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A Chama Violeta

Sítio dedicado à filosofia humana, ao estudo e conhecimento da verdade, assim como à investigação. ~A Luz está a revelar a Verdade, e a verdade libertar-nos-á! ~A Chama Violeta da Transmutação

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Novembro 26, 2015

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Os Cavaleiros Templários – História. 

Parte 4.

Por Michel Lamy.

Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch





OS TEMPLÁRIOS, ESSES GRANDES GUERREIROS DE MANTOS BRANCOS COM CRUZES VERMELHAS

Uma vez aprovada a Ordem e permitindo-lhe a sua regra assumir o seu papel duplo, religioso e militar, poderíamos considerar que estava adquirido o enquadramento jurídico favorável ao seu desenvolvimento. Condição necessária mas não suficiente porque os Templários tinham necessidade de uma logística poderosa. Precisavam, não só, de realizar recrutamentos importantes para formarem batalhões de monges-soldados na Terra Santa, mas também garantir a manutenção desses exércitos em operações.

Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch

OS TEMPLÁRIOS, ESSES GRANDES SENHORES DE MANTOS BRANCOS – OS SEUS COSTUMES, OS SEUS RITOS, OS SEUS SEGREDOS.

Parte anterior em:

Segunda Parte – O Templo, Potência Econômica e Política – Os Mistérios da Sua Riqueza 

01 – OS BENS DO TEMPLO – ASSEGURAR A LOGÍSTICA

Era necessário fornecer-lhes alimentação, armas, vestuário, equipamentos, armas, cavalos, etc. As necessidades em breve iriam tornar-se colossais. Imaginamos mal, hoje em dia, como os Templários conseguiram fazer-lhes frente. Por vezes, houve que manter até quinze mil «lanças» na Palestina e uma lança significa um cavaleiro com o seu séquito completo: escudeiro, sargento de armas. Essas quinze mil lanças representam, na verdade, entre sessenta e cem mil homens. A isso há que acrescentar a intendência: todos os irmãos conversos encarregados dos abastecimentos, manutenção, reparações e alojamentos.


Pensemos que, a fim de ter sempre à disposição uma montada fresca, cada cavaleiro possuía três cavalos enquanto mais dois eram atribuídos a cada um dos seus sargentos. Em redor desta tropa gravitavam também os capelães do Templo e os operários encarregados das construções e da sua manutenção. Não esqueçamos que os Templários construíram e defenderam imensas fortalezas na Palestina e que asseguraram também a guarda de inúmeras praças-fortes em Espanha. Logo, era absolutamente necessário garantir as retaguardas da Ordem e financiar o esforço de guerra a partir do Ocidente.

Depender de uma corrente contínua de donativos teria sido muito arriscado e, de qualquer modo, insuficiente. Essas dádivas eram perfeitamente necessárias, mas, a utilização dos seus produtos devia ser racionalizada e maximizada. Convinha, é claro, provocar um verdadeiro ímpeto de simpatia e de generosidade para com o Templo e torná-lo o mais duradouro possível. Depois, seria necessário gerir por forma a multiplicar a eficácia do financiamento.

O PEDITÓRIO
No que se refere à primeira fase, a propaganda organizada por São Bernardo viria a revelar-se eficaz: os que se não alistassem nas fileiras da Ordem sentir-se-iam amiúde obrigados a doar para participarem nesse ímpeto. A verdadeira «digressão» que Hugues de Payns e os seus companheiros fizeram depois do concílio de Troyes permitiu acionar o sistema. Tinha, é claro, o duplo objetivo do recrutamento e da coleta de dádivas. Hugues de Payns começou pelas regiões onde tinha a certeza de ser bem recebido: a Champagne, em primeiro lugar, como é lógico, e, em seguida, Anjou e o Maine. Conhecia bem Foulques V de Anjou, que participara na primeira cruzada e mantinha uma centena de homens de armas na Terra Santa. Já estava conquistado para a causa dos Templários.

O que é mais, Hugues de Payns fora encarregado, junto dele, de uma missão muito agradável, dado que era portador de uma carta de Balduíno, rei de Jerusalém. Este, que não tinha herdeiro homem, desejava ver Foulques casar com a sua filha, Mélisande, e suceder-lhe no trono de Jerusalém. Foulques aceitou e ajudou a facilitar a digressão de Hugues de Payns junto dos seus vassalos. Hugues continuou o seu périplo passando pelo Poitou e pela Normandia.

Aí, encontrou o rei Henrique I de Inglaterra que o aconselhou a transpor o Canal da Mancha. O primeiro Mestre da Ordem, com a recomendação no bolso, dirigiu-se então à Grã-Bretanha e chegou, inclusive, à Escócia. Foi bem recebido em toda a parte e acumulou dádivas e presentes diversos. O ouro e prata recolhidos foram rapidamente expedidos para Jerusalém, enquanto Hugues continuava a sua digressão, passando pela região de Flandres, para a concluir no seu ponto de partida: a Champagne.

Nesse momento, uma pequena hoste já se formara em seu redor, ao longo das etapas, pronta para embarcar para o Oriente. Durante esse tempo, os seus companheiros da primeira hora não tinham ficado inativos. Também eles haviam recrutado, tendo-se cada um deslocado ao local onde tinha a certeza de ser melhor recebido: Godefroy de Saint-Omer, em Flandres, Payen de Montdidier, no Beauvaisis e na Picardia, Hugues Rigaud, no Delfinado, na Provença e no Languedoque, outro fora a Espanha.


Assim, em 1129, os habitantes dos vales do Ródano puderam ver passar uma tropa comandada por Hugues de Payns e Foulques de Anjou, com destino à Terra Santa. Em muito pouco tempo, o Mestre do Templo conseguira recrutar trezentos cavaleiros, sem contar os escudeiros e os sargentos que os acompanhavam. A digressão de propaganda fora um verdadeiro êxito e as dádivas começavam a afluir de todos os lados. Durante décadas, o movimento em prol do Templo não iria deixar de crescer. No Ocidente, já se criavam casas da Ordem, que tinham como dever não só assegurar a intendência, mas também, continuar a propaganda com o fito de atraírem novos recrutas e doações. Se olharmos bem, o progresso da Ordem do Templo parece fantástico, quase inexplicável na sua magnitude.

TUDO SE DOA
As primeiras doações foram, é claro, as dos primeiros Templários, dado que a sua regra os proibia de terem propriedade privada. Foi, portanto, o caso dos bens de Hugues de Payns, de Godefroy de Saint-Omer, em Ypres, na Flandres, dos de Payen de Montdidier, em Fontaines, etc. Mas houve também bens e direitos oferecidos por particulares: casas, terras, armas, objetos diversos, dinheiro, roupas, «taxas»… Havia até quem doasse a sua própria pessoa à Ordem do Templo em troca de uma vantagem espiritual. Bernard Sesmon de Bézu foi um curioso exemplo disso.

Ele doou a sua própria pessoa a fim de que os Templários o ajudassem a salvar a sua alma e o acolhessem na sua Ordem quando a sua morte estivesse próxima, fazendo-o assim participar in extremis no seu empenho e nos benefícios celestes que daí pudessem resultar. Precisava: “E se a morte viesse surpreender-me enquanto estou ocupado no século, que os irmãos me recebam e que, num local oportuno, inumem o meu corpo e me façam participar das suas graças e benefícios.” Em contrapartida, fazia dos Templários seus herdeiros. Além destes aspectos testamentários, viu-se também pessoas venderem os seus bens à Ordem em renda vitalícia.

Outros cediam direitos diversos ou locais particulares, como a levada de um riacho para que os Templários pudessem construir lá um moinho. Quanto a Roger de Béziers, foi muito generoso. Doou: “[…] o seu domínio chamado Champagne, situado no condado de Razès, nas margens do rio Aude, que o divide ao meio […] com todos os seus habitantes, homens, mulheres e crianças, as suas casas, foros, usufrutos, as suas terras isentas de foros e terras aráveis, os seus prados, pastagens, terrenos baldios, as suas culturas e terrenos incultos, as suas águas e aquedutos, com todos os moinhos e direitos de moinho, as pescarias com entradas e saídas.”

Isto sem contrapartida alguma, visto que afirmava: “Os irmãos do Templo não me deverão, sobre o seu domínio, nem rendimentos, nem vínculos pessoais, nem direito de portagem e de passagem.” Algumas dádivas foram nitidamente mais modestas, como a daquele camponês que se compromete a fornecer, todos os anos pela Páscoa, dez ovos à casa do Templo próxima do local onde habita. Os que doavam eram amiúde desinteressados ou esperavam do seu ato um benefício quanto à remissão dos seus pecados. Mas outros tratavam isto como negócios. As suas doações eram realizadas então contra determinadas liberalidades por parte da Ordem e, muitas vezes, a garantia de esta os proteger, a eles e aos seus interesses, garantia muito apreciável naqueles tempos de insegurança.

De qualquer modo, foi tudo muito depressa. Os bens multiplicaram-se rapidamente. Assim, a casa dos Templários de Douzens, no Aude, não recebeu menos de dezesseis doações importantes, em cinco anos. Na Flandres, o entusiasmo foi fulgurante: em alguns dias, foram instaladas quatro comendas, em Ypres, Cassel, Saint-Omer e Bas-Wameton. A partir daí, toda a região foi percorrida de imediato, o conde Guillaume Clito concedeu-lhes as sisas (impostos) das Flandres, isto é, os foros devidos por cada herdeiro quando entrava na posse do seu feudo. No Languedoque, fora organizada uma reunião pública na catedral de Toulouse para dar a conhecer a Ordem. O efeito imediato foi, é claro, um peditório substancial, mas seguiram-se-lhe inúmeras doações, tanto no Languedoque como no Roussillon.

Esta região deu, aliás, um bom exemplo da extensão contínua da Ordem. Em 1130, os Templários receberam um imóvel em Perpignan. Transformaram o local em fortaleza, com uma igreja fortificada. Em 1136 e 1137, foram-lhes doadas casas, campinas, terras cultiváveis, vinhas e os homens que nelas trabalhavam. Aconteceu o mesmo em 1138 e 1140. Sabemos menos bem o que se passou nos anos seguintes mas, em 1149, Gaufred, conde de Roussillon, doou o Mas da Garrigue du Pont-Couvert-sur-Réart que foi transformado em recebedoria. Em 1157, os Templários viram transferidos para si diversos direitos. Em 1170, o conde Guinard doou-lhes o castelo do Mas-Pal, junto do qual criaram a aldeia de Bompas.

Em 1176, outras terras vieram juntar-se a todas estas propriedades. Em 1180, começaram a secar um conjunto de pântanos que haviam acabado de lhes serem doados. Dez anos mais tarde, os Templários tornaram-se proprietários de todos os terrenos planos situados a oeste de Perpignan. Em 1207, o rei de Aragão concedeu-lhes terras que tinha no Roussillon e, em 1208, o bispo de Elne atribuiu lhes a igreja da cidade com os seus rendimentos. Ocorreram novas doações de terras e de direitos em 1214, 1215 e 1217. Em 1237, na sequência de novas doações, a comendadoria geral do Roussillon foi instalada no Mas-Deu, entre Trouillas e Villemolagne. Isto mostra a regularidade das doações durante um século.

Na verdade, neste lapso de tempo, o Templo recebeu, nesta região, muitas outras terras mas não as citamos, dado que nem sempre conhecemos as datas precisas. O movimento de generosidade que se exerceu em prol da Ordem do Templo adquiriu proporções especialmente importantes na França. No entanto, outros países participaram nesta construção. Para esquematizar, poderíamos dizer toda a Europa. Mesmo assim, alguns foram mais longe do que outros. Isso foi especialmente verdade nos reinos da Península Ibérica. Logo em Maio de 1128, a Rainha D. Teresa, de Portugal, dera aos Templários o castelo de Soure, ponto de resistência aos sarracenos. Não esqueçamos que os árabes da dinastia dos Almorávidas ainda ocupavam, nessa época, metade da Península Ibérica.

Em 1130, a entrada de Raimundo III de Barcelona para a Ordem, trazendo com ele o castelo de Oranera, foi o ponto de partida de uma vaga de recrutamento, de doações de fortalezas e dinheiro. Quanto ao rei Afonso de Castela e Aragão, quis inclusive doar, por testamento, um terço do seu reino aos Templários. Elevaram-se protestos e o testamento acabou por ser anulado, mas a Ordem foi indenizada, apesar de tudo, com a atribuição das fortalezas de Curbin, Montjoye, Calamera, Monzon e Remolina. Por vezes, algumas praças-fortes só lhes foram atribuídas em troca de alguns esforços. Foi assim que D. Afonso de Portugal lhes concedeu a de Ceira e toda a região que a rodeava, com a condição de expulsarem os sarracenos que a ocupavam.

Eles fizeram-no e aproveitaram para fundar as cidades de Coimbra, Ega e Ródão. Perante o seu poderio crescente, as pequenas ordens militares que haviam sido fundadas em Castela e em Aragão, como a Ordem de Montreal, fundiram-se com a do Templo, trazendo consigo os seus bens. Assim, com bastante rapidez, a Ordem do Templo encontrou-se solidamente implantada na França, Espanha, Portugal, Inglaterra, Alemanha, Bélgica e, depois, na Armênia, Itália e em Chipre, sem esquecer a Terra Santa.

A ORGANIZAÇÃO DAS COMENDAS
Todas estas doações provocaram muitas invejas. Vimos que o testamento do rei de Aragão foi contestado; aqui e ali, alguns particulares consideraram-se lesados, inclusive algumas ordens religiosas protestaram porque, à medida que aumentava o entusiasmo em relação ao Templo, viam rarefazer-se as dádivas de que eram alvo. Por uma espécie de equilíbrio misterioso inerente à natureza humana, quantos mais amigos tinham os Templários mais suscitavam invejas e inimizades. Inúmeras vezes, os bispos e até a Santa Sé tiveram de intervir para dirimir litígios. Assim, no caso da capela de Obstal, os Templários tinham obtido que as esmolas dadas nesse local, durante os três dias das Rogações e os cinco seguintes, pertencessem à Ordem, beneficiando delas, durante o resto do ano, os cônegos de Saint-Martin d’Ypres.

Foi necessária a intervenção do arcebispo de Reims e dos bispos de Chartres, Soissons, Laon, Arras, Mons e Châlons e até mesmo uma confirmação pontifícia para tornar possível essa disposição. Fosse como fosse, a quantidade e diversidade destas ofertas em breve exigiu, dos Templários, uma aptidão muito especial para a gestão e a organização. Escolheram para célula de base do seu desenvolvimento as comendas. Na verdade, se a sua criação dependeu, na maior parte das vezes, do acaso e se realizou em função das oportunidades, o seu desenvolvimento correspondeu a critérios racionais. A organização dessas comendas ocidentais foi, em todos os aspectos, notável. Elas reuniram, segundo as regiões, culturas, prados, vinhas, fontes, ribeiros, lagos, construções diversas, rendas, direitos.

Sempre que lhes foi possível, os Templários procuraram realizar uma cobertura eficaz das regiões onde estavam bem implantados. Procuraram também colocar a mão em determinados locais famosos por terem albergado cultos antigos e que se julgava possuírem poderes especiais. Tão frequentemente quanto podiam, dado que tinham os pés perfeitamente assentes em terra, tentaram também garantir rendimentos regulares, em substituição dos aleatórios. Sempre que lhes foi possível, converteram os direitos e percentagens que haviam recebido em taxas fixas. É verdade que, cada dia, a manutenção do seu exército do Oriente lhes custava extremamente caro e devia ser assegurada, a qualquer preço.

Foi também por isso que criaram, um pouco por todo o lado, silos de armazenamento, comprando e armazenando cereais nos anos de grande produção e revendendo-os, mais caro, certamente, mas a um preço que continuava a ser bastante razoável, quando a colheita era má. Resultado: benefícios confortáveis para a Ordem, mas também uma ausência total de fome nas regiões em que estava implantada – e isso durante os dois séculos da sua existência. Para racionalizar a exploração das suas terras e direitos e maximizar o rendimento deles, o Templo não podia satisfazer-se com as doações que lhe eram feitas. Gerir terras dispersas não teria sido muito prático nem muito econômico. A Ordem inventou, portanto, a reconstrução.

Completou as suas propriedades mediante uma política de compras e permutas, procurando formar conjuntos coerentes para a exploração. Se havia direitos detidos por terceiros sobre as terras ou os bens que lhes haviam sido concedidos, tentava sempre comprar esses direitos, de modo a possuir um máximo de bens livres de quaisquer encargos. Quanto às terras mais isoladas ou menos interessantes que não se integravam no seio de uma exploração racional, não hesitava em livrar-se delas, quer trocando-as, quer cedendo a sua gestão. O objetivo era sempre, numa primeira fase, permitir à comendadoria viver em auto-subsistência e, em seguida, libertar o máximo de excedentes possível de modo a financiar o esforço de guerra no Oriente.

O poderio da Ordem inquietava várias personalidades e não era raro tentarem dissuadir as pessoas de doarem os seus bens ao Templo. Os monges-soldados não hesitavam, para atingirem os seus fins, em recorrer à artimanha. Utilizavam intermediários, verdadeiros testas de ferro, para comprarem os bens que cobiçavam que, em seguida, lhes eram revendidos. Na verdade, os Templários não eram os únicos que praticavam uma verdadeira política fundiária. Os seus amigos cistercienses eram um bocado parecidos com eles nessa matéria, mas procediam de forma menos sistemática. Desde o início que os Templários haviam tido consciência da importância das trocas comerciais para o desenvolvimento econômico.

A utilização destes termos pode parecer curiosa porque pertencem a um vocabulário moderno. No entanto, apesar das diferenças de épocas, são adequados, na medida em que a Ordem do Templo se comportou exatamente do mesmo modo que as multinacionais atuais. O recrutamento fora rápido, mas todos quantos se desejavam alistar nem sempre eram talhados para se converterem em soldados de elite. Havia, entre eles, burgueses e camponeses que raramente eram feitos cavaleiros e, depois, havia também que «reciclar» os feridos que já não mais podiam combater. Na maior parte das vezes, eram adstritos às comendas ocidentais onde se utilizavam, da melhor forma, os conhecimentos e competências de cada um deles. Encarregaram-se das plantações, da preparação dos solos férteis, do comércio. Havia poucos homens de armas nessas comendas, na maior parte das vezes, dois ou três cavaleiros e alguns sargentos, encarregados sobretudo do policiamento, isto é, da proteção das casas do Templo e das rotas utilizadas para o seu comércio.

Para além do Mestre e de alguns cavaleiros, a comendadoria abrigava geralmente um esmoler, um enfermeiro, um ecônomo, um recebedor dos direitos devidos ao Templo, alguns artesãos «irmãos de mestres», dirigidos por um «alveitar», um irmão responsável pela venda dos produtos, um capelão e um clérigo mais especialmente encarregado do correio e do equivalente aos atos notariais atuais. Juntavam-se-lhes criados e artesãos laicos que constituíam a «mesnada», a «gens» do Templo. Esta criadagem era bastante numerosa. Assim, em Baugy, no Calvados, compreendia um pastor, um vaqueiro, um porqueiro, um guardador dos frangos, um encarregado das florestas, dois porteiros e seis operários. É claro que a composição destes grupos dependia das explorações e da importância das terras possuídas porque, muitas vezes, os Templários tinham para gerir superfícies tão grandes como meia província, com quintas disseminadas, vilas fortificadas, múltiplas capelas para guarnecer, etc.


Na administração dos bens da Ordem, o ecônomo ou recebedor podia ser secundado por um tenente ou por um celeireiro. Os Templários sabiam empregar métodos racionais, mas isso não os impedia de se mostrarem pragmáticos e de se adaptarem aos hábitos locais. Isso era tanto mais necessário quanto empregavam uma mão-de-obra radicada no local: vilões ou servos. Estes últimos pertenciam-lhes muitas vezes, em consequência de doações ou heranças. Se alguns desses servos foram alforriados pelos Templários, tal não se deveu a razões humanitárias. Com efeito, os irmãos da Ordem possuíram inclusive escravos sem terem problemas de consciência. Acontecia comprarem-nos e venderem-nos. Tratava-se, geralmente, de prisioneiros mouros.

Em Aragão, cada comendadoria utilizava, em média, duas dezenas de escravos. Com efeito, os Templários submetiam-se às regras da região, sabendo muito bem que uma política demasiado liberal de alforria, por exemplo, poderia afastar deles uma nobreza que não teria desejado segui-los nesse campo e teria receado a expansão dessas medidas. Só utilizavam, portanto, os vilões naqueles locais onde isso não levantava qualquer problema mas, quando as condições se prestavam a tal, não hesitavam em alforriar os seus servos, porque se tinham dado conta de que os homens livres produziam nitidamente mais do que os outros. Amiúde, ensinavam aos seus camponeses novos métodos de exploração e, não querendo perder esse investimento em formação, como diriam os economistas modernos, obrigavam-nos por vezes a assinar contratos que os obrigavam a investir na exploração mediante obras de benfeitoria.

A partir de então, o vilão não se sentia tentado a ir-se embora, dado que pretendia recuperar os frutos dos seus esforços. Por este meio, o Templo estabilizava o seu pessoal e, ao mesmo tempo, organizava um sistema de investimento permanente que foi uma fonte importante de progresso para a agricultura europeia da época. Aos camponeses menos afortunados confiavam terras por arrendamento ou locação. Por vezes, nas regiões insuficientemente povoadas, deparavam-se-lhes dificuldades para assegurar a exploração das propriedades. Então, tinham de atrair cultivadores oferecendo-lhes vantagens especiais. Isso foi particularmente verdade na Península Ibérica, em relação às terras tomadas aos árabes. Chegaram mesmo a recorrer a muçulmanos para cultivarem e valorizarem as suas propriedades, mediante determinadas condições de submissão.

Assim, em Villastar, na fronteira do reino de Valência, pediram aos sarracenos expulsos pela reconquista cristã que regressassem. Para tal, em 1267, concederam-lhes um foral em que lhes garantiam o direito de praticarem o seu culto, os isentavam de rendas e foros (impostos) durante um determinado período de tempo, exigiam deles uma estrita neutralidade militar e pediam-lhes que jurassem fidelidade à Ordem do Templo. Que exemplo de política realista numa época que julgamos, por vezes, integralmente submetida a um ideal religioso! As comendas foram, realmente, centros de produção importantes e exemplos recolhidos no Sul e no Norte de França mostram-no bem.

Em Richerenches, na Provence, a generosidade de numerosas famílias da região permitira aos Templários possuírem um imenso domínio. Várias centenas de pessoas foram contratadas para desmatar o solo, secar as zonas pantanosas. Depois, criaram-se, nessas terras, milhares de cavalos e carneiros que viviam quase livres em imensas superfícies rodeadas por muros de pedras. A lã dos carneiros permitia a confecção de roupas que, depois, eram exportadas. As peles serviam para fabricar sacos, proteções, arreios. A carne dos carneiros era salgada ou defumada para ser conservada e enviada, nomeadamente, para a Terra Santa. A própria comendadoria estava instalada num quadrilátero com 74 m a norte, 81 m a sul, 58 m a leste e 55 m a oeste, rodeada por muralhas e torres. No interior, para além da comendadoria propriamente dita, encontravam-se uma capela e as oficinas onde se desenvolvia um artesanato que não tinha como única finalidade a satisfação das necessidades locais.

Os Templários de Richerenches tinham arranjado também os ribeiros e lagos próximos, o que lhes havia permitido ampliarem as suas pastagens e entregarem-se à piscicultura. Apreciadores de peixes e, muitas vezes, também da boa mesa, estes monges-soldados deixaram-nos até receitas de cozinha. É o caso desta, conservada numa crônica: “Uma bela solha de cinco a seis libras, esvaziada das entranhas, abundantemente lavada em água envinagrada, é recheada com tomilho, salva, louro, trufas e azeite. Cozinhada em forno muito quente durante uma hora, arrefecida no parapeito da janela e envolvida em gelatina, é cortada em fatias, como um patê…”


A COMENDA, POTÊNCIA ECONÔMICA E COMERCIAL
Já vimos que, para além da exploração agrícola, os Templários se faziam pagar pelos serviços, como os moinhos que afetavam e cuja utilização estava sujeita a foros. Era, aliás, um dos pecadilhos dos seus amigos cistercienses cujos mosteiros borguinhões, no século XIII, possuíam cada um, em média, uma dezena de moinhos. Azenhas (moinhos movidos pela força da água de um riacho), na maior parte dos casos, mas também moinhos de vento, serviam, é claro, para a moagem de cereais, o esmagamento das azeitonas e do miolo das nozes para a extração de óleo, mas também para tarefas artesanais e semi-industriais como o pisoar dos tecidos de lã. Por vezes, os Templários associavam tanarias aos seus moinhos ou aproveitavam-nos para criarem verdadeiras redes de irrigação.

Os outros agricultores podiam beneficiar-se delas, a troco de foros. Os Templários possuíam também fornos, mas é preciso notar que os direitos que obrigavam a pagar pela sua utilização eram geralmente menos elevados do que os dos outros proprietários, o que atraía para eles uma clientela fiel e lhes valia algumas inimizades entre os concorrentes. Os Templários recebiam ainda outros direitos. Para além dos dízimos, que já referimos, retiravam rendimentos das casas que arrendavam, bem como de lojas. Detinham, por vezes, os direitos sobre o conjunto das vendas nas feiras, nomeadamente em Provins, como lembra Bruno Lafille: “Não se vende, em Provins, nenhum novelo de lã, nenhuma meada de fio, nenhum colchão de penas, almofada, veículo ou roda sem que os Templários recolham um imposto sobre o preço de venda.”

Com efeito, o conde Henrique cedera-lhes, contra dez marcos e meio de prata, o imposto de lugar recebido quando das feiras. Em 1214, adquiriram também o imposto de lugar sobre os animais destinados ao matadouro. Recebiam, por fim, um direito sobre a pesagem das leis. A pedra de peso que servia de padrão de pesagem na cidade de Provins foi-lhes confiada e montaram dois estabelecimentos de pesagem: um, em Sainte-Croix, na cidade baixa, e outro em La Madeleine, na cidade alta. É difícil imaginar a riqueza que tudo isso representava na época. Em 1307, quando foi feito o inventário da casa dos Templários de Baugy, que era apenas um estabelecimento muito secundário e modesto, encontraram-se nada menos que: 14 vacas, 5 vacas leiteiras, 1 bezerro, 7 vitelas, 200 bois adultos, 100 carneiros, 180 ovelhas e cordeiros, 98 porcos e marrãs, 8 jumentos, 8 potros de mais de um ano, 4 potros de leite, 6 cavalos, tonéis de vinho e cerveja, silos cheios de trigo, frumento, aveia, celeiros cheios de feno e erva, três belas charruas e inúmeras alfaias para arar.

A riqueza agrícola das comendas devia-se, em grande parte, às extraordinárias qualidades de gestores dos Templários. Punha-os à frente daquilo a que poderíamos chamar um verdadeiro império financeiro, tanto mais que souberam também ser banqueiros, como veremos mais à frente. Mas utilizaram também a sua experiência para fazer progredir as técnicas da época. Nomeadamente, melhoraram as técnicas de armazenamento de grãos em silos, o que permitiu evitar, durante a existência da Ordem, todas as fomes. Estas reapareceram depois da extinção do Templo.

Em todo o caso, esta riqueza, legítima aos olhos de alguns, gerou todas as lendas escritas e faladas de tesouros escondidos nos locais das antigas comendas do Templo. É certo que só se empresta aos ricos, mas não esqueçamos que uma grande parte dessa riqueza era investida e que os excedentes serviam essencialmente para financiar o esforço de guerra no Oriente. Mesmo assim, todos têm o direito de sonhar ao descobrir esses subterrâneos de que as comendas eram, amiúde, dotadas. Louis Charpentier pensa que a sua entrada pode ser detectada em lugares, que, geralmente, têm nomes como Épine, Épinay, Pinay, Épinac, Belle-Épine, Courbe, Épine, etc.


Esses subterrâneos são, muitas vezes, difíceis de se encontrar, hoje em dia. Em parte soterrados ou inundados, o solo revolto nem sempre permite encontrar os seus vestígios. Mesmo assim, conseguiu-se desenterrar alguns, como em Dormelle, no Seine-et-Marne. Encontrou-se lá uma bela galeria com abóbada de berço, suficientemente grande para que três cavaleiros pudessem cavalgar nela, lado a lado. Dirigia-se para a comenda de Paley, situada a nove quilômetros. E por certo haverá outras mais sob o solo de França. Mas veremos um pouco mais à frente que, se os túneis subterrâneos existem mesmo e estão por vezes ligados a mistérios, não é apenas através das «épines» que podemos descobri-los, mas antes através de outras chaves, que são as de São Pedro.

Mais informações sobre os Templários:

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Posted by Thoth3126 on 27/11/2015


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ES: LLAMA VIOLETA

Novembro 22, 2015

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Os Cavaleiros Templários – História 

 Parte 3

Posted by Thoth3126 on 01/05/2015

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OS TEMPLÁRIOS, ESSES GRANDES GUERREIROS DE MANTOS BRANCOS COM CRUZES VERMELHAS – PARTE III


Os seus costumes, os seus ritos, os seus segredos:

Digam o que disserem determinados historiadores encastelados em sua erudição acadêmica, a criação da Ordem dos Cavaleiros Templários continua envolta em inúmeros mistérios; e o mesmo acontece com a realidade profunda da sua missão, não a que se tornou pública, mas a missão oculta. Inúmeros locais ocupados e ou de propriedade dos cavaleiros Templários apresentam particularidades estranhas.

Atribuíram-se aos monges-soldados crenças heréticas, cultos curiosos e às suas construções, principalmente a Catedral de Chartres, significados e até poderes fantásticos. A seu respeito, fala-se de gigantescos tesouros escondidos (sendo o maior deles o CONHECIMENTO), de segredos ciosamente preservados e de muitas outras coisas.

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

SÃO BERNARDO E OS MONGES-GUERREIROS – Livro de Michel Lamy – Capítulo III

Capítulos anteriores em:
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-historia-parte-1/
http://thoth3126.com.br/os-cavaleiros-templarios-historia-parte-2/

OBTER UMA REGRA

Em 1127, quando Hugues de Payns regressou ao Ocidente em missão especial, encontrava-se acompanhado por mais cinco Templários. Ora, ainda eram apenas nove, ou talvez dez. Logo, tinham ficado apenas três ou quatro no Oriente (Jerusalém) para assegurarem a prometida proteção dos peregrinos europeus em visita à terra santa. Mesmo que tivessem junto deles alguns sargentos de armas, a hoste deveria ser bem magra no caso de um encontro com o inimigo muçulmano. Decididamente, essa missão era muito mal desempenhada.

Este prova insofismavelmente apenas que a “proteção” aos peregrinos se tratava de um «disfarce». Aliás, houve que esperar até 1129 para se ver os Templários enfrentarem pela primeira vez os infiéis muçulmanos em combate. Isso não impediu os modestos guardiões do desfiladeiro de Athlit de se verem chamados «ilustres pelas suas façanhas guerreiras» inspiradas diretamente por Deus, e isso ainda antes de se terem batido verdadeiramente.



A propaganda não é, por certo, uma invenção moderna, mas, este exemplo é especialmente interessante. Mostra que a publicidade que lhes foi feita não se baseava numa realidade e se integrava, deliberadamente, naquilo que podemos considerar uma segunda fase da Ordem: o seu desenvolvimento e a sua transformação numa ordem militar. Do pequeno número de afiliados discretamente ocupados com a descoberta de segredos importantes no local do antigo templo de Salomão, passava-se à procura do poder, o que indica que as pesquisas tinham, sem dúvida, dado os seus frutos e estavam concluídas. Convinha, desde logo, pôr em execução a política que elas tivessem sugerido e podemos perguntar-nos se, a partir desse momento, não existiu uma vontade de criar uma espécie de poder sinárquico que se sobreporia aos reinos.

Hugues de Payns parou em Roma, antes de seguir para Champagne. Ali, encontrou-se com o papa Honório II (1124-1130) que se interessava muito pela nascente Ordem do Templo. Em Janeiro de 1128, Hugues de Payns encontrava-se em Troyes para participar no concílio onde foi proposto se adotar uma regra especial para a Ordem do Templo. O texto, nas suas linhas gerais, fora elaborado em Jerusalém. Tratava-se também de dar a conhecer a Ordem, de começar a recrutar, recolher dádivas, estimular a fundação do poder futuro do Templo. Hugues de Payns tinha no bolso a carta de recomendação do rei de Jerusalém, Balduíno II; que sem dúvida financiara a viagem. Dirigia-se a São Bernardo e pedia-lhe que desse o maior apoio aos projetos de Hugues de Payns e dos seus companheiros. Pelo seu lado, o patriarca de Jerusalém pedia ao papa a concessão de uma regra especial a esses monges. A carta de Balduíno II a São Bernardo referia:

“Os irmãos Templários, que Deus inspirou para a defesa desta província e protegeu de uma forma notável, desejam obter a confirmação apostólica bem como uma regra de conduta. Devido a isso, enviamos André e Gondemar, ilustres devido às suas proezas guerreiras e pela nobreza do seu sangue, para que solicitem ao Soberano Pontífice a aprovação da sua ordem e se esforcem por obter dele subsídios e ajudas contra os inimigos da fé, coligados para nos suplantarem e derrubarem o nosso reino. Sabendo bem quanto peso poderá ter a vossa intercessão, tanto junto de Deus como do seu vigário e dos outros príncipes ortodoxos da Europa, confiamos à vossa prudência esta dupla missão cujo êxito nos será muito agradável. Fundamentai as constituições dos Templários de tal forma que eles se não afastem dos ruídos e dos tumultos da guerra e continuem a ser os auxiliares úteis dos príncipes cristãos… Fazei de maneira que possamos, se Deus o permitir, ver em breve uma conclusão feliz desta questão. Dirigi por nós orações a Deus. Que Ele vos tenha na Sua Santa Guarda”.

