Notre-Dame de Lourdes (com a inscrição de «Penitência! Penitência!»), no exterior da igreja, sobre o pilar visigodo invertido, e o «calvário» do pequeno jardim, que o próprio Saunière construiu com todo o esmero. Estes quatro elementos não só formam um quadrado perfeito como também transmitem uma mensagem simbólica.

O confessionário e a inscrição «penitência» referem-se ambos a arrependimento e defrontam, respectivamente, o altar e o calvário, ambos simbólicos de salvação da Alma. Assim, cada grupo de pares parece simbolizar uma jornada, caminho ou iniciação espiritual – do arrependimento ao perdão e daí à salvação. Isto foi tão cuidadosamente concebido que devia ter transmitido alguma mensagem especial e oculta. Saunière está tentando dizer que o perdão e a salvação também se encontram fora da Igreja? E há aqui mais alguma indicação, alguma coisa relacionada com figuras que representem arrependimento e penitência – João Batista e Maria Madalena?

A frase «Penitência! Penitência!» foi a que, supostamente, a Virgem Maria proferiu durante as aparições de La Salette. Dos dois jovens visionários, um era uma pastora, Melanie Calvet, que era parente de Emma Calvé. (Emma alterou a grafia do seu nome quando se tornou cantora de ópera.) Durante algum tempo, a visão de La Salette ameaçou rivalizar com a de Lourdes, mas a Igreja Católica concluiu que ela era apenas uma mistificação. A visão de La Salette, no entanto, foi defendida pelo movimento joanino/Naündorff/Vintras (consultar o Capítulo 7). Saunière também escreveu em defesa das visões de La Salette.

Como vimos, é pouco provável que as célebres decorações da igreja sejam sinais indicadores da localização de algum grande tesouro. Se Saunière tivesse encontrado alguma coisa que o tornasse muito rico, dificilmente iria decorar a sua igreja com instruções codificadas que conduzissem ao lugar onde ela se encontrava. É mais provável que as decorações tentem esconder alguma coisa ou, no mínimo, fazer uma comunicação que seria óbvia apenas para um iniciado.

A melhor analogia – e, nas circunstâncias, a mais apropriada – é com um espaço de uma loja maçônica. Para um não-iniciado, os vários símbolos empreguados nesses templos – os compassos, os esquadros e outras insígnias – não podem ser «decodificados» para revelar qualquer quadro coerente das intenções dos maçônicos. É preciso conhecer a filosofia, a história e os segredos subjacentes que eles simbolizam, para compreender a sua real função ali.


Uma das duas inscrições da igreja que mais atraíram a atenção – “Terribilis est locus iste”, esta gravada acima do pórtico de entrada da igreja.

Muitos observadores identificam símbolos de várias sociedades secretas e ocultistas – os rosacruzes, os Cavaleiros Templários e os maçônicos – na decoração da igreja. As rosas e as cruzes do tímpano referem-se claramente aos rosacruzes. Uma das anomalias das Estações da Via Sacra, que é citada com maior frequência, é a da Oitava Estação, em que Jesus (carregando a cruz sem esforço) encontra uma mulher que usa o que parece ser um véu de viúva e que tem o braço em volta de um rapazinho envolto no que parece ser um manto axadrezado.

Isto é tomado como uma referência aos maçônicos, que se auto-intitulam os «Filhos da Viúva». (E talvez haja algum significado no fato de a Oitava Casa astrológica reger os mistérios do sexo, da morte e da reencarnação – e do oculto.) O pavimento da igreja, os quadrados brancos e pretos, e o teto azul, com as suas estrelas douradas acima do altar, evocam as decorações habituais de uma loja maçônica.

Em nossa opinião, um dos elementos mais importantes de toda a igreja é o primeiro com que o visitante depara ao entrar nela. O demônio, recentemente vandalizado, foi sempre designado por «Asmodeus», aquele que tradicionalmente guarda tesouros escondidos – embora não haja nada nesta estátua que a associe explicitamente ao demônio daquele nome.

Discutimos esta questão com Robert Howells, que, como gerente de uma das mais famosas livrarias ocultistas de Londres, tem um conhecimento extraordinariamente vasto do simbolismo esotérico e cujas investigações sobre o mistério de Rennes-le-Château são doutas, sensatas e de grande importância. Referiu a existência de uma antiga lenda judaica acerca da construção do Templo de Salomão em Jerusalém, segundo a qual o rei impediu vários demônios de interferir na obra, de várias maneiras diferentes – um deles, Asmodeus, foi «submetido» obrigando-o a transportar água, o único elemento que podia ser usado para o controlar.

É significativo que estas lendas tivessem sido incorporadas no saber maçônico, e não é coincidência encontrar este quadro na igreja de Saunière, onde Asmodeus está a ser controlado, carregando água, sob as palavras «Por este sinal tu o vencerás». E as decorações da pia da água-benta – anjos, salamandras, pia da água e demônio – representam os quatro elementos clássicos em alquimia e ocultismo, saber, do ar, fogo, água e da terra, que são essenciais em qualquer obra ocultista.

Se o elo de ligação com Asmodeus está correto, então é muito curioso, porque o quadro do demônio e o de Jesus estão claramente destinados a ser considerados em conjunto. Como o demônio está sendo subjugado pela água, está acontecendo a mesma coisa quando João derrama água sobre Jesus durante o batismo do mesmo? Há também uma peculiar inversão da ordem habitual das duas letras gregas alfa e ômega, a primeira e a última, que são associadas a Deus e Jesus. Seria de esperar que alfa estivesse representado sob João – o alegado precursor – e ômega sob Jesus, a culminação. Mas, aqui, verifica-se o inverso.



A prevalência de imagens que sugerem o Templo de Salomão, tanto no interior como no exterior da igreja, podiam referir-se aos maçônicos ou aos Cavaleiros Templários. O fato de as letras anômalas da citação errada “Par ce signe tu le vaincras”, que se encontra entre os quatro anjos e o demônio, serem a décima terceira e a décima quarta (o «le» é completamente supérfluo e altera o significado da frase) tem sido considerado como evocativo do ano de 1.314, quando Jacques de Molay, o último Grão Mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários foi queimado na fogueira em Paris.

Todo este simbolismo ocultista tem sido laboriosamente analisado por dúzias de investigadores competentes, ao longo dos anos, e os resultados têm sido outras tantas interpretações diversas. Mas as respostas podem ser muito simples e desanimadoramente óbvias. De fato, o simbolismo da igreja de Rennes-le-Château nunca foi um mistério para os que são versados no conhecimento maçônico.

É simplesmente a indicação da filiação particular de Saunière, que era maçônica. Isto é confirmado pela sua escolha do escultor para as Estações da Via Sacra e das outras estátuas – um certo Giscard, que vivia em Toulouse e cuja casa e estúdio, bizarramente decorados, ainda se conservam na Avenue de la Colonne daquela cidade. Giscard era um conhecido maçônico, embora reconhecidamente se especializasse em decorações de igrejas e outros exemplos da sua obra se encontrem por todo o Languedoc.

Curiosamente, na igreja de João Batista, em Couiza, situada no sopé da colina abaixo de Rennes, encontram-se idênticas Estações da Via Sacra, que foram obra de Giscard – mas estas são versões monocromáticas e as anomalias, tão visíveis na igreja de Saunière, estão ausentes. É quase como se as duas igrejas, separadas apenas por dois quilômetros, se destinassem a ser comparadas para pôr em relevo as excentricidades da versão de Saunière.

Jean Robin, no seu livro sobre Rennes-le-Château, afirma que as filiações maçônicas de Saunière são confirmadas pelos registros dos arquivos da diocese. Como vimos, no entanto, a Maçonaria consiste em várias “tradições” distintas. A qual delas pertencia Saunière? Também neste ponto, investigadores franceses bem informados estão de acordo: a sua filiação era no Rito Escocês Retificado, o ramo da Maçonaria «ocultista» que, especificamente, se reclama descendente da Ordem dos Cavaleiros Templários.

Antoine Captier, neto do sineiro de Saunière, que atua como foco de investigação sobre Rennes-le-Château e o caso Saunière, disse-nos: «Sabíamos que ele pertencia a uma loja maçônica. Foi enviado para um lugar onde havia alguma coisa [importante]. Ele encontrou certas coisas. Mas, mais uma vez, ele não estava sozinho. Ele não trabalhava sozinho.» Mais tarde, no decorrer da conversa, Captier foi mais preciso: as ligações de Saunière eram com o Rito Escocês Retificado; mas acrescentou: «Não é segredo.» Foi esta também a conclusão a que chegou Gérard de Sède, que investigou o caso durante trinta anos. De fato, De Sède pensa que algum do simbolismo da Nona Estação da Via Sacra evoca o grau de Chevalier Bienfaisant de la Cité Sainte – um eufemismo para «Cavaleiro Templário».


Sauniere ao lado da estátua de Maria Madalena.

Há outra indicação da possível filiação de Saunière. A sua escolha das estátuas dos santos da sua igreja, à exceção das Madalenas, tem sido vivamente debatida pelos investigadores: St. Germaine, St. Roch, dois Antônios – de Pádua e o Eremita – e, por cima do púlpito, S. Lucas. Alain Féral observou que, se as estátuas forem dispostas com a forma M sobre o pavimento da igreja as suas iniciais formam a palavra Graal.

Com os símbolos da Rosacruz nos tímpanos e a predominância de imagens do Templo de Salomão, isto aponta na direção da Ordem da Rosacruz, do Templo e do Graal – uma ordem fundada em Toulouse, por volta de 1850, mais tarde presidida pelo próprio Joséphin Péladan, o padrinho dos grupos ocultistas eróticos da época.

No princípio da nossa investigação, tínhamos pensado que a tendência de muitos investigadores para acreditar que todos os caminhos conduziam a Rennes-le-Château era errada. Mas, em certo sentido, eles têm razão, embora por motivos equivocados. Certamente, foi espantoso descobrir a intrincada rede de grupos ocultistas e maçônicos, que já discutimos, e seguir o seu rastro até Saunière e à sua aldeia. Isto não é coincidência: faz parte de um complicado e meticuloso plano que já estava bem implantado antes de Saunière nascer e que continua até hoje.

Vimos que Saunière revelava grande interesse pelo túmulo de Marie de Nègre d’Ables, senhora d’Hautpoul de Blanchefort, que foi erigido por Antoine Bigou, pároco de Rennes- le-Château, em 1791. Marie foi a última da descendência direta que detinha o título de Rennes-le-Château, embora outros ramos da família tivessem continuidade. Marie de Nègre d’Ables casara, em 1732, com o último marquês de Blanchefort, cujo nome derivava do vizinho «château» (embora ele pareça ter sido apenas um gênero de torre) de Blanchefort, cujas ruínas ainda existem.

A família de Marie, no entanto, tinha algumas ligações muito interessantes. Já discutimos o influente Rito de Mênfis da maçonaria, que, mais tarde, se fundiu com o de Misraïm. Este foi fundado em 1838, por Jacques-Étiennes Marconis de Nègre, que era da mesma família da Marie da história de Rennes-le-Château. E foi um dos Hautpouls – Jean-Mane Alexandré – que contribuiu para a criação do grau de Chevalier Bienfaisant de la Cité Sainte, o eufemismo de Cavaleiros Templários do Rito Escocês Retificado, em 1778.

Alguns membros da mesma família tiveram um lugar de relevo na loja maçônica La Sagesse, que teve origem na Ordem da Rosacruz, do Templo e do Graal. O sobrinho e herdeiro de Marie de Nègre, Armand d’Hautpoul, estava relacionado com indivíduos ligados ao Priorado, incluindo Charles Nodier, que foi grão-mestre entre 1801-1844. Armand d’Hautpoul também foi preceptor do conde de Chambord, cuja viúva foi tão generosa para Saunière.

O Rito de Mênfis da maçonaria de Marconis de Nègre estava intimamente ligado à sociedade conhecida por Os Filadelfianos, que fora criada pelo marquês de Chefdebien – um Rito Escocês Retificado maçônico – em Narbonne, em 1780. Esta é outra das sociedades maçônicas templaristas influenciada pelas ideias do barão Von Hund: Chefdebien assistira à famosa Convenção de Wilhelmsbad de 1872, que tentara resolver definitivamente a questão das origens templárias dos maçônicos. Os filadelfianos, como o Rito de Mênfis, estavam primordialmente interessados na aquisição de conhecimento ocultista – ambos tinham graus dedicados unicamente a esta missão.



Os filadelfianos, além disso, pretendiam tentar esclarecer a complicada história da maçonaria, com a sua proliferação de hierarquias, graus e ritos rivais, numa tentativa de descobrir o seu objetivo e segredos originais. Eles transformaram-se num repositório de informação sobre a maçonaria e sociedades similares, que lhes foi transmitida de boa-fé ou que foi obtida através de infiltração. Assim, é significativo que o irmão de Saunière, Alfred (também sacerdote), fosse preceptor da família – e que fosse despedido por ter roubado parte dos seus arquivos.

Alfred Saunière é, indubitavelmente, uma figura-chave dos estranhos acontecimentos em que o seu irmão mais velho – e mais famoso – estava envolvido e merecia maior investigação. Contudo, é difícil descobrir muita coisa a seu respeito, embora se saiba que foi amante da ocultista marquesa de Bourg de Bozas, uma das pessoas que visitavam a Vila Betânia em Rennes-le-Château. Alfred morreu em 1905, vítima de alcoolismo, após ter sido excomungado.

Depois da morte de Alfred, Saunière, numa carta ao seu bispo, referia-se a um sentimento local de que «devia expiar os erros do meu irmão, o abade, que morreu demasiado cedo». Logo que tivemos conhecimento das ligações de Saunière com a maçonaria do Rito Escocês, grande parte do quadro mais vasto começou a tornar-se mais claro. E, longe de ser uma obsessão pessoal, a deferência especial de Saunière pela Madalena emergia verdadeiramente como fazendo parte da Grande Heresia europeia. A chave destas filiações residia nas pessoas que ele conhecia.

De fato, é possível ir mais longe e associar Saunière a Pierre Plantard de Saint-Clair, por intermédio de um só homem: George Monti. Também conhecido sob os pseudônimos de conde Israel Monti e Marcus Vella, ele é uma das mais implacáveis e poderosas figuras das sociedades secretas do século XX – embora, de modo algum, a mais conhecida. À maneira clássica destes “magos”, ele preferia exercer a sua influência na sombra, em vez de procurar popularidade, ao estilo do seu associado Aleister Crowley.

Ao longo da vida, subiu nas hierarquias de muitas sociedades ocultistas, mágicas e maçônicas, por vezes para se infiltrar nelas por conta de outros. Foi também um agente duplo dos Serviços Secretos franceses e alemães; como no caso de John Dee e, possivelmente, também de Leonardo, os dois mundos da espionagem e do ocultismo andam frequentemente de mãos dadas. Monti levou uma vida tão complexa que é impossível determinar onde residia a sua fidelidade. Muito provavelmente, apenas nele próprio e no seu amor pela intriga e pelo poder pessoal.

Quaisquer que fossem os verdadeiros motivos de Monti, ele teve um êxito espantoso na sua vida secreta, ocupando, por vezes, altos cargos em sociedades que eram mutuamente hostis, ou porque uma desconhecia a existência das outras ou porque cada uma acreditava que ele se infiltrara noutros grupos em seu favor. Por exemplo, embora alguns desses grupos fossem, como Monti, nitidamente anti-semitas, ele também conseguiu ocupar uma alta posição na B’nai B’rith, uma fechada sociedade secreta judaica, fundada nos EUA – tendo-se mesmo convertido ao judaísmo com essa finalidade.


As duas torres de Sauniere em Rennes Le Chateau, à direita a Torre Magdala. Ben Hammott © 2008

Monti nasceu em Toulouse em 1880, tendo sido abandonado pelos seus pais italianos e educado pelos jesuítas. Desde muito cedo interessou-se pelo mundo misterioso das sociedades secretas ocultistas. Viajou muito pela Europa e passou algum tempo no Egito e na Argélia. Entre as muitas sociedades a que aderiu, contava-se a Holy Vehm, uma organização alemã especializada em assassinatos políticos. Também se diz que ele «detinha a chave» da maçonaria italiana. Entre as muitas pessoas que conhecia encontrava-se Aleister Crowley – de fato, ele fora descrito como o «representante francês» de Crowley e foi membro da O.T.O.(Ordo Templi Orientis), quando o excêntrico inglês era grão-mestre. Não é surpreendente que a vida duvidosa de Monti, eventualmente, o comprometesse e ele fosse envenenado em Paris, em Outubro de 1936.

Ele figura nesta investigação porque a sua primeira função no mundo ocultista parisiense foi a de secretário de Joséphin Péladan e, por conseguinte, íntimo do círculo de Emma Calvé. Como vimos, Saunière era conhecido por ter ligações com Péladan e o seu grupo e por ter conhecido Emma Calvé, portanto, devia ter conhecido Monti. Além disso, este era do Languedoc e vivera, por vezes, em Toulouse ou em qualquer outro lugar do Midi (Sul da França).

Em 1934, Monti fundou a Ordem Alpha-Galates, da qual Pierre Plantard de Saint-Clair se tornou grão-mestre em 1942, com a idade imatura – mas talvez significativa – de 22 anos. E, embora Plantard tivesse apenas 16 anos quando Monti morreu, ele conhecia-o. Anne Léa Hisler, ex-mulher de Plantard, num artigo de 1960, escreveu inequivocamente que ele «conhecia bem o conde Georges Monti». Monti pode mesmo ter sido o seu professor e mentor ocultista.

Assim, parece que existia um claro elo de ligação entre Saunière e Plantard de Saint-Clair, sob a forma de Georges Monti, talvez representando a continuação de uma certa tradição secreta.

Então, que conclusão podemos tirar da história de Saunière? Eliminar todas as ofuscações, mitos e conjecturas não é tarefa fácil, mas parece que o sacerdote andara a procurar alguma coisa e que não agia sozinho. As provas apontam para a existência de um patrocinador secreto, muito possivelmente ligado às influentes sociedades ocultistas de Paris e ao Languedoc. Esta não é apenas a explicação mais lógica, é também a que o próprio Saunière apresentou. Quando o sucessor de Billard, como bispo de Carcassonne, exigiu que Saunière explicasse a sua extravagante maneira de viver, o sacerdote respondeu vivamente:


Não sou obrigado… a divulgar os nomes dos meus doadores. Torná-los públicos, sem autorização, correria o risco de trazer a discórdia a certas famílias ou casas… CUJOS membros fizeram doações sem o conhecimento dos seus maridos, filhos ou herdeiros.


Em Rennes Le Chateau a essência do segredo descoberto por Sauniere é sobre o Sagrado Feminino…

Mais tarde, ele disse ao bispo que lhe revelaria os nomes dos seus doadores – mas apenas em segredo de confissão. A redação de uma carta de apoio, escrita a Saunière por um amigo íntimo, em 1910, emprega uma linguagem mais sugestiva:


Recebeste o dinheiro. Não é qualquer pessoa que pode penetrar no segredo que guardas… Se alguém te deu o dinheiro, sob o compromisso de natural segredo, és obrigado a guardá- lo, e nada te pode libertar de guardar este segredo…

Parece que Alfred, o irmão de Saunière, também conhecia o segredo. Ao ser interrogado pelas autoridades sobre a sua extravagância, Saunière respondeu:


O meu irmão, sendo pregador, tinha numerosos contatos. Servia de intermediário a estas almas generosas.

Mas, embora a região de Rennes-le-Château possa ter sido o ponto de partida da misteriosa investigação de Saunière – a qual, parece, foi empreendida em nome destes ilusórios desconhecidos -, parece que o objeto da pesquisa podia encontrar-se em outro lugar.

Continua …

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Posted by Thoth3126 on 05/05/2015



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23.09.15

A Revelação Templária – 8A 

 Este é um lugar terrível 

(Rennes le Chateau)

Publicado anteriormente a 10/04/2015

rennes-le-chateau-torre-magdala


A Revelação Templária - 8A 

 Este é um lugar terrível (Terribilis est locus iste) 

 Templários, os Guardiões Secretos da Verdadeira Identidade de Cristo


Rennes-le-Château, no Languedoc-Roussillon é um lugar-comum esotérico e ocultista, quase – atualmente – na mesma «linha» do próprio Graal e igualmente elusivo. Contudo, é uma localidade real, e foi ali que nos encontramos no desenrolar da nossa investigação. Este lugar pode ser comparado a Glastonbury, na Inglaterra, porque ambos parecem guardar profundos mistérios, apesar de ambos os locais terem dado origem aos mais absurdos, mas muito divulgados, mitos e suposições.

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 08 A – ESTE É UM LUGAR TERRÍVEL – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO VIII – A – “ESTE É UM LUGAR TERRÍVEL” (Terribilis est locus iste)

Rennes-le-Château situa-se no departamento do Languedoc, conhecido por Aude, próximo da cidade de Limoux, que dá o seu nome ao famoso blanquette, ou vinho espumante, da área que, nos séculos XVIII e XIX, era conhecido por Razès. A partir da pequena cidade de Couiza, grandes letreiros indicam uma estrada secundária, anunciando o Domaine de Abbé Saunière. Seguindo estas indicações, os automobilistas encontram-se numa curiosa estrada em espiral que conduz à aldeia de Rennes-le-Château, situada no topo da colina.

Para nós, como para tantas pessoas, hoje em dia, esta é uma viagem excitante. Graças, principalmente, ao livro The Holy Blood and the Holy Grail (em português: O santo Graal e a Linhagem Sagrada), mas também à lenda oral, esta simples subida de uma colina francesa rapidamente adquire a sensação de uma iniciação. Mas o lugar, onde os visitantes geralmente param, é muito prosaico.


A pequena vila de Rennes-le-Château situa-se no departamento do Languedoc, conhecido por Aude, próximo da cidade de Limoux

A estrada de acesso conduz inevitavelmente ao solitário parque de estacionamento, através de uma estreita «grand rue», onde não existe nenhuma estação dos correios nem mesmo uma loja que vende de tudo – mas que exibe uma livraria esotérica, um bar-restaurante, o castelo em ruínas, que dá o nome à aldeia, e ruas estreitas que conduzem à famosa igrejinha e ao presbitério.

Este lugar tem uma história sinistra e uma reputação ainda mais sombria, embora um tanto vaga. Em resumo, segundo a lenda, François Bèrenger Saunière (1852-1917), um vulgar sacerdote, nascido e criado na aldeia de Montazels, apenas a três quilômetros de Rennes-le- Château, fez uma descoberta de certa natureza durante as obras de renovação da sua delapidada igreja paroquial do século X, exatamente há cem anos. Em resultado dessa descoberta – ou devido ao seu valor intrínseco ou porque o conduziu a algo que podia ser transformado em vantagem financeira -, ele tornou-se imensamente rico.

A especulação tem variado, ao longo dos anos, quanto à verdadeira natureza da descoberta de Saunière: muito prosaicamente, tem sido sugerido que ele encontrou uma horda de tesouros, enquanto outros acreditam que foi alguma coisa muito mais assombrosa, como a Arca da Aliança, o tesouro do Templo de Jerusalém, o Santo Graal – ou mesmo o túmulo de Cristo, uma ideia que encontrou a sua mais recente expressão em The Tomb of God de Richard Andrews e Paul Schellenberger (1996). (Para a nossa discussão da teoria destes autores, consultar o II Apêndice).

Tivemos de ir a Rennes-le-Château porque, segundo os Dossiers secrets e o livro The Holy Blood and the Holy Grail, o lugar tem particular importância para o Priorado de Sião – embora a razão exata dessa importância permanecesse obscura. O Priorado afirma que Saunière descobriu pergaminhos, contendo informação genealógica que prova a sobrevivência da dinastia merovíngia (descendente de Jesus e Madalena), e afirma que certos indivíduos têm direito a reclamar o trono da França – tal como Pierre Plantard de Saint-Clair. Contudo, ninguém à margem do Priorado viu, de fato, esses pergaminhos, e toda a ideia da continuidade da dinastia merovíngia é dúbia, para não dizer mais, e há poucas razões para atribuir grande importância a esta pretensão de uma herança messiânica para o trono da França.

Há ainda outra importante falha, uma inconsistência flagrante, na história do Priorado. Se eles existiram realmente, durante tantos séculos, unicamente para proteger os descendentes merovíngios, é curioso que tenham acolhido bem a informação que lhes indicava quem eram esses descendentes. Seguramente, eles conheciam aqueles que tinham jurado proteger – caso contrário, dificilmente teriam o tipo de zelo fanático que, ao longo dos séculos, mantivera a sua organização durante tanto tempo! Depender – aparentemente – do que é essencialmente uma raison d’être retrospectiva é suspeito, para dizer o mínimo.

Contudo, ficamos intrigados pela importância investida na aldeia pelo Priorado. Há duas razões possíveis para isso: uma é que a aldeia é, na verdade, importante, mas não pelas razões apresentadas nos Dossiers – a outra é que a história do padre Saunière não tem qualquer verdadeira relação com o Priorado e que este se apoderou do mistério para servir os seus propósitos. Tínhamos de descobrir qual destas alternativas estava mais próxima da verdade.


A comuna de Rennes Le Chateau com a Torre Magdala ao centro

Chegando ao parque de estacionamento da aldeia, somos confrontados com uma vista espantosa dos picos dos Pireneus, coroados de neve, para lá do Vale do rio Aude. É fácil compreender a razão por que, no passado, esta aldeola, aparentemente insignificante, era considerada de grande importância estratégica, porque, certamente, a observação de quaisquer aproximações inimigas teria sido difícil de igualar.

É esta a razão por que Rennes-le-Château foi outrora, uma importante fortaleza para os reis Visigodos: alguns vão a ponto de a identificar com a cidade perdida de Rhedae, que era semelhante a Carcassonne e Narbonne – embora seja difícil imaginar uma cidade tão movimentada no atual aglomerado de casas, particularmente deserto. Mas o lugar ainda exerce uma influência magnética: menos de cem pessoas vivem agora em Rennes-le-Château, mas a aldeia recebe mais de 25 000 visitantes por ano.

