26.11.20
O que é violência contra a mulher?
Em briga de marido e mulher, não se mete a colher. Quem nunca ouviu essa frase? Embora seja muito popular, está completamente errada. A violência contra a mulher é um dos desafios que o Brasil e o mundo precisam superar para que a sociedade seja mais respeitosa, harmônica e garanta boas condições de vida para as mulheres.
Nenhuma forma de violência é válida. A violência contra a mulher, no entanto, é vista como natural pela sociedade. Muitas pessoas, sobretudo homens, que reproduzem comportamentos machistas acreditam que uma mulher deve ser punida quando age de acordo com a própria vontade ou quando não atende aos desejos de um homem.
A violência contra a mulher se diferencia de outras formas de violência porque essa parte da população é oprimida diariamente e vista como inferior aos homens. Então, é como se agredir essas pessoas fosse um comportamento justificável e livre de represálias.
Felizmente, com o feminismo, com o empoderamento feminino e com o combate à violência contra a mulher, a sociedade está tomando consciência sobre a importância de denunciar os agressores, acreditar nas vítimas e lutar para que esse mal não faça mais parte do mundo no qual vivemos. Faça parte dessa luta e entenda melhor o que é a violência contra a mulher, a seguir!
Causas da violência contra a mulher
Engin Akyurt/Pexels
Para uma sociedade machista e patriarcal, a culpa da violência contra a mulher é da própria mulher. As justificativas, que são as mais variadas, sempre recaem nos ombros das vítimas: porque ela irritou o agressor, porque se recusou a atender alguma vontade dele, ou até porque agiu de uma forma que o agressor não aprovava.
Todas as possíveis causas que encontram para justificar a brutalidade de violentar uma mulher, de qualquer forma que seja, são, na verdade, resumidas em uma só: machismo. Nenhum comportamento que uma mulher tenha poderia ser utilizado para explicar uma agressão. Se alguma atitude que ela teve desagradou um homem, ele deve conversar com ela e resolver o problema, e não criar mais um.
O feminicídio, caracterizado como a maior violência contra a mulher que há, é o homicídio de uma mulher exclusivamente pelo fato de ela ser mulher. Muitos agressores alegam que agiram de cabeça quente, por ciúmes ou por outros fatores que jamais deveriam resultar na morte de uma pessoa.
Não importa a roupa que uma mulher está usando, com quem ela se relaciona ou o que ela decide fazer com a própria vida. Nada é motivo para que a integridade física e emocional dela seja comprometida. Se você é uma mulher que já foi agredida e tem medo de denunciar essa agressão, ou se sente que teve culpa no que aconteceu, procure ajuda. Você não deve se sentir assim, por mais que a sociedade a faça acreditar que o problema está em você.
Tipos de violência contra a mulher
Como a violência contra a mulher é muito naturalizada na sociedade, muitas delas nem sequer sabem que são vítimas de algum tipo de agressão. Isso porque a violência não é só física. Ela pode ser também psicológica, moral, sexual e patrimonial, como prevê a Lei Maria da Penha, no Capítulo II, art. 7º, incisos I, II, III, IV e V:
1) Violência física
Kat Jayne/Pexels
A violência física contra a mulher ocorre quando alguma atitude leva a um prejuízo na integridade corporal de uma mulher. Exemplos disso são socos, tapas, estrangulamento, sufocamento, atirar objetos contra a mulher, sacudir o corpo dela, apertar os braços, ferir com objetos cortantes, com fogo ou com armas e praticar tortura com danos físicos.
2) Violência psicológica
A violência psicológica contra a mulher acontece quando outra pessoa causa dano emocional ou diminuição da autoestima de uma mulher. São exemplos dessa agressão: ameaças, humilhação, manipulação, vigilância, perseguição, insultos, ridicularização e suspensão da liberdade de crença.