São Bernardo

Bernardo de Clairvaux deveria, efetivamente, desempenhar um papel importante no progresso da Ordem. Convém nos deter um pouco nesta personagem sobre a qual Marie-Madeleine David escreve: “Bernardo é o homem mais representativo do renascimento do século XII.” Nascido no final do século XI, em 1090, e falecido em 1153, insere-se em plena época de fecundidade intelectual e de transformações econômicas e sociais. Nascido no castelo de Fontaine, a noroeste de Dijon, era o terceiro filho da Dwna Aleth. Antes do seu nascimento, a sua mãe tivera sonhos curiosos. Via o seu futuro filho sob a forma de um cãozinho que ladrava furiosamente. Inquieta, abrira-se com um religioso que a acalmara afirmando-lhe que, mais tarde, o seu filho apenas ladraria para defender a Igreja. O pai de Bernardo, Tescelin, era senhor do castelo de Fontaine e os seus compatriotas tinham-no apelidado de «o baio», porque era loiro-arruivado. Tinha a fama de ser um homem de honra, corajoso e fiel ao seu suserano, o duque da Borgonha.

Aleth, que era filha do duque de Montbard, velara para que o seu filho Bernardo recebesse uma boa educação. Confiara-o, pois, aos cônegos de Saint-Vorles, em Châtillon-sur-Seine. Eles haviam-lhe ensinado o trivium (gramática, retórica, dialética) e o quadrivium (aritmética, música, geometria, astronomia) e tinham-no obrigado a ler Cícero, Virgílio, Ovídio, Horácio. Também o tinham ajudado a vencer uma timidez quase doentia. Foi na igreja de Saint-Vorles que caiu em êxtase perante Maria, vendo aquela «imagem da Mãe de Deus, feita de uma madeira que a idade escureceu mais do que o sol». Fora essa VIRGEM NEGRA de madeira que, miraculosamente, teria apertado o seu seio, de modo que teriam caído três gotas de leite nos lábios de Bernardo.


Nossa Senhora do Pilar, a Virgem Negra, encontrada no interior da Catedral de Chartres, construída pelos Templários

Os seus contemporâneos descreviam o jovem Bernardo como belo, esbelto, com uma cabeleira revolta, um olhar que se impunha. Mas essa beleza não era para as mulheres, porque pretendia preservar a sua castidade. Um dia, pensando que olhara uma mulher com demasiada complacência, fora mergulhar num lago gelado para apagar o desejo que sentia crescer dentro de si. Do mesmo modo, tratara com desprezo uma outra mulher que viera meter-se, nua, na sua cama. Pelo menos, é o que conta a sua lenda dourada.

De qualquer modo, escolheu o claustro que comparava à escola de Deus. Robert Thomas lembra-nos como São Bernardo via os monges: “Tal como os anjos, vivem puros e castos; tal como os profetas, elevam os seus pensamentos acima das coisas da terra; tal como os apóstolos, deixam tudo e vão ouvir a palavra do Mestre, recordá-la nos seus corações, esforçar-se por a guardar, por a pôr em prática. Cada mosteiro será uma escola onde Jesus ensina.” São Bernardo escolheu a Abadia de Cister onde entrou, no tempo do abade Estêvão Harding, com cerca de trinta companheiros que mais ou menos arrastara consigo. Definia-se como alguém que procurava Deus e pensava que, neste caso, «quem procura, encontra». Era exigente com os outros mas, antes de mais nada, era exigente consigo mesmo.

Recusava-se a respeitar apenas o voto de obediência que lhe não parecia um compromisso suficiente. Era necessário ir além disso. Não podia compreender que um monge se fizesse pelo mínimo obrigatório. Escrevia: “A obediência perfeita ignora o que é apenas uma lei, não está encerrada em limites; a vontade ávida estende-se até aos limites da caridade, entrega-se por si mesma a tudo o que lhe é proposto e, com o fervor de uma alma ardente e generosa, vai sempre em frente, sem ter em conta limites ou medidas. Para ele «a medida de amar a Deus é amar sem medida».”

Bernardo não se contentava com meditar, adorar. Estudava também. Lia as escrituras, comentava-as, dissecava-as, até, procurando ir até à fonte em vez de se limitar aos comentadores precedentes. O que estava em jogo em tudo isto: conhecer-se a si mesmo e conhecer Deus. Mas conhecer-se consiste também em descobrir quão insignificante se é. No entanto, a sua atitude na vida desmentiu, amiúde, essa aparente humildade. São Bernardo, o admirado e o temido Bernardo de Clairvaux em breve se tornou notado e foi a ele que se confiou a fundação da abadia de Clairvaux, em 1115, num local que tinha o belo nome de Vale de Absinto. Afirmou-se lá e continuou a pregar a humildade, e nem por isso deixou de ser cada vez mais seguro de si, a tal ponto que é necessário ser um hagiógrafo para negar o orgulho de São Bernardo. Afirmava: “Os assuntos de Deus são meus e nada do que lhe diz respeito é estranho para mim.”

O que é mais extraordinário é que, em seu redor, todos achavam isso normal de tal modo a sua personalidade era, ao mesmo tempo, forte e sedutora. Estava dotado de uma energia e de uma vontade sem titubeios, daquelas que fazem vergar as pessoas em seu redor. Para além da autoridade e da violência verbal, sabia manejar também a delicadeza e a persuasão. Bernardo foi um ser dúplice, dividido entre a meditação e a ação. Tão depressa arrastava os irmãos, repreendia os grandes, influenciava a política de todo o Ocidente, como se retirava para uma choupana e se entregava a mortificações até esgotar o seu corpo e o tornar doente, «semelhante a um arco que, depois de ter sido distendido, retesado de novo, recupera toda a sua força: como uma torrente retida por uma barragem que, liberta, retoma a impetuosidade do seu curso, regressa às suas práticas, como se tivesse pretendido castigar-se por esse repouso, e reparar as perdas da ascese interrompida».

Robert Thomas escreveu: “Uma saúde arruinada, um corpo extenuado, uma alma que, até ao fim, será senhora daquele corpo e lhe fará a vida dura, assim foi Bernardo.” Dedicou-se à Ordem de Cluny para a qual defendeu uma reforma monástica. Acusava os monges clunicenses de terem costumes dissolutos. Compreenderemos facilmente, com base nisso, que São Bernardo não defendesse para os a Ordem dos Cavaleiros Templários uma regra especialmente suave e que se esforçasse para os tornar aguerridos através da própria dureza da vida que deveriam levar. Bernardo foi também quem lutou contra Abelardo, até o ter derrubado, aniquilado social e psicologicamente. Abelardo era um mestre com uma inteligência notável que ensinava uma juventude estudantil que o adulava.


Bernardo de Clarivaux

Dialético brilhante, gostava das lides oratórias mais por elas mesmas do que pelo seu conteúdo. Tinha uma tendência nítida para o racionalismo e não admitia que, para um problema religioso, a única resposta avançada fosse: é um mistério. Crer e não discutir era inconcebível para ele. Bernardo considerava perigoso o seu ensino, tanto mais pernicioso quanto as suas teses eram, amiúde, sedutoras. Opôs-se-lhe violentamente e redigiu um tratado dos erros de Abelardo que dirigiu ao papa Inocêncio III. Não parou enquanto não conseguiu condena-lo. A esse respeito, Dom Jean Leclerq escreveu: “Esse excesso de injúrias, de acusações baseadas em denúncias sumárias, traía, em São Bernardo, uma paixão mal dominada.” Este episódio não é, certamente, o mais glorioso da vida de São Bernardo.

O culto da Dama Celeste

Bernardo teve também um amor louco por Maria, mãe de Jesus Cristo embora tenha escrito muito menos sobre esse tema do que acerca de outros. As poucas páginas que
deixou sobre a Virgem ressumam literalmente fervor e amor. Inventou uma oração a Maria, na qual ela aparece como a «Rainha» da Salve Regina (rainha em latim), que intercede em prol dos homens, junto de Cristo, a Virgem coroada que aceitou a provação desejada por Deus, triunfou sobre ela, é capaz de mostrar o caminho aos homens. A devoção de Bernardo à Virgem parece profunda, o que não é tão habitual na sua época. Daí, poderemos imaginar que não tenha sido alheio à veneração que os Templários sempre tiveram por Nossa Senhora. Todavia, tenhamos cautela porque talvez se tenha tendência para atribuir uma importância desmesurada a São Bernardo, a partir do momento em que se trata dos Templários.

Baseando-nos nos depoimentos prestados por estes últimos no seu processo – dois séculos mais tarde – poderíamos pensar que fora o próprio Bernardo quem redigira a sua regra. Na verdade, mesmo que seja quase certo que meteu a sua mão na tarefa, deve ter trabalhado a partir de um texto prévio redigido pelo patriarca de Jerusalém, Estêvão de La Ferté. O que é certo é que tornou mais fácil a sua aprovação e, nesse sentido pelo menos, os Templários deveram-lhe a sua regra. Assim, Bernardo enviou uma carta a Thibaut de Champagne, dizendo-lhe: “Dignai mostrar-vos cheio de solicitude e de submissão pelo legado, em reconhecimento por ter escolhido a vossa cidade de Troyes para a realização de um grande concílio, e dignai-vos dar o vosso apoio e a vossa assistência às medidas e resoluções que este julgar convenientes no interesse do bem.”

O pedido não está isento de uma certa firmeza. No entanto, por detrás de um São Bernardo aparentemente na primeira linha, esconde-se talvez uma outra personagem cuja importância, nos bastidores do Templo, nos parece considerável. Estêvão Harding e a tradição hebraica Podemos interrogar-nos quanto ao fato de saber quem foi, quanto ao fundo, a personagem mais importante para a constituição da Ordem do Templo: São Bernardo ou Estêvão Harding, abade de Cister, que congeminara tudo, desde o início, com Hugues de Champagne?

Inglês de origem, Estêvão Harding fora, inicialmente, monge no mosteiro de Sherbone. Depois, prosseguira estudos na Escócia e, em seguida, em Paris e em Roma. Marion Melville lembra o que dele dizia Guillaume de Malmes: “Sabia casar o conhecimento das letras com a devoção; era cortês nas suas palavras, risonho no rosto: o seu espírito rejubilava sempre no Senhor.” Depois de uma passagem por Molesmes, fundara a Abadia de Cister. Alguns anos mais tarde, tornara-se o seu terceiro abade. Estêvão Harding acumulara quase todos os conhecimentos intelectuais que podiam adquirir-se nessa época. Reformou a liturgia e fez da sua abadia um centro cultural único. Empreendeu um trabalho gigantesco: a redação da Bíblia de Cister, com um espírito de correção crítica notável.

Para o ajudarem, recorrera a sábios judeus. De acordo com as suas observações, mandou efetuar duzentas e noventa correções e cinco versículos completos de Samuel foram completamente reescritos. Findo isso, Estêvão Harding proibiu que se tocasse numa só palavra daquela Bíblia. Daniel Réju refere que uma personagem curiosa vivia então em Troyes: o rabino Salomon Rachi (1040-1105). Foi considerado o maior exegeta dos textos hebraicos e o principal comentador e intérprete do Talmude. Analisava sempre os textos a três níveis: literal, moral e alegórico.É difícil saber se Estêvão Harding conheceu pessoalmente Rachi, dado que este morreu em Praga, em 1105. Em todo o caso, é bastante provável que os seus genros tenham vindo trabalhar para Cister, ao lado dos monges, para facilitar a tradução de documentos sagrados especialmente difíceis de interpretar. Por este meio indireto, os Templários beneficiaram de um apoio extremamente importante para a pesquisa que pareciam estar a levando a cabo no Ocidente.


Bernardo e os cavaleiros da Ordem do Templo prestavam e rendiam culto (em segredo) ao poder feminino da divindade

São Bernardo partilhou, sem dúvida, o interesse de Estêvão Harding pelos textos hebraicos, embora as provas sejam escassas. Em todo o caso, ergueu-se muitas vezes contra as perseguições que os judeus tiveram de sofrer um pouco por toda a Europa. Fustigou os autores dos pogroms e manifestou bastante mais indulgência religiosa pelos judeus do que pelos cátaros.

O concílio de Troyes: para uma regra feita sob medida para a Ordem do Cavaleiros Templários é claro que Estêvão Harding participou no concílio de Troyes, mas teria sido por qualquer coisa relacionada com a redação da regra? Isso é mais difícil de dizer. Alguns quiseram ver nesse texto uma espécie de cópia das regras de vida observadas pelos essênios, no tempo de Cristo. Mas que se sabia, no século XII, sobre esses essênios que nos foram sobretudo revelados graças à descoberta dos manuscritos do mar Morto, em Qumran? Seriam veiculadas tradições a eles respeitantes nos meios judaizantes? Teriam os próprios Templários descoberto, por acaso, documentos essênios nas suas escavações em Jerusalém? Por certo temos de relegar isto para o campo das simples conjecturas.

Em todo o caso, o concílio de Troyes reuniu-se «no dia da festa do Senhor Santo Hilário, no ano da Encarnação de Jesus Cristo de 1128, ao nono ano do início da supramencionada ordem de cavalaria». A assembleia consular foi presidida pelo legado do papa: Mathieu d’Albano. Assistiram a ela os bispos de Sens, Reims, Chartres, Soissons, Paris, Troyes, Orléans, Auxerre, Meaux, Châlons-sur-Marne, Laon, Beauvais. Encontravam-se também presentes vários abades, entre os quais Estêvão Harding, é claro, e leigos como Thibaud de Champagne e o conde de Nevers. Entre todas estas personagens, algumas eram amigas de São Bernardo. Logo no prólogo da regra, apercebemo-nos de que a publicidade da Ordem estava pronta para favorecer o seu progresso e que o conjunto se inseria num plano deliberado, a longo prazo.

Pode ler-se: “Falamos, em primeiro lugar, a todos quantos desprezam ir atrás das suas próprias vontades e desejam, com pura coragem, servir como cavalaria ao soberano-rei, e com um desvelo aplicado desejam vestir e vestem perpetuamente a muito nobre armadura da obediência. E, portanto, admoestamo-vos – a vós que haveis seguido, até agora, secular cavalaria na qual Jesus Cristo não tomou parte, mas que seguistes apenas por favor humano – a seguir aqueles que Deus escolheu da massa da perdição e ordenou, pela sua agradável piedade, para a defesa da Santa
Igreja, e a que vos apresseis a juntar-vos a eles perpetuamente […].”

Hugues de Payns expôs, perante a douta assembleia, as necessidades da Ordem, tal como as concebia. Depois, o texto foi estudado e discutido, artigo após artigo. A regra latina que daí resultou compreendia setenta e dois artigos. Tudo, ou quase tudo, estava previsto nela: os deveres religiosos dos irmãos, os regulamentos que fixavam os atos quotidianos (refeições, distribuição de esmolas, vestes, armamento, etc.), as obrigações dos irmãos uns em relação aos outros, as relações hierárquicas… A preocupação com o pormenor foi levada muito longe, dado que se decidia nela como seriam feitos os sapatos, como se cortariam os bigodes, o número de orações a recitar nesta ou naquela ocasião, etc.

Tratava-se de adaptar uma regra monástica aos imperativos com que os guerreiros se deparavam. Aos Templários, por exemplo, não podiam ser impostos jejuns tão severos como nas outras ordens, senão como teriam forças para entrarem em combate? Pela mesma razão, um monge fatigado era dispensado de satisfazer todas as suas obrigações de oração: precisavam descansar para reconstituírem as suas forças de guerreiros. Mesmo assim, a obediência ao Mestre devia ser absoluta, militar. A regra foi rapidamente complementada por várias bulas pontificais, bem como pelos «Retrais» que desenvolveram, nomeadamente, tudo o que se relacionava com a disciplina e as sanções eventuais e que enumeraram o conjunto dos deveres aos quais cada um dos cavaleiros Templários estava submetido.

A regra foi traduzida para o francês, em 1140, e recebeu, nessa altura, algumas modificações. Nomeadamente, o novo texto recomendava que se atraíssem os excomungados para a Ordem, para sua redenção. Com efeito, o artigo diz: “Lá onde souberdes que se reúnem cavaleiros EXCOMUNGADOS, é lá que vos ordenemos para que ides, e se houver entre eles quem queira ir juntar-se à cavalaria de Além-Mar, não devereis esperar o lucro temporal tanto quanto a salvação eterna da sua alma, quando o texto da regra latina afirmava: «Lá onde souberdes que se reúnem cavaleiros NÃO EXCOMUNGADOS…», isto é, precisamente o inverso…” Erro de copista? É o que pensa a maior parte dos comentadores, mas é impossível porque outras passagens da regra latina que proibiam o convívio com homens excomungados foram modificadas. Tratava-se, pois, de uma alteração voluntária – e importante – a que teremos ocasião de voltar.



Aliás, outras alterações tinham sido introduzidas sem sequer esperar pela redação da regra em francês. Quando Hugues de Payns regressou ao Ocidente, o patriarca de Jerusalém revira doze artigos e acrescentara vinte e quatro, entre os quais o fato de reservar o manto branco com a cruz vermelha da Ordem apenas aos cavaleiros. Na realidade, a versão latina e a versão francesa parecem corresponder a duas lógicas diferentes, em vários pontos. O concílio de Troyes dissera que deixava ao papa e ao patriarca de Jerusalém o cuidado de aperfeiçoarem a regra de acordo com as necessidades da Ordem no Oriente. Foi, aliás, essencialmente a partir de 1163, após a publicação da bula Omne Datum Optimum, que todos esses regulamentos foram fixados definitivamente. Esse texto reforçava ainda mais os poderes da Ordem e do seu Grão-Mestre.

Ele autorizava os Templários a conservarem para si mesmos o saque tomado dos Sarracenos, colocava a Ordem sob a tutela exclusiva do papa, permitindo-lhe assim escapar a qualquer outra forma de poder da Igreja, incluindo o do patriarca de Jerusalém. Quando sabemos, por exemplo, que a nomeação dos bispos dependia em grande medida do rei e do poder político em geral, compreendemos a importância de uma tal medida, dado que protegia os Templários de qualquer ingerência a esse nível e dava-lhes, até certo ponto, um estatuto internacional. A bula confirmava, ademais, que os bens da Ordem estavam isentos de dízimo; em contrapartida, com a anuência do bispo local, os Templários tinham o direito de lançar o dízimo em proveito próprio. Por outro lado, o texto proibia que os Templários fossem submetidos a juramento e estipulava que apenas os irmãos da Ordem podiam participar na eleição do Grão-Mestre.

A bula fixava e condensava os estatutos da Ordem e proibia a quem quer que fosse, eclesiástico ou não, de alterar alguma coisa neles. Permitia, por fim, que o Templo tivesse os seus próprios capelães, junto dos quais os irmãos podiam confessar-se sem terem de recorrer a uma pessoa exterior à Ordem, e construíssem capelas e oratórios privados. Ademais, eram os únicos que podiam utilizar as igrejas e capelas das paróquias excomungadas. Assim, a Ordem do Templo encontrava-se perfeitamente autônoma, sem que ninguém, a não ser o papa – mas teria ele esse poder? -, pudesse imiscuir-se nos seus assuntos.

Esta independência era uma realidade, tanto no campo econômico como no da organização militar ou no campo espiritual e ritual. Tudo se passou como se se tivesse deixado aos Templários o cuidado de manter e preservarem segredos, evitando-lhes terem necessidade do que quer que fosse exterior à Ordem, mesmo que fosse para se confessarem. Não deveremos ver aí, se não a prova, pelo menos um indício importante que confirma a existência de um «monumental segredo» da Ordem, sem dúvida relacionado com as descobertas com as escavações feitas em Jerusalém durante quase dez anos?

O monge e o guerreiro ou a teologia da guerra

O Templo não tinha nada que ver com uma ordem religiosa tradicional normal. Os seus privilégios eram exorbitantes, quer se tratasse do poder de decisão, de independência, organização, ou da criação de um potentado financeiro e econômico, em sentido amplo. Os cavaleiros cultivavam a pobreza pessoal, mas a Ordem via serem-lhe conferidas todas as possibilidades para se tornar extremamente rica e, de certa forma, rica a expensas do resto da Igreja, dado que estava isenta de dízimo. Isto era justificado pela necessidade, para a Ordem, de manter um verdadeiro exército na Terra Santa, mas, ao mesmo tempo, o fato de ser uma ordem militar, com o que isso representa em termos de poderio, poderia tornar esse um privilégio suplementar. Aliás, isso levantava um problema terrível: não deveria considerar-se que existia incompatibilidade entre as funções de monge e as de soldado?

Não deveria ver-se nas noções de procura da santidade e procura cavaleiresca duas éticas radicalmente opostas? Demurger escreve, a este propósito: “Para as conciliar, era necessária uma evolução espiritual considerável, a mesma, aliás, que permitiu a cruzada. A Igreja teve de modificar a sua concepção da teologia da guerra. Teve de aceitar a cavalaria e arranjar-lhe um lugar na sociedade cristã, na ordem do mundo desejada por Deus.” O cristianismo primitivo é representado amiúde como condenando toda a guerra e toda a violência. Preconizava, como única resposta, o amor e apenas o amor, mesmo em caso de agressão. Segundo Mateus, quando Pedro puxou da espada para cortar a orelha do criado do Grão-Sacerdote, não lhe disse Cristo: «Embainha a tua espada, porque aqueles que matam com a espada morrerão pela espada»? Numa abordagem destas, não há lugar para a batalha, mesmo de modo defensivo. Mas as coisas não são assim tão simples. Em primeiro lugar, a censura feita a Pedro é relatada de uma forma muito diferente pelos outros evangelistas.



Marcos não relata esta frase e Lucas contenta-se com pôr Jesus a dizer: «Basta» e com fazê-lo curar a orelha ferida. Quanto a São João, atribui a Jesus esta reflexão: «Embainha a tua espada. Não beberei eu o cálice que o meu Pai me deu?», o que é o sinal da aceitação do seu destino, por Cristo, da sua submissão ao necessário sacrifício, e não de uma censura a São Pedro. Por outro lado, noutra ocasião, o próprio Mateus refere uma outra palavra de Cristo: “Não julgueis que vim trazer a paz à Terra; não vim trazer a paz, mas sim a espada.” Do mesmo modo, encontramos no evangelho apócrifo de São Tomás: “Por certo que os homens pensam que vim para lançar a paz sobre o Universo. Mas eles não sabem que vim para lançar, sobre a Terra, as discórdias, o fogo, a espada, a guerra.” Paul du Breuil vê aí uma alusão de Cristo à extrema subversão de toda a verdade.

Os teólogos não estavam, portanto, desprovidos de recursos para justificar atos guerreiros. No entanto, era necessário escorar, mediante uma verdadeira teologia da guerra, escolhas que teriam podido lançar a perturbação nos espíritos. Evitou-se, portanto, considerar o fenômeno em si mesmo, para, atribuindo apenas interesse às suas razões, se chegar a uma noção de guerra justa. Bater-se para se apoderar das riquezas de outrem ou por simples bravata não podia ser admitido, mas bater-se para se defender ou salvar os seus, para manter o direito e a ordem, tornou-se legítimo, desde que todos os outros métodos estivessem esgotados.

Santo Agostinho foi, sem dúvida, o primeiro a elaborar uma teologia da guerra justa:
“São chamadas justas todas as guerras que vingam as injustiças, quando um povo e um Estado, a quem a guerra deve ser feita, descurou de punir os delitos dos seus ou de restituir o que foi roubado por meio dessas injustiças.” Escrevia também: “O soldado que mata o inimigo, tal como o juiz ou o carrasco que executam o criminoso, em meu entender, não pecam, porque, ao agirem assim, obedecem à lei.” Santo Agostinho dizia também: «Devemos querer a paz e fazer apenas a guerra por necessidade, porque não procuramos a paz para preparar a guerra, mas fazemos a guerra para obter a paz. Sede, pois, pacíficos, mesmo ao combaterdes, a fim de trazerdes, pela vitória, aqueles que combateis à felicidade da paz.»

Demurger assinala que, no século VIII, Santo Isidoro de Sevilha acrescentou, a esta definição, uma precisão capital: “É justa a guerra que é feita após advertência para recuperar bens ou para repelir inimigos.” Isto irá permitir justificar as cruzadas, enquanto recuperação dos lugares santos. Era preciso, a todo o preço, mesmo que fosse o de uma guerra, manter na terra a ordem desejada por Deus. Recusar a violência teria tido como consequência um recuo do cristianismo e teria feito o jogo do demônio, entregando-lhe populações cujas almas se teriam perdido. A partir de então, passou-se rapidamente da noção de guerra justa à de guerra santa. Tratava-se de defender o único Deus verdadeiro e a fé do seu povo. O guerreiro batia-se por Cristo, defendendo o cristão contra o infiel. Devia até permitir que os povos pudessem receber o ensinamento da «verdadeira fé» e converter-se, uma vez destruído o poder dos seus antigos amos.

A guerra santa

A noção de guerra santa era, aliás, bem conhecida no Oriente. No entanto, continuava, em teoria, muito ligada espiritualmente à purificação interior, e isso tanto nas doutrinas essênias ou zoroastrianas como na jihad islâmica. A espiritualidade do monge e o papel do guerreiro haviam sido conciliados, tanto quanto possível, no islamismo, antes de o serem no cristianismo. Assim, os muçulmanos rabitas da Espanha, que levavam uma vida muito austera e faziam voto de defender as fronteiras contra os cavaleiros cristãos, preferiam morrer a recuar. E não é a única aproximação que pode fazer-se entre as concepções guerreiras no Oriente e no Ocidente. Vemos bem quais os desvios que a noção de guerra santa podia trazer, dado que fazia desaparecer a de guerra justa, defensiva.

Doravante, podia-se, em nome de Deus, levar a cabo guerras de conquista sob a única condição de que os territórios envolvidos fossem povoados por heréticos, pagãos ou infiéis. Esta concepção serviu para justificar, um pouco mais tarde, a cruzada contra os Albigenses. Não passou de uma maneira de os barões do norte rapinarem o Languedoc, sob o pretexto de uma guerra santa contra os cátaros, declarados heréticos. Foram, aliás, os monges de Cister que pregaram esta pseudo-cruzada, com o apoio de São Bernardo. Nota: Na verdade, esta cruzada começou cerca de cinquenta anos depois da morte de São Bernardo. Bernardo foi para o Languedoc, esperando trazer os heréticos de volta ao caminho reto. Encontrou diferentes recepções, caracterizadas, na maior parte das vezes, pela indiferença, e até enervamento, da população.

Por vezes, foi mesmo recebido à pedrada, o que tinha o condão de o exasperar ao ponto de se dirigir a Deus a fim de que este fizesse secar a região. Acontece que, tendo perdido toda a esperança de converter esses hereges obstinados, Bernardo pensou que só restava reduzi-los por meio da espada e do fogo das fogueiras. E foi um cisterciense que, segundo se diz, exclamou em Béziers, quando foi levantada a questão de saber como se distinguiriam, na população, os cátaros dos bons católicos: «Matem-nos a todos, Deus reconhecerá os seus.»



Tudo isto ilustra os desvios possíveis de uma teologia da guerra. Todavia, será forçoso reconhecer que a Igreja não podia opor-se à luta contra a insegurança. Eram, pois, necessários homens armados para policiarem, para se oporem aos bandos inimigos, vindos para pilhar. Ora, dado que esses homens de armas, esses defensores, eram muitas vezes tentados a tornarem-se, por sua vez, saqueadores, violadores, era indispensável «moralizar» a função de soldado. Talvez tenha muito bem sido desta idéia que nasceu a Cavalaria, com o seu código de honra que se julgava impedir os exageros. Aquele que era armado cavaleiro jurava bater-se apenas por causas justas. Não se trata de uma ideia muito original, dado que já era aplicada no IRÃ, muito antes das cruzadas. Segundo Paul du Breuil, «os Persas tinham constituído uma instituição, a fotowwat – substantivo que significa, em sentido próprio, liberdade, generosidade, abnegação – que caracterizava bem uma espécie de confraria cujo grau de fato era conferido pelos sheiks, senhores ou mestres de sociedades iniciáticas».

Completou o seu arsenal de luta contra a violência impondo períodos de sossego. A introdução do sistema cavaleiresco permitiu à Igreja atalhar o mal.: as «tréguas de Deus». Multiplicou, por ocasião das festas religiosas, os períodos durante os quais qualquer combate era proibido. Devia fazer também que o cavaleiro não se desviasse do papel que lhe era atribuído. Para tal, possuía uma arma temível: a excomunhão e, para as faltas menos graves, a peregrinação penitencial. Eis o princípio geral de coexistência de uma sociedade religiosa e de uma sociedade guerreira. Mas estamos longe desse equilíbrio precário devido ao fato de se misturarem completamente as funções de monge e de guerreiro. Quando o braço que abençoa é o mesmo que mata, há razões para surgirem alguns problemas de consciência.

São Bernardo, sargento recrutador dos monges-guerreiros

Na época, alguns insurgiram-se contra a criação de uma ordem militar. Assim o testemunha a carta enviada a Hugues de Payns pelo prior da Grande Cartuxa, Guigues: “Não saberíamos, na verdade, exortar-vos às guerras materiais e aos combates visíveis; também não somos mais aptos para vos inflamar para as lutas do espírito, a nossa ocupação de cada dia, mas desejamos, pelo menos, alertar-vos para que penseis nisso. Com efeito, é vão atacar os inimigos externos, se não dominamos, antes de mais nada, os inimigos do nosso próprio interior…” Nota: É precisamente esse o sentido da Jihad islâmica:

“Façamos, antes de mais, a nossa primeira e própria conquista, amigos muito caros, e poderemos em seguida combater com segurança os nossos inimigos de fora. Purifiquemos as nossas almas dos seus vícios, e poderemos depois purgar a terra dos bárbaros. Porque não é contra adversários de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados, os poderes, contra os que governam este mundo de trevas, contra os espíritos do mal que habitam os espaços celestes, isto é, contra os vícios e os seus instigadores, os demônios”.

Estas críticas chegarão, por vezes, a fazer duvidar os próprios Templários, e Hugues de Payns teve de lembrar, numa carta dirigida aos primeiros dentre eles, que se tratava de uma necessidade. Tentando dissipar as suas dúvidas, escrevia:

“Vede, irmãos, como o inimigo, sob o pretexto da piedade, se esforça por vos conduzir à armadilha do erro. Oh trombeta inimiga, quando te calarás? Como é que o anjo de Satã se transforma em anjo de luz? Se o diabo aconselhasse a desejar as pompas do mundo, reconhecê-lo-íamos facilmente. Mas ele diz aos soldados de Cristo que deponham as armas, que deixem de fazer a guerra, que fujam do tumulto, que façam um qualquer recuo de modo que, apresentando uma falsa aparência de humildade, dissipa a verdadeira humildade. Com efeito, que é ser orgulhoso senão não obedecer ao que nos é ordenado por Deus? Tendo abanado deste modo os superiores, Satã volta-se para os inferiores, para os derrotar.”

“Por que razão”, diz ele, “trabalhais inutilmente? Por que razão despender em vão um tal esforço? Esses homens que servis obrigam-vos a participar no seu labor, mas não querem admitir-vos na participação da fraternidade (confraria). Quando vêm até aos soldados do Templo as saudações dos fiéis, quando são feitas orações no mundo inteiro pelos soldados do Templo, não se faz qualquer menção a vós, nenhuma lembrança. E quando quase todo o trabalho corporal vos incumbe, todo o fruto espiritual se repercute neles. Retirai-vos pois dessa sociedade e oferecei o sacrifício do vosso trabalho noutro local onde o zelo do vosso fervor seja manifesto e frutuoso.”

O Grão-Mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários respondia assim também às tentativas de provocar a deserção dos homens que serviam o Templo sem serem cavaleiros. Hugues de Payns compreendera bem onde se encontravam os pontos fracos da Ordem. Era preciso não deixar desenvolver-se a crítica, convinha responder-lhe antes de se estender e tornava-se urgente que uma personalidade da Igreja, incontestável, viesse em socorro dos Templários. Por três vezes pediu ao seu amigo Bernardo que desempenhasse esse papel de autoridade espiritual e defendesse a missão particular dos Templários. O santo homem de Clairvaux respondeu-lhe: “Por três vezes, salvo erro da minha parte, me pediste, meu muito caro Hugues, que escrevesse um sermão de exortação para ti e para os teus companheiros […]. Disseste-me que seria para vós um verdadeiro conforto encorajar-vos por meio das minhas cartas, dado que vos não posso ajudar pelas armas. E garantistes-me que seria muito útil se animasse, com as minhas palavras, aqueles que não posso ajudar pelas armas.”



E então Bernardo de Clairvaux redigiu o De laude Novae Militiae, verdadeira ferramenta de propaganda, crítica aos guerreiros tradicionais e apologia desta nova milícia de Deus que constituía a Ordem do Templo. Começou por criticar vigorosamente os homens de armas do seu tempo:

“Qual é, cavaleiro, esse inconcebível erro, essa inadmissível loucura que faz que despendas para a guerra tanto esforço e dinheiro e apenas recolhas frutos de morte ou de crime? “Embiocais os vossos cavalos de sedas e tapais as vossas cotas de malha com não sei quantos panos. Pintais as vossas lanças, os vossos escudos e as vossas selas, incrustais os vossos freios e os vossos estribos com ouro, prata e pedras preciosas. Vestis-vos com pompa para a morte e correis para a vossa perdição com uma fúria sem vergonha e uma insolência impudente. Esses ouropéis serão os arneses de um cavaleiro ou os atavios de uma mulher?”

“Ou então julgais que as armas dos vossos inimigos se desviam do ouro, pouparão as gemas, não furarão a seda? Por outro lado, demonstraram-nos amiúde que são necessárias três coisas principais na batalha: que um cavaleiro esteja alerta para se defender, seja rápido na sela e esteja pronto para o ataque. Mas, pelo contrário, penteais-vos como mulheres, o que dificulta a vossa visão; embaraçais os pés em camisas longas e largas e escondeis as vossas mãos delicadas dentro de mangas largas e de amplas aberturas. E, assim ataviados, bateis-vos pelas coisas mais vãs, tais como a cólera irracional, a sede de glória ou a cobiça dos bens temporais. Matar ou morrer por tais objetos não põe a alma em segurança.”