A torre do reservatório de água, que emerge do próprio parque de estacionamento, ostenta os signos do Zodíaco – um tema que se repete acima das portas de algumas das pequenas casas. Mas todos os olhos se voltam para o bizarro edifício, semelhante a um pavilhão, que parece erguer-se da extremidade rochosa da aldeia, suspenso sobre o precipício. O edifício era a biblioteca e o gabinete de trabalho particular de Saunière, conhecido por Tour Magdala (a Torre de Magdala). Faz parte do seu domaine, recentemente aberto ao público. Semelhante a um pequeno torreão medieval, de um lado, a torre dá para os extensos baluartes que conduzem à estufa agora abandonada.

Nas salas situadas abaixo dos baluartes, existe agora um museu, dedicado à vida de Saunière e ao mistério que o rodeia. Um jardim separa a torre da imponente casa que ele mandou construir com a sua riqueza inexplicável, a Vila Betânia; algumas das suas salas estão abertas ao público. Do outro lado, junto de um caminho de saibro, encontra-se uma pequena gruta, construída pelo próprio sacerdote com pedras trazidas especialmente de um vale vizinho e, presumivelmente, com grande esforço. Depois, chega-se ao cemitério da aldeia e à delapidada igreja. Esta é dedicada a Santa Maria Madalena.

Dada a fama da igreja, é espantoso verificar que ela é tão pequena, mas qualquer decepção é compensada pelo carácter bizarro e justamente famoso da decoração interna feita pelo abade Saunière. Nesta, pelo menos, o abade ainda consegue surpreender. Sobre o pórtico, com os seus quase ridículos pássaros de estuque branco, de segunda qualidade, e com as telhas amarelas quebradas, estão gravadas as palavras:


Terribilis est locus iste («Este é um lugar terrível»),

uma citação do Livro do Gênesis (28:17) completada em latim sobre o arco do pórtico: «É a casa de Deus e a Porta do Céu.»


A Tour Magdala (a Torre de Magdala) em Rennes Le Chateau

Uma estátua de Maria Madalena ocupa um lugar de relevo sobre a porta, enquanto o espaço entre as cornijas está decorado com triângulos equiláteros e esculturas de rosas com uma cruz. Mas muito mais surpreendente é a visão de um demônio em estuque, horrivelmente contorcido, parecendo guardar a porta, do lado interior do pórtico. Com chifres e caricato, inclina-se de modo significativo enquanto carrega sobre os ombros a pia da água benta. Esta é encimada por quatro anjos, cada um deles fazendo um dos gestos implicados no sinal da cruz, enquanto, por debaixo deles, estão inscritas as palavras:


Par ce signe tu le vaincras («Por este sinal tu o vencerás»).

Na parede do fundo vê-se um quadro que representa o batismo de Jesus – que está representado numa posição que é exatamente a imagem refletida do Demônio. Tanto o Demônio como Jesus olham para uma parte específica do pavimento, desenhado como um tabuleiro de xadrez. No quadro, João Baptista eleva-se acima de Jesus, derramando sobre ele a água de uma concha, repetindo, assim, o tema da pia da água benta, em forma de concha, que está colocada sobre o Diabo. É evidente que se encontra algum paralelo entre os dois conjuntos de imagens, entre o Demônio e o batismo de Jesus. (Em Abril de 1996, num dos muitos atos de vandalismo a que a igreja está sujeita, a cabeça do Demônio foi cortada – e roubada – por um atacante desconhecido.)

Cobrindo este pavimento, exitem os quadrados brancos e pretos, e olhando em redor desta pequena igreja paroquial de Santa Maria Madalena, ela parece, à primeira vista, bastante típica da sua época e lugar. Excessivamente ornamentada com vistosos santos de estuque – como St.º Antonio, o Eremita e St. Roche -, ela contém a quota habitual de ornamentos eclesiásticos. Mas estes merecem um escrutínio mais cuidadoso, porque a maioria deles tem um toque, no mínimo, idiossincrático. Por exemplo, as estações da Via Sacra, invulgarmente, prosseguem em sentido contrário ao dos ponteiros do relógio e incluem um rapaz, que enverga um saiote escocês, e uma pequena criança negra. E o dossel que encima o púlpito tem a forma do Templo de Salomão.



O baixo-relevo do frontal do altar era, dizem, o orgulho e a alegria de Saunière: ele próprio lhe dera os últimos retoques. Representa uma Madalena revestida de ouro, de joelhos, em oração, com um livro aberto à sua frente e uma caveira sobre os joelhos. Os dedos estão curiosamente entrelaçados, do modo que é geralmente descrito como latté.

Uma cruz, aparentemente feita de uma delgada árvore verde – com um rebento a meio da haste – ergue- se em frente dela, e para além da gruta rochosa, onde está ajoelhada, vê-se a forma nítida de edifícios recortados contra a linha do horizonte. Curiosamente, embora o livro e a caveira sejam elementos tradicionais da iconografia de Madalena, o usual vaso de unguento de nardo não se vê aqui.

Ela também surge nos vitrais, por cima do altar, onde é representada ajoelhada junto de uma mesa, para ungir os pés de Jesus com o precioso unguento. Ao todo, há quatro imagens de Madalena nesta igreja, o que, apesar da sua condição de santa padroeira, podia parecer excessivo para um edifício tão pequeno. O comprometimento de Saunière com ela é reforçado pela designação da sua biblioteca – a Torre de Magdala – e da sua casa – a Vila Betânia. Betânia era a residência bíblica da família que incluía Lázaro, Marta e Maria.

Há um quarto secreto, oculto por detrás de um armário da sacristia, mas este raramente é visitado pelo público. A sua única janela, que não se distingue claramente do exterior, parece representar, nos vitrais, a habitual cena da crucificação. Mas, como virtualmente tudo o mais neste «terrível lugar», esta cena não é exatamente o que parece (assim como tudo o mais). O olhar é atraído para a paisagem distante, que se avista sob os braços do homem crucificado; claramente, é ela o verdadeiro foco do quadro. Mais uma vez, ali está o Templo de Salomão.


O padre Saunière em pé ao lado do Pilar do Altar com a imagem de Maria Madalena colocado de cabeça para baixo no jardim da igreja

Mesmo a entrada para o cemitério é invulgar: a arcada está decorada com uma caveira e dois ossos metálicos cruzados, um emblema dos Cavaleiros Templários – embora o toque bizarro seja dado pelo esgar que descobre vinte e dois dentes. As sepulturas, ornamentadas com complicados tributos florais e fotografias dos falecidos, como em tantos outros cemitérios franceses, incluem as da família Bonhommes. Em qualquer outro lugar, talvez isto não provocasse comentários mas aqui esta evocação linguística dos cátaros – Les Bonhommes – parece particularmente pungente. A sepultura de Saunière, com o seu perfil em baixo-relevo – levemente danificado pelo vandalismo dos tempos recentes – está situada junto à parede que separa o cemitério do seu antigo domaine. Marie Dénarnaud, sua fiel governanta (se não bastante mais do que isso), está enterrada a seu lado.

Não é nosso objetivo rever, em pormenor, o que se transformou numa história banal. Mas, ao suspeitar de que o mistério de Rennes le Chateau podia fornecer algumas pistas sobre a continuação da tradição secreta, não estávamos enganados nem ficamos decepcionados. Como vimos, encontramos provas de uma complicada série de ligações que remontavam a uma tradição gnóstica da região, uma zona que foi sempre famosa pelos seus heréticos, sejam eles cátaros, Templários ou as chamadas «bruxas». Desde o trauma da Cruzada dos Albigenses (perseguição pela igreja romana ao movimento gnóstico dos Cátaros), os habitantes locais nunca mais confiaram totalmente no Vaticano, de modo que, a região constituiu o refúgio perfeito para ideias heterodoxas e também para aqueles que tinham interesses políticos minoritários. No Languedoc, com as suas longas e amargas memórias, a heresia e a política andaram sempre de mão dada, como talvez ainda andem.

Em Saunière, encontramos um sacerdote extrovertido e rebelde. Dificilmente podia ser considerado um típico pároco de aldeia, conhecia bem o grego e o latim e foi um assinante regular de um jornal alemão contemporâneo. Se ele descobriu, ou não, um tesouro ou um segredo, e improvável que todo o «caso Rennes» seja uma completa invenção. Há, no entanto, várias razões para pensar que a história, tal como é contada, foi muito mal interpretada ou muito mal “entendida”.

A sequência exata dos acontecimentos é notavelmente difícil de reconstituir, porque ela se apoia mais nas memórias dos aldeões do que em provas documentais. Saunière aceitou o seu cargo de pároco no princípio de Junho de 1885. Passados alguns meses, teve problemas por ter pregado do seu púlpito um veemente sermão anti-republicano (durante as eleições francesas daquele ano) e foi temporariamente suspenso do seu cargo. Reintegrado no Verão de 1886, recebeu uma doação de $ 300 francos, feita pela condessa de Chámbord, viúva de um pretendente ao trono francês – Henri de Bourbon, que reclamava o título de Henrique V -, em reconhecimento dos serviços prestados à causa monárquica.


Pilar visigótico original do Altar com o orifício onde foram encontrados os pergaminhos, que agora reside no Museu Saunière em Rennes-le-Chateau

Aparentemente, Saunière usou o dinheiro para recuperar a sua antiga igreja e, segundo a maioria dos relatos, foi então que o pilar visigótico, que sustentava o altar, foi removido – dentro do qual, segundo se diz, ele encontrou certos pergaminhos com segredos codificados. Mas isto parece pouco provável, porque o seu comportamento excêntrico e projetos ambiciosos apenas começaram em 1891. Foi nessa altura que o sineiro, Antoine Captier, encontrou uma coisa importante. Segundo alguns era um cilindro de madeira, enquanto outros afirmam que era um frasco de vidro: fosse o que fosse, julga-se que ele continha um rolo de pergaminhos ou de documentos, que ele entregou a Saunière. E parece ter sido esta descoberta que deu origem aos atos peculiares do sacerdote e sua consequente e posterior riqueza.

Segundo a versão usual, Saunière apresentou os pergaminhos ao bispo de Carcassonne, Félix-Arsène Billard, o que precipitou uma viagem a Paris. Dizem que Saunière fora aconselhado a mandar descodificar os documentos por um perito, Émile Hoffet, então um rapaz que se preparava para o sacerdócio, mas já possuía um conhecimento profundo do ocultismo e do mundo das sociedades secretas. (Mais tarde, ensinou na igreja de Notre-Dame de Lumières, em Goult, um lugar da Madona Negra, especialmente importante para o Priorado de Sião.) O tio de Hoffet era diretor do seminário de Saint-Sulpice de Paris.

A igreja de St. Sulpice distingue-se pelo fato de o meridiano de Paris – que passa próximo de Rennes-le-Château – estar marcado por uma linha de cobre traçada sobre o pavimento. Construída sobre os alicerces de um antigo templo de ÍSIS, em 1645, foi fundada por Jean-Jacques Olier, que a mandou desenhar segundo o Meio Termo Ideal da geometria sagrada. Recebeu o nome de um bispo de Bourges, da época do rei merovíngio Dagobert II, e a sua festividade é comemorada a 17 de Janeiro – uma data recorrente dos mistérios de Rennes-le-Château e do Priorado de Sião.

Grande parte do romance satânico de J. K. Hysmans Là-Bas decorre em St. Sulpice, e o seminário, que lhe é anexo, foi notório pela heterodoxia (para dizer o mínimo) do final do século XIX. Também serviu de quartel-general à misteriosa sociedade secreta do século XVII denominada Companhia do Santo Sacramento que, segundo tem sido sugerido, servia de fachada ao Priorado de Sião.

Durante a estada de Saunière em Paris – que aconteceu no Verão de 1891 ou na Primavera de 1892 – Hoffet introduziu-o na florescente sociedade ocultista, centrada em Emma Calvé e que incluía figuras como Joséphin Péladan, Stanislas de Guaïta, Jules Bois e Papas (Encausse). Segundo um rumor persistente, Saunière e Emma tornaram-se amantes. Diz-se que Saunière visitou a igreja de Saint Surpice e estudou algumas das suas pinturas e – de acordo com a história habitual – comprou reproduções de pinturas específicas no Louvre (que serão discutidas mais tarde). Depois de regressar a Rennes-le-Château, começou a decoração da sua igreja e a construção do seu domaine.



A visita a Paris é uma parte crucial do mistério de Saunière e tem sido sempre objeto de intenso escrutínio por parte dos investigadores. Não há prova direta de que ela tivesse acontecido. Uma fotografia de Saunière, que ostenta o nome de um estúdio de Paris, durante muito tempo tomada como prova da viagem, revelou, recentemente, ser uma fotografia do irmão mais novo, Alfred (também sacerdote). Também foi afirmado que a assinatura de Saunière surge no livro das missas, em Saint-Sulpice, mas isso nunca foi confirmado.

O escritor Gérard de Sède, que possuiu alguns dos documentos de Émile Hoffet, afirma que eles contêm uma nota de um encontro com Saunière, em Paris (sem data, infelizmente), mas, tanto quanto sabemos, não há corroboração independente desse encontro. Como grande parte desta história, ele assenta nas memórias e testemunhos dos aldeões e de outras pessoas. Por exemplo, Claire Captier, filha de Corbu, o homem que comprou a Marie Dénarnaud o domaine de Saunière, em 1916 – esta continuou a viver com os Corbu até à sua morte, em 1953 -, afirma categoricamente que a viagem a Paris se realizou.

O que Saunière encontrou parece tê-lo tornado extrema e rapidamente rico. Quando assumiu o seu cargo, o seu estipêndio era de $ 75 francos por mês. Contudo, entre 1896 e a sua morte, em 1917, ele gastou uma larga soma de dinheiro – talvez não os $ 23 milhões de francos, que alguns pretendem, mas, certamente, não menos de $ 160 mil francos por mês. Tinha contas bancárias em Paris, Perpignan, Toulouse e Budapeste e investiu fortemente em ações e títulos do Estado – não era a habitual situação financeira de um sacerdote da província.

Alega-se que ele ganhou o dinheiro com o tráfico de missas (cobrando para celebrar missas que, supostamente, perdoavam ao pagador vários anos de Purgatório), mas, embora ele certamente procedesse deste modo, como afirma o historiador francês René Descadeillas – considerado o principal critico do caso Saunière -, isso não podia ter «rendido somas suficientes para lhe permitir edificar essas construções e, ao mesmo tempo, viver tão luxuosamente. Por conseguinte, havia qualquer coisa mais». Em qualquer caso, poder-se-ia perguntar por que razão tantas pessoas teriam desejado que as missas fossem celebradas por Saunière – um insignificante sacerdote rural de uma paróquia remota.

Ele e Maria provocaram criticas devido à sua luxuosa maneira de viver: ela vestia sempre as últimas modas de Paris (diz-se que foi essa a razão da sua alcunha de «La Madonne», e ofereciam recepções, em escala completamente desproporcionada com o seu rendimento ou posição social. Além disso, os ricos e famosos faziam a viagem, incrivelmente difícil, para Rennes-le-Château para os visitar. (Por alguma estranha razão, no entanto, Saunière apenas recebia visitas na Vila Betânia, preferindo viver no velho presbitério anexo à igreja.) Os visitantes incluíram um príncipe de Habsburgo – que tinha o nome, curiosamente sugestivo, de Johann Salvator von Habsgurg – um ministro do Governo e Emma Calvé.

Mas não foi apenas o fausto da sua hospitalidade que provocou hostilidade: Saunière e Marie começaram a cavar no cemitério durante a noite. Embora, de modo geral, o que eles procuravam fosse matéria para especulação, é certo que eles apagaram as inscrições da pedra vertical e da placa que cobria a sepultura que ostentava o sugestivo nome de Marie de Nègre d’Ables – uma mulher nobre da região, falecida a 17 de Janeiro de 1781 -, presumivelmente para destruir a informação que ela continha. Mas eles não sabiam que todo este esforço era inútil – já existia uma cópia da inscrição graças a visitantes, membros de uma sociedade de antiquários locais. Mas, como veremos, a ansiedade de Saunière de destruir a inscrição tem grande importância para a nossa investigação.


Um poço (uma cripta) que fica abaixo da igreja de Rennes-le-Château – Diário de Rennes-le-Château ©

Na época da alegada viagem a Paris, Saunière também encontrou a «Pedra do Cavaleiro», mas voltada para baixo, junto do altar, uma laje gravada, datando da época do reino visigodo e que representa um cavaleiro acompanhado por uma criança. Parecia que ele tinha encontrado alguma coisa de grande importância – talvez outro esconderijo de documentos ou artefatos ou a entrada para uma cripta. Ninguém sabe, ao certo, porque Saunière mandou substituir o pavimento, mas o seu diário apresenta o enigmático registo, a 23 de Setembro de 1891: «Carta de Granès. Descoberta de um túmulo. Choveu.»

As escavações noturnas de Saunière provocaram um escândalo local, mas foi o seu tráfico de missas que, eventualmente, despertou a ira das autoridades da Igreja, a ponto dele ser privado do seu cargo eclesiástico. Foi mesmo transferido para outra paróquia, mas recusou categoricamente em obedecer, e continuou a viver em Rennes-le-Château com Marie. Quando a Igreja enviou outro sacerdote para a aldeia, Saunière celebrava missa, sem caráter oficial, para os aldeões, que se lhe mantinham fiéis.

De todos os mistérios que rodearam Saunière, talvez um dos mais persistentes seja aquele que se seguiu à sua morte. Adoeceu a 17 de Janeiro de 1917; morreu cinco dias depois e o seu corpo foi colocado numa cadeira, sentado direito, nos baluartes do terraço do seu domaine, enquanto os aldeões – e outros, que já tinham feito viagens mais longas – desfilavam, arrancando pompons vermelhos do seu manto. A sua última confissão foi ouvida pelo sacerdote da vizinha aldeia de Espéraza, e o que foi dito teve nele um efeito tão profundo, que René Descadeillas afirma: «[… ] a partir desse dia, o velho sacerdote nunca mais foi o mesmo homem; era evidente que ele recebera um choque» com a confissão de Sauniere.

Depois da sua morte, a fiel Marie Dénarnaud continou a viver na Vila Betânia. Saunière, que, como sacerdote, não podia possuir bens, comprara todas as terras em nome dela. Marie tornou-se cada vez mais solitária e ganhou fama de irascível, resistindo às múltiplas tentativas para a convencer a vender o domaine, cada vez mais abandonado. Finalmente, em 1946, no dia da festividade de Maria Madalena, ela vendeu-o a Noël Corbu, um homem de negócios, na condição de poder lá viver o resto dos seus dias.


Interior da igreja dedicada a Maria Madalena em Rennes Le Chateau

A filha de Corbu, Claire Captier, recorda-se de viver lá quando era criança. Segundo Claire, Marie visitava a sepultura de Saunière todos os dias – e a meio de todas as noites. Marie relatou à jovem Claire um fenômeno que acompanhava algumas dessas visitas. Costumava dizer: «Esta noite, fui seguida pelos fogos-fátuos do cemitério». Quando lhe perguntavam se tinha medo, Marie respondia: «Estou habituada… Se caminho lentamente, eles seguem-me… quando paro, eles também param, e quando fecho o portão do cemitério, desaparecem sempre.» Claire Captier também recorda que Marie dizia: «Com o que Monsieur le Curé (Sauniere) deixou, podia alimentar toda a Rennes durante cem anos, e ainda sobraria.»

E, quando lhe perguntavam por que vivia como pobre, se tinha herdado tanto dinheiro, ela respondia: «Não lhe posso tocar.» Em 1949, quando soube que o negócio de Corbu corria mal, Marie disse-lhe: «Não se preocupe tanto, meu caro Noël… um dia, revelar-lhe-ei um segredo que fará de si um homem rico… muito rico!» Infelizmente, nos meses que precederam a sua morte, provocada por um ataque súbito, em Janeiro de 1953, ela tornou-se senil, e o segredo morreu com ela.

A que dizia respeito a história de Saunière? Certamente, parece que ele estava sendo muito bem pago por um agente exterior para continuar a viver na aldeia (mesmo quando já era rico e já não era pároco, ele preferiu continuar lá residindo), embora os pagamentos pareçam ter sido irregulares. A sua riqueza não consistia numa grande quantia, recebida de uma só vez, como alguns sugeriram, porque a sua liquidez monetária era variável. Por vezes, passava por períodos de carência, mas retomava a sua vida luxuosa numa questão de meses.

Na época da sua morte, estava empenhado em novos e ambiciosos projetos, que custariam, no mínimo, mais $ 8 milhões de francos – construir uma boa estrada de acesso à aldeia, para o automóvel que tencionava comprar, canalizar água para todas as casas, criar uma pia batismal exterior e erigir uma torre com setenta metros de altura, da qual tencionava chamar os fiéis à oração.

Fortes candidatos ao papel de pagador são os monarquistas, mas, nesse caso, há um mistério diferente. Que possíveis serviços poderia Saunière ter-lhes prestado que resultassem em pagamentos em tão grande escala? Podia a sua obsessão com Madalena sugerir, de algum modo, a razão subjacente às generosas recompensas dos monarquistas? Certamente que a sua riqueza significava mais do que um envolvimento numa intriga política. E os seus poucos livros de memórias, nas palavras de Gérard de Sède, revelam:


Uma curiosa devoção à Bona Dea, ao princípio divino do eterno feminino, que, na boca de Béranger [Saunière], parece transcender a crença e a fé.


Maat e ÍSIS

Mais uma vez, encontramos segredos que rodeiam o Princípio Feminino Divino, personificados em Maria Madalena… e uma clara ligação com o Priorado de Sião, que declara venerar as Madonas Negras e ÍSIS. E, como veremos, a área circundante de Rennes-le-Château contém múltiplas pistas da continuação desta forma de culto da deusa, do culto ao Princípio Feminino Divino.

E quanto aos famosos pergaminhos, supostamente encontrados por Saunière (segundo as fontes do Priorado)? Dizem que consistiam em duas genealogias, relativas à sobrevivência da dinastia merovíngia, e em dois extratos dos Evangelhos, nos quais certas letras, que estão destacadas, transmitem mensagens codificadas. Os pergaminhos nunca foram tornados públicos, mas alegadas cópias dos textos codificados foram largamente publicados, surgindo, pela primeira vez, em 1967, em L’or de Rennes de Gérard Séde e de sua mulher, Sophie. (De fato, embora ele não seja considerado como tal, Pierre Plantard da Saint-Claire declarou que fora co-autor deste livro.)

Estes textos foram tema de milhares de palavras e de constante especulação. A partir do relato do Novo Testamento, acerca de Jesus e dos discípulos na seara, ao sábado, as letras destacadas, quando lidas por ordem, formam as seguintes palavras:


A DAGOBERT II ROI ET A SION EST CE TRESOR ET IL EST LA MORT

PARA DAGOBERTO II REI E PARA SIÃO É ESTE TESOURO E ELE É A MORTE

O outro texto descreve, de forma evidente, a unção de Jesus por Maria de (Madalena) Betânia, e a versão descodificada é apresentada como:


BERGÈRE PAS DE TENTATION QUE POUSSIN TENIERS GARDENT LA CLEF PAX 681 PAR LA CROIX ET CE CHEVAL DE DIEU J’ACHEVE CE DAEMON DE GUARDIEN A MIDI POMMES BLEUS

PASTORA NADA DE TENTAÇÃO QUE POUSSIN TENIERS GUARDA A CHAVE PAZ 681 PELA CRUZ E ESTE CAVALO DE DEUS EU COMPLETO [OU MATO] ESTE DEMÔNIO GUARDIÃO AO MEIO-DIA [OU NO SUL] MAÇÃS AZUIS

A decifração deste código foi muito mais complexa do que a primeira frase. Pela leitura das letras destacadas neste caso, obtemos «REX MUNDI» «Rei do Mundo», em latim – uma designação gnóstica do rei deste mundo, que foi usada pelos cátaros), mas também foram acrescentadas 140 letras estranhas, tornando muito tortuoso o processo de descodificação para obter a mensagem «Pastora nada de tentação». (Curiosamente, este sistema fora criado pelo alquimista francês Blaise de Vignière, que fora secretário de Lorenzo de Medici.) A mensagem final é um perfeito anagrama da inscrição da pedra tumular de Marie de Nègre (que será discutida no capítulo seguinte).


Maat, um dos princípios criadores divinos do feminino sagrado

Embora haja poucas dúvidas de que a descodificação da mensagem seja exata, tem havido muitas tentativas engenhosas – e muito imaginativas – para a explicar ou para a compreender. Nenhuma delas foi completamente satisfatória. (A mais recente, de Andrews e de Schellenberger, é discutida no I Apêndice.)

O problema destes pergaminhos é que Philippe Chérisey, associado de Pierre Plantard de Saint-Claire (e seu provável sucessor, como grão-mestre do Priorado de Sião, em 1984), admitiu, mais tarde, que os forjara, nos anos 60. (Quando confrontado com a confissão de Chérisey, pelos autores de The Holy Blood and The Holy Grail, Plantard alegou que Chérisey simplesmente os copiara, o que não é inteiramente convincente.)

Seja qual for a maneira de se considerar estes pergaminhos, tem de se admitir que eles têm grande êxito como passatempo clássico e que são demasiado duvidosos para apresentar diretrizes importantes para uma investigação da história de Saunière.

Continua …


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Posted by Thoth3126 on 10/04/2015

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09.09.15

A Revelação Templária – 7B 

 Sexo o Sacramento Final

Posted by Thoth3126 on 17/03/2015

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A Revelação Templária – 7B – Sexo o Sacramento Final

Originalmente publicado a 17/03/2015


Já vimos que as raízes da alquimia eram de natureza sexual e que o culto da rosa e do cavalheirismo praticado pelos trovadores, pode ser interpretado como a veneração de Eros, o deus do amor.

