Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

A Chama Violeta (The Violet Flame)

Sítio dedicado à filosofia humana, ao estudo e conhecimento da verdade, assim como à investigação. ~A Luz está a revelar a Verdade, e a verdade libertar-nos-á! ~A Chama Violeta da Transmutação

09.09.15

A Revelação Templária – 7B 

 Sexo o Sacramento Final

Posted by Thoth3126 on 17/03/2015

 Anjodapaz-Female-2

A Revelação Templária – 7B – Sexo o Sacramento Final

Originalmente publicado a 17/03/2015


Já vimos que as raízes da alquimia eram de natureza sexual e que o culto da rosa e do cavalheirismo praticado pelos trovadores, pode ser interpretado como a veneração de Eros, o deus do amor.

Constatamos que os construtores (os Cavaleiros Templários) das grandes catedrais, como a de Chartres, investiram fortemente no símbolo da rosa vermelha e ergueram santuários das Madonas Negras, com todas as suas poderosas associações pagãs.

Também podemos considerar que o Graal, como taça, é um símbolo feminino, e – numa atitude excepcionalmente gritante – , na história de Tristão e Isolda, o grande herói do Graal, Tristão, muda o seu nome para Tantris…

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 07B – SEXO: O SACRAMENTO FINAL – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

Capítulo VII B – SEXO: O SACRAMENTO FINAL


… De fato, o romancista Lindsay Clarke descreve a poesia amorosa dos trovadores como os «textos tântricos do Ocidente». Nas lendas do Graal, a maldição da Terra é devida à perda da potência sexual do rei, simbolizada, muitas vezes, por ter sido «ferido na coxa».


Em Parsifal de Wolfran, ela é mais explícita; a ferida é nos órgãos genitais. Isto tem sido considerado como uma resposta à repressão da sexualidade natural, por parte da Igreja de Roma“. A consequente estagnação espiritual só pode ser afastada por uma demanda do Graal, o qual, como vimos, está sempre especificamente associado às mulheres (ao PODER FEMININO). Uma pintura italiana do século XV, que representa os cavaleiros do Graal adorando Vênus (consultar a primeira secção de ilustrações), não deixa margem para dúvida quanto à verdadeira natureza dessa busca.





O que é sublinhado, nas lendas do Graal e na tradição do amor cortês dos trovadores, é a elevação espiritual das mulheres e o respeito por elas. É significativo, como sugerimos, que os dois ramos desta tradição tivessem, no mínimo, algumas das suas raízes no sudoeste da França, a região da heresia Gnóstica dos Cátaros.


A maior parte dos investigadores modernos pensam que o tantrismo chegou à Europa através do contato com a seita mística (Pérsia) islâmica dos sufis, que introduziram ideias da sexualidade sagrada nas suas crenças e práticas. É inegável que há um estreito paralelo entre as formas de linguagem usada pelos trovadores e pelos sufis para expressar estas ideias. Mas o tantrismo enraizou-se na Provença e no Languedoc porque já existia uma tradição semelhante naquela área? Já vimos que o Languedoc tinha a tradição de apoiar a igualdade das mulheres.


E quando a mania da bruxaria lançou a sua primeira sombra em Toulouse, o que se esperava, de fato, erradicar? De novo nos confrontamos com a personificação daquele culto do amor – Maria Madalena. Outra mulher que avaliou o potencial místico do sexo foi a católica Santa Hildegard de Bingen (1098- 1179), relativamente desconhecida, até há pouco tempo. Como escrevem Mann e Lyle:


Grande visionária, Hildegard escreveu acerca de uma figura feminina, uma imagem inconfundível da deusa, que lhe surgiu durante uma profunda meditação:


“Então, pareceu- me ver uma jovem de incomparável beleza, cujo rosto irradiava um brilho tão esplendoroso que não pude contemplá-lo integralmente. Usava um manto mais branco que a neve, mais brilhante que as estrelas, e os sapatos eram de ouro puro. Na mão direita sustentava o Sol e a Lua, e acariciava-os com amor. No peito, tinha uma placa de marfim, na qual, em tons de safira, estava representada a imagem de um homem. E toda a criação chamava esta rapariga de senhora soberana.


A rapariga começou a falar para a imagem que tinha sobre o peito: «Estava contigo desde o princípio, no alvorecer de tudo o que é sagrado, dei-te à luz antes do nascer do dia.» E ouvi uma voz que me dizia: «A jovem que tu contemplas é o Amor; a sua morada é na Eternidade.» Hildegard, como todos os amantes corteses medievais, acreditava que os homens e as mulheres podiam atingir a divindade através do amor recíproco, de modo que «toda a Terra se assemelhasse a um único jardim de amor». E este amor deveria ser total, uma expressão completa de união que envolvia o corpo, alma e espírito, porque, segundo as suas palavras: «É o poder da própria eternidade que criou a união física e decretou que dois seres humanos se transformassem fisicamente num só.»


Hildegard era uma mulher notável: imensamente instruída, especialmente em assuntos médicos. O seu grau de educação é inexplicável – ela própria o atribuiu às suas visões. Talvez seja uma alusão velada a alguma escola de mistério ou a um idêntico repositório de conhecimento. Curiosamente, muitos dos seus escritos revelam familiaridade com a filosofia hermética.





Esta famosa abadessa também escreveu descrições pormenorizadas – e exatas – do orgasmo feminino, incluindo contrações uterinas. Parece que o seu conhecimento era mais do que teórico, o qual, segundo se afirma, era invulgar numa santa. Quaisquer que fossem os segredos da sua formação interior, ela teve uma grande influência em S. Bernardo de Clairvaux, patrono e inspirador da Ordem dos Cavaleiros Templários.


Estes monges guerreiros podiam parecer constituir uma forte objeção à ideia de uma continuada tradição secreta de um culto herético do amor. Ostensivamente celibatários (embora existissem persistentes rumores de uma larga prática de homossexualidade templária), parece improvável que eles fossem, no mínimo, expoentes práticos de uma filosofia que celebrava a sexualidade feminina. Mas existem claras indicações dessa ligação na obra de um dos seus mais devotados apoiantes – o grande poeta florentino Dante Alighieri (1265-1321).


Há muito que se reconheceu que os seus escritos contêm temas gnósticos e herméticos – por exemplo, no século passado, Eliphas Lévi descreveu o Inferno de Dante como sendo «joanino e gnóstico». O poeta foi diretamente inspirado pelos trovadores do sul da França e foi membro de uma sociedade de poetas, que se intitulavam os fidele d’amore – «os fiéis seguidores do amor». Considerados, durante muito tempo, um círculo estético, os “eruditos modernos” começaram a descobrir que eles foram inspirados por motivações mais secretas e esotéricas.


O respeitado acadêmico William Anderson, no seu estudo Dante The Maker, descreve os fidele d’amore como uma irmandade (sociedade) secreta, empenhada em alcançar a harmonia entre o lado sexual e emocional das suas naturezas e as suas aspirações intelectuais e místicas. Anderson apoia-se nas investigações de eruditos franceses e italianos, que concluíram que «as damas que todos estes poetas veneravam não eram mulheres de carne e osso, mas que todas elas eram máscaras do ideal feminino, Sapientia ou Sabedoria (Sophia) Sagrada» e que a Senhora destes poemas era… uma alegoria da Sabedoria (Sophia) Divina, que também era desejada.


Anderson – assim como seu colega Henry Corbin – considera o caminho espiritual de Dante como a busca da iluminação através do misticismo sexual, tal como fizeram os trovadores. Henry Corbin afirma:


Os fidele d’amore, companheiros de Dante, professam uma religião secreta […] a união que conjuga o possível intelecto da alma humana com a Inteligência Ativa […] Anjo de conhecimento, ou Sophia-Sabedoria, é visualizada e experimentada como uma união de amor.