Que requisitório! A esta guerra de rendas, fútil, Bernardo contrapunha a dos monges-soldados da Ordem do Templo. Punha a tônica na simplicidade dos seus costumes, no seu desinteresse e na sua caridade e explicava por que razão aqueles monges tinham o direito e, até, o dever de matar, o que constituía a santidade da sua missão:

“O cavaleiro de Cristo mata em consciência e morre tranquilo: ao morrer, obtém a sua salvação; ao matar, trabalha para Cristo. Sofrer ou dar a morte por Cristo não tem, por um lado, nada de criminoso e, por outro, merece uma imensidade de glória.” Sem dúvida que não seria necessário matar os pagãos, tal como os outros homens, se tivéssemos outro meio de deter as suas invasões e de os impedir de oprimir os fiéis. Mas, nas circunstâncias presentes, é melhor massacrá-los do que deixar a vara dos pecadores suspensa sobre a cabeça dos justos e deixar os justos expostos a cometerem também a iniquidade. Pois então? Se nunca fosse permitido a um cristão bater com a espada, o precursor de Cristo teria apenas recomendado aos soldados que se contentassem com o seu soldo? Não lhes teria antes proibido o ofício das armas? Mas não é assim, pelo contrário.”

“Empunhar as armas é permitido, àqueles, pelo menos, que receberam a sua missão do altíssimo e que não fizeram profissão de uma vida mais perfeita. Existe alguém mais qualificado, pergunto-vos, do que esses cristãos cuja poderosa mão sustém (o Monte) Sião, a nossa praça-forte, para a defesa de todos nós, e para que, depois de expulsos os transgressores da lei divina, a nação santa, guardiã da verdade, a ela tenha um acesso seguro? Sim, que eles dispersem, têm esse direito, esses gentios que querem a guerra; que suprimam aqueles que nos perturbam; que ponham fora da cidade do Senhor todos esses obreiros de iniquidades que sonham pilhar ao povo cristão as suas inestimáveis riquezas encerradas em Jerusalém, conspurcar os Lugares Santos e apoderar-se do santuário de Deus!”

Depois de ter justificado o papel dos Templários, Bernardo quis mostrar que eram um escol, os melhores entre os homens, e participar assim na excelência do seu recrutamento:

“Agora, para dar aos nossos cavaleiros, que militam não para Deus mas para o diabo, um modelo a imitar, ou antes, para os inspirar e fazer sair da confusão, contarei em breves palavras o tipo de vida dos Cavaleiros de Cristo, o seu modo de se comportarem tanto na guerra como em suas casas. Quero que se veja claramente a diferença que existe entre os soldados seculares e os soldados de Deus. E, antes de mais, a disciplina não falta entre estes. Não têm desprezo pela obediência. Sob a ordem do chefe, vão, vêm; veste-se o hábito que ele dá e não se espera de outrem nem a roupa nem a alimentação. Tanto na vida como nas vestimentas, evita-se o supérfluo; reserva-se a atenção para o necessário.”

“É a vida em comum, levada na alegria e na mesura, sem mulheres nem filhos. E para que a perfeição angélica seja realizada, todos habitam na mesma casa, sem nada possuírem em particular, prestando atenção para manterem entre eles um único espírito de que a paz é o laço. Dir-se-ia que essa multidão tem apenas um corpo e uma alma, dado que cada um, em vez de seguir a sua vontade pessoal, se apressa tanto a seguir a do chefe. Nunca estão ociosos; não vão nem vêm por simples curiosidade; mas quando não estão em campanha (o que acontece raramente), para não comerem o seu pão sem o terem ganho, cosem as suas roupas rasgadas, reparam as suas armas […]. Entre eles, não há preferências de pessoas; julga-se segundo o mérito e não de acordo com a nobreza […]. Nunca uma palavra insolente, uma tarefa inútil, uma gargalhada excessiva, um murmúrio, por mais fraco que seja, ficam impunes”.



“Detestam o xadrez, os jogos de azar, têm horror à caça com galgos e a cavalo e nem sequer se divertem com a caça de altanaria, com que tantos se deleitam. Os númos, os que leem a sina, os jograis, as canções jocosas, as peças de teatro, são, a seus olhos, tão cheias de vaidade e de loucura, que se afastam delas e as abominam. Têm os cabelos curtos, porque sabem que, segundo as palavras do apóstolo, é vergonhoso para um homem cuidar da cabeleira. Nunca se penteiam e raramente tomam banho. É assim que são vistos, descuidados, hirsutos, negros de poeira, com a pele queimada pelo sol e tão bronzeada como a sua armadura.”

Que retrato, que forma de justificar esses homens e de os mostrar tão diferentes dos outros guerreiros! Não podemos dizer que Bernardo tente atrair recrutas prometendo-lhes facilidades, mas os homens de que o Templo necessita devem ser capazes de dar provas da mais total abnegação e de suportar uma vida rude entremeada de sofrimento. Bernardo procurava levar cada um a empenhar-se mais e, ao pregar a
segunda cruzada, em Vézelay, exclamava:

“A terra treme, é abalada porque o Deus do céu está em vias de perder a sua terra, a que é dele desde que viveu entre os homens durante mais de trinta anos […]. Agora, por causa dos nossos pecados, os inimigos da cruz erguem de novo a sua cabeça sacrílega e a sua espada despovoa essa terra bendita, essa terra prometida. E se ninguém resiste, pobres de nós, eles vão lançar-se sobre a própria cidade do Deus Vivo, para destruírem os lugares onde se consumou a salvação, para macularem os Lugares Santos que o sangue do Cordeiro Imaculado purpurou. Dareis vós aos cães o que há de mais santo, aos porcos as pérolas preciosas? Mas, digo-vos, o Senhor oferece-vos uma oportunidade. Contempla os filhos dos homens para ver se, entre eles, haverá alguns que o compreendam, que o procurem e que sofram por ele.

“Deus tem piedade do seu povo; àqueles que sucumbiram aos erros mais graves, propõe uma forma de salvação. Pecadores, pensai nesse abismo de bondade, enchei-vos de confiança. Ele não quer a vossa morte, mas sim a vossa conversão, a vossa vida: arranja-vos uma possibilidade não contra vós mas por vós. Ousa chamar a servir, como se estivessem prenhes de justiça, homicidas e ladrões, perjuros e adúlteros, homens acusados de todos os tipos de crimes. Não será isso, da sua parte, uma invenção excêntrica e que só Ele podia encontrar?”

De qualquer modo, não foi mal pensado, da parte de São Bernardo. Que homem político! Com uma só cajadada matava dois coelhos, recrutando homens rudes para se baterem no Oriente e aliviando o Ocidente de uma parte das más reses que nele habitavam. Em certa medida, inventava a Legião Estrangeira e dava realmente uma oportunidade a esses homens para se regenerarem. No entanto, pelo menos nos primeiros tempos, a Ordem do Templo foi, quanto a ela, muito seletiva no recrutamento e não aceitou as pessoas sem eira nem beira que se lhe ofereceram e, de qualquer modo, não as transformou em cavaleiros. Doravante, os Templários já tinham meios para fazerem a guerra, já estavam fixados. Na sua esteira, também se havia transformado a Ordem dos Hospitalários de São João de Jerusalém em ordem militar? Por que razão não mandaram fundir os nove ou dez templários dos tempos iniciais com os Hospitalários?

No entanto, teria sido a solução mais lógica em vez de organizar duas estruturas diferentes com as suas logísticas próprias. Mas, não o esqueçamos, o Templo tinha uma missão especial a assumir, depois das descobertas feitas em Jerusalém. A partir de então, não era possível misturar as duas ordens, dado que não prosseguiam objetivos estritamente idênticos. E como escreve Louis Lallement em La Vocation de l’Occident, a propósito dos Templários: “A Ordem do Templo, cujo manto branco ornado com uma cruz vermelha era das cores vermelhas de Galahad, constituía, no século XII, como que a armadura da própria cristandade.” Uma armadura que muitos, a partir de então, apenas pensaram em destruir.

Mais informações sobre os Templários:
  1. http://thoth3126.com.br/category/templarios/


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Novembro 16, 2015

chamavioleta

Os Cavaleiros Templários 

 História – Parte 1

 Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo I – O NASCIMENTO DA ORDEM DO TEMPLO – UMA BREVE HISTÓRIA DA ORDEM DOS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS – Livro de Michel Lamy

Publicado anteriormente em 25/04/2015

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OS TEMPLÁRIOS, ESSES GRANDES GUERREIROS DE MANTOS BRANCOS COM CRUZES VERMELHAS


Os seus costumes, os seus ritos, os seus segredos:

Digam o que disserem determinados historiadores encastelados em sua erudição acadêmica, a criação da Ordem dos Cavaleiros Templários continua envolta em inúmeros mistérios; e o mesmo acontece com a realidade profunda da sua missão, não a que se tornou pública, mas a missão oculta. Inúmeros locais ocupados e ou de propriedade dos cavaleiros Templários apresentam particularidades estranhas.

Atribuíram-se aos monges-soldados crenças heréticas, cultos curiosos e às suas construções, principalmente a Catedral de Chartres, significados e até poderes fantásticos. A seu respeito, fala-se de gigantescos tesouros escondidos (sendo o maior deles o CONHECIMENTO), de segredos ciosamente preservados e de muitas outras coisas.

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo I – O NASCIMENTO DA ORDEM DO TEMPLO – UMA BREVE HISTÓRIA DA ORDEM DOS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS – Livro de Michel Lamy

Esta obra não tem a ambição de retomar toda a história da Ordem do Templo sob o ângulo dos acontecimentos fatuais, mas sim de esclarecer as suas zonas mais obscuras. No entanto, para compreender o que se passou, há que se ter presente no espírito que esta Ordem existiu por mais de dois séculos e evoluiu necessariamente. Quando chegou ao seu fim, não podia ser idêntica ao que era em seu nascimento. Mudou porque o seu ideal se viu confrontado com duras realidades.

Teve de se adaptar, uma e outra vez, tomar em mãos as questões temporais, perdendo sem dúvida, ao longo dos anos e das necessidades, uma parte da sua pureza original, tal como um adulto que por vezes tem dificuldade em encontrar em si a criança maravilhada, o minúsculo ser de olhos puros e inocentes que, no entanto, um dia foi.



A Ordem do Templo foi influenciada pelo seu tempo, mas este modificou-a, orientou-a, contribuindo para a História com as suas próprias correções. Para nos orientarmos nesta evolução, pareceu-nos útil apresentar, de forma muito breve, neste primeiro capítulo, uma história breve dos Templários e, sobretudo, da sua época.

Nos caminhos de peregrinação

Recuemos no tempo até ao final do século X. Hoje em nossa época, temos dificuldade em imaginar o que foram os terrores da chegada do ano 1000. A interpretação (carregada de ignorância e fanatismo) das escrituras convencera toda a cristandade de que o Apocalipse se produziria nesse ano fatídico. Revelação, no sentido etimológico do termo, mas também destruição, dor: regresso de Cristo à terra e julgamento dos homens, separação entre eles para mandar alguns para o paraíso, para junto dos santos, e os outros para o inferno, a fim de aí serem submetidos a tormentos eternos.

Os católicos viveram com angústia esse ano 1000 e a sua aproximação e passagem. E nada apocalíptico aconteceu, pelo menos nada pior do que nos anos precedentes. A Igreja enganara-se na sua interpretação das Escrituras? Deus teria esquecido os seus filhos na terra? Não, claro que não. Era algo diferente. A catástrofe fora evitada. Deus fora tocado pelas preces dos homens. Perdoara. Sim, mas por quanto tempo? E se apenas se tratasse de um adiamento? Era preciso rezar, cada vez mais, rezar sempre. No século anterior, os católicos tinham-se feito à estrada para irem em peregrinação a locais onde estavam enterrados os santos. Estes últimos haviam, sem
dúvida, intercedido em favor dos homens e Deus deveria ter-se deixado convencer.



Um dos santos mais eficazes deveria ter sido Santiago (irmão de Jesus) que, de Compostela, atraía milhares de homens e mulheres que deixavam a sua família, o seu trabalho, abandonando tudo para irem rezar àquele local da Galícia onde a terra terminava. Tinha-se passado perto da catástrofe final, as grandes fomes de 990 e 997 eram prova disso. Tinha-se evitado o pior, o método já era conhecido: era preciso cada vez mais que os homens se fizessem à estrada, que os monges rezassem, que todos fizessem penitência. Não seria conveniente ir mais longe, realizar a suprema peregrinação, a única que merecia verdadeiramente a viagem de uma vida: ir aos lugares onde o filho de Deus sofrera para resgatar os pecados dos homens, ir a Jerusalém?

Michelet escreveu: «Os próprios pés conheciam o caminho», e John Charpentier faz notar: Feliz aquele que regressava para a Europa! Mais feliz aquele que morria perto do túmulo de Cristo e que podia dizer-lhe, segundo a audaciosa expressão de um contemporâneo [Pierre d’Auvergne]: “Senhor, morrestes por mim e eu morri por vós”. Multidões cada vez mais numerosas puseram-se a caminho de Jerusalém. A cidade pertencia aos califas de Bagdá (Iraque) e do Cairo (Egito) que permitiam o livre acesso aos peregrinos. Mas tudo mudou quando os Turcos se apoderaram de Jerusalém, em 1090.



De início, contentaram-se com vexar os católicos e, por vezes, espoliá-los, infligindo-lhes humilhação atrás de humilhação, obrigando-os a executarem gestos contrários à sua religião. De escalada em escalada, a situação agravou-se: houve execuções, torturas. Falou-se de peregrinos mutilados, abandonados nus no deserto. De Constantinopla, o imperador Alexis Comnène lançara o sinal de alarme.

Libertar Jerusalém

O Ocidente emocionou-se. Não podia tolerar-se que os peregrinos fossem mortos. Não podiam deixar-se os lugares santos nas mãos dos infiéis muçulmanos. O ano 1000 passara, mas… Pedro, o Eremita, que assistira, em Jerusalém, a verdadeiros atos de barbárie, regressara muito decidido a erguer a Europa e pôr os cristãos no caminho de uma cruzada. Viram-no percorrer distâncias consideráveis, montado na sua mula, a que a multidão arrancava as crinas aos punhados, para com elas fazerem relíquias. Quando Pedro, o Eremita, passara por algum lugar, os espíritos encontravam-se inflamados; homens, mulheres, crianças, mostravam a impaciência de tudo deixarem para se dirigirem a um único destino: Jerusalém. E, uma vez lá, se veria o que se faria…

Do lado dos senhores feudais notava-se um pouco mais de prudência na atitude. Mais razão, sem dúvida, mas também muito mais a perder: as terras que já não seriam protegidas, os bens que poderiam atrair cobiças, etc. A 27 de Novembro de 1095, o papa Urbano II pregou num concílio provincial reunido em Clermont. E proclamou: «Cada um deve renunciar a si mesmo e carregar a cruz.» O sumo pontífice via aí também uma ocasião de meter na ordem esses leigos que se espojavam na luxúria e brindavam aos arruaceiros. Ir libertar Jerusalém seria o caminho da salvação.

Aos milhares, os peregrinos haviam costurado sobre as suas vestes cruzes de tecido vermelho, que viriam a valer-lhes o nome de cruzados. Inicialmente, foram os pobres e miseráveis, os mendigos, os famintos, que quiseram libertar Jerusalém, movendo-se ao caminho em bandos andrajosos que gritavam «Deus assim o quer!» E aqueles que não partiam faziam dádivas para que os outros tivessem com que sobreviver, durante a viagem. Alguns tomavam a decisão obedecendo a um impulso, a um sinal: uma mulher seguira um ganso que deveria levá-la à Cidade Santa.* Foram também referidos pássaros, borboletas e rãs que se pensava mostrarem o caminho. [* Há que ver aí uma similitude com o jogo da glória ou do ganso e o jogo da semana, que conduziam ambos ao Paraíso ou à Jerusalém celeste (cf Michel Lamy, Histoire secrète du Pays Basque, Albin Michel).]

Pedro, o Eremita, e o seu lugar-tenente, Gauthier-Sans-Avoir, arrastavam atrás de si uma multidão heterogênea de miseráveis de toda a Europa que começou a sua cruzada matando os judeus do vale do Rio do Reno e pilhando os bens dos camponeses húngaros. Chegaram a Constantinopla no sábado de Aleluia de 1096. Foi o início do fim. Na Ásia Menor, depois de Civitot, uma parte desses cruzados mal armados que não sabiam combater foi massacrada. Os sobreviventes pereceram quase todos de fome ou de peste, em frente a Antioquia.

Estes últimos viram chegar então – melhor seria dizermos, por fim – o exército dos cruzados, o dos homens de armas que tinham acabado por seguir o exemplo dos mendigos e miseráveis. Fortemente armados, determinados, esses guerreiros apoderaram-se de Antioquia. O objetivo final estava próximo: Jerusalém, terra prometida. Os cantos religiosos elevaram-se mal avistaram as muralhas da cidade. Deixou de haver mendigos e nobres, restando apenas católicos em êxtase, maravilhados com a sua façanha.



A 14 de Julho de 1099, a tropa pôs-se em movimento e atacou a cidade. Jerusalém foi conquistada, num fogoso ímpeto, logo na manhã do dia 15. No entanto, os cruzados não eram santos. De passagem, tinham pilhado e violado, a ponto de os cristãos orientais se terem visto forçados a refugiar-se junto dos Turcos: era inconcebível. Em Jerusalém, também não se comportaram com nenhuma caridade (cristã) digna de nota. Inúmeros muçulmanos (homens, mulheres, idosos e crianças) tinham-se refugiado na mesquita Al-Aqsa; os católicos desalojaram-nos e fizeram uma hecatombe ao passar a todos à fio de espada.

Um cronista anotava: «Lá dentro, o sangue chegava-nos aos tornozelos», e Guilherme de Tiro precisava: “A cidade apresentava um espetáculo tal de carnificina de inimigos muçulmanos, uma tal efusão de sangue, que os próprios vencedores se sentiram chocados pelo horror e a repugnância”. Durante uma semana, sucederam-se os massacres e combates de rua, até o odor do sangue provocar náuseas.

O reino latino de Jerusalém

No entanto, os cruzados tinham fincado pé na Terra Santa e tencionavam ficar por lá. Foi fundado o reino latino de Jerusalém. Godofredo de Bouillon foi nomeado rei, mas recusou-se a cingir a coroa naquele lugar onde Cristo apenas usara uma coroa de espinhos. Godofredo, o rei cavaleiro do cisne, morreria pouco depois, em 1100. Para além do reino de Jerusalém, que se estendia desde o Líbano até o Sinai, formaram-se progressivamente três outros Estados: o condado de Edessa, a norte, meio franco meio armênio, fundado por Balduíno de Bolonha, irmão de Godofredo de Bouillon; o principado de Antioquia, que ocupava, grosso modo, a Síria do Norte, e, finalmente, o condado de Antioquia.



Godofredo foi substituído por Balduíno I. A conquista fora realizada mas agora tratava-se de conservar e administrar os territórios obtidos. Era conveniente conservar as cidades e as praças fortes e velar pela segurança das estradas. O inimigo fora vencido, mas não eliminado. Fundaram-se ordens, a que foram atribuídas missões diversas. Houve, entre outras, a Ordem Hospitaleira de Jerusalém, em 1110, a Ordem dos Irmãos Hospitalários Teutônicos, em 1112, e a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo (futuros Templários), em 1118, quando Balduíno II era rei de Jerusalém.

O nome de Ordem do Templo só aparece em 1128, por ocasião do Concílio de Troyes, que codificou a sua organização. Em 1130, São Bernardo escrevia o seu De laude Novae Militiae ad Milites Templi, para assegurar a divulgação da Ordem. Dentro em pouco, as doações tinham-se tornado importantes, o recrutamento progredia e, quando o primeiro Grão-Mestre, Hugues de Payns, morreu, em 1136, sucedendo-lhe Robert de Craon, a Ordem do Templo já era coesa. Três anos mais tarde, Inocêncio III reviu alguns aspectos da regra e concedeu ao Templo privilégios exorbitantes.

Em 1144, Edessa foi retomada pelos muçulmanos, o que levou à organização da segunda cruzada, pregada por São Bernardo em 1147, enquanto a Ordem dos Templários continuava a adaptar-se e desenvolver-se. A operação viria a tornar-se num malogro, mas, no terreno, os cruzados resistiam, ainda assim, bastante bem aos assaltos muçulmanos. Todavia, Saladino (Ṣalāḥ ad-Dīn Yūsuf ibn Ayyūb) conseguia, pouco a pouco, unificar o mundo do Islã no Oriente Médio. Em 1174, apoderava-se de Damasco (Síria) e, em 1183, de Alepo. Em seguida, após o desastre de Hattin, onde morreram inúmeros católicos, Saladino conseguiu retomar Jerusalém, em 1187 (conquista reproduzida no filme Cruzada-Kingdom of Heaven), reduzindo assim o reino latino à região de Tiro.


Acima: Saladino e Guy de Lusignan. Em julho de 1187, Saladino capturou a maior parte do reino de Jerusalém. No dia 4 de julho de 1187 ele deparou-se, na Batalha de Hattin, com as forças combinadas de Guy de Lusignan, Rei Consorte de Jerusalém, e Raimundo III de Trípoli. Somente na batalha, o exército Cruzado foi em grande parte aniquilado pelo exército motivado de Saladino, naquilo que foi um desastre completo para os cruzados e uma virada na história das Cruzadas.

Uma terceira cruzada foi organizada em 1190, quando Robert de Sablé era Grão-Mestre da Ordem do Templo. Viria a permitir reconquistar Chipre e Acre, em 1191. Reunia Filipe Augusto, Frederico Barba Ruiva e Ricardo Coração de Leão. Este último bateu Saladino em Jafa e, depois, tendo sido vencido, tentou regressar a Inglaterra disfarçado de templário. Reconhecido, foi feito prisioneiro, uma história que é bem conhecida de todos quantos, na infância, vibraram com as aventuras de Robin Hood dos Bosques de Sherwood em Nottingham. Infelizmente, ao contrário do que reza a lenda, Ricardo Coração de Leão não foi o rei nobre que é descrito com bonomia e esteve longe de se comportar sempre de forma cavaleiresca. Morreu em 1196, três anos depois de Saladino e de Robert de Sablé.

Em 1199, foi decidida a quarta cruzada que teve muitas dificuldades para se pôr a caminho. Quando os cruzados avistaram Constantinopla, em 1202, esqueceram o seu objetivo, conquistaram a cidade, pilharam aquele reino cristão ortodoxo e organizaram os Estados Latinos da Grécia. Esse evento levou à fundação do Império Latino e à consolidação do Grande Cisma do Oriente entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa. No final desse século XIII, Wolfram von Eschenbach escrevia o seu Parzifal, onde os Templários apareciam como os guardiões do Santo Graal,dando inicio a lenda que perdura até os dias atuais.

Depois de se ter desviado do seu objetivo, a Palestina, para pilhar o reino bizantino, a cavalaria ocidental – nomeadamente a francesa – deve ter dito a si própria que não era necessário ir tão longe para enriquecer. Em 1208, foi pregada nova cruzada, mas esta consistia em ir sangrar o Sul de França, onde os Cátaros opunham a sua heresia gnóstica a um clero local pouco convincente, porque demasiado corrompido. Os barões do Norte preferiram ir matar os Albigenses a esbarrarem nas cimitarras dos muçulmanos.

Mesmo assim, foi organizada uma quinta cruzada, entre 1217 e 1221. Terminou com a tomada de Damieta, no Egito, e sem mais êxitos. Foi esta a época escolhida pelos Mongóis para lançarem uma operação de invasão, criando uma nova frente, muito difícil de manter. Sem muita dificuldade, apoderaram-se do Irã. Todavia, Frederico II de Hohenstaufen, imperador germânico excomungado pelo papa, devolvera Jerusalém aos cristãos. O que as armas não haviam conseguido, obtivera Frederico II mediante negociações diplomáticas. Infelizmente, em 1244, a Cidade Santa viria a cair nas mãos dos Turcos.

O fim de um reino e de uma ordem

Durante todo este tempo, os Templários estiveram praticamente em todas as frentes de batalha, alimentando, graças à gestão genial de um patrimônio ocidental colossal, o esforço de guerra no Oriente. Mas o povo, os nobres, começavam indubitavelmente a cansar-se. As vitórias e as derrotas sucediam-se, tornavam-se banais. Já não existia o entusiasmo inicial. Em contrapartida, o Oriente influenciara o Ocidente. O contato com outra civilização deixara marcas, principalmente entre os altos iniciados dos cavaleiros templários. Tinham aparecido produtos novos nos mercados da Europa; haviam-se desenvolvido técnicas e ciências graças a frutuosas relações estabelecidas entre sábios e letrados das duas civilizações. E muito conhecimento oculto e secreto foi descoberto pelos Cavaleiros do Templo em seu contato com judeus e muçulmanos.



O Ocidente abria-se ao fascínio do Levante.

Um homem ainda pensava ter o dever de levar o ferro da espada, em “nome de Cristo”, ao seio dos infiéis muçulmanos: Luís de França (canonizado pela igreja mais tarde). Em 1248, iniciou a catastrófica sétima cruzada. Em nome de um ideal, desdenhava das realidades, recusando-se a ouvir aqueles que, como os Templários, conheciam bem os problemas locais. Acumulou erros e sofreu uma grave derrota em Mansurá (Al-Mansurah), enquanto os Mamelucos turcos consolidavam o seu poder no Egito. Em 1254, “São” Luís regressou a França. Quatro anos mais tarde, os Mongóis de Gengis Khan apoderaram-se de Bagdá, em 1258, pondo fim ao califado abássida. Em 1260, foram repelidos para a Síria pelos Turcos e, no ano seguinte, os Gregos retomavam Constantinopla.

Em 1270, “São” Luís, que nunca percebera nada e nem sempre retirara as lições da sua primeira campanha, participava na oitava cruzada. Encontrou a morte em frente a Túnis, nesse mesmo ano. Em 1282, foi concluída uma trégua de dez anos com o Egito, enquanto os Cavaleiros Teutônicos haviam decidido levar as suas espadas mais para norte e criar um reino na Prússia (semente do estado germânico). Em 1285, Filipe III, cognominado o Audaz, que sucedera a São Luís no trono de França, extinguia-se, deixando o lugar a Filipe IV, o Belo. Seis anos mais tarde, com a derrota de São João de Acre, no decurso da qual foi morto o Grão-Mestre da Ordem do Templo, Guillaume de Beaujeu, a Terra Santa foi perdida e evacuada definitivamente. Os Cavaleiros Templários se retiraram para a ilha de Chipre.

Em 1298, Jacques de Molay tornou-se o Grão-Mestre da Ordem: o último Grão-Mestre. Um ano mais tarde, organizou uma expedição ao Egito, mas o reino latino de Jerusalém acabara de vez. Filipe, o Belo, teve violentos confrontos com o papa Bonifácio VIII, que o excomungou, em 1303. O sumo pontífice morreu nesse mesmo ano. Em 1305, o seu sucessor, também ele em litígio com Filipe, o Belo, morreu envenenado e o rei de França tornou papa um homem com quem fizera acordos: Bertrand de Got, que reinou sob o nome de Clemente V.

Nesse mesmo ano, foram lançadas acusações (forjadas por Filipe o Belo) de extrema gravidade contra a Ordem do Templo, que assumiram a forma de denúncias feitas perante o rei de França. Acusações duvidosas mas que surgiam num bom momento: a Ordem inquietava a muitos e o rei francês, falido, queria por a mão em suas riquezas, agora que o seu poder já não tinha onde se exercer no Oriente. Em 1306, Filipe, o Belo, sempre sem dinheiro, baniu os judeus do reino de França, não sem antes os ter espoliado dos seus bens e de ter mandado torturar alguns deles. Em 1307, mandou prender todos os cavaleiros templários do reino da França e escolheu para tal fim a data de 13 de Outubro,uma sexta feira.


Acima: Em primeiro plano, Jacques de Molay, o último Grão mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários

A 17 de Novembro, o papa acedeu a pedir a prisão dos cavaleiros da Ordem dos Templários por toda a Europa. Foram realizadas acusações estereotipadas e a instrução do processo fez-se com a ajuda da tortura. Mesmo assim, o papa tentou organizar a regularidade dos procedimentos mas não ousou atacar diretamente o rei de França. Pouco a pouco, os Templários tentaram formalizar a sua defesa mas, a partir de 1310, alguns deles foram condenados e conduzidos à fogueira. Em 1312, quando do segundo concílio de Viena, a Ordem do Templo foi extinta sem ser condenada. Os bens dos Templários foram, teoricamente, devolvidos aos Hospitalários de São João de Jerusalém.

No dia 18 de Março de 1314, o Grão-Mestre, Jacques de Molay, e vários outros dignitários cavaleiros da Ordem dos Templários foram queimados vivos. Um mês mais tarde, a 20 de Abril, morreu, por sua vez, o papa Clemente V. No dia 29 de Novembro ocorreu a morte de Filipe, o Belo. A Ordem do Templo extinguira-se mas a sua história não terminara. Deixou vestígios que, tal como as catedrais que ajudara a construir, transpuseram o tempo. Vivera mais de dois séculos, período durante o qual a evolução da civilização ocidental fora muito importante, muito mais do que deixa entender a concepção estática que geralmente se tem em relação à Idade Média.

Foram dois séculos de evolução econômica, de desenvolvimento do comércio e do artesanato, de progresso nas artes. Dois séculos que marcaram para sempre o mundo. A Ordem dos Cavaleiros Templários esteve intimamente ligada a essa evolução e esse não é o menor dos mistérios que agora teremos de abordar.

Continua…

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Posted by Thoth3126 on 25/04/2015


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Outubro 21, 2015

chamavioleta


Revelação Templária CAPÍTULO X ADIVINHANDO A CORRENTE SECRETA.

 Lynn Picknett e Clive Prince.

Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch



A ruiva Madalena e o Graal

CAPÍTULO X – ADIVINHANDO A CORRENTE SECRETA 

Neste ponto da nossa investigação, fomos notavelmente confrontados com a aparente importância de Maria Madalena para uma rede secreta e herética. Fora daqui que tínhamos partido, com o astucioso e subliminar simbolismo da «Senhora M» da Ultima Ceia de Leonardo.

Contudo, nos anos que tinham decorrido desde que nos tínhamos sentido atraídos pelo mundo misterioso da heresia europeia, tínhamos percorrido muito terreno, em todas as acepções da palavra. Era tempo de fazer uma avaliação: o que tínhamos descoberto?

Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch

Capítulo 10 – ADIVINHANDO A CORRENTE SECRETA – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.


CAPÍTULO X – ADIVINHANDO A CORRENTE SECRETA 

A «Senhora M», que interpretámos como sendo Maria Madalena, era claramente de grande importância para Leonardo Da Vinci, que, diz-se, foi grão-mestre do Priorado de Sião. Certamente, os nossos inesperados encontros com membros do atual Priorado tinham reforçado a nossa suspeita de que ela era muito importante para eles. E o mesmo se aplica a João Baptista – uma figura que dominou a obra de Leonardo e que o Priorado venera com especial devoção.


As nossas múltiplas viagens ao Sul de França revelaram que havia algum fundamento para tomar a sério as lendas que referiam Madalena como tendo ali vivido, mas as suas associações com o culto da Madona Negra apontam para uma ligação pagã ao sagrado feminino. Tudo na veneração de Madalena está carregado de sexualidade – uma coisa particularmente evidente na sua associação com o poema de amor erótico, o Cântico dos Cânticos.

Mas há um aparente paradoxo. Por um lado, há evidências de que Madalena fosse a esposa de Jesus – ou, no mínimo, sua amante – , mas, por outro, ela é persistentemente associada a deusas pagãs. Isto parece totalmente irracional – por que razão devia a esposa do Filho de Deus ser associada, deste modo, a figuras como Diana, a Caçadora, e à deusa egípcia do amor e da magia, ÍSIS? Foi uma pergunta que acompanhou as nossas pesquisas.

Ao longo desta investigação, encontramos indivíduos e grupos, como os Templários, S. Bernardo de Clairvaux e o abade Saunière, que giravam em torno do tema central do Divino Feminino. Embora, para alguns deles, este tema possa ter sido apenas um ideal filosófico, o próprio fato de lhe ter sido dado um rosto feminino reconhecível aponta para uma devoção mais específica. Ela era, se não Madalena, ÍSIS, a antiga rainha do Céu e consorte de Osíris, o deus que-morre-e-ressuscita. Certamente, esta cadeia de associações – Madalena/ Madona Negra/ÍSIS – foi sempre o objetivo do Priorado. Para eles, uma Madona Negra representava tanto Madalena como ÍSIS, simultaneamente. Contudo, isto é muito estranho, porque a primeira é uma santa cristã e a última uma deusa pagã: seguramente, não há nenhuma associação possível.

Como vimos, os cátaros pareciam defender idéias inaceitáveis e heterodoxas sobre Madalena: na verdade, toda a cidade de Béziers foi “passada à espada” pelos soldados a mando de Roma devido a esta heresia. Para eles, ela fora a concubina (e sacerdotisa) de Jesus – uma idé ia que, curiosamente, repercute a dos Evangelhos gnósticos, que a descrevem como a mulher que Jesus frequentemente beijava na boca, a quem amava acima de qualquer outra pessoa. Os cátaros acreditavam que isto era verdade, embora com a maior relutância, porque a sua própria versão do gnosticismo considerava todo o sexo e procriação como, no máximo, um mal necessário.

Esta ideia da relação de Madalena com Jesus não tivera origem nos seus precursores bogomilos, mas era, de fato, corrente no Sul de França – numa cultura que procurava elevar o Feminino em todos os aspectos, como revela o florescimento da tradição trovadoresca. E, como vimos, o panfleto da «irmã Catarina» revela que as idéias sobre Maria Madalena, reveladas nos Evangelhos gnósticos, tinham, de algum modo, sido transmitidas ao século XIV.