Constatamos que os construtores (os Cavaleiros Templários) das grandes catedrais, como a de Chartres, investiram fortemente no símbolo da rosa vermelha e ergueram santuários das Madonas Negras, com todas as suas poderosas associações pagãs.

Também podemos considerar que o Graal, como taça, é um símbolo feminino, e – numa atitude excepcionalmente gritante – , na história de Tristão e Isolda, o grande herói do Graal, Tristão, muda o seu nome para Tantris…

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 07B – SEXO: O SACRAMENTO FINAL – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

Capítulo VII B – SEXO: O SACRAMENTO FINAL


… De fato, o romancista Lindsay Clarke descreve a poesia amorosa dos trovadores como os «textos tântricos do Ocidente». Nas lendas do Graal, a maldição da Terra é devida à perda da potência sexual do rei, simbolizada, muitas vezes, por ter sido «ferido na coxa».


Em Parsifal de Wolfran, ela é mais explícita; a ferida é nos órgãos genitais. Isto tem sido considerado como uma resposta à repressão da sexualidade natural, por parte da Igreja de Roma“. A consequente estagnação espiritual só pode ser afastada por uma demanda do Graal, o qual, como vimos, está sempre especificamente associado às mulheres (ao PODER FEMININO). Uma pintura italiana do século XV, que representa os cavaleiros do Graal adorando Vênus (consultar a primeira secção de ilustrações), não deixa margem para dúvida quanto à verdadeira natureza dessa busca.





O que é sublinhado, nas lendas do Graal e na tradição do amor cortês dos trovadores, é a elevação espiritual das mulheres e o respeito por elas. É significativo, como sugerimos, que os dois ramos desta tradição tivessem, no mínimo, algumas das suas raízes no sudoeste da França, a região da heresia Gnóstica dos Cátaros.


A maior parte dos investigadores modernos pensam que o tantrismo chegou à Europa através do contato com a seita mística (Pérsia) islâmica dos sufis, que introduziram ideias da sexualidade sagrada nas suas crenças e práticas. É inegável que há um estreito paralelo entre as formas de linguagem usada pelos trovadores e pelos sufis para expressar estas ideias. Mas o tantrismo enraizou-se na Provença e no Languedoc porque já existia uma tradição semelhante naquela área? Já vimos que o Languedoc tinha a tradição de apoiar a igualdade das mulheres.


E quando a mania da bruxaria lançou a sua primeira sombra em Toulouse, o que se esperava, de fato, erradicar? De novo nos confrontamos com a personificação daquele culto do amor – Maria Madalena. Outra mulher que avaliou o potencial místico do sexo foi a católica Santa Hildegard de Bingen (1098- 1179), relativamente desconhecida, até há pouco tempo. Como escrevem Mann e Lyle:


Grande visionária, Hildegard escreveu acerca de uma figura feminina, uma imagem inconfundível da deusa, que lhe surgiu durante uma profunda meditação:


“Então, pareceu- me ver uma jovem de incomparável beleza, cujo rosto irradiava um brilho tão esplendoroso que não pude contemplá-lo integralmente. Usava um manto mais branco que a neve, mais brilhante que as estrelas, e os sapatos eram de ouro puro. Na mão direita sustentava o Sol e a Lua, e acariciava-os com amor. No peito, tinha uma placa de marfim, na qual, em tons de safira, estava representada a imagem de um homem. E toda a criação chamava esta rapariga de senhora soberana.


A rapariga começou a falar para a imagem que tinha sobre o peito: «Estava contigo desde o princípio, no alvorecer de tudo o que é sagrado, dei-te à luz antes do nascer do dia.» E ouvi uma voz que me dizia: «A jovem que tu contemplas é o Amor; a sua morada é na Eternidade.» Hildegard, como todos os amantes corteses medievais, acreditava que os homens e as mulheres podiam atingir a divindade através do amor recíproco, de modo que «toda a Terra se assemelhasse a um único jardim de amor». E este amor deveria ser total, uma expressão completa de união que envolvia o corpo, alma e espírito, porque, segundo as suas palavras: «É o poder da própria eternidade que criou a união física e decretou que dois seres humanos se transformassem fisicamente num só.»


Hildegard era uma mulher notável: imensamente instruída, especialmente em assuntos médicos. O seu grau de educação é inexplicável – ela própria o atribuiu às suas visões. Talvez seja uma alusão velada a alguma escola de mistério ou a um idêntico repositório de conhecimento. Curiosamente, muitos dos seus escritos revelam familiaridade com a filosofia hermética.





Esta famosa abadessa também escreveu descrições pormenorizadas – e exatas – do orgasmo feminino, incluindo contrações uterinas. Parece que o seu conhecimento era mais do que teórico, o qual, segundo se afirma, era invulgar numa santa. Quaisquer que fossem os segredos da sua formação interior, ela teve uma grande influência em S. Bernardo de Clairvaux, patrono e inspirador da Ordem dos Cavaleiros Templários.


Estes monges guerreiros podiam parecer constituir uma forte objeção à ideia de uma continuada tradição secreta de um culto herético do amor. Ostensivamente celibatários (embora existissem persistentes rumores de uma larga prática de homossexualidade templária), parece improvável que eles fossem, no mínimo, expoentes práticos de uma filosofia que celebrava a sexualidade feminina. Mas existem claras indicações dessa ligação na obra de um dos seus mais devotados apoiantes – o grande poeta florentino Dante Alighieri (1265-1321).


Há muito que se reconheceu que os seus escritos contêm temas gnósticos e herméticos – por exemplo, no século passado, Eliphas Lévi descreveu o Inferno de Dante como sendo «joanino e gnóstico». O poeta foi diretamente inspirado pelos trovadores do sul da França e foi membro de uma sociedade de poetas, que se intitulavam os fidele d’amore – «os fiéis seguidores do amor». Considerados, durante muito tempo, um círculo estético, os “eruditos modernos” começaram a descobrir que eles foram inspirados por motivações mais secretas e esotéricas.


O respeitado acadêmico William Anderson, no seu estudo Dante The Maker, descreve os fidele d’amore como uma irmandade (sociedade) secreta, empenhada em alcançar a harmonia entre o lado sexual e emocional das suas naturezas e as suas aspirações intelectuais e místicas. Anderson apoia-se nas investigações de eruditos franceses e italianos, que concluíram que «as damas que todos estes poetas veneravam não eram mulheres de carne e osso, mas que todas elas eram máscaras do ideal feminino, Sapientia ou Sabedoria (Sophia) Sagrada» e que a Senhora destes poemas era… uma alegoria da Sabedoria (Sophia) Divina, que também era desejada.


Anderson – assim como seu colega Henry Corbin – considera o caminho espiritual de Dante como a busca da iluminação através do misticismo sexual, tal como fizeram os trovadores. Henry Corbin afirma:


Os fidele d’amore, companheiros de Dante, professam uma religião secreta […] a união que conjuga o possível intelecto da alma humana com a Inteligência Ativa […] Anjo de conhecimento, ou Sophia-Sabedoria, é visualizada e experimentada como uma união de amor.


Mais notável, no entanto, é a ligação que Dante e os seus colegas místicos apresentam com os Cavaleiros Templários. Foi um dos seus mais entusiásticos apoiantes, mesmo após a sua extinção, quando era desaconselhável estar ligado a eles. Na sua Divina Comédia, Dante estigmatiza Filipe, o Belo, como o «novo Pilatos», pelos seus atos contra a Ordem dos Cavaleiros Templários. O próprio Dante é considerado como tendo sido membro de uma ordem Templária terciária, denominada La Fede Santa. Estas ligações são demasiado sugestivas para serem ignoradas – talvez Dante não fosse a exceção, mas a regra, dos Templários, que estavam envolvidos num culto do amor. Anderson afirma:


Em face disto, os Templários, como ordem militar celibatária, pareceriam ser o canal de comunicação mais improvável para os temas dedicados a louvar as belas damas. Por outro lado, os Templários estavam impregnados da cultura do Oriente e muitos podem ter contatado com as escolas dos místicos e esotéricos sufis […]





A ruiva Madalena,o Graal (Taça) e a pomba, o simbolo católico para o “Espirito Santo”…


Anderson passa a resumir as conclusões de Henry Corbin:


A ligação entre Sapientia [Sabedoria-Sophia] e as imagens do Templo de Salomão, juntamente com as suas associações com a peregrinação do Grande Círculo, levam a colocar a hipótese de uma ligação entre os Fidele d’Amore e os Cavaleiros Templários, a ponto de os considerar uma confraria leiga da Ordem.


Juntamente com as provas revolucionárias descobertas por investigadores como Niven Sinclair, Charles Bywaters e Nicole Dawe, isto sugere insistentemente que, no mínimo, a ordem interna dos Cavaleiros Templários fazia parte de uma tradição secreta que venerava o Princípio Feminino da divindade.


Do mesmo modo, o controverso ramo dos Templários – o Priorado de Sião – sempre teve membros femininos, e a lista dos seus grão-mestres inclui quatro mulheres, o que é particularmente estranho no período medieval, quando se esperaria que o sexismo estivesse no seu auge. Como grão-mestres, estas mulheres teriam possuído um verdadeiro poder – e, sem dúvida, este papel exigia alto nível de integridade e a capacidade para conciliar interesses e egos contraditórios, a vários níveis. Embora pareça estranho que as mulheres tenham estado ao leme de uma organização supostamente tão poderosa numa época em que a literacia feminina não era, de modo algum, comum parece menos peculiar no contexto de uma tradição secreta de adoradores da deusa, do princípio feminino da divindade.


Servindo de base a muitas das escolas de mistério posteriores, se encontram os rosacruzes, cujo interesse no misticismo sexual está presente no seu próprio nome: a conjugação da cruz fálica e da rosa feminina. Este símbolo de união sexual evoca a antiga cruz fendida dos egípcios (ankh): sendo a vertical o falo, e a fenda, em forma de amêndoa, a vulva. Os rosacruzes, com o seu misto de sabedoria alquímica e gnóstica, compreenderam inteiramente os princípios subjacentes, como explicava o rosacruz do século XVII, o alquimista Thomas Vaughan: «[…] a própria vida (universal) não é mais do que uma união dos princípios masculino e feminino, e aquele que compreender perfeitamente este segredo sabe… “usar” a sua esposa…» (Recordemos a enorme rosa, aos pés da cruz, no mural de Cocteau, em Londres – uma clara alusão rosacruz.


E, curiosamente, a imagem rosacruz encontra-se no túmulo templário de Sir William St. Clair… ) Mesmo que existam, como vimos, evidências de que os Templários, os alquimistas e o Priorado de Sião fossem especiais devotos de um culto do amor pelo feminino divino, parece haver poucas possibilidades de que esta linha de filósofos herméticos, decididamente masculina, tivesse qualquer ligação com uma organização feminina – ou talvez feminista. Aqui, também a sua imagem superficial é enganadora.


O próprio Leonardo tem sido considerado como um misógino homossexual, e é verdade que ele manifestou pouco amor pelas mulheres, tanto quanto sabemos. A mãe, a misteriosa Catarina, parece tê-lo abandonado na primeira infância, embora, muitos anos mais tarde, tenha vivido junto dele, até ao fim da vida – é certo que Leonardo tinha uma governanta, a quem se referia, ironicamente, por «La Caterina» e cujo funeral ele pagou. Leonardo pode ter sido homossexual, mas isso nunca impediu a adoração dos homens pelo Princípio Feminino – muitas vezes, é exatamente o contrário.





ÍSIS negra, a MÃE de todos os SÓIS …


Os ícones homossexuais são, classicamente, mulheres fortes e enérgicas, que tiveram vidas traumáticas – tal como Maria Madalena e a própria ÍSIS. Além disso, sabe-se que Leonardo era muito íntimo de Isabella d’Este, uma mulher inteligente e educada. Embora seja levar a especulação demasiado longe, sugerir que ela fosse membro do Priorado ou de alguma escola secreta «feminista», essa familiaridade pode implicar que, no mínimo, Leonardo aprovava a literacia feminina.


O hermético florentino Pico della Mirandola dedicou muitas palavras ao tema do poder feminino. O seu livro La Strega (A Bruxa) narra a história de um culto italiano baseado em orgias sexuais e presidido por uma deusa. E, o que é mais significativo, ele compara esta deusa à «Mãe de Deus». Mesmo Giordano Bruno, notoriamente masculino, estava profundamente envolvido com o feminino.


Durante a sua estada na Inglaterra, entre 1583 e 1585, Mirandola publicou vários livros que delineavam a filosofia hermética que se encontra em qualquer compêndio de História. Contudo, o que é habitualmente ignorado é o fato de ele também ter publicado um livro de apaixonada poesia amorosa intitulado De Gli Eroico Furori (Do Furor Heróico), dedicado ao seu amigo e patrono Sir Philip Sidney. Não é um hino a um entusiasmo passageiro nem um mero vislumbre da vida secreta, até então desconhecida, de um galanteador. Embora se reconheça que esta poesia tem um nível mais profundo, muitas autoridades consideram que ela é apenas uma expressão alegórica de vivência hermética. Na realidade, o amor expresso (pelo princípio feminino) nestas obras não era alegórico, mas literal.


O Furori do título é, para citar Frances Yates: «Uma experiência que torna o amor “divino e heróico” e que se pode comparar ao transe do furor do amor apaixonado.» Por outras palavras o que observamos, mais uma vez, é um conhecimento dos poderes transmutacionais do sexo sagrado.


Nestes poemas, Bruno referia-se a um estado alterado de conhecimento consciente, no qual o hermético se apercebe da sua potencial divindade. Esta percepção é expressa como o êxtase da completa união com a outra metade. Como afirma Dame Frances: «[…] penso que o verdadeiro objetivo da vivência religiosa de Eroici furori é a gnose hermética, é a poesia de amor místico do homem mago, que foi criado divino, com poderes divinos, em vias de voltar a ser divino, com poderes divinos».

Contudo, considerando a tradição que Giordano Bruno seguia, é evidente que estes sentimentos não eram apenas metafóricos. Esta insistência na iluminação através do sexo sagrado era parte integral da filosofia e da prática herméticas. O conceito de sexualidade sagrada está totalmente de acordo com as palavras do próprio Hermes Trismegisto, em Corpus Hermeticum:


“Se odiares o teu corpo, meu filho, não te podes amar a ti mesmo”.

Herméticos, como Marsilio Ficino, identificaram quatro estados de conhecimento alterado, nos quais a alma se reúne com o Divino, cada um deles associado a uma figura mitológica: a inspiração poética, sob a proteção das musas; o entusiasmo religioso, associado a Dionísio; o transe profético, sob a proteção de Apolo; e todas as formas de amor intenso, sob a proteção de Vênus. Este último é o clímax, em todos os sentidos, porque é nele que a alma, na realidade, alcança a reunião com o Divino.


Curiosamente, os historiadores sempre interpretaram literalmente os primeiros três destes estados alterados, mas optaram por interpretar o último, o rito de Vénus, como simples alegoria ou um gênero de amor impessoal ou espiritual. Mas, se fosse esse o caso, os herméticos dificilmente o associariam a Vênus! O aparente recato dos historiadores, relativamente a este ponto, deve-se à ignorância generalizada da tradição secreta. Este é outro exemplo de conceitos, outrora considerados obscuros e que se tornam claros como cristal logo que a ideia de sexualidade sagrada é tomada em consideração.


O grande mágico hermético Cornélio Agripa (1486-1535) torna a questão mais explícita. Na sua obra clássica “De Oculta Philosophia”, Agripa escreveu: «Quanto ao quarto furor, proveniente de Vênus, transforma e transmuta o espírito do homem num deus, pelo ardor do amor, e torna-o inteiramente semelhante a Deus, como verdadeira imagem de Deus.» É de notar o uso do termo alquímico transmuta, que é geralmente tomado como referência à preocupação tola e fútil de tentar transformar chumbo em ouro.





ÍSIS e MAAT

Aqui, no entanto, o que se procura é um bem precioso, de gênero muito diferente. Agripa também sublinha que a união sexual está «cheia de dons mágicos». O lugar de Agripa, nesta tradição herética, não devia ser subestimado. O seu tratado De Nobilitate et Praecellentia Foeminei Sexus (Da Nobreza e Superioridade do Sexo Feminino), que foi publicado em 1529, mas baseado na sua dissertação de vinte anos antes, é muito mais que um apelo, notavelmente moderno, aos direitos das mulheres.

Esta espantosa obra de Agripa foi menosprezada, até há muito pouco tempo, por uma razão lamentavelmente previsível. Porque advogava a igualdade de sexos – defendendo mesmo a ordenação de mulheres -, foi interpretada como sátira! É uma mancha sinistra na nossa cultura que esta obra veemente, a favor das mulheres, fosse considerada como um gracejo. Mas parece claro que Agripa não estava gracejando.


Não defendia apenas a causa do que chamaríamos os direitos das mulheres – que o seu estatuto político fosse redefinido -, mas tentava transmitir o princípio que inspirou essa campanha. A professora Barbara Newman, da Universidade de Northwest, Pensilvânia, no seu estudo deste panfleto, escreve:


[…] mesmo um leitor compreensivo não podia ter a certeza se Agripa apelava a uma Igreja sem discriminação de sexos e com igualdade de oportunidades ou a uma forma de culto do feminino.

Newman e outros eruditos investigaram as várias raízes da inspiração de Agripa, as quais incluíam a cabala, a alquimia, o hermetismo, o neoplatonismo e a tradição trovadoresca. E, de novo, a busca de Sophia (Sabedoria) é citada como sendo uma influência importante. Seria um erro pensar que Agripa apenas defendia o respeito e a igualdade das mulheres. Ele foi muito mais longe. Na sua perspectiva, a mulher devia ser literalmente venerada:


Ninguém, que não seja completamente cego, pode deixar de ver que Deus reuniu toda a beleza de que o mundo inteiro é capaz na mulher, de modo a que toda a Criação ficasse deslumbrada com ela, a amasse e venerasse, sob muitos nomes.


(E é curioso que Agripa, tal como os alquimistas, acreditasse que o sangue menstrual tivesse uma particular aplicação prática e mística. Acreditavam que ele continha um elixir, ou produto químico, único, que, ingerido de determinado modo, usando técnicas antigas, garantia o rejuvenescimento físico e conferia sabedoria. É evidente que nada podia estar mais longe da atitude da Igreja e da verdade.)


Agripa não era um simples teórico, e também não era covarde. Não só casou três vezes como conseguiu o que podia ter parecido impossível: defendeu uma mulher acusada de bruxaria – e ganhou.


Vaughan, Giordano Bruno e Agripa eram homens, e é tentador suspeitar de que eles desfrutavam desta felicidade sexual apenas em benefício próprio, mesmo que fosse profundamente espiritual. Contudo, embora se possa afirmar que alguma mulher que ousasse escrever sobre estes temas seria presa por bruxaria, também é verdade que apenas se considerava que o rito de Vênus teria «resultado» se os dois parceiros tivessem alcançado os mesmos objetivos (evolutivos). A ideia era a dos opostos e iguais, em harmonia procurando o mesmo objetivo e recebendo a mesma iluminação, como parceiros, tal como na ideia chinesa de o ser total ser composto de yin e yang.





O EQUILÍBRIO entre opostos complementares, masculino e feminino e a BALANÇA da justiça…


Giordano Bruno não era homem para esconder as suas crenças. Nas suas últimas obras publicadas, empregou imagens sexuais ainda mais explícitas – mas mesmo estas foram ignoradas pelos historiadores; se são mencionadas em obras de referência, geralmente são explicadas como sendo alegóricas. Não só estas mas também outras referências explícitas – e associadas – das suas obras são, por hábito, ignoradas. Quando Bruno se refere a uma «deusa» como a dama anônima, a quem a sua poesia lírica é dedicada, essa referência é interpretada como sendo um epíteto afetuoso. E, mais tarde, quando fez a sua palestra de despedida na Alemanha, afirmando, sem rodeios, que a deusa Minerva era Sofia (a “sabedoria”), esta afirmação foi tomada por outra alegoria. Mas as suas verdadeiras palavras foram, inequivocamente, as de um praticante do culto da deusa:


Amei-a e procurei-a, desde a minha juventude, e desejei-a para minha esposa, e tornei-me amante da sua forma… e supliquei… que ela fosse enviada para habitar comigo, e trabalhar comigo, para que eu pudesse conhecer o que ela me faltava […]


Mais fascinante, no entanto, é o fato de na sua dedicatória de Eroici Furori ele o comparar ao Cântico dos Cânticos”. Novamente, somos confrontados com o culto da Madona Negra e, por associação, com o de Madalena. (Outro grande escritor hermético/rosacruz da época, que era conhecido por William Shakespeare -Francis Bacon, dedicou os seus sonetos a uma misteriosa Dama Negra cuja identidade tem alimentado intermináveis debates de gerações de críticos. Embora pudesse acontecer que ela fosse uma mulher verdadeira – ou mesmo um homem -, também é verosímil que ela representasse, ao fundo, a Madona Negra, a deusa negra (ÍSIS). Na verdade, os herméticos simbolizavam um determinado estado alterado – um gênero de transe especializado – como a dama de pele negra.)


Os fortes ataques de Bruno à crença católica conduziram-no a uma morte terrível condenadopor heresia pela “santa” igreja romana e serviram de aviso a outras pretensas almas corajosas. O atroz holocausto dos julgamentos de bruxaria, como vimos, também reforçou, entre os «heréticos», a necessidade de circunspecção (e devemos recordar que, embora as mortes pelo fogo tivessem terminado há muito, a última acusação de uma mulher, ao abrigo da lei da Feitiçaria no Reino Unido, ocorreu apenas em 1944). Mas o conhecimento transcendental, como segredo específico do mundo secreto ocultista, não estava limitado aos indivíduos e não se extinguiu com eles.


Existe alguma dificuldade de reconstituir uma tradição direta da sexualidade sagrada da Europa, devido ao antagonismo e perseguição da Igreja romana, face a essa tradição e à subsequente necessidade de segredo entre os guardiães deste conhecimento. No entanto, nos séculos XVII e XVIII, a Alemanha parece ter-se transformado na pátria desta tradição, embora, até recentemente, ela tivesse sido muito pouco investigada. Segundo os modernos investigadores franceses – como Denis Labouré -, a prática da «alquimia interna» centralizou-se na Alemanha, em várias sociedades ocultistas e/ou secretas. Outra investigação recente, incluindo a do Dr. Stephan E. Flowers, confirmou que o ocultismo alemão deste período era essencialmente de natureza sexual.


Um problema para os investigadores desta área é que as provas de cultos sexuais tendem a provir da Igreja, ou, no mínimo, daqueles que consideravam satanismo tudo o que estava relacionado com o sexo. Quando estes movimentos se vêem perseguidos, os seus regisrtos são destruídos ou censurados e tudo o que resta é a versão dos acontecimentos relatada pelos seus inimigos. Isto aconteceu aos cátaros e aos Cavaleiros Templários e atingiu o seu terrível auge nos julgamentos de bruxaria pelaInquisição. Vemos que este processo se verifica sempre que se expressam ideias sobre a sexualidade sagrada – como voltou a acontecer em França no século XIX.


Nessa época, surgiram vários movimentos interligados que – embora florescessem no seio da Igreja Católica e se centrassem em pessoas que se consideravam bons católicos – incluíam conceitos de sexualidade sagrada e da elevação do Feminino (geralmente, sob a forma exterior da Virgem Maria) e estavam associados a uma misteriosa sociedade «joanina» – desta vez, especificamente relacionada com João Batista.


Esta série de acontecimentos é muito difícil de esclarecer, principalmente porque, além das ideias heterodoxas e dos conceitos de sexualidade sagrada, que levaram o movimento a ser declarado imoral, eles também estavam ligados a causas políticas que despertaram a hostilidade das autoridades. Por conseguinte, quase todos os relatos de que dispomos provêm dos seus inimigos.





Giordano Bruno, queimado pela igreja romana por heresia…


Os motivos políticos destes grupos estão fora do âmbito da presente investigação, embora fossem muito importantes para as pessoas envolvidas nessa época. É suficiente dizer que elas apoiavam as pretensões de um certo Charles Guillaume Naündorff (1785-1845), que se vangloriava de ser Luís XVII (que se pensava ter sido morto em criança, juntamente com seu pai, Luís XVI, durante a Revolução Francesa).


Um destes grupos era a Igreja do Carmelo, também conhecida por Oeuvre de la Misericorde (Obra de Misericórdia), instituída em meados do século XIX por um certo Eugène Vintras (1807-1875). Um pregador carismático e fascinante, Vintras atraiu a nata de alta sociedade para o seu movimento, o qual, não obstante, depressa se tornou foco de acusações de diabolismo. Sem dúvida que os seus rituais tinham um conteúdo de natureza sexual, no qual (segundo as palavras de Ean Begg) «o maior sacramento era o ato sexual».


Para agravar a situação, no que dizia respeito às autoridades, Vintras e Naündorff passavam a responsabilidade um ao outro. Assim, inevitavelmente, Vintras viu-se envolvido num julgamento espectacular. Acusado de fraude – embora as alegadas vítimas negassem que existira qualquer crime -, foi condenado a cinco anos de prisão, em 1842. Quando foi libertado, partiu para Londres e foi então que um antigo membro da sua Igreja – um sacerdote chamado Gozzoli – escreveu um panfleto acusando-o de todo o género de orgias sexuais.


Embora o panfleto possa ser considerado produto de uma imaginação exaltada, algumas das acusações podem ter sido baseadas em fatos. Depois, em 1848, a seita foi declarada herética pelo papa e todos os seus membros foram excomungados. Como resultado, a seita tornou-se independente e exibiu sacerdotes masculinos e femininos – tal como os cátaros, embora não seja claro que o culto de Vintras seguisse os nobres princípios dos primeiros.