3) Violência sexual
Tinnakorn Jorruang/ 123RF
A violência sexual contra a mulher é caracterizada pela prática de relações sexuais sem o consentimento de uma mulher, mediante intimidação, coação, uso da força ou ameaça. Essa forma de violência se manifesta nos casos de estupro, obrigar a mulher a realizar atividades sexuais das quais ela não gosta, impedir o uso de métodos contraceptivos, impor a gravidez e limitar ou restringir a liberdade sexual da mulher.
4) Violência patrimonial
A violência patrimonial contra a mulher acontece quando uma pessoa causa danos ou limitações ao patrimônio de uma mulher, destruindo seus objetos, limitando o acesso dela ao próprio dinheiro, prática de estelionato, privar de bens, deixar de pagar pensão alimentícia ou causar danos propositais aos objetos de uma mulher.
5) Violência moral
Engin Akyurt/Pexels
A violência moral contra a mulher é caracterizada por atitudes que resultam em calúnia, difamação e injúria. Situações como acusar uma mulher de traição, emitir juízos morais sobre a conduta dela, expor a vida íntima, rebaixar a mulher por meio de xingamentos que questionam sua honra ou desvalorizar uma mulher pela forma como ela se veste são exemplos de violência moral contra a mulher.
Violência contra as mulheres no Brasil
No Brasil, a violência contra as mulheres é uma realidade, sobretudo contra as mulheres pretas. De acordo com dados do Ministério da Saúde, divulgados em março de 2020, a cada quatro minutos uma mulher é agredida por um homem no país. Em geral, esse agressor é alguém próximo da vítima, como um parceiro, um amigo ou um familiar.
Em 2018, o Ministério da Saúde já apontava para a gravidade desse problema, mostrando que foram registrados 145 mil casos de violência contra a mulher. Nesses dados não estão incluídos os índices de feminicídio e nem todas as mulheres que sofrem agressões denunciam quem lhe fez mal, por medo, por vergonha ou por culpa.
RF Studio/Pexels
Como há desigualdade de raça além de desigualdade de gênero, as mulheres pretas sofrem com essas duas opressões. Então, ao comparar os índices de violência contra elas e os índices de violência contra as mulheres brancas, identifica-se uma diferença alarmante. O Mapa da Violência 2015: homicídio de mulheres no Brasil mostrou que mulheres pretas têm três vezes mais chances de serem vítimas de feminicídio do que mulheres brancas.
Além disso, enquanto a violência contra mulheres brancas tem diminuído com o tempo, a violência contra mulheres pretas vem aumentando. A Pesquisa Nacional de Saúde de 2013, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, identificou que 2,4 milhões de mulheres foram assassinadas em um ano, sendo que 950 mil eram brancas, 1,5 milhão eram pretas e 22 mil eram indígenas ou orientais.
Deparar-se com dados como esses devem acender um alerta para as mulheres e para os homens. Ambos precisam tomar consciência sobre esse problema para que o combate à violência contra a mulher não seja apenas um discurso. A defesa do empoderamento feminino, por exemplo, não pode valer apenas para as mulheres que já são privilegiadas na sociedade.
É preciso conhecer os meios legais para combater as formas de violência contra a mulher, como a Lei Maria da Penha (permite o julgamento dos agressores, acelera a liberação de medidas protetivas e garante a segurança de mulheres vítimas de violência doméstica), e praticar a escuta e a atenção ao conhecer uma mulher que pode estar passando por esse tipo de problema.
Não duvide da palavra da vítima. Se uma mulher diz que foi agredida, mostre para ela que é preciso procurar ajuda e denunciar o agressor. Ofereça-se para denunciá-lo, se ela tiver medo de fazer isso, e mostre que é possível viver sem medo e com mais liberdade. Apoie as mulheres que tiveram coragem de denunciar quem as agrediu e as ajude como for possível.
Se você é amigo de um homem que já agrediu uma mulher e lhe contou que fez isso, não incentive que ele continue praticando esse ato. Mostre que ele está errado e faça uma denúncia. Nesse caso, se você permanecer em silêncio ou se enaltecer a agressividade do seu amigo, estará contribuindo para o aumento dos índices de violência contra a mulher.
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