Curiosamente, descobrimos que aqueles que eram aparentemente os mais masculinos dos homens, os Cavaleiros Templários – ou, pelo menos, a sua ordem interna -, também estavam fortemente empenhados na elevação do Feminino. A intensidade da sua veneração pelas Madonas Negras não era ultrapassada por nenhuma outra, e a sua demanda cavaleiresca do amor transcendental foi a inspiradora das grandes lendas do santo Graal.

Os Templários eram ávidos pelo conhecimento e a sua demanda era a sua principal força impulsionadora. Aproveitavam conhecimento em qualquer parte que o encontrassem: com árabes aprenderam os princípios da geometria sagrada, e os seus aparentes contatos próximos com os cátaros acrescentaram uma aparência gnóstica extra às suas já heterodoxas idéias religiosas. Desde o princípio, os interesses desta ordem de cavaleiros foram, essencialmente, ocultistas e esotéricos. A história pouco convincente das suas origens, como protetores dos peregrinos cristãos da Terra Santa, apenas chama a atenção para as anomalias que rodeavam a ordem.

A maior concentração de propriedades templárias da Europa encontrava-se no Languedoc Roussillon, essa estranha região do Sudoeste de França que parece ter atuado como um ímã para muitos grupos heréticos. O catarismo, no seu auge, tornou-se virtualmente a religião de estado da área, e foi ali que nasceu e floresceu o movimento trovadoresco. E a investigação recente revelou que os Templários praticavam a alquimia. Os edifícios de várias cidades do Languedoc, como Alet-les-Bains, ainda ostentam complexos símbolos alquímicos e têm também fortes associações templárias.


Depois dos sinistros acontecimentos que rodearam a extinção oficial dos Templários, a ordem tornou-se secreta e continuou a exercer a sua influência sobre muitas outras organizações. Como conseguiram os Templários fazer isso, e quem herdou o seu conhecimento, nunca se soube com certeza até aos últimos dez anos. Gradualmente, foi-se sabendo que os Templários continuaram a existir secretamente como rosacruzes, e o conhecimento que eles tinham adquirido foi transmitido a estas sociedade.

Descobrimos que o exame cuidadoso destes grupos revelava as preocupações subjacentes e consistentes dos Templários. Uma delas é uma grande, talvez mesmo excessiva, veneração por um ou ambos os santos de nome João – João Evangelista (ou o Amado!) e João Batista. Isto é intrigante porque os próprios grupos que parecem considerá-los tão sagrados dificilmente são cristãos ortodoxos, e parecem mesmo olhar Jesus com alguma frieza. Um destes grupos é o Priorado de Sião, mas o mais espantoso, neste contexto, é o fato de que, embora o Priorado denomine «João» os seus sucessivos grão-mestres, Pierre Plantard de Saint-Clair afirma que o título do primeiro desta dinastia – «João I» – está «simbolicamente reservado para Cristo”. Não sabemos por que se prestaria uma honra a Jesus ao chamar-lhe João.

Talvez a resposta resida na idéia, partilhada por estas sociedades, de que Jesus transmitiu os seus ensinamentos secretos ao jovem S. João, e é esta tradição que é defendida tão zelosamente pelos Templários, rosacruzes e maçônicos. E parece que João Evangelista se confundiu, aparentemente, de forma deliberada, com o Batista.

O próprio conceito de ter existido um secreto Evangelho de João era comum entre os «heréticos», desde os cátaros do século XII ao Leivitikon. É curioso que este fio joanino atravesse todos estes grupos, de forma penetrante e consistente, porque ele é também o menos conhecido. Talvez isto se deva apenas ao manto de secretismo que teve tanto êxito ao escondê-lo dos olhos do mundo durante tanto tempo.

O outro tema importante, que é continuado pelos vários tributários da «corrente secreta» da heresia, é o da elevação do Princípio Feminino e, especificamente, o reconhecimento do sexo como sacramento. A Grande Obra dos alquimistas, por exemplo, tem evidentes paralelos com os ritos sexuais tântricos – embora fosse apenas recentemente que essas conotações fossem compreendidas. Ironicamente, foi apenas quando a nossa cultura tomou conhecimento do tantrismo que as práticas de muitas tradições ocidentais antigas foram, finalmente, compreendidas.

A sabedoria feminina foi sempre muito desejada, tanto no sentido filosófico como no que se julgava ser conferido magicamente através do ato sexual. Esta demanda da sabedoria feminina – Sophia – é o fio que une todos os grupos que investigamos: por exemplo, os primeiros grupos gnósticos e herméticos, os Templários e os seus sucessores da Maçonaria do Rito Escocês Retificado. O texto gnóstico, o Pistis Sophia, associa Sofia a Maria Madalena, e Sofia também estava intimamente associada a ÍSIS – talvez isto ajude a explicar a aparente confusão da santa com a deusa por parte do Priorado de Sião. Contudo, isto é apenas uma indicação; não é a resposta.

A continuada importância de Madalena não está em dúvida. Contudo, os seus restos mortais foram procurados – e, possivelmente, ainda continuam a ser procurados – com inexplicável fervor. No século XIII, Charles d’Anjou empreendeu a sua busca com zelo fanático, embora ficasse claramente desiludido porque o seu descendente, o mais famoso Réne d’Anjou, dois séculos mais tarde, ainda continuava a procurá-los. Mesmo no fim do século XIX, o mesmo desejo ardente – encontrar os restos mortais da sua dileta Madalena – parece ter consumido o abade Saunière de Rennes-le-Château.

De qualquer modo, Madalena detém a chave de um grande mistério, um mistério que foi guardado ciosa e implacavelmente durante séculos. E parte desse segredo envolve intimamente João Batista (e/ou talvez João Evangelista). Logo que compreendemos que esse segredo existia, desejamos sacudir as teias de aranha da história e lançar alguma luz sobre ele. Mas isso não foi tarefa fácil: os grupos e as organizações que guardaram este segredo, ao longo dos anos, criaram meios de manter os estranhos bem afastados da verdade.

Embora alguns deles nos tivessem dado indicações ou pistas, ninguém ia revelar-nos o segredo central. Tudo o que sabíamos era que toda a evidência apontava para que o mistério fosse elaborado sobre uma base que, essencialmente, incluía Sofia (SABEDORIA) e João. Estes temas eram centrais – mas não sabíamos porquê, embora se encontrasse uma indicação no fato de que, qualquer que fosse o segredo, certamente ele não iria reforçar a autoridade da Igreja. Na verdade, esta grande heresia desconhecida constituiria a maior ameaça, não só ao catolicismo mas ao cristianismo, tal como o conhecemos. Os grupos que guardavam o segredo consideravam-se como tendo sido os detentores de uma informação sobre as verdadeiras origens do cristianismo e mesmo sobre o próprio homem Jesus.


Seja qual for a natureza deste segredo, é evidente que era alguma coisa importante – e significativa – para os séculos XIX e XX. Em Rennes-le-Château, Sanière recebia não apenas representantes da alta sociedade parisiense, como Emma Calvé, mas políticos e membros de famílias imperiais. Atualmente, Pierre Plantard de Saint-Clair e o Priorado de Sião têm sido associados a figuras como Charles de Gaulle e Alain Poher, um destacado estadista francês que, por duas vezes, foi presidente provisório.

Recentemente, correram rumores que associavam o falecido presidente François Mitterrand a Pierre Plantard de Saint-Clair. Certamente, Mitterrand visitou Rennes-le-Château em 1981, quando foi fotografado na Torre de Magdala e junto da estátua de Asmodeus, no interior da igreja. Pode ser significativo que ele tivesse nascido em Jarnac, onde foi sepultado em cerimônia privada enquanto os líderes mundiais assistiam a um serviço religioso em Notre-Dame de Paris. Segundo os estatutos do Priorado de Sião de 1950, há muito que Jarnac era um dos seus centros.

Atribui-se ao Priorado verdadeira influência na política européia e mesmo mundial. Mas por que deveriam as questões que estávamos a investigar, embora interessantes sob uma perspectiva histórica e filosófica, ter importância? Estas questões estão ligadas ao «voltar da Cristandade de cima para baixo» prometido pela união do Priorado de Sião e da «Igreja de João», que já discutimos?

A única coisa que Maria Madalena e João Baptista tinham em comum era o fato de serem santos e, aparentemente, figuras históricas do Novo Testamento. O único caminho lógico para continuar a investigação era o exame minucioso das suas vidas e dos seus papéis, na esperança de que eles revelassem a razão do seu contínuo fascínio para as tradições heréticas secretas. Se tínhamos alguma esperança de conseguir compreender a sua suprema importância para os iniciados dos grupos esotéricos mais importantes e mais bem informados, tínhamos de começar a ler a Bíblia a sério.

FIM DA PRIMEIRA PARTE DO LIVRO

Links partes anteriores:


  1. http://thoth3126.com.br/o-codigo-secreto-de-leonardo-da-vinci/
  2. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-02a-no-mundo-secreto/
  3. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-02b-no-mundo-secreto/
  4. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-03a-no-rastro-de-madalena/
  5. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-03b-no-rastro-de-madalena/
  6. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-03c-no-rastro-de-madalena/
  7. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-4a-a-patria-da-heresia/
  8. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-4b-a-patria-da-heresia/
  9. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-5a-os-guardioes-do-graal/
  10. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-5b-os-guardioes-do-graal/




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Posted by Thoth3126 on 21/10/2015
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Outubro 13, 2015

chamavioleta

Revelação Templária – 9B  

Um Curioso Tesouro 

(Rennes-le-Chateau) 

Por Lynn Picknett e Clive Prince

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com 

 Publicado anteriormente a 08/05/2015

CAPÍTULO IX 

 UM CURIOSO TESOURO – 9B


Recentemente, muitos investigadores encontraram indicações intrigantes sobre os verdadeiros interesses e motivações de Saunière, espalhados pelo seu domaine. Durante uma das nossas visitas à área, em 1996, fomos acompanhados por Lucien Morgan, um apresentador de televisão e autoridade em tantrismo, que ficou espantado por descobrir que a Torre de Magdala e os baluartes eram construídos segundo os antigos princípios de um certo tipo de rito sexual. Ele acredita que Saunière e o seu círculo secreto praticavam rituais sexuais ocultistas, destinados a facilitar a clarividência, pô-los em contato com os “deuses” – realizando, efetivamente, a Grande Obra dos velhos alquimistas – e assegurar poder e influência materiais.

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 09A – UM CURIOSO TESOURO – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO IX – UM CURIOSO TESOURO – 9B

Outros reconheceram indicações de magia sexual: os autores britânicos Lionel e Patrícia Fanthrorpe citam o perito ocultista Bremna Agostini, que afirma que Saunière realizava um ritual mágico sexual conhecido por «Convocação de Vênus», em que participavam Marte Dénarnaud e Emma Calvé. No que respeita a esta investigação, a questão verdadeiramente importante de todas as edificações de Saunière em Rennes-le-Château é a importância que ele atribui a Maria Madalena (representante do feminino sagrado e divino).



Na verdade, a igreja já lhe fora dedicada muito antes de Saunière nascer, mas isso não era mera coincidência, porque ela fora a capela da família local dominante – a de Marie de Nègre. Dada a íntima associação desta família com o Rito Escocês Retificado, a dedicação da igreja parecia ser significativa. Saunière também dera o nome de Madalena à sua torre da biblioteca, e denominou a sua casa segundo aquela em que, de acordo com uma interpretação dos acontecimentos do Novo Testamento, ela vivera com seu irmão Lázaro e a sua irmã Marta. E, de todas as decorações da igreja, foi o baixo-relevo do frontal do altar, representando Madalena, que ele decidiu ser ele mesmo a pintar.

Descobrimos que também mandara fazer uma pequena estátua em bronze de Madalena, que ele colocou no exterior da gruta, junto à igreja. A estátua media menos de um metro e pesava cerca de oitenta e cinco quilos, e era a imagem invertida do baixo-relevo, mas, sob outros aspectos, idêntica. Esta estátua desapareceu há muito tempo, mas André Galaup, um jornalista reformado, de Limoux, tem fotografias dela.

A legenda «Terribilis est locus iste» destaca-se por cima da porta da igreja. Como Keith Prince nos indicou, a frase é do Gênesis 29:17 e relata que Jacob sonha com uma escada pela qual os anjos sobem e descem. Ao acordar, Jacob pronuncia estas palavras. Passa a designar aquele lugar por Betel, significando Casa de Deus. Mas, no Antigo Testamento, Betel transforma-se num centro de poder rival de Jerusalém – dando ao conceito de Betel a conotação de centro religioso alternativo ou rival do «oficial».

Mas na França a implicação é mais óbvia: um dicionário francês define «Betel» como um templo de uma seita dissidente. Poderia ser isto que Saunière estava a tentar comunicar? Curiosamente, os Dossiers Secrets reclamam que Saunière, nos seus últimos anos, planejava implantar «uma nova religião» e empreender uma cruzada por toda a área. A última edificação planejada para o seu «domaine» – a grande torre e o batistério exterior – faziam parte desta ambição.

Decidimos concentrar-nos no que Saunière encontrara quando chegou a Rennes-le-Château e no que pode ter inspirado as suas pesquisas. Pondo de parte a falsa pista dos pergaminhos, a aparente contradição do comportamento de Saunière chamou-nos a atenção. Muitas pessoas pensam que ele tentava deixar indicações na decoração da sua igreja. Contudo, também se sabe que ele destruiu cuidadosamente certas coisas que lá encontrou – especificamente, as inscrições das duas pedras que assinalavam a sepultura de Marie de Nègre. Também as removeu da sepultura, o que sugere que ele desejava obscurecer a sua localização exata.

Como vimos, estas pedras – a pedra vertical e a placa horizontal – foram colocadas na sepultura de Marie de Nègre pelo abade Antoine Bigou, cerca de cem anos antes de Saunière chegar. Mas uma coisa estranha já estava implicada: Bigou erigiu as pedras em 1791 – dez anos depois da morte da mulher que, supostamente, estava na sepultura – ao mesmo tempo que mandava voltar ao contrário a «Pedra do Cavaleiro» da igreja. (O levantamento desta pedra parece ter sido um passo importante da pesquisa de Saunière.)



Há ainda outro indicador de que Saunière estava, de algum modo, seguindo as pegadas de Bigou: antes de ser pároco de Rennes, Bigou exercera o cargo em Le Clat, uma pequena aldeia de montanha, a vinte quilômetros de Rennes. Saunière também fora sacerdote de Le Clat, imediatamente antes de vir para Rennes-le-Château. Poderia Saunière estar procurando alguma coisa relacionada com Bigou e, portanto, com as famílias d’Hautpoul ou de Nègre?

O trabalho de Bigou na sepultura de Marie pode ter sido inspirado pelos acontecimentos na França, que ocorreram entre a morte de Marie e 1791 – o ano que marcou o princípio do terror da Revolução Francesa. Os revolucionários eram hostis à Igreja Católica, e muitas relíquias, ícones e decorações foram destruídos ou saqueados neste período. Curiosamente, pouco depois do seu trabalho em Rennes-le-Château, Bigou, que era contrário à República, atravessou a fronteira e fugiu para Espanha, onde morreu em 1793.

Havia outra coisa estranha no sepultamento de Marie de Nègre. Os senhores de Rennes, a família d’Hautpoul, eram tradicionalmente sepultados na cripta da família, que se diz existir por debaixo da igreja. Então, por que razão o sepultamento de Marie não seguiu esta tradição? Sabemos que a cripta existia, porque ela é referida num registro paroquial que abrange os anos 1694-1726 e que está exposto no museu. Segundo este registro, a entrada para a cripta situa-se no interior da igreja. Contudo, a entrada já desapareceu, embora pareça certo que Saunière a descobriu; talvez os documentos que ele encontrou lhe indicassem o lugar onde devia procurá-la.

Segundo o relato da história de Saunière, registrado pelos irmãos Antoine e Marcel Captier e baseado nas memórias da família, o sacerdote descobrira a entrada para a cripta, por debaixo da Pedra do Cavaleiro, e tinha, de fato, entrado nela. Mas voltara, depois, a ocultar a entrada sob o novo pavimento da igreja, presumivelmente porque não queria que a sua localização fosse conhecida. Antoine Bigou devia ter tido a mesma preocupação, porque foi ele, em 1791 quem mandou voltar a Pedra do Cavaleiro ao contrário. Por que estariam os dois sacerdotes, separados por um século, tão interessados em que mais ninguém entrasse na cripta dos senhores de Rennes-le-Château?

Há uma resposta simples. Se Saunière entrasse na cripta e encontrasse o túmulo de Marie de Nègre, onde, em primeiro lugar ele deveria estar, teria compreendido imediatamente que se passava uma coisa muito estranha: a mulher tinha duas sepulturas. Mas a segunda, a do cemitério, fora lá colocada por Bigou, dez anos depois da morte de Marie. Obviamente, Marie não estava enterrada no cemitério – nesse caso, quem, ou o quê, estava lá enterrado?

Uma hipótese aceitável é que Bigou, presumivelmente devido às convulsões sociais da Revolução de 1789, que o ameaçaram pessoalmente, escondera alguma coisa no cemitério de Rennes-le-Château antes de fugir para Espanha. Mas o que poderia ter sido – outro corpo, um objeto ou documentos de certa natureza? Talvez fosse alguma coisa que Bigou tivesse dificuldade em levar consigo para Espanha ou talvez fosse alguma coisa que, de fato, fazia parte de Rennes-le-Château. Podemos nunca saber, mas parece que Saunière soube, porque ele abriu a sepultura para a procurar. E ele tivera muito interesse em que a mensagem das duas pedras tumulares se perdesse – pelo menos, a da placa horizontal, cuja inscrição ele fez desaparecer. Podia a mensagem dar alguma indicação sobre o que a sepultura, de fato, encerraria?


ÍSIS, …

A inscrição da pedra principal da sepultura de Marie de Nègre apresenta muitos erros, que não podem ser apenas o resultado de um acabamento pouco cuidadoso. Há palavras com erros de grafia, letras suprimidas, espaços que são omitidos ou acrescentados onde não são necessários. Das vinte e cinco palavras da inscrição, nada menos de onze apresentam erros. Alguns parecem bastante inócuos, mas um, em particular, era tão grave que teria causado séria ofensa à família. As palavras finais deveriam apresentar-se como o convencional REQUESTA IN PACE – «descanse em paz» – mas aparecem como REQUIES CATIN PACE. A palavra francesa «catin» é a gíria para «prostituta».

E é reforçada por um erro do nome de família do marido de Marie: D’Hautpoul aparece como DHAUPOUL. Este erro pode não alterar muito o significado, mas consegue chamar a atenção para a palavra. E poule (galinha) é outra designação de prostituta, em gíria; de fato, hautpoul podia significar «grande prostituta» … Do mesmo modo, o nome inscrito na pedra tumular faz eco de temas importantes desta investigação. Chega a ser tentador pensar que Marie de Nègre apenas existiu como nome, e como código de alguma coisa absolutamente espantosa.

Porque Blanchefort, embora seja o nome de um posto de fronteira local, significa «torre branca» ou «branco forte» – um termo alquímico. E «Marie de Nègre» evoca as Madonas Negras, com as suas associações a Maria Madalena, o que é reforçado pela referência de hautpoul a «alta prostituição», a sabedoria da prostituta. Encontramos, novamente, aparentes associações que são sugestivas da sexualidade (do feminino) sagrada e talvez – no contexto de rumores de «tesouro» – dos aspectos sexuais da Grande Obra alquímica. E, ainda mais relevante talvez, há outro erro de grafia na pedra tumular: D’ABLES é representado como D’ARLES. Se é, como suspeitamos, uma referência à cidade de Arles, na Provença, pode evocar o fato de que ela foi um antigo centro do culto de ÍSIS. Seja como for, Arles fica muito próximo de Saintes-Maries-de-la- Mer.

O desenho da segunda pedra da sepultura de Marie de Nègre, a placa horizontal, é mais polêmico porque existem algumas discrepâncias nos vários relatos do desenho, que foram publicados. Segundo a maioria das versões, ele ostenta duas inscrições: a frase – em latim, mas curiosamente inscrita em caracteres gregos – Et in Arcadia ego – e quatro palavras latinas: Reddis Regis Cellis Arcis, cruzando a pedra. O significado da última inscrição não é claro e tem sido tema de várias interpretações diferentes, mas parece referir-se a uma cripta ou túmulo real, talvez associado a Rhedae e/ou à aldeia de Arques. (A palavra Arcis tem muitos significados possíveis, desde palavras relacionadas com a inglesa «arco» a palavras que signifiquem «fechado» ou «interior», ou podia ser simplesmente uma alusão a Arques, quer o seu antigo nome de Archis quer uma transcrição fonética do nome moderno.)

O mote Et in Arcadia ego também se encontra no túmulo do quadro de Nicolas Poussin (1593-1665), Os Pastores de Arcádia, o qual é notavelmente semelhante ao que parece sempre ter existido – sob uma forma ou outra – junto da estrada que, de Rennes-le-Château e de Couiza, conduz a Arques. (A mais recente versão foi dinamitada em 1998, porque o agricultor da terra em que ele se encontrava já não estava disposto a tolerar centenas de turistas que violavam a sua propriedade. Infelizmente, esta medida drástica foi em vão: agora os turistas vêm tirar fotografias do local onde o túmulo se costumava encontrar.)


Nicolas Poussin (Les Andelys, Normandia, França, 15 de Junho de 1594 – Roma, 19 de Novembro de 1665) foi um pintor francês, mas por seu espírito e sensibilidade, um romano por adoção. É um dos maiores representantes do classicismo do século XVII. Trabalhou quase que exclusivamente em Roma. Um dos trabalhos mais famosos de Poussin é Os Pastores de Arcádia, uma pintura que retrata um túmulo com uma lápide enorme, onde se lê Et in Arcadia ego. O túmulo da pintura, anos após a morte de Poussin, foi encontrado nas redondezas de Rennes-le-Château, um vilarejo no sudeste da França, que fora habitado pelos visigodos e merovíngios.

Diz-se que Saunière trouxera de Paris reproduções de certas pinturas, uma das quais era Os Pastores de Arcádia de Poussin. Esta pintura, datando de cerca de 1640, representa um grupo de três pastores examinando um túmulo, observados por uma mulher que é geralmente considerada como sendo uma pastora. O túmulo ostenta a inscrição latina Et in Arcádia ego, uma frase estranhamente não gramatical que tem sido interpretada de várias maneiras, mas que, geralmente, se considera representar um memento mori, uma reflexão sobre a mortalidade: mesmo na terra paradisíaca da Arcádia, a morte está presente.

Este mote tem uma estreita ligação com a história do Priorado de Sião e figura no brasão da família de Plantard de Saint-Clair. Também se diz, como vimos, que ele foi incorporado na decoração da pedra horizontal da sepultura de Marie de Nègre. O tema da pintura não foi inventado por Poussin, sendo a primeira versão conhecida a de Giovanni Francesco Guercino, cerca de vinte anos antes. Contudo, o homem que encomendou a versão de Poussin, o cardeal Rospigliosi, parece também ter sugerido o tema a Guercino. E a primeira aparição artística da frase é numa gravura alemã do século XVI intitulada O Rei da Nova Sião destronado depois de ter inaugurado a Idade de Ouro… Ao discutir Poussin, é interessante considerar uma carta que o abade Louis Fouquet escreveu, de Roma, a seu irmão Nicolas, superintendente de Finanças de Luís XIV, em Abril de 1656:


[Poussin] e eu planejamos certas coisas de que te falarei em pormenor, brevemente, [e] que te darão, por intermédio de M. Poussin, vantagens que reis teriam grande dificuldade em obter dele, e que, depois dele, talvez ninguém dos séculos vindouros conseguirá recuperar; e o que é mais, seria sem grande despesa mas daria lucro, e estas coisas são tão difíceis de encontrar que ninguém desta terra podia ter agora uma fortuna melhor, nem talvez igual.

Curiosamente, foi Charles Fouquet, irmão de Louis e de Nicolas que, mais tarde, como bispo de Narbonne, assumiu o controle exclusivo da catedral de Notre-Dame de Marceilles durante um período de catorze anos.

A pintura de Poussin tem interesse para os investigadores de Rennes porque a paisagem representada na pintura é muito semelhante à da área que rodeia o lugar do túmulo de Arques, e a própria Rennes-le-Château avista-se à distância. Mas a paisagem, embora semelhante, não é idêntica, o que é considerado por algumas pessoas como prova de que a semelhança é uma coincidência. Mas, na nossa opinião, a paisagem representada por Poussin é suficientemente próxima do original para admitir a possibilidade de ele tentar reproduzir a área circundante de Rennes.



Mas a intriga adensa-se: sabe-se que o túmulo de Arques data apenas dos primeiros anos do século XX. Foi construído em 1903 pelo proprietário de uma fábrica local, Jean Galibert, e vendido depois a um americano chamado Lawrence. No entanto, segundo alguns rumores, este túmulo limitou-se a substituir uma versão anterior que existira no mesmo lugar, a qual, por sua vez, substituíra a que existia anteriormente. O nosso amigo John Stephenson, que vivia há muitos anos nesta área, confirmou que os habitantes locais dizem que «sempre existiu um túmulo naquele lugar».

Assim, é possível que Poussin se tivesse limitado a pintar o que vira naquele lugar. John Stephenson também nos informou de que a ligação com a pintura de Poussin era conhecida na área, há muito tempo, o que certamente contraria a ideia dos céticos de que essa associação foi uma invenção dos anos 60 ou 70. O lugar foi sempre considerado muito importante para estudiosos do ocultismo e do feminino sagrado.

Também tem sido afirmado que o mote Arcadia foi adotado por Plantard de Saint-Clair e pelo Priorado de Sião apenas no século XX, tal como a suposta ligação com a pintura de Poussin e o túmulo de Marie de Nègre. Mas a frase já fora associada à área, muito antes da época de Saunière. Em 1832, um certo Auguste de Labouïse-Rochefort escreveu um livro intitulado Voyage à Rennes-le-Bains, que incluía referências a um tesouro oculto, associado a Rennes-le-Château e a Blanchefort. Labouïse-Rochefort escreveu outro livro, Les Amants, à Èléonore (Os Amantes, para Eleonore), que incluía a frase Et in Arcádia ego na página do título.

Localmente, o túmulo é conhecido por «túmulo de Arques», o que, embora seja mais exato que «túmulo de Poussin», ainda não é exatamente verdadeiro, porque a aldeia de Arques fica a três quilômetros, para leste, na estrada principal. Embora o túmulo esteja muito mais próximo da aldeia de Serres, a palavra Arques é demasiado semelhante a Arcádia para não ser explorada.

Segundo Deloux e Brétigny, no seu livro Rennes-le-Château: capitale secrète de l’histoire de France, a placa da pedra tumular de Marie de Nègre foi, de fato, colocada na sua sepultura pelo abade Bigou, retirada de uma versão anterior do túmulo de Arques. Admitindo que sim, isto cria uma possibilidade intrigante. Poderia Poussin ter pintado simplesmente uma coisa que, ele de fato, vira comseus próprios olhos – um túmulo com as palavras Et in Arcadia ego nele inscritas?

John Stephenson relatou-nos uma lenda local espantosa, relacionada com o túmulo de Arques: que ele era ou a sepultura de Maria Madalena ou serviria, de algum modo, de marco ou indicador dela – a inscrição na pedra horizontal de Marie de Nègre tinha, de fato, uma seta que partia do centro. Mas, infelizmente, a pedra fora removida, por isso já não sabemos em que direção a seta apontava originariamente.

As provas sugerem que Saunière acreditava que o corpo de Maria Madalena se encontrava em qualquer parte; ou estava nas proximidades de Rennes-le-Château, ou a aldeia proporcionava algum gênero de indicação sobre o seu paradeiro. O que estava escondido no segundo túmulo de Marie de Nègre? A inscrição codificada que, aparentemente, se referia a uma «grande prostituta» indicava, de fato, Madalena? (Talvez o termo pudesse ser interpretado como «Grande-Sacerdotisa», associando, deste modo, o conceito de sexualidade sagrada a práticas ocultistas antigas, e não modernas).

Saunière, certamente, parecia andar em busca de alguma coisa especial e poderosa, alguma coisa preciosa que estava relacionada com a sua dileta Maria Madalena – e que podia haver mais precioso que os seus restos mortais? É evidente que isto podia ter sido apenas uma obsessão pessoal da sua parte e talvez ele imaginasse que as relíquias ainda não tinham sido encontradas. Por outro lado, como vimos, Saunière trabalhava para uma mais vasta e misteriosa organização, a qual, provavelmente, o financiava. Esta organização estaria igualmente iludida? Talvez não. A evidência sugere que o sacerdote trabalhava baseado em informação secreta acerca de um objeto real.


A Pomba Branca, simbolo de pureza e da paz, a ruiva Madalena (cabelos ruivos é o símbolo da Sacerdotisa) e o santo Graal …

A medida que a nossa investigação prosseguia, estávamos cada vez mais convencidos desta hipótese de Madalena, mas depressa descobrimos que – pelo menos, entre os investigadores britânicos deste tema – estávamos sozinhos. Assim, foi encorajador saber que investigadores franceses estavam a seguir a mesma orientação. Para eles, bem como para nós, não era inconcebível que Saunière e os seus misteriosos apoiantes andassem em busca da própria Maria Madalena.

Durante uma das nossas viagens a esta área, na Primavera de 1996, Nicole Dawe organizou um jantar para que conhecêssemos Antoine e Claire Captier, juntamente com Charles Bywaters. Antoine, neto do sineiro que encontrou os documentos que entregou a Saunière, viveu toda a vida com este mistério, assim como Claire, que é filha de Noël Corbu.

Antoine foi franco: não tinha interesse em adensar ainda mais o mistério. «Não vou dizer- lhes o que não sei», era esta a sua maneira de começar a discussão. Afirmou que considerava improvável que lhe fizéssemos alguma pergunta diferente, mas ficou surpreendido quando o interrogamos sobre a possível associação de Saunière ao culto de Madalena – porque este fora um ângulo que tinha sido ignorado até recentemente, mas o nosso interesse nele igualava estranhamente o de certos investigadores franceses.

Antoine informou-nos de que Saunière tinha investigado a lenda de Madalena, tendo, por exemplo, visitado Aix-en-Provence e a área circundante. Esta informação estava prestes a surgir na revista Cep d’Or de Pyla, publicada por André Douzet – o homem que encontrou a maquete já discutida no capítulo anterior – que reside em Narbonne. Douzet e o seu círculo são entusiásticos e competentes investigadores da história esotérica da França. Antoine disse que a próxima edição da revista «será interessante para vós… porque encontrarão alguma coisa mais profunda relativamente a Madalena».

De novo graças a Nicole, conhecemos André Douzet, que nos informou de que ele e outros, especialmente Antoine Bruzeau, tinham começado a investigar o interesse de Saunière por Madalena – mas parecia que a chave do mistério se encontrava a alguma distância de Rennes-le-Château. André não fora, inicialmente, atraído pelo mistério de Saunière, mas chegara até ele por um caminho indireto: certos lugares que o interessavam, na sua cidade natal de Lyons, tinham-no conduzido até ali.

A associação remonta a Gérard de Roussillon – que no século IX fundara a abadia de Vézelay, na Borgonha, para onde, foi afirmado mais tarde, levara o corpo de Maria Madalena. Lembramos (consultar o Capítulo III) que esta reivindicação foi ultrapassada, mais tarde, por St. Maximin da Provença, quando os monges de Vézelay não conseguiram apresentar as relíquias. Também recordemos que este acontecimento levou Charles II d’Anjou a empreender uma busca febril, convencido de que os restos mortais de Madalena ainda se encontravam em qualquer parte da Provença.

Gérard de Roussillon era conde de Barcelona, de Narbonne e da Provença – uma vasta região. A sua família também tinha propriedades na região de Le Pilat – agora, o Parque Nacional de Le Pilat -, a sul de Lyons. Eram fervorosos devotos de Madalena, e a área era um centro do seu culto. (Uma capela de Sainte-Madaleine, na região de Le Pilat, conservava as supostas relíquias de Lázaro.)

No século XIII, o conde reinante, Guillaume de Roussillon, morreu nas Cruzadas e a sua pesarosa viúva, Béatrix, retirou-se para as colinas de Le Pilat, onde fundou um mosteiro cartuxo, Sainte-Croix-en-Jarez, onde viveu o resto da sua vida. Mas, depois disso, o mosteiro parecia ter uma estranha associação com Maria Madalena.


Cristo e Madalena

Antoine Bruzeau afirma que a família possuíra as verdadeiras relíquias de Maria Madalena e que Béatrix as levara para Sainte-Croix. (Ou talvez ela tivesse simplesmente confiado à abadia o segredo da sua localização.) Ele também sugere que o verdadeiro lugar do desembarque de Madalena em França não foi a Carmargue, mas a costa do Roussillon, num lugar ainda chamado Mas de La Madaleine. De acordo com a sua teoria, ela não vivera o resto da sua vida na Provença, mas no hoje Languedoc-Roussillon - em redor da área de Rennes-le-Château.

Por alguma razão, a família Roussillon sentiu que era seu dever não só conservar as relíquias mas também mantê-las secretas. Isto é muito estranho, numa época em que as relíquias eram tão lucrativas, e sugere que eles tinham motivos diferentes da simples veneração de uma santa do Novo Testamento. Talvez fosse alguma coisa relacionada com o verdadeiro papel de Madalena na vida de Jesus Cristo.

No século XIV, um curioso mural foi acrescentado à abadia de Sainte-Croix, representando Jesus sendo crucificado em madeira viva. Mais tarde, este mural foi coberto de estuque, mas foi redescoberto em 1896 – pouco tempo antes de Saunière, pessoalmente, ter pintado o baixo-relevo do seu altar, representando Madalena a contemplar uma cruz feita de madeira ainda em crescimento.