A apoiar Vintras e Naündorff encontrava-se uma seita misteriosa, conhecida por «Os Salvadores de Luís XVII» ou os Joaninos. Este grupo remonta a 1770 e parece ter participado na agitação civil que precedeu a Revolução. Ao contrário dos joaninos «maçônicos», já discutidos, este grupo não tinha dúvidas quanto ao S. João que venerava – era o Batista. Depois da Revolução, os joaninos interessaram-se pela restauração da monarquia. Foram os grandes responsáveis pela promoção de Naündorff a pretendente ao trono e também apoiaram movimentos «proféticos» como o de Vintras.


Outro auto-intitulado «guru» da época – Thomas Martin, que, meteoricamente, ascendeu de camponês a conselheiro do rei – foi apoiado pelos joaninos que, além disso, parecem ter «encenado» certas aparições da Virgem – como as de La Salette, no sopé dos Alpes ocidentais, em 1846. É difícil dizer com exatidão o que estava acontecendo, mas é possível identificar os fios mais importantes que atravessam certos acontecimentos, aparentemente associados.


Em primeiro lugar, foi feita uma tentativa para regenerar o catolicismo, a partir do seu seio, o que implicava a substituição do dogma oficial – baseado na autoridade de Pedro (portanto patriarcal) – por um cristianismo místico e esotérico, uma crença de que estava a alvorecer era uma em que o Espírito Santo estaria em ascenção. Uma característica deste movimento era a elevação do Sagrado Feminino, sob a forma exterior da Virgem Maria, mas que não tardou a adquirir um caráter abertamente sexual e começou a parecer fortemente hostil à Igreja. A visão de La Salette – que foi condenada pela Igreja – era central para este plano. E, de algum modo, o papel de João Batista nestes acontecimentos era crucial.


O movimento também estava ligado à tentativa de fazer reconhecer Naündorff como legítimo rei de França, provavelmente porque, se tivesse êxito, Naündorff teria sido favorável a esta nova forma de religião (tendo já apoiado Vintras). Curiosamente, Melanie Calvet, a rapariga que teve a visão de La Salette, tinha-se declarado favorável a Naündorff. E é interessante que a Igreja tivesse reagido enviando-a para um convento de Darlington, no noroeste de Inglaterra, onde não podia causar mais danos. A atuação combinada da Igreja e do Estado impediram que se realizasse o grande plano do movimento, e tudo o que aconteceu, de fato, está agora soterrado por uma avalanche de escândalos e de insinuações.





Mas, indubitavelmente, é significativo que a reação da Igreja a esta ameaça fosse proclamar a Imaculada Conceição de Maria um artigo de fé, em 1854. (Esta doutrina iria ser convenientemente endossada pela própria Virgem Maria, quando apareceu a uma rapariga camponesa, Bernardette Soubirou, em Lourdes, quatro anos depois, embora a rapariga, de início, descrevesse a sua visão simplesmente como «aquela coisa».)


Profetas, como Martin e Vintras, parecem ter sido «manipulados» pelos joaninos e não fizeram, na realidade, parte da seita. O elo de ligação entre eles e Vintras foi a mentora deste, uma certa Madame Bouche, que residia em Paris, na Place St. Sulpice, e que tinha o nome, esplendidamente sugestivo, de «irmã Salomé». (A Igreja do Carmelo de Vintras ainda estava em atividade em Paris nos anos 40, e constava que existia um grupo em Londres, nos anos 60 deste século.)

Continua …
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02.09.15

A Revelação Templária – 7A 

 Sexo o Sacramento Final

Posted by Thoth3126 on 09/03/2015

Santo-graal

CAPÍTULO VII – SEXO O SACRAMENTO FINAL

Os velhos textos alquímicos estão cheios de imagens confusas e complicadas – de forma  deliberada, porque se destinavam a desencorajar os não-iniciados de descobrirem os seus  segredos. 
No entanto, como vimos, a alquimia, no seu nível mais profundo, estava  interessada na transformação pessoal, espiritual e sexual, e os seus segredos estavam  relacionados com as técnicas destinadas à realização desta «Grande Obra». 
Na verdade,  reconhecendo as profundas preocupações não materiais e sexuais da alquimia, o psicólogo C. Gustav Jung considerou-a a precursora da psicanálise…
Edição e imagens:  Thoth3126@gmail.com

Capítulo 07A – SEXO: O SACRAMENTO FINAL  – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de  Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

Capítulo VII A – SEXO: O SACRAMENTO FINAL

… Como vimos, a «Grande Obra» do alquimista era uma experiência rara e transformadora de  vida e ninguém sabe, ao certo, a forma de que ela se revestia. Contudo, Nicholas Flamel (suposto  grão-mestre do Priorado de Sião), que obteve este brilhante galardão, a 17 de Janeiro de  1382, em Paris, sublinhou que o conseguira em companhia da sua mulher, Perenelle.  
Parece que eles constituíam um casal muito dedicado: segundo parece, Perenelle também  era alquimista – muitas mulheres o eram, em segredo. Mas Flamel sublinhou a sua  presença, naquele dia fatídico, como indicação da verdadeira natureza da Grande Obra? Há  uma sugestão de que ela revestia a forma de algum gênero de rito sexual?

alquimia
A Alquimia dos quatro elementos …
Não há dúvida quanto à existência de, pelo menos, uma componente sexual na prática de  alquimia, como revela o clássico texto alquímico A Coroa da Natureza, citado em Alchemy  de Johannes Fabricius:

A dama de pele branca, amorosamente unida a seu marido, de membros de cor rosa,  envolvidos nos braços um do outro, na felicidade da união conjugal. Fundem-se e diluem-se quando atingem a meta da perfeição. Os dois tornam-se um só, como se fossem um só  corpo.

Significativamente, existem duas disciplinas orientais que sublinham a transcendência  religiosa e espiritual da sexualidade: o tantra indiano e o taoísmo chinês. Ambos são  disciplinas antigas – e muito respeitadas nas suas culturas – e realçam o potencial de certas práticas sexuais para atingir o conhecimento místico, a regeneração física, a longevidade e a unidade com Deus.  Atualmente, muitas destas ideias são largamente conhecidas, mas o que não é  reconhecido, para além dos próprios grupos de iniciados, é que, surpreendentemente, tanto  o tantra como o taoísmo têm um ramo alquímico. Como veremos, isso harmoniza-se com a  verdadeira natureza da alquimia ocidental.

Por exemplo, no tantrismo, a terminologia «química» é interpretada como representação de  práticas sexuais. Como afirma Benjamin Walker, um escritor ocultista, em Man, Myth and  Magic:
Embora ostensivamente (aparentemente) interessada na transmutação dos metais mais vis em ouro, nas retortas, instrumentos e aparelhos da atividade, e nos gestos rituais do alquimista, na sua  sala de trabalho, esta alquimia ocorre, de fato, no interior do próprio corpo humano.
Ironicamente, os elementos sexuais da alquimia ocidental têm sido interpretados como  metáfora dos processos químicos! Como comenta Brian Innes, no seu artigo de The  Unexplained, acerca da alquimia sexual tântrica e taoísta:
A estreita semelhança das imagens – e das substâncias utilizadas – da alquimia de todas estas culturas é surpreendente. A grande diferença é igualmente surpreendente: a alquimia  medieval europeia não parece ter tido qualquer base sexual explícita.
Existia, no entanto, uma grande diferença entre as imagens públicas e os níveis de  aceitabilidade do Oriente e do Ocidente. Na China e na índia, a alquimia não era uma  ciência proibida, e as atitudes em relação ao sexo não eram tão neuróticas e reprimidas  como eram na Europa; por conseguinte, o trabalho era mais aberto e honesto.

Recentemente, a «sexualidade sagrada» foi «descoberta» pelo Ocidente. Essencialmente, é  a ideia de que a sexualidade é o sacramento mais nobre, conferindo não só júbilo mas  também a unidade com o Divino e o Universo. O sexo é considerado (uma, entre muitas) a ponte entre o Céu e a Terra, provocando a libertação de enorme energia criativa, além de revitalizar os amantes  de forma única – mesmo ao seu nível celular.

Alquimia-johfra
O conhecimento da sexualidade sagrada  significa que os velhos textos alquímicos podem, finalmente, ser inteiramente  compreendidos no Ocidente, embora (como habitualmente) sejam os investigadores  franceses que estejam mais empenhados na exploração deste seu aspecto. Dos poucos  escritores anglo-saxônicos  que não se mantêm afastados do tema, A. T. Mann e Jane Lyle escreveram no seu livro  Sacred Sexuality (1995):

É difícil duvidar que os ensinamentos alquímicos escondam segredos sexuais mágicos, que estavam estreitamente aliados ao conhecimento tântrico. Devido à sua complexidade e diversidade, a alquimia certamente envolveu outros mistérios em alegoria poética, a qual apenas, a mente e o CONHECIMENTO dos iniciados conseguia decifrar.
Um dos muitos autores franceses que escrevem sobre este tema, André Nataf, afirma que  «[…] o segredo que a maioria dos alquimistas perseguia era um segredo erótico […] a  alquimia é simplesmente a conquista do amor, uma “liga” de erótico e espiritual». Há muito que o tantrismo e o taoísmo são reconhecidos como as condutas da sexualidade  sagrada da tradição oriental, mas não existiu uma tradição tão bem definida e facilmente  detectável no Ocidente – a não ser que fosse conhecida simplesmente por alquimia.

As imagens sexuais dos textos alquímicos parecem demasiado banais a esta era pós- freudiana: a Lua diz ao seu esposo, o Sol: «Oh, Sol, não fazes nada sozinho, se eu não  estiver presente com a minha força, tal como um galo nada pode fazer sem uma galinha.»  As experiências químicas revestem a forma de «casamentos» ou «cópulas», tal como foi  denominado o panfleto The Chemical Wedding de Johann Valentin Andraea.

Certamente que estas imagens podiam ser simplesmente literais: sendo exatamente uma  «cópula» e não havendo nenhum segredo oculto no simbolismo alquímico. Contudo, as  palavras eram cuidadosamente escolhidas para transmitir instruções complexas, abrangendo  um significado tanto sexual como químico. Essencialmente, os textos alquímicos  continham lições de magia sexual e de química, simultaneamente.

Curiosamente, dado o óbvio tom sexual de grande parte da atividade, a ideia-padrão  histórica da alquimia era a de uma atividade apenas química e que todo o simbolismo era  apenas fantasia. Isto deve-se ao fato de não existir nenhuma organização onde enquadrar toda a  ideia da alquimia sexual, antes de os mistérios do Oriente serem mais largamente  divulgados. Atualmente, no entanto, não temos esse problema, e este conceito está  rapidamente a conquistar aceitação. Barbara Graal Waiker capta o significado subjacente da alquimia:

Parte do segredo é revelado pela preponderância do simbolismo sexual da literatura  alquímica. A «cópula de Atena e Hermes» podia significar misturar enxofre [sic] e  mercúrio numa retorta; ou podia significar a «atividade» sexual do alquimista e da sua namorada. As ilustrações dos livros alquímicos sugerem, com maior frequência, misticismo sexual. Mercúrio, ou Hermes, era o herói  alquímico que fertilizava o Vaso Sagrado, uma esfera ou ovo, em forma de ventre, do qual  nasceria o filium philosophorum. Este vaso pode ter sido real, um frasco ou uma retorta de  laboratório; com maior frequência, parecia ser um símbolo místico. Dizia-se que o Diadema  Real desta descendência aparecia no menstro meretricis, «no fluxo menstrual de uma  prostituta», a Grande Prostituta sendo um antigo epíteto da deusa [… o poder feminino]».

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Walker, no entanto, engana-se quando passa a sugerir que, na busca do vaso hermeticum – o  Vaso de Hermes -, os alquimistas o identificavam com o vaso spirituale, o Vaso ou Ventre  Espiritual, da Virgem Maria. Porque, qual é a outra Maria que, habitualmente, é  representada levando um vaso ou um jarro? Tradicionalmente, quem é representada  envergando um vestido escarlate ou envolta no seu longo cabelo ruivo? Que outra Maria  está associada à ideia de prostituição e sexualidade? Mais uma vez, encontramos a Virgem  Maria como disfarce do culto secreto de Maria Madalena.

Atualmente, falamos de «química sexual», mas para os alquimistas este conceito tinha um  significado muito mais profundo do que a mera ideia de atração sexual imediata. Na revista esotérica  francesa L’Originel, Denis Labouré, uma autoridade em ocultismo, discute a noção de  alquimia «interna» em oposição à alquimia «metálica» e o seu paralelismo com o tantrismo,  mas insiste em que ela faz parte de uma «herança tradicional ocidental» (o itálico é nosso) e  afirma:
Se a alquimia interna é bem conhecida do tantrismo ou do hinduísmo, os constrangimentos  históricos [isto é, a Igreja] obrigaram os autores ocidentais a usar da maior prudência. No  entanto, certos textos fazem claras alusões a esta alquimia.
Labouré passa a citar um tratado de Cesar della Riviera, datado de 1605, e acrescenta:
Na Europa, os rastos destes antigos ritos [sexuais] passam pelas escolas gnósticas, pelas correntes alquímicas e cabalísticas da Idade Média e da Renascença – quando numerosos textos alquímicos podiam ser lidos em dois níveis – até que os voltamos a encontrar nas organizações ocultistas, formadas e organizadas, sobretudo na Alemanha, no século XVII.
De fato, o uso do simbolismo «metalúrgico» remonta ao próprio começo da alquimia, na  Alexandria do 1.°-3.° século. Metáforas metalúrgicas sobre sexo encontram-se nos encantamentos mágicos e egípcios; os  alquimistas limitaram-se a adotar as imagens. Este é um exemplo de um encantamento  amoroso, atribuído a Hermes um Trismegisto, que remonta, no mínimo, ao 1.° século a.C.  e que se centra no forjamento simbólico de uma espada:
Tragam-ma [a espada], temperada com o sangue de Osíris, e coloquem-na na mão de ÍSIS […] que tudo o que se forja nesta fornalha de fogo seja instilado no coração e fígado, nos rins e ventre de [o nome da mulher]. Conduzi-a à casa de [o nome do homem] e que ela ponha na mão dele o que está na mão dela, na boca dele o que está na boca dela, no corpo dele o que está no corpo dela, no seu bastão o que está no ventre dela.
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A “ruiva” Madalena segurando o “vaso” de Alabastro …

A alquimia, tal como era praticada pela rede secreta medieval, nasceu no Egito dos  primeiros séculos da era cristã. ÍSIS desempenhava um papel importante na alquimia  daquela época. Num tratado intitulado ÍSIS, a Profetisa de seu filho Hórus, ÍSIS relata como  obteve «de um anjo e profeta» os segredos da alquimia, através dos seus ardis femininos.  Encorajou-o a alimentar o seu desejo por ela, até não poder ser contido, mas recusou entregar-se-lhe antes que ele lhe revelasse os seus segredos – uma clara referência à  natureza sexual da iniciação alquímica. (Evoca a história do papa Silvestre II e  Meridiana, discutida no Quarto Capítulo, em que ele obtém o seu conhecimento alquímico  através do ato sexual com este arquétipo de figura feminina.)

Outro tratado primitivo, atribuído a uma alquimista, de nome Cleópatra – uma iniciada da  escola fundada pela lendária Maria, a Judia -, contém imagens sexuais explícitas:  «Compreender a realização da arte na união da noiva e do noivo e na sua transformação  num único SER.» É notavelmente semelhante a um texto gnóstico contemporâneo, que regista o  seguinte:

Quando o homem atinge o momento supremo e a semente brota, nesse momento a mulher  recebe a força do homem, e o homem recebe a força da mulher […] É por este motivo que o  mistério da união corporal é praticado em segredo, para que a conjunção da natureza não  seja degradada por ter sido observada pela multidão que desprezaria a prática.

Os primitivos textos alquímicos estão saturados de simbolismo que sugere as técnicas  secretas da sexualidade sagrada, provavelmente provenientes do equivalente egípcio do  tantrismo e do taoísmo. A existência desta tradição é revelada no texto conhecido por  Papiro Erótico de Turim (onde ele agora se encontra), o qual há muito é considerado um exemplo  da pornografia egípcia. Novamente, no entanto, esta reação é um exemplo primordial da  má interpretação “acadêmica e erudita” do Ocidente: o que é considerado pornográfico era, de fato,  um rito religioso. Alguns dos mais sagrados ritos egípcios eram de natureza sexual – por  exemplo, uma observância religiosa diária do faraó e da sua consorte implicava, provavelmente, que ele fosse masturbado por ela.

Este ritual era a reencenação simbólica da  criação do Universo pelo deus Ptáh, a qual ele realizara por processos semelhantes. As  imagens religiosas dos palácios e dos templos representavam, de forma inequívoca, este  ato; no entanto, ele foi considerado tão ultrajante pelos arqueólogos e pelos historiadores  que apenas recentemente o seu significado foi reconhecido – e, mesmo assim, o tema ainda  é discutido em tons hesitantes e apologéticos. É evidente que o Ocidente tem um longo  caminho a percorrer até alcançar a total aceitação egípcia do sexo como um sacramento (sagrado).

Esta relutância em aceitar o significado que o sexo tinha para os antigos não é um  fenômeno novo. Para os eruditos do 1.º e 2.° séculos, o tema não era um problema, mas,  como observa Jack Lindsay, no século VII, o simbolismo sexual das obras alquímicas é  tratado de um «modo secretamente alusivo». Assim, desde o início, a alquimia ocidental tem uma faceta fortemente sexual. Devemos  acreditar que, na Idade Média, esta profunda e influente tradição se extinguira totalmente?

Algumas das primeiras seitas gnósticas – como os carpocratianos de Alexandria –  praticavam ritos sexuais. Não é surpreendente que fossem declarados degradantes e  repugnantes pelos padres da Igreja, e, na falta de registros menos hostis, não há maneira de  saber exatamente de que forma esses ritos se revestiam.

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Ao longo da história da Cristandade, surgiram seitas «heréticas» que incorporavam uma  atitude mais libertária relativamente ao sexo, mas foram invariavelmente condenadas e  eliminadas – por exemplo, dizia-se que os irmãos e irmãs do Egito Livre, também  conhecidos por adamitas, praticavam um «segredo sexual» que remontava aos séculos XIII  e XIV. A filosofia dos adamitas teve uma notável influência no panfleto Schwester  Katrai – que, como vimos, inclui provas de familiaridade com o retrato de Maria Madalena  esboçado pelos Evangelhos gnósticos -, e a autora parece ter sido membro desta seita.

Outro grupo implicado no misticismo erótico – embora não conhecido como seita religiosa –  era o dos trovadores, os famosos cantores do culto do amor do sudoeste da França (região que cultuava Madalena) cujos equivalentes alemães eram os  minnesingers – sendo Minne uma mulher idealizada ou deusa. O amor do cavaleiro  pela sua dama reflete uma devoção e uma reverência pelo Princípio Feminino. E o conteúdo dos poemas – um misto de «espiritualidade e carnalidade» – pode ser considerado uma série de alusões veladas à sexualidade sagrada. Mesmo a acadêmica  Barbara Newman, ao resumir esta tradição, não pôde fugir a usar uma linguagem evocativa  da sexualidade sagrada:
[…] um jogo erótico, com uma espantosa variedade de mudanças: o poeta podia  transformar-se na noiva de um deus ou no amante de uma deusa ou fundir-se totalmente com a amada e tomar-se divino […].
Grande parte da tradição do amor cortês implica a compreensão de técnicas específicas, por  exemplo, a da maithuna, a retenção deliberada do orgasmo, para induzir sensações de  beatitude e conhecimento místico. Como afirma Peter Redgrove, autor e poeta britânico:
É possível reconstituir toda uma tradição de maithuna (sexualidade visionária tântrica) na  literatura do conto medieval de cavalaria?
Os trovadores adotaram a rosa como símbolo, talvez porque o seu nome (em francês e em  inglês, rose) é um anagrama de Eros, o deus do amor erótico. Também existe a possibilidade de  que a sua «onipresente» senhora – aquela que devia ser obedecida, embora a casta  distância – se destinasse a ter outro significado, a nível esotérico, como sugere o nome  alemão de minnesinger.

O arquétipo desta senhora não podia ter sido a Virgem Maria porque, embora a rosa fosse  conhecida como seu símbolo, na Idade Média, o seu culto não precisava de se ocultar em  códigos. Além disso, a flor mais descritiva das suas qualidades não era a rosa erótica, mas o  mais sugestivo lírio do Oriente: belo, mas austero, sem nenhuma sugestão de carnalidade.  Então, quem mais podiam celebrar as canções dos trovadores? Quem mais era uma  «deusa», muito amada pelos grupos heréticos dessa época? Quem mais senão Maria  Madalena?

As grandes rosáceas das catedrais góticas estão sempre voltadas para Ocidente (leste,o nascer do SOL) – tradicionalmente, a direção consagrada às divindades femininas – e nunca estão longe  de um santuário da Madonna (minha senhora) Negra. E, como vimos, estas enigmáticas  estátuas são deusas pagãs, sob outra roupagem, uma personificação da antiga celebração da  sexualidade feminina.

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Além das rosáceas sagradas, as catedrais góticas também contêm outras imagens pagãs –  por exemplo, o simbolismo da teia de aranha/labirinto de Chartres e de outras catedrais é  uma referência direta à Grande Deusa, na sua manifestação de fiandeira e senhora do  destino da humanidade, mas muitas outras igrejas também contêm inúmeras imagens  femininas. Algumas delas são tão vivas que, uma vez interpretadas, podem alterar a  impressão que os cristãos têm das suas igrejas. Por exemplo, as grandes portas góticas, que  gerações de cristãos atravessaram tão inocentemente, representam, na realidade, a parte  mais íntima da deusa.

Atraindo o crente as seu interior escuro e semelhante a um ventre, as  portas são esculpidas em arestas afuniladas e quase sempre ostentam um botão de rosa,  semelhante a um clítoris, no topo do arco. Uma vez no interior, o crente católico pára junto  a uma pia da água benta, quase sempre representada por uma concha gigantesca, símbolo  da natividade da deusa – como Botticelli, suposto grão-mestre do Priorado de Sião,  imediatamente antes de Leonardo, tão espantosamente a representou em O Nascimento de  Vênus. (E a concha de caurim, outrora símbolo dos peregrinos cristãos, é reconhecida como  sendo o símbolo clássico da vulva.).

Todos estes símbolos foram deliberadamente  empreguados pelos adeptos do Princípio Feminino, e, embora comuniquem algo a nível  subliminar, têm um efeito perturbador sobre o inconsciente. Aliados à grande sonoridade da  música, à luz das velas e ao aroma do incenso, não admira que, outrora, a ida à igreja  inspirasse um fervor tão peculiar!

Para os iniciados nos mistérios do oculto, o Feminino era um conceito carnal, místico e espiritual simultaneamente. A sua energia e poder provinham da sua sexualidade, e a sua sabedoria (Sophia) –  por vezes conhecida por «sabedoria da prostituta» – provinha de um conhecimento da  «rosa», eros.

Segundo o ditado, «saber é poder», segredos desta natureza exercem um poder sem igual, constituindo, por isso, uma ameaça única à existência da Igreja de Roma e a todos os matizes de opinião  católica. O sexo era – e, em muitos casos, ainda é – considerado aceitável apenas entre  aqueles cuja união tinha probabilidades de resultar em procriação. Por esta razão, não existe  conceito cristão de sexo apenas por prazer, para não referir a ideia – como no tantrismo ou  na alquimia – de que ele possa proporcionar iluminação espiritual. (E, enquanto a Igreja Católica notoriamente proíbe a contracepção, outros grupos vão mais longe: por exemplo,  os mórmons reprovam o sexo após a menopausa.)
O que todas estas regras inibitórias realmente pretendem, no entanto, é o controle das  mulheres (do poder feminino e assim da humanidade). Elas devem aprender a encarar o sexo com apreensão – ou porque é triste, é seu  dever conjugal e nada mais, ou porque conduz, inevitavelmente, às dores do parto. Esta ideia era central no  modo como as mulheres eram encaradas pela igreja, e pelos homens, em geral, ao longo  dos séculos: se as mulheres perdessem o receio do parto, sem dúvida que o caos se  instalaria.

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Um dos principais motivos que inspirou as atrocidades da caça às bruxas foi o ódio e o  medo das parteiras, cujo conhecimento do modo de aliviar as dores do parto era  considerado uma ameaça para a civilização “decente”: Kramer e Sprenger, autores do infame  Malleus Maleficarum – o manual dos caçadores de bruxas europeus – escolheram  particularmente as parteiras como sendo merecedoras do pior tratamento possível às suas  mãos. O terror da sexualidade feminina terminou com centenas de milhares de mortos, a  maioria das vítimas sendo de mulheres, ao longo de três séculos de julgamentos de feitiçaria, efetuados pela “santa igreja de Roma”.

Desde a época misógina dos primeiros padres da Igreja, quando ainda se duvidava de que  as mulheres tivessem alma, tudo foi feito para as fazer sentirem-se profundamente inferiores, em todos os níveis. Não lhes ensinavam apenas que eram pecaminosas, em si mesmas, mas que  também eram a maior – por vezes, a única – causa de pecado do homem. Aos homens era  ensinado que, ao sentirem genuíno desejo sexual, estavam apenas reagindo às artimanhas  diabólicas da mulher, que os enfeitiçava e os atraía para atos que, de outro modo, eles  nunca teriam considerado praticar.

Uma expressão extrema desta atitude encontra-se na ideia da  Igreja medieval de que uma mulher violada era responsável não só por provocar o ato  contra si mesma mas também pela perda da alma do violador – perda que a mulher teria de reparar no Dia do Juízo Final. Como escreve R. E. I. Masters:

Quase toda a culpa do horrível pesadelo que foi a mania das bruxas, e a maior parte da  responsabilidade pelo envenenamento da vida sexual do Ocidente, cabe inteiramente à  Igreja Católica romana.