Mais notável, no entanto, é a ligação que Dante e os seus colegas místicos apresentam com os Cavaleiros Templários. Foi um dos seus mais entusiásticos apoiantes, mesmo após a sua extinção, quando era desaconselhável estar ligado a eles. Na sua Divina Comédia, Dante estigmatiza Filipe, o Belo, como o «novo Pilatos», pelos seus atos contra a Ordem dos Cavaleiros Templários. O próprio Dante é considerado como tendo sido membro de uma ordem Templária terciária, denominada La Fede Santa. Estas ligações são demasiado sugestivas para serem ignoradas – talvez Dante não fosse a exceção, mas a regra, dos Templários, que estavam envolvidos num culto do amor. Anderson afirma:


Em face disto, os Templários, como ordem militar celibatária, pareceriam ser o canal de comunicação mais improvável para os temas dedicados a louvar as belas damas. Por outro lado, os Templários estavam impregnados da cultura do Oriente e muitos podem ter contatado com as escolas dos místicos e esotéricos sufis […]





A ruiva Madalena,o Graal (Taça) e a pomba, o simbolo católico para o “Espirito Santo”…


Anderson passa a resumir as conclusões de Henry Corbin:


A ligação entre Sapientia [Sabedoria-Sophia] e as imagens do Templo de Salomão, juntamente com as suas associações com a peregrinação do Grande Círculo, levam a colocar a hipótese de uma ligação entre os Fidele d’Amore e os Cavaleiros Templários, a ponto de os considerar uma confraria leiga da Ordem.


Juntamente com as provas revolucionárias descobertas por investigadores como Niven Sinclair, Charles Bywaters e Nicole Dawe, isto sugere insistentemente que, no mínimo, a ordem interna dos Cavaleiros Templários fazia parte de uma tradição secreta que venerava o Princípio Feminino da divindade.


Do mesmo modo, o controverso ramo dos Templários – o Priorado de Sião – sempre teve membros femininos, e a lista dos seus grão-mestres inclui quatro mulheres, o que é particularmente estranho no período medieval, quando se esperaria que o sexismo estivesse no seu auge. Como grão-mestres, estas mulheres teriam possuído um verdadeiro poder – e, sem dúvida, este papel exigia alto nível de integridade e a capacidade para conciliar interesses e egos contraditórios, a vários níveis. Embora pareça estranho que as mulheres tenham estado ao leme de uma organização supostamente tão poderosa numa época em que a literacia feminina não era, de modo algum, comum parece menos peculiar no contexto de uma tradição secreta de adoradores da deusa, do princípio feminino da divindade.


Servindo de base a muitas das escolas de mistério posteriores, se encontram os rosacruzes, cujo interesse no misticismo sexual está presente no seu próprio nome: a conjugação da cruz fálica e da rosa feminina. Este símbolo de união sexual evoca a antiga cruz fendida dos egípcios (ankh): sendo a vertical o falo, e a fenda, em forma de amêndoa, a vulva. Os rosacruzes, com o seu misto de sabedoria alquímica e gnóstica, compreenderam inteiramente os princípios subjacentes, como explicava o rosacruz do século XVII, o alquimista Thomas Vaughan: «[…] a própria vida (universal) não é mais do que uma união dos princípios masculino e feminino, e aquele que compreender perfeitamente este segredo sabe… “usar” a sua esposa…» (Recordemos a enorme rosa, aos pés da cruz, no mural de Cocteau, em Londres – uma clara alusão rosacruz.


E, curiosamente, a imagem rosacruz encontra-se no túmulo templário de Sir William St. Clair… ) Mesmo que existam, como vimos, evidências de que os Templários, os alquimistas e o Priorado de Sião fossem especiais devotos de um culto do amor pelo feminino divino, parece haver poucas possibilidades de que esta linha de filósofos herméticos, decididamente masculina, tivesse qualquer ligação com uma organização feminina – ou talvez feminista. Aqui, também a sua imagem superficial é enganadora.


O próprio Leonardo tem sido considerado como um misógino homossexual, e é verdade que ele manifestou pouco amor pelas mulheres, tanto quanto sabemos. A mãe, a misteriosa Catarina, parece tê-lo abandonado na primeira infância, embora, muitos anos mais tarde, tenha vivido junto dele, até ao fim da vida – é certo que Leonardo tinha uma governanta, a quem se referia, ironicamente, por «La Caterina» e cujo funeral ele pagou. Leonardo pode ter sido homossexual, mas isso nunca impediu a adoração dos homens pelo Princípio Feminino – muitas vezes, é exatamente o contrário.





ÍSIS negra, a MÃE de todos os SÓIS …


Os ícones homossexuais são, classicamente, mulheres fortes e enérgicas, que tiveram vidas traumáticas – tal como Maria Madalena e a própria ÍSIS. Além disso, sabe-se que Leonardo era muito íntimo de Isabella d’Este, uma mulher inteligente e educada. Embora seja levar a especulação demasiado longe, sugerir que ela fosse membro do Priorado ou de alguma escola secreta «feminista», essa familiaridade pode implicar que, no mínimo, Leonardo aprovava a literacia feminina.


O hermético florentino Pico della Mirandola dedicou muitas palavras ao tema do poder feminino. O seu livro La Strega (A Bruxa) narra a história de um culto italiano baseado em orgias sexuais e presidido por uma deusa. E, o que é mais significativo, ele compara esta deusa à «Mãe de Deus». Mesmo Giordano Bruno, notoriamente masculino, estava profundamente envolvido com o feminino.


Durante a sua estada na Inglaterra, entre 1583 e 1585, Mirandola publicou vários livros que delineavam a filosofia hermética que se encontra em qualquer compêndio de História. Contudo, o que é habitualmente ignorado é o fato de ele também ter publicado um livro de apaixonada poesia amorosa intitulado De Gli Eroico Furori (Do Furor Heróico), dedicado ao seu amigo e patrono Sir Philip Sidney. Não é um hino a um entusiasmo passageiro nem um mero vislumbre da vida secreta, até então desconhecida, de um galanteador. Embora se reconheça que esta poesia tem um nível mais profundo, muitas autoridades consideram que ela é apenas uma expressão alegórica de vivência hermética. Na realidade, o amor expresso (pelo princípio feminino) nestas obras não era alegórico, mas literal.


O Furori do título é, para citar Frances Yates: «Uma experiência que torna o amor “divino e heróico” e que se pode comparar ao transe do furor do amor apaixonado.» Por outras palavras o que observamos, mais uma vez, é um conhecimento dos poderes transmutacionais do sexo sagrado.


Nestes poemas, Bruno referia-se a um estado alterado de conhecimento consciente, no qual o hermético se apercebe da sua potencial divindade. Esta percepção é expressa como o êxtase da completa união com a outra metade. Como afirma Dame Frances: «[…] penso que o verdadeiro objetivo da vivência religiosa de Eroici furori é a gnose hermética, é a poesia de amor místico do homem mago, que foi criado divino, com poderes divinos, em vias de voltar a ser divino, com poderes divinos».

Contudo, considerando a tradição que Giordano Bruno seguia, é evidente que estes sentimentos não eram apenas metafóricos. Esta insistência na iluminação através do sexo sagrado era parte integral da filosofia e da prática herméticas. O conceito de sexualidade sagrada está totalmente de acordo com as palavras do próprio Hermes Trismegisto, em Corpus Hermeticum:


“Se odiares o teu corpo, meu filho, não te podes amar a ti mesmo”.

Herméticos, como Marsilio Ficino, identificaram quatro estados de conhecimento alterado, nos quais a alma se reúne com o Divino, cada um deles associado a uma figura mitológica: a inspiração poética, sob a proteção das musas; o entusiasmo religioso, associado a Dionísio; o transe profético, sob a proteção de Apolo; e todas as formas de amor intenso, sob a proteção de Vênus. Este último é o clímax, em todos os sentidos, porque é nele que a alma, na realidade, alcança a reunião com o Divino.