Mais tarde, no século XVII, um dos frades de Sainte-Croix, Dom Polycarpe de La Rivière, um famoso erudito, empreendeu a recuperação do mosteiro, e talvez tenha descoberto alguma coisa. Ele estava particularmente interessado em Madalena – escreveu um livro acerca dela que, infelizmente, se perdeu, além de um outro sobre a área em redor de Aix-en-Provence, de St. Maximin e de Sainte-Baume, que o Vaticano suprimiu. De la Rivière também estava relacionado com Nicolas Poussin, e a investigação de Bruzeau sugere que ambos faziam parte de uma sociedade secreta conhecida por «Societé Angelique».

Nas colinas de Le Pilat, uma antiga estrada sobe o Mont Pilat até uma capela dedicada a Maria Madalena. A estrada começa na aldeia de Malleval, cuja igreja contém estátuas de St. António de Pádua e de St. Germain, que são idênticas às de Rennes-le-Château. O caminho passa por uma capela dedicada a St. Antônio Eremita – outro santo venerado na igreja de Saunière (e cuja festividade é em 17 de Janeiro). E na capela de Madalena existe um quadro, representando a santa na sua gruta, que é espantosamente semelhante ao de Rennes-le-Château. Bruzeau observa que, no fundo do retábulo de Saunière, há um arco com coluna: em céltico, o primeiro é Pyla; em latim, o segundo é pilla – apontando, foneticamente, para a área de Le Pilat. E os picos representados no horizonte parecem ser os da área circundante de Mont Pilat.

Sempre nos pareceu estranho que, no seu baixo-relevo, Saunière tivesse excluído o elemento mais característico da iconografia de Maria Madalena – o seu vaso de bálsamo santo ou Sainte Baume… Podia ser esta a sua maneira de dizer que as verdadeiras relíquias de Maria Madalena, afinal, não estavam em St. Maximin-le-Sainte-Baume da Provença?

Certamente, a julgar pelas faturas do aluguel de carruagem e cavalos na área de Lyons, em 1898 e 1899, parece que Saunière explorou a área de Le Pilat em busca do que restava da sua dileta Maria Madalena.

A questão primordial é saber por que razão alguém se esforçaria tanto para encontrar o que seria, essencialmente, apenas uma caixa com ossos. Porque, embora os católicos sempre tivessem a mórbida predileção por cadáveres de santos, deve-se recordar que muitos dos que, aparentemente, procuravam os restos mortais de Madalena eram ocultistas ou católicos rebeldes em relação a igreja romana. De qualquer modo, não parecem ter sido pessoas sentimentais e a época das relíquias como grande negócio já passara, há muito tempo – então, por que dedicaram tanto tempo e esforço a esta busca?


As colinas de Le Pilat, no maciço do mesmo nome.

Talvez não fosse simplesmente um esqueleto que eles procuravam: talvez julgassem que o caixão, ou túmulo, continha algum segredo, quer alguma coisa relacionada com o próprio corpo quer alguma coisa que estava com ele. Henry Lincoln, presumivelmente com ironia, sugeriu à imprensa francesa que esta «alguma coisa» podia ser a certidão de casamento de Jesus e Maria Madalena.

Falando mais seriamente, o segredo tem de ser alguma coisa semelhante a isso – uma coisa comprovativa e inequívoca que, uma vez tornada pública, causaria um enorme furor e muitos problemas para a igreja de Roma.

Dado o interesse destes grupos específicos, que temos estado a investigar, o segredo tem de ser alguma coisa herética cuja natureza se revelaria profundamente inquietante para a Igreja oficializada. Mas o que teria a possibilidade de provocar esta ameaça? Por que razão uma coisa que tem – presumivelmente – 2000 anos, deveria ter alguma relação importante com a sociedade moderna?


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Posted by Thoth3126 on 08/05/2015

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Outubro 12, 2015

chamavioleta

A Revelação Templária – 8B 

 Este é um lugar terrível 

(Rennes le Chateau)

 Templários, os Guardiões Secretos da Verdadeira Identidade de Cristo

Por Lynn Picknett e Clive Prince

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Publicado anteriormente 30/09/2015






A Revelação Templária – 8B 

 Este é um lugar terrível (Terribilis est locus iste) 

 Templários, os Guardiões Secretos da Verdadeira Identidade de Cristo


Mas, se o sacerdote não encontrou pergaminhos, talvez encontrasse algum tipo de tesouro - como muitas pessoas firmemente acreditam. Encontrou, certamente, um pequeno esconderijo de moedas e jóias antigas, na igreja, mas, como toda a área é rica em achados arqueológicos, tal descoberta dificilmente teria despertado o interesse que rodeou a história de Saunière. Muitas pessoas acreditam que ele descobriu uma verdadeira caverna de Saladino, com um suntuoso tesouro, que nem ele nem os seus simpáticos amigos conseguiram esbanjar, e que parte dele ainda ali se encontra, à espera de ser descoberto por algum investigador com iniciativa.

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 08 B – ESTE É UM LUGAR TERRÍVEL – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO VIII - B - "ESTE É UM LUGAR TERRÍVEL" 
(Terribilis est locus iste)

Foi sugerido que o complicado simbolismo da igreja, juntamente com as várias mensagens codificadas, como a das «Maçãs Azuis», se destinavam a dar pistas ao investigador com iniciativa quanto ao lugar onde se encontrava o resto do tesouro.

Embora esta noção possa ser romântica, ela é absurda. Em primeiro lugar, este cenário não consegue explicar os seus recorrentes problemas de liquidez; em segundo lugar, ele elaborava os chamados mapas de tesouro - o simbolismo da igreja -, o que não era uma atitude muito inteligente, se ele tencionava reservar a riqueza para si. Por último, se a igreja é, essencialmente, um enorme mapa do tesouro, então o simbolismo usado é extremamente bizarro e esotérico.




As duas torres de Sauniere em Rennes Le Chateau, à direita a Torre Magdala. Ben Hammott © 2008

Se ele queria reservar o dinheiro para si, dificilmente teria desenhado um mapa (embora fosse arcano) do tesouro, para consumo público, e se ele queria que apenas certas pessoas o encontrassem, então por que não as informou? E o fato de ter encontrado o tesouro dificilmente explicaria a razão por que as pessoas ricas e influentes o desejavam visitar na sua remota paróquia, na encosta da colina.

Segundo tudo indica, parece que Saunière estava sendo pago por alguém, por alguma coisa - algum serviço que implicava a sua estada em Rennes-le-Château, onde ele insistia em viver, mesmo depois de receber ordens para se afastar. As suas atividades revelam que ele procurava, definitivamente, alguma coisa: as suas escavações noturnas no cemitério, os demorados passeios pelas imediações e mesmo as viagens mais demoradas a lugares mais afastados, que duravam vários dias seguidos.

Mas era tão importante que o julgassem ainda em Rennes-le-Château que, durante as suas ausências, Marie Dénarnaud enviava regularmente cartas já preparadas em resposta à correspondência recebida, insinuando que ele estava apenas demasiado ocupado, naquele momento, para responder pessoalmente. (Após a sua morte, foram encontradas algumas destas respostas em série entre os seus papéis pessoais.)

Um novo aditamento à história de Saunière surgiu em 1995, quando o esoterista André Douzet apresentou uma maquete, ou modelo em estuque, representando uma paisagem em relevo, que Saunière supostamente lhe encomendara pouco tempo antes da sua morte. O modelo apresenta colinas e vales, atravessados pelo que parecem ser estradas ou rios. Há um único edifício quadrado na encosta de uma colina. Aparentemente, ela representa a área em redor de Jerusalém, porque são indicados lugares bíblicos, como o jardim de Getsemani e o Gólgota. Contudo, a paisagem da maquete não corresponde, de modo algum, à de Jerusalém: talvez represente, de fato, a área que circunda Rennes-le-Château. Teria Saunière planejado transformar a sua terra natal na Nova Jerusalém?




Ruínas de castelo de Coustaussa, com Rennes-le-Chateau ao fundo

É possível passar uma vida inteira a estudar as possibilidades do mistério de Rennes-le-Château: na verdade, talvez seja essa a sua função - ser uma famosa pista falsa. Porque, apesar da sua indubitável importância, ela desvia a atenção das implicações de outras pistas, igualmente sugestivas, da área circundante.

Outros sacerdotes das paróquias vizinhas estavam implicados no caso, incluindo o superior de Saunière, Félix-Arsène Billard, bispo de Carcassonne. Alegadamente, ele enviou Saunière a Paris e fingiu ignorar o seu comportamento excêntrico e escandaloso. (Foi depois da morte de Billard, em 1902, e da nomeação do seu sucessor, que foi instaurado um processo contra Saunière.) E o próprio Billard estava envolvido em algumas transações financeiras duvidosas.

O mais famoso deste grupo de sacerdotes que rodeavam Saunière é o abade Henri Boudet (1837-1915), que era pároco de Rennes-le-Château desde 1872. Um homem sensato, erudito e reservado - temperamentalmente, o verdadeiro oposto de Saunière -, também ele se entregava a estranhas atividades. Em 1886, publicou um livro bizarro, Le vraie langue celtique et le cromleck de Rennes-les-Bains (A Verdadeira Língua Celta e o Cromlech de Rennes-les-Bains), que sempre deixou os investigadores perplexos.

Aparentemente, o livro trata dois temas: uma perversa teoria de que muitas línguas antigas - céltico, hebraico, etc. - derivam do anglo-saxônico, incluindo exemplos absurdos de topônimos das imediações de Rennes-les-Bains que, segundo ele, provinham de radicais ingleses; e uma descrição de vários monumentos megalíticos da área. Boudet era um respeitado historiador e antiquário local, e as teorias que ele propunha eram tão inverossímeis que muitas pessoas concluíram que elas deviam esconder uma mensagem mais profunda e secreta - uma contrapartida literária da decoração da igreja de Saunière.



Segundo algumas sugestões, as duas completavam-se e, quando reunidas, codificavam as instruções para encontrar o «tesouro». Se é assim, ninguém chegou a uma decifração satisfatória e o livro de Boudet é tão intrigante agora como quando foi publicado. Mas as suas outras atividades também decorrem paralelas às de Saunière, porque se sabe que ele alterou inscrições das sepulturas do cemitério da sua paróquia e mudou a posição dos marcos limítrofes da área.

Algumas pessoas consideram Boudet como o mestre que inspirou a construção dos edifícios de Saunière, e têm surgido sugestões, como a de Pierre Plantard de Saint-Clair - até agora não provada -, de que Boudet era o «pagador» de Saunière. Mas Boudet é também significativo para outro protagonista importante deste complexo mistério: o próprio Pierre Plantard de Saint-Clair escreveu o prefácio de uma edição fac-similada (1978) de Le vraie langue celtique et le cromleck de Rennes-les-Bains e possui terras próximas de Rennes-les-Bains. Também se pode ver, no cemitério da velha igreja de Boudet, uma placa indicadora do talhão que Plantard de Saint-Clair reservou para si.

O outro clérigo contemporâneo de Saunière era o abade Antoine Gélis, que era pároco da aldeia de Constassa, situada defronte de Rennes-le-Château, na outra margem do rio Sals. A 1o de Novembro de 1897, o velho Gélis (então com 70 anos) foi encontrado selvaticamente assassinado, tendo morrido devido a repetidas e graves pancadas na cabeça, aparentemente desferidas por um assaltante que ele deixara entrar no presbitério e com o qual estava a conversar. Gélis era amigo de Saunière - este regista um encontro com ele e com várias pessoas, no seu diário de 29 de Setembro de 1891, apenas oito dias depois do registo relativo à «descoberta de um túmulo».

No período que antecedeu o seu assassinato, Gélis, aparentemente, vivia com medo, mantendo a porta fechada à chave e recebendo apenas a sobrinha, que lhe trazia as refeições. Recentemente, recebera uma grande soma de dinheiro - $ 14.000 francos -, que ninguém soube explicar. Escondera-o em sua casa e na igreja e encontraram-se papéis pessoais que revelaram os esconderijos. Virtualmente, no entanto, todo o dinheiro se encontrava ali depois do seu assassinato. O criminoso - que nunca foi descoberto - deixara ficar quase $ 800 francos, que se encontravam em casa. Mais estranho ainda, ele amortalhou ritualmente o corpo, cruzando-lhe os braços sobre o peito e deixando um pedaço de papel em que estavam escritas as palavras: «Viva Angelina.» Nunca se descobriu o motivo para este crime.

Há dois elementos particularmente estranhos entrelaçados no assassinato de Gélis. A sua pedra tumular, no cemitério de Constassa, fora colocada - a única de todas as sepulturas - de modo a ficar voltada para Rennes-le-Château, que é claramente visível na encosta da colina fronteira. E, embora este brutal assassinato de um idoso e frágil sacerdote chocasse a população local, a diocese parecia querer que o assunto fosse esquecido tão depressa quanto possível. Quando Gérard de Sède tentou investigá-lo, no princípio dos anos 60, não encontrou nenhum registo do crime nos arquivos diocesanos de Carcassonne. Apenas em 1975, dois advogados reconstituíram a história a partir dos registos da Polícia e do Tribunal locais.

Foi mesmo sugerido que Saunière era responsável pela morte de Gélis, mas isso é mera especulação. Parece, no entanto, que se passava alguma coisa sinistra na região que envolvia os sacerdotes locais e que ultrapassava os limites de Rennes-le-Château.

Sem dúvida que a aldeia de Rennes-le-Château é importante por si mesma, mas talvez lhe tenha sido atribuída demasiada importância porque toda a região circundante está também impregnada de mistério. A maioria dos investigadores reconhecem o fato de existirem outros lugares igualmente fascinantes e estranhos nas imediações, mas têm tendência a considerá-los como um pano de fundo para a história de Saunière. Mas, se ele fez uma descoberta, há muitos lugares onde a podia ter feito. Além das suas várias e prolongadas ausências da aldeia, por vezes durante dias ou mesmo semanas, ele também era conhecido por dar longos passeios pelas redondezas. (E as suas entusiásticas excursões de caça e pesca também podiam encobrir outras atividades.)




Em Rennes Le Chateau a essência do segredo descoberto por Sauniere é sobre o Sagrado Feminino...

Os Dossiers secrets informam apenas que Saunière estivera trabalhando para o Priorado de Sião, mas há alguma prova da influência deste na área circundante? Vimos que Pierre Plantard de Saint-Clair possui terras nas proximidades de Rennes-le-Château e que comprou ali um talhão do cemitério, mas as aparentes preocupações da organização refletem-se, de fato, na área? Dada a extraordinária cultura cruzada de sociedades secretas do Languedoc, seria extraordinário que não se refletissem.

De fato, um estudo da área próxima de Rennes-le-Château fornece indicações não só quanto ao Priorado mas também sobre uma tradição secreta, mais vasta - aquela que suspeitávamos que podia existir. Iríamos verificar que o que se podia chamar a Grande Heresia européia - a extrema veneração, mesmo o culto disfarçado de Maria Madalena e de João Batista - está aqui bem representado.

Há uma notável proliferação de igrejas dedicadas a João Batista nesta região. Muitas vezes, encontram-se em grupos - por exemplo, há três igrejas de «Jogo» na pequena área de Belvèdere-du-Razès. (Curiosamente, uma grande parte desta área denomina-se La Magdalene.)

Também é interessante que a atual igreja de «Madalena» de Rennes-le-Château fosse, outrora, apenas a capela do castelo, enquanto outra igreja embelezava a aldeia - e que era dedicada a João Batista. Esta foi destruída no século XIV, quando Rennes-le-Château foi tomada pelas tropas de um nobre espanhol, sendo demolida pedra por pedra, na convicção de que algum tesouro estivesse escondido no seu interior.

Um volte-face inexplicável ocorreu na vizinha Arques, quando a primitiva igreja de S. João Batista foi novamente dedicada a Santa Ana; fato particularmente estranho, porque ela ainda conserva uma relíquia de Batista.

Arques e Couiza - onde existe outra igreja de «João» - foram propriedade da família de Joyeuse até 1646, quando Heuriette-Catherine de Joyeuse vendeu todas as suas terras do Languedoc à monarquia francesa. Curiosamente, ela era viúva de Charles, duque de Guise, cujo preceptor fora Robert Fludd - que fora mandado vir da Inglaterra especialmente para desempenhar esse cargo.




A Montanha Bugarach é parte do mistério de Rennes-le-Château, uma aldeia situada ao lado da montanha, é uma atração turística bastante conhecida e recebe milhares de visitantes todos os anos. O Tesouro dos Templários, o Santo Graal, a tumba de Madalena, alguns dizem estar escondidos em um dos castelos cátaros que dominam a paisagem, geralmente no cimo de afloramentos rochosos espetaculares. Considerado como hereges pela Igreja Católica, os cátaros foram exterminados pela Cruzada Albigense liderada pelo Papa Inocêncio III. Quando um general perguntoucomo distinguir entre cátaros e católicos, a resposta foi ''Matem todos eles, Deus vai receber os seus''.

Outrora, em Couiza, ou em Arques, existira uma Madona Negra, conhecida por Notre- Dame de la Paix, que fora levada para Paris, em 1576, pela família de Joyeuse, onde ainda se encontra, na igreja das Irmãs do Sagrado Coração. Estranhamente, Saunière correspondia-se com a superiora desta ordem, para a qual ele era alguém verdadeiramente especial. Numa carta que a irmã Augustine-Marie, secretária da ordem, lhe enviou, datada de 5 de Fevereiro de 1903, ela pede-lhe para celebrar missas, especificamente em honra da sua Madona Negra, oferece-se para lhe vender uma estátua do Pequeno Jesus de Praga (que ainda se encontra na Vila Betânia) - e, um tanto misteriosamente, agradece-lhe «a devoção que consagra ao nosso bom rei».

Pode ser uma referência a algum pretendente ao trono francês ou a Jesus Cristo, embora, como veremos, existisse outro «rei» que era venerado por grupos heterodoxos. Contudo, há a sugestão de um significado diferente, talvez codificado, nas palavras da irmã Augustine-Marie, e a curiosa insinuação de que havia alguma coisa especial na paróquia (e nos paroquianos) de Rennes-le-Château.

A família de Joyeuse também mandou edificar a igreja de João Batista de Arques, que foi construída a partir das ruínas do antigo castelo que fora destruído pelos soldados de Simon de Monfort. De fato, a atual torre do sino e a parede principal faziam parte da igreja que foi outrora dedicada a João Batista mas que é agora dedicada a Santa Ana - embora nem o próprio presidente do município de Arques nos soubesse explicar a razão que motivara a alteração.

O seu antecessor, nos anos 30 e 40, foi Déodat Roché, um grande estudioso da história esotérica da área, que foi o inspirador de uma das mais sérias tentativas de restaurar uma igreja cátara naquela área. Um dos tios de Roché era o médico pessoal de Saunière, e outro era o seu notário.

A meio caminho entre Rennes-le-Château e Limoux, encontra-se a cidade que é a estância termal de Alet-les-Bains. Antiga sede do bispado local (antes de ser transferida para Carcassonne), Alet era, na Idade Média, um famoso centro alquímico. A família de Nostradamus era oriunda desta cidade, e é possível que o famoso visionário tivesse lá vivido durante algum tempo. A cidade tem conexões com a Ordem dos Cavaleiros Templários que remontam aos primeiros anos dos Templários - vários decretos importantes que lhes concediam terras foram assinados em Alet, em anos posteriores a 1.130 - e ainda se vêem símbolos templários gravados nas madeiras de algumas das pitorescas casas medievais; na realidade, o brasão da cidade ostenta uma cruz templária.



A importante igreja de Santo André tem uma curiosa ligação com a Ordem dos Cavaleiros Templários. O escritor e investigador Franck Marie demonstrou que o seu desenho (assim como o da Capela Rosslyn) é baseado na geometria da cruz templária, a mesma do Templo de Jerusalém construído por Salomão - contudo, a igreja foi edificada no final do século XIV, depois da extinção da Ordem dos Cavaleiros Templários. O edifício também é notável pelas janelas que ostentam o símbolo da estrela de seis pontas, a Estrela de David. Além das óbvias associações judaicas (que são, no mínimo, extremamente invulgares numa igreja medieval), o símbolo também tem conotações mágicas tradicionais - simbolizando a união dos princípios divinos masculino e feminino.

A rua principal de Alet-les-Bains é a Avenida Nicolas Pavillon, o nome do seu mais famoso bispo (cuja incumbência se manteve desde 1637 até 1677). Pavillon foi uma figura importante, que esteve envolvida em acontecimentos relacionados com o Priorado de Sião. Pavillon, juntamente com dois outros clérigos, o famoso S. Vicente de Paulo e Jean- Jacques Olier (que edificou St. Sulpice) foram as forças que inspiraram a Companhia do Santo-Sacramento, também conhecida entre os seus membros por «a cabala do Devoto».

Considerada uma organização caritativa, é agora reconhecida pelos historiadores como tendo sido uma sociedade secreta político-religiosa que manipulou proeminentes chefes políticos da época e que tinha mesmo influência sobre o monarca francês. A companhia escondeu tão bem os seus verdadeiros interesses que os historiadores ainda não estão de acordo quanto à sua verdadeira natureza - por vezes, parecem ser essencialmente católicos, mas, noutros casos, completamente heréticos. Tem sido afirmado que ela era, de fato, uma fachada para o Priorado de Sião. Como vimos, a sua sede era no Seminário de St. Sulpice, em Paris.

Um destes conspiradores, o misterioso S. Vicente de Paulo (c. 1580-1660) - que afirmava, bizarramente, ter estudado alquimia -, é venerado noutro lugar, que é considerado um dos mais enigmáticos do Languedoc. É a basílica de Notre-Dame de Marceilles, situado ao norte de Limoux, muito próximo da cidade. Uma estátua de S. Vicente ergue-se no seu recinto, para assinalar o fato de ser ele o fundador da Ordem dos Padres Lazaristas, que, desde 1876, têm sido responsáveis pela basílica. (Curiosamente, o padre lazarista de Notre-Dame de Marceilles destacava-se entre os convidados de Saunière para as cerimônias de inauguração de várias partes do seu domaine.)

Este lugar tem muitas ligações intrigantes com as «heresias» que estamos a investigar. Para começar, apesar da diferença de grafia, esta «Marceilles» (cuja origem é desconhecida) evoca Madalena através da ligação com «Marseilles». A basílica foi edificada no local de um antigo santuário pagão, centrado numa fonte, famosa pelas suas propriedades terapêuticas, especialmente para os olhos. O nome da basílica tem origem numa Madona Negra do século XI, que ainda está exposta no interior da igreja e que esta associada a muitos milagres. Talvez, com aquele antecedente, não seja surpresa descobrir que aquele lugar pertencera aos Cavaleiros Templários. Durante séculos, foi um centro de peregrinação de devotos em busca de cura.



Ao longo dos anos, por qualquer razão, sempre existiram lutas entre várias organizações religiosas pelo controle do lugar. Pertenceu, originariamente, à vizinha abadia beneditina de St. Hilaire, a qual, durante a Cruzada dos Albigenses (Cátaros), provocou comentários hostis devido à sua política de neutralidade face aos cátaros. (Toda a população de Limoux foi excomungada, na mesma ocasião, por lhes dar proteção.) No século XIII, a luta travou-se entre o arcebispo de Narbonne, a Ordem Beneditina e os Dominicanos. Mais tarde, o rei teve de intervir numa disputa pela posse do lugar entre o arcebispo, o senhor de Limoux e Guillaume de Voisins, senhor de Rennes-le-Château.

A 14 de Março de 1.344 (o centésimo aniversário da misteriosa cerimônia cátara na fortaleza de Montségur, na última noite, antes de eles se entregarem às chamas), o papa Clemente VI entregou a igreja ao colégio de Narbonne, em Paris, em cuja posse se manteve até meados do século XVII, quando passou para o controle do bispo de Alet-les-Bains. (Curiosamente, a principal fonte de receita do colégio de Narbonne provinha da igreja de Maria Madalena de Azille, no Aude.) Durante a Revolução, a igreja e as terras foram vendidas, mas a Madona Negra foi escondida por membros dum priorado da Ordem dos Penitentes Azuis, um curioso grupo que tem ligações com os maçônicos do Rito Escocês Retificado e com a família Chefdebien - que, como veremos, são protagonistas importantes deste drama. Em 1795, a Igreja foi reintegrada como lugar de culto.

Outra disputa surgiu, no entanto, durante a época de Saunière e envolveu o seu superior, Monsenhor Billard, bispo de Carcassonne. O lugar pertencia, então, a vários proprietários, mas, através de uma série de argutas - e nem sempre éticas - jogadas, o bispo usou os serviços de um banqueiro, como estando «interessado na compra», para adquirir todas as ações. Estranhamente, a venda teve lugar a 17 de Janeiro de 1893 (embora Bilard tivesse conseguido apoderar-se da Madona Negra, que estivera guardada em Limoux, durante um curto espaço de tempo). Em menos de quatro meses, o novo proprietário vendera a terra ao bispado e Bilard detinha o desejado controle total sobre o local.

Em 1912, o papa Pio X decretou que a igreja fosse elevada à categoria de basílica, uma honra rara e completamente inexplicável para um lugar relativamente modesto. A categoria de basílica, geralmente, é apenas atribuída a igrejas de significado especial - como é o caso da Igreja de St. Maximin, na Provença, que contém as (alegadas) relíquias de Maria Madalena.

A área circundante de Notre-Dame de Marceilles é também notável por ter sido, até muito recentemente, um lugar de particular interesse para os ciganos, que costumavam ter um acampamento no terreno entre a igreja e o rio Aude, que corre a alguns metros para ocidente.

A basílica Notre-Dame de Marceilles é especialmente mencionada no enigmático livro do abade Boudes Le vraie Langue Celtique et le Cromleck de Rennes-les-Bains, e foi essa referência que trouxe o falecido investigador belga Jos Bertaulet a este lugar. Ele fez uma interessante descoberta: nas antigas terras da igreja, agora em mãos privadas, nas margens do rio Aude, existe uma cripta subterrânea. Esta cripta é formada por duas grandes câmaras que datam do fim do período romano ou do princípio do período do reino visigótico (século III-IV).




A Basílica de Nossa Senhora de Marceille igreja de estilo Gothico ( séculos XIV e XV ) dedicado a Maria (ao Feminino Sagrado), localizado na cidade de Limoux. Sua Madonna Negra atraiu uma peregrinação que foi muito popular localmente. Existe uma fonte milagrosa, supostamente para curar a dor nos olhos, que esta associada a ela.

A cripta com cerca de seis metros de altura, a primeira destas câmaras tem uma abertura de ventilação no teto abobadado, mas a única entrada é um túnel estreito, com a altura de um metro, aparentemente construído depois e que estava oculto numa pequena casa, agora em ruínas (que parece ter sido construída expressamente para esse fim). Desconhece-se a função da cripta. Tem-se especulado que ela servia de câmara funerária - apesar de estar agora vazia - ou de lugar de iniciação para alguma escola de mistério.

Qualquer que fosse a sua função, há algumas provas de que ela foi utilizada até à primeira parte do século XX, embora a sua existência fosse tão secreta que - como iríamos descobrir em circunstâncias traumáticas - nem os sacerdotes da basílica conheciam a sua existência. Talvez fosse desta curiosa câmara subterrânea que Billard estava tão interessado em se apoderar.

Durante uma viagem de investigação a França, no Verão de 1995, Clive Prince visitou a área acompanhado por seu irmão Keith. Tínhamos sido informados sobre a cripta, incluindo as instruções para a encontrar - o que se mostrou precioso, porque a entrada estava coberta por um enorme matagal de ervas daninhas -, pelo investigador belga Filipe Coppens. Jos Bertaulet tinha tapado, parcialmente, a abertura do teto com placas de pedra para evitar acidentes. Havia, iríamos descobrir por experiência própria, uma queda abrupta de seis metros de altura.

Keith, tendo entrado na primeira câmara, descendo por uma corda (quaisquer escadas de madeira que outrora houvesse tinham apodrecido há muito tempo), tropeçou nos pedaços de pedras que cobriam o chão e caiu pesadamente. Caiu no escuro, entre os detritos acumulados pelo tempo; a princípio, pareceu que tinha quebrado uma perna, depois descobriu-se que tinha torcido apenas um ligamento: não podia levantar-se e muito menos trepar pela corda e sair da cripta.

Clive não teve outra opção senão chamar os serviços de emergência para socorre-los (que chegaram em tão grande número, que parecia que o acidente de Keith era a coisa mais excitante que acontecia em Limoux desde há muito tempo). Depois de quatro horas, uma equipe de socorro içou-o para fora do subterrâneo, finalmente, através da abertura do teto e transportou-o para o hospital de Carcassonne. (Este episódio revelou uma coisa: quando Clive foi pedir auxílio à basílica, os funcionários que lá se encontravam desconheciam a existência da cripta.)




A Basílica de Nossa Senhora de Marceille: é uma basílica estilo gótica do Languedoc cuja data de construção é a partir do século XIV. Ela está localizada a poucos quilômetros de Limoux. Você tem que subir uma pequena estrada para descobri-la no topo de uma colina, escondida na vegetação. Foi construída no local de um antigo culto (megalítico) pagão ao feminino sagrado, possui uma fonte de águas milagrosas.

Infelizmente, devido a este incidente, foi impossível continuar a investigação das câmaras subterrâneas. Talvez uma consequência mais grave fosse a ameaça das autoridades de mandar fechar as câmaras, para evitar futuros acidentes. Foi um alívio descobrir que isso, de fato, não acontecera, embora as entradas tivessem sido fechadas, quando lá voltamos com Charles Bywaters, na Primavera de 1996. Nesta ocasião, embora não fizéssemos nenhuma tentativa para explorar as câmaras principais, investigamos o túnel que lhes dava acesso - e fizemos uma descoberta muito importante.

O túnel parecia partir de uma parede vazia, mas, seguindo uma sugestão de Filip Coppens, examinamos a parede e verificamos que, outrora, ela fora uma porta. Fora deliberadamente selada - aparentemente, há relativamente pouco tempo - e as barras de ferro, que estão inseridas na pedra, podem ter servido de puxadores da porta. A julgar pela manifesta ignorância das autoridades locais quanto à existência da cripta, não podiam ter sido elas a mandar selar esta porta. Então, quem mandou - e, em todo o caso, porquê mandar fechar, deste modo, apenas uma das câmaras?

Pelo estado das barras de ferro, calculamos que a entrada da porta fora tapada aproximadamente há cem anos, quando Billard detinha o controle único da propriedade. Escondeu ele alguma coisa atrás daquela porta fechada com tijolos? Talvez escondesse, mas os seus atos revelavam um desespero virtual em se apoderar daquele determinado lugar, o que sugere que ele não andava a esconder, mas a procurar alguma coisa. E, fosse o que fosse que ele procurasse, ainda devia haver, no mínimo, algumas pistas quanto à sua natureza naquele lugar úmido e secreto, porque ele se esforçou para o selar.

Pouco tempo antes de morrer, vítima de cancer, em 1995, José Bertaulet afirmou ter descodificado a estranha obra de Boudet Le vraie langue celtique et le cromleck de Rennes- les-Bains e concluiu que ela referia que um relicário, contendo a cabeça de um «rei sagrado», estava escondido naquela cripta subterrânea. E acrescentou que Boudes associara esta câmara às lendas do Santo Graal. Como vimos, o tema dos reis sagrados decapitados atravessa estas histórias (e Saunière recebera agradecimentos pela devoção que consagrara ao «nosso bom rei», enviados pelas Irmãs do Sagrado Coração de Paris). E, curiosamente, Notre-Dame de Marceilles foi, outrora, propriedade dos Cavaleiros Templários.

Futuras investigações dependem da passagem pela porta selada, e parece improvável - no momento em que escrevemos - que a autorização para essa passagem seja concedida. Mas muitos temas que são centrais para esta investigação parecem reunir-se neste lugar: veneração ao feminino divino, Madonas Negras, os Cavaleiros Templários, Madalena e as lendas do Graal. E a história de uma cabeça decepada numa área tão repleta de igrejas, que lhe são dedicadas, seguramente evoca a figura de João Batista. É evidente que a região, em geral, e o lugar de Notre-Dame de Marceilles, em particular, ainda guarda um segredo profundo.



É difícil compreender a maneira como Saunière se integra neste quadro, mas também parece que ele tinha de fazer parte dele. É muito provável que ele encontrasse alguma coisa de grande importância, mas é impossível saber, com alguma certeza, o que foi encontrado. Contudo, a nossa investigação conseguiu várias pistas significativas a partir do gênero de pessoas com quem convivia e dos contatos que deliberadamente estabelecia.

De fato, as provas que laboriosamente reconstituímos, relativas às verdadeiras filiações de Saunière, mudam radical e definitivamente a clássica imagem do modesto sacerdote rural que se depara com um tesouro. Qualquer coisa em que estivesse, de fato, envolvido, a sua importância ultrapassa muito os limites da curiosa aldeia de Rennes-le-Château.
Links partes anteriores:
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  7. http://thoth3126.com.br/a-revelacao-templaria-4a-a-patria-da-heresia/
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Outubro 12, 2015

chamavioleta

História dos Cavaleiros Templários e o Principado de Seborga.

 Bernardo de Clairvaux entrou na ordem no início do ano de 1.112 com 30 companheiros e ajudou na sua rápida proliferação.

Por Thoth3126@gmail.com

 Publicado anteriormente a08/10/2014


O local onde Bernardo de Clairvaux (São Bernardo) teria guardado “um grande segredo” compartilhado com o movimento gnóstico dos Cátaros da região do Languedoc no sudoeste da França.

Também se alega que Bernardo de Clairvaux (São Bernardo) fundou em segredo um mosteiro cisterciense em Seborga em 1.113 para proteger esse ‘grande segredo’, que foi compartilhado com o Bispo dos Cátaros que fez um voto de silêncio para salvaguarda-lo.

Por Thoth3126@gmail.com

O termo de Cister (do francês Cistercien ), deriva de Cistercium, o nome latino para a aldeia de Cister, perto de Dijon , no leste da França. Foi nesta aldeia que um grupo de monges beneditinos do mosteiro de Molesme fundou a Cister Abbey (Abadia de Cister) em 1098, com o objetivo de seguir mais de perto a Regra de São Bento.