A Inquisição – que fora criada para resolver o problema dos cátaros – adaptou-se facilmente  ao seu novo papel de caçadora de bruxas, torturadora e assassina, embora os protestantes  também aderissem com prazer a essa prática. É significativo que o primeiro julgamento por feitiçaria se realizasse em Toulouse, quartel-general da Inquisição anti-cátaros. Foi apenas rancor por  algum tipo de catarismo residual que conduziu a este julgamento crucial, ou foi um sintoma  do medo que as mulheres do Languedoc provocavam aos Inquisidores, obcecados pelo  sexo?

Subjacente ao ódio e ao medo das mulheres, estava o conhecimento de que elas tinham uma  capacidade única para sentir prazer sexual. Os homens medievais podiam não ter se beneficiado da atual educação anatômica,  mas a investigação pessoal não podia ter deixado de revelar a existência do órgão feminino do prazer, curiosamente ameaçador, o clítoris. Essa pequena protuberância, tão inteligentemente – embora subliminarmente – celebrada como o botão de rosa, no topo dos arcos góticos das igrejas, é o único órgão humano cuja função é unicamente dar prazer.

As implicações deste fato são, e sempre foram, enormes e estão no âmago de toda a supressão patriarcal, por um lado, e de todos os ritos sexuais tântricos e místicos, por outro. O clítoris, que ainda hoje não é considerado um tema adequado a discussão, revela que as mulheres se destinavam a ser  sexualmente extáticas, talvez ao contrário dos homens, cujo órgão sexual tem a dupla  função de urinário e reprodutor.

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Contudo, a tradição misógina do patriarcado judaico-cristão teve tanto sucesso que apenas  no século XX se tornou aceitável, no Ocidente, a ideia de que as mulheres têm prazer  sexual, e, ainda hoje, não é este o caso no que diz respeito à Igreja. Embora seja verdade  que a desigualdade sexual e a hipocrisia não sejam criações exclusivas das três grandes  religiões patriarcais, catolicismo, judaísmo e islamismo – basta observar o costume indiano  de queimar a esposa -, no entanto, a ideia de que o sexo é inerentemente sujo e vergonhoso é uma tradição meramente ocidental. E, em qualquer parte que esta atitude prevaleça, haverá sempre o  tipo de desejo reprimido e de culpa que, inevitavelmente, darão origem a crimes contra as  mulheres, talvez mesmo a manias de feitiçaria.
O ambiente puritano do Ocidente e o seu  ódio e medo do sexo deixaram um terrível legado até ao fim do milênio, sob a forma de  espancamento da esposa, pedofilia e violação. Porque, onde quer que o sexo seja olhado com desconfiança, o parto e as crianças também serão considerados intrinsecamente condenáveis, e os filhos serão vítimas de violência, tal como as mães. O contraditório e irascível Jeová do Antigo Testamento criou Eva – e, manifestamente,  teve ocasião de se arrepender.

Quase logo que «nasceu», ela revelou uma capacidade para pensar por si própria que  ultrapassava muito a de Adão. Eva e a «serpente» formaram uma equipe poderosa: o que  não é de admirar porque as serpentes eram o antigo símbolo de Sophia, representando a  sabedoria (conhecimento em oposição à ignorância) e não a maldade. Mas ficou Deus Jeová satisfeito porque a mulher que criara, mostrou iniciativa e autonomia ao comer da Árvore do Conhecimento – querendo aprender?

Depois  de ter revelado uma curiosa (e estúpida) falta de previsão, relativamente às capacidades de Eva, especialmente para um “onipotente e onisciente” criador de universos, Deus condenou-a a uma vida de sofrimento, começando, deve observar-se, com a maldição da costura… (Porque ela e o infeliz Adão tiveram de fazer tangas de folhas de figueira para cobrir a sua nudez.) Assim, Adão e Eva conheceram a ideia de vergonha dos seus corpos e da sua  sexualidade. Bizarramente, somos levados a concluir que foi próprio Deus que ficou  horrorizado com a visão da carne nua, o próprio Jeová.

Este mito simplista serviu de justificação  retrospectiva para a degradação das mulheres e desencorajou o alívio das agonias ginecológicas e do parto. Negou voz às mulheres durante milhares de anos – e aviltou,  degradou e mesmo diabolizou o ato sexual, que deveria ser jubiloso e mágico, pois preserva a perpetuação da própria espécie humana. Se substituiu assim o amor e o êxtase criativo pela vergonha e pela culpa e inculcou um medo neurótico de um Deus  masculino que, aparentemente, se odiou tanto que abominou a sua melhor criação – a  própria Humanidade.

Desta história perniciosa nasceu o conceito do pecado original, que condena até os recém- nascidos inocentes ao Purgatório; até recentemente, envolveu o espantoso milagre do  nascimento num manto de embaraço, ignorância e superstição e eliminou o poder único da mulher –  que, evidentemente, foi a razão pela qual, em primeiro lugar, esta história foi inventada.

Embora, na nossa cultura, ainda exista um medo e uma ignorância espantosos em relação  ao sexo, as coisas estão muito melhores do que estavam mesmo há dez anos atrás. Vários  livros importantes abriram novas perspectivas – ou talvez renovassem antigas perspectivas.  Entre eles encontram-se The Art of Sexual Ecstasy de Margo Anand (1990) e Sacred  Sexuality de A. T. Mann e Jane Lyle (1995); ambos celebram o sexo como meio de  iluminação e transformação espirituais.

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Como vimos, outras culturas não sofrem do mesmo problema (a não ser que fossem  contaminadas pelo pensamento ocidental). E, em certas culturas, o sexo era julgado  superior a uma arte: era considerado um sacramento – algo que habilitava os participantes a  identificarem-se com o Divino. É esta a raison d’être do tantrismo, o sistema místico de  união com os deuses, através de técnicas sexuais como a Karezza ou a obtenção da  felicidade, sem orgasmo. O tantrismo é a «arte marcial» da prática sexual, implicando uma  preparação espantosamente disciplinada e demorada, tanto para homens como para mulheres – sendo ambos considerados iguais.

A arte do tantrismo, no entanto, não é exclusiva do mundo exótico do Oriente.  Atualmente, surgem escolas de tantra em Londres, Paris e Nova Iorque, embora o extremo  rigor da arte afaste muitas pessoas; por exemplo, são necessários meses somente para aprender a  respirar de modo correto. Mas o uso do sexo, como sacramento, não é novo no Ocidente.
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03.07.15

Capítulo 05 B 

 OS GUARDIÕES DO GRAAL

Posted by Thoth3126 on 20/01/2015

Santo-graal



Filho do lendário herói judaico rei David, o também rei Salomão construiu um templo de inigualável beleza em Jerusalém, usando os mais belos e os mais dispendiosos materiais. Mármore e pedras preciosas, madeiras aromáticas e os mais finos panos foram empregados para criar um lugar que fizesse os sentidos dos crentes transbordar de deleite e também onde o próprio deus se sentisse na sua própria casa. Na parte mais central do templo, encontrava-se o santo dos santos, onde o sumo-sacerdote podia receber o “todo-poderoso” através do mais misterioso dos instrumentos, a Arca da Aliança.



Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 05 B – OS GUARDIÕES DO GRAAL – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ” de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO 5-B – OS GUARDIÕES DO GRAAL

Este instrumento, muito temperamental, letal e perigosíssimo, era conhecido, por um lado, por conferir grandes bênçãos aos «justos» e, por outro, por destruir os malfeitores ou aqueles que não sabiam combater ou se proteger contra os efeitos da sua presença sinistra. Para os Templários, talvez ela parecesse a arma fundamental, e partiram, portanto, para a encontrar, como tem sido sugerido.

Existem, talvez, indicações, na decoração das catedrais, do que os Templários acreditavam ser o significado da «Arca». Por exemplo, a catedral de Chartres, produto do gênio da sua eminencia (dos Cavaleiros Templários) parda, Bernardo de Clairvaux, contém uma escultura em pedra que parece representar a Virgem Maria, com o «rótulo» gravado: arcis foederis – Arca da Aliança. Em si mesmo, isto não é importante, porque era um símbolo clássico cristão da era medieval. Mas, como Chartres era um centro de culto da Madona Negra, estaria a Arca sendo comparada àquela outra Maria, Madalena, ou mesmo a uma deusa pagã, muito mais antiga?



Talvez seja o próprio princípio feminino que está sendo mais uma vez evocado, sob a «cobertura» do símbolo católico mariano. Não pode ser uma referência à própria Virgem, porque os arquitetos das catedrais medievais tinham uma razão especial para evocar o arquétipo de uma mulher sexualmente ativa. (Também é significativo que as primeiras representações da lenda de Maria Madalena em França se encontrem nos vitrais da Catedral de Chartres.)

E, de fato, a muito difamada e mal interpretada disciplina da alquimia a inspiradora das decorações, aparentemente bizarras, dos edifícios góticos (porque, na verdade, era a simbologia da alquimia que parecia ser o denominador comum da maioria dos grão-mestres do Priorado de Sião).

Pensa-se que a alquimia veio dos egípcios, via árabes (a própria palavra deriva do árabe). Era mais do que ciência: a prática abrangia uma delicada teia de atividades interligadas e modos de pensamento, desde a magia à química, desde a filosofia e o hermetismo até à geometria sagrada e à cosmologia. Também se interessava pelo que, atualmente, se chama engenharia genética e por métodos de retardar o envelhecimento e por tentar alcançar a imortalidade física.

Os alquimistas eram ávidos de conhecimento e não tinham tempo para o antagonismo da Igreja em relação à experimentação; por isso, ocultaram-se e continuaram as suas investigações em segredo. Para os alquimistas, não existia heresia – ao passo que para a Igreja não existia um alquimista não herético; por isso, toda a prática alquímica se tornou conhecida por Arte Negra.

A alquimia tinha muitos níveis: o exterior, ou exotérico, estava relacionado com o trabalho e as experiências com metais, mas havia outros níveis, sucessivamente mais secretos, que incluíam a realização da misteriosa «Grande Obra». Esta era interpretada como o momento culminante da vida de um alquimista, quando ele transforma, finalmente, o “vil metal em ouro”.

Contudo, nos círculos esotéricos, ele também é considerado o momento em que o alquimista se torna espiritualmente iluminado e fisicamente revitalizado – através de um «trabalho» mágico que gira em volta da sexualidade (n.t. ativação e elevação da Kundalini, através dos sete chakras…). (Esta questão será discutida pormenorizadamente, mais tarde). Parece que o Grande Trabalho, a Grande Obra alquímica, como uma metáfora, representava um ato de suprema iniciação.



Talvez se pensasse que este rito conferia longevidade. Dizia-se que Nicolas Flamel, alegadamente grão-mestre do Priorado de Sião, realizara a Grande Obra acompanhado por sua mulher, Perenelle, a 17 de Janeiro de 1382, e depois vivera durante um tempo excepcionalmente longo.

Na alquimia, o símbolo da Grande Obra completada é o hermafrodita – literalmente, o deus Hermes (Thoth) e a deusa Afrodite fundidos numa só pessoa. Leonardo ficou fascinado com os hermafroditas, a ponto de encher folha após folha do seu bloco de papel de esboços com desenhos deles – alguns pornográficos. E o estudo recente do mais famoso retrato do mundo – a Mona Lisa do sorriso enigmático – mostrou, de forma convincente, que a imagem «dela» não era outra senão a do próprio Leonardo.

Os investigadores Dr. Digby Quested do Maudsley Hospital de Londres e Liliam Schwartz dos Bell Laboratories dos EUA. usaram as mais sofisticadas técnicas de computador, independentemente um do outro, para ajustar o rosto do retrato com o rosto do artista, e o resultado foi um ajustamento perfeito. Talvez fosse apenas uma das suas inteligentes “brincadeiras” feitas à posteridade, mas também existe a possibilidade de que Leonardo, sendo um alquimista, estivesse a encerrar numa cápsula a sua ideia de ter realizado a “Grande Obra” alquímica. (n.t. fato que ficou registrado no sudário de Turim, com a impressão da imagem de Leonardo no tecido).

Algumas pessoas pensam que esta realização podia provocar uma transformação física tão profunda que o alquimista de sucesso podia mesmo mudar de sexo – talvez fosse este o conceito que inspirou a Mona Lisa. Mas o símbolo do hermafrodita também representa o momento do orgasmo, quando os participantes masculino e feminino do rito experimentam a sensação de se fundirem um no outro, ultrapassando os seus próprios limites e atingindo um conhecimento místico de si mesmos e do Universo.

As catedrais góticas ostentam muitas figuras curiosas, desde demônios até ao Homem-Verde. Mas algumas são extraordinariamente estranhas: uma gravura da Catedral de Nantes representa um homem a olhar para um espelho, mas a parte posterior da cabeça é, de fato, a de um homem velho. E, em Chartres, a chamada gravura da «rainha de Sabá» exibe, efetivamente, uma barba. Os símbolos alquímicos encontram-se em muitas catedrais que estão associadas aos Cavaleiros Templários.



Estes elos de ligação são implícitos, mas Charles Bywaters e Nicole Dawe descobriram lugares templários do Languedoc-Roussillon com símbolos alquímicos explícitos: A nossa investigação mostrou, entre outras coisas, que eles estavam muito familiarizados com as propriedades do solo. Numa determinada área, criaram um hospital para os Templários que regressavam da Terra Santa, porque o solo tinha propriedades terapêuticas. Existem sinais alquímicos nesse lugar…

É muito claro que eles estavam familiarizados com a alquimia. É significativo quando encontramos uma localização especialmente escolhida devido à natureza do solo, onde existem claros sinais alquímicos na estrutura e onde existem ligações com os cátaros e os muçulmanos. É uma evidência sólida e documentada; é muito fácil de provar.

Durante as nossas viagens em França, verificamos repetidamente que cidades que foram antigamente propriedade templária – como Utelle na Provença e Alet-les-Bains, no Languedoc – se tornaram, subsequentemente, centros de estudos da alquimia. Também é importante que os alquimistas, como os Templários, tivessem uma veneração especial por João Batista.

Como vimos, as grandes catedrais e muitas igrejas famosas foram construídas em lugares conhecidos por terem sido consagrados a antigas deusas. Por exemplo, Notre Dame de Paris ergueu-se dos alicerces de um templo de Diana, e St. Sulpice, em Paris, foi construída sobre as ruínas de um templo de ÍSIS. Em si, isto não é invulgar porque, em toda a Europa católica, as igrejas foram construídas em antigos lugares de cultos pagãos, como uma atitude deliberada por parte da Igreja para mostrar que triunfara sobre os pagãos.

Mas, muitas vezes, o que realmente aconteceu foi que os habitantes locais apenas adaptaram a sua forma de paganismo para incluir o catolicismo e consideraram o lugar da nova igreja como complementar da Antiga Religião, mais do que antagônico.



No entanto, dada a prova dos interesses mais profundos dos Templários, não poderia ser, no caso das catedrais, que elas se destinassem a continuar o culto do feminino no divino, mais do que a suprimi-lo? Talvez as catedrais fossem hinos à deusa, esculpidos em pedra, e a «Notre Dame», a quem tantos deles eram devotados, fosse realmente o próprio princípio feminino da divindade – a Sophia, a deusa…

Atualmente, a maioria das pessoas considera a arquitetura (exterior) gótica como sendo muito «masculina», com as suas elevadas espirais e as naves em forma de cruz, mas a maior parte da decoração interior é sutilmente feminina, especialmente as esplêndidas rosáceas. Barbara G. Walker mostra a importância de:

[…] a Rosa, que os antigos romanos conheciam pela Flor de Vênus, essa flor era o distintivo das prostitutas sagradas. Palavras proferidas «ao abrigo da rosa» (sub rosa) faziam parte dos mistérios sexuais de Vênus, não podiam ser reveladas aos não-iniciados […] Na grandiosa era da construção das catedrais, quando Maria era venerada como deusa, nos seus «Palácios de rainha do Céu», ou Notre Dame, ela era evocada como a Rosa, a Roseira, a Grinalda de Rosas… a Rosa Mística. Como um templo pagão, a catedral gótica representava o corpo da deusa, a qual era também o seu Universo, contendo no seu interior a essência do masculino […]

A rosa, como veremos, foi também o símbolo adotado pelos trovadores, os cantores das canções de amor do Sul da França, que estavam intimamente ligados aos mistérios eróticos, outros símbolos, encontrados nas catedrais góticas, transmitem fortes mensagens subliminares relativas ao poder do Feminino.

Teias de aranha esculpidas na pedra – uma imagem repetida na cúpula da clarabóia da igreja de Notre-Dame de França, em Londres – representam Aracne, a deusa-aranha que rege o destino do homem, ou ÍSIS, no seu papel de fiandeira do destino. Igualmente o grande dédalo ou labirinto, desenhado no pavimento da Catedral de Chartres, remete para os mistérios femininos através dos quais o iniciado pode encontrar o seu caminho, seguindo o fio que a deusa fiou para ele.

Este lugar (a Catedral de Chartres) não se destina ao louvor da Virgem Maria, particularmente porque ela também contém uma Madona Negra – Notre Dame de Souterrain (Nossa Senhora do Mundo Inferior). Também em Chartres existe um vitral que representa Maria Madalena chegando no sul da França, de barco, combinando, assim, uma referência desta lenda com a de ÍSIS, para quem este era também um meio de transporte favorito. [Talvez o título de Nautonnier (timoneiro) dos grão-mestres do Priorado remeta para o seu suposto papel no Barco de ÍSIS.] Esta janela é a mais antiga representação da lenda de Madalena NA França, e, numa catedral, a tantas milhas de distância da Provença, certamente os arquitetos a consideraram de grande importância.

Ao mesmo tempo que se construíam as catedrais, a heresia encontrou uma outra expressão, assegurando, deste modo, que a sua mensagem ficaria na história – embora, como A Última Ceia de Leonardo, os códigos através dos quais ela encontrou expressão sejam, por vezes, mal interpretados. Esta outra tradição herética era a lenda do Graal.



Atualmente, o termo Santo Graal é usado para designar um alvo elusivo, o galardão brilhante que coroará o trabalho de toda uma vida. A maioria das pessoas compreende que ele se refere a uma coisa mais antiga, de natureza religiosa – geralmente, a taça por onde Jesus bebeu na Última Ceia. Segundo uma lenda, José de Arimateia, o amigo rico de Jesus, recolheu nele o sangue derramado na Crucificação, que se verificou, nessa altura, ter propriedades curativas.

A demanda do Santo Graal é interpretada como uma expedição cheia de perigos físicos e espirituais, porque aquele que o procura luta com toda a espécie de inimigos, incluindo os do domínio sobrenatural. Em todas as versões da história, a taça é um objecto literal e um símbolo da perfeição. Considera-se que ele representa algo que, ao mesmo tempo, pertence a duas dimensões – a real e a mítica – e, como tal, nunca nada prendeu tanto a imaginação.

O Graal pode ser considerado um objeto misterioso, um verdadeiro tesouro que existe algures, em alguma caverna, mas contém sempre a ideia implícita de que simboliza algo de inefável, transcendente que ultrapassa a vida de todos os dias. Esta aura de demanda espiritual surgiu não só das lendas originais do Graal mas também da cultura em que elas floresceram.

Dos milhões de palavras que têm sido escritas sobre este tema, ao longo dos séculos, na nossa opinião, algumas das mais judiciosas encontram-se em The Holy Grail de Malcolm Godwin, publicado em 1994. É uma síntese notável de todas as lendas e interpretações díspares e que, através da verbosidade, têm a percepção exata do âmago da questão. Além dos habituais elementos cristãos e célticos dos romances do Graal do fim do século XII – princípio do século XIII, Godwin também identifica um terceiro elemento, igualmente importante – o alquímico.

Este autor revela que as primeiras versões da história do Graal se inspiraram em mitos célticos que envolviam os feitos do grande herói rei Arthur e da sua corte, e muitos elementos destes contos centravam-se em conceitos de culto de deusas célticas (do feminino divino). As histórias do Graal redefiniram as velhas lendas célticas e ampliaram-nas para incluir ideias heréticas, que eram correntes no século XIII.

O primeiro dos romances do Santo Graal foi O Romance do Graal (c. 1190), a obra incompleta de Chrétien de Troyes. É significativo que a cidade de Troyes, cujo nome Chrétien adotou como apelido, fosse um centro cabalístico e o lugar do primeiro preceptorado templário – e era ali que o notável cavaleiro templário conde de Champagne reunia a sua corte. (Na verdade, a maioria dos nove Templários originais eram seus vassalos.) E a mais famosa igreja de Troyes é dedicada a … Maria Madalena. Na versão de Chrétien, não há qualquer referência ao Graal como sendo uma taça nem qualquer ligação com a última Ceia ou com Jesus, explicitamente descrita.


A ruiva Madalena e o Graal em suas mãos.

De fato, não existe nenhuma conotação religiosa óbvia, e tem-se afirmado que, se alguma existe, é distintamente pagã. Aqui, o objeto, denominado Graal, era uma escudela ou um prato – o que, como veremos, é muito significativo. De fato, Chrétien inspirara-se num conto celta muito mais antigo que tem como herói Peredur, cuja aventura envolveu o encontro com uma macabra procissão, aparentemente muito ritualista, num castelo remoto. Transportadas nesta procissão, entre outras coisas, contavam-se uma lança que gotejava sangue e uma cabeça decepada colocada numa escudela.

Um traço comum às histórias do Graal é o momento crítico, em que o herói se esquece de fazer uma pergunta importante, e é esse o pecado de omissão que o arrasta para um perigo grave. Como escreve Malcolm Goddwin:

«Aqui a pergunta, que não foi feita dizia respeito à natureza da cabeça. Se Peredur tivesse perguntado de quem era a cabeça, teria sabido como levantar o encantamento da Terra Árida» (A terra fora amaldiçoada e tornada árida.)

Mesmo incompleta, a história de Chrétien foi um enorme sucesso e deu origem a um grande número de histórias do mesmo gênero – a maioria das quais era explicitamente católica. Mas, como afirma Malcolm Godwin, referindo-se aos trovadores que as escreveram:

Eles conseguiram envolver uma obra da mais profunda heresia num mistério tão piedoso que tanto a lenda como os autores sobreviveram ao ardente fanatismo dos padres da Igreja.

As mentes ortodoxas da Roma papal, apesar de nunca reconhecerem, de fato, a existência do Graal, foram também surpreendentemente tímidas para o condenar… E o mais estranho é que a lenda não foi corrompida pela queda dos cátaros heréticos… nem mesmo dos Cavaleiros Templários, que, implicitamente, figuram em vários textos.

Uma dessas versões cristianizadas foi Perlesvaus, que foi escrita, dizem, por um monge da abadia de Glastonbury, c. 1205, enquanto outros acreditam que foi obra de um Templário anônimo. Esta história é relativa a duas demandas, que estão interligadas. O Cavaleiro Gawain procura a espada que decapitou João Baptista e que, magicamente, sangra todos os dias ao meio-dia. Num dos episódios, o herói encontra uma carroça com 150 cabeças de cavaleiros decapitados: algumas estão seladas em ouro, algumas em prata e outras em chumbo. Há também uma estranha donzela que leva numa mão a cabeça de um rei selada em prata e, na outra, a de uma rainha selada em chumbo.



Em Perlesvaus, os servidores de elite do Graal usam vestes brancas, adornadas com uma cruz vermelha – exatamente como os Templários. Há também uma cruz vermelha que se ergue numa floresta e que é vítima de um sacerdote que lhe bate «em toda a parte» com uma vara, um episódio que tem uma clara conotação com a acusação de que os Templários cuspiam e pisavam a cruz. De novo, há uma curiosa cena que envolve cabeças decepadas. Um dos guardiões do Graal diz ao herói Perceval:

«Há cabeças seladas em Prata e cabeças seladas em chumbo, e os corpos a que essas cabeças pertencem: digo-te que tens de separar dentre elas a cabeça do rei (o princípio masculino) e a da rainha (o princípio feminino).»

O simbolismo alquímico é abundante: metais vis e preciosos, reis e rainhas. Estas imagens também se encontram em profusão noutras adaptações importantes da lenda do Graal, como veremos. Apesar da tácita antipatia da Igreja pelo Graal, a versão mais cristianizada foi, de fato, escrita por um grupo de monges de Cister. Chamada Queste del San Graal, ele é mais notável pelo fato de o Cântico dos Cânticos ser a fonte do seu poderoso simbolismo místico.

De todas as histórias do Graal francamente bizarras, a mais misteriosa – e a mais provocadora – é Parcifal (c.1230) do poeta bávaro Wolfran von Eschenbach. Nela, o autor afirma que está deliberadamente a corrigir a versão de Chrétien de Troyes, que não continha toda a informação disponível. Alega que a sua versão é mais exata porque obtivera a verdadeira história através de um certo Kyot de Provença – que tinha sido identificado como Guiot de Provins, um monge que era uma expressão da Ordem dos Templários e um trovador.

Como Wolfran diz em Parcifal: «A verdadeira história, com a conclusão do romance, fora enviado da Provença para terras alemãs.» Mas o que era esta importante conclusão? Em Parcifal, o Castelo do Graal era um lugar misterioso, guardado pelos Templários (que, de modo significativo, Wolfran chama «homens batizados»), que são enviados para espalharem a sua fé em segredo. Segredo e a aversão do Grupo do Graal a ser interrogado são realçados.

No fim da história, Repanse de Schoye (a portadora do Graal) e o meio-irmão de Parcifal, Fierefiz, partem para a Índia e têm um filho chamado João – o famoso Prestes João -, que é o primeiro de uma linhagem que toma sempre o nome João… Poderia isto ser uma referência codificada ao Priorado de Sião, cujos grão-mestres, supostamente, adotam sempre este nome?



E o conceito de linhagem que é central para as teorias de Baigent, Leigh e Lincoln relativamente ao Graal. Como indica o título do seu primeiro livro, para eles, o «Santo Graal» era, de fato, o «Sangue Real Divino», baseado na ideia que o original francês sangraal. geralmente entendido como san graal (Santo Graal), devia ser corretamente interpretado como sang real – o sangue real, que eles interpretaram como uma descendência sanguínea, uma linhagem sagrada.