Curiosamente, os historiadores sempre interpretaram literalmente os primeiros três destes estados alterados, mas optaram por interpretar o último, o rito de Vénus, como simples alegoria ou um gênero de amor impessoal ou espiritual. Mas, se fosse esse o caso, os herméticos dificilmente o associariam a Vênus! O aparente recato dos historiadores, relativamente a este ponto, deve-se à ignorância generalizada da tradição secreta. Este é outro exemplo de conceitos, outrora considerados obscuros e que se tornam claros como cristal logo que a ideia de sexualidade sagrada é tomada em consideração.


O grande mágico hermético Cornélio Agripa (1486-1535) torna a questão mais explícita. Na sua obra clássica “De Oculta Philosophia”, Agripa escreveu: «Quanto ao quarto furor, proveniente de Vênus, transforma e transmuta o espírito do homem num deus, pelo ardor do amor, e torna-o inteiramente semelhante a Deus, como verdadeira imagem de Deus.» É de notar o uso do termo alquímico transmuta, que é geralmente tomado como referência à preocupação tola e fútil de tentar transformar chumbo em ouro.





ÍSIS e MAAT

Aqui, no entanto, o que se procura é um bem precioso, de gênero muito diferente. Agripa também sublinha que a união sexual está «cheia de dons mágicos». O lugar de Agripa, nesta tradição herética, não devia ser subestimado. O seu tratado De Nobilitate et Praecellentia Foeminei Sexus (Da Nobreza e Superioridade do Sexo Feminino), que foi publicado em 1529, mas baseado na sua dissertação de vinte anos antes, é muito mais que um apelo, notavelmente moderno, aos direitos das mulheres.

Esta espantosa obra de Agripa foi menosprezada, até há muito pouco tempo, por uma razão lamentavelmente previsível. Porque advogava a igualdade de sexos – defendendo mesmo a ordenação de mulheres -, foi interpretada como sátira! É uma mancha sinistra na nossa cultura que esta obra veemente, a favor das mulheres, fosse considerada como um gracejo. Mas parece claro que Agripa não estava gracejando.


Não defendia apenas a causa do que chamaríamos os direitos das mulheres – que o seu estatuto político fosse redefinido -, mas tentava transmitir o princípio que inspirou essa campanha. A professora Barbara Newman, da Universidade de Northwest, Pensilvânia, no seu estudo deste panfleto, escreve:


[…] mesmo um leitor compreensivo não podia ter a certeza se Agripa apelava a uma Igreja sem discriminação de sexos e com igualdade de oportunidades ou a uma forma de culto do feminino.

Newman e outros eruditos investigaram as várias raízes da inspiração de Agripa, as quais incluíam a cabala, a alquimia, o hermetismo, o neoplatonismo e a tradição trovadoresca. E, de novo, a busca de Sophia (Sabedoria) é citada como sendo uma influência importante. Seria um erro pensar que Agripa apenas defendia o respeito e a igualdade das mulheres. Ele foi muito mais longe. Na sua perspectiva, a mulher devia ser literalmente venerada:


Ninguém, que não seja completamente cego, pode deixar de ver que Deus reuniu toda a beleza de que o mundo inteiro é capaz na mulher, de modo a que toda a Criação ficasse deslumbrada com ela, a amasse e venerasse, sob muitos nomes.


(E é curioso que Agripa, tal como os alquimistas, acreditasse que o sangue menstrual tivesse uma particular aplicação prática e mística. Acreditavam que ele continha um elixir, ou produto químico, único, que, ingerido de determinado modo, usando técnicas antigas, garantia o rejuvenescimento físico e conferia sabedoria. É evidente que nada podia estar mais longe da atitude da Igreja e da verdade.)


Agripa não era um simples teórico, e também não era covarde. Não só casou três vezes como conseguiu o que podia ter parecido impossível: defendeu uma mulher acusada de bruxaria – e ganhou.


Vaughan, Giordano Bruno e Agripa eram homens, e é tentador suspeitar de que eles desfrutavam desta felicidade sexual apenas em benefício próprio, mesmo que fosse profundamente espiritual. Contudo, embora se possa afirmar que alguma mulher que ousasse escrever sobre estes temas seria presa por bruxaria, também é verdade que apenas se considerava que o rito de Vênus teria «resultado» se os dois parceiros tivessem alcançado os mesmos objetivos (evolutivos). A ideia era a dos opostos e iguais, em harmonia procurando o mesmo objetivo e recebendo a mesma iluminação, como parceiros, tal como na ideia chinesa de o ser total ser composto de yin e yang.





O EQUILÍBRIO entre opostos complementares, masculino e feminino e a BALANÇA da justiça…


Giordano Bruno não era homem para esconder as suas crenças. Nas suas últimas obras publicadas, empregou imagens sexuais ainda mais explícitas – mas mesmo estas foram ignoradas pelos historiadores; se são mencionadas em obras de referência, geralmente são explicadas como sendo alegóricas. Não só estas mas também outras referências explícitas – e associadas – das suas obras são, por hábito, ignoradas. Quando Bruno se refere a uma «deusa» como a dama anônima, a quem a sua poesia lírica é dedicada, essa referência é interpretada como sendo um epíteto afetuoso. E, mais tarde, quando fez a sua palestra de despedida na Alemanha, afirmando, sem rodeios, que a deusa Minerva era Sofia (a “sabedoria”), esta afirmação foi tomada por outra alegoria. Mas as suas verdadeiras palavras foram, inequivocamente, as de um praticante do culto da deusa:


Amei-a e procurei-a, desde a minha juventude, e desejei-a para minha esposa, e tornei-me amante da sua forma… e supliquei… que ela fosse enviada para habitar comigo, e trabalhar comigo, para que eu pudesse conhecer o que ela me faltava […]


Mais fascinante, no entanto, é o fato de na sua dedicatória de Eroici Furori ele o comparar ao Cântico dos Cânticos”. Novamente, somos confrontados com o culto da Madona Negra e, por associação, com o de Madalena. (Outro grande escritor hermético/rosacruz da época, que era conhecido por William Shakespeare -Francis Bacon, dedicou os seus sonetos a uma misteriosa Dama Negra cuja identidade tem alimentado intermináveis debates de gerações de críticos. Embora pudesse acontecer que ela fosse uma mulher verdadeira – ou mesmo um homem -, também é verosímil que ela representasse, ao fundo, a Madona Negra, a deusa negra (ÍSIS). Na verdade, os herméticos simbolizavam um determinado estado alterado – um gênero de transe especializado – como a dama de pele negra.)


Os fortes ataques de Bruno à crença católica conduziram-no a uma morte terrível condenadopor heresia pela “santa” igreja romana e serviram de aviso a outras pretensas almas corajosas. O atroz holocausto dos julgamentos de bruxaria, como vimos, também reforçou, entre os «heréticos», a necessidade de circunspecção (e devemos recordar que, embora as mortes pelo fogo tivessem terminado há muito, a última acusação de uma mulher, ao abrigo da lei da Feitiçaria no Reino Unido, ocorreu apenas em 1944). Mas o conhecimento transcendental, como segredo específico do mundo secreto ocultista, não estava limitado aos indivíduos e não se extinguiu com eles.


Existe alguma dificuldade de reconstituir uma tradição direta da sexualidade sagrada da Europa, devido ao antagonismo e perseguição da Igreja romana, face a essa tradição e à subsequente necessidade de segredo entre os guardiães deste conhecimento. No entanto, nos séculos XVII e XVIII, a Alemanha parece ter-se transformado na pátria desta tradição, embora, até recentemente, ela tivesse sido muito pouco investigada. Segundo os modernos investigadores franceses – como Denis Labouré -, a prática da «alquimia interna» centralizou-se na Alemanha, em várias sociedades ocultistas e/ou secretas. Outra investigação recente, incluindo a do Dr. Stephan E. Flowers, confirmou que o ocultismo alemão deste período era essencialmente de natureza sexual.