O mais conhecido desses monges era Robert de Molesme, com Alberico de Cister e o monge Inglês  Stephen Harding, que foram os primeiros três abades da ordem.

Bernardo de Clairvaux entrou na ordem no início do ano de 1.112 com 30 companheiros e ajudou na sua rápida proliferação. Em 1.115 Stephen Harding envia-o ainda jovem à frente de um grupo de monges para fundar uma nova casa, a Abadia de Clairvaux  no vale de Langres, em Ville-sous-la-Ferté. A fundação é chamada “Vale Claro”, ou Clairvaux – Claraval (Clara Valis em latim). Bernardo é nomeado o abade desta nova abadia cisterciense.


Interior de uma das poucas partes originais da Clairvaux Abbey, cujo prédio principal esta em ruínas e seu local é usado como uma prisão atualmente, Clairvaux Prision.

Nascido em 1.090 numa grande família nobre no Ducado da Borgonha, no castelo de Fontaine-lès-Dijon, Bernardo foi o terceiro de sete filhos de Tescelin o Vermelho (Tescelin Sorrel) e de Aleth de Montbard.

Um pequeno tesouro de paz, perto da antiga Abadia de Claraval …



Perto da antiga abadia de Clairvaux, um pequeno vale atravessa a grande floresta. Hoje, o Vale tem o nome de São Bernardo, mas inicialmente se chamava de Val d’Absinthe (Vale do Absinto).  O Vale foi declarado como Patrimônio Mundial (1928) com a fonte de São Bernardo  num percurso de dois quilômetros. Ele apela para a calma e o descanso: as águas claras da pequena fonte da Abadia de Claraval, através de uma bacia e de um canal para se juntar ao fluxo da Fonte de St. Bernard.



A fonte de São Bernardo

Um bosque de abetos muito velhos fornecem sombra e frescor. Diz a lenda que foi neste local específico que Bernardo de Claraval fundou o mosteiro de Clairvaux  em 1114,  antes de se mudar para seu local atual. Muitas trilhas demarcadas permitem o acesso ao local.

A influência de Bernardo na ordem cisterciense foi além do convencional e é de primordial importância. Ele reafirmou a importância da estrita observância da Regra de São Bento. Até o final do século XII, a ordem havia se espalhado por toda a França, Inglaterra, País de Gales, Escócia, Irlanda, Espanha, Portugal, Itália e Europa Oriental.

Também se alega que Bernardo de Clairvaux (São Bernardo) fundou em segredo um mosteiro cisterciense em Seborga em 1.113 para proteger  um ‘grande segredo. Este mosteiro ficou sob a direção de seu abade, Edouard, continha dois monges que haviam se juntado a ordem cisterciense com São Bernardo, dois cavaleiros que tomaram os nomes de Gondemar e Godofredo de Rosal de sua anterior atividade como monges da Ordem de Cister, da Abadia original de Cister.

Existia um arquivo secreto dos Templários, no Principado de Seborga  ( http://www.seborga.net/) no norte da Itália, que foi recentemente descoberto que continha documentos importantes referentes à antiga história dos Cavaleiros Templários (e da Europa) que exigem um estudo mais aprofundado, mas que vem sendo mantido em sigilo até a presente data.



Localização do Principado de Seborga.

O Antigo Principado de Seborga e a área costeira de Bordighera – a “Capital das Palmeiras” da Riviera  – pode ser facilmente alcançado a partir de qualquer lugar do mundo. Você se conecta chegando pela cidade de Nice – Cote d’Azur International Airport, na Cote d’Azur (Costa Azul) francesa e depois segue por terra para chegar à Seborga.

O principado de Seborga, onde em 1.117 os primeiros oito cavaleiros templários foram ordenados e foi o primeiro e único Estado soberano cisterciense na história. A região está situada na borda de um parque protegido com vistas panorâmicas da linha de costa da Riviera francesa, até as colinas de Saint Tropez. Visitá-lo é uma  autêntica experiência de vida do país  italiano, enquanto que nas suas proximidades estão cidades vibrantes, como San Remo, Bordighera, Menton, Monte Carlo (Principado de Mônaco) e Nice (Cote d”Azur-Costa Azul da França).


A História do Principado de Seborga
O antigo nome de “Castrum Sepulcri” mais tarde alterado para “Sepulcri Bugrum”, depois em “Serporca” e finalmente, o nome contemporâneo de Seborga. Seborga era um antigo feudo dos condes de Ventimiglia. Em 954 o Conde Guido concedeu o castelo, a Igreja de Saint Michael em Ventimiglia e grande parte das terras para os monges Beneditinos de Lérins quando o seu monastério foi fundado.  O nascimento da Ordem Cisterciense remonta ao redor do final do século X (1.098).



Em 955 a Ordem Soberana de Castrum Sepulcri nasceu.  Em 1.079 Seborga se tornou um principado do Sacro Império Romano. Em 1.115, a Ordem Soberana de Castrum Sepulcri – que era muito semelhante com a Ordem de São João de Jerusalém (Hospitalários), a comunidade monástica que administrava o hospital para os peregrinos na Terra Santa – tornou-se independente, sob a orientação de Georges o Bendito .

Em 1.118 o príncipe/Abade Edward ordenou  os primeiros oito cavaleiros templários e o Principado de Seborga se tornou o primeiro e único Estado soberano cisterciense na história. Em 1.127, os oito cavaleiros templários voltaram de Jerusalém para Castrum Sepulcri (Seborga). São Bernardo estava esperando por eles e ordenou o cavaleiro Hugues de Payns como o primeiro Grande Mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários. Em 1.128 as Regras da Ordem Templária foram sancionadas pela Igreja de Roma durante o Concílio de Troyes, cujos estatutos foram delineados por ele mesmo.

Em 1.129, Os cavaleiros e os escudeiros da Ordem Soberana de Castrum Sepulcri, em companhia de vários Sarracenos (comerciantes muçulmanos de origem nobre) estabeleceram as bases da Ordem Soberana de Castrum Sepulcri. Este grupo de cavaleiros e escudeiros era de menos de uma centena, a organização era pobre, mas a fé foi fundamental. Eles se juntaram aos Cavaleiros Templários em seu caminho para o Reino de Jerusalém.


Vista atual de Seborga

Em 1.187, após a Batalha de Hattin em 4 de julho, entre os muçulmanos e os cruzados, quando Saladino derrotou Guy de Lusignan e tomou o Reino Cruzado europeu de Jerusalém, os Cavaleiros de Castrum Sepulcri foram feitos prisioneiros, mas não foram executadas graças às suas excelentes relações com os seus nobres companheiros muçulmanos que os acompanhram até o Levante. A maior parte dos Cavaleiros de Castrum Sepulcri, foram libertados da prisão e partiram para casa.

O Principato di Seborga permaneceu um Estado cisterciense até 20 de janeiro de 1729, quando foi vendido para o nobre Vittorio Amedeo II, de Sabóia, Príncipe de Piemonte e rei da Sardenha. Mais tarde, em 1748, (o Tratado de Aquisgrana) o Principado de Seborga não foi integrado na República de Gênova, nem foi mencionado no Congresso de Viena de 1815, como parte do Reino da Sardenha, e também não há nenhuma menção do Principado de Seborga na Lei de Unificação da Itália em 1861. E por último, mas não menos importante, o Principado de Seborga nunca foi considerado parte da República Italiana, formada em 1946.

Mas parece que essa mudança nunca foi registrado com o reino da Sardenha nem com a Casa de Sabóia. Em 1946, após a unificação da Itália, a Ordem Soberana do Antico  Principato di Seborga, de Castrum Sepulcri reconheceu a «de facto e de jure» soberania da República Italiana sobre a atual aldeia de Seborga.

Um sinal de LUZ do Monge Bernardo de Clairvaux.

Bernardo de Clairvaux, de compleição magra, não era alto, de saúde frágil, pálido, com cabelos crespos, mas ainda mais forte e teimoso chegou em Seborga em fevereiro de 1.117, para se juntar a Gondemar e Rossal a quem ele tinha enviado para Seborga em junho de 1.113, a fim de proteger o Grande Segredo.

O príncipe regente da abadia na época era o Abade Edward, que nasceu perto da cidade de Toulon, um homem alto com um coração bondoso. Em setembro de 1.118, ele ordenou os oito primeiros Cavaleiros Templários  que formou a depois famosa “Pobre Milícia de Cristo.” Eles eram os Abades Gondemar e Rossal, André de Montbar Conde Hugues I de Champagne, Hugues de Payns, Payen de Mont Didier, Geoffroy de Saint-Omer , Archambaud de Saint Amand e Geoffroy Bisol.

Todos deixaram Seborga em novembro de 1.118, os oito chegaram em Jerusalém, na manhã do dia 14 de maio de 1.119, Hugues de Champagne se juntou a eles seis anos mais tarde, no mesmo dia, e no mesmo horário.



Acima os pormenores do mapa geográfico desenhado pelos genoveses Panfilo Vinzoni datado de março de 1752 para a Diocese de Ventimiglia (onde o documento atualmente é mantido). As fronteiras do Principado de SEBORGA com a estrada do mar até a ponte de Lisia são claramente visíveis. O Principado de SEBORGA situa-se à noroeste entre os bens do Reino da Sardenha e os genoveses República sudeste. Clique na imagem para uma versão ampliada.



São Bernardo de Clairvaux

Em 1.127, nove anos mais tarde, os nove Cavaleiros Templários de Jerusalém se dirigiram para Seborga no primeiro domingo do Advento de 1127. São Bernardo estava esperando por eles, juntamente com Frei Gérard de Martigues, que em 1.112 formara a ordem dos Cavaleiros de Malta.

Em Seborga, na presença de toda a população de 23 cavaleiros e mais de 100 milicianos,  Bernardo de Clairvaux ordenou Hugues de Payns para ser o primeiro Grande Mestre dos Cavaleiros Templários. A consagração com a espada foi feita pelo príncipe e Abade Edward.

Nesse mesmo momento, um voto de silêncio foi feito entre Bernardo de Clairvaux e o Bispo dos Cátaros para salvaguardar “o grande segredo.” Entre os Cavaleiros  Templários quinze também eram Príncipes do Principado Cisterciense de Seborga, um deles, Guillaume de Chartres morreu em Seborga como resultado de seu ferimento em batalha na Terra Santa.



Em 1611 o último voto  de silêncio conhecido ocorreu na presença do pai de Cesário da San Paolo, que também se tornou o Grande Mestre, e como uma lembrança deste dia e data, em cada telhado do Principado foram colocados 13 telhas com a incisão do número 13, a data de 1611 , as iniciais de C.S., e a cruz templária.

Mapa a partir de meados de 1600, mostrando a área imediatamente ao redor de Seborga,  clique aqui. Para uma grande versão desse mapa, clique aquiMapa de 1759 mostrando a área imediatamente ao redor de Seborga, clique aqui. Para uma grande versão do mapa, clique aqui.
http://www.seborga.net/



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Posted by Thoth3126 on 08/10/2014



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Outubro 06, 2015

chamavioleta


Revelação Templária – 9A 

 Um Curioso Tesouro 

(Rennes-le-Chateau)

 Lynn Picknett e Clive Prince

Publicado anteriormente a 05/05/2015

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

 

CAPÍTULO IX – UM CURIOSO TESOURO


Os céticos afirmam que não existe nenhum mistério em Rennes-le-Château. Para eles, Saunière ganhou dinheiro apenas com o tráfico de missas – ou, talvez, com outros negócios duvidosos – e a história do tesouro foi cinicamente inventada como atração turística. Quanto à importância que os Dossiers Secrets do Priorado de Sião atribuem à aldeia e ao seu mito, isso, dizem eles, é simplesmente o Priorado revestindo-se de um ar de mistério. Além disso, a história, tal como a conhecemos, remonta apenas a 1956, quando Noël Corbu abordou um assunto que se destinava a entreter os hóspedes da Vila Betânia, que ele transformara num hotel-restaurante …

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 09A – UM CURIOSO TESOURO – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO IX – UM CURIOSO TESOURO – 9A


… Contudo, a investigação mostra que existe um mistério: na verdade, a aldeia era claramente um centro de interesse para os investigadores esotéricos antes dessa data. Por exemplo, em 1969, alguém foi lá especificamente para procurar o imaginário tesouro dos cátaros, que ele acreditava ter sido levado da fortaleza de Montsegur para Rennes-le-Château. Talvez isto também explique a presença, que, de outro modo seria estranha, de oficiais alemães nazistas na Vila Betânia, onde ficaram alojados, durante a segunda guerra mundial.

Como muitas pessoas já sabem, os nazistas tinham uma obsessão por artefatos ocultistas, alquímicos, esotéricos e religiosos e passaram muitos meses, durante a guerra, a fazer escavações em Montségur e na região de Rennes-le-Château. Diz-se que eles procuravam o Santo Graal: certamente, Otto Rahn, o arqueólogo nazista, concentrara os seus esforços para o encontrar naquela área, nos anos 30.


A pequena e misteriosa vila de Rennes-le-Chateau

Noël Corbu é um protagonista importante na história de Rennes-le-Château. O seu papel ultrapassa o de um hoteleiro local e de contador de histórias fantásticas – como se pode deduzir da sua participação na publicação dos famosos pergaminhos codificados. Como vimos, estes surgiram, pela primeira vez, num livro de Gérard de Sède publicado em 1967, mas, mais tarde, um colega de Pierre Plantard de Saint-Clair e membro do Priorado de Sião, Philippe de Chérisey, confessou tê-los forjado.

No seu mais recente livro sobre o caso de Rennes-le-Château, em 1988, Gérard de Sède declara que publicou os textos de boa-fé, tendo-lhe estes sido entregues por alguém relacionado com Rennes-le-Château que afirmava serem cópias que Saunière entregara ao presidente do município da aldeia antes de levar os originais para Paris. Mas De Sède tem o cuidado de evitar nomear este «alguém».

No entanto, a sua identidade é revelada na obra de Jean Robin: era Noël Corbu. Isto é importante porque se De Chérisey forjou os pergaminhos, então Corbu apenas podia obtê- los através do contato com o Priorado de Sião.

Quanto mais se investigam as circunstâncias em que Corbu veio a adquirir o domaine de Saunière mais intrigantes elas se tornam. Segundo a história usual, Corbu encontrava-se casualmente na aldeia, durante a segunda guerra mundial, tornou-se amigo da idosa Marie Dénarnaud e concluiu que a vila daria uma boa residência. Mas a verdadeira história parece ser que ele já estava interessado na história de Saunière desde há algum tempo, e, no princípio dos anos 40, fez o possível para estabelecer relações de amizade com Marie para obter mais informações.

A intriga adensa-se: a igreja romana, por qualquer razão, também sempre estivera muito interessada em se apoderar da antiga propriedade de Saunière, mas estava igualmente ansiosa por adquiri-la discretamente. De fato, fez várias tentativas para convencer Marie a vendê-la, mas ela se recusava. Parece que, por intermédio de um sacerdote, chamado abade Gau, a Igreja convenceu Corbu a atuar em seu nome, tendo acordado, presumivelmente, que, quando Marie lhe vendesse a propriedade, ele lha transferisse. Alguma coisa parece ter corrido mal: talvez Corbu renegasse o acordo feito com a igreja romana.



Mais tarde, ele solicitou diretamente uma concessão do Vaticano, que foi obviamente considerada de invulgar importância, porque o Vaticano enviou o embaixador papal, em pessoa, para Carcassonne para obter da diocese as informações necessárias. E este embaixador não era outro senão o cardeal Roncali – futuro papa João XXIII (que, segundo The Holy Blood and The Holy Grail (no Brasil, “O Santo Graal e a Linhagem Sagrada“), poderia ter sido um homem membro do Priorado de Sião). A diocese, aparentemente, deu um parecer negativo e recomendou que a concessão fosse recusada. Mas, estranhamente, o Vaticano concedeu-lha.

É evidente que a relação com Corbu é muito importante para a compreensão da história de Rennes-le-Château: o mistério não terminou com a morte de Saunière. E, como Corbu viveu com Marie durante sete anos, estava em boa posição para descobrir o segredo. Qualquer que ele fosse, Corbu não o inventou. (Curiosamente, tem-se afirmado que Corbu, com Pierre Plantard de Saint-Clair, foi inspirador do aparecimento do Priorado aos olhos do público, nos anos 60, mas estes rumores nunca foram confirmados.)

Vimos, no capítulo anterior, que Saunière foi apenas um indivíduo implicado num mistério muito vasto da área onde se situa a aldeia de Rennes-le-Château – em acontecimentos que envolviam grandes somas de dinheiro e que levaram algumas pessoas a recorrer ao assassínio.

Sem dúvida que o mistério também envolvia grupos de Paris, com os quais Saunière estava em contato. Mas é interessante que muitas das figuras principais dos círculos que rodeavam Emma Calvé fossem – como a própria Emma – de origem languedoquiana. Foi referido que não era, de fato, necessário que Saunière se tivesse deslocado a Paris para conhecer a maioria dessas pessoas, porque elas visitavam com frequência Toulouse, o «berço do seu círculo». A pista conduz-nos, de novo, a pessoas e grupos cujos nomes já são familiares desta investigação.

Estas relações são excepcionalmente relevantes: não só lançam alguma luz, muito necessária, sobre o próprio Saunière mas também revelam que a história de Rennes-le- Château faz parte, de fato, desta investigação. Seguir o rasto do sacerdote até à complicada «árvore genealógica» dos grupos ocultistas, que já discutimos, iria oferecer-nos conhecimentos e revelações completamente inesperados sobre a verdadeira natureza do mais divulgado mistério do Languedoc, o qual, que saibamos, nunca foi publicado na Inglaterra.

Estranhamente, considerando todo o tempo e trabalho que foram investidos para tentar esclarecer o mistério, algumas das respostas saltam literalmente aos olhos do investigador. Indicações sobre a filiação particular de Saunière encontram-se na própria igreja de Rennes-le-Château. Apesar de os céticos terem sugerido que toda a decoração aparatosa e peculiar podia ser atribuída ao mau gosto ou a uma aberração mental de Saunière, outra investigação mostra que há mais, muito mais, e não menos, mistérios naquele «terrível» lugar.

Suspeitávamos de que a igreja e os seus arredores imediatos tinham sido planejados e projetados segundo um plano arcano (ocultista) muito específico. Os seus motivos dominantes parecem ter sido a inversão, imagens invertidas e o equilíbrio dos opostos: por exemplo, a contrapartida da Torre de Magdala é a estufa, na outra extremidade dos baluartes. Enquanto a primeira é construída de pedra sólida e tem vinte e dois degraus, que conduzem ao topo do torreão, a segunda é de material insubstancial e os seus vinte e dois degraus conduzem a uma sala situada em baixo. E a disposição do jardim e o calvário, no exterior da igreja, configuram um padrão geométrico preconcebido – e, presumivelmente, significativo.

Estas nossas observações foram confirmadas por Alain Féral, um famoso artista que vive na aldeia – e que era protegido de Jean Cocteau. Féral, que vive na aldeia desde o princípio dos anos 80, fez as mais pormenorizadas medições dos planos da igreja e dos edifícios circundantes e concluiu que eles revelam temas recorrentes. (Pode não ter sido, evidentemente, o próprio Saunière o responsável por isso – pode ter sido Henri Boudet ou o arquitecto que ele encarregou de fazer a obra ou mesmo os superiores de qualquer grupo com que Saunière podia estar envolvido.)


A localização de Rennes-Le-Chateau, na região do Languedoc-Roussillon, na França.

Reforçando a nossa ideia do tema das imagens refletidas, Féral refere que o pilar visigodo (que, anteriormente, sustentava o altar) ostenta uma cruz esculpida, que Saunière colocou ao contrário, no exterior da igreja. Também cita o significado do número vinte e dois: além das escadas da torre e da estufa, o número aparece em toda a parte do domaine. Dois lances de escadas conduzem do jardim ao terraço, cada um deles com onze degraus. As duas inscrições da igreja que mais atraíram a atenção – “Terribilis est locus iste”, acima do pórtico, e “Par ce signe tu le vaincras”, acima da pia da água-benta – são ambas formadas por vinte e duas letras. (A frase latina, que é mais usualmente transcrita como Terribilis est locus iste, e o le que é estranho à frase francesa parecem ter sido imaginadas para dar a cada uma delas vinte e duas letras. ) Há uma boa razão para a importância de onze e do vinte e dois: estes números são ambos «números básicos (mestres)» do ocultismo. Têm particular significado nos estudos cabalísticos.

Assim, há um curioso padrão heterodoxo criado por quatro objetos, dois no interior e dois no exterior da igreja: o confessionário, que está diretamente voltado para o altar; o próprio altar; a estátua de Notre-Dame de Lourdes (com a inscrição de «Penitência! Penitência!»), no exterior da igreja, sobre o pilar visigodo invertido, e o «calvário» do pequeno jardim, que o próprio Saunière construiu com todo o esmero. Estes quatro elementos não só formam um quadrado perfeito como também transmitem uma mensagem simbólica.

O confessionário e a inscrição «penitência» referem-se ambos a arrependimento e defrontam, respectivamente, o altar e o calvário, ambos simbólicos de salvação da Alma. Assim, cada grupo de pares parece simbolizar uma jornada, caminho ou iniciação espiritual – do arrependimento ao perdão e daí à salvação. Isto foi tão cuidadosamente concebido que devia ter transmitido alguma mensagem especial e oculta. Saunière está tentando dizer que o perdão e a salvação também se encontram fora da Igreja? E há aqui mais alguma indicação, alguma coisa relacionada com figuras que representem arrependimento e penitência – João Batista e Maria Madalena?

A frase «Penitência! Penitência!» foi a que, supostamente, a Virgem Maria proferiu durante as aparições de La Salette. Dos dois jovens visionários, um era uma pastora, Melanie Calvet, que era parente de Emma Calvé. (Emma alterou a grafia do seu nome quando se tornou cantora de ópera.) Durante algum tempo, a visão de La Salette ameaçou rivalizar com a de Lourdes, mas a Igreja Católica concluiu que ela era apenas uma mistificação. A visão de La Salette, no entanto, foi defendida pelo movimento joanino/Naündorff/Vintras (consultar o Capítulo 7). Saunière também escreveu em defesa das visões de La Salette.

Como vimos, é pouco provável que as célebres decorações da igreja sejam sinais indicadores da localização de algum grande tesouro. Se Saunière tivesse encontrado alguma coisa que o tornasse muito rico, dificilmente iria decorar a sua igreja com instruções codificadas que conduzissem ao lugar onde ela se encontrava. É mais provável que as decorações tentem esconder alguma coisa ou, no mínimo, fazer uma comunicação que seria óbvia apenas para um iniciado.

A melhor analogia – e, nas circunstâncias, a mais apropriada – é com um espaço de uma loja maçônica. Para um não-iniciado, os vários símbolos empreguados nesses templos – os compassos, os esquadros e outras insígnias – não podem ser «decodificados» para revelar qualquer quadro coerente das intenções dos maçônicos. É preciso conhecer a filosofia, a história e os segredos subjacentes que eles simbolizam, para compreender a sua real função ali.


Uma das duas inscrições da igreja que mais atraíram a atenção – “Terribilis est locus iste”, esta gravada acima do pórtico de entrada da igreja.

Muitos observadores identificam símbolos de várias sociedades secretas e ocultistas – os rosacruzes, os Cavaleiros Templários e os maçônicos – na decoração da igreja. As rosas e as cruzes do tímpano referem-se claramente aos rosacruzes. Uma das anomalias das Estações da Via Sacra, que é citada com maior frequência, é a da Oitava Estação, em que Jesus (carregando a cruz sem esforço) encontra uma mulher que usa o que parece ser um véu de viúva e que tem o braço em volta de um rapazinho envolto no que parece ser um manto axadrezado.

Isto é tomado como uma referência aos maçônicos, que se auto-intitulam os «Filhos da Viúva». (E talvez haja algum significado no fato de a Oitava Casa astrológica reger os mistérios do sexo, da morte e da reencarnação – e do oculto.) O pavimento da igreja, os quadrados brancos e pretos, e o teto azul, com as suas estrelas douradas acima do altar, evocam as decorações habituais de uma loja maçônica.

Em nossa opinião, um dos elementos mais importantes de toda a igreja é o primeiro com que o visitante depara ao entrar nela. O demônio, recentemente vandalizado, foi sempre designado por «Asmodeus», aquele que tradicionalmente guarda tesouros escondidos – embora não haja nada nesta estátua que a associe explicitamente ao demônio daquele nome.

Discutimos esta questão com Robert Howells, que, como gerente de uma das mais famosas livrarias ocultistas de Londres, tem um conhecimento extraordinariamente vasto do simbolismo esotérico e cujas investigações sobre o mistério de Rennes-le-Château são doutas, sensatas e de grande importância. Referiu a existência de uma antiga lenda judaica acerca da construção do Templo de Salomão em Jerusalém, segundo a qual o rei impediu vários demônios de interferir na obra, de várias maneiras diferentes – um deles, Asmodeus, foi «submetido» obrigando-o a transportar água, o único elemento que podia ser usado para o controlar.

É significativo que estas lendas tivessem sido incorporadas no saber maçônico, e não é coincidência encontrar este quadro na igreja de Saunière, onde Asmodeus está a ser controlado, carregando água, sob as palavras «Por este sinal tu o vencerás». E as decorações da pia da água-benta – anjos, salamandras, pia da água e demônio – representam os quatro elementos clássicos em alquimia e ocultismo, saber, do ar, fogo, água e da terra, que são essenciais em qualquer obra ocultista.

Se o elo de ligação com Asmodeus está correto, então é muito curioso, porque o quadro do demônio e o de Jesus estão claramente destinados a ser considerados em conjunto. Como o demônio está sendo subjugado pela água, está acontecendo a mesma coisa quando João derrama água sobre Jesus durante o batismo do mesmo? Há também uma peculiar inversão da ordem habitual das duas letras gregas alfa e ômega, a primeira e a última, que são associadas a Deus e Jesus. Seria de esperar que alfa estivesse representado sob João – o alegado precursor – e ômega sob Jesus, a culminação. Mas, aqui, verifica-se o inverso.



A prevalência de imagens que sugerem o Templo de Salomão, tanto no interior como no exterior da igreja, podiam referir-se aos maçônicos ou aos Cavaleiros Templários. O fato de as letras anômalas da citação errada “Par ce signe tu le vaincras”, que se encontra entre os quatro anjos e o demônio, serem a décima terceira e a décima quarta (o «le» é completamente supérfluo e altera o significado da frase) tem sido considerado como evocativo do ano de 1.314, quando Jacques de Molay, o último Grão Mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários foi queimado na fogueira em Paris.

Todo este simbolismo ocultista tem sido laboriosamente analisado por dúzias de investigadores competentes, ao longo dos anos, e os resultados têm sido outras tantas interpretações diversas. Mas as respostas podem ser muito simples e desanimadoramente óbvias. De fato, o simbolismo da igreja de Rennes-le-Château nunca foi um mistério para os que são versados no conhecimento maçônico.

É simplesmente a indicação da filiação particular de Saunière, que era maçônica. Isto é confirmado pela sua escolha do escultor para as Estações da Via Sacra e das outras estátuas – um certo Giscard, que vivia em Toulouse e cuja casa e estúdio, bizarramente decorados, ainda se conservam na Avenue de la Colonne daquela cidade. Giscard era um conhecido maçônico, embora reconhecidamente se especializasse em decorações de igrejas e outros exemplos da sua obra se encontrem por todo o Languedoc.

Curiosamente, na igreja de João Batista, em Couiza, situada no sopé da colina abaixo de Rennes, encontram-se idênticas Estações da Via Sacra, que foram obra de Giscard – mas estas são versões monocromáticas e as anomalias, tão visíveis na igreja de Saunière, estão ausentes. É quase como se as duas igrejas, separadas apenas por dois quilômetros, se destinassem a ser comparadas para pôr em relevo as excentricidades da versão de Saunière.

Jean Robin, no seu livro sobre Rennes-le-Château, afirma que as filiações maçônicas de Saunière são confirmadas pelos registros dos arquivos da diocese. Como vimos, no entanto, a Maçonaria consiste em várias “tradições” distintas. A qual delas pertencia Saunière? Também neste ponto, investigadores franceses bem informados estão de acordo: a sua filiação era no Rito Escocês Retificado, o ramo da Maçonaria «ocultista» que, especificamente, se reclama descendente da Ordem dos Cavaleiros Templários.

Antoine Captier, neto do sineiro de Saunière, que atua como foco de investigação sobre Rennes-le-Château e o caso Saunière, disse-nos: «Sabíamos que ele pertencia a uma loja maçônica. Foi enviado para um lugar onde havia alguma coisa [importante]. Ele encontrou certas coisas. Mas, mais uma vez, ele não estava sozinho. Ele não trabalhava sozinho.» Mais tarde, no decorrer da conversa, Captier foi mais preciso: as ligações de Saunière eram com o Rito Escocês Retificado; mas acrescentou: «Não é segredo.» Foi esta também a conclusão a que chegou Gérard de Sède, que investigou o caso durante trinta anos. De fato, De Sède pensa que algum do simbolismo da Nona Estação da Via Sacra evoca o grau de Chevalier Bienfaisant de la Cité Sainte – um eufemismo para «Cavaleiro Templário».


Sauniere ao lado da estátua de Maria Madalena.

Há outra indicação da possível filiação de Saunière. A sua escolha das estátuas dos santos da sua igreja, à exceção das Madalenas, tem sido vivamente debatida pelos investigadores: St. Germaine, St. Roch, dois Antônios – de Pádua e o Eremita – e, por cima do púlpito, S. Lucas. Alain Féral observou que, se as estátuas forem dispostas com a forma M sobre o pavimento da igreja as suas iniciais formam a palavra Graal.

Com os símbolos da Rosacruz nos tímpanos e a predominância de imagens do Templo de Salomão, isto aponta na direção da Ordem da Rosacruz, do Templo e do Graal – uma ordem fundada em Toulouse, por volta de 1850, mais tarde presidida pelo próprio Joséphin Péladan, o padrinho dos grupos ocultistas eróticos da época.

No princípio da nossa investigação, tínhamos pensado que a tendência de muitos investigadores para acreditar que todos os caminhos conduziam a Rennes-le-Château era errada. Mas, em certo sentido, eles têm razão, embora por motivos equivocados. Certamente, foi espantoso descobrir a intrincada rede de grupos ocultistas e maçônicos, que já discutimos, e seguir o seu rastro até Saunière e à sua aldeia. Isto não é coincidência: faz parte de um complicado e meticuloso plano que já estava bem implantado antes de Saunière nascer e que continua até hoje.

Vimos que Saunière revelava grande interesse pelo túmulo de Marie de Nègre d’Ables, senhora d’Hautpoul de Blanchefort, que foi erigido por Antoine Bigou, pároco de Rennes- le-Château, em 1791. Marie foi a última da descendência direta que detinha o título de Rennes-le-Château, embora outros ramos da família tivessem continuidade. Marie de Nègre d’Ables casara, em 1732, com o último marquês de Blanchefort, cujo nome derivava do vizinho «château» (embora ele pareça ter sido apenas um gênero de torre) de Blanchefort, cujas ruínas ainda existem.

A família de Marie, no entanto, tinha algumas ligações muito interessantes. Já discutimos o influente Rito de Mênfis da maçonaria, que, mais tarde, se fundiu com o de Misraïm. Este foi fundado em 1838, por Jacques-Étiennes Marconis de Nègre, que era da mesma família da Marie da história de Rennes-le-Château. E foi um dos Hautpouls – Jean-Mane Alexandré – que contribuiu para a criação do grau de Chevalier Bienfaisant de la Cité Sainte, o eufemismo de Cavaleiros Templários do Rito Escocês Retificado, em 1778.

Alguns membros da mesma família tiveram um lugar de relevo na loja maçônica La Sagesse, que teve origem na Ordem da Rosacruz, do Templo e do Graal. O sobrinho e herdeiro de Marie de Nègre, Armand d’Hautpoul, estava relacionado com indivíduos ligados ao Priorado, incluindo Charles Nodier, que foi grão-mestre entre 1801-1844. Armand d’Hautpoul também foi preceptor do conde de Chambord, cuja viúva foi tão generosa para Saunière.

O Rito de Mênfis da maçonaria de Marconis de Nègre estava intimamente ligado à sociedade conhecida por Os Filadelfianos, que fora criada pelo marquês de Chefdebien – um Rito Escocês Retificado maçônico – em Narbonne, em 1780. Esta é outra das sociedades maçônicas templaristas influenciada pelas ideias do barão Von Hund: Chefdebien assistira à famosa Convenção de Wilhelmsbad de 1872, que tentara resolver definitivamente a questão das origens templárias dos maçônicos. Os filadelfianos, como o Rito de Mênfis, estavam primordialmente interessados na aquisição de conhecimento ocultista – ambos tinham graus dedicados unicamente a esta missão.



Os filadelfianos, além disso, pretendiam tentar esclarecer a complicada história da maçonaria, com a sua proliferação de hierarquias, graus e ritos rivais, numa tentativa de descobrir o seu objetivo e segredos originais. Eles transformaram-se num repositório de informação sobre a maçonaria e sociedades similares, que lhes foi transmitida de boa-fé ou que foi obtida através de infiltração. Assim, é significativo que o irmão de Saunière, Alfred (também sacerdote), fosse preceptor da família – e que fosse despedido por ter roubado parte dos seus arquivos.

Alfred Saunière é, indubitavelmente, uma figura-chave dos estranhos acontecimentos em que o seu irmão mais velho – e mais famoso – estava envolvido e merecia maior investigação. Contudo, é difícil descobrir muita coisa a seu respeito, embora se saiba que foi amante da ocultista marquesa de Bourg de Bozas, uma das pessoas que visitavam a Vila Betânia em Rennes-le-Château. Alfred morreu em 1905, vítima de alcoolismo, após ter sido excomungado.