Baigent, Leigh e Lincoln relacionaram a importância que as lendas do Graal dão à linhagem com o que eles acreditam ser o grande segredo sobre Jesus e Madalena terem sido marido e mulher e surgiram com a sua própria teoria: o Graal das lendas era uma referência simbólica aos descendentes de Jesus e de Maria Madalena. Segundo esta teoria, os guardiães do Graal eram aqueles que conheciam esta linhagem sagrada e secreta – como os Templários e o Priorado de Sião.

Mas esta idéia apresenta uma dificuldade: nas histórias do Graal, a ênfase é na linhagem dos guardiães do Graal ou dos que encontram o Graal: o Graal, em si mesmo, é distinto deles. Apesar de ser possível que as lendas se refiram a um segredo guardado por certas famílias e passado de geração em geração, parece improvável que elas aludam realmente a uma descendência sanguínea. Afinal, a idéia surge da fixação numa simples palavra francesa – sangraal – e já vimos as dificuldades que surgem de uma hipótese que assenta na ideia da manutenção de uma descendência «pura» ao longo dos tempos.

A ligação entre as histórias do Graal e a herança dos Templários parece bastante real. Wolfran von Eschenback. segundo se pensa, viajou muito e não desconhecia os centros Templários do Médio Oriente, e o seu conto é, de longe, o mais explicitamente templário dos romances do Graal. Como escreve Malcolm Godwin: «Ao longo de Parcifal, Wolfran intercala o relato com alusões a astrologia, alquimia, à cabala e às novas ideias espirituais do Oriente.» Também inclui simbolismo óbvio, colhido no Tarot.

É na sua versão que os guardiões do Graal, no castelo de Montsalvach, são explicitamente chamados Templários. O castelo original fora identificado com Montségur, a última fortaleza importante dos cátaros – e, notavelmente, noutro dos seus poemas, Wolfran chama Perilla ao senhor do castelo do Graal. O verdadeiro senhor de Montségur, na época do poeta, era Ramon de Perella. Mais uma vez, vemos os Templários e os cátaros associados uns aos outros e a um tesouro mal definido mas muito valioso.

Na versão de Wolfran não há nenhuma taça dotada de poderes sobrenaturais; aqui, o Graal é uma pedra – lapsi exillis – que talvez signifique a Pedra da Morte, embora isto seja mera especulação. Ninguém, de fato, sabe. Segundo outras explicações, a pedra é uma jóia que caiu da coroa de Lúcifer quando ele desceu do céu à Terra, e a famosa Pedra Filosofal (lapis elixir) dos alquimistas. Neste contexto, a última interpretação é a mais verosímil: o texto, no seu todo, é rico em símbolos alquímicos.

Alguns escritores consideraram que a figura de Cundrie, a «mensageira do Graal» no Parsifal, representava Maria Madalena. (Certamente que Wagner a considerou como tal – na sua ópera Parsifal (1882), a sua Kundry traz um frasco de bálsamo e lava os pés do herói, os quais ela, como Madalena, enxuga com o seu cabelo.) Talvez haja alguma ressonância da taça do Graal no jarro de alabastro de Madalena na iconografia cristã tradicional.


Fortaleza dos Cátaros de Montségur

Em todas as histórias, no entanto, a demanda do Graal é uma alegoria da jornada espiritual do herói em direção – e para além – da transformação (evolução espiritual) pessoal. E, como vimos, uma das motivações principais de todos os verdadeiros alquimistas era precisamente essa.

Mas foi apenas o seu subtexto alquímico que tornou «heréticas» todas as lendas do Graal?

Sem dúvida que a Igreja ficou mortalmente ofendida pela maneira como as histórias do Graal ignoraram ou renegaram a sua autoridade e a da sucessão apostólica. O herói agia sozinho – embora, ocasionalmente, com auxiliares – na busca da iluminação e da transformação espirituais. Assim, na essência, as lendas do Graal são textos gnósticos acentuando a responsabilidade do indivíduo pelo estado EVOLUTIVO da sua alma.

Há, no entanto, muito mais para ofender as sensibilidades da Igreja romana e que está implícito em todas as histórias do Graal. Porque a experiência do Graal é inevitavelmente apresentada como estando reservada apenas aos grandes iniciados – a nata da elite -, algo que ultrapassa mesmo a transcendência da missa. Além disso, em todas as histórias do Graal, o próprio objeto – seja ele qual for – é guardado por mulheres.

Mesmo na história céltica de Peredur, os jovens podem empunhar a lança mas são as donzelas que transportam o que se pode chamar o protótipo do Graal – a escudela com a cabeça. Mas que faziam as mulheres ao assumirem um papel de tanta autoridade numa coisa que era, efetivamente, uma forma superior de missa? (Lembremos que os cátaros, cuja cidadela e fortaleza de Montségur foi, quase certamente, o modelo do Castelo do Graal de Wolfran, promoviam um sistema de igualdade entre os sexos, de modo que tanto homens como mulheres podiam ser chamados «sacerdotes».)

Mas é a ligação com os Templários que mais impregna as história do Graal. Como observaram diversos comentadores, a acusação de que os cavaleiros veneravam uma cabeça decepada – que se julgava chamar Baphomet – tem ressonâncias com os romances do Graal, nos quais, como vimos, figuram largamente cabeças decepadas. Os Templários foram acusados de atribuir poderes semelhantes aos do Graal a este Baphomet: fazia florescer as árvores e tomava a terra fértil. De fato, os Templários não só foram acusados de reverenciar esta cabeça-ídolo como também possuíam um relicário em prata, com a forma de uma caveira feminina, que era designada apenas por caput (cabeça).


A “santa” igreja romana tem verdadeiro horror do poder feminino, do poder da deusa…

Hugh Schonfield, ao considerar as implicações desta cabeça feminina, juntamente com a sua «descodificação» de Baphomet como Sophia, escreve:

Pareceria haver poucas dúvidas de que a cabeça da bela mulher, pertencente aos Templários, representava a SOFIA (Sabedoria), no seu aspecto feminino e de ÍSIS, e estava associada a Maria Madalena na interpretação cristã.

As relíquias dos Templários têm a fama de terem incluído o (suposto) indicador direito de João Baptista, o que pode ser mais importante do que parece. Como vimos no Capítulo I, Leonardo representava figuras de cenas religiosas apontando para cima, deliberada e ritualisticamente com o indicador direito, e este gesto parece ter estado relacionado com João Batista. Por exemplo, vimos que um indivíduo que parecia estar a venerar a alfarrobeira na Adoração dos Magos estava a fazer este gesto: tanto a árvore como o gesto estão associados a João.

A relíquia, considerada ter sido propriedade dos Templários, pode ter sido a razão material de Leonardo ter aderido a estas imagens.(Jacobus de Voragine, em Golden Legend, relata uma tradição segundo a qual o dedo de João Batista – a única parte do corpo decapitado que escapou à destruição ordenada pelo imperador Juliano – foi trazido para França por Sta. Tecla, portanto, talvez haja razão para acreditar que a relíquia dos Templários e a da lenda fossem uma e a mesma relíquia. E De Voragine também registra que, segundo a lenda, a cabeça de Batista foi enterrada debaixo do Templo de Herodes, em Jerusalém, onde os Templários fizeram escavações).

Os Templários são continuamente associados ao Graal. A escritora de viagens britânica Nina Epton, em The Valley of Pyrene (1955), descreve a sua subida às ruínas do castelo dos Templários de Montréal-de-Sos, no Ariège, para observar os murais que representam uma lança com três gotas de sangue e um cálice – uma imagem claramente inspirada nas lendas do Graal.

Outros graffiti bizarros foram encontrados no castelo de Domme, onde muitos Templários estiveram prisioneiros. Ean e Deike Begg descrevem uma estranha cena da Crucificação, a qual representa José de Arimateia (tendo na mão uma cruz de Lorena), à direita, recolhendo gotas do sangue de Jesus. À esquerda, vê-se uma mulher nua, grávida, tendo na mão uma vara ou um bastão.

Há outros elos de ligação mais curiosos. Em St. Martin-du-Vésubie, na Provença, que, como vimos, é um lugar famoso de culto a Madona Negra e dos Templários, existe uma lenda que reúne interessantes elementos das histórias do Graal. Diz-se que os Templários daquele local foram todos decapitados durante a repressão – o que, dada a completa falta de verificação oficial, parece altamente improvável – e que eles amaldiçoaram a terra. Os homens tornaram-se impotentes ou estéreis e a terra árida. Qualquer que seja a verdade da questão, é um fato histórico que, em 1560, o duque Emmanuel Filibert de Sabóia mandou exorcizar a terra, porque ela se encontrava num estado lastimável.



De fato, um dos montes vizinhos ainda é conhecido por Maledia (de modo geral, traduzido por «doença»). Mas a parte mais significativa desta triste história é a que associa a decapitação dos Templários com uma maldição sobre a terra – dois elementos essenciais do cânone do Graal. Para os autores das histórias do Graal, havia alguma coisa relacionada com cabeças decapitadas, ou, talvez, com uma cabeça decapitada, que lançou a maldição sobre a terra mas que também podia oferecer abundância àqueles que ela favorecia.

As diferentes histórias do Graal e os vários elementos que elas contêm podem parecer confusos, mas no seu estudo monumental das lendas do Santo Graal, The Hidden Church of the Holy Grail (1902), o grande erudito ocultista A. E. Waite discerniu a presença de uma tradição secreta no seio do cristianismo, que inspirou todo o conceito das lendas. Waite foi um dos primeiros a reconhecer os elementos alquímicos, herméticos e gnósticos das histórias. Embora estivesse certo de que há fortes sugestões da existência dessa «igreja oculta» nas lendas do Graal, ele não chega a qualquer conclusão definitiva relativa à sua natureza, mas dá um lugar importante ao que ele designou por «Tradição Joanina».

Ele refere-se a uma antiga ideia dos círculos esotéricos, relativa a uma escola mística do cristianismo, que foi fundada por João (o discípulo amado) Evangelista baseada nos ensinamentos secretos que ele recebera de Cristo, através de Jesus. Este conhecimento arcano não surgia no cristianismo externo ou exotérico que proveio dos “ensinamentos” de Pedro e Paulo. Notavelmente, Waite considera que esta tradição chegou à Europa, via sul da Gália – o Sul da França – antes de se infiltrar na primitiva Igreja Céltica da Bretanha.

Apesar dos elementos célticos das histórias do Graal, Waite considera a sua influência joanina como oriunda do Médio Oriente, via Templários. Habilmente, ele não a declara a única ligação possível, porque não há provas conclusivas dela, mas admite que seja a mais plausível. No entanto, ele está certo de que os romances do Graal se basearam em qualquer gênero de «igreja (conhecimento-Sofia) oculta» que estava relacionado com os Templários.

A insistência de Waite numa tradição «joanina» foi um tanto desesperante – ele não a desenvolveu e a sua fonte permanece envolta em mistério. Mas, claramente, ela pareceu oferecer um elo de ligação potencialmente excitante entre as histórias do Graal e um S. João – aquele que, como veremos no próximo capítulo, viria dar sentido a muita da aparente confusão que rodeia esta questão.

As histórias do Graal são ainda outra manifestação das idéias secretas que circulavam na França medieval sob os auspícios dos Templários, como o culto da Madona Negra. A ligação entre os dois é notável. Ambos são baseados nos primitivos temas pagãos: as histórias do Graal baseadas em mitos célticos e o culto da Madona Negra baseado nos santuários de deusas pagãs. Contudo, ambos floresceram nos séculos XII e XIII, devido ao contato – via Templários – com a “Terra Santa”.

Os Templários eram um repositório de conhecimento colhido em muitas fontes esotéricas, incluindo as da alquimia e da sexualidade sagrada. [A ligação entre as Madonas Negras, os Templários e a alquimia é o tema de um estudo do historiador francês Jacques Huynen, em L’énigme des Vierges Noires (O Enigma das Virgens Negras) (1972).] E a «ponte» entre as idéias exóticas e esotéricas dos Templários e o mundo católico da sua época estava personificada na imagem de uma mulher: Maria Madalena.



Tudo isto aconteceu há muito tempo. Há muito que os cátaros desapareceram. e a Ordem do Templo foi extinta não muito tempo depois. Mas este conhecimento secreto, esta consciência mística e alquímica do Feminino, também está enterrado sob a poeira dos séculos?


Talvez não. Talvez se tenha tornado o mais excitante e mais perigoso segredo mantido vivo no mundo secreto da Europa atual.

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30.06.15

OS GUARDIÕES DO GRAAL

Capítulo 05 A 

 

Posted by Thoth3126 on 11/01/2015

Santo-graal



Segundo a “linha acadêmica clássica e erudita”, idéias ocultistas acerca dos Templários são um absurdo; muitos historiadores afirmam que eles eram simplesmente os monges-guerreiros que afirmavam ser, e qualquer sugestão de que estivessem envolvidos em qualquer coisa remotamente mística, esotérica e ocultista é resultado de uma imaginação excessiva ou de investigação pouco cuidadosa.

Porque este é o “consenso erudito”, historiadores que se interessam por esta faceta da ordem não ousam revelá-lo abertamente por receio de perderem a sua reputação (e fundos acadêmicos). Assim, esta investigação ou é evitada ou, se é feita, nunca é publicada. (Há vários historiadores respeitados que, em privado, reconhecem que o lado esotérico, místico e ocultista dos Templários é importante, mas nunca o reconhecerão publicamente.)

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 05 A – OS GUARDIÃES DO GRAAL – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ” de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO 5-A – OS GUARDIÃES DO GRAAL

Esta atitude conduziu a um abandono do estudo de certos lugares importantes dos Templários. E verificamos que a região que é a maior vítima deste fenômeno – a um ponto mistificador – é a região do nosso particular interesse, o Languedoc-Roussillon. Fora da Terra “Santa”, em Jerusalém, esta era a pátria da Ordem dos Cavaleiros Templários – mais de 30% de todas as fortalezas e postos de comando templários, em toda a Europa, encontravam-se nesta pequena área. Contudo, uma quantidade insignificante de trabalho arqueológico tem sido realizado ali, e há alguns lugares importantes que nunca foram investigados.

Felizmente, o abandono oficial é contrabalançado por muitos investigadores particulares com um interesse apaixonado por estes cavaleiros misteriosos de mantos brancos com cruzes vermelhas, e muitos habitantes locais consideram seu dever preservar e proteger os velhos lugares templários. Também existem várias organizações de investigação «amadoras» (no sentido de que não são subsidiadas, mas, de modo algum, no que respeita à qualidade dos seus conhecimentos), como o Centro de Estudos e Investigação Templários, dirigido por George Kiess, em Espéraza (Aude), na França, que envergonharam os “acadêmicos e eruditos”.



As descobertas feitas por estes entusiastas a partir de um estudo dos lugares e de muitos documentos templários esquecidos nos arquivos locais são impressionantes – especialmente, dada a falta de fundos e a pura frustração de lidar com arquivistas apáticos e historiadores profissionais.

Um destes grupos de investigação é o Abraxas, dirigido pela expatriada britânica Nicole Dawe e pelo texano Charles Bywaters a partir de estância termal de Rennes-les-Bains, em Aude. As suas investigações, em conjunto com as da rede de grupos similares, produziram sólidas e documentadas descobertas que, literalmente, reescreveram os estudos sobre os Cavaleiros Templários.

Lutando contra a maré da apatia oficial, por um lado, e contra o entusiasmo excessivo dos caçadores de tesouros locais – que representam uma verdadeira ameaça à estrutura dos lugares – por outro, Nicole e Charles descobriram lugares-chave dos Templários que nunca tinham sido tocados pelas pás dos arqueólogos “oficiais”. Grande parte do seu trabalho ainda é inédito, embora eles planejam a publicação em futuro próximo.

Assim, para descobrir mais coisas sobre os Templários nesta terra herética do Languedoc-Roussillon, não foi aos “acadêmicos e eruditos” que nos dirigimos, mas a Charles e a Nicole.

Sentados no apartamento de Charles, situado na rua principal (e, na verdade, quase a única rua) de Rennes-les-Bains, começamos por o interrogar, e a Nicole, sobre as possíveis ligações entre os Templários e os Cátaros. Eles responderam que existiam claros elos de ligação entre os dois grupos, que ultrapassam os simples laços familiares e que foram geralmente ignorados pelos historiadores – por exemplo, no auge da Cruzada dos Albigenses, os Templários albergavam fugitivos cátaros, e existem exemplos documentados de que eles também socorriam cavaleiros que lutavam ativamente a favor dos cátaros contra os cruzados da igreja de Roma.



Como disse Nicole:

Só temos de examinar os nomes de família dos cátaros nos documentos da Inquisição, e os nomes dos Templários do mesmo período, para verificar que são os mesmos. Mas, mais particularmente, é inegável que certos lugares templários alojaram, protegeram e enterram cátaros em chão sagrado.

Têm surgido sugestões cínicas de que isto se deve ao fato de estas pessoas, para se tornarem membros leigos do Templo, lhes doarem todos os seus bens. De fato, temos provas de cátaros que recorreram aos Templários depois de terem sido completamente desapossados e foram não só recebidos e protegidos como morreram e foram lá enterrados. Mais tarde, os Templários, por vezes, fizeram o que puderam para assegurar que as famílias cátaras, ou seus descendentes, recuperassem as suas terras.

Charles acrescentou:

Numa área em particular, os Templários permitiram claramente atividade hostil contra os interesses de Roma a partir dos seus domínios. Os cavaleiros cátaros continuavam a participar na luta contra a igreja romana, depois retiravam-se para propriedade templária.

Esse fato é muito facilmente documentado.

Pareceu-nos muito significativo que, dado que muitas acusações levantadas contra os Templários foram definitivamente forjadas, a única coisa que não foi usada como prova contra eles foi a sua estreita ligação com proscritos como os cátaros. Que a Inquisição tinha inteiro conhecimento dessa ligação é revelado pela exumação, levada a cabo pela Inquisição, de corpos de cátaros enterrados em terra templária, para serem queimados como meio de intimidação dos supostos heréticos, mais de trinta anos depois do fim da cruzada. (E foi a Inquisição que torturou os Templários, portanto, se alguém conhecia a ligação com os cátaros, eram os inquisidores da igreja romana.)

Era evidente que mais alguma coisa se passava, talvez alguma coisa do conhecimento da Coroa francesa, mas que era considerado tão perigoso tornar público que nunca uma palavra acerca dela se tornou conhecida. Em toda a nossa investigação sobre os Templários, de fato, tivemos um sentimento inquietante – mas crescente – de que havia algum segredo monumental escondido sob a superfície da história “oficial“. Seria possível que os Templários e os cátaros partilhassem de algum conhecimento potencialmente explosivo? (n.t. especialmente contra o circo romano) E poderia ter sido este segredo o verdadeiro motivo de Filipe, o Belo, para montar uma campanha tão bem planejada de extermínio contra os Templários?


A Inquisição da igreja romana: O réu era amarrado com as mãos para atrás e içado a uns 4 metros do chão e violentamente solto lá de cima, segurando-o antes de atingir o chão. Em alguns casos, colocavam-se pesos nos tornozelos para aumentar a dor.

Nem todos os Templários foram aniquilados naquela sexta-feira, dia 13 de outubro. Muitos escaparam e se esconderam nos países vizinhos da França, onde foi-lhes permitido viver e voltar a reagrupar-se sob um nome diferente, e dois países, em particular, ofereceram refúgio seguro aos cavaleiros Templários fugitivos – a Escócia e Portugal. (Neste último, os cavaleiros tornaram-se conhecidos pela Ordem dos Cavaleiros de Cristo.) A área em redor do Languedoc, segundo Charles e Nicole nos informaram, constituiu uma curiosa exceção ao padrão global da perseguição aos Templários.

O Roussillon, a leste desta área, estava sob os auspícios do reino espanhol de Aragão, embora a parte norte, que incluía Carcassonne, fizesse parte da França. Os Templários do Roussillon foram presos e julgados – mas declarados inocentes – e, quando o papa dissolveu oficialmente a ordem, os cavaleiros ingressaram noutras irmandades semelhantes ou viveram o resto das suas vidas da renda das suas terras.

Como vários comentadores têm sugerido, os Templários sobreviveram à tentativa de os exterminarem totalmente e continuaram a existir até mesmo nos dias de hoje, embora as provas sugiram que sofreram vários cismas e atuaram como organizações diferentes, todas proclamando-se descendentes diretas da ordem original, mas nenhuma sendo realmente a continuação da ordem original.

Se os Templários estavam escondendo (n.t. conhecimento considerado herético pelo circo de Roma) alguma coisa – que era considerada tão perigosa pelo rei francês, que o levou a tomar medidas tão drásticas contra eles -, que podia ser? Quem estava a usar quem – o papa ou Filipe? De qualquer ângulo que a história seja encarada, parece faltar um elo de ligação crucial.

Suponhamos que este componente elusivo estava relacionado com o Priorado de Sião. Como já vimos, existem indicações de uma presença misteriosa que inspirou a própria criação dos Templários, e este grande grupo-fantoche (quem quer que fossem) parecia dirigir as cenas subsequentes. Charles e Nicole não duvidam da existência de um «círculo (de Iniciados) secreto» no seio da liderança dos Cavaleiros Templários, que antecedeu até mesmo o seu começo oficial; e vão ao ponto de argumentar que todo o movimento Templário foi criado para dar um rosto público a este círculo secreto, no momento em que a Terra Santa se abriu aos viajantes europeus e às pesquisas “arqueológicas” nas escavações realizadas durante os dez primeiros anos em que a ordem foi composta somente pelos nove cavaleiros iniciais.



Outros investigadores também chegaram à mesma conclusão. Como escreve o autor francês Jean Robin (baseando-se na investigação de George Cagger):

A Ordem do Templo era, na verdade, constituída por sete círculos «exteriores», dedicados aos mistérios menores, e por três círculos «interiores», correspondentes aos iniciados nos grandes mistérios. E o «núcleo» era composto pelos setenta Templários «interrogados» por Clemente V (depois das prisões de 1307).

Igualmente, no livro The Sign and The Seal, o autor britânico Graham Hancock escreve:

[…] a investigação que conduzi, sobre as crenças e o comportamento deste estranho grupo de monges-guerreiros, convenceram-me de que eles penetraram numa tradição de sabedoria extremamente antiga […].

Era possível manter um grupo interno secreto porque os Templários eram essencialmente uma Escola (Secreta) de Mistério – isto é, eles operavam como uma hierarquia, que se baseava na iniciação e no sigilo. Por conseguinte, é provável não só que um soldado raso Templário soubesse bastante menos que os seus superiores mas também que as suas reais crenças fossem diferentes. É provável que a maioria dos Cavaleiros Templários não fossem mais do que os simples soldados cristãos que pareciam ser, mas o círculo interno e de comando era muito diferente.

O círculo interno dos Templários parece ter existido para promover a pesquisa ativa das matérias esotéricas, ocultistas, alquímicas, gnósticas e religiosas. Talvez uma das razões do seu sigilo fosse o fato de estarem lidando com os aspectos arcanos dos mundos judaico e islâmico. Eles procuravam, literalmente, os segredos do Universo, onde quer que suspeitassem que eles se podiam encontrar, e, no decurso das suas deambulações geográficas e intelectuais, vieram a tolerar – talvez mesmo a adotar – algumas crenças muito heterodoxas para o ortodoxo e dogmático catolicismo romano.

Nessa época, tinha de haver uma força impulsionadora muito forte para andar em busca de conhecimento contra todas as desvantagens, e os Templários não estavam interessados nas complexidades da pesquisa pela pesquisa – eles não eram mais do que pessoas extremamente práticas. Quando seguiam uma determinada linha de investigação, era por uma boa razão, e, por isso, deixaram certas pistas relativas ao que era particularmente importante para eles.

Uma dessas indicações reside nas obsessões de Bernardo de Clairvaux, a primitiva eminencia parda dos Templários. Este monge intelectual, mas impetuoso, aparentava ser extremamente devotado à Virgem (n.t. Devotado à parte feminina da divindade) Maria, como provam os seus múltiplos sermões. No entanto, parece que a Virgem Maria não era o verdadeiro objeto do amor espiritual de Bernardo.

Era uma outra Maria, uma cuja verdadeira identidade é sugerida pelo fato de ele ter muita simpatia pelas Madonas Negras. Bernardo também escreveu cerca de noventa sermões sobre o tema do Cântico dos Cânticos e pregou muitos mais, ligando explicitamente a «Noiva» Maria de Betânia que, nessa época, era inquestionavelmente assumida como sendo a própria Maria Madalena.

«Sou negra, mas graciosa», diz a mulher apaixonada, uma frase que também associa o Cântico dos Cânticos ao culto da Madona Negra – ao qual Bernardo (que nasceu em Fontaines, próximo de Dijon, um centro de culto e adoração da Madona Negra) era excepcionalmente dedicado. Afirmou ter recebido a sua inspiração na infância, tendo recebido três gotas de leite milagroso do peito da Madona Negra de Châtillon. Tem-se especulado que esta afirmação era uma referência codificada à sua iniciação no culto da Madona Negra. E, quando Bernardo pregou a Segunda Cruzada, decidiu fazê-lo em Vézelay, um centro de veneração à Maria Madalena.


A ÍSIS negra, simboliza a Mãe Cósmica, a parte FEMININA da Divindade Criadora, representado geometricamente pelo TRIÂNGULO com o vértice para baixo, formado pelas Mãos de ÍSIS.

É provável, assim, que a aparente devoção de Bernardo à Virgem fosse apenas uma cortina de fumaça para a sua indubitável paixão por Madalena, embora as duas não se excluam mutuamente. Contudo, ao criar a regra templária, Bernardo chamou os Cavaleiros à «obediência de Betânia, o castelo de Maria e Marta», e é conhecido por ter transmitido à ordem esta particular devoção (conhecimento).