Um problema para os investigadores desta área é que as provas de cultos sexuais tendem a provir da Igreja, ou, no mínimo, daqueles que consideravam satanismo tudo o que estava relacionado com o sexo. Quando estes movimentos se vêem perseguidos, os seus regisrtos são destruídos ou censurados e tudo o que resta é a versão dos acontecimentos relatada pelos seus inimigos. Isto aconteceu aos cátaros e aos Cavaleiros Templários e atingiu o seu terrível auge nos julgamentos de bruxaria pelaInquisição. Vemos que este processo se verifica sempre que se expressam ideias sobre a sexualidade sagrada – como voltou a acontecer em França no século XIX.


Nessa época, surgiram vários movimentos interligados que – embora florescessem no seio da Igreja Católica e se centrassem em pessoas que se consideravam bons católicos – incluíam conceitos de sexualidade sagrada e da elevação do Feminino (geralmente, sob a forma exterior da Virgem Maria) e estavam associados a uma misteriosa sociedade «joanina» – desta vez, especificamente relacionada com João Batista.


Esta série de acontecimentos é muito difícil de esclarecer, principalmente porque, além das ideias heterodoxas e dos conceitos de sexualidade sagrada, que levaram o movimento a ser declarado imoral, eles também estavam ligados a causas políticas que despertaram a hostilidade das autoridades. Por conseguinte, quase todos os relatos de que dispomos provêm dos seus inimigos.





Giordano Bruno, queimado pela igreja romana por heresia…


Os motivos políticos destes grupos estão fora do âmbito da presente investigação, embora fossem muito importantes para as pessoas envolvidas nessa época. É suficiente dizer que elas apoiavam as pretensões de um certo Charles Guillaume Naündorff (1785-1845), que se vangloriava de ser Luís XVII (que se pensava ter sido morto em criança, juntamente com seu pai, Luís XVI, durante a Revolução Francesa).


Um destes grupos era a Igreja do Carmelo, também conhecida por Oeuvre de la Misericorde (Obra de Misericórdia), instituída em meados do século XIX por um certo Eugène Vintras (1807-1875). Um pregador carismático e fascinante, Vintras atraiu a nata de alta sociedade para o seu movimento, o qual, não obstante, depressa se tornou foco de acusações de diabolismo. Sem dúvida que os seus rituais tinham um conteúdo de natureza sexual, no qual (segundo as palavras de Ean Begg) «o maior sacramento era o ato sexual».


Para agravar a situação, no que dizia respeito às autoridades, Vintras e Naündorff passavam a responsabilidade um ao outro. Assim, inevitavelmente, Vintras viu-se envolvido num julgamento espectacular. Acusado de fraude – embora as alegadas vítimas negassem que existira qualquer crime -, foi condenado a cinco anos de prisão, em 1842. Quando foi libertado, partiu para Londres e foi então que um antigo membro da sua Igreja – um sacerdote chamado Gozzoli – escreveu um panfleto acusando-o de todo o género de orgias sexuais.


Embora o panfleto possa ser considerado produto de uma imaginação exaltada, algumas das acusações podem ter sido baseadas em fatos. Depois, em 1848, a seita foi declarada herética pelo papa e todos os seus membros foram excomungados. Como resultado, a seita tornou-se independente e exibiu sacerdotes masculinos e femininos – tal como os cátaros, embora não seja claro que o culto de Vintras seguisse os nobres princípios dos primeiros.


A apoiar Vintras e Naündorff encontrava-se uma seita misteriosa, conhecida por «Os Salvadores de Luís XVII» ou os Joaninos. Este grupo remonta a 1770 e parece ter participado na agitação civil que precedeu a Revolução. Ao contrário dos joaninos «maçônicos», já discutidos, este grupo não tinha dúvidas quanto ao S. João que venerava – era o Batista. Depois da Revolução, os joaninos interessaram-se pela restauração da monarquia. Foram os grandes responsáveis pela promoção de Naündorff a pretendente ao trono e também apoiaram movimentos «proféticos» como o de Vintras.


Outro auto-intitulado «guru» da época – Thomas Martin, que, meteoricamente, ascendeu de camponês a conselheiro do rei – foi apoiado pelos joaninos que, além disso, parecem ter «encenado» certas aparições da Virgem – como as de La Salette, no sopé dos Alpes ocidentais, em 1846. É difícil dizer com exatidão o que estava acontecendo, mas é possível identificar os fios mais importantes que atravessam certos acontecimentos, aparentemente associados.


Em primeiro lugar, foi feita uma tentativa para regenerar o catolicismo, a partir do seu seio, o que implicava a substituição do dogma oficial – baseado na autoridade de Pedro (portanto patriarcal) – por um cristianismo místico e esotérico, uma crença de que estava a alvorecer era uma em que o Espírito Santo estaria em ascenção. Uma característica deste movimento era a elevação do Sagrado Feminino, sob a forma exterior da Virgem Maria, mas que não tardou a adquirir um caráter abertamente sexual e começou a parecer fortemente hostil à Igreja. A visão de La Salette – que foi condenada pela Igreja – era central para este plano. E, de algum modo, o papel de João Batista nestes acontecimentos era crucial.


O movimento também estava ligado à tentativa de fazer reconhecer Naündorff como legítimo rei de França, provavelmente porque, se tivesse êxito, Naündorff teria sido favorável a esta nova forma de religião (tendo já apoiado Vintras). Curiosamente, Melanie Calvet, a rapariga que teve a visão de La Salette, tinha-se declarado favorável a Naündorff. E é interessante que a Igreja tivesse reagido enviando-a para um convento de Darlington, no noroeste de Inglaterra, onde não podia causar mais danos. A atuação combinada da Igreja e do Estado impediram que se realizasse o grande plano do movimento, e tudo o que aconteceu, de fato, está agora soterrado por uma avalanche de escândalos e de insinuações.





Mas, indubitavelmente, é significativo que a reação da Igreja a esta ameaça fosse proclamar a Imaculada Conceição de Maria um artigo de fé, em 1854. (Esta doutrina iria ser convenientemente endossada pela própria Virgem Maria, quando apareceu a uma rapariga camponesa, Bernardette Soubirou, em Lourdes, quatro anos depois, embora a rapariga, de início, descrevesse a sua visão simplesmente como «aquela coisa».)


Profetas, como Martin e Vintras, parecem ter sido «manipulados» pelos joaninos e não fizeram, na realidade, parte da seita. O elo de ligação entre eles e Vintras foi a mentora deste, uma certa Madame Bouche, que residia em Paris, na Place St. Sulpice, e que tinha o nome, esplendidamente sugestivo, de «irmã Salomé». (A Igreja do Carmelo de Vintras ainda estava em atividade em Paris nos anos 40, e constava que existia um grupo em Londres, nos anos 60 deste século.)

Continua …
Links partes anteriores:
  1. http://thoth3126.com.br/o-codigo-secreto-de-leonardo-da-vinci/
  2. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-02a-no-mundo-secreto/
  3. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-02b-no-mundo-secreto/
  4. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-03a-no-rastro-de-madalena/
  5. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-03b-no-rastro-de-madalena/
  6. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-03c-no-rastro-de-madalena/
  7. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-4a-a-patria-da-heresia/
  8. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-4b-a-patria-da-heresia/
  9. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-5a-os-guardioes-do-graal/
  10. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-5b-os-guardioes-do-graal/


Permitida a reprodução desde que mencione as fontes e respeite a formatação original.







www.thoth3126.com.br
URL: http://wp.me/p2Fgqo-8g6


Por favor, respeitem todos os créditos

Arquivos em português:
http://rayviolet2.blogspot.com/search?q=Lynn Picknett

Atualização diária

Se gostou! Por favor RECOMENDE aos seus Amigos.
achama.biz.ly 

Israel ou Cazária!?

achama.biz.ly email: nai@achama.biz.ly 


EN: VioletFlame * The Illuminati * Alternative Media * North Atlantic Islands * Indian Ocean Islands * South Atlantic Ocean Islands * Alternative Media * Creator's Map * ESU IMMANUEL * Exposing Media DesInformation * Galactic Federation * Indians, Prophecies and UFOs * Illuminati, The * Infinite Being * Israel (!?) * Jews..., the Real ones! * Khazars Jews are converted, not jenuine * Meditation * Media News * NESARA (!?) * SCIENCE, SPIRIT, Free Energy!... * UFO CONTACTS * UFOs (MORE) * USA The 4th NAZI Reich!? * Zionism Lies and The Illuminati * Light a Candle for PEACE * The Red Pill * The True Shadow Government