Depois da morte de Alfred, Saunière, numa carta ao seu bispo, referia-se a um sentimento local de que «devia expiar os erros do meu irmão, o abade, que morreu demasiado cedo». Logo que tivemos conhecimento das ligações de Saunière com a maçonaria do Rito Escocês, grande parte do quadro mais vasto começou a tornar-se mais claro. E, longe de ser uma obsessão pessoal, a deferência especial de Saunière pela Madalena emergia verdadeiramente como fazendo parte da Grande Heresia europeia. A chave destas filiações residia nas pessoas que ele conhecia.

De fato, é possível ir mais longe e associar Saunière a Pierre Plantard de Saint-Clair, por intermédio de um só homem: George Monti. Também conhecido sob os pseudônimos de conde Israel Monti e Marcus Vella, ele é uma das mais implacáveis e poderosas figuras das sociedades secretas do século XX – embora, de modo algum, a mais conhecida. À maneira clássica destes “magos”, ele preferia exercer a sua influência na sombra, em vez de procurar popularidade, ao estilo do seu associado Aleister Crowley.

Ao longo da vida, subiu nas hierarquias de muitas sociedades ocultistas, mágicas e maçônicas, por vezes para se infiltrar nelas por conta de outros. Foi também um agente duplo dos Serviços Secretos franceses e alemães; como no caso de John Dee e, possivelmente, também de Leonardo, os dois mundos da espionagem e do ocultismo andam frequentemente de mãos dadas. Monti levou uma vida tão complexa que é impossível determinar onde residia a sua fidelidade. Muito provavelmente, apenas nele próprio e no seu amor pela intriga e pelo poder pessoal.

Quaisquer que fossem os verdadeiros motivos de Monti, ele teve um êxito espantoso na sua vida secreta, ocupando, por vezes, altos cargos em sociedades que eram mutuamente hostis, ou porque uma desconhecia a existência das outras ou porque cada uma acreditava que ele se infiltrara noutros grupos em seu favor. Por exemplo, embora alguns desses grupos fossem, como Monti, nitidamente anti-semitas, ele também conseguiu ocupar uma alta posição na B’nai B’rith, uma fechada sociedade secreta judaica, fundada nos EUA – tendo-se mesmo convertido ao judaísmo com essa finalidade.


As duas torres de Sauniere em Rennes Le Chateau, à direita a Torre Magdala. Ben Hammott © 2008

Monti nasceu em Toulouse em 1880, tendo sido abandonado pelos seus pais italianos e educado pelos jesuítas. Desde muito cedo interessou-se pelo mundo misterioso das sociedades secretas ocultistas. Viajou muito pela Europa e passou algum tempo no Egito e na Argélia. Entre as muitas sociedades a que aderiu, contava-se a Holy Vehm, uma organização alemã especializada em assassinatos políticos. Também se diz que ele «detinha a chave» da maçonaria italiana. Entre as muitas pessoas que conhecia encontrava-se Aleister Crowley – de fato, ele fora descrito como o «representante francês» de Crowley e foi membro da O.T.O.(Ordo Templi Orientis), quando o excêntrico inglês era grão-mestre. Não é surpreendente que a vida duvidosa de Monti, eventualmente, o comprometesse e ele fosse envenenado em Paris, em Outubro de 1936.

Ele figura nesta investigação porque a sua primeira função no mundo ocultista parisiense foi a de secretário de Joséphin Péladan e, por conseguinte, íntimo do círculo de Emma Calvé. Como vimos, Saunière era conhecido por ter ligações com Péladan e o seu grupo e por ter conhecido Emma Calvé, portanto, devia ter conhecido Monti. Além disso, este era do Languedoc e vivera, por vezes, em Toulouse ou em qualquer outro lugar do Midi (Sul da França).

Em 1934, Monti fundou a Ordem Alpha-Galates, da qual Pierre Plantard de Saint-Clair se tornou grão-mestre em 1942, com a idade imatura – mas talvez significativa – de 22 anos. E, embora Plantard tivesse apenas 16 anos quando Monti morreu, ele conhecia-o. Anne Léa Hisler, ex-mulher de Plantard, num artigo de 1960, escreveu inequivocamente que ele «conhecia bem o conde Georges Monti». Monti pode mesmo ter sido o seu professor e mentor ocultista.

Assim, parece que existia um claro elo de ligação entre Saunière e Plantard de Saint-Clair, sob a forma de Georges Monti, talvez representando a continuação de uma certa tradição secreta.

Então, que conclusão podemos tirar da história de Saunière? Eliminar todas as ofuscações, mitos e conjecturas não é tarefa fácil, mas parece que o sacerdote andara a procurar alguma coisa e que não agia sozinho. As provas apontam para a existência de um patrocinador secreto, muito possivelmente ligado às influentes sociedades ocultistas de Paris e ao Languedoc. Esta não é apenas a explicação mais lógica, é também a que o próprio Saunière apresentou. Quando o sucessor de Billard, como bispo de Carcassonne, exigiu que Saunière explicasse a sua extravagante maneira de viver, o sacerdote respondeu vivamente:


Não sou obrigado… a divulgar os nomes dos meus doadores. Torná-los públicos, sem autorização, correria o risco de trazer a discórdia a certas famílias ou casas… CUJOS membros fizeram doações sem o conhecimento dos seus maridos, filhos ou herdeiros.


Em Rennes Le Chateau a essência do segredo descoberto por Sauniere é sobre o Sagrado Feminino…

Mais tarde, ele disse ao bispo que lhe revelaria os nomes dos seus doadores – mas apenas em segredo de confissão. A redação de uma carta de apoio, escrita a Saunière por um amigo íntimo, em 1910, emprega uma linguagem mais sugestiva:


Recebeste o dinheiro. Não é qualquer pessoa que pode penetrar no segredo que guardas… Se alguém te deu o dinheiro, sob o compromisso de natural segredo, és obrigado a guardá- lo, e nada te pode libertar de guardar este segredo…

Parece que Alfred, o irmão de Saunière, também conhecia o segredo. Ao ser interrogado pelas autoridades sobre a sua extravagância, Saunière respondeu:


O meu irmão, sendo pregador, tinha numerosos contatos. Servia de intermediário a estas almas generosas.

Mas, embora a região de Rennes-le-Château possa ter sido o ponto de partida da misteriosa investigação de Saunière – a qual, parece, foi empreendida em nome destes ilusórios desconhecidos -, parece que o objeto da pesquisa podia encontrar-se em outro lugar.

Continua …

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Posted by Thoth3126 on 05/05/2015



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Setembro 23, 2015

chamavioleta

A Revelação Templária – 8A 

 Este é um lugar terrível 

(Rennes le Chateau)

Publicado anteriormente a 10/04/2015

rennes-le-chateau-torre-magdala


A Revelação Templária - 8A 

 Este é um lugar terrível (Terribilis est locus iste) 

 Templários, os Guardiões Secretos da Verdadeira Identidade de Cristo


Rennes-le-Château, no Languedoc-Roussillon é um lugar-comum esotérico e ocultista, quase – atualmente – na mesma «linha» do próprio Graal e igualmente elusivo. Contudo, é uma localidade real, e foi ali que nos encontramos no desenrolar da nossa investigação. Este lugar pode ser comparado a Glastonbury, na Inglaterra, porque ambos parecem guardar profundos mistérios, apesar de ambos os locais terem dado origem aos mais absurdos, mas muito divulgados, mitos e suposições.

Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 08 A – ESTE É UM LUGAR TERRÍVEL – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

CAPÍTULO VIII – A – “ESTE É UM LUGAR TERRÍVEL” (Terribilis est locus iste)

Rennes-le-Château situa-se no departamento do Languedoc, conhecido por Aude, próximo da cidade de Limoux, que dá o seu nome ao famoso blanquette, ou vinho espumante, da área que, nos séculos XVIII e XIX, era conhecido por Razès. A partir da pequena cidade de Couiza, grandes letreiros indicam uma estrada secundária, anunciando o Domaine de Abbé Saunière. Seguindo estas indicações, os automobilistas encontram-se numa curiosa estrada em espiral que conduz à aldeia de Rennes-le-Château, situada no topo da colina.

Para nós, como para tantas pessoas, hoje em dia, esta é uma viagem excitante. Graças, principalmente, ao livro The Holy Blood and the Holy Grail (em português: O santo Graal e a Linhagem Sagrada), mas também à lenda oral, esta simples subida de uma colina francesa rapidamente adquire a sensação de uma iniciação. Mas o lugar, onde os visitantes geralmente param, é muito prosaico.


A pequena vila de Rennes-le-Château situa-se no departamento do Languedoc, conhecido por Aude, próximo da cidade de Limoux

A estrada de acesso conduz inevitavelmente ao solitário parque de estacionamento, através de uma estreita «grand rue», onde não existe nenhuma estação dos correios nem mesmo uma loja que vende de tudo – mas que exibe uma livraria esotérica, um bar-restaurante, o castelo em ruínas, que dá o nome à aldeia, e ruas estreitas que conduzem à famosa igrejinha e ao presbitério.

Este lugar tem uma história sinistra e uma reputação ainda mais sombria, embora um tanto vaga. Em resumo, segundo a lenda, François Bèrenger Saunière (1852-1917), um vulgar sacerdote, nascido e criado na aldeia de Montazels, apenas a três quilômetros de Rennes-le- Château, fez uma descoberta de certa natureza durante as obras de renovação da sua delapidada igreja paroquial do século X, exatamente há cem anos. Em resultado dessa descoberta – ou devido ao seu valor intrínseco ou porque o conduziu a algo que podia ser transformado em vantagem financeira -, ele tornou-se imensamente rico.

A especulação tem variado, ao longo dos anos, quanto à verdadeira natureza da descoberta de Saunière: muito prosaicamente, tem sido sugerido que ele encontrou uma horda de tesouros, enquanto outros acreditam que foi alguma coisa muito mais assombrosa, como a Arca da Aliança, o tesouro do Templo de Jerusalém, o Santo Graal – ou mesmo o túmulo de Cristo, uma ideia que encontrou a sua mais recente expressão em The Tomb of God de Richard Andrews e Paul Schellenberger (1996). (Para a nossa discussão da teoria destes autores, consultar o II Apêndice).

Tivemos de ir a Rennes-le-Château porque, segundo os Dossiers secrets e o livro The Holy Blood and the Holy Grail, o lugar tem particular importância para o Priorado de Sião – embora a razão exata dessa importância permanecesse obscura. O Priorado afirma que Saunière descobriu pergaminhos, contendo informação genealógica que prova a sobrevivência da dinastia merovíngia (descendente de Jesus e Madalena), e afirma que certos indivíduos têm direito a reclamar o trono da França – tal como Pierre Plantard de Saint-Clair. Contudo, ninguém à margem do Priorado viu, de fato, esses pergaminhos, e toda a ideia da continuidade da dinastia merovíngia é dúbia, para não dizer mais, e há poucas razões para atribuir grande importância a esta pretensão de uma herança messiânica para o trono da França.

Há ainda outra importante falha, uma inconsistência flagrante, na história do Priorado. Se eles existiram realmente, durante tantos séculos, unicamente para proteger os descendentes merovíngios, é curioso que tenham acolhido bem a informação que lhes indicava quem eram esses descendentes. Seguramente, eles conheciam aqueles que tinham jurado proteger – caso contrário, dificilmente teriam o tipo de zelo fanático que, ao longo dos séculos, mantivera a sua organização durante tanto tempo! Depender – aparentemente – do que é essencialmente uma raison d’être retrospectiva é suspeito, para dizer o mínimo.

Contudo, ficamos intrigados pela importância investida na aldeia pelo Priorado. Há duas razões possíveis para isso: uma é que a aldeia é, na verdade, importante, mas não pelas razões apresentadas nos Dossiers – a outra é que a história do padre Saunière não tem qualquer verdadeira relação com o Priorado e que este se apoderou do mistério para servir os seus propósitos. Tínhamos de descobrir qual destas alternativas estava mais próxima da verdade.


A comuna de Rennes Le Chateau com a Torre Magdala ao centro

Chegando ao parque de estacionamento da aldeia, somos confrontados com uma vista espantosa dos picos dos Pireneus, coroados de neve, para lá do Vale do rio Aude. É fácil compreender a razão por que, no passado, esta aldeola, aparentemente insignificante, era considerada de grande importância estratégica, porque, certamente, a observação de quaisquer aproximações inimigas teria sido difícil de igualar.

É esta a razão por que Rennes-le-Château foi outrora, uma importante fortaleza para os reis Visigodos: alguns vão a ponto de a identificar com a cidade perdida de Rhedae, que era semelhante a Carcassonne e Narbonne – embora seja difícil imaginar uma cidade tão movimentada no atual aglomerado de casas, particularmente deserto. Mas o lugar ainda exerce uma influência magnética: menos de cem pessoas vivem agora em Rennes-le-Château, mas a aldeia recebe mais de 25 000 visitantes por ano.

A torre do reservatório de água, que emerge do próprio parque de estacionamento, ostenta os signos do Zodíaco – um tema que se repete acima das portas de algumas das pequenas casas. Mas todos os olhos se voltam para o bizarro edifício, semelhante a um pavilhão, que parece erguer-se da extremidade rochosa da aldeia, suspenso sobre o precipício. O edifício era a biblioteca e o gabinete de trabalho particular de Saunière, conhecido por Tour Magdala (a Torre de Magdala). Faz parte do seu domaine, recentemente aberto ao público. Semelhante a um pequeno torreão medieval, de um lado, a torre dá para os extensos baluartes que conduzem à estufa agora abandonada.

Nas salas situadas abaixo dos baluartes, existe agora um museu, dedicado à vida de Saunière e ao mistério que o rodeia. Um jardim separa a torre da imponente casa que ele mandou construir com a sua riqueza inexplicável, a Vila Betânia; algumas das suas salas estão abertas ao público. Do outro lado, junto de um caminho de saibro, encontra-se uma pequena gruta, construída pelo próprio sacerdote com pedras trazidas especialmente de um vale vizinho e, presumivelmente, com grande esforço. Depois, chega-se ao cemitério da aldeia e à delapidada igreja. Esta é dedicada a Santa Maria Madalena.

Dada a fama da igreja, é espantoso verificar que ela é tão pequena, mas qualquer decepção é compensada pelo carácter bizarro e justamente famoso da decoração interna feita pelo abade Saunière. Nesta, pelo menos, o abade ainda consegue surpreender. Sobre o pórtico, com os seus quase ridículos pássaros de estuque branco, de segunda qualidade, e com as telhas amarelas quebradas, estão gravadas as palavras:


Terribilis est locus iste («Este é um lugar terrível»),

uma citação do Livro do Gênesis (28:17) completada em latim sobre o arco do pórtico: «É a casa de Deus e a Porta do Céu.»


A Tour Magdala (a Torre de Magdala) em Rennes Le Chateau

Uma estátua de Maria Madalena ocupa um lugar de relevo sobre a porta, enquanto o espaço entre as cornijas está decorado com triângulos equiláteros e esculturas de rosas com uma cruz. Mas muito mais surpreendente é a visão de um demônio em estuque, horrivelmente contorcido, parecendo guardar a porta, do lado interior do pórtico. Com chifres e caricato, inclina-se de modo significativo enquanto carrega sobre os ombros a pia da água benta. Esta é encimada por quatro anjos, cada um deles fazendo um dos gestos implicados no sinal da cruz, enquanto, por debaixo deles, estão inscritas as palavras:


Par ce signe tu le vaincras («Por este sinal tu o vencerás»).

Na parede do fundo vê-se um quadro que representa o batismo de Jesus – que está representado numa posição que é exatamente a imagem refletida do Demônio. Tanto o Demônio como Jesus olham para uma parte específica do pavimento, desenhado como um tabuleiro de xadrez. No quadro, João Baptista eleva-se acima de Jesus, derramando sobre ele a água de uma concha, repetindo, assim, o tema da pia da água benta, em forma de concha, que está colocada sobre o Diabo. É evidente que se encontra algum paralelo entre os dois conjuntos de imagens, entre o Demônio e o batismo de Jesus. (Em Abril de 1996, num dos muitos atos de vandalismo a que a igreja está sujeita, a cabeça do Demônio foi cortada – e roubada – por um atacante desconhecido.)

Cobrindo este pavimento, exitem os quadrados brancos e pretos, e olhando em redor desta pequena igreja paroquial de Santa Maria Madalena, ela parece, à primeira vista, bastante típica da sua época e lugar. Excessivamente ornamentada com vistosos santos de estuque – como St.º Antonio, o Eremita e St. Roche -, ela contém a quota habitual de ornamentos eclesiásticos. Mas estes merecem um escrutínio mais cuidadoso, porque a maioria deles tem um toque, no mínimo, idiossincrático. Por exemplo, as estações da Via Sacra, invulgarmente, prosseguem em sentido contrário ao dos ponteiros do relógio e incluem um rapaz, que enverga um saiote escocês, e uma pequena criança negra. E o dossel que encima o púlpito tem a forma do Templo de Salomão.



O baixo-relevo do frontal do altar era, dizem, o orgulho e a alegria de Saunière: ele próprio lhe dera os últimos retoques. Representa uma Madalena revestida de ouro, de joelhos, em oração, com um livro aberto à sua frente e uma caveira sobre os joelhos. Os dedos estão curiosamente entrelaçados, do modo que é geralmente descrito como latté.

Uma cruz, aparentemente feita de uma delgada árvore verde – com um rebento a meio da haste – ergue- se em frente dela, e para além da gruta rochosa, onde está ajoelhada, vê-se a forma nítida de edifícios recortados contra a linha do horizonte. Curiosamente, embora o livro e a caveira sejam elementos tradicionais da iconografia de Madalena, o usual vaso de unguento de nardo não se vê aqui.

Ela também surge nos vitrais, por cima do altar, onde é representada ajoelhada junto de uma mesa, para ungir os pés de Jesus com o precioso unguento. Ao todo, há quatro imagens de Madalena nesta igreja, o que, apesar da sua condição de santa padroeira, podia parecer excessivo para um edifício tão pequeno. O comprometimento de Saunière com ela é reforçado pela designação da sua biblioteca – a Torre de Magdala – e da sua casa – a Vila Betânia. Betânia era a residência bíblica da família que incluía Lázaro, Marta e Maria.

Há um quarto secreto, oculto por detrás de um armário da sacristia, mas este raramente é visitado pelo público. A sua única janela, que não se distingue claramente do exterior, parece representar, nos vitrais, a habitual cena da crucificação. Mas, como virtualmente tudo o mais neste «terrível lugar», esta cena não é exatamente o que parece (assim como tudo o mais). O olhar é atraído para a paisagem distante, que se avista sob os braços do homem crucificado; claramente, é ela o verdadeiro foco do quadro. Mais uma vez, ali está o Templo de Salomão.


O padre Saunière em pé ao lado do Pilar do Altar com a imagem de Maria Madalena colocado de cabeça para baixo no jardim da igreja

Mesmo a entrada para o cemitério é invulgar: a arcada está decorada com uma caveira e dois ossos metálicos cruzados, um emblema dos Cavaleiros Templários – embora o toque bizarro seja dado pelo esgar que descobre vinte e dois dentes. As sepulturas, ornamentadas com complicados tributos florais e fotografias dos falecidos, como em tantos outros cemitérios franceses, incluem as da família Bonhommes. Em qualquer outro lugar, talvez isto não provocasse comentários mas aqui esta evocação linguística dos cátaros – Les Bonhommes – parece particularmente pungente. A sepultura de Saunière, com o seu perfil em baixo-relevo – levemente danificado pelo vandalismo dos tempos recentes – está situada junto à parede que separa o cemitério do seu antigo domaine. Marie Dénarnaud, sua fiel governanta (se não bastante mais do que isso), está enterrada a seu lado.

Não é nosso objetivo rever, em pormenor, o que se transformou numa história banal. Mas, ao suspeitar de que o mistério de Rennes le Chateau podia fornecer algumas pistas sobre a continuação da tradição secreta, não estávamos enganados nem ficamos decepcionados. Como vimos, encontramos provas de uma complicada série de ligações que remontavam a uma tradição gnóstica da região, uma zona que foi sempre famosa pelos seus heréticos, sejam eles cátaros, Templários ou as chamadas «bruxas». Desde o trauma da Cruzada dos Albigenses (perseguição pela igreja romana ao movimento gnóstico dos Cátaros), os habitantes locais nunca mais confiaram totalmente no Vaticano, de modo que, a região constituiu o refúgio perfeito para ideias heterodoxas e também para aqueles que tinham interesses políticos minoritários. No Languedoc, com as suas longas e amargas memórias, a heresia e a política andaram sempre de mão dada, como talvez ainda andem.

Em Saunière, encontramos um sacerdote extrovertido e rebelde. Dificilmente podia ser considerado um típico pároco de aldeia, conhecia bem o grego e o latim e foi um assinante regular de um jornal alemão contemporâneo. Se ele descobriu, ou não, um tesouro ou um segredo, e improvável que todo o «caso Rennes» seja uma completa invenção. Há, no entanto, várias razões para pensar que a história, tal como é contada, foi muito mal interpretada ou muito mal “entendida”.

A sequência exata dos acontecimentos é notavelmente difícil de reconstituir, porque ela se apoia mais nas memórias dos aldeões do que em provas documentais. Saunière aceitou o seu cargo de pároco no princípio de Junho de 1885. Passados alguns meses, teve problemas por ter pregado do seu púlpito um veemente sermão anti-republicano (durante as eleições francesas daquele ano) e foi temporariamente suspenso do seu cargo. Reintegrado no Verão de 1886, recebeu uma doação de $ 300 francos, feita pela condessa de Chámbord, viúva de um pretendente ao trono francês – Henri de Bourbon, que reclamava o título de Henrique V -, em reconhecimento dos serviços prestados à causa monárquica.


Pilar visigótico original do Altar com o orifício onde foram encontrados os pergaminhos, que agora reside no Museu Saunière em Rennes-le-Chateau

Aparentemente, Saunière usou o dinheiro para recuperar a sua antiga igreja e, segundo a maioria dos relatos, foi então que o pilar visigótico, que sustentava o altar, foi removido – dentro do qual, segundo se diz, ele encontrou certos pergaminhos com segredos codificados. Mas isto parece pouco provável, porque o seu comportamento excêntrico e projetos ambiciosos apenas começaram em 1891. Foi nessa altura que o sineiro, Antoine Captier, encontrou uma coisa importante. Segundo alguns era um cilindro de madeira, enquanto outros afirmam que era um frasco de vidro: fosse o que fosse, julga-se que ele continha um rolo de pergaminhos ou de documentos, que ele entregou a Saunière. E parece ter sido esta descoberta que deu origem aos atos peculiares do sacerdote e sua consequente e posterior riqueza.

Segundo a versão usual, Saunière apresentou os pergaminhos ao bispo de Carcassonne, Félix-Arsène Billard, o que precipitou uma viagem a Paris. Dizem que Saunière fora aconselhado a mandar descodificar os documentos por um perito, Émile Hoffet, então um rapaz que se preparava para o sacerdócio, mas já possuía um conhecimento profundo do ocultismo e do mundo das sociedades secretas. (Mais tarde, ensinou na igreja de Notre-Dame de Lumières, em Goult, um lugar da Madona Negra, especialmente importante para o Priorado de Sião.) O tio de Hoffet era diretor do seminário de Saint-Sulpice de Paris.

A igreja de St. Sulpice distingue-se pelo fato de o meridiano de Paris – que passa próximo de Rennes-le-Château – estar marcado por uma linha de cobre traçada sobre o pavimento. Construída sobre os alicerces de um antigo templo de ÍSIS, em 1645, foi fundada por Jean-Jacques Olier, que a mandou desenhar segundo o Meio Termo Ideal da geometria sagrada. Recebeu o nome de um bispo de Bourges, da época do rei merovíngio Dagobert II, e a sua festividade é comemorada a 17 de Janeiro – uma data recorrente dos mistérios de Rennes-le-Château e do Priorado de Sião.

Grande parte do romance satânico de J. K. Hysmans Là-Bas decorre em St. Sulpice, e o seminário, que lhe é anexo, foi notório pela heterodoxia (para dizer o mínimo) do final do século XIX. Também serviu de quartel-general à misteriosa sociedade secreta do século XVII denominada Companhia do Santo Sacramento que, segundo tem sido sugerido, servia de fachada ao Priorado de Sião.

Durante a estada de Saunière em Paris – que aconteceu no Verão de 1891 ou na Primavera de 1892 – Hoffet introduziu-o na florescente sociedade ocultista, centrada em Emma Calvé e que incluía figuras como Joséphin Péladan, Stanislas de Guaïta, Jules Bois e Papas (Encausse). Segundo um rumor persistente, Saunière e Emma tornaram-se amantes. Diz-se que Saunière visitou a igreja de Saint Surpice e estudou algumas das suas pinturas e – de acordo com a história habitual – comprou reproduções de pinturas específicas no Louvre (que serão discutidas mais tarde). Depois de regressar a Rennes-le-Château, começou a decoração da sua igreja e a construção do seu domaine.



A visita a Paris é uma parte crucial do mistério de Saunière e tem sido sempre objeto de intenso escrutínio por parte dos investigadores. Não há prova direta de que ela tivesse acontecido. Uma fotografia de Saunière, que ostenta o nome de um estúdio de Paris, durante muito tempo tomada como prova da viagem, revelou, recentemente, ser uma fotografia do irmão mais novo, Alfred (também sacerdote). Também foi afirmado que a assinatura de Saunière surge no livro das missas, em Saint-Sulpice, mas isso nunca foi confirmado.

O escritor Gérard de Sède, que possuiu alguns dos documentos de Émile Hoffet, afirma que eles contêm uma nota de um encontro com Saunière, em Paris (sem data, infelizmente), mas, tanto quanto sabemos, não há corroboração independente desse encontro. Como grande parte desta história, ele assenta nas memórias e testemunhos dos aldeões e de outras pessoas. Por exemplo, Claire Captier, filha de Corbu, o homem que comprou a Marie Dénarnaud o domaine de Saunière, em 1916 – esta continuou a viver com os Corbu até à sua morte, em 1953 -, afirma categoricamente que a viagem a Paris se realizou.

O que Saunière encontrou parece tê-lo tornado extrema e rapidamente rico. Quando assumiu o seu cargo, o seu estipêndio era de $ 75 francos por mês. Contudo, entre 1896 e a sua morte, em 1917, ele gastou uma larga soma de dinheiro – talvez não os $ 23 milhões de francos, que alguns pretendem, mas, certamente, não menos de $ 160 mil francos por mês. Tinha contas bancárias em Paris, Perpignan, Toulouse e Budapeste e investiu fortemente em ações e títulos do Estado – não era a habitual situação financeira de um sacerdote da província.

Alega-se que ele ganhou o dinheiro com o tráfico de missas (cobrando para celebrar missas que, supostamente, perdoavam ao pagador vários anos de Purgatório), mas, embora ele certamente procedesse deste modo, como afirma o historiador francês René Descadeillas – considerado o principal critico do caso Saunière -, isso não podia ter «rendido somas suficientes para lhe permitir edificar essas construções e, ao mesmo tempo, viver tão luxuosamente. Por conseguinte, havia qualquer coisa mais». Em qualquer caso, poder-se-ia perguntar por que razão tantas pessoas teriam desejado que as missas fossem celebradas por Saunière – um insignificante sacerdote rural de uma paróquia remota.

Ele e Maria provocaram criticas devido à sua luxuosa maneira de viver: ela vestia sempre as últimas modas de Paris (diz-se que foi essa a razão da sua alcunha de «La Madonne», e ofereciam recepções, em escala completamente desproporcionada com o seu rendimento ou posição social. Além disso, os ricos e famosos faziam a viagem, incrivelmente difícil, para Rennes-le-Château para os visitar. (Por alguma estranha razão, no entanto, Saunière apenas recebia visitas na Vila Betânia, preferindo viver no velho presbitério anexo à igreja.) Os visitantes incluíram um príncipe de Habsburgo – que tinha o nome, curiosamente sugestivo, de Johann Salvator von Habsgurg – um ministro do Governo e Emma Calvé.

Mas não foi apenas o fausto da sua hospitalidade que provocou hostilidade: Saunière e Marie começaram a cavar no cemitério durante a noite. Embora, de modo geral, o que eles procuravam fosse matéria para especulação, é certo que eles apagaram as inscrições da pedra vertical e da placa que cobria a sepultura que ostentava o sugestivo nome de Marie de Nègre d’Ables – uma mulher nobre da região, falecida a 17 de Janeiro de 1781 -, presumivelmente para destruir a informação que ela continha. Mas eles não sabiam que todo este esforço era inútil – já existia uma cópia da inscrição graças a visitantes, membros de uma sociedade de antiquários locais. Mas, como veremos, a ansiedade de Saunière de destruir a inscrição tem grande importância para a nossa investigação.


Um poço (uma cripta) que fica abaixo da igreja de Rennes-le-Château – Diário de Rennes-le-Château ©

Na época da alegada viagem a Paris, Saunière também encontrou a «Pedra do Cavaleiro», mas voltada para baixo, junto do altar, uma laje gravada, datando da época do reino visigodo e que representa um cavaleiro acompanhado por uma criança. Parecia que ele tinha encontrado alguma coisa de grande importância – talvez outro esconderijo de documentos ou artefatos ou a entrada para uma cripta. Ninguém sabe, ao certo, porque Saunière mandou substituir o pavimento, mas o seu diário apresenta o enigmático registo, a 23 de Setembro de 1891: «Carta de Granès. Descoberta de um túmulo. Choveu.»

As escavações noturnas de Saunière provocaram um escândalo local, mas foi o seu tráfico de missas que, eventualmente, despertou a ira das autoridades da Igreja, a ponto dele ser privado do seu cargo eclesiástico. Foi mesmo transferido para outra paróquia, mas recusou categoricamente em obedecer, e continuou a viver em Rennes-le-Château com Marie. Quando a Igreja enviou outro sacerdote para a aldeia, Saunière celebrava missa, sem caráter oficial, para os aldeões, que se lhe mantinham fiéis.

De todos os mistérios que rodearam Saunière, talvez um dos mais persistentes seja aquele que se seguiu à sua morte. Adoeceu a 17 de Janeiro de 1917; morreu cinco dias depois e o seu corpo foi colocado numa cadeira, sentado direito, nos baluartes do terraço do seu domaine, enquanto os aldeões – e outros, que já tinham feito viagens mais longas – desfilavam, arrancando pompons vermelhos do seu manto. A sua última confissão foi ouvida pelo sacerdote da vizinha aldeia de Espéraza, e o que foi dito teve nele um efeito tão profundo, que René Descadeillas afirma: «[… ] a partir desse dia, o velho sacerdote nunca mais foi o mesmo homem; era evidente que ele recebera um choque» com a confissão de Sauniere.

Depois da sua morte, a fiel Marie Dénarnaud continou a viver na Vila Betânia. Saunière, que, como sacerdote, não podia possuir bens, comprara todas as terras em nome dela. Marie tornou-se cada vez mais solitária e ganhou fama de irascível, resistindo às múltiplas tentativas para a convencer a vender o domaine, cada vez mais abandonado. Finalmente, em 1946, no dia da festividade de Maria Madalena, ela vendeu-o a Noël Corbu, um homem de negócios, na condição de poder lá viver o resto dos seus dias.


Interior da igreja dedicada a Maria Madalena em Rennes Le Chateau

A filha de Corbu, Claire Captier, recorda-se de viver lá quando era criança. Segundo Claire, Marie visitava a sepultura de Saunière todos os dias – e a meio de todas as noites. Marie relatou à jovem Claire um fenômeno que acompanhava algumas dessas visitas. Costumava dizer: «Esta noite, fui seguida pelos fogos-fátuos do cemitério». Quando lhe perguntavam se tinha medo, Marie respondia: «Estou habituada… Se caminho lentamente, eles seguem-me… quando paro, eles também param, e quando fecho o portão do cemitério, desaparecem sempre.» Claire Captier também recorda que Marie dizia: «Com o que Monsieur le Curé (Sauniere) deixou, podia alimentar toda a Rennes durante cem anos, e ainda sobraria.»

E, quando lhe perguntavam por que vivia como pobre, se tinha herdado tanto dinheiro, ela respondia: «Não lhe posso tocar.» Em 1949, quando soube que o negócio de Corbu corria mal, Marie disse-lhe: «Não se preocupe tanto, meu caro Noël… um dia, revelar-lhe-ei um segredo que fará de si um homem rico… muito rico!» Infelizmente, nos meses que precederam a sua morte, provocada por um ataque súbito, em Janeiro de 1953, ela tornou-se senil, e o segredo morreu com ela.

A que dizia respeito a história de Saunière? Certamente, parece que ele estava sendo muito bem pago por um agente exterior para continuar a viver na aldeia (mesmo quando já era rico e já não era pároco, ele preferiu continuar lá residindo), embora os pagamentos pareçam ter sido irregulares. A sua riqueza não consistia numa grande quantia, recebida de uma só vez, como alguns sugeriram, porque a sua liquidez monetária era variável. Por vezes, passava por períodos de carência, mas retomava a sua vida luxuosa numa questão de meses.

Na época da sua morte, estava empenhado em novos e ambiciosos projetos, que custariam, no mínimo, mais $ 8 milhões de francos – construir uma boa estrada de acesso à aldeia, para o automóvel que tencionava comprar, canalizar água para todas as casas, criar uma pia batismal exterior e erigir uma torre com setenta metros de altura, da qual tencionava chamar os fiéis à oração.

Fortes candidatos ao papel de pagador são os monarquistas, mas, nesse caso, há um mistério diferente. Que possíveis serviços poderia Saunière ter-lhes prestado que resultassem em pagamentos em tão grande escala? Podia a sua obsessão com Madalena sugerir, de algum modo, a razão subjacente às generosas recompensas dos monarquistas? Certamente que a sua riqueza significava mais do que um envolvimento numa intriga política. E os seus poucos livros de memórias, nas palavras de Gérard de Sède, revelam:


Uma curiosa devoção à Bona Dea, ao princípio divino do eterno feminino, que, na boca de Béranger [Saunière], parece transcender a crença e a fé.