Mesmo quando confrontados com a extinção total, os cavaleiros aprisionados com último grão-mestre Jacques de Molay, nas masmorras da fortaleza de Chinon, compuseram uma oração dedicada a Notre Dame (Nossa Senhora) em que recordam S. Bernardo como o fundador da religião da Santa Virgem Maria. Mas, dadas todas as outras provas, isto podia ter sido outra referência codificada ao culto de Madalena (da Deusa).

É significativo que o juramento templário fosse prestado a «Deus e a Nossa (Deusa) Senhora» – ou, muitas vezes, a «Deus e a Santa Maria». Há uma indicação de que a «Nossa Senhora» referida no juramento não é a “Virgem” Maria, o que também é reforçado pelas palavras da absolvição templária: «Peço a Deus que te perdoe os teus pecados como perdoou a Santa Maria Madalena e ao ladrão, que foi crucificado.» – No mínimo, isto revela a importância de Madalena para os Templários. (É digno de nota que, no caso dos Templários do Roussillon, as condições em que estavam acorrentados eram deliberadamente agravadas – por ordem do papa -, especificamente, no dia da festa de Santa Maria Madalena. Não esquecer que o massacre de Béziers ocorreu no dia desta festa, para evidenciar a natureza da «heresia».)

De fato, os Templários estavam interessados em todo o conceito do Feminino Divino – um conceito que pode parecer estar em séria contradição com a sua imagem de guerreiros. Mas, como Charles e Nicole descobriram, a Ordem do Templo incluía as mulheres em seu seio. Nos primeiros anos da sua existência, muitas mulheres prestaram o juramento da ordem, embora permanecessem membros leigos do Templo. No entanto, não há nenhuma indicação de que existisse um enclave secreto de rainhas-guerreiras no seio da Ordem do Templo, como escrevem Michael Baigent e Richard Leigh em «The Temple and The Lodge» (1980):

[…] em Inglaterra, um relato do fim do século XII fala de uma mulher ter ingressado no templo como irmã, e parece implicar claramente uma espécie de ala feminina ou complementar da ordem. Mas nunca se encontrou nenhuma elaboração ou clarificação do fato. Mesmo esta informação, como devia ter estado contida nos registos oficiais da Inquisição, há muito que desapareceu ou foi suprimida.

Nicole e Charles, baseados no seu estudo minucioso de documentos templários, são mais categóricos:

Se consultarmos documentos do século XII, encontramos numerosos exemplos de mulheres terem ingressado na ordem, certamente no primeiro século da sua existência. Qualquer novo membro tinha de fazer o juramento de dar «a minha casa, as minhas terras, o meu corpo e a minha alma à Ordem do Templo». Estes documentos encontram-se principalmente nesta área [o Languedoc] e são exemplos bastantes para mostrar que deve ter havido um grande número de mulheres envolvidas, ao mesmo tempo que os homens.

Charles e Nicole também referem que houve uma alteração posterior nas regras, em que os Templários ficavam especificamente proibidos de aceitar mulheres – com a implicação de que, até aquele momento, eles as tinham aceitado.



Quando manifestamos alguma surpresa por este fato não ser mais conhecido, e, além de algumas vagas indicações, o envolvimento das mulheres não ser realçado nas obras clássicas sobre os Templários, Charles nos explicou:

Por vezes, parece que grande parte desta informação foi intencionalmente ignorada. O que temos nos livros é muita informação redundante, a mesma coisa, repetidamente relembrada. Só pode ser uma de duas coisas: ou estas pessoas são cegas ou, por qualquer razão específica não realçam esta informação. No caso de um investigador, o que se supõe que estas pessoas sejam, isso é bem visível. Mas é ignorada.

É notável que a rusga de 13 de Outubro de 1307 fosse tão surpreendentemente isenta de derramamento de sangue. Em toda a França, os senescais do rei abriram as suas ordens seladas, as quais lhes ordenavam que organizassem tropas suficientes para prender os guerreiros mais bem preparados da Cristandade – qualquer coisa como a típica esquadra de Polícia suburbana do Reino Unido receber ordens para reunir forças para prender membros do SAS estacionados na sua área. E a maioria dos Templários de França parece ter ido como cordeiros para o matadouro. E estranho que os Cavaleiros não tivessem pedido reforços doutros países.

É significativo que alguns Cavaleiros, incluindo o tesoureiro da ordem, conseguissem escapar-se, de um modo que sugeria que tinham morrido. Além disso, a famosa armada naval dos Templários, que estivera fundeada junto à costa francesa, simplesmente desaparecera nessa altura. Em todos os registos da espoliação templária, ordenada pelo rei de França, não figura um único navio templário e nem mesmo uma única moeda. Para onde foi a armada? Era impossível ter desaparecido sem deixar vestígios.

Mas o círculo interno dos Templários pareceu recorrer a todos os meios para preservar o seu conhecimento secreto. Como demonstrou Hugh Schonfield, o respeitado estudioso do Novo Testamento, os Templários usavam um código em suas comunicações conhecido por «Cifra Atbash». Isto é verdadeiramente notável, porque ele fora usado pelos autores de alguns dos Manuscritos de Mar Morto, pelo menos mil anos antes da fundação da Ordem do Templo. Além de qualquer outro significado que possa ter, isto revela, por si só, que os Templários eram peritos em manter os seus segredos pelos mais engenhosos processos – e também que o seu vasto conhecimento proveio de variadas fontes esotéricas e orientais.

Schonfield revela que, quando o código se aplica ao nome do ídolo da misteriosa cabeça decepada, alegadamente venerada pelos Templários – o Baphomet -, o nome transforma-se na palavra grega Sophia (SABEDORIA). Graham Hancock escreve em The Sign and The Seal que Sophia significa nada menos nada mais que «Sabedoria». Mas, de fato, ela significa bastante mais do que isso, e o seu significado completo acrescenta uma interpretação diferente a toda a raison d’être dos Templários.

Simplesmente referida como «Sabedoria», em hebraico Chokmah – uma figura feminina, que surge no Antigo Testamento, especificamente no Livro dos Provérbios -, Sofia provocou muitos embaraços a comentadores judaicos e católicos, porque ela é apresentada como a companheira de Deus. É ela quem tem influência sobre ele e, de fato, o aconselha.



Sofia (sabedoria do Feminino Sagrado) também era central para a cosmologia gnóstica (n.t. adotada pelos Cátaros e por este motivo massacrados pela igreja romana)- na verdade, no texto de Nag Hannmadi chamado Pistis Sophia, ela era intimamente associada a Maria Madalena. E, como Chokmah, ela é chave para a compreensão gnóstica da cabala (o importante e muito influente sistema ocultista que constituiu a base da magia medieval e renascentista). Para os gnósticos, ela era a deusa grega Athena e a deusa egípcia ÍSIS – que, por vezes, era chamada Sofia.

Só por si, evidentemente, o uso da palavra Sofia, por parte dos Templários – como estando codificada em «Baphomet» – não prova qualquer veneração especial dos Cavaleiros pelo principio divino feminino. Podem ter admirado apenas a busca da sabedoria. Contudo, há muitas outras indicações de que isso fazia parte de uma profunda obsessão com o princípio feminino divino, a qual ultrapassava muito a mera semântica – no que diz respeito aos Templários e também a outros grupos esotéricos. Como afirmou Niven Sinclair, um investigador escocês cujo conhecimento dos Templários é particularmente vasto:


«Os Cavaleiros Templários eram firmes crentes do aspecto feminino da divindade.»

Para Sinclair, não há dúvida disso, nem há nada de estranho nisso. Os Templários, por norma, construíam as suas igrejas redondas porque acreditavam que era a forma que melhor representava o DIVINO. Por sua vez, isso pode ter simbolizado a ideia de um universo redondo, mas é mais provável que tivesse representado o Feminino. Círculos e ciclos foram sempre associados a deusas pagãs de todas as culturas e a todas as coisas femininas. tanto esotéricas como biológicas. É um símbolo arquetípico, recorrente em toda a civilização: as elevações tumulares pré-históricas eram redondas porque representavam o ventre da Terra, que acolhia os mortos para renascerem como espíritos. E toda a gente está familiarizada com a rotundidade da gravidez e com o símbolo da fase-«mãe» da deusa, a Lua cheia.



Fosse qual fosse o significado da rotundidade para os Templários, é indubitável que ela nunca foi masculina. E, após a época dos Templários, a construção de igrejas redondas foi oficialmente declarada herética pela Igreja (o circo romano). Contudo, como já observamos, a Igreja francesa de Londres é redonda, uma característica que é repetida e reforçada pelos outros motivos decorativos, exteriores e interiores.

Os Templários, segundo parece, tinham adquirido um conhecimento exótico e herético, mas fora casual ou intencional? As provas apontam para o último: eles foram procurar certos segredos que, uma vez seus, os colocavam em situação de os divulgar ou de reter. Enquanto muitos dos seus segredos continuam sob a sua custódia, eles deixaram indicações de alguns deles sob a forma de código – mesmo esculpidos em pedra.

Os Cavaleiros Templários foram os grandes inspiradores da construção das grandes catedrais góticas, especialmente a de Chartres. Como preponderantes – muitas vezes, únicos – «agentes de desenvolvimento» dos grandes centros europeus de cultura em seu tempo, eles foram os inspiradores das corporações de construtores, incluindo a dos pedreiros – que se tornaram membros leigos da Ordem do Templo, com todas as suas vantagens, como a isenção do pagamento de impostos.

Em toda a longa história das grandes catedrais, o estranho simbolismo da sua decoração e o desenhos das plantas tem causado perplexidade a peritos de muitas disciplinas.

Só recentemente se compreendeu o que, sem dúvida, eles representavam: a codificação em pedra do conhecimento esotérico dos Templários. Graham Hancock, ao discutir a arquitetura sagrada dos antigos egípcios, observa que «ela apenas foi igualada, na Europa, pelas grandes catedrais góticas da Idade Média construídas pelos Templários, como a Catedral de Chartres» e põe uma questão: «Foi um acidente?». Hancock continua:


O Labirinto no interior da misteriosa Catedral de Chartres, onde parece que até o tempo se move diferente em seu interior …

Há muito que suspeitava de que tinha havido uma ligação e que os Cavaleiros Templários, através das suas descobertas, durante as Cruzadas, podiam ter constituído o elo que faltava na cadeia de transmissão do conhecimento arquitetônico secreto… S. Bernardo, o patrono dos Templários, definira Deus – espantosamente para um cristão – como «comprimento, largura, altura e profundidade». Nem pude esquecer que os próprios Templários tinham sido grandes construtores e grandes arquitetos nem que a ordem monástica de Cister, a que S. Bernardo pertencera, também se tinha distinguido neste campo particular do esforço humano.

O plano das catedrais era projetado especificamente para tomar em consideração – para exemplificar – os princípios da geometria sagrada. Isto é, a ideia de que a proporção geométrica tem, em si mesma, uma ressonância com a harmonia divina do Cosmos e que algumas proporções particulares são mais divinas que outras.

Isto sublinhava a afirmação sumária de Pitágoras de que «o número é tudo» e reforçava o conceito hermético de que a Matemática (n.t. a Geometria Sagrada) é o código em que os deuses falam ao Homem.

Particulares adeptos desta arquitetura esotérica foram os artistas e os construtores renascentistas, para os quais o «meio termo ideal» – para eles, a proporção perfeita – era quase uma panaceia universal. Contudo, isto não era, de modo algum, a soma total do seu pensamento, e o conceito de geometria sagrada impregnou toda a sua vida intelectual.

Os desenhos de Leonardo Da Vinci, sejam de homens ou de máquinas, o interior de uma flor ou a forma de uma onda, transmitem a convicção do artista de que havia significado no padrão e harmonia na proporção, e um dos seus famosos desenhos, o Homem Vitruviano (Vitruvian Man), personifica literalmente o Termo Médio Ideal.


O Homem Vitruviano e a proporção Áurea

O lendário Templo de Salomão talvez fosse para os Templários e, mais tarde, o foi para os maçônicos, a fina-flor e modelo de toda a geometria sagrada. Não era apenas um supremo deleite para os olhos de todos os que o contemplavam ou nele prestavam culto, mas ultrapassava os meros cinco sentidos. Considerava-se que fazia ressonância, de forma única e transcendental, da própria harmonia celestial; o seu comprimento, largura, altura e profundidade estavam em total harmonia com as proporções preferidas pelo Universo. O Templo de Salomão era, se quisermos, a própria alma de Deus escrita em pedra.

Muitos visitantes modernos ficam perplexos com as decorações das antigas catedrais, que são claramente de natureza astronômicas. Hoje, poder-se-ia pensar que o inconfundível signo da Constelação do Carneiro (Aries), gravado na porta principal de tão venerável edifício, devia ser uma aberração ou o fraco pessoal de um pedreiro individual? Mas, continuamente, em muitas catedrais diferentes, estes símbolos surgem – e nunca são casuais.

Todo o alto simbolismo que se encontra nas catedrais era interpretado pelos iniciados da época como o reflexo de um velho adágio hermético: Como é em cima, assim é em baixo.

{n.t. “Verum sine mendacio, certum et verissimum: Quod est inferius est sicut quod est superius, et quod est superius est sicut quod est inferius” (É verdade, sem mentira, certo e muito verdadeiro: O que está embaixo é como o que está em cima e o que está em cima é como o que está embaixo.)}

Pensava-se que a frase tinha origem na Tábua da Esmeralda de Hermes (Thoth) Trismegisto, o lendário mágico ou mago egípcio, embora as palavras possam ser muito mais antigas. Elas significam que tudo na Terra tem uma (Causa) contrapartida no céu e vice-versa, algo que Platão popularizou com o seu conceito do Ideal. Segundo este conceito, tudo o que existe, desde uma colher a um homem, era apenas uma versão do seu ideal (causa), o qual existia numa espécie de dimensão alternativa cheia de padrões perfeitos. Os mágicos – ou magos – foram mais longe, e acreditam que todo o pensamento ou ato era refletido num outro plano e que ambas as dimensões, de algum modo, se afetavam mútua e irresistivelmente. Existem ressonâncias deste conceito na moderna idéia científica de universos paralelos.


Tábua-de-Esmeralda-Thoth-Hermes-50.000-anos-desde-Atlântida

Assim, as histórias dos antigos deuses, com os seus ciúmes mesquinhos e obsessões, por vezes, sórdidas eram consideradas como sendo representativas do arquétipo da raça humana. Para os antigos, não havia discrepância entre humilhar-se perante o grande deus olímpico Zeus e acreditar que, ocasionalmente, ele revestia a forma de um animal para seduzir donzelas terrenas. Esperava-se que um deus se comportasse como um homem – mas o inverso deste conceito era a ideia herética para os judeus e para os católicos, de que um homem se podia tornar um deus.

Nada disto constituía novidade para os Templários. A planta das catedrais revela uma compreensão dos princípios herméticos por parte dos construtores e dos cavaleiros que patrocinavam a sua edificação. Eles, mais do que todos os medievais, acarinhavam especialmente a aplicação prática, sempre que possível, de qualquer conhecimento esotérico e místico. Para eles, a codificação de mensagens secretas na própria pedra das catedrais ultrapassava a mera fantasia. Como afirmam Baigent e Leigh em The Temple and The Lodge:

[…] Deus ensinara, de fato, a aplicação prática da geometria sagrada através da arquitetura. E mais uma vez nos encontramos orientados na direção do Templo de Salomão.

Continua …

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02.06.15

A Revelação Templária, 2B 

Capítulo 2B 

 No MUNDO SECRETO 






Há razões, no entanto, para tirar partido de paradoxos – mesmo dos absurdos gritantes. Temos tendência a lembrar o absurdo, e, mais, as incongruências, que são deliberadamente apresentadas como fatos escrupulosamente muito bem argumentados e têm um efeito estranhamente poderoso sobre a nossa mente inconsciente. Afinal, é esta parte de nós que cria os sonhos que funcionam com o seu tipo próprio de paradoxo e de não-lógica. E é a mente inconsciente que é o motivador, o criador que, uma vez «em movimento», continuará a trabalhar, mesmo sobre a mensagem mais subliminar, durante anos. extraindo o último pedaço de significado simbólico de uma pequena migalha de aparente engodo.


Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com


Capítulo 02 B- NO MUNDO SECRETO – Livro “The TEMPLAR REVELATION – Secret Guardians of the True Identity of Christ” de Lynn Picknett e Clive Prince.


http://www.picknettprince.com/


CAPÍTULO II B- NO MUNDO SECRETO (continuação)


Os céticos, que se orgulham, em geral, do seu discernimento material, são, por vezes, de fato, estranhamente ingênuos – porque eles vêem todas as coisas como sendo completamente brancas ou pretas, verdadeiras ou falsas, que é exatamente o modo como certos grupos querem que eles as vejam e aceitem. (n.t. e muitos, a maioria aceita como realidade aquilo que o paradigma DIZ QUE É REALIDADE). Por exemplo, qual é o melhor meio de atrair a atenção, por um lado, mas afastar os intrusos indesejados ou os curiosos fortuitos, por outro lado, do que apresentar ao público informação, aparentemente, intrigante mas também virtualmente absurda?


E como se a própria aproximação aos verdadeiros objetivos do Priorado constituísse, de fato, uma iniciação: se eles não nos são destinados, a cortina de fumaça impedir-nos-á efetivamente de fazer uma investigação mais profunda. Mas se, de algum modo, nos estiverem destinados, em breve receberemos esse material extra ou descobriremos por nós próprios, de uma maneira suspeitosamente sincrônica, esse conhecimento extra da organização que, subitamente, fará com que tudo se encaixe no seu lugar.





Na nossa opinião, é um grande erro ignorar os Arquivos Secretos apenas porque a sua mensagem explícita é manifestamente implausível. O simples volume do trabalho que implicam argumenta em favor de terem alguma coisa a oferecer. Manifestamente, muitos obsessivos desequilibrados gastaram todo o seu tempo num trabalho vasto e (aparentemente) inútil e o total homem/horas implicado nele, por si mesmo, não torna os resultados mais dignos da nossa admiração ou respeito. Mas aqui estamos lidando com um grupo que está claramente preparando um plano intrincado e, considerado em conjunto com todas as outras indicações e pistas disponíveis (que, a seu devido tempo, se tornarão evidentes), é claro que alguma coisa se passa, algo esta acontecendo. Ou eles estão tentando dizer-nos alguma coisa ou estão tentando esconder alguma coisa – enquanto continuam a dar a entender a importância do seu significado.


Assim, como devemos interpretar as reivindicações históricas do Priorado de Sião? Remonta realmente ao século XI e as suas fileiras incluíram, de fato, todos os nomes ilustres revelados nos arquivos secretos? Em primeiro lugar, pode dizer-se que há sempre um problema na comprovação da existência, atual ou histórica, de uma sociedade secreta. Afinal, quanto mais secreta ela tenha conseguido manter-se mais difícil é de comprovar a sua existência. Contudo, onde se possa provar terem existido repetidos interesses, temas e objetivos, entre os que se supõe terem pertencido a este grupo, ao longo dos anos, é seguro e mesmo sensato admitir que este grupo possa, de fato, ter existido.


Por inverosímil que possa parecer a relação dos grão-mestres do Priorado (indicada nos arquivos secretos), a investigação de Baigent, Leigh e Lincoln provou que esta não é uma lista feita ao acaso. Na verdade, existem ligações convincentes entre os sucessivos grão-mestres. Além de se conhecerem uns aos outros – e, em muitos casos, terem relações de parentesco -, estes luminares partilhavam certos interesses e preocupações. Sabe-se que muitos deles estavam associados a movimentos esotéricos e a outras “sociedades secretas”, como os (não tão secretos…) maçônicos, os rosacrucianos e a Companhia do Santo-Sacramento, e todos eles partilhavam alguns objetivos comuns. Por exemplo, há um tema, caracteristicamente hermético e ocultista, que percorre toda a literatura conhecida destas sociedades – um sentimento de verdadeiro entusiasmo pela perspectiva de o homem se tornar quase divino, no incessante alargamento dos limites do seu conhecimento que lhe proporcionará a EVOLUÇÃO.


Além disso, a nossa investigação independente, que foi apresentada no nosso último livro, confirmou que estes indivíduos e famílias, alegadamente implicados no caso do Priorado, ao longo dos séculos, foram também os mesmos inspiradores que apoiaram o que podia ser designado como a Grande Mistificação do Santo Sudário.


Como já vimos, tanto Leonardo como Cocteau empregaram simbolismo heterodoxo nas suas pinturas, supostamente católicas. Separadas por quinhentos anos, as suas imagens revelam considerável consistência – e, na verdade, outros escritores e artistas, que também estavam ligados ao Priorado, também introduziram estes motivos nas suas produções. Em si, isto sugere insistentemente que eles, de fato, faziam parte de um gênero de movimento secreto organizado que já estava bem implantado mesmo na época de Leonardo. Como ambos, ele e Cocteau, têm sido apontados como seus grão-mestres, e se considerarmos as suas preocupações comuns, parece razoável concluir que eles foram realmente membros da alta hierarquia de algum grupo, no mínimo, muito semelhante ao Priorado de Sião.





Quando alguém quer acreditar em algo, é impossível convencê-lo da verdade…


O conjunto de argumentos reunidos por Baigent, Leigh e Lincoln, em The Holy Blood and The Holy Grail, em defesa da existência histórica do Priorado, é irrefutável. E mais provas – que foram reunidas por outros investigadores – foram publicadas na edição revista e atualizada de 1996 do livro destes três autores. (Este livro é uma leitura essencial para quem se interesse por este tipo de mistério).


Todos estes argumentos mostram que havia uma sociedade secreta que atuava desde o século XII – mas é o atual e moderno Priorado de Sião o seu verdadeiro descendente? Apesar de os dois grupos poderem não estar necessariamente ligados. como se alega, certamente, o moderno Priorado tem conhecimento interno da sociedade histórica. Afinal, foi apenas por intermédio dos atuais membros que, pela primeira vez, ouvimos falar do passado do Priorado.


Mas mesmo o acesso aos arquivos do velho Priorado não implica necessariamente uma genuína continuação. Numa conversa recente com o artista francês Alain Féral – que, como protegido de Cocteau, trabalhou com ele e o conhecia muito bem -, ele afirmou-nos peremptoriamente que o seu mentor não fora grão-mestre do Priorado de Sião. Pelo menos, assegurou-nos Féral, Cocteau não estivera implicado na mesma organização que, há muito, reclamava Pierre Plantard de Saint-Claire como seu grão-mestre. Contudo, Féral levou a cabo a sua própria investigação de certos aspectos da história do Priorado de Sião, especialmente os aspectos relativos à aldeia de Rennes-le-Château, no Languedoc, e, na sua opinião, os que figuram nos Arquivos Secretos como grão-mestres, até, e incluindo, Cocteau, estavam ligados por uma genuína tradição secreta.


Nesta fase da nossa pesquisa, decidimos ignorar as supostas ambições políticas do moderno Priorado e concentrarmo-nos nos seus aspectos históricos, que podiam, evidentemente, lançar alguma luz sobre as primeiras. Os arquivos secretos – à parte a sua mitomania merovíngia – dão grande ênfase ao Santo Graal, à tribo de Benjamim e à personagem do novo Testamento, Maria Madalena. Por exemplo, em Le serpent rouge surge esta declaração:


“Daquela que desejo libertar, chegam até mim os aromas do perfume que impregna o sepulcro. Antigamente alguns invocavam-na, ÍSIS, rainha das fontes benéficas. VINDE A MIM TODOS OS QUE SOFREM E ESTÃO OPRIMIDOS E EU VOS CONFORTAREI“. Outros: MADALENA, do famoso vaso de unguento balsâmico. Os iniciados sabem o seu verdadeiro nome: NOTRE DAME DES CROSS.


Esta curta passagem é confusa, não apenas porque a última frase – Notre Dame des Cross – não faz qualquer sentido (a não ser que «Cross» seja um nome de família e, nesse caso, ela tornar-se-ia apenas um pouco mais inteligível). «Des» é a forma plural de «de», mas cross nem existe em francês e está no singular, em inglês. Há também a confusão peculiar (n.t. para os neófitos) de ÍSIS com Maria Madalena – afinal, uma era uma deusa e a outra «uma mulher perdida» e são figuras de culturas diferentes, sem qualquer ligação aparente.


Podíamos pensar, evidentemente, que há um problema imediato em ligar temas, aparentemente tão diferentes, como Madalena, o Santo Graal e a tribo de Benjamim – para não falar de ÍSIS, a deusa-mãe egípcia – com o da descendência merovíngia. Os Arquivos Secretos explicam que os francos sicambros, a tribo da qual descendiam os merovíngios, eram de origem hebraica, eram descendentes da tribo perdida de Benjamim, que emigrou para a Grécia e, depois, para a Alemanha, onde se transformou nos sicambros.





ÍSIS, segurando o ANHK (CROSS Ansata), o símbolo da vida, ATRÁS DO TRONO de Osíris, ELA é a FONTE do poder de quem se assenta no trono… CUJA BASE ESTA MANTIDA PELO ANHK…


Contudo, os autores de The Holy Blood and The Holy Grail complicaram ainda mais o cenário. Segundo eles, a importância da geração merovíngia não era apenas um sonho fantástico de um pequeno grupo de realistas excêntricos. As suas pretensões transpuseram toda a questão para uma esfera muito diferente – a esfera que prendeu a imaginação de milhares de leitores entusiásticos do livro. Eles alegaram que Jesus fora casado com Maria Madalena e que havia descendência dessa união. Jesus (o Cristo) sobreviveu à cruz, mas a sua mulher partiu sem ele, quando levou os filhos para uma colônia judaica, fundada no que é o atual (e antigamente) Sul da França. Foram os seus descendentes que se tornaram a família reinante dos sicambros, fundando, assim, a dinastia real merovíngia.


Esta hipótese pode parecer explicar os principais temas do Priorado, mas levanta as suas próprias interrogações. Como vimos, é impossível que qualquer linhagem sobreviva na forma «pura» necessária para apoiar semelhante campanha, independentemente de quem os sicambros descendiam.