02.09.15

A Revelação Templária – 7A 

 Sexo o Sacramento Final

Posted by Thoth3126 on 09/03/2015

Santo-graal

CAPÍTULO VII – SEXO O SACRAMENTO FINAL

Os velhos textos alquímicos estão cheios de imagens confusas e complicadas – de forma  deliberada, porque se destinavam a desencorajar os não-iniciados de descobrirem os seus  segredos. 
No entanto, como vimos, a alquimia, no seu nível mais profundo, estava  interessada na transformação pessoal, espiritual e sexual, e os seus segredos estavam  relacionados com as técnicas destinadas à realização desta «Grande Obra». 
Na verdade,  reconhecendo as profundas preocupações não materiais e sexuais da alquimia, o psicólogo C. Gustav Jung considerou-a a precursora da psicanálise…
Edição e imagens:  Thoth3126@gmail.com

Capítulo 07A – SEXO: O SACRAMENTO FINAL  – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de  Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

Capítulo VII A – SEXO: O SACRAMENTO FINAL

… Como vimos, a «Grande Obra» do alquimista era uma experiência rara e transformadora de  vida e ninguém sabe, ao certo, a forma de que ela se revestia. Contudo, Nicholas Flamel (suposto  grão-mestre do Priorado de Sião), que obteve este brilhante galardão, a 17 de Janeiro de  1382, em Paris, sublinhou que o conseguira em companhia da sua mulher, Perenelle.  
Parece que eles constituíam um casal muito dedicado: segundo parece, Perenelle também  era alquimista – muitas mulheres o eram, em segredo. Mas Flamel sublinhou a sua  presença, naquele dia fatídico, como indicação da verdadeira natureza da Grande Obra? Há  uma sugestão de que ela revestia a forma de algum gênero de rito sexual?

alquimia
A Alquimia dos quatro elementos …
Não há dúvida quanto à existência de, pelo menos, uma componente sexual na prática de  alquimia, como revela o clássico texto alquímico A Coroa da Natureza, citado em Alchemy  de Johannes Fabricius:

A dama de pele branca, amorosamente unida a seu marido, de membros de cor rosa,  envolvidos nos braços um do outro, na felicidade da união conjugal. Fundem-se e diluem-se quando atingem a meta da perfeição. Os dois tornam-se um só, como se fossem um só  corpo.

Significativamente, existem duas disciplinas orientais que sublinham a transcendência  religiosa e espiritual da sexualidade: o tantra indiano e o taoísmo chinês. Ambos são  disciplinas antigas – e muito respeitadas nas suas culturas – e realçam o potencial de certas práticas sexuais para atingir o conhecimento místico, a regeneração física, a longevidade e a unidade com Deus.  Atualmente, muitas destas ideias são largamente conhecidas, mas o que não é  reconhecido, para além dos próprios grupos de iniciados, é que, surpreendentemente, tanto  o tantra como o taoísmo têm um ramo alquímico. Como veremos, isso harmoniza-se com a  verdadeira natureza da alquimia ocidental.

Por exemplo, no tantrismo, a terminologia «química» é interpretada como representação de  práticas sexuais. Como afirma Benjamin Walker, um escritor ocultista, em Man, Myth and  Magic:
Embora ostensivamente (aparentemente) interessada na transmutação dos metais mais vis em ouro, nas retortas, instrumentos e aparelhos da atividade, e nos gestos rituais do alquimista, na sua  sala de trabalho, esta alquimia ocorre, de fato, no interior do próprio corpo humano.
Ironicamente, os elementos sexuais da alquimia ocidental têm sido interpretados como  metáfora dos processos químicos! Como comenta Brian Innes, no seu artigo de The  Unexplained, acerca da alquimia sexual tântrica e taoísta:
A estreita semelhança das imagens – e das substâncias utilizadas – da alquimia de todas estas culturas é surpreendente. A grande diferença é igualmente surpreendente: a alquimia  medieval europeia não parece ter tido qualquer base sexual explícita.
Existia, no entanto, uma grande diferença entre as imagens públicas e os níveis de  aceitabilidade do Oriente e do Ocidente. Na China e na índia, a alquimia não era uma  ciência proibida, e as atitudes em relação ao sexo não eram tão neuróticas e reprimidas  como eram na Europa; por conseguinte, o trabalho era mais aberto e honesto.

Recentemente, a «sexualidade sagrada» foi «descoberta» pelo Ocidente. Essencialmente, é  a ideia de que a sexualidade é o sacramento mais nobre, conferindo não só júbilo mas  também a unidade com o Divino e o Universo. O sexo é considerado (uma, entre muitas) a ponte entre o Céu e a Terra, provocando a libertação de enorme energia criativa, além de revitalizar os amantes  de forma única – mesmo ao seu nível celular.

Alquimia-johfra
O conhecimento da sexualidade sagrada  significa que os velhos textos alquímicos podem, finalmente, ser inteiramente  compreendidos no Ocidente, embora (como habitualmente) sejam os investigadores  franceses que estejam mais empenhados na exploração deste seu aspecto. Dos poucos  escritores anglo-saxônicos  que não se mantêm afastados do tema, A. T. Mann e Jane Lyle escreveram no seu livro  Sacred Sexuality (1995):

É difícil duvidar que os ensinamentos alquímicos escondam segredos sexuais mágicos, que estavam estreitamente aliados ao conhecimento tântrico. Devido à sua complexidade e diversidade, a alquimia certamente envolveu outros mistérios em alegoria poética, a qual apenas, a mente e o CONHECIMENTO dos iniciados conseguia decifrar.
Um dos muitos autores franceses que escrevem sobre este tema, André Nataf, afirma que  «[…] o segredo que a maioria dos alquimistas perseguia era um segredo erótico […] a  alquimia é simplesmente a conquista do amor, uma “liga” de erótico e espiritual». Há muito que o tantrismo e o taoísmo são reconhecidos como as condutas da sexualidade  sagrada da tradição oriental, mas não existiu uma tradição tão bem definida e facilmente  detectável no Ocidente – a não ser que fosse conhecida simplesmente por alquimia.

As imagens sexuais dos textos alquímicos parecem demasiado banais a esta era pós- freudiana: a Lua diz ao seu esposo, o Sol: «Oh, Sol, não fazes nada sozinho, se eu não  estiver presente com a minha força, tal como um galo nada pode fazer sem uma galinha.»  As experiências químicas revestem a forma de «casamentos» ou «cópulas», tal como foi  denominado o panfleto The Chemical Wedding de Johann Valentin Andraea.

Certamente que estas imagens podiam ser simplesmente literais: sendo exatamente uma  «cópula» e não havendo nenhum segredo oculto no simbolismo alquímico. Contudo, as  palavras eram cuidadosamente escolhidas para transmitir instruções complexas, abrangendo  um significado tanto sexual como químico. Essencialmente, os textos alquímicos  continham lições de magia sexual e de química, simultaneamente.