Maat e ÍSIS

Mais uma vez, encontramos segredos que rodeiam o Princípio Feminino Divino, personificados em Maria Madalena… e uma clara ligação com o Priorado de Sião, que declara venerar as Madonas Negras e ÍSIS. E, como veremos, a área circundante de Rennes-le-Château contém múltiplas pistas da continuação desta forma de culto da deusa, do culto ao Princípio Feminino Divino.

E quanto aos famosos pergaminhos, supostamente encontrados por Saunière (segundo as fontes do Priorado)? Dizem que consistiam em duas genealogias, relativas à sobrevivência da dinastia merovíngia, e em dois extratos dos Evangelhos, nos quais certas letras, que estão destacadas, transmitem mensagens codificadas. Os pergaminhos nunca foram tornados públicos, mas alegadas cópias dos textos codificados foram largamente publicados, surgindo, pela primeira vez, em 1967, em L’or de Rennes de Gérard Séde e de sua mulher, Sophie. (De fato, embora ele não seja considerado como tal, Pierre Plantard da Saint-Claire declarou que fora co-autor deste livro.)

Estes textos foram tema de milhares de palavras e de constante especulação. A partir do relato do Novo Testamento, acerca de Jesus e dos discípulos na seara, ao sábado, as letras destacadas, quando lidas por ordem, formam as seguintes palavras:


A DAGOBERT II ROI ET A SION EST CE TRESOR ET IL EST LA MORT

PARA DAGOBERTO II REI E PARA SIÃO É ESTE TESOURO E ELE É A MORTE

O outro texto descreve, de forma evidente, a unção de Jesus por Maria de (Madalena) Betânia, e a versão descodificada é apresentada como:


BERGÈRE PAS DE TENTATION QUE POUSSIN TENIERS GARDENT LA CLEF PAX 681 PAR LA CROIX ET CE CHEVAL DE DIEU J’ACHEVE CE DAEMON DE GUARDIEN A MIDI POMMES BLEUS

PASTORA NADA DE TENTAÇÃO QUE POUSSIN TENIERS GUARDA A CHAVE PAZ 681 PELA CRUZ E ESTE CAVALO DE DEUS EU COMPLETO [OU MATO] ESTE DEMÔNIO GUARDIÃO AO MEIO-DIA [OU NO SUL] MAÇÃS AZUIS

A decifração deste código foi muito mais complexa do que a primeira frase. Pela leitura das letras destacadas neste caso, obtemos «REX MUNDI» «Rei do Mundo», em latim – uma designação gnóstica do rei deste mundo, que foi usada pelos cátaros), mas também foram acrescentadas 140 letras estranhas, tornando muito tortuoso o processo de descodificação para obter a mensagem «Pastora nada de tentação». (Curiosamente, este sistema fora criado pelo alquimista francês Blaise de Vignière, que fora secretário de Lorenzo de Medici.) A mensagem final é um perfeito anagrama da inscrição da pedra tumular de Marie de Nègre (que será discutida no capítulo seguinte).


Maat, um dos princípios criadores divinos do feminino sagrado

Embora haja poucas dúvidas de que a descodificação da mensagem seja exata, tem havido muitas tentativas engenhosas – e muito imaginativas – para a explicar ou para a compreender. Nenhuma delas foi completamente satisfatória. (A mais recente, de Andrews e de Schellenberger, é discutida no I Apêndice.)

O problema destes pergaminhos é que Philippe Chérisey, associado de Pierre Plantard de Saint-Claire (e seu provável sucessor, como grão-mestre do Priorado de Sião, em 1984), admitiu, mais tarde, que os forjara, nos anos 60. (Quando confrontado com a confissão de Chérisey, pelos autores de The Holy Blood and The Holy Grail, Plantard alegou que Chérisey simplesmente os copiara, o que não é inteiramente convincente.)

Seja qual for a maneira de se considerar estes pergaminhos, tem de se admitir que eles têm grande êxito como passatempo clássico e que são demasiado duvidosos para apresentar diretrizes importantes para uma investigação da história de Saunière.

Continua …


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Posted by Thoth3126 on 10/04/2015

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Setembro 17, 2015

chamavioleta

A Revelação Templária – 7C 

 Sexo o Sacramento Final


Publicado anteriormente a 28/03/2015

A Revelação Templária – 7C – Sexo o Sacramento Final



Um outro movimento fundiu-se com a Igreja do Carmelo, mas fora fundado mais cedo, em 1838. Eram os irmãos da Doutrina Cristã, movimento instituído pelos três irmãos Baillard, todos sacerdotes.


Fundaram duas casas religiosas – também considerando-se católicos – nas montanhas: St. Odile, na Alsácia, e Sion-Vaudémont, na Lorena. Ambos eram lugares importantes nas suas regiões, e é um mistério o modo como os irmãos Baillard conseguiram adquiri-los.


Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com

Capítulo 07C – SEXO: O SACRAMENTO FINAL – Livro “The Templar Revelation – Secret Guardians of the True Identity of Christ”, de Lynn Picknett e Clive Prince.

http://www.picknettprince.com/

Capítulo VII C – SEXO: O SACRAMENTO FINAL


Sion-Vaudémont era um importante lugar pagão da antiguidade, consagrado à deusa Rosamerta, e – como se deduz do seu nome – tem uma longa associação ao Priorado de Sião. De fato, uma Ordem de Notre-Dame de Sion, historicamente reconhecida, foi ali instituída, no século XIV, por Ferri de Vandémont, cujo alvará a ligava à abadia do monte Sião de Jerusalém – do qual o Priorado reivindica a origem do nome que adotou.


O filho de Ferri casou com Iolande de Bar, grã-mestra do Priorado entre 1480-1483, filha de René d’Anjou, o anterior grão-mestre. Iolande promoveu Sion-Vaudémont a importante centro de peregrinação, focando a veneração na sua Madona Negra. A estátua foi destruída durante a Revolução e substituída por uma Virgem medieval – não negra, retirada da igreja de Vaudémont, que é dedicada a João Batista.





O monte de Sião ou Colina de Sion-Vaudemont, é uma colina localizada no país de Saintois , no sul do departamento de Meurthe-et-Moselle , na região de Lorraine na França. Esta situado a uma altitude de 540 metros.


Assim, parece ser significativo que uma das novas igrejas dos irmãos Baillard estivesse situada naquele lugar. Estes tinham ideias semelhantes às de Vintras, incluindo a insistência na futura era do Espírito Santo e na sexualidade sagrada, portanto não é surpreendente que elas tivessem a mesma origem. O movimento dos Baillard recebeu grande apoio, incluindo o da Casa de Habsburgo. Mas, em 1852, também foi eliminado.


Depois da morte de Vintras, em 1875, o movimento foi entregue à direção do abade Joseph Boullan (1824-1893) – uma figura ainda mais polêmica. Anteriormente, Boullan seduzira uma jovem freira do convento de La Salette, Adèle Chevalier, e os dois fundaram a Sociedade para Reparação das Almas, em 1859. Esta sociedade era definitivamente baseada em ritos sexuais, a sua filosofia global era a de que a Humanidade encontraria a redenção através do sexo, se a energia fosse usada como sacramento sagrado. Apesar da ideia, em si, parecer de pura natureza alquímica, Boullan, infelizmente, estendeu os benefícios deste rito ao reino animal.


Diz-se que Boullan e Adèle Chevalier sacrificaram o seu filho, ainda criança, durante uma missa negra, em 1860. Embora isto seja apresentado como um fato em toda a literatura moderna, é impossível confirmá-lo junto de uma fonte credível. Se Boullan era conhecido por ter cometido este crime, parece ter escapado à acusação. É verdade que, nesse ano, ele foi suspenso das suas funções de sacerdote, mas a suspensão foi revogada alguns meses depois. Em 1861, ele e Adèle foram presos por fraude (talvez a maneira mais habitual de as autoridades tratarem aqueles que detestam, mas a quem não podem acusar de nada). Ao ser condenado, Boullan foi novamente suspenso dos seus deveres sacerdotais, mas, mais uma vez, a decisão foi revogada. Depois de ser libertado da prisão, apresentou-se voluntariamente ao Santo Ofício (na época, o nome oficial da Inquisição) em Roma, que o declarou não culpado e lhe permitiu regressar a Paris.


Enquanto esteve em Roma, Boullan registou as suas doutrinas num caderno (conhecido por cahier rose, notoriamente pela cor da sua capa), que foi descoberto pelo escritor J. K. Huysmans entre os seus papéis, depois da sua morte, em 1893. Os pormenores precisos do conteúdo são desconhecidos – embora tivesse sido descrito como um «documento chocante» – e o caderno está agora fechado à sete chaves na Biblioteca do Vaticano. Todos os pedidos para o consultar são recusados. É evidente que a história de Boullan tem mais importância do que parece. Superficialmente, parece uma história de um clube de pervertidos.


Contudo, parece que a Igreja o protegeu, até certo ponto. Por exemplo, emitiu instruções para que ele não fosse molestado, e há indicações de que ele estava na posse de algum tipo de segredo, que o protegia. A história de Boullan adapta-se ao padrão clássico do agent provocateur, que se infiltra numa organização com o fim deliberado de a desacreditar – em benefício de outro grupo diferente. Isso explicaria as flagrantes discrepâncias da sua vida e das atitudes oficiais em relação a ele.





Depois de regressar de Roma, Boullan ingressou na Igreja do Carmelo de Vintras e tornou- se seu chefe. A sua liderança provocou um cisma: os membros do culto, que o aceitaram, acompanharam-no a Lyons, onde estabeleceram o seu quartel-general. Seguiram-se cenas loucas de licenciosidade sexual – que, mais uma vez, parecem estar notavelmente em desacordo com a declaração de Boullan: a de que ele era a reencarnação de João Batista.


Essa ideia pode ter inspirado, pelo menos, o nome escolhido por J. K. Huysmans (um devoto do culto da Madona Negra), que usou Boullan como modelo do «Dr. Johannès» (um dos pseudônimos de Boullan) do seu romance sobre o satanismo de Paris, Lá-Bas (Lá em Baixo) (1891). No entanto, seria um erro tirar a conclusão óbvia – o Dr. Johannes era retratado como um sacerdote que praticava magia para contra-atacar o satanismo e que foi mal interpretado pela Igreja, a qual condenava toda a magia como sendo diabólica. Huysmans protegeu Boullan e passou algum tempo com ele, em Lyons, enquanto fazia pesquisas para o seu romance, mas, apesar de ser muito versado em magia, teoricamente, pelo menos, manteve-se sempre um verdadeiro filho da Igreja.


A página 183 do livro Lá-Bas continua a ser evocada, sobretudo pela sua chocante descrição de uma missa negra, que parece ser o relato de uma testemunha ocular. Contudo, os verdadeiros vilões da peça são os rosacruzes, devido à notória batalha mágica entre Boullan e membros de certas Ordens rosacruzes que floresciam na França dessa época. Podia parecer incongruente que fossem os rosacruzes os grandes adversários de Boullan e de tudo o que ele representava. É evidente que o conflito possa ter sido apenas um daqueles choques de personalidade que habitualmente atingem estes movimentos – mas talvez certos rosacruzes estivessem alarmados com a falta de reserva de Boullan relativamente aos seus segredos.


A França tornara-se o refúgio de numerosas lojas ocultistas por este tempo. Várias Ordens rosacruzes representavam uma continuação da fusão de movimentos templaristas – maçônicos – rosacruzes do sudoeste de França. Embora não fossem estritamente Ordens maçônicas, eram, de certo, aliadas dos sistemas maçônicos ocultistas, como o Rito Escocês Retificado e os ritos egípcios. Tanto os grupos maçônicos como os rosacruzes adotaram a filosofia martinista – os ensinamentos ocultistas de Louis Claude de Saint-Martin. De fato, a importância do martinismo não deve ser facilmente subestimada: os maçônicos do Rito Escocês Rectificado atual recrutam os seus membros exclusivamente entre os martinistas


A primeira destas organizações rosacruzes parece ter sido uma ramificação de uma loja maçônica, algo irregular, conhecida por La Sagessa (Sabedoria ou Sophia) de Toulouse. Em 1850, um dos seus membros, o visconde de Lapasse (1792-1867), respeitável médico e alquimista, fundou a Ordem de La Rose-Croix, du Temple et du Graal (Ordem da Rosacruz, do Templo e do Graal). Um subsequente dirigente desta ordem foi Joséphin Péladan (1859-1918), que também era de Toulouse e se transformou no que se podia designar por padrinho das sociedades rosacruzes francesas daquela época.





Péladan era um grande perito em ocultismo, tendo sido inspirado pelo escritor francês Eliphas Lévi (o seu verdadeiro nome era Alphonse Louis Constant, (1810-1875). Péladan criou um sistema de magia que foi descrito como «catolicismo erótico-mágico» e organizou o popular Salon de La Rose + Croix. (Curiosamente, foi num cartaz que anunciava uma destas reuniões que Dante foi retratado como Hugues de Payens, primeiro grão-mestre dos Templários, e Leonardo é representado como guardião do Graal). Péladan pensava que a Igreja Católica era um repositório de conhecimento, que ela própria esquecera, e estava particularmente interessado no Evangelho de João. Também estava avançado, em relação à escolaridade moderna, ao ter a percepção de que os fidele d’amore eram uma sociedade esotérica, que ele associava especificamente aos rosacruzes do século XVII.


Péladan conheceu outro ocultista, Stanislas de Guaïta (1861-1898), e os dois fundaram a Ordre Kabbalistique de La Rose-Croix (Ordem Cabalística da Rosacruz), em 1888. Foi Guaïta quem se infiltrou na Igreja do Carmelo de Boullan e, juntamente com Oswald Wirth, um decepcionado membro daquele culto, escreveu o livro O Templo de Satã, que denunciava o movimento como sendo diabólico. Esta denúncia provocou um combate de mágicos, no qual Boullan e Guaïta se acusaram mutuamente de usar meios mágicos para assassinar o outro.


Lamentavelmente, Boullan parece ter morrido de causas naturais, mas, inevitavelmente, a contenda provocou dois verdadeiros duelos, um entre Guaïta e um dos discípulos de Boullan, Jules Bois, e o outro entre o último e um dos rosacruzes, Gérard Encausse (mais conhecido por Papus). Os dois duelos terminaram em empates.


Este episódio é um dos favoritos dos autores que escrevem sobre ocultismo, mas nunca foi satisfatoriamente explicado. Por que deveriam Guaïta e os rosacruzes intentar uma vendeta contra Boullan? (Lembremos que, neste contexto, temos apenas a palavra de Guaïta e de Wirth, relativamente às alegadas provocações cometidas por Boullan e pelos seus adeptos.) Em face disto, não existe uma verdadeira ligação, ou razões para disputa, entre as lojas ocultistas e a Ordem de Boullan, essencialmente religiosa.


Contudo, um maior aprofundamento revela o motivo: De Guaïta e um tribunal rosacruciano já tinham condenado Boullan por «profanar» e revelar «segredos cabalísticos» – isto é, os ensinamentos que eram considerados domínio dos rosacruzes. (E a condenação ocorrera a 23 de Maio de 1887, antes de Guaïta se ter infiltrado no grupo de Boullan). Esta foi a verdadeira razão que os levou a sentir que Boullan tinha de ser obrigado a deter-se.


Parece que outros comentadores não notaram as implicações deste fato: se os ritos de Boullan fossem considerados como algo que pertencia aos rosacruzes, então, também eles deviam ter praticado ritos sexuais. O erro de Boullan, a seus olhos, residia no fato de tornar os ritos públicos.


A Paris do final do século XIX era centro de grande divulgação de ocultismo e de filosofia – refletindo, talvez, a demanda de fin de siècle da busca de um significado mais profundo da vida. Atraía todo o gênero de pensadores e artistas, como Oscar Wilde, Debussy e W. B. Keats. (Como sempre, a verdadeira união europeia era uma irmandade secreta.) Os salões estavam cheios de caras famosas, que estavam tão ansiosas de aprender fórmulas mágicas como de tomar conhecimento de boatos, como Marcel Proust, Maurice Maeterlink e a cantora de ópera, Emma Calvé (1858-1942).





O EQUILÍBRIO entre o masculino e o feminino no mesmo ser é fundamental no processo evolutivo humano.


Uma famosa beldade, Emma eventualmente organizava as suas próprias soirées para todos os que tivessem alguma coisa interessante para partilhar – de preferência, algum grande segredo oculto. Estes círculos também incluíam pessoas como Joséphin Péladan, Papus e Jules Bois (um dos muitos amantes de Emma Calvé).


Muitas das principais figuras destes círculos eram oriundas do Languedoc, incluindo a própria Emma Calvé. (O misticismo não lhe era desconhecido: fora uma sua parente, Melanie Calvet, que tivera a famosa visão de La Salette. E, curiosamente, Adèle Chevalier, a freira que fora seduzida por Boullan e se tornara sua companheira, era uma das amigas de Melanie.) Era Emma Calvé que iria desempenhar um importante papel na complicada história do abade Saunière, pároco da aldeia do Languedoc, na pequena vila de Rennes-le-Château, que discutiremos mais tarde.


Sugestivamente, em 1894, Emma comprou o castelo de Cabrières (Aveyron), próximo da sua terra natal, Millau, que, segundo se dizia, servira de esconderijo ao muito procurado livro do judeu Abraão e que fora usado por Nicolas Flamel para realizar a Grande Obra. Na sua autobiografia, Calvé registra que o castelo «era o refúgio de um certo grupo de Cavaleiros Templários», mas, infelizmente, não acrescenta mais pormenores.


Outros importantes grupos ocultistas tinham surgido no Languedoc e vieram a relacionar-se com as sociedades rosacruzes. Estas foram influenciadas pela Maçonaria da Estrita Observância Templária do Barão von Hund, embora a maior influência surgisse por intermédio do conde Cagliostro (1743-1795), uma figura muito difamada.


Geralmente conhecido como charlatão, este natural exibicionista era um genuíno investigador do conhecimento ocultista. Nascido Giuseppe Bálsamo, adotou o título, pertencente a sua madrinha, de conde Alessandro Cagliostro. Foi iniciado no ocultismo aos 23 anos, durante uma visita a Malta, onde conheceu o grão-mestre dos Cavaleiros de Malta – alquimista e rosacruze. O próprio Cagliostro adquiriu o gosto pelo ocultismo e tornou- se alquimista e maçônico e foi muito influenciado pela Estrita Observância Templária de Hund. A sua introdução na Maçonaria ocorreu em Gerrad Street, no Soho de Londres, onde foi iniciado numa loja da Estrita Observância Templária, em Abril de 1777. Viajou por toda a Europa, mas passou a maior parte da vida na Alemanha, procurando especificamente o conhecimento perdido dos Templários. Também granjeou reputação de curandeiro.


Em 1789, depois de receber autorização do papa para visitar Roma, à chegada foi imediatamente entregue à Inquisição, sob a acusação de heresia e conspiração política – por ordem do papa – e condenado a prisão perpétua. Morreu nas masmorras da fortaleza de San Leo, em 1795.


Cagliostro instituíra o sistema de Maçonaria «Egípcia» (a loja-mãe foi fundada em 1782, em Lyons), que consistia em lojas masculinas e femininas, sendo as últimas dirigidas por sua esposa, Serafina. Lévi descreve este sistema como uma tentativa «para ressuscitar o misterioso culto de Ísis».





O Olho Esquerdo de Hórus, símbolo da escola iniciática FEMININA no antigo Egito.


Os frutos das investigações de Cagliostro sobre as sociedades ocultistas da Europa formavam um corpo de conhecimento conhecido por Arcana Arcanorum (Segredo dos Segredos) ou AA. Esta expressão foi extraída dos rosacruzes do original do século XVII, mas a sua coleção de escritos consiste em descrições de práticas mágicas que sublinham especialmente a «alquimia interna». Como vimos, estas são essencialmente técnicas sexuais, de caráter idêntico ao tantrismo – mas Cagliostro aprendera-as na Alemanha com os grupos rosacruzes.


Foi com autorização de Cagliostro que o Rito de Misraïm foi criado em Veneza, em 1788. Em 1810, os três irmãos Bédarride introduziram o sistema na França, onde foi incorporado na Maçonaria do Rito Escocês Retificado.


O Rito de Misraïm foi o antecedente direto do Rito de Mênfis (Egito) – que, como vimos, fora fundado por Jacques-Étienne Marconis de Nègre, ao qual o Priorado de Sião se associou. (Os dois sistemas unificaram-se como Rito de Mênfis-Misraïm, durante o grão-mestrado de Papus, que manteve a sua direção até à morte, em 1918.) O Rito de Mênfis também estava relacionado com uma sociedade secreta, os Filadelfianos, que fora fundada pelo marquês de Chefdebien, em 1780 – outra ramificação da Estrita Observância Templária de Hund, embora fosse especialmente destinada à aquisição de conhecimento ocultista. Marconis de Nègre reforçou a estreita ligação com os filadelfianos e denominou um dos graus do seu movimento «Os Filadelfos».


Nenhum dos ritos – de Mênfis ou Misraïm – era, por si mesmo, particularmente influente. Mas, em conjunto, como Mênfis-Misraïm, eram um poder a ter em consideração, e as suas influências se alastraram, como uma onde gigantesca, pelo secreto mundo do ocultismo europeu. Entre os seus membros encontravam-se celebridades misteriosas, como o ocultista britânico Aleister Crowley, e luminares místicos, como Rudolf Steiner. E também Karl Kellner, que, eventualmente, em conjunto com Theodore Reuss, iria fundar a Ordem dos Templários do Oriente, mais conhecida simplesmente por OTO.


Esta organização era – e é – explicitamente relativa à magia sexual. E, embora seja geralmente considerada como representação da ocidentalização do tantrismo, era também o desenvolvimento lógico dos segredos ensinados no Mênfis-Misraïm – os quais provinham do conhecimento transmitido a Cagliostro pelos grupos alquímicos rosacruzes da Alemanha e pelas lojas da Estrita Observância Templária.


Crowley abandonou o rito Mênfis-Misraïm para aderir à OTO, tendo-se tomado seu grão- mestre, e Rudolf Steiner foi outra figura influente que abandonou o primeiro para ingressar na OTO. Steiner foi mais famoso pelo seu gênero «puro» de misticismo – antroposofia – e, deliberadamente, minimizou a sua associação com a OTO, com tanto êxito que muitos dos seus ardentes seguidores modernos não têm conhecimento dela. Quando morreu, no entanto, foi enterrado com as suas insígnias da OTO.


Curiosamente, Theodore Reuss escreveu que a magia sexual da OTO era: «a CHAVE que abre todos os segredos maçônicos e herméticos […]». E acrescentou, sem rodeios, que a magia sexual era o segredo dos Cavaleiros Templários.


Outra ramificação do movimento Mênfis-Misraïm tomou forma em Inglaterra, no final do século XIX: a ordem hermética Golden Dawn, cujos membros incluíam o empresário teatral Bram Stoker, mais famoso por ser o autor de Drácula, Aleister Crowley, o poeta, patriota e místico W. B. Yeats e a sociável Constance Wilde, esposa do condenado Wilde. Fundada em 1888 por Macgregor Mathers e W. Wynn Westcott, a sua linha direta de descendência remonta à Cruz Ouro e Rosa, a Ordem da Estrita Observância Templária da Alemanha, discutida no último capítulo, e muitos dos seus graus e rituais têm a mesma origem.


A Golden Dawn também praticava ritos provenientes de Mênfis-Misraïm. Afinal, a ordem devia o seu patromónio ao barão Von Hund – em última análise, as influências alemã e francesas remontam a Von Hund e aos seus ritos templaristas. A Golden Dawn é muito mais conhecida no mundo de língua inglesa do que outros grupos europeus mais exóticos.





Tem reputação de grande integridade e parece, à primeira vista, ser uma sociedade de esotéricos, que gostam de vestir trajes de cerimônia e proferir encantamentos, mas que, basicamente, eram pouco mais do que ocultistas de altos ideais, que se reuniam depois de jantar. Contudo, entre os eruditos ocultistas franceses, a Golden Dawn tem uma reputação muito mais sinistra; quando inaugurou a sua filial parisiense, em 1891, admitiu muitas das figuras mais dúbias que já discutimos, incluindo o aparentemente ubíquo Jules Bois.


De fato, mesmo a Golden Dawn inglesa tinha um aspecto pouco conhecido e mais profundo. Efetivamente, eram duas ordens distintas: por um lado, tinha um rosto público conhecido e respeitável, por outro, existia uma ordem interna, denominada a Rosa de Rubi e a Cruz de Ouro, na qual a iniciação era feita apenas por convite. A ordem externa parece ter atuado como campo de recrutamento para o secreto círculo interno, cujas práticas incluíam ritos sexuais.


É certo que a Golden Dawn guardava bem os seus segredos. Durante anos, mesmo os escritores, como Katan Shu’al, que fazem parte do mundo ocultista apenas podiam especular sobre os ritos sexuais daquela ordem. Contudo, parece que eles existiam, de fato, embora as provas sejam fragmentadas. Na realidade, parece que os elementos sexuais estiveram presentes desde a fundação da ordem. A Golden Dawn desenvolveu-se a partir de uma outra sociedade, a Societas Rosicruciana de Anglia, que teve entre os seus fundadores um certo Hargrave Jennings (1817-1890), cujos escritos eram tão explícitos quanto os de um cavalheiro vitoriano podiam ser sobre o tema da magia sexual.


Na sua obra compacta The Rosicrucians: Their Rites and Mysteries (1870), Jennings, nas palavras do autor Peter Tompkins, «sugeria, o mais insistentemente possível, que estes ritos e mistérios eram de uma natureza fundamentalmente sexual». Por exemplo, ao discutir o simbolismo sexual dos triângulos interligados que formam o Selo de Salomão (ou a Estrela de David), Jennings acrescenta, explicitamente:


[…] a pirâmide indica o correspondente poder feminino, tumefato ou emergente – não submisso, mas correspondentemente sugestivo, sincronizado no clítoris anatômico […] esse minúsculo e excêntrico objeto, que significa tudo na anatomia rosacruz.


A 18 de Julho de 1921, Moina Mathers – uma das fundadoras da Golden Dawn (e irmã do filósofo Henri Bergson) – escreveu a Paul Foster Case, tutor da filial nova-iorquina da ordem, ao saber que ele estava ensinando ritos sexuais:


Lamento que alguma coisa sobre a questão sexual se tivesse registado no templo, nesta fase, porque nós apenas começamos a abordar diretamente questões sexuais, em graus bastante mais elevados […].





Depois, quando a escritora ocultista e membro da Golden Dawn, Dion Fortune (Violet Firth era o seu verdadeiro nome) escreveu artigos sobre sexo, Moina queria expulsá-la por trair os segredos da ordem. Mas, eventualmente, teve de reconhecer que Dion Fortune não os podia ter conhecido porque não atingira os graus necessários. Comentadores, como Mary K. Greer, admitem agora que há provas que apoiam a idéia de que a Golden Dawn praticava, na realidade, magia sexual, que é considerada demasiado poderosa e preciosa para ser desperdiçada com os mais recentes membros recrutados e com graus inferiores.


Indicações sobre os segredos internos da Golden Dawn também se encontram nas palavras que descrevem uma visão conjunta que Florence Farr e Elaine Simpson, duas adeptas daquele sistema, tiveram em 1890. A primeira, uma famosa atriz do teatro londrino, também era célebre pelos seus casos amorosos com vários homens, incluindo George Bernard Shaw e o irmão ocultista W. B. Yeats. Florence e Elaine, sua colega de magia, empreenderam, em conjunto, uma viagem astral – uma espécie de aventura geminada nos Planos Interiores ou uma alucinação partilhada. Este fenômeno é uma parte muito comum da preparação mágica e faz parte da «trajetória» cabalística, uma espécie de projeção ou associação de imagens astral que se enquadra na clássica estrutura da «Árvore da Vida».


Florence e Elaine partiram para visitar a «esfera de Vênus», na sua visão mental conjunta. O culminar da sua viagem astral revestiu a forma de um encontro com um surpreendente arquétipo feminino, que disse, com um sorriso:


“Sou a poderosa; a mais poderosa do mundo. Sou aquela que não combate, mas é sempre vitoriosa. Sou aquela Bela Adormecida que os homens sempre procuraram. Os caminhos que conduzem ao meu castelo estão rodeados de perigos e ilusões. Os que não me encontram adormecem; ou podem perseguir sempre a Fata Morgana, que desencaminha todos os que sentem influência ilusória. Eu elevo-me nas alturas e atraio os homens para mim. Sou o desejo do mundo, mas poucos me encontram. Quando o meu segredo for revelado, será o segredo do Santo Graal […]”


“Dei o meu coração ao mundo, que é a minha força. O Amor é a Mãe do Homem-Deus, dando a quinta-essência da sua vida para salvar a Humanidade da destruição e mostrar-lhe o caminho para a vida eterna. O Amor é a Mãe do Cristo-Espírito, e este Cristo é o amor supremo. Cristo é o coração do amor, o coração da Grande Mãe ÍSIS, a Ísis da Natureza. Ele está na expressão do poder dela. Ela é o Santo Graal, e Ele é o sangue vital do Espírito que se encontra na taça”.


Estas palavras eram acompanhadas de vivas imagens de uma taça que continha um fluido cor de rubi e uma cruz de três braços.


À primeira vista, isto pode parecer uma trapalhada, típica da «New Age», com Jesus e a deusa egípcia ÍSIS confundidos com a noção do santo Graal, simplesmente porque parece arcano e místico. Mas, como escreveu o falecido perito ocultista Francis X. King, há dois pontos importantes nesta visão: «O primeiro é a identificação da Virgem Maria, `Mãe do Homem-Deus’, com Vênus, deusa do amor – isto é, o amor sexual, eros, não ágape. O segundo é a identificação do Graal… com Vênus, o arquétipo do yoni ou órgão de reprodução feminino.”


Muitos leitores modernos talvez interpretassem cinicamente a visão conjunta destas senhoras como uma espécie de realização desejada, uma fantasia sexual conjunta, especialmente se considerarmos a colorida reputação de Florence Farr, a contrapartida britânica de Emma Calvé. Contudo, foi suposto que a visão tivesse revelado um segredo, que estava em harmonia com a filosofia mágica da Golden Dawn, e Francis X. King mostrou-se intrigado quanto à origem das imagens que as duas mulheres referiram, considerando que a sociedade não estava, supostamente, relacionada com qualquer tipo de rito sexual. Esta visão, no entanto, sugere fortemente que estava, embora também estes ritos pareçam estar destinados apenas aos iniciados nos mais altos graus, o círculo interno.





ÍSIS e MAAT


É significativo que a visão associe ÍSIS ao Graal e ao sexo, o que não teria sido estranho aos alquimistas, aos gnósticos ou aos trovadores. Que o Graal – considerado aqui como a taça tradicional – seja um símbolo feminino é facilmente compreendido pela nossa sociedade pós-freudiana, mas era ainda uma revelação para os que a antecederam. Mas, aqui, o fluido vermelho, o sangue que ele contém, é transportado por ÍSIS…


Curiosamente, o tema da Bela Adormecida, mencionada no relato da visão das duas mulheres, também figura largamente em Le serpent Rouge (A Serpente Vermelha), o texto-chave do Priorado de Sião. A busca da Bela Adormecida é um tema repetido e está entrelaçado com o da demanda da rainha de um reino perdido. Como vimos, esse documento também revela uma preocupação com Maria Madalena e ÍSIS, combinando as duas, de forma característica, na mesma figura.


A demanda de uma rainha é uma imagem alquímica, portanto não nos devíamos surpreender por encontrar estas personificações de sexualidade – Madalena e ÍSIS – como seu objeto. Curiosamente, embora, mesmo atualmente, o papel da sexualidade dos movimentos heréticos e ocultistas quase não seja reconhecido ou admitido, a sua importância dificilmente pode ser exagerada. O sexo nunca foi uma questão secundária ou um ponto fraco pessoal, mas esteve no âmago das mais poderosas organizações secretas.


A tradição que mais nos interessa, e que é o motivo desta investigação, está dependente, de fato, do conceito de sexualidade sagrada. Como vimos, esta tradição parece ser constituída por dois ramos principais – o da reverência pela Madalena e o da reverência por João Batista. Nesta fase da nossa investigação, encaramos a possibilidade de que Madalena fosse apenas uma figura simbólica, que representava a ideia de sexo sagrado, e que a sua imagem não estivesse relacionada com nenhuma personalidade histórica real. Em qualquer caso, a relação entre Maria Madalena e o sexo não é difícil de compreender e parece perfeitamente natural.


Mas não é assim, na realidade, quando consideramos o ramo de João Baptista e a ideia de sexualidade sagrada. O relato bíblico e a tradição cristã criaram a imagem duradoura e fascinante de um homem que era extremamente ascético – uma espécie de imagem de John Knox -, de moral intransigente e de inflexível celibato. Como podia, exatamente ele, ter sido importante para qualquer culto baseado em práticas sexuais? Superficialmente, parecia que não havia, e nunca poderia haver, semelhante relação – mas, repetidamente, a nossa investigação revelava que gerações de ocultistas, pelo menos, acreditavam que ela existia. E, como vimos no caso da Golden Dawn, as primeiras impressões dos grupos ocultistas podem ser muito enganadoras. A sua verdadeira raison d’être pode ter implicações surpreendentes.


Florence Farr e os seus colegas da Golden Dawn pertenciam a um vasto círculo de ocultistas internacionais, que incluíam Pèledan e Emma Calvé. As sociedades a que estavam ligados eram extremamente influentes e foi aquela rede de sociedades que constituiu a estrutura de um dos mais famosos mistérios de França; um mistério que tem uma relação particular com o Priorado de Sião.





O foco de todos os Dossiers Secrets e do material afim emanados do Priorado de Sião é, inequivocamente, o mistério de Rennes-le-Château. Por exemplo, Le serpent rouge fez repetidas alusões a lugares situados naquela aldeia e em seu redor. Dificilmente podíamos evitar voltar a nossa atenção para Rennes-le-Château, e encontramo-nos, mais uma vez, no Languedoc – a pátria da heresia.
Continua …
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