É inegável que há bons argumentos a favor de Jesus ter sido casado com Maria Madalena – ou, pelo menos, de algum tipo de relação íntima com ela – que, mais tarde, discutiremos em pormenor, e mesmo de ele ter sobrevivido à Crucificação. De fato, apesar da crença popular em contrário, nenhuma destas alegações depende da obra de Baigent, Leigh e de Lincoln, tendo sido minuciosamente discutidas por vários acadêmicos, muitos anos antes da publicação de The Holy Blood and The Holy Grail.


Há, contudo, um grande problema nas hipóteses que sustentam os seus argumentos – um problema de que eles estão manifestamente conscientes, embora evitem chamar a atenção para ele. Para eles, os merovíngios são importantes porque são os descendentes de Jesus O CRISTO. Mas, se ele sobreviveu à cruz, não podia ter morrido. Pelos nossos pecados, não podia ter ressuscitado – e, por conseguinte, não era divino, não era o Filho de Deus. Então, podíamos perguntar, por que eram os seus alegados descendentes considerados tão importantes.


Uma pessoa que faz parte deste santo grupo de descendentes julgava-se ser o próprio Pierre Plantard de Saint-Clair. Apesar da linguagem empolada usada pelos comentadores em torno desta hipótese, o próprio Plantard nunca alegou ser descendente de Jesus. Nunca é de mais insistir que não é a ideia cristã de que Jesus era Deus encarnado – e, por conseguinte, os seus descendentes eram, de algum modo, também divinos – que dá à ideia da sucessão merovíngia a sua alegada importância. A base de toda esta crença é que, como Jesus era da descendência de David e, por conseguinte, o legítimo rei de Jerusalém, este título recai automaticamente, mesmo que só em teoria, sobre a sua futura família. Assim, é político, mais do que divino, o poder que se reclama para a ligação merovíngia.


Baigent, Leigh e Lincoln, manifestamente, construíram a sua teoria sobre as reivindicações apresentadas nos Arquivos Secretos, mas, na nossa opinião, eles foram um tanto seletivos ao decidirem qual destas reivindicações deviam citar como prova. Por exemplo, os Arquivos Secretos afirmam que os reis merovíngios, desde o seu fundador, Meroveus, até Clóvis (que se converteu ao cristianismo em 496 logo após salvar a igreja de Roma da extinção) eram «reis pagãos do culto de Diana». Certamente que é difícil conciliar esta afirmação com a ideia de que eles descendiam de Jesus ou de uma tribo judaica.





Jesus e Madalena seriam casados e tiveram filhos, uma heresia para a “patriarcal” ortodoxia católica.


Outro exemplo desta curiosa seletividade, por parte de Baigent, Leigh e Lincoln, é o «documento Montgomery». Segundo estes autores, este documento é «uma narrativa que emergira» entre os arquivos pessoais da família Montgomery e que um membro desta família partilhara com eles. A data da sua origem é incerta, mas a versão que lhes foi apresentada é do século XIX. Para eles, o valor deste documento residia no fato de que, em essência, ele apoiava as teorias avançadas em The Holy Blood and The Holy Grail, embora, claro, não pudesse ser considerado prova delas. Provou, pelo menos, que esta ideia – que Jesus era casado com Maria Madalena – já era conhecida, pelo menos, um século antes de eles começarem a sua investigação.


O documento Montgomery narra a história de Yeshua ben Joseph (Jesus, filho de José), que era casado com Maria de Betânia (a figura bíblica que muitas pessoas consideram ser a mesma que Maria Madalena). Como consequência direta de uma revolta contra os romanos, Maria é presa e só é libertada porque está grávida. Depois, foge da Palestina e acaba por chegar à Gália (que é hoje a França), onde dá à luz uma filha (Sarah).


Embora seja fácil compreender o motivo por que o documento Montgomery foi aproveitado por Baigent, Leigh e Lincoln como suporte para a sua hipótese, é estranho que não tenham atribuído maior importância a certos aspectos da história. Nesta narrativa, Maria de Betânia é descrita como «uma alta sacerdotisa de um culto feminino»; tal como a veneração dos merovíngios à deusa Diana, isto acrescenta à história uma feição distintamente pagã que é difícil conciliar com o conceito de que o Priorado está principalmente preocupado com a continuação da descendência do rei judaico David – a qual inclui Jesus.


Curiosamente, o moderno Priorado não confirmou nem desmentiu a hipótese de The Holy Blood and The Holy Grail – e mais uma vez se levantam suspeitas. Pode o Priorado estar se divertindo conosco?


Uma coisa se tornou muito clara para nós: a ambição motivadora do Priorado não é puramente o poder político que Baigent, Leigh e Lincoln lhe atribuem. Continuamente, os arquivos mencionam pessoas – quer entre os verdadeiros grão-mestres quer entre os associados do Priorado – que não são essencialmente políticos, mas ocultistas. Por exemplo, Nicolas Flamel, grão-mestre entre 1398 e 1418, era um mestre alquimista. Robert Fludd (1595-1637) era rosacruz e, mais próximo do nosso tempo, Charles Nodier (grão-mestre entre 1081-1844) foi uma grande influência, que inspirou o renascimento do ocultismo moderno.


Mesmo Sir lsaac Newton (grão-mestre entre 1691-1727), atualmente mais conhecido como cientista e matemático, era um alquimista e um hermético e ocultista devotado e, certamente, possuiu cópias, profusamente anotadas, dos manifestos rosacruzes. Há também, evidentemente, Leonardo da Vinci, outro gênio que os modernos interpretam mal, considerando a sua viva inteligência apenas como fruto do pensamento materialista. De fato, como vimos, as suas obsessões provieram de outras fontes e tomaram-no um candidato ideal à lista dos grão-mestres do Priorado.


Curiosamente, apesar de reconhecerem os interesses esotéricos de muitas destas pessoas, Baigent, Leigh e Lincoln parecem não avaliar o total significado das suas obsessões. Afinal, em muitos destes casos, o ocultismo não era um simples passatempo ocasional, mas era, de fato, o principal centro de interesse das suas vidas. E a nossa experiência provou que os indivíduos relacionados com o moderno Priorado também praticam o ocultismo e o hermetismo.





ÍSIS é o poder que CRIA e mantém todos os SÓIS, seus “filhos”, que criam os planetas …


Assim, qual o possível segredo (CONHECIMENTO SECRETO) podia ter atraído tantas das mais brilhantes mentes esotéricas mundiais, durante tanto tempo, admitindo que é improvável que tivesse sido a inverosímil e ilusória história merovíngia? Por mais convincente e pioneiro que The Holy Blood and The Holy Grail possa ter sido, a sua explicação dos objetivos e razões do Priorado é basicamente insatisfatória.


É evidente que alguma coisa se passou e se passa, a qual, dado o enorme montante de tempo, pessoas e de energia que parece ter sido consumido, ao longo dos séculos, dificilmente pode ser relativa apenas à legitimidade da monarquia francesa. E, seja ela qual for, deve ser tão ameaçadora para o status (n.t. para o FALSO sistema de crenças, o paradigma atual) quo que, mesmo depois do Século das Luzes, “ELA” teve de continuar a ser mantida secreta, a ser cautelosamente guardada por uma rede oculta de iniciados.


No princípio da nossa investigação sobre Leonardo e o Sudário de Turim, vimo-nos confrontados, repetidas vezes, com a inevitável sensação de que existe um verdadeiro segredo, que tem sido cuidadosamente guardado pelos poucos iniciados neste conhecimento. A medida que as nossas investigações prosseguiam, não podíamos afastar a suspeita de que os temas, que tínhamos detectado na vida e na obra de Leonardo, eram muito semelhantes aos temas que tínhamos discernido no material divulgado pelo Priorado. E, seguramente, valia a pena comprovar as suspeitas de que estes mesmos temas também estavam entrelaçados na obra de Jean Cocteau.


Já descrevemos o mural daquele artista, que se encontra na igreja de Notre-Dame de France, em Londres. Mas que relevância têm as suas imagens, notavelmente peculiares, para a obra de Leonardo, muito anterior, e para algum suposto movimento esotérico, oculto e hermético – e mesmo herético?


A ligação mais óbvia com a obra de Da Vinci é o fato de o artista se ter auto-retratado, afastando o olhar da cruz. Leonardo, como já referimos, representou-se a si próprio, deste modo, duas vezes, pelo menos – na Adoração dos Magos e na Última Ceia. Considerando a expressão do rosto de Cocteau, que sugere um profundo constrangimento perante toda a cena, não é uma concessão demasiado exagerada encontrar a mesma indiferença na violência com que Leonardo se afastou da Sagrada Família na Adoração.





No mural de Cocteau, vemos o homem crucificado apenas das coxas para baixo, o que implica alguma suspeita quanto à sua verdadeira identidade. Como vimos, na Última Ceia de Leonardo, a estranha ausência total de vinho parece implicar uma séria dúvida acerca da natureza do sacrifício de Jesus: aqui, o artista vai mais longe, ao não representar Jesus. Muito semelhante, também, é o uso da forma de um M enorme – na obra de Cocteau, ele liga as duas mulheres pesarosas, presumivelmente a Virgem Maria e Maria Madalena. E, de novo, podemos supor que é esta última que vemos afastada da figura de Jesus. Enquanto a Virgem Maria olha para baixo, chorando, é a mulher mais nova que está voltada de costas para Jesus.


Na Última Ceia de Leonardo, o M liga Jesus ao suspeitosamente feminino «S. João» – e esta «Senhora M» (de Cocteau) também está o mais possível afastada dele, enquanto, ao mesmo tempo, parece estar próxima.


O mural de Cocteau também contém simbolismo que, uma vez conhecidas as preocupações do Priorado de Sião, está explicitamente ligado a elas. Por exemplo, os dados que os soldados estão a lançar mostram cinquenta e oito pintas(58) – e este é o número esotérico do Priorado. Aos pés da cruz, a rosa vermelho-azulada, extraordinariamente grande, é uma clara alusão ao movimento Rosacruz que, como veremos, tem ligações estreitas com o Priorado e, certamente, com Leonardo (n.t. e com o conhecimento da verdade oculta).


Como já vimos, os membros do Priorado acreditam que Jesus não morreu na cruz, e algumas das suas facções defendem que uma vítima substituta sofreu o que lhe estava destinado. A julgar apenas pelas imagens deste mural, podíamos ser tentados a pensar que estas eram as opiniões pessoais de Cocteau. Por exemplo, não só não vemos o rosto da vítima como há a inclusão de uma figura – que não é usual associar à cena da Crucificação. É o homem que se encontra à extrema-direita, cujo único olho visível tem a forma inconfundível de um peixe – é, certamente, uma alusão ao primitivo código cristão de «Cristo». Assim, quem se espera que seja este homem com os olhos em forma de peixe? À luz do conceito do Priorado, de que Cristo nunca foi morto na cruz, não podia ser que esta figura extra fosse o próprio Jesus? Foi o suposto Messias, de fato, testemunha da tortura e da morte de um substituto? Se isto fosse verdade, podíamos imaginar as suas emoções.


Também nos murais de Leonardo e de Cocteau vemos a Senhora M – em ambos os casos, certamente, Maria Madalena. Assim, aquilo que conhecemos das crenças do Priorado – que ela era casada com Jesus – explicaria o motivo por que ela assistiu à última Ceia, sentada à direita do marido e por que – como sua «outra metade» – ela usava vestes que eram a imagem inversa das de Jesus (13/31=44=8).





Símbolo do INFINITO …


Embora nos tempos medievais e do primitivo Renascimento existisse uma tradição, pouco conhecida, a de representar Madalena na última Ceia, Leonardo fez saber que, na sua versão, a personagem sentada à direita de Jesus era S. João. Por que decidiu ele iludir desta maneira? Era este, talvez, um modo sutil de dar às suas imagens um poder subliminar acrescentado? Afinal, se o artista diz que é um homem e a nossa mente nos diz que é uma mulher, é provável que a confusão nos obrigue a continuar a refletir sobre a imagem, a um nível inconsciente, durante muito tempo.


Tanto no mural de Leonardo como no de Cocteau, Madalena parece estar a exprimir, em silêncio, as suas dúvidas sobre o suposto papel de Jesus, através da sua linguagem corporal. Era ela, de fato, tão íntima de Jesus que conhecesse a verdadeira história? Era Madalena, de fato, a esposa de Jesus e, portanto, parte interessada na informação interna sobre o verdadeiro resultado da Crucificação? É por isso que ela se está se afastando?


O papel de Madalena está astuciosamente – mesmo que subliminarmente – realçado na Última Ceia, mas a maior obsessão de Leonardo parece ter sido com essa personagem trágica do Novo Testamento, S. João Batista. Se ele foi, de fato, membro do Priorado de Sião – e dado o interesse pela descendência de Jesus que lhes é atribuído -, esta obsessão com Batista parece um tanto complicada. Está ela em conformidade com os interesses do Priorado de Sião?


Giovanni (João em italiano), o nosso misterioso informador, deixou-nos com esta intrigante e exasperante pergunta: «Por que os grão-mestres desta sociedade são sempre chamados de João (ou Joana, se mulher)?» Nessa altura, consideramos esta pergunta como uma espécie de alusão semivelada à escolha do seu próprio pseudônimo e concluímos que ele não ocupava uma posição secundária. Mas, de fato, ele estava a chamar-nos a atenção para uma outra questão, muito mais significativa.


Apesar de os grão-mestres do Priorado serem conhecidos na organização como «Nautonnier» (timoneiro), eles também adotam o nome «Jean» (João) ou Jeanne (Joana), se são mulheres. Leonardo, por exemplo, figura nas suas listas como Jean IX. Vale a pena frisar que, por estranho que possa parecer numa antiga ordem cavaleiresca, o Priorado sempre reclamou ser uma sociedade secreta com igualdade de oportunidades (entre os sexos, diferentemente da maçonaria…), e quatro dos seus grão-mestres foram mulheres. (Hoje, uma das seções francesas do Priorado está sob o controle de uma mulher.) No entanto, esta política (A igualdade entre HOMEM e MULHER) é totalmente consistente com a verdadeira natureza e objetivos do Priorado – tal como os viemos a entender.


As preocupações do Priorado são indicadas pelos títulos usados na sua hierarquia organizativa. Segundo os seus estatutos, abaixo do Nautonnier há um grau formado por três iniciados, chamado «Prince Noachite de Notre Dame», e a este segue-se um grau, formado por nove membros, chamado «crisé de Saint Jean», ou «Cruzado de São João» (este último surge simplesmente como «Condestável» nas últimas versões dos estatutos).





M, símbolo da Constelação de VIRGEM: No vale do Eufrates, onde foram criadas as constelações, a Virgem simbolizava a deusa Ishtar, filha do céu e a rainha das estrelas/sóis. Representada com uma espiga na mão, constituía o símbolo da fertilidade. Eratóstenes (+ 194 a.C.) identificou a Virgem com ÍSIS, a deusa de mil-nomes, com a espiga de trigo em sua mão e que foi mais tarde deixada cair de maneira a formar a Via Láctea (OU OS SÓIS QUE A FORMAM), ou segurando em seus braços seu filho HÓRUS, o deus do sol, o último dos reis divinos. Este simbolismo antigo reapareceu na Idade Média como a Virgem Maria com seu filho Jesus e através das palavras eternas de Shakespeare (Francis Bacon-Saint Germain): Good Boy in Virgo’s lap (O Bom Menino no Colo da Virgem). Na Índia, Virgo era Kanya, e representada como deusa sentada diante do fogo. No Zodíaco Cingalês, era a Mulher no Navio e segurando um ramo de trigo em sua mão. Possivelmente, o navio era nomeado a partir das estrelas Beta, Eta, Gamma, Delta e Epsilon da constelação, representando a quilha do navio. Na Pérsia, Virgo era Khosha, o ramo de trigo, bem como nomeada como a Virgem inteiramente Pura. Os turcomanos conheciam esta constelação como a Pura Virgem, Dufhiza Pakhiza. Os chineses a conheciam como She Sang Neu, a Donzela Frígida. No pais dos Judeus, a Virgem era Bethulah e sempre associada com a idéia de abundância na colheita. Virgem tem sempre sido a figura dos céus mais nomeada e mais simbolizada! Virgem representa a mais antiga e puramente alegórica representação de inocência, de virtude e DO PODER FEMININO DA DIVINDADE, a BASE DO MUNDO MATERIAL UNIVERSAL.


Existem mais seis graus, mas os três primeiros, que compreendem os treze membros da mais alta hierarquia, formam o corpo dirigente. Coletivamente, este corpo dirigente é conhecido como Arch Kyria – a última palavra, KYRIA em grego, é uma designação respeitosa de mulher, o equivalente ao português «senhora». Especificamente, no mundo helenístico dos primeiros anos antes da era cristã, era um epíteto da deusa ÍSIS.


O primeiro grão-mestre da sociedade era, devemos dizê-lo, um verdadeiro João – Jean de Gisors, um fidalgo francês do século XII. Mas o verdadeiro enigma reside no fato curioso de que o seu título do Priorado foi, na verdade, «Jean II». Como divagam os autores de The Holy Blood and The Holy Grail:


Uma questão importante, evidentemente, era saber qual João. João Batista? João Evangelista – «o Discípulo Amado» do Quarto Evangelho? Ou João, o Divino, autor do livro da Revelação-Apocalipse? Parecia que tinha de ser um destes três… Quem foi, então, Jean I?


Outra ligação a «João» que desperta reflexão é a mencionada em Rennes-le-Château: capitale secréte de l’histoire de France (1982) de Jean Pierre Deloux e Jacques Brétigny. Os dois autores são conhecidos por estarem intimamente ligados a Pierre Plantard de Saint-Clair – por exemplo, faziam parte da sua entourage quando Baigent, Leigh e Lincoln o conheceram, nos anos 80 – e ele, certamente, deu uma enorme contribuição para o livro. Uma clara propaganda do Priorado, o livro explica como a sociedade secreta se formou. (Deloux e Brétigny também escreveram artigos relativos ao Priorado de Sião, na revista L’ Inexpliqué – a versão francesa de The Unexplained (O Inexplicável) – que, segundo algumas pessoas, foi lançada e financiada pelo Priorado.





A ideia primordial era, segundo se afirma, formar um «governo secreto,» tendo Godefroi de Bouillon – um dos líderes da Primeira Cruzada – como seu inspirador. Na Terra Santa, Godefroi se deparou com uma organização (n.t. secreta) chamada a IGREJA DE JOÃO e, como resultado, «formou um grande desígnio». «Pôs a sua espada ao serviço da Igreja de João, essa Igreja esotérica e iniciadora que representava a Tradição. A Igreja que baseava a sua primazia no Espírito.» Foi a partir deste grande desígnio que se formaram tanto o Priorado de Sião – a organização que chama sempre «João» aos seus grão-mestres – como a ordem dos CAVALEIROS TEMPLÁRIOS.


E, como diz Pierre Plantard de Saint-Clair, por intermédio de Deloux e Brétigny: Assim, no princípio do século XII, estavam reunidos os meios, temporais e espirituais, que vieram a permitir a realização do sonho sublime de Godefroi de Bouillon; a Ordem do Templo seria o braço armado da Igreja de João e o porta-estandarte da primeira dinastia, as armas que obedeciam ao espírito de Sião.


A consequência deste fervoroso «joanismo» deveria ser um «renascimento espiritual» que «voltasse a Cristandade às suas origens».

Apesar da sua óbvia importância para o Priorado, a ênfase em «João» permaneceu extremamente obscura – no princípio desta investigação, nem sabíamos qual João era tão venerado e, muito menos, o POR QUÊ ?. Mas qual é a razão desta obsessão? Por que não nos indicam a QUAL JOÃO estão se referindo? E por que deveria a veneração (mesmo que extrema) de qualquer dos santos de nome João começar por ameaçar precisamente as raízes do catolicismo romano (n.t. este sim, uma heresia completa)?

É possível, pelo menos, supor a que João o Priorado se reteria, se a obsessão de Leonardo com Batista puder servir de orientação. Contudo, como vimos, a ideia do Priorado sobre o papel de Jesus dificilmente era ortodoxa, e parece absurdo que dispensasse esta veneração ao homem que, alegadamente, apenas era importante como precursor de Jesus. Será possível que o Priorado, tal como Leonardo, venere secretamente João Batista acima do próprio Jesus?





Godefroy de Bouillon em francês (Bolonha-sobre-o-Mar, 1058 – Jerusalém, 18 de Julho de 1100), foi um nobre e militar franco, duque da Baixa Lorena (1087-1100), Protetor do Santo Sepulcro – Advocatus Sancti Sepulchri, senhor de Bouillon (1076-1096), um dos líderes da Primeira Cruzada e o primeiro soberano do Reino Latino de Jerusalém, após a sua conquista, apesar de recusar o título de rei.


É um conceito muito extravagante. Se existissem quaisquer razões para acreditar que Batista foi superior a Jesus, então as repercussões seriam inconcebivelmente traumáticas para a Igreja. Mesmo que o conceito «joanino» se baseasse num equívoco, mão se pode duvidar dos efeitos que esta crença teria se fosse mais amplamente conhecida (caso fosse aceita). Seria quase a heresia final – e os Arquivos Secretos acentuam, repetidamente, o caráter anti-clerical dos descendentes merovíngios e do seu possível encorajamento da heresia. O Priorado está interessado em transmitir a ideia de que a heresia é uma coisa boa, por alguma razão específica própria.


Compreendemos que a suposta heresia baptista tinha espantosas implicações e que, se continuássemos a investigar o Priorado, teríamos de nos confrontar, em primeiro lugar, com a questão de João Batista, embora, no início, não estivéssemos convencidos de que encontraríamos qualquer prova que apoiasse a heresia. Naquele momento, tudo o que tínhamos como prova das ideias do Priorado acerca de Batista era a manifesta obsessão de Leonardo com ele e o fato de o Priorado chamar (n.t. apenas de) «João» aos seus grão-mestres. Sinceramente, não tínhamos, então, qualquer esperança verdadeira de encontrar algo mais concreto que isso, mas, à medida que o tempo passava, iríamos descobrir provas muito mais sólidas de que o Priorado, de fato, fazia parte dessa tradição «joanina».


Com ou sem provas a apoiá-la, esta heresia conseguiu, mesmo assim, ser «acreditada» por gerações de membros do Priorado. Mas fazia ela parte, pelo menos, do grande segredo que se julga que eles possuem e guardam tão tenazmente?


A outra figura do Novo Testamento que tem enorme significado para o Priorado é, como vimos repetidamente, Maria Madalena. Os autores de The Holy Blood and The Holy Grail explicaram que a sua particular importância reside unicamente no (alegado) fato de ter casado com Jesus e ser a mãe dos seus filhos. Mas, considerando a admiração, menos que total, do Priorado por Jesus, esta explicação parece fraca.


Para aquela organização, Madalena parece ter alguma importância, por direito próprio, e o próprio Jesus é quase irrelevante – na história do «documento Montgomery», por exemplo, o seu papel limita-se a ser o pai do filho de Madalena e não desempenha qualquer outro papel no resto da narrativa. Poder-se-ia ir ao ponto de dizer que, mesmo sem Jesus, havia algo nesta mulher que a tornava de suprema importância.


Na continuação das nossas investigações, conseguimos contatar com Pierre Plantard de Saint-Clair e fazer-lhe algumas perguntas acerca do interesse do Priorado em Maria Madalena. Recebemos uma resposta do secretário de Plantard, Gino Sandri – um italiano que vive em Paris -, a qual, embora curta e concisa, era, todavia, sugestiva do famoso sentido malicioso do Priorado. Nela, Sandri dizia que podia ser possível ajudar, mas «talvez voces já tenham informação sobre este assunto?» – era, claramente, uma «piada» maliciosa sobre alguma coisa que ele sabia a nosso respeito, mas o elogio indireto deu-nos ânimo.


Parecia estar sugerindo que já tínhamos toda a informação que precisávamos conhecer – mas que competia a nós compreendê-la. Mas a carta de Sandri escondia ainda outra nota de malícia: embora trazendo o carimbo de 28 de Julho, a carta estava datada de 24 de Junho – o Dia de S. João Batista.





A energia da Kundalini é essencialmente feminina… é a “SERPENTE” que deve ser elevada …


Para um leigo, qualquer ligação particularmente esotérica entre Maria Madalena e João Batista é uma questão de fantasia, porque os textos evangélicos conhecidos não registram que eles se tivessem conhecido. Contudo, aqui, temos um segredo aparentemente antigo que implica – e venera – ambos, e não de uma maneira vaga. Que havia nestas figuras do século I que assegurou esta tradição duradoura, embora «herética»? Que poderiam eles ter representado que fosse tão perturbador para a Igreja?


Como se pode imaginar, era muito difícil saber por onde começar. Mas, onde quer que investigássemos a história de Madalena, uma área, que ficava consideravelmente mais próxima de nós do que Israel, continuava a surgir como sendo importante. O Priorado sublinhava particularmente a lenda que a trouxe para o Sul da França, após a ressurreição de CRISTO, portanto, era ali que tínhamos de ir, para descobrir por nós próprios se esta história era apenas uma invenção medieval que, como o Sudário de Turim, se destinava a atrair um lucrativo comércio de peregrinações.


Mas havia, desde o princípio, alguma coisa especialmente fascinante na ligação desta enigmática figura do Novo Testamento com aquela determinada área, algo que ultrapassava estas considerações mercenárias. Decidimos investigar o segredo de Madalena no seu próprio terreno.

Link das partes anteriores:
  1. http://thoth3126.com.br/o-codigo-secreto-de-leonardo-da-vinci/
  2. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-02a-no-mundo-secreto/


Permitida a reprodução desde que mencione as fontes e respeite a formatação original.



www.thoth3126.com.br

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Posted under Esoterismo e Ocultismo,Templários

Posted by Thoth3126 on 02/06/2015

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