Curiosamente, dado o óbvio tom sexual de grande parte da atividade, a ideia-padrão  histórica da alquimia era a de uma atividade apenas química e que todo o simbolismo era  apenas fantasia. Isto deve-se ao fato de não existir nenhuma organização onde enquadrar toda a  ideia da alquimia sexual, antes de os mistérios do Oriente serem mais largamente  divulgados. Atualmente, no entanto, não temos esse problema, e este conceito está  rapidamente a conquistar aceitação. Barbara Graal Waiker capta o significado subjacente da alquimia:

Parte do segredo é revelado pela preponderância do simbolismo sexual da literatura  alquímica. A «cópula de Atena e Hermes» podia significar misturar enxofre [sic] e  mercúrio numa retorta; ou podia significar a «atividade» sexual do alquimista e da sua namorada. As ilustrações dos livros alquímicos sugerem, com maior frequência, misticismo sexual. Mercúrio, ou Hermes, era o herói  alquímico que fertilizava o Vaso Sagrado, uma esfera ou ovo, em forma de ventre, do qual  nasceria o filium philosophorum. Este vaso pode ter sido real, um frasco ou uma retorta de  laboratório; com maior frequência, parecia ser um símbolo místico. Dizia-se que o Diadema  Real desta descendência aparecia no menstro meretricis, «no fluxo menstrual de uma  prostituta», a Grande Prostituta sendo um antigo epíteto da deusa [… o poder feminino]».

isis-dna
Walker, no entanto, engana-se quando passa a sugerir que, na busca do vaso hermeticum – o  Vaso de Hermes -, os alquimistas o identificavam com o vaso spirituale, o Vaso ou Ventre  Espiritual, da Virgem Maria. Porque, qual é a outra Maria que, habitualmente, é  representada levando um vaso ou um jarro? Tradicionalmente, quem é representada  envergando um vestido escarlate ou envolta no seu longo cabelo ruivo? Que outra Maria  está associada à ideia de prostituição e sexualidade? Mais uma vez, encontramos a Virgem  Maria como disfarce do culto secreto de Maria Madalena.

Atualmente, falamos de «química sexual», mas para os alquimistas este conceito tinha um  significado muito mais profundo do que a mera ideia de atração sexual imediata. Na revista esotérica  francesa L’Originel, Denis Labouré, uma autoridade em ocultismo, discute a noção de  alquimia «interna» em oposição à alquimia «metálica» e o seu paralelismo com o tantrismo,  mas insiste em que ela faz parte de uma «herança tradicional ocidental» (o itálico é nosso) e  afirma:
Se a alquimia interna é bem conhecida do tantrismo ou do hinduísmo, os constrangimentos  históricos [isto é, a Igreja] obrigaram os autores ocidentais a usar da maior prudência. No  entanto, certos textos fazem claras alusões a esta alquimia.
Labouré passa a citar um tratado de Cesar della Riviera, datado de 1605, e acrescenta:
Na Europa, os rastos destes antigos ritos [sexuais] passam pelas escolas gnósticas, pelas correntes alquímicas e cabalísticas da Idade Média e da Renascença – quando numerosos textos alquímicos podiam ser lidos em dois níveis – até que os voltamos a encontrar nas organizações ocultistas, formadas e organizadas, sobretudo na Alemanha, no século XVII.
De fato, o uso do simbolismo «metalúrgico» remonta ao próprio começo da alquimia, na  Alexandria do 1.°-3.° século. Metáforas metalúrgicas sobre sexo encontram-se nos encantamentos mágicos e egípcios; os  alquimistas limitaram-se a adotar as imagens. Este é um exemplo de um encantamento  amoroso, atribuído a Hermes um Trismegisto, que remonta, no mínimo, ao 1.° século a.C.  e que se centra no forjamento simbólico de uma espada:
Tragam-ma [a espada], temperada com o sangue de Osíris, e coloquem-na na mão de ÍSIS […] que tudo o que se forja nesta fornalha de fogo seja instilado no coração e fígado, nos rins e ventre de [o nome da mulher]. Conduzi-a à casa de [o nome do homem] e que ela ponha na mão dele o que está na mão dela, na boca dele o que está na boca dela, no corpo dele o que está no corpo dela, no seu bastão o que está no ventre dela.
maria-madalena-painting by Frederick Sandys
A “ruiva” Madalena segurando o “vaso” de Alabastro …

A alquimia, tal como era praticada pela rede secreta medieval, nasceu no Egito dos  primeiros séculos da era cristã. ÍSIS desempenhava um papel importante na alquimia  daquela época. Num tratado intitulado ÍSIS, a Profetisa de seu filho Hórus, ÍSIS relata como  obteve «de um anjo e profeta» os segredos da alquimia, através dos seus ardis femininos.  Encorajou-o a alimentar o seu desejo por ela, até não poder ser contido, mas recusou entregar-se-lhe antes que ele lhe revelasse os seus segredos – uma clara referência à  natureza sexual da iniciação alquímica. (Evoca a história do papa Silvestre II e  Meridiana, discutida no Quarto Capítulo, em que ele obtém o seu conhecimento alquímico  através do ato sexual com este arquétipo de figura feminina.)

Outro tratado primitivo, atribuído a uma alquimista, de nome Cleópatra – uma iniciada da  escola fundada pela lendária Maria, a Judia -, contém imagens sexuais explícitas:  «Compreender a realização da arte na união da noiva e do noivo e na sua transformação  num único SER.» É notavelmente semelhante a um texto gnóstico contemporâneo, que regista o  seguinte:

Quando o homem atinge o momento supremo e a semente brota, nesse momento a mulher  recebe a força do homem, e o homem recebe a força da mulher […] É por este motivo que o  mistério da união corporal é praticado em segredo, para que a conjunção da natureza não  seja degradada por ter sido observada pela multidão que desprezaria a prática.

Os primitivos textos alquímicos estão saturados de simbolismo que sugere as técnicas  secretas da sexualidade sagrada, provavelmente provenientes do equivalente egípcio do  tantrismo e do taoísmo. A existência desta tradição é revelada no texto conhecido por  Papiro Erótico de Turim (onde ele agora se encontra), o qual há muito é considerado um exemplo  da pornografia egípcia. Novamente, no entanto, esta reação é um exemplo primordial da  má interpretação “acadêmica e erudita” do Ocidente: o que é considerado pornográfico era, de fato,  um rito religioso. Alguns dos mais sagrados ritos egípcios eram de natureza sexual – por  exemplo, uma observância religiosa diária do faraó e da sua consorte implicava, provavelmente, que ele fosse masturbado por ela.

Este ritual era a reencenação simbólica da  criação do Universo pelo deus Ptáh, a qual ele realizara por processos semelhantes. As  imagens religiosas dos palácios e dos templos representavam, de forma inequívoca, este  ato; no entanto, ele foi considerado tão ultrajante pelos arqueólogos e pelos historiadores  que apenas recentemente o seu significado foi reconhecido – e, mesmo assim, o tema ainda  é discutido em tons hesitantes e apologéticos. É evidente que o Ocidente tem um longo  caminho a percorrer até alcançar a total aceitação egípcia do sexo como um sacramento (sagrado).

Esta relutância em aceitar o significado que o sexo tinha para os antigos não é um  fenômeno novo. Para os eruditos do 1.º e 2.° séculos, o tema não era um problema, mas,  como observa Jack Lindsay, no século VII, o simbolismo sexual das obras alquímicas é  tratado de um «modo secretamente alusivo». Assim, desde o início, a alquimia ocidental tem uma faceta fortemente sexual. Devemos  acreditar que, na Idade Média, esta profunda e influente tradição se extinguira totalmente?

Algumas das primeiras seitas gnósticas – como os carpocratianos de Alexandria –  praticavam ritos sexuais. Não é surpreendente que fossem declarados degradantes e  repugnantes pelos padres da Igreja, e, na falta de registros menos hostis, não há maneira de  saber exatamente de que forma esses ritos se revestiam.

ÍSISáguas
Ao longo da história da Cristandade, surgiram seitas «heréticas» que incorporavam uma  atitude mais libertária relativamente ao sexo, mas foram invariavelmente condenadas e  eliminadas – por exemplo, dizia-se que os irmãos e irmãs do Egito Livre, também  conhecidos por adamitas, praticavam um «segredo sexual» que remontava aos séculos XIII  e XIV. A filosofia dos adamitas teve uma notável influência no panfleto Schwester  Katrai – que, como vimos, inclui provas de familiaridade com o retrato de Maria Madalena  esboçado pelos Evangelhos gnósticos -, e a autora parece ter sido membro desta seita.

Outro grupo implicado no misticismo erótico – embora não conhecido como seita religiosa –  era o dos trovadores, os famosos cantores do culto do amor do sudoeste da França (região que cultuava Madalena) cujos equivalentes alemães eram os  minnesingers – sendo Minne uma mulher idealizada ou deusa. O amor do cavaleiro  pela sua dama reflete uma devoção e uma reverência pelo Princípio Feminino. E o conteúdo dos poemas – um misto de «espiritualidade e carnalidade» – pode ser considerado uma série de alusões veladas à sexualidade sagrada. Mesmo a acadêmica  Barbara Newman, ao resumir esta tradição, não pôde fugir a usar uma linguagem evocativa  da sexualidade sagrada:
[…] um jogo erótico, com uma espantosa variedade de mudanças: o poeta podia  transformar-se na noiva de um deus ou no amante de uma deusa ou fundir-se totalmente com a amada e tomar-se divino […].
Grande parte da tradição do amor cortês implica a compreensão de técnicas específicas, por  exemplo, a da maithuna, a retenção deliberada do orgasmo, para induzir sensações de  beatitude e conhecimento místico. Como afirma Peter Redgrove, autor e poeta britânico:
É possível reconstituir toda uma tradição de maithuna (sexualidade visionária tântrica) na  literatura do conto medieval de cavalaria?
Os trovadores adotaram a rosa como símbolo, talvez porque o seu nome (em francês e em  inglês, rose) é um anagrama de Eros, o deus do amor erótico. Também existe a possibilidade de  que a sua «onipresente» senhora – aquela que devia ser obedecida, embora a casta  distância – se destinasse a ter outro significado, a nível esotérico, como sugere o nome  alemão de minnesinger.

O arquétipo desta senhora não podia ter sido a Virgem Maria porque, embora a rosa fosse  conhecida como seu símbolo, na Idade Média, o seu culto não precisava de se ocultar em  códigos. Além disso, a flor mais descritiva das suas qualidades não era a rosa erótica, mas o  mais sugestivo lírio do Oriente: belo, mas austero, sem nenhuma sugestão de carnalidade.  Então, quem mais podiam celebrar as canções dos trovadores? Quem mais era uma  «deusa», muito amada pelos grupos heréticos dessa época? Quem mais senão Maria  Madalena?

As grandes rosáceas das catedrais góticas estão sempre voltadas para Ocidente (leste,o nascer do SOL) – tradicionalmente, a direção consagrada às divindades femininas – e nunca estão longe  de um santuário da Madonna (minha senhora) Negra. E, como vimos, estas enigmáticas  estátuas são deusas pagãs, sob outra roupagem, uma personificação da antiga celebração da  sexualidade feminina.

Anjodapaz-Female-2
Além das rosáceas sagradas, as catedrais góticas também contêm outras imagens pagãs –  por exemplo, o simbolismo da teia de aranha/labirinto de Chartres e de outras catedrais é  uma referência direta à Grande Deusa, na sua manifestação de fiandeira e senhora do  destino da humanidade, mas muitas outras igrejas também contêm inúmeras imagens  femininas. Algumas delas são tão vivas que, uma vez interpretadas, podem alterar a  impressão que os cristãos têm das suas igrejas. Por exemplo, as grandes portas góticas, que  gerações de cristãos atravessaram tão inocentemente, representam, na realidade, a parte  mais íntima da deusa.

Atraindo o crente as seu interior escuro e semelhante a um ventre, as  portas são esculpidas em arestas afuniladas e quase sempre ostentam um botão de rosa,  semelhante a um clítoris, no topo do arco. Uma vez no interior, o crente católico pára junto  a uma pia da água benta, quase sempre representada por uma concha gigantesca, símbolo  da natividade da deusa – como Botticelli, suposto grão-mestre do Priorado de Sião,  imediatamente antes de Leonardo, tão espantosamente a representou em O Nascimento de  Vênus. (E a concha de caurim, outrora símbolo dos peregrinos cristãos, é reconhecida como  sendo o símbolo clássico da vulva.).

Todos estes símbolos foram deliberadamente  empreguados pelos adeptos do Princípio Feminino, e, embora comuniquem algo a nível  subliminar, têm um efeito perturbador sobre o inconsciente. Aliados à grande sonoridade da  música, à luz das velas e ao aroma do incenso, não admira que, outrora, a ida à igreja  inspirasse um fervor tão peculiar!

Para os iniciados nos mistérios do oculto, o Feminino era um conceito carnal, místico e espiritual simultaneamente. A sua energia e poder provinham da sua sexualidade, e a sua sabedoria (Sophia) –  por vezes conhecida por «sabedoria da prostituta» – provinha de um conhecimento da  «rosa», eros.

Segundo o ditado, «saber é poder», segredos desta natureza exercem um poder sem igual, constituindo, por isso, uma ameaça única à existência da Igreja de Roma e a todos os matizes de opinião  católica. O sexo era – e, em muitos casos, ainda é – considerado aceitável apenas entre  aqueles cuja união tinha probabilidades de resultar em procriação. Por esta razão, não existe  conceito cristão de sexo apenas por prazer, para não referir a ideia – como no tantrismo ou  na alquimia – de que ele possa proporcionar iluminação espiritual. (E, enquanto a Igreja Católica notoriamente proíbe a contracepção, outros grupos vão mais longe: por exemplo,  os mórmons reprovam o sexo após a menopausa.)
O que todas estas regras inibitórias realmente pretendem, no entanto, é o controle das  mulheres (do poder feminino e assim da humanidade). Elas devem aprender a encarar o sexo com apreensão – ou porque é triste, é seu  dever conjugal e nada mais, ou porque conduz, inevitavelmente, às dores do parto. Esta ideia era central no  modo como as mulheres eram encaradas pela igreja, e pelos homens, em geral, ao longo  dos séculos: se as mulheres perdessem o receio do parto, sem dúvida que o caos se  instalaria.

Malleus-Maleficarum-1669
Um dos principais motivos que inspirou as atrocidades da caça às bruxas foi o ódio e o  medo das parteiras, cujo conhecimento do modo de aliviar as dores do parto era  considerado uma ameaça para a civilização “decente”: Kramer e Sprenger, autores do infame  Malleus Maleficarum – o manual dos caçadores de bruxas europeus – escolheram  particularmente as parteiras como sendo merecedoras do pior tratamento possível às suas  mãos. O terror da sexualidade feminina terminou com centenas de milhares de mortos, a  maioria das vítimas sendo de mulheres, ao longo de três séculos de julgamentos de feitiçaria, efetuados pela “santa igreja de Roma”.

Desde a época misógina dos primeiros padres da Igreja, quando ainda se duvidava de que  as mulheres tivessem alma, tudo foi feito para as fazer sentirem-se profundamente inferiores, em todos os níveis. Não lhes ensinavam apenas que eram pecaminosas, em si mesmas, mas que  também eram a maior – por vezes, a única – causa de pecado do homem. Aos homens era  ensinado que, ao sentirem genuíno desejo sexual, estavam apenas reagindo às artimanhas  diabólicas da mulher, que os enfeitiçava e os atraía para atos que, de outro modo, eles  nunca teriam considerado praticar.

Uma expressão extrema desta atitude encontra-se na ideia da  Igreja medieval de que uma mulher violada era responsável não só por provocar o ato  contra si mesma mas também pela perda da alma do violador – perda que a mulher teria de reparar no Dia do Juízo Final. Como escreve R. E. I. Masters:

Quase toda a culpa do horrível pesadelo que foi a mania das bruxas, e a maior parte da  responsabilidade pelo envenenamento da vida sexual do Ocidente, cabe inteiramente à  Igreja Católica romana.

A Inquisição – que fora criada para resolver o problema dos cátaros – adaptou-se facilmente  ao seu novo papel de caçadora de bruxas, torturadora e assassina, embora os protestantes  também aderissem com prazer a essa prática. É significativo que o primeiro julgamento por feitiçaria se realizasse em Toulouse, quartel-general da Inquisição anti-cátaros. Foi apenas rancor por  algum tipo de catarismo residual que conduziu a este julgamento crucial, ou foi um sintoma  do medo que as mulheres do Languedoc provocavam aos Inquisidores, obcecados pelo  sexo?

Subjacente ao ódio e ao medo das mulheres, estava o conhecimento de que elas tinham uma  capacidade única para sentir prazer sexual. Os homens medievais podiam não ter se beneficiado da atual educação anatômica,  mas a investigação pessoal não podia ter deixado de revelar a existência do órgão feminino do prazer, curiosamente ameaçador, o clítoris. Essa pequena protuberância, tão inteligentemente – embora subliminarmente – celebrada como o botão de rosa, no topo dos arcos góticos das igrejas, é o único órgão humano cuja função é unicamente dar prazer.

As implicações deste fato são, e sempre foram, enormes e estão no âmago de toda a supressão patriarcal, por um lado, e de todos os ritos sexuais tântricos e místicos, por outro. O clítoris, que ainda hoje não é considerado um tema adequado a discussão, revela que as mulheres se destinavam a ser  sexualmente extáticas, talvez ao contrário dos homens, cujo órgão sexual tem a dupla  função de urinário e reprodutor.

Deusa-da-Terra1
Contudo, a tradição misógina do patriarcado judaico-cristão teve tanto sucesso que apenas  no século XX se tornou aceitável, no Ocidente, a ideia de que as mulheres têm prazer  sexual, e, ainda hoje, não é este o caso no que diz respeito à Igreja. Embora seja verdade  que a desigualdade sexual e a hipocrisia não sejam criações exclusivas das três grandes  religiões patriarcais, catolicismo, judaísmo e islamismo – basta observar o costume indiano  de queimar a esposa -, no entanto, a ideia de que o sexo é inerentemente sujo e vergonhoso é uma tradição meramente ocidental. E, em qualquer parte que esta atitude prevaleça, haverá sempre o  tipo de desejo reprimido e de culpa que, inevitavelmente, darão origem a crimes contra as  mulheres, talvez mesmo a manias de feitiçaria.
O ambiente puritano do Ocidente e o seu  ódio e medo do sexo deixaram um terrível legado até ao fim do milênio, sob a forma de  espancamento da esposa, pedofilia e violação. Porque, onde quer que o sexo seja olhado com desconfiança, o parto e as crianças também serão considerados intrinsecamente condenáveis, e os filhos serão vítimas de violência, tal como as mães. O contraditório e irascível Jeová do Antigo Testamento criou Eva – e, manifestamente,  teve ocasião de se arrepender.

Quase logo que «nasceu», ela revelou uma capacidade para pensar por si própria que  ultrapassava muito a de Adão. Eva e a «serpente» formaram uma equipe poderosa: o que  não é de admirar porque as serpentes eram o antigo símbolo de Sophia, representando a  sabedoria (conhecimento em oposição à ignorância) e não a maldade. Mas ficou Deus Jeová satisfeito porque a mulher que criara, mostrou iniciativa e autonomia ao comer da Árvore do Conhecimento – querendo aprender?

Depois  de ter revelado uma curiosa (e estúpida) falta de previsão, relativamente às capacidades de Eva, especialmente para um “onipotente e onisciente” criador de universos, Deus condenou-a a uma vida de sofrimento, começando, deve observar-se, com a maldição da costura… (Porque ela e o infeliz Adão tiveram de fazer tangas de folhas de figueira para cobrir a sua nudez.) Assim, Adão e Eva conheceram a ideia de vergonha dos seus corpos e da sua  sexualidade. Bizarramente, somos levados a concluir que foi próprio Deus que ficou  horrorizado com a visão da carne nua, o próprio Jeová.

Este mito simplista serviu de justificação  retrospectiva para a degradação das mulheres e desencorajou o alívio das agonias ginecológicas e do parto. Negou voz às mulheres durante milhares de anos – e aviltou,  degradou e mesmo diabolizou o ato sexual, que deveria ser jubiloso e mágico, pois preserva a perpetuação da própria espécie humana. Se substituiu assim o amor e o êxtase criativo pela vergonha e pela culpa e inculcou um medo neurótico de um Deus  masculino que, aparentemente, se odiou tanto que abominou a sua melhor criação – a  própria Humanidade.

Desta história perniciosa nasceu o conceito do pecado original, que condena até os recém- nascidos inocentes ao Purgatório; até recentemente, envolveu o espantoso milagre do  nascimento num manto de embaraço, ignorância e superstição e eliminou o poder único da mulher –  que, evidentemente, foi a razão pela qual, em primeiro lugar, esta história foi inventada.

Embora, na nossa cultura, ainda exista um medo e uma ignorância espantosos em relação  ao sexo, as coisas estão muito melhores do que estavam mesmo há dez anos atrás. Vários  livros importantes abriram novas perspectivas – ou talvez renovassem antigas perspectivas.  Entre eles encontram-se The Art of Sexual Ecstasy de Margo Anand (1990) e Sacred  Sexuality de A. T. Mann e Jane Lyle (1995); ambos celebram o sexo como meio de  iluminação e transformação espirituais.

rosa
Como vimos, outras culturas não sofrem do mesmo problema (a não ser que fossem  contaminadas pelo pensamento ocidental). E, em certas culturas, o sexo era julgado  superior a uma arte: era considerado um sacramento – algo que habilitava os participantes a  identificarem-se com o Divino. É esta a raison d’être do tantrismo, o sistema místico de  união com os deuses, através de técnicas sexuais como a Karezza ou a obtenção da  felicidade, sem orgasmo. O tantrismo é a «arte marcial» da prática sexual, implicando uma  preparação espantosamente disciplinada e demorada, tanto para homens como para mulheres – sendo ambos considerados iguais.

A arte do tantrismo, no entanto, não é exclusiva do mundo exótico do Oriente.  Atualmente, surgem escolas de tantra em Londres, Paris e Nova Iorque, embora o extremo  rigor da arte afaste muitas pessoas; por exemplo, são necessários meses somente para aprender a  respirar de modo correto. Mas o uso do sexo, como sacramento, não é novo no Ocidente.
Links partes anteriores:
  1. http://thoth3126.com.br/o-codigo-secreto-de-leonardo-da-vinci/
  2. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-02a-no-mundo-secreto/
  3. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-02b-no-mundo-secreto/
  4. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-03a-no-rastro-de-madalena/
  5. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-03b-no-rastro-de-madalena/
  6. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-03c-no-rastro-de-madalena/
  7. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-4a-a-patria-da-heresia/
  8. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-4b-a-patria-da-heresia/
  9. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-5a-os-guardioes-do-graal/
  10. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-6c-a-heranca-dos-templarios/
Permitida a reprodução desde que mencione as fontes e respeite a formatação original.
URL: http://wp.me/p2Fgqo-829

Por favor, respeitem todos os créditos

Arquivos em português:
http://rayviolet2.blogspot.com/search?q=Lynn Picknett

Atualização diária

Se gostou! Por favor RECOMENDE aos seus Amigos.
achama.biz.ly 

Israel ou Cazária!?

achama.biz.ly email: nai@achama.biz.ly 


EN: VioletFlame * The Illuminati * Alternative Media * North Atlantic Islands * Indian Ocean Islands * South Atlantic Ocean Islands * Alternative Media * Creator's Map * ESU IMMANUEL * Exposing Media DesInformation * Galactic Federation * Indians, Prophecies and UFOs * Illuminati, The * Infinite Being * Israel (!?) * Jews..., the Real ones! * Khazars Jews are converted, not jenuine * Meditation * Media News * NESARA (!?) * SCIENCE, SPIRIT, Free Energy!... * UFO CONTACTS * UFOs (MORE) * USA The 4th NAZI Reich!? * Zionism Lies and The Illuminati * Light a Candle for PEACE * The Red Pill * The True Shadow Government

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2021
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2019
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2015
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2014
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2013
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2012
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2011
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub